Professional Documents
Culture Documents
Torres eólicas
aparecem rodando suas hélices no ritmo da música. No horizonte
surgem despontando duas motos em alta velocidade.Detalhes da pouca
vegetação que cresce na areia.
As motos parecem ser de rally e os motoqueiros usam equipamento
completo de motocross. Eles rasgam velozmente as dunas (inaudível)
Freneticamente os motoqueiros ocupam as dunas, deslocando-se na
areia. Parecem pequenos na vastidão da paisagem, (inaudivel) em suas
máquinas. As hélices das torres giram com o vento parecendo
acompanhar as motos. As motos percorrem juntas uma longa distância
de areia. Lentamente a vegetação tropical vai sendo revelada. Ainda em
alta velocidade as motos rumam ao mar. Na praia um homem loiro e
outro moreno sem camisa e de bermudas pretas, correm em direção ao
mar, um logo atrás do outro dando continuidade a uma relação de
velocidade das motos. O mar azul infindável se agiganta na paisagem
unindo-se ao c éu límpido na linha do horizonte. ( o lugar é antropocêntrico,
o espaço contido entre a fronteira da espacialidade corporal e a paisagem
desconhecida, em última instância, a linha do horizonte. Rabaça p.73) Nadam
com braçadas fortes em meio as ondas intermitentes.
*“Em Praia do Futuro, esses locais ermos são evocados já no belo título do
filme. Uma praia-paisagem, um substantivo concreto, que retira de si, das suas
entranhas e areias, um devir, um lugar outro, no horizonte nebuloso, um lugar a
ser inventado.” (crítica 02) (Limiar>abertura>limite-não-limite)
(O filme dividido em três partes tem como título da primeira “ O abraço do afogado” ,
expressão utilizada para se referir ao ato de desespero de uma vítima de afogamento que agarra
com todas as forças aquele que a resgata e na tentativa instintiva de emergir à superfície, acaba
por provocar o afogamento de ambos. Em Praia do Futuro porém, Donato não é levado ao fundo
do mar pelo afogado, mas algo em Donato não sobrevive. Morre um Donato super-herói, morre
em Donato a crença de que poderia salvar à todos e faz emergir a dúvida e a angústia de
alguém que quer sumir no mar.)
* Como nas marés, aliás, há uma força dramática e gravitacional que cria tensões
entre o corpo de Donato, a praia do futuro e Berlim. Trata-se de uma gravitação
sem imagens, que c ria sombras, fantasmas e espectros entre o corpo e os lugares
(crítica 02)
Essa condição novamente é evidenciada em uma cena que nos apresenta um rotineiro
treinamento na praia - cena na qual os corpos aparecem em plano fechado, pela primeira
vez imponentes diante da vastidão do céu e do mar - o grupo de salva-vidas corre em
direção às águas mas Donato hesita; ( prenúncio de sua decisão de deixar o brasil) Caminha
devagar, contempla a imensidão à sua frente e finalmente entra no mar; não com a certeza
de quem vai salvar uma vida, mas com a dúvida, o medo e o desejo de ali se perder e
talvez assim, se encontrar.
“Depois me dei conta de que adoro filmar corpos. Acredito muito no momento do
aqui, agora. A presença do corpo e a fisicalidade me interessam”. (entrevista 5)
“Espaço habitado/ Eu-Aqui-Agora” (Moles em Michel Collot)
A elipse temporal nos leva à Berlin, mais precisamente à ponte Oberbaum sob o rio Spree,
um dos cartões postais da cidade, memória de uma Alemanha dividida por guerras e hoje,
símbolo da união da Berlin ocidental e oriental, tendo servido durante a década de 60, como
ponto de controle da passagem de pedestres entre os dois lados. A cena nos revela
novamente este atrito entre corpo e paisagem, Donato quer pular da ponte, parece querer
relembrar a praia que deixou para trás ao mesmo tempo que quer se lançar ao novo e
desconhecido. A ponte aparece como metáfora para os sentimentos divididos do salva
vidas, de um lado a Praia do Futuro, seu passado, do outro o presente de possibilidades
que se apresentam.
Casa: o lugar que se deixa para trás. Mais: ao partir, deixa-se bem mais do que um quarto,
um bairro, uma cidade, um país. Casas abrigam algo íntimo que pátria ou cultura alguma
abarca. Transitórias ou efêmeras, duradouras ou utópicas – importa pouco; hospeda-se,
numa casa, o átomo da subjetividade. Pode-se, é fato, morar sem ter uma casa; mas,
paradoxalmente, casa alguma sublima o lugar; não cabe na mala. Casas, sujeitos
intransitivos.
sempre que me perguntam como era ai do lado de fora eu conto de um menino
que acha que nao tem coragem mas é o cara mais corajoso que ja vi
magricela quando todo mundo e forte
voz fina quando todo mundo é macho
pes pequenos quando todo mundo é firme