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Eurekka

Imagina que você tá caminhando em uma ponte super alta, mas também super
forte. Ela é feita de aço reforçado, é super larga e tem vários apoios pra você
equilibrar.
Como a ponte é super segura, você caminha tranquilo enquanto olha pro céu e
aprecia a vista. E mesmo nos raros momentos em que a ponte treme, você firma
os pés e se equilibra rapidinho.
Só que um belo dia, depois de um tremor fora do normal, você percebe a ponte
mudando. Ela começa a ficar mais estreita, você vê cada vez mais madeira em
vez de aço reforçado e os apoios começam a sumir.
Em vez de apreciar a vista, agora você rasteja com as mãos no chão pra se
equilibrar. E mesmo assim, você ainda treme de medo quando um buraco na
ponte faz você olhar pra queda livre mortal lá embaixo.
E em alguns momentos, você até pensa em desistir e simplesmente cair. Talvez
fosse mais fácil. Talvez doesse menos do que passar o dia rastejando e olhando
pra baixo desesperado.
Rastejar machuca seus joelhos e olhar pra baixo te impede de ver a vista linda
em volta e todo o caminho a frente. Os dias passam mais devagar, tudo parece
mais difícil e você lembra de como era bom andar naquela ponte larga e segura
lá do início.
Entrar em depressão é como ver a ponte mudando. E viver com depressão é
como rastejar nela depois que ela perde a estrutura.
E o único jeito de superar a depressão é fazer a ponte ser segura de novo. Ou
seja, é fazer a sua vida voltar a ter estrutura, espaço e equilíbrio.
A estrutura de aço reforçado é como uma rotina organizada. É ter um horário
pra acordar, pra comer, pra tomar banho, pra dormir. Também é colocar
atividades na sua vida que façam você se sentir útil, como ajudar alguém ou
arrumar a cama.
O espaço da ponte é como o prazer que você tira dessa rotina. É ter atividades
que façam você se divertir e mexer o corpo. É caminhar ou correr, é ir no
cinema ou cuidar das plantas.
E o equilíbrio da ponte são as pessoas. É se reconectar com quem te faz sentir
empolgado com a vida. Visitar aquele amigo que te fazia companhia, puxayr
um papo mais longo com aquela amiga de antigamente.
Pra alguém que tá rastejando numa ponte quebrada com medo de cair, fazer
tudo isso parece impossível. O segredo é entender que uma casa se reconstroi
um tijolo de cada vez, que um quadro se pinta uma pincelada de cada vez.
Agora, em vez de olhar pra baixo, você começa a olhar pra frente. Você enxerga
um pouquinho da vista e mesmo com medo, você decide trabalhar na ponte.
E você coloca de pé uma ponte ainda mais forte.
Ainda mais espaçosa.
E ainda mais segura.

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