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ISSN 0100 - 7750

Número 20 JUNHO • 1987

CONSIDERAÇÕES BÁSICAS
PARA UM PROGRAMA
DE CONTROLE ESTRATÉGICO
DA VERMINOSE BOVINA
EM GADO DE CORTE NO BRASIL

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária· EMBRAPA


Vinculada ao Ministério da Agricultu ra
Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte· CNPGC
Campo Grande, MS
ISSN 0100--7750
CIRCULAR TtCNICA N9 20 Junho, 1987

CONSIDERAÇÕES SASICAS PARA UM PROGRAMA DE CONTROLE


ESTRATrG I CO DA VERM t NOS E BOVI NA EM GADO DE CORTE NO BRAS J L
Míchael Robin Honer
Ivo Bianchin

.IOf)
(Ci)
~
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-EMBRAPA
Vinculada ao Ministério da Agricultura
Centro Nac i onal de Pesquisa de Gado de Corte-CNPGC
Campo Grand e. HS .
Exemplares desta publicação podem ser solicitados ao :
CNPGC
Rodovia BR 262, km 4
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79100 - ~ampo Grande. MS
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Editoração: Rita Regina Rocha
Nonmallzação: Maria Antonia Ulhôa C.de O. Santos
Datilografia: Eurípcdcs Valéria Bittencourt
Desenho: Paulo Roberto Duarte Paes

HONER, M.R. & BIANCHIN, l. Considerações bási-


cas para um programa de controleestratégi-
co da verminose bovina em gado de corte no
Brasil. Campo Grande, EMBRAPA-CNPGC, 1987.
53p. il. (EMBRAPA-CNPGC. Circular Técnica,
20) •

1. Bovinos de corte - Helmintoses - Contro-


le. 2. Helmintoses Controle Brasil. I.
8ianchin, I., colab. 11. Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária. Centro Nacional de ~cs­
quisa de Gado de Corte, Campo Grande, ~lS. 111.
Título. IV. Série.
cnn 636.089696
© EMBRAPA - 1987
SUMAR 10
pág.

RESUMO/ ABSTRACT •••..•••••••• • ; •••••••• '. • • • • • • • • . • . . 5

1 INTRODUÇÃO •••••.••••....••••.•••••••••••••••••••. 7

2 APLICAÇAO DE ANTI-HELMfNTICOS NA PRÃTICA ...••••.• 9

3 CATEGORIAS DE TRATAMENTOS COM ANTI-HELMfNTICOS •.. 11


3.1 T ra lamento prevent i vo extens i vo .............. 11

3.2 Tratamento curativo .........•................ 13

3.3 Tratamento tático ........ , . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

3.4 Triltamento5 estratégicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

4 CATEGORIAS DE ANIMAIS COM MAIOR RISCO DE INFECCÃO. 14


5 CARACTERIZAÇÃO DA TAXA DE TRANSLAÇÃO ............. 16
5.1 Consideraç~es ge~ai5 ..................•...... 16

6 CONO IÇÕES CL I MÁTI CAS DO BRAS I L . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18


fi.l Temperatura.................................. 18

6.2 Regime hídrico............................... 18

6.3 Distribuiç~o da estação seca no Brasil 19

7 IMPORTANCIA DA DISTRIBUlCÃO SECA PARA A EPIDEMIO-


LOGIA E CONTROLE DOSHELMINTOS GASTRINTESTINAIS E
PARA OS SEUS HOSPEDE I ROS •••••••••••.•.•..•••••••• 22

7.1 Programas de tratamen t os estratégi~os de acor-


do com a epoca da es taçao seca • ••.••••••..•• 24
8 HIPOBlüSE 30

9 CUSTO/BENEFJCIO DE TRATAMENTOS COM ANTI-HElMfN-


TI COS EM ESQUEMAS ESTRATI::G I COS •••••••••••••••• 31

10 TIPIFICAÇÃO DAS ESTAÇÕES SECA E CHUVOSA ••.••••• 33

11 LIMITAÇÕES NA METODOLOGIA... ......... .......... 36

11.1 Modi f i cações c 1 imât i cas ................... 38

11.2 Modificações no manejo .••.........•. ....•. 39

11.3 Modificações topogrãficas ................. 39

12 ANTI-HELMTNTICOS 40
12.1 Resistência dos helmintos contra anti-hcl-
m i n t i co s ••••••••••.••••.••..••••••.••••••• 42

12.2 Dosagem dos anti-helmínticos ... ........... 42

13 IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMAS ESTRATEGrcOs .•........ 44


14 LINHAS FUTURAS DE PESQUISA, RELACIONADAS A IM-
PLANTAÇli.O DE UM PROGRAHA r~AC IONAL DE TRATAMENTOS
ESTRATEG I COS •••• ;..................... . ........ 45

15 REFERtNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................... 46


ANEXO - (Rebanho Nacional de Bovinos) ........ . 53
CONSIDERAÇ~ES BAslCAS PARA UM PROGRAMA DE CONTROLE
ESTRATtGICO DA VERMINOSE BOVINA EM GADO DE CORTE NO BRASIL

Hichael Rob in Honer 1


Ivo P,lanchi~2

RESl~O - Apresenla-se as considerações básicas para a im-


plantação de um f>sque:na nacional de triltamento cstracégi-
co com anti-he.lmínticos para bovinos de corte, baseando-se
nos conhec:lllif'.ntos da biologia c epidcniologia úos nematô-
deos. Os tôpiC05 discutidos incluc:'!: programas de tratamen-
tos adaptados ãs diferentes regiões do pa1s, custo bene-
frcio e limitações da mccodologia, anti-helm{nticos (efi-
ciência, resistência e uosage:n) e possíveis linhas futuras
de pesquisa

BASle CONSIDERATIONS FORASTRATEGICCONTROL PROGRAMME


AGAINST BOVINE HELMINTHOSIS It\BRAZILIAN BEEF CATTLE

ABSTRACT - 3asíc cunsiderations are gíven for the


implantatian of a natiçmal schcrnc of strategíc
aothelmintic treatments for beeí cattle, based on the
infor!:l.J.tion avaílable on nematode biology and
epídcmiology. Among the topies discussed are: treatuient
programmes adapted to the different regions of Bra6il.
cost-benefits and limitiltions of themethodo1ugyemployed,
anthelnintics (efficicncy, resiSlance and dosage), and
possiblc future line~ of research.

lEpidemiolcgista, Ph.D., Pesquisador da EHHRAPA - Centro


Nacional de Pesquisa úe Gado de Corte (CNPGC).- BR 262.
km 4 - Caixa Postal 154- CEP 79080 Campo Crande; MS.
2Méü.-vet. •• !>L Se., Pesquisador da E~RAPA-CNPGC.
INTRODUÇÃO

Nas ültimas décadas houve uma conscientização da


importãncia dos helmintos gastrintestinais. e em especial
os nematódeos, como fatores negativos no desempenho da
pecuâria de corte nas principais regiões de produção no
mundo. Concomitantemente. houve uma revolução no desen-
volvimento de compostos químicos elaborados especifica-
men t e para o uso como anti-helm~nticos. resultando em
produtos de baixa toxicidade e amplo espectro de atividade
(Figura 1). No entanto os resultados da aplicação destes
produtos com a finalidade de melhorar a produção de bovi-
nos de corte foram, e são, decepcionantes. De fato, o
produtor nunca teve uma escolha tão ampla de anti-helmín-
ticos. porêm o uso destes não modifica sensivelmente a.
ocorrência ou importãncia dos helmintos; talvez possamos
dizer que estes sào hoje mais importantes do que há vinte
anos, quando começou a grande expansão no número de anti-
-helmínticos disponíveis. Soulsby (1985) resumiu a situa-
ção com as palavras: ... rlas previsões de que os problemas
parasíticos terminaram para os animais domésticos com, por
exemplo, a chegada dos benzimidizõlicos provaram ser sem
fundamento e hoje. apesar de uma série de antiparasíticos
de amplo espectro ... existe uma demanda crescente para o
seu uso e pouca evid~ncia que o sonho .. _ de uma erradi-
cação total dos -parasitas mediante uma terapia intensiva
será realizado".
Os produtos desenvolvidos pelos grandes labora-
tõrios industriais sào efetivos. embora o nível a.lcançado
no campo nem sempre equivale-se iqueles alcançados em
testes rigorosamente controlados necessários para um re-
gistro oficial, ou com formulações adaptadas para o uso
local.
Algumas razões básicas para a,ausência de resul-
tados mais positivos no conlrole das verminoses foram
identificadas em dois estudos: na Grã-Bretanha (Michel et
aI. 1981) e nos Estados Unidos (Arncrican Associatlon of
Veterinary Parasitologists 1983). O primeiro mostrou que
grande parte (82%) das dosíficações utilizadas ficaram s~rn
Nümero de .. ptÍei"

.,/ A-

<-(->b ~




1980
AlIO

FIG. 1. Repr~sentação esquemática do desenvolvimento dos


anti-helmínticos nos últimos 50 anos. O primeiro
produto de amplo espectro, fentotíazina (F), foi
seguido, após duas décadas, por tetramisole (R) e
Tíabendazole (T). Este último princípio ativo deu
origem a duas "famílias" de benzimidazôlicos. Os
produtos mais recentes s ão as avermectinas (A) de
um princípio completamente diferente dos antcrior-
res. As flexas ã direita indicam a ocorrência de
res istênciil registrada em espêc ies de nematódeos
de ovinos, caprinos e eqüinos. porêm não de bovi-
nos.

8
-
'feito porque foramaplícadas em epoca~ erradas, em catc-
~orias de animais inapropriadas, ou ate mesmo contra es-
pec~es de helmintos insensíveis para o pnnClplo ativo
ldministrado. Mais tarde, Michel (1985) conclui que "hoje
p.m dia. nove de cada dez doses (de anti-helmínticos) são
d~das por razões profilát icas a animai s em boas condições".
Estas observações podem ser resumidas nas pala.vras "falta
de informação bâs ica". O segundo estudo American Assoe iat íon
of Veterinary Parasitologists 1983) foi mais alêm. mos-
trou que os produtores acreditavam nos novos produtos, os
quais, sendo de amplo espectro e praticamente sem toxici-
dade, seriam capazes de resolver de qualquer maneira o
problema das verminoses nos animais. O resuttado, segundo
esta Associação, foi grave devido à falta de pesquisas
epidemiológicas básicas durante diversos anos. não foram
elaboradas regras para o uso racional dos anti-helmínti-
coso Com isto, a maior parte das dosificações ficou sem
o efeito desejado.
A finalidade desta Circular T~(;nici:l é apL'cscutaL-
informações para a elaboração de um programa nac iona 1 de
tratamentos estratégicos, o qual poderia servir como base
para discussão e desenvolvimento de futuras linhas de pes-
qULsa.

2 APLICAÇÃO DE ANTI-HELMTNTICDS NA PRÁTICA


Antes da expansão de pesquisa em anti-helm:Lnticos
foram utiliz.ados mu itas remédios caseiros para combater os
helmintos. Com o desenvolvimento de produtos específicos,
"anti-helminticos" verdadeiros, o conceito da implantação
de programas de tratamentos foi lançauo por Gordon (1948),
visando o melhor uso possLvel dos produtos em termos do
custo-beneficio do tratamento. Infelizmente, este concei-
to foi negligenciado ate recentemente, quando ficou claro
que o uso indiscriminado de produtos altamente efetivos
:lão resullou em melhorias significativas. Ao mesmo tCr.1pO
desenvolveu-se uma nova visão de epidemiologia, a 4ua1
começou a ser difundida com a proliferação de modelos de

9
simulação de infecções em geral (e não ~umente de helmin-
tos ou em animais), Esta nova visão reconhece a díterenca
fundamental entre a epidemiologia dos micro e macroparasi-
tas (na qual estão incluídos os helmintos) e entre as
duas fases principais no ciclo biológico de ambas as ca-
tegorias. A primeira fase (Fase 1) é da infecção do hos-
pedeiro propriamente dito (a carga de helmintos) e a se-
gunda (Fase 11) refere-se ã população de formas no meio
ambiente do hospedeiro, a qual representa infecções futu-
ras e que apresenta estratégias de sobrevi vênc ia e o.J.llpor-
tamento cuja finalidade ê o encontro com um novo hospe-
deiro,
Em quase todas as infecções estudadas ~oncluiu­
se que a fase 11 é muito mais importante epidemiologica-
mente do que a Fase I e que os esforços de controle devem
ser concentrados nesta segunda fase. A finalidade de pro-
gramas nacionais de controle ê, portanto, interromper
o processo pelo qual a infecção potencial (Fase 11). no
meio ambiente, torne-se uma infecção no hospedeiro final
(Fase I), Este processo, que inclui as estratégias de so-
brevivência e comportamento, chama-se a translação da
infecção, Na de finiçào de Brunsdon (1980): "O controle
efetivo (dos hclmintos) deve basear-se na aplicação do
nos 50 conhec imento sobre os cie los biológicos, a ecologia
das larvas e a epidemiologia dos parasitas com as ativi-
dades de manejo (lato sensu) , a fim de eliminar ou dimi-
nuir o contato entre parasito e hospedeiro ,., o uso es-
tratêgico de anti-helminticos tem como finalidade pr1ma-
ria a eliminação ou redução da contaminação das pa3tagens
e nào a remoçào de helmintos (dos hospedeiros) ",", An-
derson & May (1985). trabalhando com doenças parasitárias
humanas, enfatizaram que "o efeito das medidas (de con-
trole) ê de reduzir a transmissão potencial e assim au-
mentar o impacto da quimioterapia".
A percepção da importância da Fase II implica uma
análise da dinâmica do processo de translacão e a identi-
tlcação dos principais fatores epidemiolõgicos (Honer
1968), Estudos para este fim devem ser conduzidos durante
v~rios anos para obtençio de um modelo de primeira gera-

10
ção (modelo mais simples) baseado, em primeiro lugar, nas
análises multivariadas dos componentes. A verificação me-
diante simulação (por exemplo NEMAT. Callinan et .11. 1982
011 MATIX, Slltherst et aI. 1979) deve validar o modelo e
permitir modificações nas condições amhientais durante
muitos anos de simulação. A .:tplicação da anâlise de sen-
sibilidade (Sutherst et a!. 1979; Meek & l-Iorris 1981)
identifica os fatores chaves através de simulação para
posteriormente ser.em confirmados 110 campo.
A fi'na1idade deste processo ê a obtenção de um
programa estratégico flexível de tratamentoS. O conceito
de "tratamentos estratégicos" ou "traLamentos táticos" e
freqüentemente ma 1 interpt"Clado c, por isto, achamos im-
portante definir os diferentes tipos de tratamentos com
anti-helmínticos.

3 CATEGORIAS DE TRATAMENTOS COM ANTI-HELMTNTICOS

A teoria do uso de anti-helrnínticos, desenvolvida


espccialr.Lente na Austrãlia. identifica oito categorias
diferentes de tratamentos, das quais quatro são de impor-
tância para o presente 'trabalho. Essas quatro categorias
estão representadas na Figura 2.

3.1 Tratamento preventivo extensivo

Nestc caso, o princípio ativo é fornecido aos


animais durante per Iodos mais ou menos longos e continuos.
isto ê, durante dias ou mese~. Exemplos: o uso da fenotia-
zina em doses baixas diárias na 8uplem~ntação de eqüinus:
a aplicação de produtos de atuação prolongada (disofenol)
ou a implantação de engenhos que permitam uma liberação
lenta e prolongada em forma rJe bolos (Kcnt 1984). A
finalidade desta tecnologia ê evitar " a necessidade
de juntar os anlmalS diversas ve~es durante o
perí~do identificado como sendo de maior tcans-
miss30 de infecções, no entanto, o princ1p1o ativo
não elimina 100% das formas infectantes C isto pode acar-

11
To~o <le jnfec~õo
Pre;uiS05
! custa/beneficia I

Car9CI

Preventivo Eslrat.~ ico Curativo


50"4' l" /
N

0%'< - - to
TEMPO
FIG . 2. Os quatro tipos principais de esquemas de tratamento com anti-helminti-
cos (para detalhes, veja texto). A eficiencia de cada tipo é relaciona-
da ã carga de helmintos presentes e com a razão custo/benefício.
retar o perigo da seleção de cepas resistentes. Também e
importante a presença de resíduos dos princlplos ativos
nos tecidos em se tratando de gado de corte ou leite.

3.2 T ra lamen to cu ra ti vo (t ra tamento de emergênc i a, t ra-


tamento de salvamento)

Nesta categoria sào, inc luídas as aplicações de


anti-helmínticos em animais clinicamente doentes, isto é,
depois que o animal f~i prejudicado pela infecçio (perdas
econômicas no hospedeiro) e o meio .ambiente contaminado.
Embora comum, o uso de anti-helmintico neste caso é eco-
nomicamente o mai~ desfavorâvel em termos do custo/bene-
fício entre os quatro aqui examinados, especialmente quan-
do aplicado somente nos animais "mais doentes".

3.3 Tratamento tãtico

Esta categoria de, tratamento implica o conheci-


mento dos ciclos dos parasitas e dos fatores responsáveis
pelo desencadeamento do processo de translação. Isto é,
para a aplicação de tratamento tãtico precisa-se do conhe-
cimento epidemiológico das infecções. Quando há modifica-
ções no universo dos animaif.! como: chuvas pesauas.com tem-
peraturas elevadas numa época normalmente seca; introdu-
ção de animais de outra ãrea ou em pastagem recém-forma-
da. que ima de pastagem, e te., é import ant e ap 1 i car um t ra-
tamento tâtico para se evitar que aumente a contaminação
do ambiente. Estes tratamentos, junto com os de esquemas
estratégicos, formam parte de um programn flexível.

3.4 Tratamentos estrategicos

Um programa quando adaptado à dinâmica usual de


translaçio e cuja finalidade ê a de interromper este pro-
cesso nas condições locais, e chamado "estratégico" . . Os
conhecimentos e experimentos epidcrníológicos permitem a

13
identificação de épocas cr~t~cas para os tratamentos. Uni
programa estratégico ê um conceito estatístico baseado na
probabilidade da ocorrencia de certos eventos epidemiolõ-
gicos em certas épocas do ano, nas condicões usuais da
região. Por isto, em certas ârcas ou regiões, um programa
estrat~gico pode falhar, pelo menos parcialmente. devido
às variações clirnâticas locais. No entanto, um programa
estratégico a lungo pra:.:o ::>empre seria mais efetivo e eco-
nômico do que tratamentos curativos em áreas endêmicas.
Para contornar esta possibilidade de falhas lo-
cais. falamos de um programa "estratégico flexível" onde,
além dos tratamentos pré-determinados estrategicamente,
sempre poderiam ser incluídos um ou mais tratamentos tâ-
ticos adicionais, quando houver necessidade.

4 CATEGORIAS DE ANIMAIS COM MAIOR RISCO DE tNFECçAo


Embora qualquer animal em pastejo esteja exposto
as formas infectantcs dos helmintos gastrintestinais, di-
ferentes categorias de animais apresentam níveis de risco
divergentes. Durante mais de uma década de observacões a
campo e em condições experimentais, no Centro Nacional de
Pesquisa de Gado de Corte (CNPGC), [oi avaliado o nível
de risco para as diversas categorias de bovinos em condÍ-
ç~e~ extensivas (Bianchin 1986) (Tabela 1).
Na Rcgiio Centro - Oeste, a omiss~o de tratamentus
implica uma perda de returno calculada, para os animai,; do
desmame a 30 meses de iqade, em cerca de US$ 68.000.000.
Resumindo, a tarefa do epidemiologista é identi-
ficar localí.lcnte as categorias de ani.mais de mai('r risco,
tendo sempre e:n menlt~ que o programa de tratamentos de-
senvolvidos tem <l finalidade prioritária de incerromper ou
pelo menos diminuir a taxa local de translação, e assim.
a longo prazo, diminuir o riscu de infecçãu do :r.CLO ambi-
ente.

14
TABELA 1. Categorias de bovinos, nível de prejuízo e o número de tratamentos com
anti-helmínticos necessirio nas condic5es de cerrado.

Nível de
Categoria Tratamentos
Prejuízo

V1 Bezerro antes da desmama baixo Depende do manejo

Bezerros desmamados ate


24-30 meses alto maio-jul-set-(dez)

de engorda out ou nov


.'Boi baixo

Vacas baixo jul ou ago

FONTE: Adaptado de Bianchin (1986).

Outras situações: Compra de animais.


(por exemplo) Entrada em pastaBens recêm formadas.
Queima das pastagens.
5 CARACTERIZAO~O OA TAXA DE TRANSLAÇÃO ~.

5.1 Considerações gerais

o processo de translação é representado esquema-


ticamente na Figura 3. Como já vimos, este processo é a
transformação ou passagem da infecção potencial no meio
ambiente do hospedeiro para uma infecção dentro deste
(ca'rga de parasitas). Isto envolve diversos mecanismos
biológicos de sobrevivência e estraté~ias para que as
formas infectantes alcancem um hospedeiro (as mesmas con-
sideraç~es são aplic~veis ~ diversas infeccaes ou infes-
tações, não somente por helmintos gastrintestinais).
Uma anãli se do s padrões epidcmiológ icos no Bra-
sil (e em outras áreas do mundo) permite uma conclusã.o
chave. Embora a Fase l i (não parasitãria) esteja sujeita
a varí~veis ambientais a nível de microclima, há uma cor-
relação forte entre a taxa de translação e os componentes
p-rinci pais do mesoc:l ima, mesmo quando estes são anal isado s
em termos de médias desde que se tenha observações du-
rante um período longo, ou dispõe-se de meios de simula-
ções sensiveii. Isto 6. sabendo-se das mudanças mesocli-
máticas podem-se elaborar modelos e esquemas de tratamen-
tos ou de previsões, cujas variações serão mínimas e de-
vidas somente aos desvios temporais locais não previsí-
veis. Os componentes principais acima referidos são os
mesmo~ que determinam a ocorrência da "estaçR.o agricola"
no p.:us.
A "estação agrí.cola" define-se como sendo a épo-
ca quando as condições climáticas são favoráveis ao cres-
cimento da vegetação (ou lavoura) sem a necessidade de
irrigação.
Para que haja este crescimento (ia vegetação, ou
translacão dos helmintos. a temperatura e a disponibili-
dade de água são os componentes chaves. Por isto, anali-
saremoS mais adiante as condiç~es climáticas do país com
a finalidade de identiCicar as ipocas d~ maior ou menor
translação das larvas infectantes dos helmintos gastrin-
tescinais, com o obj~tivo de, posteriormente, elaborar es-
quemas de tratamentos estratégicos.

16
LARVA 1

LARVA 2

COMPORTAMENTO

SOBREVI VENCIA

MEIO - AMBIENTE

FIG. 3. O processq de translação. As diversas fases de


desenvolvimento de ovo a larva] apresentam estra-
tégias diferentes no que diz respeito a sobrevi-
vência e contato com um hospedeiro. O processo .ê
1 igado ao período chuvoso. quando hâ uma mai ar ta-
xa de atividade.

17


6 CONDI COES CLIMÁTICAS DO BRASIL

Este resumO é propositadamente reslrito aos as-


pectos principais em termos da epidemiologia dos hclmin-
tos gastrintestinais.

6.1 Temperatura

o nive1 energ~tico solar existente em todo ter-


ri tOrlO do paí s, com exceção da Região Sul, permite o de-
senvolvimento da vegetação em todos os meses. Defato, não
podemos falar em "estação do ano" na maior parte do Bra-
sil. porque a temperatura não ê o fator 'biológico limi-
tante. ~omentc na Região Sul ê que encuntramos condições
temperadas que resultam da posiç's"" Jgrárica. com flutua-
ções sazonais no nível energêtico. :~ _8sa Região também en-
contramOS diferenças no relevo. afastamento da orla marí-
tima e outros aspectos topogrãficos responsáveis por com-
·plexas vaTiações locais.

6.2 Regime hídrico

o fator chave na epidemiologia dos helmintos gas-


trintestinais no Brasil é o regime hídrico, atuando den-
tro do padrio do nível energ~tico solar. Com exceçio da
Região Sul e parte do Norte do pais, sempre ocorre um pe-
ríodo menos chuvoso durante o ano. Embora popularmente
identificada como "época seca", esta de falo, não ê ne-
cessariamente sem chuvas. Também, durante o começo da êpo-
ca seca, sempr~ h~ uma certa Quantidade de ~gua retida no
solo. Al€rminologia "sazão verde", de McCown (1980-1981).
foi criada para incluir o período de extração desta âgua
na época favnr.lvel para o crescimento da vegetação e do
ganho de peso dos bovinos. apõs o teffilino do períouo seco
propriamente dito. Utilizamos aqui a terminologia "esta-
ç.lO seca" para identificar o trimesLre menoS chuvoso I:!m
termos da cootribuiç~u ao total anual d~ precipitaçio,
Como sera explicado mais adiante.

18
Na maioria das regiões do país, o uiveI da pre-
cipitação na época seca e menor do que a evapotranspira-
ção potencial (nível energético) o que implica um déficit
d'água que pode variar de um a oito meses, dependendo da
região geogrâfica e a topografia local.
A Região Sul exibe uma regularidade no reBime
pluviométrica que resulta num excesso hídrico CIO todos os
meses, l"efletindo na inexisti;ncia ueuma "época seca" em
termos de um trimestre de menor contribuição para o total
pluviométrico anual. A mesma situação pode ser encontrada
em parte da área Norte do país. A Figura 4 apresenta di-
versas regiões do país com os seus padrões pluviométricos.
}1ota (1976)_ identificou 13 tipos bâslcos de ba-
lanco hídrico no Brasi.l, cada um com a sua localização
típica, mas concluiu que, na maior parte do pais, mesmo na
Região Amazônica, pode-se falar de uma estação seca, no
sentido de ter um período menos chuvoso.

6.3 Distribuição da estação seca no Brasil

Numa análise dos dados meteorológicos anuai~ de


258 estacões meteorológicas distribuLdas em todo territô-
rio nacional, pode-se resumir os resultados como apresen-
lados na Tabela 2, onde claramente Sao identíEicados os
trimestres que menos contribuíram a precipilação total
anual.
Observa-se na figura 4 que a maior parte das es-
tações meteorolõgicas mostra uma estação seCa nos meses
junho-julho-agosto (jJA '" 65,1%). Esta estação seca mllda-
-se no sentido Norte-Nordeste, chegando finàlmente a in-
versão no Hemistêrio No rte, el:1 Roraima c An1.apá (JFM = 0,4%).
A área fIsica incluída nesla eslaçãu seca de J JA abrange
os [stados de Mato Grosso do ~ul, Mato Grosso, Goiâs, Ron-
dônia c Acre, a região Central-Sul do Amazonas, Pará c
Maranhão, grande parLe do Piauí e Bahia, a maior parte do
interior de Minas Gerais, Rio de. Janeiro, são Paulo e Pa-
raná, bem como algumas áreas menores na Região Sul. A área
de JJA e identificada na Figura 5, a qual é uma simplifi-

19
FIG. 4. Distribuição da precipitação anual em alguns Es-
tados do Brasil; são identif icados os perÍodos
"secos" (5) quando ocorre a menor contribuição 30
cotai anual de precipitação.

20
TABELA 2. Análise dos dados de prec~pltação pluviométrica de 258 estações meteo-
rolõgicas brasileiras • .identificando os trimej>tres de menor contribui-
ção para o "período seco" ao total anual de precipitação e peTcentagem
rlas estações ~eteorolõgicas de acordo com o trimestre identificado.

Trimestre de menor
conr ribu ição JJA OND SON NDJ ASa JAS DFJ MJJ AMJ HAM JFM

PeTc e ntage~
de estaçoes
meteorológicas/trimestre 65,1 7,4 5,8 5,0 4,3 3,5 3,5 2,4 1,9 0,8 0,4
N
cação da Tabela 2. Foram eliminados as estações meteoro-
lógicas com uma estação seca em NDJ. DJF, MJJ. AMJ e MAM,
as quais são prím:ipalmellle estações na Região Su l porque
de fato nào hâ uma estação seca definida, mas sim condi-
ções locais, da topografia, responsãveis por modificaçoes
em áreas relativamente pequenas e contfguas.
A área geográfica incluída na estação sec.:a de ONO
(7,4%) inclui parte do Rio Grande do Nurte, Paraíba, Per-
nnmbuco e Alagoas, bem como algumas áreas na Região Sul.
A ârea geogrâfica incluída na estação seCa de
so~ (5,8%) inclui as regiaes do Norte do Maranh~o, Parã.
Amazonas e a parte Sul do Amapi. As áreas com a cstaçio
seca em Asa e JAS ocupam zonas entre a extensão ·da área
JJA e as áreas perifêricas, principalmente do litoral do
Norte e I.este do Brasil (Figura 5).

7 IMPORTANCIA DA DISTRIBUICAo SECA PARA A ~PIDEMIOLOGIA E


CONTRO LE DOS HELM J NTOS GASTR I NT ESTI NA IS E PARA OS SEUS
HOSPEDEIROS

A translação dos helmintos gastrint€st ina i s ocor-


re pr i ne ipa lment e durante a es tação chuvos.:l, quanJo a tcrn-
pe1".:ltura e o regime hídrico favorece o desenvolvimento,
cclosio e migraç~o das formas infectantes; isto ~, na es-
tação chuvosa a contaminatão da pastagem atinge ao nível
máximo. Illlrante a estação seca, a translação é mínima c
os hplminto~ sobrevivem dentro dos seus hospedeiros (Bian-
chio & M(:lo ltJS5; Bianchin & Honer 1987).
Our a nte a estação seca existe um complexo de fa-
tores que [.1.vorecem ainda mais a sobrevivência dos hcl-
mintas dentro dos seus hospeJeiros. É na época da estação
seca qu e ()eo["rB a m~nor laxa de cresr.incnto (cu nenhuma)
da vegl!t.aç:1o, isto é, h~i uma escassez tanto em di.sponi.bi-
lidade quanto em quali~ndc Ja pastagcrl. Ao ccsmo tempo, il
pcesença ue altas cargas UI..! hclmintu~ eslimula a anorexi:l
volunt~rí.a parasiL,~ria, ü '1\H, pIora .1.Lnc!a mais [I situa<;no
o

FIG. 5. Distribuição du trimestre mais seeo no Brasil. A


maior parte do paLs apresenta um trimestre seco
em junho-julho-agosto (JJA) com uma defasagem pa-
ra o Nordeste c Norte. A Região Sul apresenta um

relevo.
.
çOlnplexo de tipos de trimestre seco, devido ao

23
dos animais submetidos a estas condições. O resultado e
uma interrupção no crescimento do s animais, que. podem per-
der atê 507. do peso ganho na estação chuvosa anterior, o
que de termina os baixo 8 í ndi ces de desempenho do s an ima i s .
Os es tudos de McGown (1980/81), mos t ram que a VI:! rda de pe-
so em bovinos nas áreas tropicais da Austrália é função
do Índice ue Crescimento (Growth Index, GI) da vegetação,
e que quando GI<O, 1 durante ,d uas semanas, o cresei mento
dos bovinos j~ est~ afetado. Lcvine et aI. (1981) descre-
veram condições semelhantes nos "llanos" da Colômbia.
A estação seca ê a época crítica para a criação
de bovinos em condições extensivas, quando uma combinação
de subnutrição e parasitismo deterntina o seu fraco desem-
penho.
Nêsta estação. como Ja vimos. a população de hel-
mínto.s é representada quase que exclusivamente pela Fase I
(cargas de hclminto$ dentro dos hospedeiros), e esta po-
pulacio'nio recebe grandes renovaçaes da Fase 11 da~ pas-
tagens. Neste sentido, a Fase I está numa situação criti-
ca porque, quando eliminada ou reduzida, o potencial para
á contaminação da pastagem na estação chuvosa seguinte
serâ extremamente baixa. Ao mesmo tempo, evidentemente, a
eliminação das populações de helmintos nos hospedeiros me-
lhorará as condições fisiológicas destes.
Pode - se, então ident í ficar a es tação seca como
crlt~ca tanto para os helmintos como também os hospedei-
ros. Sendo que, o interesse é a elaboração de um esquema
para diminuir a taxa de translação, ê evidente que a cnfa-
se do programa deve ser dada aos hospedeiros quando há
pouca (ou nenhuma) renovação do exterior.

7.1 Programas de tratamentos estratégicos de acordo com


a ipoca da estaçio seca

Estação seCa em JJA


A estação seca de JJA, mostrada na Figura 5, 1n-
clui grandê parte do Brasil Central~ onde se encontra
50-60% do rebanho nacional * (de cor te e 1 cite), o que lm-
*Ver Anexo I
24
plicaria concluir que aproximadamente 60 milhões de bovi-
nos sofrem as condições adversas desta época. Baseado no
fato de que o trimestre JJA oferece uma baixa dinâmica de
translação por ser o período menos favorável, suge~e-8e
um programa nacional de Lratamentos estratêgicos que se-
ria aplicável nas categorias de animais de maior risco,
modifi cando-o se alguma particularidade import'antc a nI-
vel local assim o exigir.
Durante a última década, uma série de experimen-
tos feitos no CNPGC, descritos por Bianchin & Melo (1985);
Bianchin ~ Honer (1987), Bianchin et aI. (1986), mostra-
ram que o melhor esquema de tratamentos estratégi~os para
a região dos cerrados (onde se encontram cerca de 50 mi-
lhões de animais) é o de aplicação de tratamentos anti-
-helmínticos nos meses de maio, julho e setembro. Note-se
que um tratamento adicional preconizado para o mês de de-
zembro revelou-se meno.s eficaz. devída a ai ta pressão de
translação durante a êpoca chuvosa (Bianchin & Honer 1987;
Bianchin et aI. 1986).
Pode-se verificar que estes tr~s tralamentos"en-
caixam o trimestre da estação seca na seguinte maneira:
mJjAs
onde:
letra minúscula -
mes de tratamento e,
letra maiúscula mes da es tação seca se:n tratamento.

A justificativa para estes três tratamentos


(maio, jlllho e setembro) foi dada por Bianchin & Honer
(1987), a qual pode ser simplificada da seguinte maneira:
Tratamento 1 (maio): no in{cio da estação seca. pa ra dei-
xar os animais crnncargas mais baixas de helmintos, e pa-
ra diminuir a taxa de translação num ambiente gradativa-
mente menos favornvcl para a sobrevivência de formas in~
fectantes.
Tratamento 2 (jtilho): na metade da estação seca, para
remover os adultos que desenvolveram após o primeiro tra-
tamento e manter a int.c rrupção da trapslação. Nota-sc aqui
que, mesmo durante a estaçãu seca em JJA, ê possivel a

2.5
ocorr~ncia de chuvas pesadas, que permiti,rio uma certa
translação. As observações no cerrado indicam que pelo me-
nos larvas infectantes do gênero Cooperia podem sobreviver
nestas condições (Bíanchin /lo Roner 1987), omeSTTlO ocorren-
do em outras ãreas do Brasil.
tratamento 3 (setembro): antes do começo da estação chu-
vosa. quando uma alta taxa de translação se.rá possível
mais uma vez. A remoçào dos adultos nos animais eliminará
grande parte da contaminação das pastagens.
Em diversos experimentos. este esquer.~ estratê-
gico resultou em ganhos de pesos mêdios por animal de 15
a 45 kg a mais do que em animais não tratados nas mesmas
condições. Comu já vimos. o [:anho de peso extra não é o
efeito desejado principal - o importante é a diminuição
no nível de contaminação das p3Rtacens a longo prazo. Os
estudos epidemiológicos principais que sustentam as obser-
vações sobre a distribuição da estação seca e a sua im-
portincia na dinirnica da translaçio na irea de JJA, s~o:
a) Mato Grosso do Sul: Bianchin & Melo (1985 - resumoS de
12 anos de observações), Bianchin (1986), HíanChin &
Roner (1987), Bianchin et a1. (1986), Catto (1979),
Catto & Ueno (1981) e Catto (1982) - estudos sobre a
situação no Pantanal sul-mato-grossense, onde as con-
dições diferem localmente.
b) Goiâs: Pereira (1973), Costa et aI. (1979)~ Carneiro &
Freitas (1977).
c) Minas Gerais: Guimarães (1972). Guimarães et aI.
(1983), Furlong et alo (1985).
d) Rondônia: Maciel (1978).
e) Rio de Janeiro: Pimentel Nelo (1976). Bianchin (1979).
Braga (1980), Duarte et aI. (1982), Paloschi (1981).
Soares (1980).
f) são Paulo: Silva et .1.1. (1974, 1975), Starkt! et aI.
(1983) - bubalinos, Zocoller er. .<lI. (1983).
Nas outras reci~es incluídas na distribuiçio da
estaçao seca em JJA não se encontraram informações pu-

26
blicauas referentes a bovinos que permitam visualizat" o
processu da translação.

Estação seca em OND


A distribuição desta estação seca inclui parte
do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e
algumas regiões da Região Sul. A FigurG 5 mostra a defa-
sagem na estação seca no Brasil para o Norte e Nonleste.
Nestas regiões já existe uma história de SeCas prolunga-
das e imprevisíveis, quando a translaçio pode permanecer
num nivel baixo e irregular durante muito tempo, aumen-
tando quando ocorre períodos de chuvas. Nestas areas um
esquema LiLico seria de primeira importincia, isto i, com
os tratamenLos relacionados às mudanças de clima.
No entanto, 'como mostram os estudos de Nimer
(1977)p pelo menos 50% da ~rea deve ser classificada como
s emi-ümida ou até superumida. encont ranelo-se U~1l período
seco de apenas 1 a 5 meses (e em algumas localidades, sem
nenhum perioJo seco). Estes ~limas são localizados prin-
cipalmente ao longo do litoral e no setor ocidental da
região. Nímer (1977) enfatiza que nenhuma outra região do
Brasi 1 possu i tanta variedade c 1 ímáC iea, o que implica a
necessidade de se fazerem observações locais para deter-
minar a dinâmica real da translação. A complexidade da
Região Nordeste e bem ilustrada no mesmo trabalho de Ni-
ner (1977).
Nesta reglao a estrategla primária de. sohrevivên-
cia do~ helmintos faz-se dentro dos hospedeiros, com um
mínimo de translação durante a êpoca seca, àsvczes longa,
havendo uma oporlunidade de interromper o l~iclo de desen-
volvimento com a introdução de 11m programa flexível. As
pouca s pub licações da reg iào são princ i palment E' sob re os
parasitas de caprinos, mas que confirmam estas observa-
coes

Outras estações secas


Em gcrnl cnfa t iza-s C' o prí nC.lplO de que um c sque-
ma estrat6gico Jcvc c~caixar na cstaçSo seca (= trimestre
mais seco), e que tais esqU€nBS pOSSUIr. ser elaboradus pa-

27
ra outras re.g~oes. De fato, pode-se resumlr estes esque-
mas na fonna:

onde: ~ = tratamento anti-helmíntico~ e


m ~ mês da estaçao seca.

A maior parte do p.:l.ís tem uma 2stação seca em


JJA, com a defasagem para a zona periferica passando para
ASa e depois OND na direcio nordeste e para JrM no extre-
mo Norte do Brasil.
Em cada área, portanto~ já está identificada a
estação l'ieca. se faz necessâr ia estudar as var i ações lo-
ca i s que determinarão os dela 1 hes do esquema a nível lo-
cal, para melhor encaixar a época minima de translação.

Região Sul
Diversas vezes foi feita a ressalva "com E!xceçao
da Região Sul". Isto porque esta Região apresenta em ge-
ral uma situação muito diferente elll termos de clima e
portanto do pro,cesso de transl ação.
Historicamente. os estudos epidemio16gicos dos
helmintos e o desenvolvimento de esquemas nacionais come-
çaram nesta Região, devido à nt:!ees~idade de cuntrolar as
infecções dentro da combinação do padrão climático, o ti-
po de bovino int~oduzido c os parasitas presentes.
Como jâ vimos, a RegIão Sul possui um excesso no
balanço hídrico praticamente em cada mês. Nimer (1977)
caracteriza a Região Sul como possuindo um excesso no ba-
lanço híl1rico mensal na seguinte forma:
"0 Sul do Rrasil é uma Região das mais uniformeH
e de maior grau de unidade climática. Sua uniformidade e
expressa pelo predomínio de clima mesotermico superúmido
sem estação seca~ e sua unidade, pelo ritmo característi-
co de regiões temperadas H • • • • ··0 Sul do Bras il é pr LV i-
legiado pela altura e regime anual da precipitação pluvi-
ométrica, uma vez que ele se constitui nU~3 d~s regiões

28
do mundo maIS b~m regadas por chuvas. Além de ser impor...,
tante o total anual, seu regime de distribuiç50 estacio-
nal se faz normalmente, de forma C'xtr:wrdinariamente equi-
tativa na maior parte de seu territõrio" (Nimer 1977).
De fato. nesra Hegião hâ tambêm grande varlacao
no relevu, u que impõe temperaturas bem diversas (inclu-
sive temperaturas muito baixas no inverno e muito altas
no verão) e padrôes Locais de precipitações diferentes,
existindo regiões com uma estaçao menos chuvosa em JJA ou
OND.
A introd\lção do gado europeu com os seus parasi-
tas típicos das regiões temperadas, permitem a sobrcvi-
vência de algunas espécies raras ou ausentes em outras
Regiões, cumo Ostertagia spp., Diatyoaaulus vi V ipal"'--i S e
FascioZa hepQ~ica.

O regime hídrico determina a necessidade de mais


tratamentos do que em outras Regiões, !':õ que o processo de
translação não depende mais da precipitação (agora sempre
suficiente) e sim da temperatura e manejo dos animais.
Devido ã evolução das pesquisas nesta Região,
não há necessidade de entr<lr em muitos detalhes. ~o entan-
to, pode-se mencionar Pinheiro (1983) que recomendou um
esquema estratégico envolvendo 10 tratamentos, distribuí-
dos entre três categorias de animais com riscos diferen-
tes, da seguinte manC1ra:

Categoria/bovino mes - HAH ABR MAl JUL AGO OUT DEZ

Desmame - 1 ano }*
1 ano - 2 anos +*
2.5 anos

onde os trat~mentos identificados como ~* requerem o uso


de um produto "avançado" para a remoção de formas hipo-
bióticas de Ostertagia spp.
Pode-se tambem mencionar os trabalhus de Souza
ct aI. (1977). Ramos & Ramos (1978), Ramos (1983) e Sor-

29
censon et aI. (1985) em Santa Catarina. Nesta ar~a os
autores mostraram que as cargas de helmintos são altas na
primvareva, v~rào e Dutono e que oit o t r.:lt.1mento5 <l caua 45
dias depois do desmame) foi o esquema mais econômico da
região.
f claro que o regime hídrico/energético ua Região
Sul determina um padrão de tratamentus, completamente. di-
ferentes das outras Regiões e. que_ não há uma estação seca
para ser encaixada com um n~mero restrito de tratamentos,
u que seria possível em outras regiões.
Também é claro que a topografia sulina requer
estudos locais para determinar o tipo de clim.:t predomi-
nante a nIvel local, pois como j~ foi salientado, existem
regiões com uma estação menos chuvosa em JJA ou OND. Os
valores rel<ltivos da "estação seca" em relação a08 outros
meses c aos úesv los I Dl:als devem ser determinados "'in l l'i -
c'o". Nisto, os pesquisadores da Região tem bastante expe-
riência.

8 HIPOBIOSE
o (cnômeno da hipobiose foi referido em rel.:tçilo
ao esquema de lratamento proposto por pinheiro (1983) no
Rio Grande do Sul, onde as formas com desenvolvimentu in-
terronpido de Oste1"ta~la spp. são il1lIJOrtante<;. Nas outras
ire3s do Brasil n~o se acrcJ i ta que esta cstral~8ia ~eja
primária (I)ianchin (,; Ilonar 1987). embora Pimentel (1976)
tenha observado a ocorrência de farDas apsr'cntcuicnt<! hi-
poh i ót icas de HQcmonchl~~ <::OII t'Ol' tUG no Es lado do Rio de
Janeiro. li. litcrat:ul'a,' Illuntliul sugere que a hipohiosf' ê_mais
comum em regiões telllpet'i:ldas. Ll que expt i ('a sua ocorrência
na Região Sul.

30
9 CUSTO/BENEFICIO DE TRATAMENTOS COM ANTI-HELMTNTICOS EM
ESQUEMAS ESTRAT~GICOS

É claro que ninguém seguirá um esquema de trata-


mento se não for convencido da necessidade do invcstimen~
to. No caso dos hclmintos gastrintestinais, a perda da
produção raramente ocorre como morta !idade mas sim como
morbidade, a qual pode facilmente passar desapercebida
dentro do quadro geral do desempenho llnonnal" de gado de
corte em condições extensivas e c1clicas. O bovino, em
condições de campo possui também a característica de um
grande crescimento depois da época seca, o qual pode ca-
mu fIar a perda rea 1 devido. aos helmintos. A situação é di-
ferente nas regiões de translação contínua e COm animais
taurinos, onde a alta taxa de infecção, as espécies dé
helmintos e a reação do hospedeiro se somam e Causam 51.-
tuações claramente clínicas com perda de peso e mortali-
dade.
No campo ê difícil medir as perdas de produção
em razão do grande nümero de fatores que podem interferir
com as observações. No entanto, precisa-se de resultados
de pesquisa para que o produtor adote a tecnologia, cujos
benefícios serão evidenciados a longo prazo.
Normalmente pensa-se somente em termos de ganho
de peso adicional resultante da utilizacão de tratamentos
com anti.-helmínticos e as análises do custo/benefício des-
tes são normalmente baseados neste aspecto. Devemos res-
saltar que este não é o único . aspecto importante: há o
fator tempo que, em algumas situações, é de malor inte-
ress e . Isto é, COro o ganho de x kg extra de peso, o an~­
mal poderia chegar mais cedo ao peso desejãvel para a sua
finalidade (abate, reprod u ção, etc.). Isto implica um pe-
ríodo de manutenção do animal menor, como também em menor
investimento. Embora i s to seja :r.ais importante em areas
de criação intensiva , o ganho de peso/tempo pode ser de
grande import~ncia nas cri~ções extensivas, desde que a
proprieJadc tenha um manejo controlado. Como exemplo, h.l
experimentos feitos em Santa Catarina, onde foram obser-
vadas diferenças de at~ 19 meses para os animais atingi-

31
rem o peso de abate para os diferentes esquemas de trata-
mento utilizados (Ramos & Ramos 1978, Sorrenson et a1.
1985) .
Neste caso, embora o produtor deva investir no
1.nsumo "anti-helmíntico", a retorno não é somente em ter-
mos de ganho de peso direto, mas também na melhor utili-
zação do aninal e na diminuição no tempo necessário para
se manter o animal numa categoria de menor beneficio ao
produtor.
Uma análise interessante foi feita por Pinheiro
(1983), que expressou o ganho do produtor e o seu inves-
timento em unidades animais, neste caso, em termos de be-
zerros de 180 kg peso vivo, enfatizando que o oenef[cio
real do produtor é dado pelu equação:
Benefício real = (ganho de peso V1.VO + valor da reduçã.o
na mortalidade) - custo de investimento.
Em termos de unidades de bezerros. esta equação torna-se:

= (37 + 10) - 2 bezerros

Benefício real = 45 bezerros de 180 kg.

Neste. caso, o fator "tempo" não foi incluído. No


entanto, este tipo de equação ê de grande expressa0 para
o produtor.
Bianchin & Melo (1985). Hianchin et 01. (1986) c
Bianchin (1986) apre::;enlaram diversas análises do custo!
benefício de tratamentos' em condições controladas, bem
como taxas de crescimento alcançadas. Os resultados va-
riam de experimento para experimento devido nos muitos
fatores que atuam neste tipo de trabalho, mas o peso adi-
cional foi entre 15 e 43 kg. Mnis importante, porém, f 01
a observação de que os aniITl<1.is tratados segundo a esquema
es tratégico perdem menos peso no período seco e ganham
ma 1. s durante a fase de ganho compensatório, do que oS ani-
ma 1 s não tratados. ou tratados somente duas vezes por ano.
O benefício neste caso é complexo: o peso ganho
+ o peso não perdido nas duas épocas. De fato. um ganho de

32
tempo quando extrapolado para a vida do animal. Especial-
mente no caso do Zebu, o ganho compensatõrio é um fator
importante e poderia ser melhor evidenciado em bovinos
mais ou menos livres de helmintos, aproveitando o cresci-
mento da pastagem no inicio do período chuvoso. Mesmoani-
mais predominantemente de raças européias podem compensar
rapidamente com as primeiras chuvas (McCown 1981), chegan-
do a ganhar 0,8 kg por dia depois 40 mm de precipita~ão.

10 TIPIFICACAo DAS ESTAÇOES SECA E CHUVOSA


Uma informação de grande importãncia no planeja-
mento de programas de longo pra.,.;o na agropecuar~a em ge-
ral ê a chamada "persistência das chuvas", Nos dados pu-
blicados por Cochrane & Madeira Netto (1985) é incluído o
valor da precipitação confiável (identificado como DEP
PREC) , o que corresponderia à probabilidade da ocorrência
de quantidade de precipitacão ~ue seja igualada ou exce-
dida em tres de cada quatro anos (isto é, a probabilidade
da ocorrência de precipitação de 75%), calculada com base
nas informações de Hargreaves (1977). No mesmo trabalho, é
dado também o índice hídrico (Moisture Avai labi li ty Indcx
MAl), ~ue representa ó valor da disponibilidade de água
a nível de 75% da ocorrência da precipitação.
Para a tipificação de qualquer regiào ê necessá-
rio começar com um estudo das estações seca e chuvosa, com
maior interesse para a primejra em termos da implantação
de programas de controle. Em outras palavras, é necessá-
rio identifi car a dinâmica cl imatológica ã qual a di.nâmi-
ca dos helmintos é relacionada.
Para tal fim, pode-se empregar indices corno o MAl
para identificar a "est<lção agrícola". Quando não estão
. disponiveis dados meteurológicos na escala necessarla.
pode ser uti 1 izada uma adaptação do índice de Miles (1947),
o MR - a razão da precipitação total mensal para a tempe-
ratura média mensal. Este tndice ê um pouco menos sensí-
vel para a identificação da estação agrícola mas pode
servir para tipificar os meses Com maior e menor potencial

33
para o desenvolvimento da vegetação e a translação dos
helmintos gastrintestlnais. De fato o HR não identifica o
período de retenção da água no solo após a estação chuvo-
sa~ dando então um período por demais curto para a estação
agrícola propriamente dita. Como foi apontado por McCown
(1981), o período do crescimento das pastagens (e conse-
qüentemente dos bovinos e às vezes a translação dos seus
helmintos) é mais do que o período estritamente chuvoso.
No entanto, para uma primeira identificação, e sabendo al-
go sobre a êpoca da maior translação, o uso do índice MR
pode identificar os períodos mais indicados para a Ímplan-
tação de programas de controle. O valor da MAl ê calcula-
do na base da precipitacão e evapotranspiração (ETP) para
cada mes; em local idades onde não é possível obter-se os
valores da ETP, o cálculo do MR daria uma aproximação
uti 1.
Para a ut il iZilÇão dos valores do />lAr, pode-se in-
terpretar qualquer mês com um valor > 0,33 como scndD f~­
vorável para a translação porque a armazenagem de Ilmídade
no solo estã incluída no cálculo. Este valor> 0,33 é vâ-
lido para pastagens nativas mas não necessariamente para
pastagens reformadas ou transitõrias (Hargreaves 1977).
Como um exemplo apresentam-se osdados climâticos
da estação meteorolôgica de Fernando de Noronha (Lat.
3,80); Long. 32'26"; Alt. 101 m) com oS diversos índices
(MAl, MR e DEP PREC) I todos recalculados dos dados de
Cochrane & Madeira Netto (1985)(Tabela 3).
.
A regressao dos valores do MR sobre os do MAl e
dada por:
y ~ 0,696 + 9,603 x (r=O,988; R2~ 98%)
sendo então, neste caso, qualquer valordoMR~3.9 uma. in-
dicação da possibi lidade de translação. PodE'-se verificar
que os meses de ASOND são os de menor prec ipítaçào em Fer-
nando de Noronha e se quisermos identificar o período
mais apropriado para '1m esquema de lratamentos. pode-se
observar que o trimestre mais seco (em termos da menor
contribu ição ao total anual de 130 /1 rnrn) ocorre nos meses
ONO. A local ização geográfica da Ilha de Fernando de No-

34.


1"AIlI::LA 3 . Aná l i s e do s da dos da ~:stação Heteorológica de Fe rn ando d e Nuronha .

- --

'r
_ .

Anua l
:-tês J F M A M J S O N D (x ou
E)

r"In!, . oc 25 , ~ 26 ,1 26 , 1 26 , 1 25,9 25 , 4 '24,8 21. , 7 25 , 0 25 , 3 25 , .'j 25 , 9 x ~ 25 ,6


I' ~ , ~c ip i t aç a o
.- -
44 119 189 266 266 185 13 ; 49 17 8 10 13 1:=1304
( m~\)
ÕEI; - r REC- -
( mm)
16 58 98 142 142 96 69 18 O O O O

:-lAl 0,09 0 ,34 .0 ,55 1, 00 0,9 7 0 ,81 0,53 0 ,1 2 0,0 U,O 0,0 0,0

:-m 1, 7 4 ,6 7 ,2 10 , 2 10,3 7, 3 5,5 2,0 0,7 0 ,3 0,4 0,5


- - -
ronha conf i ma sua semelhança com a zona 1 i tora! do Nor-
oeste. ja identificada como sendo de O~D (Figura 5). Se
for necessário recomendar um esquema de tratamento, este
seria do tipo s~lDj, encaixando a estação seca.
PrOOlra-se então os meses com oS valores menores
nos índices de MAl c/ou MR c calculamos o trimestre {;om a
contribuição mínima ao total anual para identificar a épo-
ca da translação mínima, para depois enc~ixar com os tra-
tamentos necessários.
F.m um outro exemplo. foram utilizados os dados
de Campo Grande, I'fS, (LaL 20'27"; Long. 50'37"; Alt.
566 m)(Tabela 4).
Neste caso, a regressao linear (MQ) do MR sobre
MAl c dada pur;
y ~ 2,19 +6,79 x (r = 0,90; R2 m 82%)
fazendo-se o cãlculo de valor Mínimo do MR, observ.:l-se que
MR2.4,43 identifica a estação agrícola. VaioresdcMR<4,4J
e ~IAI<O,33 identificam a estação seca, quando se pode cal-
cular que, o trimestre eom contribuição mínima ê JJA (1,670
uo total anual de 1444 mm). Estes meses foram identifica-
dos ewpiricamente durante os programas de pesqulsa do
CNPGC (Bianchin & ~elu 1985). Nota-se que o tratamento
originalmente preconizado' para dezemhro, lllas subseqüentc-
r:lcnte questionado (l:Iianchin & Iloner 1987, Rianchin 1986)
de [a to seria opl icado quando os valores do MA 1 e !-IR es-
tivessem muitu desfavoráveis.
O cSlj"ucma de tratamento mais indicado encaixa es-
tes tres meses, JJA, corno já foi explicado anteriormente.

11 llMITACOES NA METODOLOGIA
É .llllpol- tantc lembrar que, qualquer que seja o
esquema de lratamentos cstratésicos elaborado com esta me-
todologia, sempr~ ~ possivel que alguns [atores interfi-
ram na eXeCllç30 011 interpretação.

J6
TABELA 4. Aná lise do s da dos da Estacão Me t eoroló gica de Campo Grande, MS .

Mês J F :1 A M J J A 5 O N D Tot al /x

Temp. x °c 24,3 24,2 23,8 22 ,0 20,3 19,3 ;9,1 2 1, I 22,8 23,5 24,0 24,5 ;<=22,4
Pr ec i pitacáo 229 199 140 101 81 50 36 29 62 162 164 191 1444
(nun)
DEP. PREC. 158 134 88 57 41 17 6 O 26 105 107 128
(mm)
MAl 1,01 0,09 O,5'! 0,46 0,33 0,18 0,06 0,0 0,20 0,68 0,68 0,84

MR 9,4 8 ,Z 4,6 4,6 4 ,0 2,6 1,\1 1,4 2,7 6,9 6,8 7,8
11.1 Modificações cl imãticas

É possível que ocorram modificações no padrão


meteorológico (persistência de chuvas ou estiagens), que
são geralmente imprevisíveis, e só podem ser analisadas
estatisticamente com a utilização de dados coletados du-
rante pelo menos 30-40 anos.
Estas modificações climáticas podem alterar as
taxaS de translação para mais ou para menos, ou afetar as
condições dos hospedeiros.
Por isto, referiu-se anteriormente a um sistema
de tratamentos estrat~gicos flexíveis, no qual alim das
dosificações previstas na base de observações epidemioló-
gicas, são incluídas uosificações táticas, quando neces-
sárias. Se as modificações climáticas são para condições
mais secas, a taxa de transla~ão será mais baixa e a têc-
nica de encaixar o trimestre previamente identificado como
sendo o mais seco deve ser mantido. Mas se"houver uma mo-
"dificaçio para excesso de ~~la. seri necessário estudar a
implantação de dosificações adicionais. Estas devem ser
aplicadas o mais rãpido possível antes que os sinlomas de
infecção apareçam. ~ importante lembrar que qualquer au-
mento na taxa de translação impl ica um aumento futuro da
contaminação das pastagens; e que é importante antecipar
este desenvolvimento.
Em algumas propriedades adaptou-se a técnica de
monitora.mento de rebanho nlediante a técnIca do OPG (con-
tagem de ovos de hclmintos por grama de fezes do hospe-
deiro) como um índice do nIve1 de infecção do rebanho.
Esta técnica não deve ser utilizada para identificar a
necessidade de aplicar um tratamento tãtico, porque o va-
lor da OPG fornece informação Somente sobre a produção de
ovos das fêmeas adultas e não sobre as cargas de formas
imaturas que muitas vezes causam mais prejuLzos que os
adultos. Uma outra desvantagem é que a presença de fêMeas
adultas ji implica urna contaminação das pastagens e a fu-
tura. possibilidade de uma translação serâ significativa-
mente mais alta. De fato, esperar que haja um aumento no
OPG para aplicar um tratamento no rebanho é o equivalente

38
de fazer um tratamento meramente curativo, quando os ani-
mais já estão prejudicados.

11.2 Modificações no manejo

Na Tabela 1 (Bianchin 1986) são identificadas al-


gumas situações que precisam da aplicação de tratamentos
adicionais dentro do esquema estabelecido. lsto porque
aninais que entram em pastagens sem tratamento podem con-
laminar o meio ambiente do rebanho existente. Em um outro
exe~plo, a entrada de animais em paslagens recém lormadas
acompanhada de um ou mais tratamentos táticos contribuirá
para manter baixo o nível de contaminação das pastagens.
Estas modificações não podem ser incluLdas no es-
quema básico de tratamentos estratêgicos. mas qualquer
técnico ou produtor deve cs tar a tento para inc luir trata-
mentos tãticos quandu houver necessidade.

11.3 Modiflcaçõés topográficas

Dentro duma região claramente identificada COUlO


tendo uma estação seca acentuada, pode acontecer que di-
ferenças topográficas modifiquem o programa de tratamen-
tos. O relevo ou a distância da zona li toral pode serres-
ponsável por desvios no padrão meteorolôgico que devem ser
identificados e resolvido~ a nIvel local. Uma vez consta-
tados os desvios do programa bâsico, este pode ser modifi-
cado para en-tão encaixar o período mais sensível de !:lenor
translação. Como já vimos, em alg1Jmas regiões do Amazonas
e na Regi.io Sul em geral, o padrão clin.itico exige medi-
das completamente diferentes e a metodologia exposta nes~
ta Circular Técnica não ser~ aplicável.

39
12 ANTI-HELMíNTICOS
A evolução dus produtos anti-helmínticos é apre-
sen lada esquematicamente na Figura 1. Pode-se ver que o
numero de helminto8 sensíveis aos princípios at ivos atuais
aumentou muito durante os ultimos anos; ao mesmo tempo a
toxícidade baixou no sentido que a razão uose terapêutical
dose lóxica para o hospedeiro ficou muito mais amp1a. Es-
ta evolução pode ser vista claramente dentro da "família"
dos produtos bcnzimidozõlicos. Os últimos membros desta
família têm um espectro de ação muito mais amplo do que o
primeiro c, em alguns casos (co~o por exemplo.fenbendazo-
le) é quase impossível administrar uma dose tóxica ao ani-
mal. O grupo das avecmec:tinas tem uma ação sistêmica com-
batendo diversas categorias de parasitos. incluindo ar-
trõpodes. Michel (1985) reconhece somente três grupos de
prodU t os de amp lo cs pec t ro: os bcnz imi dozó 1 i cos • lcva~ni­
sole· e morantel. e as avermectinas.
g importante lembrar que o desenvolvimento da
epide~iologia e dos anti-helmínticos sno processos para-
lelos e que muitos esquemas ue tratamentos foram desen-
volviuos para produtos específicos. A literaLura contém
inúmeros trahalhos sobre novos produtos e sua aeão contra
diversos parasitos, e âs vezes o produtor (ou os seus as-
sessores) acham dificuldade na escolha de um produto en-
tre tantos.
EDl ter.mos de gado de corte a facilidade de manu-
::i€lO sempre e uma consideração fundamenLal e as formula-
çoes injelâveis foram desenvo 1 v idas visando especialmente
as condições de manejo destes animais. Vara o produtor o
preço tamhém é um fator chave, além do resultado espera-
do.
As diferentes condições encontTadas no Brasil não
permitem a ind icação de "o ant i-hclmínt: ico" , porque as
espécies ue helmintos, o manejo c a época pudem requerer
produtos diferentes.
Na Tabela 5 sao apresentados os principais hcl-
mintas dos bovinos e a efetividade dos produtos malS co-
muns no mercado (adaptauo ue Beck 1986).

40
TABELA 5. Efet iv idade de al guns dos principais anti-helmincicos contra helmintos
de bovinos .
Cf)

....
o "'o
... ti)
o
...'"O
:::J
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...'o"
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Produto
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an ti-helmínLico co ..... :::J Formulação
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<:J
:~ 'l> ~ m~ -' <I>
>-' ~ H H tJ) H ~ a <S H

lhiabendazole (66) A BB C B A
A C A B A B C CID B C O oral
Parbendazole ( 39) A B A B B C A B A B B B B C II O O oral
Heb endazole ( 15 ) A A A A A A A C A C A C A D A B D oral
Albendazole (7 , 5) A A A A A A A A A A B C A D A A C oral
Tetramlzo l e ( 15) A C A B/C A B A A A II C O B D A A C subcutânea
Levamisole ( 10) A B A B A A A A A B C O A D A A B subcutânea
Fenotiazina ( 16) A O B O A O B B B O O O A O B O O oral
Disofeno l ( 16) A B D O O O O O O O O O A O C O O subcutânea
Ivermectin(20Omcg) A A A A A /lo. B A A A A A A A subcutânea
Modif ica do de Beck ( 1986 )
Efetividade: A :95-1007.; B s85-95%; C: 60-857.; D : <60~; O = sem ~fetividade.
12.1 Resistência dos helmintos contra anti-helmínticos

A ocorrência de resistências aos princípios ati-


vos de diversos grupos é indicada na Figura 1. Convém en-
fatizar que 3 resistência dos helmintos é conhecida em
ovinos ~ caprinos e eqü inos mas não há evidcllc ia da ocor-
rência de resistência entre os helmintos dos bovinos em
nenhum lugar do mundo, mesmo com o uso de úm ünico produ-
to ec uma propriedade durante muitos anos, como também nas
propriedades onde ocorre resistência em outros hospedei-
ros. Não se tem uma explicação adequada para isto, mas
desde que o produtor use o produto escolhido corretamente,
não hâ razão de temer resistência dos helmintos.

12.2 Dosagem dos anti-helmínticos

Para fins de registro c para compor os manuais


técnicos dos produtos fazem-se diversos experimentos ex-
tremamente rigorosos, em .condições excepcionais. Isto e,
os animais são pesados individualmente, o princípio ati-
vo e administrado cuidadosamente na dose exata e diversas
outras técnicas são ut ilizadas para a obtenção dos melho-
res resultados possíveis. Poucas (ou nenhuma) destas ati-
vidades são aplicáveis às condições reais de campo, em se
tratando de animais de corte sob circunstâncias estres-
santes.
Há evidência também que 05 níveis dos princípios
ativos podem ser diferentes nas formulações locais às re-
gistradas em outros países. Por isto, precisa-se detestes
nacionais dos produtos comumente utilizados para quanti-
ficar a efetividade de cada um contra as espécies c nas
condiç.ões locais. Até agora não exi ste uma organiJ!ação en-
carregada deste tipo de atividade e usualmente aplica-se
os produtos segundo a s orientações dos manuais técnicos ou
representantes do fabricante.
Embora a diferença entre a dose terapêutica/dose
letal seja normalmente ampla nos produtos modernos, h~
mais uma ra~ão para tentar aplicar a dose correta: o cus-
to do produto.

42
Vamos supor que um produtor quer tratar 3ú7 ani-
mais c acredita que o peso médio destes seja de 100 kg.
Utilizando um produto injetâvel, ele calibra a seringa pa-
ra administrar o volume de produto apropriado para este
peso. Suponhamos que a dose do principio ativo nao ria
formulação) seja 12 mg kg- 1 peso vivo. Neste caso, cada
animal receberâ 100 x 12 mg, ou 1200 mg tolal.
De fato, os 367 animais sio de diversas catego-
rias com pesos diferentes embora todos recebam 1200 mg. O
resultado é a seguinte tabela:

Limites NQ de Limites de
Cate-
de peso .1.n1.- dosagem Resultados
goria
(kg) mal.S (mg kg- 1 )

58-60 150 25,0-20,0 40,n c/dosagem ate 2x


2 61-90 73 19,6-13,3 19.9 k c/ dosagem exc es-
Slva

3 91-120 60 13,2-10,0 16,3% na f o'l i xa correta


4 121-135 84 9,9-8,8 22,9% c/dosagem insu-
ficiente

367 100,0

Podo-se ver que os animais na Categoria 1 talvez


r-enham dificuldades de tolerância da alta dosagemadminis-
trada, além do fato de que foi gasto r:IUito mais produto do
que o necess5rio par3 a Cate~oria. t;ll:mlo i. C3tt>gpriii 4,
todo 5 os .:lnirna i s receberam uma do:,;agem inaol:(juil<la (i 57, da
dose correta) e mais tarde talvez não "respondam" ao tra-
tamento. Nestas circunstâncias e
comum -por a culpa no pro-
dllto.

Este exemplo e hipoLetico. II1!1S podemos citar uma


;;itll.'IÇ~O
real e semelhanlc. Em um ~xpcrimcnto, [oi admi-
njstrado SR.1 medicado com um ;}ntí-ho..:li~lrlltico a 11m grupo
misto de 400 animais com diversas categuri;ls (pesos e ida-

4)
des). Notou-se que 22 destes animais não apresentaram o
OPG negativo após o período de disponibilidade do anti-
-helmíntico. Verificou-se que estes animais eram os mais
fraCDS e pequenos. Em outras palavras t não tiveram a opor-
tunidade de consumir o sal no cocho e subseqüentemente não
foram tratados (Honer et aI. 1986).
O problema é o mesmo e a solução seria de agrupar
tanto quanto possível os anirnaisem categorias iguais pa-
ra o tratamento, e.vitando-se reclamações posteriores so-
bre o desempenho do produto, e diminuindo-sc os custos de
aplicação.

13 IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMAS ESTRATtGICOS


o problema principal da implantação de qualquer
programa estratêgico e ainda mais um programa flexível é
a necessidade de juntar o rebanho diversas vezes durante
o ano. Este fato deve ser reconhecido desde o início e en-
quanto o produtor não estiver convencido desta necessida-
de em termos do retorno econômico será difícil mudar o
programa de manejo da propriedade.
Freqiienterncnte os tratamentos e s tão sendo apli-
cados nas épocas de vacinação, por exemplo, de febre af-
tosa. As datas de vacinação, no entanto. não coincidem,
em diversas regiões, com as datas chaves para o programa
estrategico e assim o efeito deste não estã sendo alcan-
çado. Devemos enfatizar que a vinculação do programa es-
tratêgico a qualquer outra atividade com datas imprõprias
invalida o programa e o produtor não verá os benefícios
e·sperados. As datas chaves do programa são determinadas lia
priori" e depende.m das análises epidemiológicas locais
(Bianchin & Melo 1985).
Por isto é ncccssârio convencer o produtor que o
programa faz parte integral do manejo do rebanho e inves-
tigar novas tecnologias de tratamento.
No entanto, sabe-se que em regiões com vârios
esquemas de manejo será praticamente impossível a implan-

44
tação de um programa estrateg1co f Lexíve L, devido à es t ru-
tura inerente ao sistema de produção. Nestes casos a de-
cisão sobre o programa a ser seguidu (se houver) é indivi~
dual. Enfatiza-se que, quando existe a possihilidade da
implantação de um programa estratégico, esta será feita
devido aos próprios méritos.
Será também importante ressaltar que os efeitos
da implantação do programa não serão imediatos, os animais
podem ganhar muita pesn nu primeiro ano, mas isto deve ser
visto como Um benefício a mais. A finalidade principal dn
programa é a redução da contaminaçâo das pastagens a lon-
go prazo, com, uma melhoria subseqüente na produtividade
do rebanho e da propriedade. Também não funcionará se o
programa for seguido durante alguns anos e interrompido em
out ros. quando apa rentement e "não for neces sâr ia"" A re-
dução da contaminação 9as pastagens deve ser contínua pa-
ra alcançar ns benefícios finais.

14 LINHAS FUTURAS DE PESQUISA, RELACIONADAS Ã IMPLANTAÇ~O


DE UM PROGRAMA NACIONAL DE TRATAMENTOS ESTRATfGICOS
Durante a confecção desta C ircu lar Técnica encon-
traram-se diversas vezes áreas incôgnitas e assuntos des-
conhecidos que podem ser vistos como linhas - futuras de
pesquisa.
Como já foi apontado, existe a necessidade de se
estudar melhor os produtos anti-helrnínticos em nosso meio
com a final; dade de estab elerer a me 1 hor dosagem e idc~­
tificar quais os produtos a serem utilizados em diversas
êpocas e regiões. Também existe urna necessidade de desen-
volver novas tecnologias que permitirão a implantação de
um programa mesmo nas âreas unde existe um problema de
juntar o rebanho (auto-medicacãoH8ianchin & Iloner 1986).
Necessita-se de estudos epidemioLõgicos locais
para tipificar a dinâmica de translaçao numa escala estri-
tamente local, a qual pode estar relacionada com o padrão
meteorológico vigente e outros fatores tais como:

45
- controle biológico;
- produtos de liberação lenta;
- estudos imunológicos locais (futuras vacinas);
- lotação.

Estudos sobre o controle hiológico das fases da


translação são essenciais para complementar o uso de pro-
dutos quimicos e para criar um tipo de controle cuntínuo.
Os produtos de liberação lenta devem ser estuda-
dos nas condições extensivas para verificar se, de fato,
podem ~er empregados sem o risco do desenvolvimento de
resistencia.
O desenvolvimento de vacinas especificas para os
helmintos deve ser apoiado t mesmo sabendo-se das dificul-
dades, em alcançar este alvo, devido às peculiaridades
imunolôgicas destes parasitos.
O efeit.o da lotação de pastagens C a introdução
de novas espécies de gramíneas precisam ser estudados em
detalhes.
o estudo da resistência inerente n diversas ra-
ças ou cruzamentos não foi coroado de êxito ate agora, mas
futuros planos para a implantação de programas de melho-
ramento deve incluir investigações sobre a sensibilidade
dos animais aos helminto5 (e outros parasitos).

15 REFERt.NC I AS SI BLI OGRÁF I CAS

AMERICAN ASSOe lAT lON OF VETERINARY PARASITOLOC ISTS. Report


of Committee on Ruminant Diseases. "Rescarch nccds and
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S2
· ANEXO I

REBANHO NACIONAL DE BOVINOS (CORTE E LEITE, 1984*)

BRASIL TOTAL = 127.654.587

REGIÕES REGIÕES
Norte 5.946.755
Sudeste 34.987.624
Rondônia 693.663
Acre 514 . 653 ~ínas Gera i s 19.901.557
Amazonas 473.2\6 Espíri to Santo 1.759.889
Pará 3 . 933.128 Rio de J aneiro 1.838.668
Amapá ')'.8RO são Paulo 11. 487.510
Nordeste 21.692.937 Sul 24.272.484
Maranhão 3.307.9\0 Paraná 7.934.29 4
Piauí 1.588.631 Santa Cata rina 2.790.606
Ceará 2.1 3 7.524 Rio Grande do Sul 13 . 947.584
Rio Grande do Norte 68 , .923
Centro-Oeste 40.754.797
Pa raíba 1. \28.276
Pernambuco 1 .5S7 . 887 Mato Grosso do Sul · 13.882.717
Alagoas 879.607 Mato GrOSSLl D.7a7.575
Seq;ipe 663 .4 84 Goiás 20.003.725
Bahia 9.747.695 Distrito Federal 80.780

*FONTE: Anuário Estatístico do Brasil, 1985 .

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