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SINDICATO DOS PROFISSIONAIS E TRABALHADORES DA SAUDE INDIGENA - SINDCOPSI

CNPJ NR: 22.964.757/0001-38

MANIFESTO EM DEFESA DO SUBSISTEMA DE ATENÇÃO À SAÚDE


INDÍGENA

A Secretaria Especial de Saúde Indígena - SESAI, foi instituida pelo


decreto nº 7.336, de 19 de outubro de 2010. é a unidade integrante da estrutura do
Ministério da Saúde responsável por coordenar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos
Povos Indígenas e, também, por todo o processo de gestão do Subsistema de Atenção à
Saúde Indígena no âmbito do Sistema Único de Saúde - SasiSUS.

A principal missão da SESAI nesses últimos 8 anos e meio sempre foi o


exercício da gestão da saúde indígena, no sentido de proteger, promover e recuperar a
saúde dos povos indígenas, bem como orientar o desenvolvimento das ações de atenção
integral à saúde indígena e de educação em saúde segundo as peculiaridades, o perfil
epidemiológico e a condição sanitária de cada Distrito Sanitário Especial Indígena - DSEI,
em consonância com as políticas e programas do SUS. Para tanto, estabeleceu-se no
SasiSUS um novo modelo de gestão e de atenção à saúde, descentralizado, com autonomia
administrativa, orçamentária, financeira e com responsabilidade sanitária nos 34 DSEI,
mediante uma gestão democrática e participativa que efetivamente promovesse o
fortalecimento do controle social da saúde indígena.

Em termos quantitativos, a SESAI presta serviços a uma população de


774.163 indivíduos em todo o território nacional. São 305 povos distintos, 274 línguas
diferentes e 5.558 aldeias localizadas em 688 terras indígenas, que representam cerca de
12% do território do País. Somente em 2018 as Equipes Multidisciplinares de Saúde
Indígena - EMSI realizaram mais de 4,5 milhões de atendimentos nos territórios dos DSEI,
tendo a SESAI, inclusive, recebido ainda em 2018 o título de Campeã Contra a Malária nas
Américas, oferecido pela Organização Pan-Americana da Saúde e pela Organização
Mundial da Saúde.

Vivemos em um País em que o SUS é utilizado por 71,1% da população


(IBGE), enquanto 69,7% dos brasileiros não possuem plano privado de assistência à saúde
(CNDL), estatísticas que são exponencialmente elevadas quando transferidas à realidade
dos povos indígenas e que, portanto, revelam a dependência do nosso povo para com o
SasiSUS e qualifica o serviço prestado pela SESAI, pelos DSEI e pelos seus trabalhadores
como de primeira necessidade na vida dos cidadãos e das cidadãs mais vulneráveis.

O fato alarmante, todavia, é que, durante a 313ª reunião ordinária do


Conselho Nacional de Saúde - CNS, realizada em 31 de janeiro e 1º de fevereiro de 2019,
o Excelentíssimo Sr. Ministro de Estado da Saúde, Henrique Mandetta, anunciou projeto
intencional de municipalização do SasiSUS/SESAI, o que, supostamente, se alinharia à
agenda político-econômica apresentada pelo recém empossado Presidente da República,
Jair Bolsonaro.

Ressalte-se que, em sua fala carregada de preconceitos e sem qualquer


compromisso com os fatos e dados, o Sr. Ministro da Saúde, além de fazer inúmeras

Sindicato dos Profissionais e Trabalhadores da Saúde Indígena, situado a Rua Ana nº 167, Bairro da Macaxeira- Recife- PE –
Telefones contatos: (81) – 3019-6702 - WhatsApp Institucional: (81) – 99207-5814 –
site: www.sindcopsi.com.br – e-mail: sindcopsisede@outlook.com
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acusações não comprovadas de malversação de recursos orçamentários por parte dos


DSEIs e até mesmo afirmar a ocorrência de tráfico de drogas em aeronaves contratadas
pelo SasiSUS, não esclarece qual será a sua política ou critério de avaliação para levar a
cabo as medidas de municipalização, gerando incertezas e elevado grau de insegurança
para todos os usuários e trabalhadores da rede.

Afirmamos que, em momento algum, os povos indígenas ou esta entidade


se mostraram ou se mostrarão coniventes com desvios ou ilicitudes. Ademais, é importante
esclarecer ao Sr. Ministro que a apuração de tais irregularidades é um dever da União, por
intermédio dos seus órgãos de controle (notadamente a CGU e o TCU), e do Ministério
Público Federal, e que tais acusações infundadas jamais poderão justificar o sacrifício da
saúde dos povos indígenas do Brasil. A municipalização da gestão do SasiSUS/SESAI
implicará um ônus insuportável aos usuários do sistema, que se verão ainda mais
desamparados pelo Estado e, por isso, é vista como um atentado contra a saúde pública e a
dignidade dos brasileiros e das brasileiras, além de violar frontalmente a Política Nacional
de Assistência à Saúde dos Povos Indígenas - PNASPI e o disposto pelos arts. 196, 197,
198, 200, 231 e 232, da Constituição Federal, sendo inaceitável o retrocesso social
proposto pela referida Pasta Ministerial.

Por isso, e por acreditarmos que a união dos trabalhadores nos DSEIs e dos
povos indígenas de todo o Brasil, e a organização estratégica para a articulação e proteção
ao SasiSUS são pautas primordiais do SINDCOPSI - Sindicato dos Profissionais e
Trabalhadores da Saúde Indígena, apresentamos aos nossos filiados e representados a
seguinte resolução:

O SINDCOPSI irá às últimas consequências para defender os seus


representados, os seus postos de trabalho, e a prestação de assistência à saúde
em favor dos povos indígenas e o SUS, não sendo apático, em nenhum
momento, com relação às ameaças do Sr. Henrique Mandetta, inclusive com
amparo ao Poder Judiciário e ações de mobilização de base.

Recife/PE, 05 de fevereiro de 2019.

MARIA DO CARMO ANDRADE FILHA


Presidente do Sindicato dos Profissionais e Trabalhadores da Saúde Indígena

Sindicato dos Profissionais e Trabalhadores da Saúde Indígena, situado a Rua Ana nº 167, Bairro da Macaxeira- Recife- PE –
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