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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA
ENGENHARIA DE AQUICULTURA

RAIANE PONTES DE GOES

PISCIPONIA: RECIRCULAÇÃO DE ÁGUA EM CRIAÇÃO DE TILÁPIA


NILÓTICA (OREOCHROMIS NILOTICUS) ASSOCIADA À PRODUÇÃO DE
HORTALIÇAS

NATAL / RN
Junho - 2016
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RAIANE PONTES DE GOES

PISCIPONIA: RECIRCULAÇÃO DE ÁGUA EM CRIAÇÃO DE TILÁPIA


NILÓTICA (OREOCHROMIS NILOTICUS) ASSOCIADA À PRODUÇÃO DE
HORTALIÇAS

Monografia apresentada ao Departamento


de Oceanografia e Limnologia do Centro
de Biociências da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, como requisito
parcial para obtenção do Bacharelado em
Engenharia de Aquicultura.

Orientador: Prof. Dr. Deusimar Freire


Brasil

NATAL / RN
Junho – 2016
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RAIANE PONTES DE GOES

PISCIPONIA: RECIRCULAÇÃO DE ÁGUA EM CRIAÇÃO DE TILÁPIA


NILÓTICA (OREOCHROMIS NILOTICUS) ASSOCIADA À PRODUÇÃO DE
HORTALIÇAS

Monografia apresentada ao Departamento


de Oceanografia e Limnologia do Centro
de Biociências da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, como requisito
parcial para obtenção do Bacharelado em
Engenharia de Aquicultura.

Monografia aprovada:13/06/16

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________

Prof. Dr. Deusimar Freire Brasil


Departamento de Oceanografia e Limnologia

___________________________________________________

Prof. Msc. Alexandre Magno


Departamento de Oceanografia e Limnologia

____________________________________________________

Prof. Dra. Mônica Rocha de Oliveira


Departamento de Oceanografia e Limnologia

NATAL / RN
Junho – 2016
4

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Divino criador Deus por estar presente nos momentos


difíceis no desenvolvimento deste trabalho.

Agradeço à minha família, especialmente aos meus pais, Joana Darc e


Raimundo, por terem apoiado ao longo do curso.

Ao Professor Deusimar Freire Brasil, meu orientador, pela oportunidade


oferecida no trabalho de conclusão do curso.

Aos meus colegas que me acompanharam durante o experimento: Dalmo,


Heloise, Renato Souza,

Aos meus amigos que me auxiliaram na confecção deste trabalho:


Ademir, Professor Alexandre Magno, pela atenção e conselhos no
melhoramento da ortografia.

Ao técnico administrativo Marcelo Maia pelo abastecimento das rações no


assentamento Modelo 1.
5

Uma pessoa inteligente


aprende com os seus erros,
uma pessoa sábia aprende
com os erros dos outros.
Augusto Cury
6

RESUMO

Este estudo teve como objetivo implantar e acompanhar um ciclo


produtivo de um sistema de pisciponia no assentamento de reforma agrária
Modelo 1, no município de João Câmara / RN, o qual constou da integração da
criação do peixe tilápia nilótica (Oreochromis niloticus), criado em pequenos
tanques escavados revestido com geomembrana pead, associado com a
produção de hortaliças cultivadas em filtros rizosféricos localizados anexos à
este tanque e confeccionados em caixas d’água com capacidade de 500 litros.
Ao rigor, o sistema produtivo constou de um cultivo com recirculação da água,
que circula entre o tanque dos peixes e o biofiltro com as hortaliças, tendo como
finalidade a retirada de substâncias em solução que trazem prejuízos fisiológicos
aos peixes, mas que são nutrientes para as hortaliças. Neste estudo, foi
realizado um povoamento de 300 alevinões de tilápia nilótica em um tanque com
dimensões de 5 m de comprimento, 3 m de largura e 0,8 m de profundidade. Os
peixes foram alimentados com ração balanceada extrusada com 32% de
Proteína Bruta. No início do estudo o peso médio dos peixes foi 91,3 g e após
80 dias atingiram o peso médio de 197,2 g. A produção de hortaliças observada
constou de manjericão, mastruz, nira e hortelã. O estudo possibilitou a conclusão
que o sistema tem potencialidade produtiva, mas deve deve ser objeto de melhor
avaliação dos indicadores produtivos.

Palavras-chave: Pisciponia, Oreochromis niloticus, Hortaliças, tilápia.


7

ABSTRACT

This study aimed to install and monitor fish farming productive cycle in
association with vegetable culture in rhizosphere filter as an integrated
aquaculture system in Modelo 1 which is an agricultural community, located in
João Camara District, in Rio Grande do Norte State, Brazil. Nilotic tilapia fish
(Oreochromis niloticus) was cultivated in a small excavated tank covered with
geomembrane. Vegetable culture was held on a water container with 500 liters
of capacity which was placed aside the tank. Water recirculation minimizes the
water need by reusing it and it is fundamental for integrated aquaculture
production. In this study, the water waste from fish tanks which can be harmful
for fish physiology was pumped into vegetable tanks, aiming to remove harmful
substances while benefiting on growing vegetables and saving water waste. 300
tilapia juveniles were stocked in a tank (4 m length x 3 m width x 0.8 m depth
dimension), which were fed with artificial feeding containing a total of 32% of
protein content. In the beginning, the fish mean weight was 91.3 g and 80 days
later, it was reached a mean weight of 197.2 g. The vegetable cultivated during
this study were basil, Mexican tea, nira and mint. This study allowed the
conclusion that integrated aquaculture system has a high productive potential,
however, it may be necessary further evaluation with productive indicators.

Key-words: Vegetable; integrated fish farming; Oreochromis niloticus;


8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 9
1.1 Aquicultura no Brasil 9
1.2 Tilápia Nilótica 10
1.3 Pisciponia 11
1.4 Seleção da Espécie de Plantas 14
2 OBJETIVO 14
2.1 Objetivo Geral 14
2.2 Objetivos Específicos 15
3 MATERIAIS E MÉTODOS 15
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 17
4.1 Ganho de peso dos alevinões 17
4.2 Adapatação dos vegetais 18
4.3 Parâmetros Limnológicos físico químicos 20
5 CONCLUSÃO 21
REFERÊNCIAS 22
APÊNDICES 25
9

1. INTRODUÇÃO
A aquicultura tem aumentado exponencialmente nos últimos 50 anos,
passando de uma produção com menos de 1 milhão de toneladas no início em
1950 para 51,7 milhões de toneladas em 2006. Destaca-se que o Brasil é o
quarto país com maior taxa de crescimento anual na atividade citada (FAO,
2009). Nesse contexto, o Brasil tem grande potencialidade devido aos seus
reservatórios de água, clima favorável, terras e mão de obra disponíveis e ainda
devido à demanda ao mercado interno.
Além disso, na publicação Fish to 2030, a FAO estima que em 2030 a
aquicultura será responsável por mais de 60% da produção mundial de pescado
para consumo humano. Assim, vemos claramente que a tendência dos últimos
anos deve continuar nas próximas décadas, com a aquicultura sendo a maior
responsável por atender a crescente demanda de pescado em nível mundial.

1.1 Aquicultura no Brasil


Segundo os dados oficiais do Ministério da Pesca e Aquicultura, a
produção brasileira de pescado em 2013 foi de 1.241.807 toneladas; sendo que,
destas, 765.287 toneladas foram de origem da pesca (61,6%) e 476.512
toneladas de origem da aquicultura (38,4%). Na Tabela 1 é apresentada a
produção brasileira de pescado via aquicultura em 2013 (MINISTÉRIO DA
PESCA E AQUICULTURA, 2015).
A região Nordeste possui maior produção com 140.748 toneladas de
pescado; seguida pela região Sul, com 107.448 toneladas. O terceiro lugar é
ocupado pela região Centro-Oeste, com 105.010 toneladas e o quarto lugar pela
região Norte, com 73.009 toneladas. Em quinto e último lugar temos a região
Sudeste, com 50.297 toneladas. No Brasil, das 476.512 toneladas de pescado
produzidas pela aquicultura em 2013, a aquicultura continental foi responsável
por 392.492 toneladas (82,36%), e a aquicultura marinha, por 84.020 toneladas
(17,63%).
O aumento desordenado da aquicultura traz consigo o aumento nos
impactos ambientais. Para que seja possível conciliar o aumento da produção
com um cultivo sustentável, é necessário que se faça uso de tecnologias
sustentáveis de produção. Dentre estas, encontra-se a recirculação em
10

pisciponia. Através de sistemas de cultivo com uso de recirculação de água é


possível produzir organismos aquáticos com liberação mínima de efluentes e
utilizando-se apenas a reposição da quantidade de água que se perde por
evaporação, que corresponde a 5% do volume total por dia (CREPALDI et al.,
2006).

Tabela 1. Produção de pescado de acordo com as regiões do Brasil.

REGIÃO PRODUÇÃO (T)


NORDESTE 140.748
SUL 107.448
CENTRO OESTE 105.010
NORTE 73.009
SUDESTE 50.297
TOTAL 476.512

Fonte: MPA , 2013.

1.2 A Tilápia Nilótica


Fonte : MPA 2013
A tilápia nilótica (Oreochromis niloticus, Linnaeus, 1758) é nativa de
países africanos, e é a espécie de peixe mais cultivada no mundo. Possui rápido
crescimento, grande rusticidade, fácil manejo, alto índice de rendimento e carne
de ótima qualidade (GALLI; TORLONI, 1999).
O cultivo de tilápias em cativeiro remonta à Idade Antiga. Há registros
históricos de cultivo destes peixes em tanques para posterior consumo pelos
egípcios dois mil anos antes de Cristo. No entanto, o crescimento da atividade
intensificou-se somente no século XX. A China, que possui tradição milenar em
aquicultura, é atualmente o maior produtor de tilápia cultivada do mundo,
havendo um incremento na explotação desta atividade a partir da década de
1970. Atualmente no Brasil, a tilapicultura é a atividade mais consolidada na
piscicultura brasileira, apresentando um crescimento sólido há mais de 10 anos
(Figura 1).
11

Figura 1. Produção de tilápias no Brasil

Fonte: até 2007, IBAMA (2008); DE 2008 à 2010, MPA; de 2010 a 2013, estimativa Sussel,
F.R.

O Brasil poderá se classificar entre os maiores produtores mundiais de


tilápia cultivada. Para absorver uma fatia do mercado internacional, é preciso
que a tilápia brasileira tenha preço e qualidade competitivos, comparado aos
países asiáticos e latino americanos (KUBITZA, 2000).

1.3 Pisciponia
A Pisciponia (pisces = peixes; ponia = corpo d’água) é o resultado da
integração entre dois sistemas produtivos: a piscicultura e a hidroponia. Este
modelo conta com a aplicação de conceitos e técnicas comuns a estes sistemas.
Através desta interligação, é possível num sistema fechado gerar dois produtos
finais, sendo estes os vegetais e os peixes. Ao rigor, este sistema é possível
através da interação entre peixes, plantas e bactérias, no qual os nutrientes
necessários ao crescimento dos vegetais são fornecidos nas excretas e outros
resíduos metabólicos dos peixes, ao mesmo tempo em que os microorganismos
nitrificantes os transformam em produtos absorvíveis às plantas.
12

Ao término deste ciclo, a água que volta ao tanque de criação dos peixes
é uma água limpa de impurezas sólidas e com baixa concentração de excretas
nitrogenados. Assim, o ambiente mostra-se equilibrado, com condições similares
às que a natureza proporciona, porém sob o controle, o manejo de
responsabilidade do produtor.
A crescente população mundial associada ao aumento da demanda por
água impõe enorme pressão sobre os setores envolvidos na produção de
alimentos. Apesar de a literatura acadêmica brasileira ser escassa sobre a
aquaponia, há literatura abundante no exterior sobre o assunto, com destaque
para países como Austrália, Estados Unidos, Israel e México. Observa-se que
os países citados têm sérias dificuldades com a oferta de água, o que os obriga
a buscar alternativas viáveis para a produção de alimentos com o máximo
aproveitamento de água.
A prática de produção de alimentos, em especial hortaliças, na própria
residência, doravante referida como agricultura urbana, é muito comum por todo
o mundo, e tem sido bastante incentivada por contribuir com a sustentabilidade
ao diminuir a pressão de demanda sobre o setor produtivo de alguns produtos
(AQUINO, 2005).
O volume de água necessário para abastecer um sistema de aquaponia
é baixo, se comparado aos sistemas tradicionais de carcinicultura e aquicultura
que necessitam de renovação constante de água. Uma vez abastecido e em
funcionamento, um sistema de aquaponia pode ficar por muitos meses sem a
necessidade de troca de água, sendo necessária somente a reposição da água
evaporada e evapotranspirada (DIVER, 2006).
A aquaponia é uma modalidade de cultivo de alimentos que envolve a
integração entre a aquicultura e a hidroponia em sistemas de recirculação de
água e nutrientes. Quando acontece com peixes se chama pisciponia,
apresenta-se como alternativa real para a produção de alimentos de maneira
menos impactante ao meio ambiente, por suas características de
sustentabilidade (DIVER, 2006).
O desenvolvimento da hidroponia foi trabalhado pelo Dr. William Gericke
da Universidade da Califórnia em 1929. Sais químicos dissolvidas na água
constituem a fonte de nutrientes neste sistema. A maioria das operações de
hidroponia é realizada em instalações de ambiente controlado, tais como
13

estufas, as quais foram desenvolvidas após a Segunda Guerra Mundial com uma
abordagem industrial intensiva sobre cultivos alimentares.
Para aumentar o rendimento da produção de culturas é comum o uso de
estufas e métodos e manejos agrícolas de ambiente controlado. Algumas das
principais práticas são a hidroponia e a aquaponia (HENRY-SILVA; CAMARGO
2008; HUNDLEY, 2013) com o aproveitamento de efluentes em outras
finalidades, como irrigação de plantações ou cultivos aquáticos como podemos
citar a piscicultura.
Na criação de peixes em sistemas semi-intensivos, os nutrientes
acumulados na água em grandes quantidades necessitam ser eliminados do
sistema, em razão da toxicidade destes subprodutos para os organismos
cultivados, possibilitando o reaproveitamento da água no cultivo. Este processo
de eliminação dos resíduos pode ser realizado pelos vegetais cultivados em
hidroponia, uma vez que os nutrientes acumulados na água são absorvidos por
eles. (RAKOCY J. E.; LOSORDO, T. M.; MASSER, M., 2006).

1.4 Seleção da Espécie de Plantas


Espécies e variedades vegetais adaptadas a hidroponia são sempre
recomendadas para a aquaponia, uma vez que a maioria delas toleram altos
teores de água em suas raízes e significativas variações nos teores de nutrientes
dissolvidos na solução nutritiva, sem apresentar sintomas de deficiência
nutricional e mostram crescimento ótimo entre os pH de 5,8 e 6,2 (RAKOCY, J.
2007).
A seleção das espécies de plantas a serem cultivadas em sistemas de
aquaponia comercial deve ter como base primária o mercado. Com base nas
necessidades do mercado é possível desenhar o sistema de aquaponia para
produzir praticamente qualquer vegetal de pequeno e médio porte. O desenho
dos sistemas deve observar e relacionar as necessidades e as limitações das
plantas escolhidas com o espaço, nutrição, aeração, hidratação, temperatura,
radiação solar, dentre outros fatores.
Alguns vegetais se adaptam bem a esse cultivo como alface, manjericão
(Ocimum basilicum), agrião, repolho (Brassica oleracea var), rúcula (Eruca
sativa), morango (Fragaria vesca), pimenta (Capsicum spp), tomate (Solanum
lycopersicum) e pepino (Cucumis sativus). (BRAZ FILHO, 2010;
14

PANTANALLA,2010; TYSON,2007; JONES, 2002; RAKOCY, 2007; GARCIA-


ULLOA, 2005 ).

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral


Implantar e avaliar um processo produtivo de pisciponia em área
característica de agricultura familiar, quantificando o ganho de peso do peixe
tilápia nilótica, Oreochromis niloticus, e estimativa do potencial produtivo de
hortaliças no ambiente de filtro rizosférico.

2.2 Objetivos Específicos


 Implantar um sistema de pisciponia a partir de tanque escavado e filtro
rizosférico.
 Avaliar o ganho de peso dos peixes produzidos durante um ciclo de cultivo
de 80 dias.
 Qualificar a potencialidade produtiva de hortaliças no filtro rizosférico.
 Monitorar as variáveis limnológicas da água do tanque de criação dos
peixes.
 Estimar a potencialidade de geração de renda para os piscicultores e
contribuição do sistema produtivo para a segurança alimentar e nutricional
de uma família.
15

3. MATERIAIS E MÉTODOS
O sistema de Pisciponia foi implantado no assentamento de reforma
agrária Modelo 1, localizado no município de Joao Câmara / RN, numa área
coletiva de produção agropecuária. A duração do ciclo de produção foi de 80
dias, sendo iniciado em 05 de março e finalizado em 25 de maio de 2016. A
condução da produção foi realizada em parceria com os agricultores/
piscicultores deste assentamento, os quais são responsáveis por um módulo
produtivo do Pólo de Tilapicultura do Mato Grande.
O sistema de pisciponia constou da integração da criação do peixe tilápia
nilótica (Oreochromis niloticus), estocados em um tanque escavado revestido
com geomembrana de polietileno de alta densidade (PEAD), associado com a
produção de hortaliças cultivadas em filtros rizosféricos localizados anexos à
este tanque e confeccionados em duas caixas d’água com capacidade de 500
litros.
Ao rigor, o sistema produtivo constou de uma criação do peixe tilápia com
recirculação da água, sendo esta entre o tanque dos peixes e os dois biofiltros
nas caixas d’água onde foram plantadas as hortaliças. Nesse sistema de
recirculação, a água do tanque do peixe que fica eutrofizada devido aos resíduos
de ração, digestivos e metabólicos, passa pelos biofiltros e as substâncias
orgânicas são mineralizadas, tornando os nutrientes disponíveis às hortaliças.
Nesse processo, a água retorna ao tanque dos peixes com menor teor de
substâncias em solução que trazem prejuízos fisiológicos aos peixes, mas que
são nutrientes para as hortaliças.
Neste estudo, foi realizado um povoamento de 300 alevinões de tilápia
nilótica em um tanque, construído abaixo do nível do solo, com dimensões de 5
m de comprimento, 3 m de largura e 0,8 m de profundidade.
O tanque foi povoado com 300 alevinões de tilápia nilótica e após a
estocagem, os peixes passaram a receber ração todos os dias; três vezes no
período da manhã (7, 9 e 11 horas) e três vezes no período da tarde (13, 15 e
17 horas). A ração utilizada foi extrusada, com 32% de Proteína Bruta e
granulometria de 1,7 mm.
As biometrias foram realizadas a partir de de uma amostragem de 30
peixes para calcular a biomassa dos mesmos e fazer os ajustes de
16

arraçoamento. Para tanto, foram calculados os pesos médios, os quais eram


multiplicados pelo numero de peixes estocados para se obter a biomassa total.
As análises das variáveis físicas e químicas da água do tanque dos peixes
foram feitas através de um Kit técnico, tendo sido analisados os níveis de
oxigênio dissolvido, nitrito, amônia e pH.
17

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Ganho de peso dos Peixes

O peso médio dos alevinões depois de aproximadamente 10 dias


povoados no tanque escavado foi de 91,3 g. No final do experimento o peso
médio foi de 197,2 g, obtendo um crescimento significativo.

Gráfico 1 – Peso médio dos peixes.

Peso Médio
Gramas

250
197,2
200
146,2 153,97
150
91,3
100
50
0

Datas

Fonte: Autoria própria

Os alevinões de tilápia não tiveram um crescimento uniforme ao longo do


cultivo, sendo necessário calcular o desvio padrão para cada biometria
realizada.
18

Gráfico 2 – Desvio Padrão das biometrias realizadas

Gramas Desvio Padrão


45 38,4
40 36,11
35
30 22,75
2519,36
20
15
10
5
0

Datas

Fonte: Autoria própria

4.2 Adaptação dos Vegetais


Foram testadas 9 espécies de vegetais nas 2 caixas d’água de 500 L
durante o cultivo. Algumas, no entanto, não resistiram à insolação. As plantas
que se mostraram resistentes ao clima quente foram: manjericão, nirá, mastruz
e hortelã. Porém, os vegetais tomate cereja, couve, pimenta de cheiro, menta e
pimentão não se adaptaram ao clima da região e as condições impostas durante
o cultivo. Provavelmente a altura da borda do equipamento, definida em parceria
com os agricultores, aproximadamente 40 cm, tornou-se obstáculo para a
ventilação da superfície do solo de cultivo, o que determinou a morte de algumas
plantas menos resistentes.

Tabela 1. Valores das Biomassas totais calculado de acordo com o peso médio e o total de
peixes.
Biomassa Biomassa Biomassa Biomassa
Total 1 Total 2 Total 3 Total 4
(05/03/16) (16/04/16) (07/05/16) (25/05/16)
27,41 Kg 43,86 kg 46,19 Kg 59,16 Kg
Fonte: Autoria própria

Para cada biometria também foram calculados a biomassa total, que é o


peso médio multiplicado pelo total de peixes presente no viveiro. A estimativa de
biomassa total seria de 60 kg ao final do experimento.
19

Grafico 3 - Biomassa total dos alevinões

Kg Biomassa Total
70 59,16
60
43,86 46,19
50
40
27,41
30
20
10
0
(05/03/16) (16/04/16) (07/05/16) (25/05/16)

Datas

Fonte: Autoria própria

4.3 Parâmetros Limnológicos físico químicos


Tabela 2 - Valores médios limnológicas verificados no tanque de recirculação de agua associada
a hortaliças.

Datas pH (°C) CaCo3 O.D. NH3 NO2

12/03 8,0 28,5 370 9,0 mg/L 0,5 -


07/05 8,0 28,0 Sup.200 mg 8,0mg/L 0,6 0,164
Fonte: Autoria própia

A concentrações de oxigênio dissolvido foram de 8 e 9 mg/Lˉ1. Estas


concentrações com variação acima da mínima (1,0 mg/L) necessária para
manter o crescimento ótimo da tilápia (KUBITZA, 2000) afirmando desta forma
um crescimento satisfatório nesse estudo.
O pH se manteve na faixa de 8,0 e pode ser considerado estável para
ótimo crescimento dos alevinos de tilápias. Quando os valores de pH ficam
abaixo de 4,5 e acima de 10,5 a mortalidade é considerado como significativa.
As tilápias são peixes tropicais que apresentam conforto térmico entre 27
e 32ºC. Temperaturas acima de 32ºC e abaixo de 27ºC reduzem o apetite e o
crescimento, e abaixo de 18ºC o sistema imunológico é reduzido. Temperaturas
na faixa de 8 a 14ºC geralmente são letais, dependendo de espécie, linhagem e
condição corporal dos peixes e do ambiente (OSTRENSKI E BOEGER,1998).
A amônia teve uma pequena variação entre 0,5 a 0,6 mg/L -1 o que é
considerado normal pois é causada pela própria excreção nitrogenada dos
20

peixes e da decomposição do material orgânico na água. Portanto todos os


índices da qualidade da água se mantiveram estáveis durante o ciclo. (Tabela 2)
Para viveiros de piscicultura são desejáveis valores de alcalinidade acima
de 20mg/l, sendo que valores entre 200-300mg/l são os mais indicados
(BOYD,1997)

5. CONCLUSÃO
21

Os resultados obtidos durante o experimento na pisciponia recirculação


de água em criação de tilápia nilótica (Oreochromis niloticus) associada à
produção de hortaliças, no município de João Câmara indica que a atividade teve
um crescimento esperado, ao mesmo tempo apresentando valores ideiais nos
parâmetros limnológicos e uma consideração com uma baixa mortalidade de
peixes. Os alevinões foram estocados em um tanque escavado revestido com
geomembrana obtendo uma maior taxa de crescimento durante o cultivo.
Seria previsto uma produção de 9 espécies de plantas nas 2 caixas d’água
de 500 L durante o cultivo , mas devido a insolação e as bordas das caixas
d’água em torno de 40 cm, as plantas que se adaptaram ao clima quente foram:
manjericão, nirá, mastruz e hortelã.

REFERÊNCIAS
22

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agricultura orgânica sustentável. Brasília: Embrapa, 2005. 517 p.

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HUNDLEY, C. G. Aquaponia, uma experiência com tilápia (oreochromis


niloticus), manjericão (ocimum basilicum) e manjerona (origanum
majorana) em sistemas de recirculação de água e nutrientes. 2013. 53 p.
23

Monografia (Graduação em Agronomia)- Uiniversidade de Brasília, Brasília,


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KUBITZA, F. 1 Tilápia: tecnologia e planejamento na produção comercial.,


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biofilters. Hortscience, [S.l.], v.43, n.3, p.719-724, 2008.
24

APÊNDICES
25

Apêndice A - Ração utilizada na alimentação dos peixes

Fonte: Autoria própria

Apêndice B - Tanque-filtro com a produção de hortaliças.

Mastruz Menta

Pimentão

Fonte: Autoria Própria


26

Apêndice C – Tanque filtro com a produção de hortaliças

Nira

Manjericão

Hortelã

Couve

Pimenta de cheiro

Fonte: Autoria

Apêndice D - Variáveis físicas e químicas da água do tanque do peixe.

Fonte: Autoria própria


27

Apêndice E - Variáveis físicas e químicas da água do tanque do peixe

Fonte: Autoria própria

Apêndice F - Pesagem dos peixes na terceira biometria.

Fonte: Autoria Própria

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