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Copyright

© 2018 A. K. RAIMUNDI


Capa: A. K. Raimundi
Revisão: Lucy Santos – Fênix Produções Editoriais
Diagramação: A. K. Raimundi


Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
___________________________________________________

DRAKE MORRISON
Série D’Five Band – Livro 4

A. K. RAIMUNDI

1ª Edição
2018
Brasil
__________________________________________________

Todos os direitos reservados.

São proibidos o armazenamento e / ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer
meios ─ tangível ou intangível ─ sem o consentimento escrito da autora.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código
Penal.

“Sempre fui meio egocêntrico, muito orgulhoso, meio frio eu


diria...Sempre procurei não precisar de ninguém, talvez isso seja meu mal, ou
talvez seja minha maior qualidade...Enfim, não tenho culpa se sempre fui
sensacional. Nunca corri atrás de nada e nem de ninguém, então se eu te
procurar, acredite, você é tudo pra mim.”

Drake Morrison


Índice
CAPÍTULO UM
CAPÍTULO DOIS
CAPÍTULO TRÊS
CAPÍTULO QUATRO
CAPÍTULO CINCO
CAPÍTULO SEIS
CAPÍTULO SETE
CAPÍTULO OITO
CAPÍTULO NOVE
CAPÍTULO DEZ
CAPÍTULO ONZE
CAPÍTULO DOZE
CAPÍTULO TREZE
CAPÍTULO QUATORZE
CAPÍTULO QUINZE
CAPÍTULO DEZESSEIS
CAPÍTULO DEZESSETE
CAPÍTULO DEZOITO
CAPÍTULO DEZENOVE
CAPÍTULO VINTE
CAPÍTULO VINTE E UM
CAPÍTULO VINTE E DOIS
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
CAPÍTULO VINTE E CINCO
PRÓXIMA PUBLICAÇÃO

CAPÍTULO UM

— Vamos, mostre a garota selvagem que você é — digo, dando uma


estocada firme em sua boceta.

Sei que estou atrasado para o show em San Diego, mas eu não contava
que essa loira gostosa fosse surgir em meu camarim. E óbvio que quando ela se
insinuou para mim eu não deixaria essa bocetinha passar.

Loiras, morenas, ruivas, altas, baixas, magras, cheinhas, com curva ou


sem, bunda em abundância ou fartura de seios... Gosto de mulheres, bocetas
ativas, prontas para a festa. Enlouqueço de verdade quando saciam todos os
meus desejos.

— Ah, Drake...

— Vamos, você não falou que comeria até minhas bolas? Essa é a hora,
eu tenho um show e não vou sem gozar.

Seguro com força seu cabelo, metendo mais forte e mais rápido. O
arrepio sobe pela minha espinha anunciando meu orgasmo iminente ao mesmo
instante que Davi abre a porta do camarim.

— Porra, Drake! O show vai começar em cinco minutos.

Não paro de foder a loira de quatro. Apenas encaro meu amigo.

— Em dois estarei no palco, agora, se quiser ficar aí, pode controlar


quanta porra vai sair do meu pau.
— Dois minutos, hein. E se controle, as meninas estão por aí.

— Não me encha — digo, dando um tapa na bunda da loira. — Isso


gostosa, rebole para mim. Faça o Drakezinho gozar gostoso na sua boceta.

Ela faz o que peço, gemendo alto. Em um instante eu gozo de forma


longa e profundamente dentro da boceta quente.

— Uau, isso foi uma delícia. Mas eu não gozei, gatinho. — Ela ronrona
sentando no sofá.

Seu corpo mignon marcado pelos meus apertões cai no pequeno sofá
onde paramos assim que ela entrou em meu camarim. Tomo um gole de minha
bebida, colocando o copo vazio no aparador.

— Iremos terminar depois do seu show, né?

Sinto vontade de revirar os olhos com essa pergunta. Por que todas vêm
com essas perguntas? “Quando vamos nos ver novamente?” “Você vai me
ligar?” “Ah, Drake, não seja um canalha!”. Sério, isso é totalmente irritante.
Caminho de volta para a loira, que eu não faço a menor ideia de seu nome, faço
um pequeno carinho em seu rosto trazendo-o para mim. Nenhuma mulher
merece um segundo round com o Drakezinho aqui, por mais que a bunda dela
seja de qualidade.

— Infelizmente, lindinha, não iremos nos ver.

Ela suspira, levantando com um bico no rosto.

Fecho o zíper de minha calça, coloco novamente minha corrente de prata


fazendo o pequeno baixo brilhar.

Deixo que ela se arrume em paz ou com sua total frustração por não a
foder novamente. Passo pelos roadies no corredor, escutando a multidão gritar
enlouquecida pela banda.

— Estamos esperando por você.


— Cheguei, Shan. — Cumprimento com um amplo sorriso.

Suas bochechas ficam rosadas, mas eu sei que não é aquela típica corada
que estou acostumado a causar nas mulheres. Shan está puta da vida comigo. E
por mais que eu devesse me sentir arrependido por ter atrasado o show por uns
cinco minutos, logo a bunda erguida para o alto, rosada pelas palmadas que dei,
não me deixa ter esse arrependimento.

Quando entrei para a D’FIVE, eu sempre quis meu lugar debaixo do sol.
Tudo bem, não posso reclamar da quantidade de grana que recebi durante esses
anos, é dinheiro para comprar todas as porras que eu quiser. Mas com o
nascimento do pequeno Vini, Don quer aproveitar seus momentos em família e
ele sabe que nunca o deixaríamos na mão. Não que Davi ou os outros fossem
achar ruim, não, nada parecido quando eu me ausento. Don é o Don, o pequeno
príncipe que a mídia pinta de ouro.

Só tem um motivo para eu apoiar essa ausência, sendo em alguns ensaios


ou até mesmo, como cogitado, no próprio show, eu quero finalmente provar meu
valor.

Cacete, eu sou excelente, tenho mesmo que me gabar, têm mesmo que
lamber meu cu por tudo que fiz junto com a banda. Eu não posso ser tão
hipócrita de falar que Don não tem talento, o cara arrasa na guitarra, mas eu
também. Além de aumentar e muito o público feminino com minhas
performances no palco.

Tudo está ao meu favor nessa turnê de verão, eu tenho um corpo de foder
estruturas, as mulheres se jogam em cima de mim, praticamente peladas. E
depois da maré de má sorte com aquela vadia filha da puta da minha ex-mulher,
eu só tenho colhido bons frutos, ou seja, estou em minha melhor e maior fase:
Minha fase de brilhar.


EUGENE, 2015.

— Drake. Poxa, Drake, você não está prestando atenção, né?

Os olhos azuis de Stella se reviram quando ela bufa minimamente. Os


lábios formando um pequeno beicinho o que me dá dicas suficientes que ela está
falando algo importante, pelo menos para ela. Eu não me surpreendo por Stella
ter prestado atenção em um cara incrível como eu, mesmo mal tendo entrado no
auge de minha carreira, na real, e aqui estou eu fodendo com ela nos intervalos
dos shows.

D’FIVE está galgando por seu espaço e tudo melhorou quando Mich
surgiu em nossas vidas, um cara com visão de futuro e muita ambição, o que é
ótimo para realmente alçarmos o sucesso que tanto queremos.

Minha relação com Stella é do tipo “se está bom para você, está ótimo
para mim”. Mesmo quando namorávamos eu continuei saindo com algumas
garotas diferentes, me deleitando com algumas das poucas fãs que tínhamos.

— Eu estava dizendo que quero acompanhar você nesse show. Acho que
sua mulher tem direito disso.

— Beleza, parece ótimo.

Na verdade eu não vou dizer o que ela realmente está esperando. Será até
mais cômodo para mim, viajar em um ônibus qualquer e dormir num hotel beira
de estrada, eu não precisarei me esconder dentro do banheiro para bater uma
punheta enquanto meus amigos estão do outro lado da porta no quarto. Nem
mesmo correr atrás de uma boceta diferente por noite, já que terei uma bem ao
alcances de minhas mãos. Isso que é praticidade.

— Você vai dizer apenas isso?


— Puta que pariu, Ste, o que você quer que eu diga? Que não? Você
começaria com aquela porra de conversa que fico fodendo outras por aí.

— Mas você fode, seu filho da puta!

— Pare de encher meu saco quanto a isso, senão eu juro pela boceta
arregaçada da sua mãe que vou trazer uma delas para casa. Você quer isso ou vai
confiar em mim?

Ela dá de ombros, tira as pernas de cima de mim e vai para o quarto


batendo os pés. Mas eu sei que essa pequena explosão não deu um ponto final
para nossa conversa. Stella voltará para encher meu saco.

Não que eu tenha deixado brecha para qualquer outra coisa, mas entre
ver com os próprios olhos que eu realmente a traio, ou confiar nas suas
amiguinhas e acreditar nas fofocas delas numa tarde no salão de beleza, Stella
prefere ficar com meu dinheiro, torrando como bem entende e confiar que eu não
fodo ninguém. Um dia ela teve a ideia absurda de me falar que pelo fato de
sempre foder com ela como um animal quando volto do show, é motivo para
acreditar que não há nenhuma mulher em minha cama. O que ela não entende é
que Drake Morrison sempre tem fôlego sobrando para dar e vender quando o
assunto é sexo.

Eu sinto, no fundo, pena dela, mesmo que às vezes seja um pé no saco a


quantidade de brigas e o tamanho da fatura na porra dos meus cartões. O que me
anima um pouco é que se der uma quantia frequente de grana para ela, Stella vira
uma verdadeira cadelinha, boa e comportada.

Estamos casados há quase dois anos e estou com o saco bem cheio dos
fricotes que ela está tendo nos últimos meses, somente uma coisa me faz ficar
com ela: Stella não tem frescuras para sexo. Se eu falar que gostaria de foder no
meio de uma multidão, ela viraria a bunda para mim; se disser agora que antes
de começar mais uma briga por causa da banda ela tem que arrancar a roupa e
vir cavalgar em meu pau, ela fará.
Isso sempre foi muito simples com ela, não tem manual.

— Sabe o que seria sensacional?

Stella coloca apenas a cabeça para fora do quarto.

Deixo minha cabeça pender um pouco para o lado admirando as curvas


acentuadas dela.

— Você está pensando em me foder.

Não é um questionamento, ela sabe o que eu farei. Largo minha posição


no sofá andando calmamente em sua direção, me deliciando ao ver suas pupilas
dilatando com a expectativa de sexo iminente. Afinal, somos dois animais.

Puxo seu corpo de forma brusca para mim, fazendo sua bunda colar em
meu pau, agarrando seus cabelos pela raiz, enrolando meus dedos neles.

— Só tem uma coisa que você faz de melhor... gemer.

— Sua banda está esperando por você — diz com arrogância.

— Cale sua boca. Sinto falta daquela sua amiguinha fazendo uma
farrinha conosco.

— Depois vem falar que não fode com outras durante os shows.

Empurro seu tronco para baixo forçando-a a empinar a bunda deliciosa


em minha direção, deixando meu pau ainda mais grosso e duro, empolgado com
o que virá, tão empolgado que ele próprio já caça seu lugar.
— Estou prestes a foder você do jeito que adora...


CAPÍTULO DOIS

DIAS ATUAIS

— Mamãaaaeeeee! Mãeeeeeeeee!

Que merda. Toda manhã é a mesma coisa.

O que Vini tem de engraçadinho tem de chorão, que porra. Levanto da


cama tropeçando em uma garrafa vazia a caminho da porta, dando um chute e a
fechando com brutalidade.

A dor de cabeça me presenteia nessa manhã, algo também martela no


fundo de minha mente enquanto bocejo, coço o saco com toda liberdade que
tenho lembrando do grupinho animado de garotas que estavam estiradas em
várias posições ontem à noite. E fico feliz por elas terem saído de fininho, pelo
menos tiveram bom senso.

Bocejo pronto para me jogar novamente na cama e rolar para o outro


lado, dormindo por mais algumas horas, quando a porta do quarto se abre de
maneira brusca me fazendo grunhir.
— Meu caralho! Eu não tenho paz aqui!

Mãozinhas tocam minha pele virando pequenas garras curvadas e o


pequeno peso que se finca em minhas costas me dá toda certeza que meu plano
de não fazer porra nenhuma por horas está oficialmente descartado.

— Puta merda, campeão, sua mãe não corta suas unhas?

— Puta meda, tio. Olha a boca — o baixinho retruca.

Viro jogando o moleque ao meu lado, encarando os olhos azuis de seu


pai.

— O dia não fica espetacular se você não vem foder minha manhã.

Escuto passos apressados na escada e sei que os donos desse pestinha


estão vindo resgatá-lo.

— Vini, quantas vezes já disse para não entrar no quarto do tio Drake?

Tio Drake, porra, eu estou ficando velho. O que é pior do que ser
chamado de “tio Drake” pela namorada, quer dizer, mulher do seu amigo?

Admiro as coxas de Nicky expostas no shorts curto, sem maldade, eu


nunca furaria o olho do meu amigo, mas que Nicky ficou ainda mais gostosa
depois de parir o pestinha, isso ficou. Desvio meu olhar dando um sorriso
simpático, antes que ela perceba que estava encarando seus atributos e arrume
confusão com Don. Pois esse sim está um verdadeiro pé no meu saco, acho que
nem meus pentelhos estão tão grudentos e resmungões quanto ele.

— Não tem problema, Nicky. Estávamos batendo um papo.


— Mamãe, tio Dakie falou puta meda.

Ô menino fofoqueiro! Lógico que meu vocabulário é um problema para


uma casa com criança, mas eu não estou nem aí, se eles estiverem incomodados
que se mudem. Nicky sorri com seu modo “mãe ativado”, pega o pequenino no
colo e sai explicando que há certas coisas que não podem ser repetidas, mal
alterando a voz. Nem mesmo quando escuto ele repetir mais um de meus
palavrões.

Olho para o visor do celular vendo que todas as chances foram realmente
excluídas, eu me sinto desperto demais para voltar a dormir. Sento na cama
analisando a merda do quarto, tem mais garrafas de tequila do que me lembrava
de ter pegado, além de algumas camisinhas espalhadas pelo tapete.

— Porra, o bar foi transferido de lugar?

— Não enche!

— Isso é uma coleção de camisinhas? Desde quando você se tornou


descuidado e está querendo ter filhos?

— Deus me livre, crianças são pequenos demônios vestindo corpos


humanos — reclamo, olhando e conferindo o número de camisinhas jogadas no
chão. Uma coisa que não importa meu nível de sobriedade, eu sempre sei
quantas vezes eu havia gozado em uma noite. — Além do mais, eu trepei quatro
vezes e temos quatro camisinhas. Portanto, nenhuma maluca saiu roubando meus
espermas.

— Acho que você logo precisará começar a tomar cuidado com sua
língua. — Dash pula na cama jogando uma calcinha de renda em minha cara.

— Que merda, Dash.


Fico de pé ajeitando o pau dentro da cueca e me espreguiço.

— Sobre eu tomar cuidado com o que falo, já tive essa conversa com
Don, não vai rolar. E outra, eles que deviam procurar uma casa para eles, estão
casados, com filho. Está na hora.

Dash gargalha, me fazendo encará-lo.

— Qual é a graça, seu idiota?

— Drake, cacete, mano. Essa casa é do Don, sempre foi. Nós que nos
mudamos para cá. Então, antes de mandar o dono embora, você deveria procurar
um cafofo para você.

— Que eu saiba essa casa é da banda, sendo da banda, é minha também.


Eu contribuí para ele estar onde estar.

— Tá bom, mas, sobre isso, está na hora de você tomar um jeito. Não é
bom meu afilhado crescer com isso tão à vista — Dash aponta para a zona de
garrafas espalhadas pelo meu quarto. — Muito menos isso — aponta para as
camisinhas.

— Estou sentindo que estou sendo expulso daqui — retruco, caminhando


para o banheiro.

— Não começa. Estamos apenas querendo o melhor para as crianças,


Vini está crescendo, ele já chamou algumas pessoas de chupadores de rola
porque ouviu você dizer. Alana também está grávida, como você acha que será
daqui para frente?

— Isso é uma merda, eu não tenho culpa que meus irmãos decidiram
foder com a vida deles casando e tendo filhos. Estou nem aí para isso — digo,
jogando a cueca para longe. — Que eu saiba, vocês ficam mais aqui do que nas
próprias casas, ou você decidiu pagar aluguel para Don? Eu gostava mais dessa
merda toda quando éramos apenas nós. E quer saber, cansei, me deixe sozinho
para eu lavar meu pau que foi muito bem comido ontem.

Dash fica de pé, o rosto demonstrando seu desapontamento, mas eu


quero que ele vá se foder. Realmente está na hora de eu me arranjar, arrumar um
canto para mim.

Já é uma merda ter toda a aura de família feliz que Don e Nicky emanam
pela casa, até que um mês atrás Alana chegou radiante com um Dylan totalmente
domado anunciando que será a próxima mamãe. Todos ficaram felizes, até eu,
quero meus irmãos bem e felizes. Mas não consigo deixar de pensar que tudo
isso só trará a ruína para nossa banda. Justo nesse momento, dez anos de
carreira, estourados em todos os lugares do mundo com uma turnê para o Brasil
marcada em nossos passaportes. Será um inferno ter Don e Dylan preocupados
não com os acordes certos para as canções, mas sim para saber se as porras dos
filhos comeram e cagaram todo seu jantar.

Na boa, eu não entendo por que Davi tem que morar tão longe, não seria
mais fácil para todo mundo que nossos ensaios continuassem no estúdio do
centro? Tudo bem, temos um estúdio de ponta, equipamentos fodásticos e todo o
tempo do mundo sem sermos atrapalhados por outras bandas. Porém, nem isso
compensa a dor na minha bunda por dirigir tanto.

Paro minha I8 em frente ao portão de ferro imenso, daqueles que


poderiam ter muito bem uma plaquinha de “não me incomodem” que não seria
menos assustador. Abro a janela tocando a porra do interfone.

Se alguém me dissesse que o cara órfão que viveu boa parte da


adolescência afogado entre as vibes que as drogas lhe davam iria ter a porra de
um mordomo, eu cairia na risada, mas é a pura verdade. A voz fina soa pelo
aparelho:

— Como posso ajudá-lo?

— E aí, meu velho? Abra o portão para que eu possa chutar as bolas do
seu chefe — grito para fora do carro.

— Senhor Morrison, é um prazer revê-lo.

— Claro, claro. Abre logo essa joça — grito de novo, aumentando o


volume do som. — Eu parti mil corações antes de te conhecer, eu vou partir
mais mil, gata, antes de eu terminar. — Cantarolo “Bad to the bone” batucando
os dedões no volante enquanto o portão abre como uma lesma.

Acelero subindo a pequena colina, levantando um pouco de poeira. Davi


tem que arrumar essa merda, assim como os buracos que vão acabar com os
pneus da minha BMW. Estaciono o carro ao lado do de Dash, vendo que os
carros estilo “paizão” de Don e Dylan estão aqui. O que me faz respirar fundo
balançando a cabeça. Porra de família feliz.

A única vez que deixei uma mulher dominar a porra de uma parte minha
sem ser meu pau, eu me fodi, além daquela vaca acabar com minha visão
apaixonada sobre as mulheres ainda levou tudo que eu construí no início da
carreira. Stella cadela dos infernos.

Puxo meu único amor do banco traseiro colocando a faixa de couro sob o
ombro.

— Achei que ficaria dormindo o dia todo.

Davi me espera no alto dos degraus com uma cerveja na mão.


— Porra, isso é culpa sua, cuzão.

— Você sabe que tem lugar aqui, é só trazer seus panos de bunda.

Tomo a cerveja de suas mãos tomando um bom gole.

— Então a reclamação chegou no papai, foi?

— Não é assim, cara. Você sabe que Don não quer ninguém fora de lá,
para ele, todos têm que ficar juntos. Mas você anda abusando, porra. Três
mulheres com uma criança de dois anos?

— Quem sabe não pego mesmo minhas tralhas e me jogo por aqui, mas
já aviso quero o melhor quarto.

— Você não cresce mesmo, né, Drakezinho?

Dou de ombros olhando para a paisagem, sem encarar os olhos de Davi.

De todos na banda, o único que sempre foi mano a mano para tudo
comigo foi o Davi. Apesar das brigas que temos ou de não concordarmos com
algumas coisas, sempre fomos nós dois contra tudo. É uma relação diferente com
os outros caras, eu os amo, como irmãos, mas tem um “porém” no meio, que não
existe com Davi.

Davi sempre foi o elo que me conectou com a banda, Don sempre foi o
príncipe de tudo, cresceu com uma família que o amava, irmãs e mãe rodeando
aquele sortudo com tudo que tinha direito. Até mesmo o pai e a madrasta eram
boas pessoas com ele. Dylan vinha de uma família rica, os pais eram verdadeiros
ícones a se seguir em Eugene. Mesmo ele se rebelando contra o futuro perfeito
que eles planejaram, sempre teve uma vida muito boa. Dash também era
abençoado por uma família amorosa e unida, mesmo dinheiro não sendo o que
mais esbanjavam, o amor entre eles era tão quente como um dia ensolarado no
Maine. Lembro quando ainda não erámos nada, viajávamos nas férias para a
casa dos avós do Dash. E, cara, eu amava aquela velhinha! Dona Henriqueta era
tão desbocada, tão sincera que você mal se importava se ela por acaso criticasse
algo em você.

E tinha o Davi. Quando você passa boa parte da infância e a adolescência


cuidando do seu pai bêbado ou sendo o adulto responsável de casa, as coisas se
tornam mais amarguradas. Davi, desde o primeiro momento, mostrou ser bem
mais parecido comigo do que os outros com suas vidas felizes e tediosas, erámos
dois fodidos, isso sim. Tá, Davi tinha uma mãe legal, ela sempre me convidava
para jantar e passar o final de semana com eles.

Eu trabalhava meio período em um bar no centro antigo de Eugene,


alguém tinha que pagar as contas, já que meu pai estava mais preocupado em
acabar com o estoque de bebidas de todos os bares de nossa cidade. Minha mãe
tinha deixado meu pai quando eu tinha onze anos, não tive nenhuma explicação
dela ou dele. Tudo que tive foi um simples adeus dela antes de entrar no carro
com meu tio Hadri.

“Ah, então é por isso que você fode com as mulheres?” Porra, espera aí,
né? Se você tivesse as bocetas disponíveis e do modo fácil que tenho hoje
também não deixaria passar. Não sou um garoto traumatizado por isso, muito
pelo contrário, hoje, se estivesse na pele da minha mãe, teria chutado a bunda
velha e inútil do meu pai há muito tempo. Ninguém merece ficar em um
casamento porque tem laços, filhos ou cachorros. O que seja. Ela fez o que
acreditou ser certo, meu pai fez a parte dele e eu estava fazendo a minha.

Mas foi nesse ponto que surgiu os quatro panacas que eu hoje vejo como
meus irmãos. Estava eu, em mais uma tarde, limpando a porra do vômito de um
bêbado qualquer no banheiro quando eles entraram rindo. Já tinha visto eles
perambulando pela escola, mas foi o papo sobre guitarras e acordes que me fez
largar aquele pano sujo e me apresentar.

— Vou pensar sobre morar nesse fim de mundo. Pode ser divertido —
digo, batendo de leve a garrafa em seu ombro, deixando os velhos pensamentos
para trás. Davi toma a garrafa para ele entornando um gole também, exibindo
sua risada irônica.

— Só me avise para eu não deixar o pobre do Chico morrer de infarto


quando vir você chegando — comenta, rindo.

— Porra, tu tá muito bichinha, meu irmão.

Davi dá de ombros. — Vamos logo ensaiar.

— Vamos fingir que somos apenas uma bandinha de garagem. E não


roqueiros de grandes sucessos no mundo todo, com mais dinheiro saindo pelo cu
do que conseguimos gastar.

— Quanta gentileza vemos aqui. Além do mais, temos que estar


preparados para todos os arranjos. Temos uma turnê chegando aí, já esqueceu?

— Claro que não — respondo, animado.

É com isso que estou contando. Será nessa turnê que vou provar para
esses bundões como eu sou demais e mereço um lugar bem brilhante debaixo do
sol. Como eu posso esquecer meu verdadeiro momento de glória? Nunca, nem
por toda boceta quentinha no mundo. Na verdade, eu poderia começar hoje
mesmo a mostrar. Eles terão que me ouvir, eu faço parte disso tudo, se hoje
somos quem somos é graças a mim também.

Atravessamos a sala passando pelo salão de jogos, encontrando com Don


e Dylan sentados sobre o tapete com o pequeno Vini. Don é o primeiro a se
levantar, Dylan ainda empurra alguns dos brinquedos preferidos do molequinho
para ele antes de ficar de pé.
— Fique aqui, mamãe está vindo — Don explica para sua cópia no meio
de vários brinquedos.

— Papai, toca, toca.

Esse menino é um prodígio com certeza, além de conseguir morder e


destruir mais coisas do que o Pulguento — cachorro da Alana e do Dylan —
consegue, ele começou a balbuciar as primeiras palavras bem cedo e logo estava
pedindo para “toca” ou seja, tocar. Nesse dia, Dash estava sentado na sala com
seu violão arriscando algumas notas quando o pequeno simplesmente saiu do seu
tapete cheio de fricotes para bebês, ignorando os brinquedos para morder e
exigiu o violão do padrinho.

— Não, pequeno. Papai tem que trabalhar. — Don empurra a guitarrinha


de brinquedo para o filho, que faz um enorme bico jogando-a longe.

— Ele tem mais fibra que você — brinco, recebendo uma olhada feia de
Don. — Cadê o frouxo do Dash?

— Estava acertando alguns arranjos com a Mary.

Solto uma gargalhada fazendo todos me encararem.

— O que foi galera? Ninguém sabe qual tipo de arranjo que eles estão
fazendo? — pergunto, balançando o quadril e dando um tapa no ar como se
tivesse uma bunda imaginária aqui.

— Estou pensando em uma intervenção contra o Drake, alguém apoia?


— Dylan comenta. — Acredito que deva existir algum centro de reabilitação
para viciados em sexo.

Don e Davi levantam a mão, o que me faz rir ainda mais.


— Desculpa para os casados que não sabem o que é uma boceta quente e
deliciosa disponível. Deve realmente ser duro ficar sempre comendo o mesmo
cardápio, sem nunca poder dar uma variada no menu.

Don faz uma careta que é um misto de nojo e diversão, negando com a
cabeça.

— Tio Drakie disse toisa feia de novo.

— Seu tio não sabe o que é educação, pequeno — Dylan comenta,


bagunçando o cabelo do Vini.

— Vejo homens capados... — brinco estendendo a mão, quase imitando


um zumbi de filme de Terror. — A todo instante — acrescento, apalpando o
pinto de Dylan.

— Porra, Drake! — ele reclama dando um tapa em minha mão.

— Pobre coitado, quase não tem mais pau. Ainda bem que Alana está
bem cheia no momento, né, meu amigo? Porque se ela notasse o que a falta de
sexo fez com seu pau te trocaria por um garotão de vinte anos.

Dylan fecha a cara, o que me faz gargalhar novamente.

— Quem desdenha quer comprar, meu amigo. — Don entra na


brincadeira.

— Não fode, cara.

Don ri abrindo a porta, dando passagem para entrarmos no estúdio. Dash


e Mary param de rir no mesmo instante, nos encarando, o que me faz olhar para
os outros com a sobrancelha arqueada como se dissesse: “Estão vendo?”.

— E aí, vocês demoraram. — Dash sai risonho de trás da mesa de som.

— Não sei se você está tão triste por isso, irmão — digo, batendo em seu
ombro.

— Ridículo.

— Porra, ser verdadeiro é um defeito agora?

— Estou vendo que esse sexo abundante que você se vangloria que tem
está te deixando com o humor pior que uma mulherzinha, Drake — Dylan
comenta passando por mim e se acomoda atrás da bateria, como sempre
brincando com suas baquetas.

Sempre tive um desejo secreto que elas caíssem na cabeça dele, isso até
aconteceu uma vez, mas não teve nem o impacto, muito menos a força que eu
esperava.

— Deixem a brincadeira para depois, agora vamos trabalhar — Don


chama nossa atenção já ajustando sua guitarra no ombro. —Temos que acertar os
ponteiros para a turnê no Brasil.

— Eu confesso que amei esse papo de turnê no meio das brasileiras,


muito melhor que apenas um show — comento.

— Você será esmagado por elas, Drake. — Dash caçoa.

— Se a bunda delas estiver na minha cara, morro feliz. — Exibo o


melhor sorriso, até lambendo os lábios só para provocá-los ainda mais.
— Lembre-se da impotência, meu irmão, seu destino é a disfunção erétil.

— Sai pra lá com sua praga, Deus me livre! — retruco.

— Dash, Drake. Foco — Don chama mais uma vez nossa atenção e, pela
fisionomia, seu humor já está ficando de uma velha ranzinza de noventa anos.

— Desculpe — Dash comenta saindo de dentro da geladeira com um


refrigerante nas mãos. — Realmente temos sorte de ter uma equipe tão
fantástica. — Dash retoma o assunto.

— Temos mais sorte ainda de Shan aturar todas as brincadeiras e


continuar tomando conta da banda. Ela sim tem uma cabeça de ouro — Davi diz.

— Esse é mais um motivo para ensaiar todas as músicas do novo


repertório — Don complementa.

— Não se esqueçam do Grammy. — Dash praticamente pula de euforia


só de comentar.

Don e Davi assumem suas posições, e eu a minha, atrás de Don. Nós já


sabemos essa merda, eu já sei cada solo ou cada acompanhamento que Dash
fará, sei quando ele entrará como backing vocal de Davi ou quando Dylan irá
jogar novamente suas estúpidas baquetas recomeçando o refrão.

Por que ensaiar? Todos os ensaios são mesmo necessários? Até parece
que esqueceremos tudo ao dormirmos.

— Porra, se vamos ter mais não sei quantos ensaios por que hoje não
aproveitamos para relaxar? Sei lá, podemos até usar esse tanque que o Davi
chama de piscina coberta.
— Fazer o que você sempre faz? — Dylan pergunta, batendo nos pratos.

— Um dia você levará nossos ensaios a sério? — Don reclama.

— Meu Deus, principezinho, você depois que virou papai está muito
careta — comento.

— Não é caretice e, sim, contribuir da melhor maneira para a banda. Não


é porque chegamos no topo que devemos nos acomodar, muitas bandas
acabaram por conta disso.

Toco uma nota aguda no baixo.

— Só acho que não tenho que ficar ensaiando sempre, eu poderia até
tocar no seu lugar. Sei todas as músicas, todos os acordes. — Dou de ombros
sabendo que todos me encaram. — Seria bom sair da sua bunda, de vez em
quando.

O silêncio toma a sala.

— Como assim, “sair da minha bunda”? — Don questiona, bravo.

— Ah, irmão. Eu quero sentir o fogo dos holofotes, quero sentir as


mulheres lambendo meu saco debaixo do palco. Afinal, você é casado, todos
vocês. Não precisam mais disso, deixem os peitos fartos e siliconados para o
papai aqui.

— Que porra você está sugerindo? — Davi pergunta.

— Que eu comece finalmente a assumir a guitarra em algumas músicas.


Don é genial, não discuto isso. Mas eu também sou bom pra cacete.
— Nunca pensei que ser baixista seria um problema — Don retruca,
fechando ainda mais a cara.

— Não é. — Bato de leve a mão em seu ombro, sorrindo. — Mas eu


quero mais.

— Drake, você sabe como funcionam as coisas, Don não é apenas nosso
solista, ele cria as músicas e a maioria dos arranjos.

— Eu não estou despedindo o cara, apenas que vocês prestem atenção no


gênio aqui — digo, inflando meu peito.

— Podemos resolver isso depois — Davi sussurra, sempre evitando


entrar em uma discussão.

— Claro, mas pode ser agora também. Já que estamos há trinta minutos
falando sobre todas essas merdas — proponho, largando o baixo no estojo e me
sentando num banco de couro preto. — Ou vocês não confiam em mim?

— Drake, você... vamos dizer assim, tem dado um pouco de trabalho nos
shows. — Dylan coça a cabeça com as baquetas, sem jeito.

— Você atrasou os três últimos shows por bebedeira e putaria. Isso sem
contar os outros nesses onze anos de carreira — Don retruca.

Sorrio lembrando da loirinha mal-humorada por não ter gozado, mas


também lembro de como saí satisfeito nessa trepada.

— Alguns casos são justificáveis.

— Justificável? Isso seria se você tivesse caído e se machucado ou até


mesmo preso em um engarrafamento. Não é nada justificável quando você está
montado sobre uma mulher.

Dou novamente de ombros, eles não entendem porque estão casados,


realmente perderam a graça da vida.

— Leve mais a sério os assuntos, ensaios e shows da banda e voltamos a


conversar sobre isso, sabichão — Don declara, recolocando a alça da guitarra no
ombro, dando o assunto por encerrado. Porém eu não posso desistir tão fácil. É a
minha vida que está sendo discutida.

— Quando eu deixei vocês na mão? Quando entraram na porra do palco


e eu não estava dando tudo de mim? Que eu fodo algumas fãs antes do show
todos sabem, o Dylan já fez isso. Dash também. — Respiro fundo, encarando
Don. — Você fez isso, se lembra da Emily?

— Isso não tem relação nenhuma com o assunto que estamos tratando —
Don se defende.

— Claro, ninguém aqui ficou aguentando você trepar com ela como se
fossem dois fodidos coelhos no cio.

— Drake, Nicky está na sala. Ela pode ouvir. — Dash me repreende.

Que se foda! É tudo que penso.

— Você não reclamava tanto, Don. Você não se achava principalmente o


dono da banda.

— Ei, cara, se acalma.


Dylan sai de trás da bateria, provavelmente achando que eu quebrarei a
cara do nosso irmão. Não farei isso, mas eu não irei aturar a hipocrisia dele.

— Vamos, Don. — Encorajo. — Por que não critica seus próprios passos
ou o fato de estar aproveitando a vida esteja sendo demais para vocês?

— Drake, não é isso — argumenta Dash.

— Para, Dash, não tenta passar o pano quente. O que vocês querem?
Querem que eu crie musiquinhas de amor? Vocês perderam o rock, crianças.

— Chega, Drake. Vamos ensaiar. — Don é categórico. — Se você não


quer ensaiar, caia fora, faça o que sempre faz.

— Não, Don, agora eu quero saber que porra vocês querem! — grito. —
Querem que eu crie uma música sobre me amarrar em uma mulher e como os
olhos brilham quando eu fico perto dela? Eu crio, porra! Querem que eu chegue
no horário no show, isso é fácil. Agora dar a desculpa que eu não posso ter um
pouco mais de espaço na banda porque eu fodo as fãs? Então acho que estamos
precisando fazer uma grande reunião familiar.

— Drake, não é assim, as coisas funcionam bem desse jeito. Você mesmo
no começo escolheu o baixo — Davi justifica, chegando mais perto.

Dou de ombros, eu realmente não posso contestar isso.

— Mas agora eu quero, agora quero ser o solista. E não estou pedindo
nada de mais, enquanto Don vai cuidar das fraldas cagadas do filho, eu assumo
seu lugar. O Grammy é uma ótima oportunidade.

A risada de escárnio que Don dá me faz perceber que eu nunca


conseguirei a única coisa que pedi em todos esses anos lambendo o cu deles.
— Drake, vamos fazer um acordo. Nos apresente uma música razoável e
seja mais participativo com as coisas da banda, assim quem sabe você tem o que
quer — Davi sugere, recebendo no ato uma olhada dos caras. Principalmente a
olhada mortal de Don. — Mas quando falo para participar não é colocar os
óculos escuros durante as reuniões e fingir que presta atenção.

— Beleza, cara!

— Eu aposto que não dura duas semanas — retruca Don.

Mesmo querendo mandá-lo à merda ou dizer poucas e boas por suas


desconfianças, estou satisfeito pela proposta de Davi. Alguns dirão que ele
sempre puxa meu saco, mas eu o vejo como um cara sensato, como nesse
instante. Tudo é tempo e eu sei que o meu está chegando.

Tudo que preciso é engolir essas merdas de ensaios, criar algumas


estrofes que fiquem legal no meu baixo e pronto. Adeus escuridão, olá holofotes,
mulheres, mais peitos e sexo!

Eu estarei no paraíso.


CAPÍTULO TRÊS

Alguns dias na minha vida são como uma grande espiral de merda. Mas
não irei reclamar, na maioria das vezes são merdas muito boas.

Pressiono minha mão no pescoço da vadia, me enterrando profundamente


em seu rabo. Deixo minha outra mão passear pelo seu corpo, não é porque ela é
uma vadia que eu não posso aproveitar esse momento, como tantos outros que
tivemos.

Seu corpo está ainda mais delicioso. Qual foi a última vez que fodemos?
Ah, claro, antes da turnê com a The Cast. Ela tem malhado, assim como deve ter
passado recentemente no cabeleireiro, seus cabelos estão mais loiros. Também,
com a quantidade de dinheiro que ela tem arrancado de mim, só mesmo fodendo
com meu advogado para isso.

Um rosnado deixa meus lábios quando ela passa a mão por minhas
pernas e minhas bolas. A filha da puta sabe o que fazer.

Ela geme como uma cadela no cio, mas não me importo, eu conheço esse
show, bem o bastante para saber que metade dos seus gemidos são apenas uma
grande encenação.
— Quero que você me foda com força e depressa.

Sempre direta ao ponto. Continuo fodendo seu rabo, estou com tesão
suficiente para encher esse corpo todo com minha porra. Dou uma estocada
interminável, sentindo até minhas bolas pressionadas no corpo dela, afundo o
máximo que consigo, mas acabo me encolhendo um pouco quando ela torna a
gritar com mais força.

Porra, eu estou acostumado com o showzinho que Stella faz, mas será
que eu a estou satisfazendo tanto que ela não consegue controlar os berros?

– Isso mesmo! Mais forte! Mais rápido!

A vadia dá um berro tão alto que tenho certeza que não foi só o Peter que
escutou, mas a porra do hotel inteiro. Grunhindo, me enfio cada vez com mais
força e mais depressa, quase num ritmo frenético. É melhor acabar logo com
isso. O suor escorre por minhas costas, assim como as unhas de Stella sobre
minhas coxas. Um verdadeiro malabarismo já que a estou fodendo de quatro.
Quando sinto suas mãos ordenhando minhas bolas e automaticamente elas
encolhem é fato que mais duas ou três metidas vai me fazer gozar gostoso.

A vadia geme, rebolando mais enquanto seus dedos masturbam seu


clitóris, fazendo-a gozar logo em seguida. E apesar de querer sair logo de dentro
dela, deixo que ela termine de gozar, para deixá-la deitada de bruços na cama.

— Você continua delicioso, meu querido. — Ouço sua voz abafada atrás
de mim.

Coloco minha calça novamente, fecho o zíper caminhando até o bar em


frente à janela e preparo uma deliciosa dose de vodca com gelo.

— Incrível, como todas têm o prazer de contar por aí. — Sua voz sai de
forma debochada, o que azeda ainda mais meu humor.
— Vai sair por aí dizendo que transou com Drake Morrison? Esse papo é
meio passado, já que foi minha mulher. Como andam suas amiguinhas? Aposto
que o passatempo preferido de vocês é ficar medindo o tamanho do meu pau.

Stella gargalha.

— Stella, não precisamos disso, portanto, é nessa hora que você recolhe
suas coisas e cai fora — digo, ainda admirando a vista que a suíte me presenteia.

Escuto os saltos batendo no piso do quarto, vindo em minha direção.

— Ah, querido, você já foi mais divertido. Ainda mais quando tem vodca
por perto. — Ela toma o copo da minha mão, virando metade do conteúdo.

Bufo pegando outro copo e fazendo outra dose para mim.

— Não precisamos de toda essa baboseira, poupe meus ouvidos. E,


principalmente, respeite minha vodca. Eu queria foder, você queria foder. Cá
estamos.

Stella deixa o copo sobre o pequeno bar disposto no quarto, caminhando


completamente nua — apenas com as sandálias brilhantes de salto alto — até a
poltrona perto de mim, onde estão suas coisas.

Ela tem um corpo de arrasar, sempre teve. Mas é óbvio que a boa vida
que eu concedo com a generosa pensão dá um trato melhor nisso tudo.

— Como vai sua bandinha? — pergunta, acendendo um cigarro.

Bufo esquadrinhando o quarto com os olhos, tentando achar a porra das


minhas roupas. Estou quase deixando tudo para trás e sumindo daqui. Stella sabe
muito bem sobre minha ambições, principalmente por eu não ser dono da banda
como ela acaba de insinuar.

— Teremos mesmo que entrar nesse papo de cordialidades? Você está


seguindo bem as ordens do seu capacho. — Caminho até o outro lado da cama
pescando minha jaqueta de couro e minha camisa. — Ainda fode com seu e o
meu advogado?

— Nossa, querido, como você pensa mal de mim.

Dessa vez é minha hora de rir. Penso mal? A vadia me levou tudo, só não
levou minhas cuecas naquela época porque a maioria tinha um furo. Senão, teria
levado para fazer um Vodu. Depois teve a cara de pau de voltar e entrar na
justiça pedindo uma pensão, com a alegação que eu a tinha deixado na merda.
Juro por Cristo, ela deve ter dado para o juiz também, porque somente um
maluco para aceitar essa merda.

Se não bastasse tudo isso, como o fato de me arrancar alguns milhares,


ainda peguei a vadia transando com o meu advogado.

Os saltos produzem barulho, indicando sua aproximação, assim como as


unhas de gavião arranham minha pele do final da coluna até o pescoço, se
fincando levemente em meus braços. Sua boca raspa em meu ouvido. Eu sei o
que ela quer, o problema é saber o porquê diachos eu estou aqui novamente
fodendo minha ex-mulher. Fácil, eu estou pensando novamente com a porra do
meu pau! Porque essa Stella não mudou em nada, é a mesma Stella de anos
atrás.

— Você anda aparecendo muito na mídia.

— E você acredita que isso irá aumentar a bolada que você já fatura de
mim? — pergunto com escárnio. — Eu algum dia já me preocupei o que a mídia
fala de mim por aí?
— Drake, isso me magoa, quantas vezes preciso dizer que me arrependo
daquelas coisas?

— Nem me venha com esse papo “Erámos jovens, impulsivos”, eu sou


isso até hoje, caralho. Não dei um pé na sua bunda com um bilhete que era bom
eu procurar meus advogados — grito.

Descontrole nunca foi uma boa coisa, muito menos transparecer isso para
uma víbora.

— Drake, podemos mudar isso. — Seu corpo ainda está colado no meu,
seu cheiro de perfume barato, as unhas cravadas em meu braço. Tudo isso me faz
ficar enojado, extremamente enjoado. Fazendo até mesmo a vodca se revirar
dentro de mim.

— Boa tentativa, Stella.

Saio de suas garras, segurando com mais força minhas roupas. Jogo duas
notas sobre o bar caindo fora daqui, isso será suficiente para pagar essa porra de
suíte.

Minha saída do hotel não é nada sutil. Quando saio ainda com o peitoral
à mostra devido minha pressa de ir embora, me torno alvo fácil para os paparazzi
que me aguardam na entrada. Um mar de flash me acompanha até entrar em meu
carro e continua assim como os gritos insistentes para uma pequena declaração.
“Drake, com quem você estava? É uma nova namorada? Podemos esperar um
solo seu na nova turnê? É verdade que com o casamento dos outros vocês estão
se separando?”.

E mais trezentas tolices que abafo com o som alto, tocando um rock
pesado, com guitarra suficiente para que eu mal ouça meus próprios
pensamentos.
Os risos escandalosos são o que denunciam a presença deles. Cinco
homens sentados rindo das merdas que um deles faz deitando sobre a mesa
repleta de copos, fazendo os outros resgatarem suas bebidas em meio aos risos.
Uma roda de mulheres cerca o grupo, algumas nem têm tanta empolgação no
rosto, outras sorriem de maneira simpática se embebedando. Ali só tem um tipo
de mulher: vadias sugadoras de pau.

Essas só querem ser o tipo que vai para a cama de um astro e tentam
arrancar algo dele, mas eu e aquele pequeno grupo de roqueiros sabemos bem
lidar com esse tipo de mulher. É foder e mandar embora, sem chances para
repetição.

— Alguém faça tudo parar de girar!

— Acho melhor não trazer mais a criança para a noitada — digo,


sorrindo para Mellin, baixista do Smith Sings.

Mellin ergue a cabeça.

— Que bom que chegou, estou precisando mesmo de alguém para chupar
meu saco, Drake.

Ri, cumprimentando os outros integrantes da banda. Assim como cada


uma das mulheres presentes. Somos um grupo estranho e extremamente
chamativo para esse bar. Os outros clientes, em sua maioria, são jovens saídos da
faculdade ou tentando se embebedar pela primeira vez e nos olham com
assombro, coisa que não posso falar das mulheres.

Ainda deitado sobre a mesa, Mellin canta totalmente desafinado, tocando


um baixo invisível.

— Você tem certeza que ele não vai parar novamente no hospital? —
pergunto para Victor.

— Cacete, dessa vez eu o largo na sarjeta.

Bryan puxa duas morenas para seu colo, lambendo o pescoço das duas,
que riem animadas. Enquanto eu entro no clima da pequena reunião, tentando
expurgar do meu corpo as impressões que Stella tinha deixado, pego uma garrafa
de cerveja e tomo um bom gole. Puxo uma das cadeiras vazias na outra mesa
sentando com seu encosto para frente onde possa apoiar meus braços.

O celular no bolso traseiro não para de tocar, mas a última coisa que
quero nesse momento é um sermão dos meus jovens e capados irmãos sobre
sobriedade e responsabilidade. Sério, eles pegam mais no meu pé do que as
mulheres que vão para a cama comigo.

Uma morena se aproxima do bar com reboladas sensuais, atraindo


atenção para suas coxas à mostra, o que me faz lembrar de uma morena em
especial. Uma que me fez entrar em uma puta encrenca e mais um motivo para a
banda, assim como nosso empresário e o pior de tudo Shan, ficarem me
azucrinando a orelha por dias, semanas até.

Mais um copo e vou embora. Esse tinha sido meu pensamento naquele
dia.

Apenas mais um gole e pronto...

Viro o shot, incomodado pelo barulho alto da música que tinha tomado o
bar inteiro, se ainda fosse uma música de qualidade. São apenas umas batidas
irregulares com alguma histérica gritando.

A movimentação do meu lado esquerdo chama minha atenção, meus


movimentos estão mais lentos por conta da meia garrafa de tequila que tomei.
Um cara tenta de todas as maneiras fazer a morena prestar atenção nele, suas
mãos deslizam pelo corpo dela, mesmo ela tendo negado sua aproximação.

— Eu já disse não. — Escuto ela reclamar, tentando empurrá-lo para


trás.

— Ah, você é uma delicinha, não se faça de difícil. Eu sei muito bem que
você quer — o cara fala alto, sua voz é ainda mais irritante que a música que
toca pelo bar decadente de Los Angeles.

— Me deixe.

Ele sorri ainda mais empolgado pelas negativas dela, sua mão agarra
um punhado do seu cabelo forçando a mulher a curvar seu pescoço para o lado.

Isso não está certo, cara.

Me remexo na cadeira.

— Ela disse que não quer provar sua pica mole.

Ele para de sorrir tentando ver quem foi que disse isso.

Tomo o último e doce gole da minha bebida, agarrando a garrafa.

— Fui eu que disse, ela não quer sua pica mole. — Repito sorrindo, pulo
da cadeira como um imbecil. Não é nada prudente arrumar briga bêbado. Mas
que se foda!

— Quem é você para se meter onde não deve?

— Sou alguém te mostrando que você nunca vai conseguir uma mulher,
primeiro por esse seu físico. Já se olhou no espelho? E, segundo, que ela disse
não. Deixe-a ir.

Sinto o músculo saltando em minha mandíbula. Eu posso ser o maior


cretino da face da Terra com as mulheres, mas de maneira nenhuma as forçaria
a fazer algo que não queiram. Se vão para a cama comigo é porque têm esse
desejo, se beijam minha boca é porque querem e não por eu estar quase as
violentando para fazerem isso. Existe uma linha tênue entre ser persuasivo e
forçar a barra de maneira nada positiva.

— Fique na sua! — grita o homem, chamando atenção das pessoas em


volta. Ele torna a empurrar sua pélvis contra a cintura da morena, que arregala
os olhos com medo.

O escroto está perdidamente bêbado, nem quero imaginar com quantas


mulheres ele já teve essa atitude.

— Ei, seu babaca. — Chamo, sorrindo. — Por que você não vem fazer
isso com alguém do seu tamanho? Quer provar um pau suculento? — pergunto,
apertando minhas bolas.

Um outro homem surge do nada segurando o ombro do primeiro nojento.

— Deixe isso para lá, Eric, temos outras bem mais bonitas ali, esquece
essa negrinha.

Um verdadeiro rosnado sai de minha garganta.

— Como é, meu amigo?

— Olha, cara, pode ficar com essa daí. Não queremos confusão.

Dou um passo para frente, ficando perto deles, sinto o sorriso lunático
em meus lábios.

— Não querem confusão? Claro, nem eu, meus amigos.

Meu punho corta o espaço entre nós acertando primeiro o pervertido


nojento, depois dou outro atingindo o racista filho da puta. Eles não deixam por
isso mesmo e se jogam para cima de mim, socos e chutes para todos os lados,
assim como minha preciosa tequila estoura na cabeça de um deles. Mas tudo
acaba bem rápido quando sou puxado para trás pelo cangote, o que me faz
caminhar cambaleante para longe dos outros, dando de cara com Pet.

— Porra, Drake! Porra, cara!

Solto uma gargalhada alta, sentindo meu rosto arder. Malditos filhos da
puta. Não é que eles conseguiram me atingir?
— Merda, Drake! Chamaram a polícia, seu retardado.

— Relaxa, Pet, só liga para meu advogado.

— Meu Deus, isso é culpa minha, você está sangrando. — A mulher


continua com os olhos arregalados, um impressionante par de olhos castanhos
arregalados.

— Relaxa, gatinha. — Olho para minha mão cortada e sangrenta com o


resto do que seria minha bebida. — Bom, você me deve uma garrafa, mas, fora
isso, está tudo bem.

— Quem é você? — Pet pergunta de forma rude para a pobre moça.

— Ô, camarada, eu já soquei dois por serem ridículos com ela. Você


quer sua cota também?

— Isso é novidade para mim — Pet exclama.

— Você está bem? — pergunto para a mulher, ignorando meu segurança.

A movimentação na frente do bar chama a atenção dela, mas eu viro seu


rosto para mim de forma delicada, com a ponta dos dedos.

— Ignore, é apenas a polícia, nada de mais.

— Obrigada por me defender, você mal me conhece.

— Docinho, já fiz coisas piores e olha que mal tinha olhado para a
mulher — digo, dando de ombros. — E não seria por isso que deixaria aqueles
abusados falarem o que estavam falando — acrescento, piscando.

Ela esboça um sorriso, um lindo sorriso.

— Biany.

— Drake. Muito prazer, Biany.

— Merda!

Olho por cima do ombro vendo dois policiais mal-encarados entrando


no bar, merdinhas de sanguessugas.

— Senhores, vocês terão que nos acompanhar até a delegacia.

— Iremos. Porém, por conta do meu chefe ser uma figura pública, peço
que me deixem levá-lo em nosso próprio carro — Pet informa.

Os policiais se entreolham por um instante.

— Quem começou essa briga?

— Bom, tecnicamente eles, já que foram racistas e quase conseguiram


concluir o abuso sexual em cima dela.

— A senhorita também terá que nos acompanhar. — O policial se vira


para Biany, encarando-a de forma crítica.

— Ela vai comigo. Agora, se quiserem jogar dois vermes na traseira do


carro, são aqueles ali — aponto, rindo, realmente me divertindo com a careta
que os filhas da puta esboçam para mim.

— Menos, Drake. Tá ficando maluco? — Pet pergunta, segurando meu


braço.

— Que nada, tô benzão.

— Tem certeza que não quer ir primeiro para o médico? Esse corpo pode
ter pedaços de vidro dentro — Biany pergunta toda preocupada. Que fofa!

— Docinho, fique tranquila, vamos logo arrumar uma cela para esses
vermes, aí podemos ir para qualquer merdas dessas de hospital.

— Que puta dor de cabeça, hein, Drake?

— Ah, relaxa você também, Pet — retruco, seguindo os policiais e os


vermes para fora do bar, sentindo uma pontada de dor ao me movimentar.

Que merda, não é que eles me pegaram de jeito? O bom é que se eu estou
sentindo dor, eles mal estão se aguentando.

— Entrem, vou ter que ligar para os caras. Se prepare para seu fígado
ser assado hoje — Pet informa, apontando um paparazzi parado do outro lado
da rua.

— Te foder, como esses caras chegam tão rápido? — pergunto, me


enfiando dentro do sedan.

— Ele está aqui desde que você entrou e pelo jeito já conseguiu uma
excelente grana só com seu espetáculo.

— Eu sinto muito, é tudo minha culpa — argumenta Biany, sentada ao


meu lado.

— Olha só, docinho, pode parar com isso — digo, embriagado. — Sua
única culpa infelizmente é ser gostosa pra cacete!

Ela esboça um sorriso, finalmente parecendo relaxada.

— Pronto, o pessoal está avisado. Estão tentando encontrar o advogado


da banda, mas parece que aquele gorducho se meteu em uma festa de família.

— Então é sentar e relaxar na cadeia — brinco.

— Drake! — os dois reclamam juntos, me fazendo sorrir.

— Calma, foi uma brincadeira apenas. Vamos logo acabar com isso.

— Estou muito mamado — exclama Mellin, me tirando das lembranças


daquela noite.

A tal morena que havia chamado minha atenção ainda está sentada no bar
conversando e sorrindo para um otário qualquer. Mas olhando agora com mais
atenção, ela não é tão bonita quanto Biany. Naquele dia, passamos o restante da
noite na cadeia. Primeiro, por conta da porra dos paparazzis que ficaram fazendo
campana ali; segundo, por causa dos trâmites legais que o delegado estava
enfiando em minha goela a baixo. Também teve aquele merdinha do advogado
que se meteu num Bar Mitzvah. Se não bastasse toda a merda que havia rolado,
Nicky começou a parir bem na hora e Dash tinha se mandado atrás da sua
unicórnio. A única coisa boa mesmo foi que conheci Biany, aquele espetáculo de
mulher.

Fred ri de maneira escandalosa tirando alguns copos do caminho para


que Mellin não quebre tudo. Uma ruivinha repleta de lindas sardas nas
bochechas sorri para mim, pulando as pernas do vocalista da banda, caminhando
em minha direção.

Olá, senhora distração. Seja bem-vinda.

Corro os olhos ao longo das pernas e o corpo da garota, inclinando minha


cabeça de leve, como uma simples aprovação do que estou vendo.

— Eu sabia que essa noite valeria a pena.

Abro mais as pernas, deixando que ela venha e fique no meio das minhas
coxas. Seu perfume é bom, nada muito chamativo, bem longe do cheiro de puta
que Stella gosta tanto.

Sorrio batendo a palma da mão sobre minha coxa direita.

— Olá para você também.

— Milena, caso você queira saber meu nome. — Ela sorri dando de
ombros, com certeza sabe que nomes são as últimas coisas que eu, assim como
os caras aqui nessa mesa, quero.

— Preciso me apresentar? — pergunto, seguindo seus movimentos com


os olhos.

Milena senta sobre minha perna, acariciando de leve meu braço.


— Claro que não. Afinal, quem não conheceria um roqueiro como você?
Além de ser sexy pra cacete, é um baixista de molhar calcinhas.

— Tudo bem, gatinha, você conseguiu um pouco mais da minha atenção


com isso — digo, dando uma piscada junto com um apertão na sua bunda. —
Me diga, Milena, o que você faz da vida, além de ser supergostosa.

— Sou professora, vim assistir ao show com umas amigas e acabamos


ficando com os Smith Sings.

— Uau, uma professora no meio desses panacas?

— Quem você está chamando de panaca, panaca? — Victor pergunta


totalmente bêbado do outro lado da mesa.

— Você mesmo, seu chupador de rola.

Mellin, que sossegou, está totalmente apagado ao meu lado, a cabeça


apoiada nas mãos, os cotovelos tão firmes em seus joelhos que um mero
esbarrão faria com que caísse de cara no chão sujo do bar.

— Foi uma surpresa encontrar você aqui — Milena sussurra em meu


ouvido, trazendo mais uma vez minha atenção para ela.

Ela é linda, tem uma bunda excelente. O problema é que eu já fodi com
minha noite e mesmo aqui, com meus amigos dos quais sempre me serviram
como ótimas distrações, eu estou apenas querendo beber minha cerveja e ir
embora, bêbado o suficiente para chegar em casa e não absorver nada do que
falarão.

— Acho que podemos continuar essa festinha lá em casa — Fred


comenta, tirando assobios e gritinhos animados das garotas.
— Não me levem a mal, mas estou caindo fora.

Victor coça o queixo me encarando. Até para mim esse tipo de frase
saindo de minha boca causa estranheza.

— Achei que poderíamos conversar mais.

— Olha, gatinha, seria ótimo em outra noite. Hoje, eu dispenso. —


Seguro com firmeza a garota pela cintura, forçando-a a ficar de pé.

— Que porra é essa? Drake dando para trás com uma mulher?

Encaro Mellin afundando sua cabeça, fazendo-o gargalhar e arrotar.

— Maldito álcool — sussurra, colocando a mão sobre o estômago, quase


vomitando.

— Tem alguma merda rolando, irmão? — questiona Victor.

— Nada, apenas cansaço.

— Não fode! Se você falasse que transou antes de vir para cá eu até
poderia acreditar nessa sua dispensa, agora dispensar uma gostosa como essa por
cansaço? — Fred gargalha ficando de pé. — Caros amigos, o fim do mundo está
próximo.

Os outros clientes do bar nos encaram com olhares de desaprovação.

— Meu amigo aqui está negando uma boceta e mais álcool. Eu vou
morrer! — Fred continua gritando.
— Cala a boca, arrombado.

— Ui, cuidado. Alguém está menstruando.

— Acredito que tem passado muito tempo com sua namorada —


comento, brincando, fazendo a garota no colo de Fred torcer a boca.

— Não fode minha noite, Drake.

Solto uma risada alta, piscando para ele. Fico de pé, analiso as garrafas
pela metade na mesa, agarro o gargalo de uma vodca com nome estranho e saio.
Deixando os panacas me zoarem.

Depois dou o troco.


CAPÍTULO QUATRO

— Biannyyyyyy — grito para o outro lado da linha.

— Meu Deus, tem noção de que horas são?

Sorrio escutando aquela voz rouca de quem obviamente estava dormindo.

— Biany, não diga que não lembra mais do seu salvador, seu príncipe
sombrio?

Ela solta uma risada baixa.

— Esse príncipe me parece bastante bêbado.

— Ah, Bibi, eu posso te mostrar que ainda sou um bom caçador, mesmo
bêbado...
Merda, a ânsia vem com tudo me fazendo afundar mais uma vez a cabeça
na privada. O gosto forte de azedo bloqueando todos os meus sentidos.

Um dia, quem sabe, eu aprenderei os limites do álcool. Mas


aparentemente esse dia não chegou. E olha que eu nem bebi tanto para estar
vomitando as tripas.

— Cara, que cheiro infernal é esse? — Davi pergunta, parando na porta


do banheiro.

— Vá à merda. Como eu vim parar aqui? — pergunto com o resto de


fôlego que tenho em meus pulmões, antes de vomitar novamente.

— Bom, você chegou com seu carro. O que é um milagre, pela


quantidade de álcool que minha privada está recebendo.

Apoio uma das mãos na borda da privada evitando olhar para baixo,
enquanto com a outra eu limpo o suor na testa.

— Desperdício de cerveja.

— Se quiser, fique à vontade para tomar. — Fico de pé ainda me


apoiando nas coisas, vendo se realmente é seguro antes de soltar. Como nada
está mais rodando como quando saí da cama, vou até a pia, lavo a boca e a nuca
várias vezes. Encarando o rosto de Davi pelo espelho.

— Vamos, pode soltar o verbo.

Ele dá de ombros.

— Você sabe o que faz, Drake.


— Eu não lembro de nada.

— Nem do fato que você chegou completamente bêbado na minha porta


às três da madrugada gritando que iria derrubar o portão se eu não deixasse você
entrar?

Viro encarando seu rosto. Merda.

Davi ri saindo em direção ao quarto.

— Que tal o fato de ter uma mulher chamada Biany atrás de você?

Faço uma careta, sentando na beirada da cama. Que porra, então não
tinha sido um sonho maluco, eu realmente falei com ela ontem de madrugada.

— Pela sua careta e falta de um palavrão, você estava com ela.

— Eu liguei, mas não lembro de nada depois ou antes disso. — Minto.

Tem uma coisa que me recordo, Stella, essa víbora mais uma vez foi para
cama comigo. Eu tenho que parar com esse vício filha da puta de foder minha
ex-mulher.

— Espera... — Davi vira, me encarando. — Biany não é a mulher que te


fez parar na delegacia?

— É isso aí.

— Por Deus, você não deixa uma de fora. Não sei como não pegou uma
DST ainda.
— Como se você não fosse um puto, né, Davi?

Ele dá de ombros.

— Posso até ser, mas não fico esbanjando. Já ouviu aquele ditado que
melhor escondido do que exposto?

Solto uma gargalhada, mas me arrependo no mesmo instante. Essa


pequena risada fez minha cabeça quase rolar para fora do pescoço.

Davi revira os olhos jogando a toalha de rosto em mim.

— Tire um tempo de folga, mantenha-se sóbrio. Shan virá aqui mais


tarde, assim como os caras, para conversar sobre os compromissos antes da
turnê.

— Pode deixar.

— É sério, Drake.

— Estou falando sério, porra, se beber alguma coisa eu volto para a


privada, portanto, pode ficar tranquilo. Quero passar o dia com a cabeça fora do
vaso sanitário e não como um avestruz.

Davi suspira, me deixando sozinho novamente no quarto. Caio de costas


na cama, o braço apoiado em cima dos olhos. Mas a inquietude não me deixa em
paz, ou melhor, a curiosidade para saber mais sobre uma tal mulher. A única vez
que encontrei com Biany todos nós acabamos parando na delegacia, mesmo não
sendo culpa dela, passamos a madrugada inteira sentados em uma sala fedorenta
com dois nojentos preconceituosos.
— Posso sentir o cheiro e ver as fumaças saindo de sua cabeça.

Levanto a cabeça num estado sonolento, dando de cara com Dash.

— Pensei ter escutado Davi dizer que eu teria algum de folga.

— Olha, irmão, é bom te ver... claro, também é muito bom ver você,
Drake. — Dash entra no quarto tagarelando num monologo só dele. — Sabe que
horas são?

— Já falaram que você é chato pra cacete?

— Até mesmo a perfeição tem defeitos — Dash comenta, rindo. —


Respondendo à minha pergunta, você permaneceu morto por três horas.

— Onde está sua mulher? Ela não anda te mantendo ocupado o suficiente
e por isso decidiu encher meu saco?

— Olha, ela é boa pra cacete, cara. Tanto dentro como fora da cama.

— Ah, mano, que nojo! Eu não preciso da ideia, nem de imaginar a cena
de você e seu pau murcho transando.

Dash se joga na cama ao meu lado, sendo o Dash de sempre, aquele que
é um chato de galocha. Que mal se importa se você quer ou não a presença dele.

— Estou animado pra cacete para essa premiação — comenta,


empolgado.

Viro o rosto olhando para ele.


— Vai ser fodástico mesmo.

— Se lembra quando deitávamos no telhado do estúdio e fantasiávamos


sobre isso? Não é uma loucura finalmente realizarmos?

— Erámos completos panacas — comento, rindo.

— Não que algumas pessoas tenham mudado, né?

Dou um soco em suas costelas, jogando-o para fora da cama. Fazendo


um baita de um barulho.

Dash se levanta gargalhando.

— Seu merdinha. Vai ter revanche.

— Isso se você conseguir acompanhar o papai aqui, né.

— Você vai continuar com essa sua briga com Don? — pergunta.

— Eu não estou fazendo nada. A culpa é minha então? Ele está sendo um
cretino e eu pago o pato? — retruco, olhando para Dash.

Ele volta a sentar na ponta da cama.

— Sabe que não posso opinar.

— Lógico, é capaz de ele te bloquear também, já pensou nisso? Cuidado,


irmão, ele pode tirar sua guitarra também — digo de forma irônica.
— Agora entendemos o que foi o barulho.

Olho em direção à porta vendo Mary parada no batente com um enorme


sorriso no rosto. Meu amigo é um sortudo do caralho. Mary é gostosa,
inteligente e ainda manda muito bem na guitarra. Acho que eu vou impor uma
regrinha com os caras, não quero ser acusado de babar nas pernas das mulheres
deles. É difícil desviar os olhos quando elas são lindas e ficam desfilando com
seus shorts curtos.

Seria uma boa lei de convivência, na presença do tio Drake, nenhuma


mulher comprometida poderia ficar com essas coxas maravilhosas de fora ou
nenhum dos seus respectivos maridos poderiam encher meu saco, caso eu ficasse
um ou dois segundos admirando o presente que Deus deu.

— Ainda bem que você surgiu, Mary. Seu maridinho tá precisando de


alguém que o coloque nos trilhos novamente.

— Bom, talvez eu possa ajudá-lo. Dandan, fiz torta e ela acabou de sair
do forno.

Puta merda!

— Isso, Dandan, vai lá devorar sua torta e ser um bom garoto — digo de
modo sarcástico, deixando de lado essa história minha com Don.

Dash me olha querendo socar meu nariz, mas eu sei que essa revolta que
ele aparenta é apenas o resto de macheza que ainda tem em seu corpo.

— Se você quiser se juntar e ficar de bobeira, Drake. Aproveite que seu


amigo ainda não chegou na cozinha — Mary brinca dando um selinho em seu
marido.
— Poxa, amor.

Ela dá de ombros.

— Vou aproveitar que finalmente o Dandan me deixará em paz e ficar de


bobeira por aqui mesmo, dispenso a torta.

— Deixa esse mané aí, amor. Ele não sabe o que está perdendo.

— Ridículo.

Eu me sinto melhor depois mais algumas horas de sono. Até um pouco


animado e levanto da cama com um pulo. Se eles querem um Drake mais focado
em todas as porcarias burocráticas que eles tratam sobre a banda, hoje será o
primeiro das minhas muitas exibições. Por isso trato de colocar uma roupa
decente e sair do quarto antes que alguém surja para me chamar.

Metade de mim não entende o porquê de tantas reuniões, para mim é


simples, Shan e Mich sentam e conversam e pronto. Depois passam para nós ou
para mim o que haviam decidido. Quando entro na enorme sala de estar do Davi,
todos já estão sentados e numa conversa animada.

— Shan, meu amor.

Pulo as costas da poltrona, caindo sentado. Com o olhar dos caras sobre
mim.

— Parece que o descanso fez bem para você — Davi comenta, sorrindo.
— Muito bem, irmãozinho — respondo, piscando.

— Drake chegando cedo para uma reunião? Vocês trocaram o estoque de


bebida por água?

Dou risada, ignorando a provocação de Mich.

— Então, podemos começar? Tenho uma coisa séria para passar para
vocês.

— Aconteceu algo?

— Na verdade, Don, eu preciso da ajuda de todos vocês. — Shan está


envergonhada, isso não acontece com muita frequência. Deus sabe que Shan é
osso duro de roer, até mesmo para mim. Essa mulher tem sangue de sargento nas
veias. — Minha sobrinha precisa ficar uns meses comigo, meu irmão vai viajar a
trabalho e Deus sabe que essa menina sozinha em Charleston é um perigo para a
sociedade. Como após a turnê nossa agenda ganha certa folga, posso ficar de
olhos grudados nela.

— Sem problemas, Shan. Ela não será um problema maior que nosso
Drake. — Dash caçoa.

— Aposto que consigo quebrar seus dentes daqui, Dandan. — Desdenho.

— Se acalmem.

— Tirando a brincadeira do Dash, Shan, não será nenhum incômodo.


Fale para seu irmão ir trabalhar tranquilo, serão sete olhos em cima de uma
garota.
— Obrigada, Don, assim eu conseguirei trabalhar mais tranquila. —
Shan tira o sorriso simpático do rosto quando me encara. — Drake, por favor,
não dê em cima da Julianne.

— Oh, por que tudo tem que se virar contra mim? Você sabe que nessa
sala a única que não tem pinto é você, né?

— Abusado!

— Por favor, me confirmem se eu estiver errado — digo, olhando para os


outros, mas é impossível não zoar com eles quando vejo apenas restos de
homens em minha frente. — Ok, eu entendo. Essa vida de capado é realmente
frustrante. Até o brilho de vocês sumiram.

Shan suspira.

— Drake, eu só não quero ter problemas. Julianne tem sua fama de


encrenqueira e tudo que mais desejo é passar por esses meses sem ter um pai
gritando no meu ouvido porque a filha surgiu grávida de um roqueiro.

— Ok, eu entendi. Sem filhos — brinco, erguendo as mãos como se


estivesse me rendendo.

— Sem transas, Drake. Guarde seu pênis para as groupies.

— Sim, sim, capitã.

Ela revira os olhos, retomando a reunião.

— Bem, sexta-feira teremos o Grammy, como aposto que um de vocês


esqueceu, eu pedi para reservarem os ternos.
— Estilo pinguim? — Dash questiona.

— Sim, esse evento mesmo sendo sobre música é muito formal, vocês
não podem e nem vão usar essas coisas que usam nos shows. Nem por cima do
meu cadáver.

— Pelo menos a gravata é de couro? — Dylan pergunta, rindo, fazendo


Shan mais uma vez revirar os olhos.

— Podemos colocar isso em suas roupas, mas não abusem — Mich


anuncia.

— Shan, o dia que você ganhar uma linda calcinha fio-dental de couro,
nunca mais vai reclamar de nosso estilo — brinco.

Ela esboça uma cara de nojo.

— Nem morta uso um treco desses.

— Nosso Dylan e a fodelona adoram. — Dash entra na brincadeira.

— Dash, tá maluco? — Dylan pergunta olhando para os lados,


verificando se o Pinscher dele está longe o suficiente para não ter escutado.

Alana — o Pinscher.

— É, essa mulher virou um verdadeiro cão raivoso com o passar da


gravidez, nem mesmo a Nicky ficou tão neurótica quanto ela está. Juro por Deus,
até o pobre Pulguento está com medo da “mamãe”.

Dash gargalha, mesmo recebendo os olhares feios de nosso irmão. E por


um pequeno momento eu sinto que as coisas podem estar voltando para o eixo
certo.

— Dash, pare de chamar Alana assim, ninguém pode mexer com uma
mulher raivosa — Davi também brinca.

— Até você? — Dylan questiona, ainda mais irritado.

— Meninos, parem com isso — digo de maneira séria, fazendo sete pares
de olhos se fixarem em mim, até mesmo Mich e Don que conversavam aos
sussurros param para me encarar. — Que foi gente, eu estou sendo sensato.

— Esse é o problema, você nunca foi — diz Don.

— Eu sou sim, não acho certo zoar com nosso irmão porque a mulher
dele foi abduzida e deixaram um Pinscher no lugar.

— Sabia que vinha merda. — Dash ri.

— Está tudo certo com a banda de abertura? — Don questiona, tentando


retomar o assunto.

— Não seriam os Smith Sings? — Dash pergunta.

— Está tudo certo, eles farão a abertura do show de vocês em São Paulo
e no Rio de Janeiro.

— Smith vão com a gente?

Don arqueia a sobrancelha com aquele ar de poderoso que tanto me irrita,


isso claramente é um lembrete do quanto eu estou por fora de algumas merdas da
banda.

— Sim, Drake. Inclusive já dei uma ordem clara para Victor controlar
seus viciados. Tudo que não quero é o nome da D’Five ou de qualquer um de
vocês envolvidos em problemas — Shan enfatiza.

— Recado recebido com sucesso — comento, azedo.

Mesmo Victor e os caras serem do tipo “problemas”, eles são meus


amigos. Eu tenho todo o direito de me divertir, afinal, ninguém vai tirar isso de
1
mim. Não tenho culpa se estou mais para o Stacee Jaxx do que esses roqueiros
sem graça e certinhos como Don.

— Posso apresentar minha música no show de São Paulo? — pergunto,


quebrando a conversa sobre luzes, sons e toda a parafernália que sempre são
discutidas.

— Você compôs uma música?

Por incrível que pareça, essa pergunta não vem dos caras e sim de uma
cara incrédula da Shan. Seus olhos estão quase arregalados de surpresa, me
encarando.

— Poxa, Shan, eu achei que teria mais crédito com você.

— Hãn... Desculpa, Drake, é que me pegou desprevenida.

— Uhum, sei.

— Tirando a parte que isso é normal. Já que é a primeira vez que você
realmente senta para escutar e participar sobre uma reunião da banda sem estar
dormindo ou com uma ressaca dos infernos...

— Pronto, lá vamos nós. — Passo a mão pelo cabelo, respirando fundo.

Eu juro que um dia irei socar bem no meio desses seus olhos azuis
Dominic Ward. Juro! —penso.

— A verdade sempre incomoda, mas o fato é esse. Cadê essa música


então?

— Minha obra de arte, meu querido, está muito bem guardada, estou com
um pequeno problema sobre acordes, eu acho incrível ela nos acordes “I—V—
2
vi—IV ”, mas quando toquei o refrão pela última vez, vi que nos acordes “ I—V
3
—vi—iii—IV—I—IV—V ” ela também fica boa pra cacete.

A cara de surpresa que todos exibem é o máximo e o mais divertido de


tudo é que eu não tenho porra de música nenhuma, na verdade está nos meus
planos ter uma música, mas não sei nem que porra eu quero cantar. Porém, ver
esses rostos estupefatos me olhando me faz ir além.

— Estou entre uma pegada do “The Police” ou de “Can’t Stop Loving


You”. Entendem? — acrescento, apertando meu saco enquanto me balanço na
poltrona.

Davi segura o sorriso, como um pai olha para o filho depois de marcar
um gol na escola de futebol.

— Van Halen é clássico — Dylan comenta sorrindo.

— É, ele tem uma batida legal. Por isso quando eu decidir a pegada que
vou dar, mostro para vocês.
— É ótimo ver você interagindo — Mich comenta, fumando seu décimo
cigarro.

— Tanto faz, cara. — Levanto espreguiçando o corpo. — Estamos


dispensados?

Shan junta alguns papéis na mesinha de centro, recolocando-os em sua


pasta. Ajeitando suas coisas.

— Tudo resolvido, meninos. Antes de vocês sumirem cada um para um


canto, por favor, não apareçam desleixados no Grammy. Lembrem-se, vocês
estão concorrendo à melhor canção do ano e ainda farão uma apresentação.

— Isso mesmo, ensaiem, afinem seus instrumentos. Farei muitos


contatos nesse dia para vocês — Mich acrescenta também ficando de pé.

— Por mim, já é — retruco, cansado de gastar energia fingindo que me


importo com essas baboseiras. Exibo o sorriso mais encantador que consigo, me
despedindo de todos e sumindo daqui.

Sei que os olhares questionadores estão sobre minhas costas. Apenas


mais um pouco, só mais um pouco dessa porra e você estará livre, pense nos
holofotes, pense em todas as bocetas gostosas que cairão ainda mais em cima de
você quando for você que estiver tocando os solos nos shows. Vou repetindo esse
mantra até estar a salvo no quarto de hóspedes de Davi, onde me jogo na cama e
decido ficar por aqui mesmo.


CAPÍTULO CINCO

Porra, essa merda de calça aperta minhas bolas.

Eu não me importo em usar terno, já tive que usar em outras ocasiões,


mas cantar parecendo um pinguim de zoológico vai ser realmente irritante. Dou
mais uma olhada para o enorme espelho do banheiro, eu estou incrível, pelo
menos isso. Gostoso pra caralho! Até meu cabelo parece estar contribuindo
dessa vez, o espetado desordenado que era, está alinhado para trás com o gel,
graças à Mary.

Ajeito no pescoço a gravata de couro que Shan mandou junto com a


roupa, rindo de tamanha idiotice, como se esse minúsculo pedaço de couro
sintético nos tornasse mais roqueiros. Somos roqueiros, não uma banda de Jazz
num casamento.

— Caramba, nunca imaginei dizer isso, mas você está incrível.

Gargalho olhando Alana pelo espelho, seu corpo de grávida está até que
sexy num vestido transpassado.

— Infelizmente não posso dizer o mesmo. — Alana fecha a cara. Eita,


olha o Pinscher possuindo. — Calminha aí, não quero que seu marido arranque
minhas bolas. — Viro vendo o sorriso tirar a careta que ela fazia para mim. —
Até que você está bonitinha, cunhada — sussurro, passando por ela.

— Todos já estão esperando lá embaixo.

— Que merda, desde quando eles se tornaram mais rápidos que eu?
Dylan era uma noiva para ficar pronto.

— Desde quando todos têm uma mulher pegando no pé deles para


cumprirem com horários, o que Shan faria com você, se ela não tivesse ido na
frente com Mich para ajeitar as coisas.

— Viu, por isso não quero mulher e, sim, mulheres. Mas sem essa
chatice toda que vocês vivem — comento, saindo do quarto com Alana em meu
encalço.

— Minha mãe dizia que quem muito desdenha quer comprar.

— Meu pai costumava dizer que eu teria que buscar a mulher perfeita,
ela sendo muda e cega.

— Que horror!

Gargalho descendo os degraus, já avistando os outros perto da porta de


entrada.

— Mich ligou pela terceira vez e com toda certeza ele está surtando com
esse evento — Davi diz, colocando o celular no bolso da calça.

Não é à toa que Mich pode estar surtando, somos o maior investimento
dele. Cinco panacas que lotam os bolsos gordos dele de dinheiro.
— Shan fez como sempre um trabalho impecável, vai ser muito maneiro
chegar de limusine. — Dash praticamente dá pulinhos.

Nick conversa com uma mocinha, um pouco afastadas de nós, ela não
deve nem ter vinte anos, dá para escutar todas as ordens e recomendações que
Nick despeja para a babá. Enquanto isso, Vini se diverte destruindo o elaborado
penteado que Nick fez para a festa.

— Provavelmente vamos voltar tarde. — Nick passa Vini para o colo da


babá, com um sorriso incerto no rosto. — Eu não tenho certeza de quanto tempo
vai levar, mas é uma noite muito importante para todos e provavelmente vamos
emendar com outra comemoração, depois.

— Sem problemas, Sra. Ward. Vini está em boas mãos, vou cuidar bem
desse rapazinho.

Nick suspira, sorrindo.

— Vamos, amor, qualquer coisa nossos telefones estão anotados naquela


agenda, tem desde os nossos números como de nosso empresário.

— Pode deixar, tenham uma boa festa.

— Vamos embora logo, vocês não estão preocupados com atrasos? —


retruco.

Dizer que a entrada do evento está uma loucura seria até eufemismo, isso
está demais. Fãs e fotógrafos para todos os lados, carros luxuosos param a todos
os instantes na entrada do Madison Square.

— Meu Deus, tem muita gente — Alana comenta, quase colando o rosto
na janela.

— É hora do show, baby — Dylan diz, meloso, beijando a lateral da


cabeça de Alana.

— Shan mandou uma mensagem dizendo que está nos aguardando na


entrada.

— Eu não me surpreenderia se pegasse ela gritando com as pessoas —


diz Nicky.

Rimos, pois é exatamente assim que Shan fica quando está sob alguma
pressão. Ordens e mais ordens. Coitado de quem não as obedece, eu sei bem
sobre isso.

— É incrível como esses eventos são capazes de modificar até mesmo


uma pedra — Dash brinca.

— Do que você está falando, esperto? — Don questiona.

— Olhem para nosso irmão, Drake não abriu a boca para falar nada
ofensivo. Isso é um milagre, milagre pré-premiação.

— Assim você até conseguiria arrumar uma mulher decente, Drake. —


Mary caçoa, tirando risada dos outros.

— Obrigado pela parte que me toca, cunhadinha. Mas pensem nisso por
um instante. Já é complicado o bastante sendo esse roqueiro fora da lei que elas
tanto amam, imaginem se eu me tornasse “legalzinho” como vocês estão
querendo dizer que eu estou.

— Pronto, você não deveria ter mexido com a boca dele, Dash. — Dylan
ri.

— Seria o sonhos de vocês, né? Podem dizer, elas não irão capar seus
pintos murchos. Mulheres clamando realmente nas suas portas, com as bocas
abertas, prontas para chupá-los.

As meninas reviram os olhos, rindo.

Deixo um sorriso zombeteiro iluminar meu rosto, voltando minha


atenção para o mar de luzes e pessoas que se aproximam conforme a fila de
carros vai deixando as pessoas e saindo dali. Logo será nossa vez.

— Até que enfim vocês chegaram. Por que demoraram tanto? — é a


primeira coisa que Shan diz assim que pisamos para fora do carro.

Shan tinha realmente dado um duro por tudo, uma equipe inteira está ao
nosso redor, assim como Pet e seus gorilas fantasiados de terno. A própria Shan
está vestida com muita classe, um vestido preto desce por todo seu corpo,
mostrando curvas que eu jamais imaginei nela e olha que eu já tinha fantasiado
com isso por um grande tempo, os cabelos claros enrolados no alto da cabeça, o
rosto todo maquiado.

Claramente nervosa, ela está mais tensa que o habitual. Como a


oportunidade de balançar o saco diante dela e deixá-la maluca é boa demais para
ser desperdiçada, seguro a parte da frente da minha calça e digo:

— Desculpe, Shan, eu tive um problema com meus instrumentos, eles


estavam um pouco rebeldes. — Dou uma piscadinha, fazendo-a torcer os lábios,
obviamente evitando me mandar à merda. As fãs ao redor riem e acabam
ganhando alguns beijos soprados meus.

— Controle-se, por favor — Shan sussurra. — Meninos, vocês vão ter


poucos minutos com cada fã e repórter, sejam breves.

Nosso nome é gritado, uma euforia rola enquanto assimilamos tudo que
Shan tenta nos passar em meio aos gritos de repórteres, fãs e dos nossos próprios
seguranças.

— Vocês podem se dividir, mas me encontrem em quinze minutos no


painel para as fotos oficiais. Ok?

— Sem problemas — dizemos juntos.

Logo cada um segue para um grupo de fãs, segurando canetas e fotos,


pedaços de papel ou o que for que essas malucas jogam em nós.

— Drake, Drake... um minutinho com a ER. Drake, Drake.

Caminho calmamente em direção à repórter que grita meu nome. Uma


morena escultural, o vestido tem uma fenda enorme na perna acabando bem
perto de sua virilha. Que tentação...

— Olá, doçura.

— Drake, é muito bom tê-lo conosco. Como você está mediante a


indicação de melhor canção do ano? É de arrepiar? — questiona sorridente, logo
enfiando o microfone em minha boca.

— Têm muitas coisas que são de arrepiar, doçura — digo piscando,


deixando as bochechas dela avermelhadas. — Mas sem dúvida, uma indicação
ao Grammy é de escalpelar os sacos de qualquer um.

— Drake sempre sendo espirituoso — acrescenta, sorrindo para a


câmera. — Podemos esperar alguma surpresa da D’five na apresentação dessa
noite?

— Ah, com certeza, vocês terão uma de cair o queixo. Segredinho nosso.

— E fale uma coisa para alimentar o coração das suas fãs, alguma mulher
conseguiu amarrar o grande Drake Morrison?

Gargalho, vendo os meus colegas de banda também respondendo


perguntas de outros repórteres, antes de voltar minha atenção para a repórter do
ER.

— Minhas lindas e gostosas fãs, podem ficar tranquilas, ninguém doma


esse cara.

O sorriso da repórter aumenta.

— Drake, precisamos ir — Pet anuncia.

— Foi um prazer entrevistar você, tenho certeza que será uma


apresentação de arrasar ainda mais nossos corações.

Dou uma piscada já me afastando. Quando ela segura minha mão me


puxando de volta.

— Agora que a câmera está desligada, eu tenho um volvo no


estacionamento detrás esperando por mim, se quiser podemos comemorar
quando tudo isso acabar.
— Pensei que você nunca convidaria, Srta. Cathy — digo, enfiando o
cartão que ela me passou no bolso da calça.

— Meus telefones, espero você mais tarde.

— Drake. — Pet chama de maneira rude.

— Dever me chama, gostosa. — Mordisco a ponta de sua orelha vendo o


corpo dela estremecer e se arrepiar. Será uma delícia ter como sobremesa uma
gostosa dessas em minha cama.

— Vamos subir no palco daqui trinta minutos. Tente não se atrasar para
isso, ok? — Don chama minha atenção enquanto eu faço poses atrás de poses
para os fotógrafos. Saúdo o filho da mãe, mas ele já se virou para sair. As fãs que
tentam chamar a atenção dele reclamam desapontadas pela falta de atenção.

Saio da mira dos fotógrafos indo para o grupo de fãs tristonhas.

— Ei, gatinhas, não fiquem assim, nosso principezinho está cagando de


nervoso pela premiação. Além do mais, ele descobriu quanto a vida de casado
custa no bolso.

Elas riem animadas, já esquecendo a grosseria de Don.

— Que diachos você está aprontando? — Davi questiona, me puxando


pelo braço para dentro do Madison.

— Estava salvando nossa bunda.

— Como assim?
— Seu guitarrista lindinho desprezou algumas fãs. Tudo que não
queremos são fãs deixando de nos seguir como loucas porque nosso irmãozinho
está na menopausa — reclamo.

— Don?

Concordo, voltando minha atenção para o interior do Madison. Cacete é


muito foda tudo isso! Cara, se um dia tivessem me contado que minha bunda
estaria presente num evento assim, ainda mais por causa do meu talento, eu
nunca acreditaria.

— Você está deixando Dominic no limite, Drake. Segure a onda.

— Alguém dê calmantes para ele. Não estou fazendo nada e por falar em
encher o saco de alguém, depois que voltarmos para casa, eu me mudo para sua.

Davi sorri, mas logo faz uma careta de decepção.

— Pobre Chico, prevejo que logo perderei meu auxiliar por sua causa.

— Uma excelente causa, né, mano — brinco, me juntando aos outros no


backstage, as garotas já devem estar sentadas com Shan e Mich na plateia.

Uma mocinha cheia de aparelhos e headset surge no meio do backstage,


ou sei lá que porra de nome dão para esse espaço tumultuado que temos que
aguardar.

— Vocês entram em dez minutos — anuncia, com a mão em um dos


ouvidos.

— É hora do show, seu merdinhas — Dylan comemora feliz.


Seguimos para baixo do palco, onde nossos instrumentos já estão.
Tínhamos aprontado uma dessas em nossas turnês e as fãs ficavam maluquinhas
quando saíamos do nada, surgindo no palco em meio a uma nuvem de gelo seco.
Dylan senta atrás de sua bateria, assim como eu e os outros ocupamos nossos
lugares.

De onde estamos dá para ouvir a empolgação dos convidados, assim


como os apresentadores falando um pouco sobre nossa banda.

— Muitas garotas já perderam uma boa quantidade de lingeries com


esses caras, Cayse — o apresentador brinca com o público. — Por favor,
segurem seus sutiãs da Victoria’s Secret.

A gargalhada chega até nós.

— Bred, muito obrigado pelo aviso.

— Acredito que vocês queiram ver com seus próprios olhos, portanto,
vem aí... D’FIVE!

Dylan bate as baquetas duas vezes, num ritmo de contagem regressiva


que até eu entendo. Don ajeita a guitarra sobre o ombro, iniciando o solo pesado
de “Storm”, automaticamente ganhando os gritos e aplausos do público, fazendo
minha bile se revirar no estômago.

Logo a geringonça que nos levará para o palco produz um ruído ao meu
lado nos levantando aos poucos mostrando o interior do Madison Square lotado.
A nuvem de gelo seco cobre nossos pés, as luzes de todos os tons possíveis de
azul iluminam o palco. O baque do bumbo vibra me chamando para juntar meu
baixo com a batida de Dylan, fazendo a música vibrar dentro do meu peito. No
centro do palco, Davi abre a canção com um rosnado rouco no microfone.

Você está perdida nessa estrada sinuosa


Nunca sabe o que está por vir, boas memórias te acompanham

Aproveite para se descobrir, se você visse como eu a vejo,

Dê uma olhada nos meus olhos, você irá ver a vida, sonhos

Um fogo dentro de nós.

Para mim, tocar é como fazer amor. Tá, é escroto eu pensar uma coisa
dessas, Drake Morrison fazendo amor? Um sorriso se implanta em meu rosto
com esse pensamento. Mas com a música é exatamente isso, em uma foda, você
precisa ter tesão, paixão pelo que está prestes a fazer. Com a música não é
diferente, toda vez que eu piso no palco é como se estivesse fodendo com meu
baixo, é como se ele fosse a extensão dos meus braços, dos meus dedos...

Me segure, me segure firme através deste clima de tempestade

Não desista, não perca a esperança, eu preciso disso mais do que nunca

Eu preciso disso mais do que nunca

Você iria ver a vida, você veria sonhos, um fogo dentro de mim, é o que
eu sou.

A música está no meio, o que virá agora é importante para mim, é a porra
da hora de mostrar para esses caras do que sou capaz. Davi caminha para perto
de Dash, abrindo caminho para que Don ganhe o centro do palco e toque o
último solo da canção.

Don joga charme quando as câmeras passam por ele, tirando a alça de
couro da guitarra de seu ombro, mas no momento que vai soltar o braço eu entro
na sua frente e executo o que ele faria em meu baixo. O som grave e
diferenciado faz as pessoas no ato procurarem quem está tocando, a banda toda
perde por um segundo o compasso enquanto caminho para a frente do palco com
um enorme sorriso no rosto, dedilhando o solo, com as luzes sobre mim. Esse
momento está sendo incrível, eu, o público e a porra toda virada para mim. Meu
corpo se move para frente no ritmo dos acordes que toco.
Pelo canto dos olhos vejo Davi voltar para seu lugar cantando o último
refrão da música.

Eu preciso de você mais do que nunca

Esta estrada é uma estrada sinuosa para você

Nunca sabe o que está por vir, sim, sim, sim

Voltei para trás, ficando perto de Dylan, o olhar enraivecido de Don me


persegue por todo caminho. Quando a música acaba, o palco fica escuro e a
multidão urra em resposta, e eu me sinto o máximo. Mal me importo pelo
esbarrão de raiva que Don dá ao sair do palco.

Será interessante retornar agora para o backstage.

Passo pelas cortinas encontrando com os caras de cara virada, não tento
me explicar ou pedir desculpas pelos meus atos. Don está tão furioso que nem
olha em minha direção, mas se bem conheço ele, isso durará até que nosso nome
seja chamado para receber o prêmio. Dash simplesmente balança a cabeça para
os lados, seguindo a mocinha do headset para fora daqui. Dylan e Davi não
esboçam muitas coisas, acredito mesmo que o único que não está completamente
irritado é Davi, mas saiu junto com Don. Para tentar acalmá-lo, creio eu.

Sigo para as poltronas sentando ao lado de Mich, algumas premiações já


acontecem no palco, eu estou ansioso para saber se realmente tínhamos
arrebentado como imagino.

— Adorei o lance de inversão que fizeram — Mich sussurra perto do


meu ouvido.

— Maneiro, né. — Dou uma olhada para trás vendo que a carranca de
Don permanece do mesmo jeito. — Mas acho que seu principezinho não curtiu
muito.

Mich se vira olhando para Don.


— Então ele não sabia que você faria aquilo?

— Não, mais maneiro ainda, né?

— Drake, não me cause um infarto.

— Relaxa, Mich. Todo mundo adorou, logo o cu de Don sai da cara dele.

Eu não estou muito preocupado com isso. Quando pegarmos o troféu,


tudo o que aconteceu nessa noite será esquecido. Águas passadas. Sorrisos e
abraços serão trocados.

— Enfim chegou o momento que muitos estavam esperando. Entre tantas


canções maravilhosas que fomos presenteados nesse ano, cinco foram indicadas
como as melhores do ano.

— Isso mesmo, Bred. Entre elas temos “Slime” de Robert Patt,


“Hannybal” dos The Grons, “My favorite girl” de Lana Rayn e “Storm” da
D’five — Cayse anuncia no centro do palco e lá está o envelope dourado entre
suas mãos.

As câmeras apontam para nossas caras, reproduzindo tudo no enorme


telão.

— E o ganhador é... — Remexo na cadeira, impaciente por ter todo esse


suspense. — Storm, da D’five!

— É ISSO CARALHO! — Pulo da cadeira soltando um grito.


— Porra, PORRA! — Escuto o grito de Dash.

— Subam aqui, meninos. — Cayse nos chama.

Corremos para o palco, animados, deixando de lado as desavenças que


estamos enfrentando nesses últimos tempos, apenas comemorando mais uma
vitória nossa. Os apresentadores nos entregam o troféu, cumprimentando e
dando parabéns.

— Queremos agradecer a todos por isso, principalmente nossas fãs que


nos acompanham em todos os shows debaixo de chuva ou sol. Sempre estando lá
para aquecer nossos corações. Agradeço aos meus irmãos que concordaram em
embarcar nesse sonho maluco de cinco garotos panacas do ensino médio. —
Davi preparou um discurso e tanto, ainda bem que ele fez isso, eu mal saberia o
que falar se a porra do microfone virasse para mim. — E por último, que o rock
sempre esteja presente em nossas vidas. Muito obrigado, estamos no Grammy!

A plateia aplaude, comemorando junto conosco. É surreal, tudo nessa


noite foi surreal.


CAPÍTULO SEIS

O carro chegou cedo pela manhã para nos levar até o aeroporto. Shan
chegou a ameaçar jogar água gelada em mim umas três vezes até que eu
realmente saí da cama. Minha sorte foi minhas malas já estarem prontas, então
era menos uma coisa para me preocupar. A turnê começará daqui quatro dias,
mas Shan fez questão que fôssemos antes para o Brasil. Começaremos com um
show em São Paulo e terminaremos com dois shows no Rio de Janeiro.

O sedan para ao lado do jato alugado por nossa equipe, o que me deixa
com o humor um pouco melhor, já que terei mais conforto. É um porre viajar em
voos comerciais, além de já termos passado por essa fase pobre de nossas
carreiras. Pelo amor de Deus, né? Se não conseguirmos bancar um jato para
viajar, é melhor parar com essa merda. Tudo que eu menos desejo é viajar com
crianças chorando, velhos reclamando e todo serviço de bordo de merda que os
voos comerciais têm. As únicas coisas de ponta que esses voos podem oferecer
são as comissárias de bordo.

Don não trocou uma palavra comigo desde ontem, mesmo eu morando na
mesma casa que ele. E assim que me vê saindo do carro, trata de seguir para o
avião na mesma hora. Não que eu me importe com o mau humor dele, ainda
estou radiante por ter feito o que fiz, sem nenhum peso na consciência. Além do
mais, eu mesmo estava na bronca com ele por achar que eu não merecia um
lugar ao sol. É óbvio que ele tinha medo que eu fosse bem melhor que ele, como
provei que sou.
Na real, ele está cagando nas calças de ser chutado para ficar na minha
bunda, enquanto eu brilho sob os holofotes.

— Vá falar com ele. — Reviro os olhos, encarando Davi. — Você fez


merda, você tem que pelo menos tentar consertar.

— Pelo menos assumam que vocês não têm razão para duvidar do meu
talento, eu sou tão bom ou melhor que Don, se ontem eu estava com um baixo,
imaginem com uma guitarra? — questiono.

Davi suspira, passando a mão na barba rala em seu rosto.

— Tá legal, você foi bom.

— Bom? Poxa, Davi, seja honesto consigo mesmo.

— Pare de encher, você foi ótimo. Agora seja homem e assuma suas
merdas, maioral.

Viro procurando Don com os olhos, ele está subindo o último degrau
quando eu o intercepto.

— E aí, cara.

Ele se vira com cara de poucos amigos.

— Não faça falsa modéstia, Drake. Não perca seu tempo. Que tal darmos
um tempo? Você fica trancado em sua enorme bolha egocêntrica e eu fico na
minha — propõe, com desdém.

Bufo, irritado. Porra, qual é o problema dele? Todo esse escarcéu por
que eu passei em sua frente no evento?

— Cara, desculpe se o fato de provar que também sou bom irritou você,
viu como a plateia vibrou quando eu surgi tocando o solo?

Os olhos claros de Don se estreitam. Eu devo estar batendo algum


recorde, poucas vezes vi meu amigo ficar tão bravo e tudo que eu tenho vontade
é de rir. Para que adicionar mais drama?

Don desce os degraus rapidamente investindo contra mim, mesmo eu


conseguindo recuar a tempo, sinto o impacto de seu soco em minha mandíbula.

— Você enlouqueceu, porra? — grito, recuando mais alguns passos.

Dylan se coloca entre nós com os braços abertos.

— Ô, ô, parem com essa merda! — diz nos olhando com firmeza.

— Agora lascou tudo. — Escuto Dash dizer, enquanto massageio o canto


de minha boca.

— Don, controle-se — Davi ordena, chegando mais perto.

— Estou fazendo um favor para todos. Vocês mesmo concordaram que


essa pose do Drake estava merecendo uma coça. Estou fazendo isso! — Don
grita, enraivecido.

— Que porra é essa que “minha pose, merece uma coça”? Tão de
sacanagem comigo? — Encaro meus companheiros de banda, passando o olhar
de um por um, até mesmo para Shan e Mich que estão mais atrás, sobrou um
olhar irritado. — Agora falem, que porra é essa?
— Chega, Don, Drake. Isso foi uma briga tola e não quero mais isso
entre nós — argumenta Davi, calmamente. — O Grammy foi um sucesso,
ganhamos o prêmio. Concordo que todos estamos sofrendo com a pressão, a vida
corrida, sei lá que merda vocês estão tendo na mente. Mas saírem se socando não
é a maneira certa. Porra, Don, você sabendo como Drake é, vai justamente se
descontrolar?

— Toma no cu, Davi.

— Fique quieto, meu chapa — Dylan sussurra para mim.

— Meu ovo — retruco. — Então vocês estão montando um motim contra


mim, é isso?

— Drake, dá uma controlada na sua ira sem motivo. Ninguém está


armando nada para ninguém.

Reviro os olhos, ficando quieto com certa relutância.

— Vamos deixar isso tudo de lado e fazermos o que mais sabemos, tocar.
Bora incendiar os palcos e não a cara um do outro. Pode ser? — Dash pergunta
batendo em meu ombro.

Deixar as brigas de lado é a resposta padrão, mas que eu esperaria vir de


Davi, ele é a pessoa que coloca pano quente em tudo. Mas algumas coisas não
podem ser facilmente colocadas de lado. Don se desvia de Dylan, entrando no
avião. Eu quero confrontá-lo, perguntar que história é essa de todos
confabulando contra mim. Mal dou um passo quando sinto Davi apertar meu
braço me mantendo no lugar.

— Drake, dá um tempo, ok?


Cruzo os braços sobre o peito vendo os outros também entrarem no
avião.

— Que porra, Davi, que porra foi isso, pode me falar?

— Deixe isso de lado, você ficar arranjando confusão com Don é dar um
tiro na banda toda. Todos estamos ligados, pense nisso.

— Tanto faz.

Ignoro todo o resto me sentando bem na frente. Davi está certo sobre
mantermos distância, os risos dos outros em suas conversinhas conseguem me
irritar ainda mais, por isso tiro o fone do pescoço recolocando-o no ouvido e
aumentando no máximo o volume permitindo que “We Are The Danger —
Blacklite District” quase me deixe surdo. Os babacas estão sempre pegando no
meu pé, tentando me prender a um padrão que é quase impossível de manter. Por
que eles não conseguem me aceitar como eu sou, em vez de tentar me obrigar a
ser alguém quem eles querem que eu seja? Não é assim que os amigos devem
ser?

Brasil, porra! O Brasil é onde eu queria morar. A quantidade de mulher


bonita que esse lugar tem me deixou surpreso. Chegamos a São Paulo de
madrugada e mesmo assim certas ruas estavam lotadas como se fosse início da
noite. O que também me deixou impressionado foi o trânsito, porra, essa cidade
emparelha com Nova Iorque. Os motoristas buzinando como loucos, motos e
carros disputando lugares impossíveis de travessia. Não é tão incomum como em
casa.

A chegada ao hotel foi tranquila, principalmente pelo fato de ser


madrugada e ninguém estar nos esperando quatro dias antes do show, já que
Shan fez questão de não informar.

Mas vamos para parte que mais me interessa, Victor já está com a banda
no hotel desde o começo da semana, tendo alguns dias a mais que eu para se
habituar ao clima quente e tropical do país, assim como organizar algumas
festinhas. Meus lábios se curvam num sorriso lento e provocante, observando o
burburinho à minha volta. Meu Deus, o que são aquelas mulatas? Loiras,
morenas, é um cardápio incrível para se escolher.

— E aí, brother. Muito boa essa vista, né — Fred pergunta, jogando o


braço por cima do meu ombro.

— Com certeza.

Sorrio de forma galante para duas mulheres que flertam comigo de forma
descarada, dando para ambas um pouco de atenção e deixando que elas apreciem
todos os detalhes, principalmente do meu pau marcando na calça de couro
sintético.

Comunicação será um problema, mas até aí quem precisa realmente


entender o português quando tudo que elas vão precisar nessa noite é traduzir eu
dizendo para elas que vou foder de forma deliciosa seus corpos? Tudo que
precisam é gemer como cadelas no cio.

— Os caras não quiseram participar da nossa festinha de boas-vindas?

— O que você espera de quatro panacas? Eles estão capados e Davi fica
lunático perto de um show, ele não curte mais encher a cara.

— O tempo deixa as pessoas caretas, vamos beber por eles — Fred diz
erguendo sua garrafa de cerveja, brindando na minha.
Meus olhos voltam para o espaço entre os sofás onde as mulheres fazem
de pista de dança, rebolando de forma sensual, querendo chamar atenção dos
caras sentados por ali. Uma mulata em especial me faz fixar os olhos em suas
pernas exibidas com perfeição num vestido curto brilhante. Mesmo não sendo
algo que tenha escutado a batida das músicas que o DJ está tocando dá até uma
vontade de remexer o quadril no ritmo.

— Que porra é essa que está tocando? — grito perto do ouvido do Fred.

— Cacete, dizem que é um tal de Funk, toca muito aqui e no Rio de


Janeiro. Mellin que autorizou tocar.

— Mellin é malucão — comento rindo, mas balançando a cabeça com o


ritmo da batida. Posso até curtir esse estilo só de ver as mulheres animadas e
rebolando tanto a bunda que é capaz de desencaixar o osso.

A mulata percebe que meu olhos estão fixos nela e isso faz com que se
exiba ainda mais. Ela abaixa de forma exagerada fazendo o vestido subir no
limite daquela curvinha deliciosa de sua bunda, enquanto ela faz um lance de
jogar o quadril de um lado para o outro como fosse feito de mola.

— Vejo que nosso amigo já encontrou a primeira privilegiada da noite —


Victor diz, parando ao meu lado.

— Digo o mesmo, né — falo, sorrindo e indicando com a garrafa as duas


mulheres que se penduram nele.

— Topa uma festinha? Tenho algumas coisinhas boas no quarto — Victor


fala animado, erguendo a sobrancelha.

— Nada de cheirar hoje, mas se for uma festinha envolvendo elas e


aquela ali, topo fácil. — Tomo mais um gole da cerveja. — Me diz como você
conseguiu entrar com essas merdas?
— Segredo de estado, amiguinho.

Victor sorri, ele sabe que eu curto umas coisinhas mais animadas de vez
em quando. E por que não? Os caras com certeza estão dormindo a essas horas,
mal incomodados pela festa que rola do outro lado da cobertura. Pet e sua equipe
de segurança, assim como os seguranças da Smith Sings, devem estar como cães
de guarda do outro lado dessas portas impedindo qualquer pessoa não autorizada
até mesmo de andar por esse andar. Estamos livres de paparazzis nojentos e
companheiros de banda caretas, tendo como consolo todas essas bocetas prontas
para serem deliciadas.

— Meninas, levem nosso amigo para meu quarto — Victor diz num
português enrolado, mas entendível para as mulheres.

Assim que atravessamos a sala caótica, entramos em um dos quartos e


vejo que não é muito diferente do que estou hospedado. A única diferença é a
porra da cama redonda gigantesca que toma metade do quarto. Realmente Victor
fez algumas exigências bem específicas para seus joguinhos.

Victor Smith é um tarado de marca maior e bissexual, não que isso seja
um problema. O cara sempre soube que comigo não rola dedada no cu. Mas
sobre ser um tarado, ele curte coisas que não é todo mundo que vê com bons
olhos, por isso nessas festinhas privadas que ele dá, todas as mulheres são
selecionadas a dedo por ele e pelos caras da banda. Uma precaução que tomaram
depois de terem muitas merdas espalhadas pelos quatro ventos da mídia.

As mulheres sorriem sentando na beirada da cama, já se livrando dos


sapatos de salto alto. Particularmente preferia que ficassem com eles. Adoro
como os saltos deixam suas bundas arqueadas quando estão de quatro ou até
mesmo curvadas apoiando a mão sobre alguma superfície. É sensacional!

Após alguns minutos, Victor entra no quarto carregando duas garrafas de


tequila e a mulata que estava encarando poucos minutos antes. Ela cruza o
quarto, passa a mão em minha bunda e vai se juntar às outras na cama.
— Trouxe munição? — brinco, pegando uma das garrafa e abrindo, já
sedento por um gole.

— Já que você não quer o outro incentivo, isso vai animar mais as coisas,
principalmente com elas.

— Elas vão entender o que falarmos?

— Um pouco, eu manjo um pouco dessa merda. — Victor deixa a outra


garrafa sobre o aparador de madeira encostado na parede, virando-se para as
mulheres. — Queremos vocês nuas — diz num português enrolado, rapidamente
elas ficam de pé arrancando suas roupas. Ficando totalmente nuas em nossa
frente, sem nenhum pudor.

Cacete, isso será bom...

Victor me observa com um sorriso, indico que estou de acordo, elas são
lindas, corpos esculturais. Sem hesitar, tiramos nossas roupas, uma vez nu me
aproximo da mulata, apreciando a curva que seu seio faz e como adoraria meter
meu pau já duro como uma tora no meio deles e gozar na cara dela.

— Deite-se — digo, indicando a cama, para que ela entenda o que quero
dizer.

A mulata rasteja pela cama, deitando com a cabeça sobre a montanha de


travesseiros, abrindo as pernas, totalmente exibida, mostrando-se toda para mim.
Passo as mãos por suas pernas, são macias. Parecem dois chocolates prontos
para derreter em minha boca, ao chegar ao alto da coxa, afasto-as de forma
decidida, lambendo os lábios, louco para já cair de boca na boceta úmida e
totalmente depilada.

Passo a ponta dos polegares por suas dobras, deixando seu clitóris
exposto, dando algumas lambidas. Satisfeito por sua respiração se perder quando
minha língua toca sua intimidade. E ao morder o pequeno montinho de pele ela
solta um grito. Porra, sinto vontade de me afundar ainda mais e lamber todo esse
corpo, fazendo ela desmaiar de tão bem fodida que será.

Pelo canto dos olhos sei que Victor também está atacando as duas garotas
que ele trouxe, enquanto uma lambe seu pau sugando-o todo, ele beija e
masturba a outra. Volto a masturbar a mulata por mais alguns segundos,
lambendo e mordendo sua boceta, sentindo meu corpo suar e replicar por uma
metida, os gemidos agudos dela estão fazendo tudo piorar. Como não quero
acabar logo com a brincadeira, abandono o corpo dela, indo até Victor.

— Essa daqui tem boquinha de veludo — ele diz empurrando o rosto da


morena em minha direção. — Experimente.

Masturbo meu pau algumas vezes, caminhando até ela. Que sem
cerimônia segura minhas bolas, arrancando minhas mãos do meu pau e
colocando-o todo na boca. Gemo alto, sentindo meu pau estocando fundo a
garganta dela. Meu amigo está certo, ela tem uma boquinha de veludo.

Chamo a mulata com o dedo indicador, que se levanta feliz por não ser
largada para trás. Beijo sua boca, sugando os lábios carnudos, beliscando seus
seios, gemendo enquanto a morena dá um trato em meu pau. Victor ataca de
novo a boca da outra mulher com seu pau, enquanto sua mão passeia pela
morena que me chupa. Durante alguns minutos cada um de nós busca seu
próprio prazer, enquanto elas apenas se abrem totalmente para dois completos
estranhos. Vadias! Estoco mais fundo na boca da morena sentindo que posso
gozar na boca dela e, com certeza, ela tomará toda minha porra, grata. É assim
que as mulheres se comportam perto de nós, elas agradecem por qualquer merda
que possam receber, apenas para terem uma história como essas para contar.

Tesão, diversão e sexo quente. É isso que aproveito, quando chego ao


clímax a morena engole ávida a minha porra, deixando um pouco escorrer por
seu queixo. Victor que não é de perder tempo, fode a loirinha, que parece mais
um frango assado do que uma mulher pela posição que ele a coloca. Gemidos e
palavrões soam alto pelo quarto, se tivesse um filme pornô passando agora na
TV o casal protagonista teria parado para apreciar esse momento.

A morena foge para o banheiro, acho que ela não curtiu muito engolir
minha porra pela cara de ânsia de vômito que ela saiu. Foda-se. Vou até o
banheiro rindo da garota curvada sobre a privada, pego um toalha e limpo meu
pau, observando Victor foder a loirinha com gosto, as bochechas da pobre
coitada estão em um lindo tom de vermelho, ela é tão magra que, se tivesse
como, acho que o pau do meu amigo estaria saindo por sua boca. O urro de
prazer de Victor e o gemido esganiçado que ela solta mostram que ambos
gozaram. Volto para a mulata que também observa a cena. Os bicos dos seios
dela estão eriçados de tesão, me agacho no meio de suas pernas, jogando a toalha
para o lado. Ela se abre deixando que eu faça o que bem quero com seu corpo,
caio de boca nos seios fartos, chupando e mordendo, e a cada marca que vou
deixando em seu peito ela geme mais.

— Que tal o dois por um? — Escuto Victor dizer.

Solto o seio da mulata de forma brusca, gostando como o corpo dela


vibra. Aceito a garrafa de tequila que ele me estende, tomando quase metade do
seu conteúdo, me deliciando com o ardor que a bebida causa em minha garganta,
ofereço para a mulher que aceita com um sorriso, tomando alguns goles.

— Tem que ser com ela, parece que você acabou com a loirinha, e aquela
ali não quer chegar perto de mim — digo, apontando para a porta do banheiro.
Victor gargalha escutando os sons de vômito vindo de seu banheiro.

— Espero que ela limpe a porra do assento, para quando eu quiser cagar.

— Escroto — digo, rindo.

— Então, docinho, você vai fugir como suas amiguinhas ou podemos


terminar essa festinha juntos? — Victor questiona.
— Estava esperando por isso — responde num inglês perfeito.

— Olha, ela estava escondendo o jogo — Victor comemora.

Encaramos a mulher como dois predadores. Victor deita na cama, coloca


a camisinha, fazendo um sinal para que ela se sente sobre ele. Ela senta
rebolando e gemendo sem pudor, Victor deita seu corpo sobre o dele para que eu
tenha espaço para brincar também.

Ponho o preservativo mesmo meu pau estando a meio mastro, vai ser até
mais confortável para ela quando me meter em seu cu, olho para a nádega
bombom, vendo que provavelmente poucas pessoas usaram o cuzinho lindo. De
joelhos na cama, passo a mão pelo clitóris dela, pegando um pouco da sua
umidade e inserindo meu dedo em sua bunda. Ela me espreme, reclama com
gemidos agudos, mas logo se abre e eu introduzo outro, depois três e mais uma
vez ela arfa como uma maluca, dou um tapa em sua bunda o que mexe com
Victor, que também geme alto quando ela desce com força sobre seu pau.

Posiciono-me de joelhos atrás dela, separando sua bunda com as mãos


me meto com força, sentindo meu pau latejar dentro do seu cu. Delícia!

A negra grita, se remexe, sentindo as estocadas de ambos como se


estivéssemos numa dança. O fato de poder sentir meu pau todo apertado dentro
dela, ainda mais por também estar sendo penetrada pela boceta já deixa meu pau
querendo mais. Geralmente depois de uma boa gozada como a que tive minutos
atrás, caio na cama como um anjo, mas não poderia recusar esse manjar dos
deuses. Estou prestes a gozar, meu pau lateja de tanto tesão.

— Porra de mulher gostosa — exclamo, metendo mais fundo e


arrancando um grito dela.

— Caralho, se eu soubesse que você valia tanto a pena, não teria perdido
tanto tempo com as outras — Victor diz socando fundo também.
— Quero os dois de pé — ela ordena em meio aos seus gemidos.

Saímos de nossa posição e ela sai da cama, ficando em pé, com um


sorriso safado me chama. Seu braço enrola em meu pescoço e com a mão livre
ela ajeita meu pau dentro de sua boceta.

— Tenho um espacinho para você, bonitão — diz, chamando Victor para


a brincadeira.

Ele no mesmo instante pula da cama ocupando o espaço atrás dela,


metendo em seu cu. E assim, eu sugando seu seio e metendo fundo em sua
boceta e Victor fodendo-a por trás, gozamos os três quase no mesmo instante.

Victor sai, deixando-a apoiada sobre meu corpo, zonza depois de gozar e
vai em busca da sua garrafa de tequila. Deixo a gostosa sobre a cama, pescando
minha cueca do outro lado do quarto. No meio da putaria toda, mal percebemos
que as outras duas tinham ido embora.

— Sua loirinha vazou — comento, vestindo minhas roupas.

Victor sorri acendendo seu cigarro.

— Que se foda, essas garotas querem foder, mas não têm fôlego.

— A morena eu espantei depois de gozar na boca dela.

— Porra, cara, se ela fodeu meu banheiro eu vou invadir seu quarto
amanhã.

Gargalho, fechando o zíper.


— Vou nessa — aviso.

— Vai, senão logo mais aparece aquele ogro do seu segurança.

Despeço-me de Victor sorrindo quando ele arruma um lugar na cama


com a mulata já adormecida e volto para minha suíte. Pronto para arrebentar no
show daqui a dois dias.


CAPÍTULO SETE

Dois dias se passaram e Don finalmente superou seu mau humor. Não
chegou a puxar um papo muito longo comigo, mas pelo menos a constante “cara
de cu” tinha sumido, dando lugar até para uns quase sorrisos quando eu soltava
algo engraçado durante as refeições. Então isso era o máximo que conseguiria
por enquanto.

Com isso, tudo que se passa em minha mente é me promover, promover


meu talento nesse show. Será nesse show que conseguirei minha glória. Don já
afirmou que não está satisfeito. Por isso eu tenho me esforçado tanto a prestar
atenção em todas as merdas esses dias, até nas mais insignificantes, e olha que
isso está realmente sendo um porre. Pet que diria, já que é ele quem corre nas
farmácias da vida comprando remédios para curar ressacas e aumentando meu
estoque de energéticos para me manter atento mesmo depois de uma festinha de
sexo na suíte da Smith Sings.

— Você está fazendo aquela cara.

Davi para perto de mim na sacada, admirando o fluxo constante de carros


na rua.

— Que cara?
— Aquela de que vai fazer merda, por favor, não quero outra confusão
com Don na véspera de um show. Shan anda no limite com o que seus
convidados andam aprontando.

Sorrio, isso sim está ocupando todos os olhares de nossa assessora.

— Tá vendo? E vocês ainda reclamam de mim. — Davi apenas olha para


mim. — Ah, qual é, Davis? Don está fazendo uma tempestade em copo d’água.
Eu sei as músicas de cor, até mais do que ele já que tenho que decorar os solos e
minhas entradas. Não estou pedindo o fígado dele, apenas meu lugar. A galera
vai adorar!

— Drake, não começa.

— Porra, por que você aceita que ele dê o crédito para o Dash e não para
mim que faço a merda dos solos dele serem demais?

Uma sensação de irritação me sobe pela espinha, é uma merda escutar


sempre as mesmas respostas, é como queimar meus ouvidos com tantas
baboseiras. Eu estou farto dessas merdas.

Queria ver eles arrumarem alguém tão foda quanto a mim para a banda.

Retiro a merda da folha de caderno amassada do bolso entregando para


Davi.

— Fiz essa merda, vocês não queriam? Aqui está. Minha música,
confesso que a batida está fodástica.

Davi passa os olhos pela folha, sorrindo e balançando a cabeça em uma


negativa.
— Bem sua cara mesmo... “Eu tenho que te dizer, gata, o que eu vejo,
toco ou lambo se transforma em ouro. Tenho vivido como uma estrela, não
queria me deter.” Sério isso, Drake?

Dou de ombros. É a minha cara.

— Naquele bar em ruínas tem uma placa, uma placa inútil de “procura-
se”. Meu rosto está estampado nela, em vez de ter “vivo ou morto” tem milhares
de declarações e corações partidos. — Davi recita minha composição. — Fazer
o que se elas sempre souberam que eu sou mau, muito mau. — Ele gargalha,
mas continua. — Nem mesmo o Diabo deixa sua mulher perto de mim, não tenho
culpa de ser irresistível.

— Imagina uma pequena pausa e um solo incrível de guitarra nesse


momento — digo.

— Ah, claro, combinaria perfeitamente com essa última parte: Não tenho
culpa que ao tocar minha guitarra faço até as mais santas gemerem.

— Viu, é sucesso na certa. As groupies querem isso, não aqueles rocks


melosos que insistimos em tocar, lembra quando começamos? Erámos puro rock
e sexo.

— As coisas mudam, assim como nosso público alvo.

— Você acha que o Nirvana venderia mais CD’s se falassem sobre como
o cu deles estava arrombado pelo amor? Claro, In Bloom foi feita para a alma
gêmea do Kurt Cobain.

— Tem muita coisa boa acontecendo, não é o momento de se mexer no


time.

Inclino meu corpo para trás, apoiando no parapeito da sacada.

— Claro, iríamos afetar o brilho celestial que nosso querido Don tem.

— Cacete, Drake, por que tanta implicância agora? — Davi questiona.

— Os fãs não querem que fiquemos estagnados e sejamos previsíveis.


Esperam coisas diferentes, anseiam por novidades, querem ser surpreendidos.
Para ser franco… Eles querem a mim, ou você acha que elas entram tranquilas
no camarim? Não. E sabe por quê? Por causa da porra das esposas que estão
sempre ali prontas para morder se alguma fã sequer tocar em uma deles. Você já
reparou na cara que o pequeno Pinscher faz quando alguma fã toca o Dylan?

— Pare de chamar Alana assim, você sabe que com a gravidez os


hormônios da mulher piram.

— Podemos voltar ao que realmente interessa? — pergunto, estou pouco


me fodendo se Alana está pirada por causa do bebê. — Pensa bem, cara. Você
acredita mesmo que conquistaremos fãs sendo uma bandinha marola ou se
formos mais como os Smith? Até a The Cast tem suas merdas debaixo do tapete.

Davi coça a cabeça, soltando um suspiro.

— Talvez eu possa testar sua teoria, mas já sabe. Don, Shan e até mesmo
Mich estão prontos para colocar as mãos em seu pescoço.

— Isso aí, seu merdinha! — comemoro.

— Eu vou conversar com Dylan e Dash, você pode ter essa chance no
Rio, mas não torre a paciência de ninguém. Tente se controlar ou juro que
colocarei uma coleira de choque em seu pescoço. Aí sim você terá uma diversão
e tanto tomando choques de mim.

Gargalho eufórico demais pela notícia, eu até poderia cuidar do pirralho


de Don para deixá-lo ter um momento de alegria com Nicky sem o filho
agarrado nas bolas dele. Afinal, eu gosto daquele pestinha, até que sou um bom
tio e ele me adora. É, poderia fazer isso agora, cadê aquele pirralho mordedor de
dedos?

Para todos os lugares que olho vejo pessoas, seguranças, pessoas


credenciadas trabalhando para nós andando apressadas de um lado para o outro.
Avisto até os Smith seguindo para o local reservado para os fãs, mas não vejo
nenhum dos D’Five, algumas fãs atrás da cerca gritam meu nome, fazendo a
maior algazarra.
Sorrio, mandando beijo para todas, infelizmente não posso perder tempo,
o show começa daqui a duas horas e estou ansioso para saber se Davi havia
conversado com os caras sobre o show no Rio. Sei que faltam ainda alguns dias
para isso acontecer, mas sempre disseram que quem espera sempre alcança. Pois
aí está, finalmente eu terei minha chance.

Declan é o primeiro que vejo quando entro na casa de shows. Ele mexe
em um emaranhado de fios e xinga baixinho, o que me faz sorrir.

— E aí, mané. Finalmente percebeu que sua vida é tão enrolada e


patética como esses fios?

— Drake — responde num suspiro. — Se vocês arrumassem a porra dos


instrumentos eu não perderia minha oportunidade de estar com a Keylla.

— Ainda está em cima dela? Jurei que já havia traçado a gata, porra,
Declan, tu tá muito mole mesmo.

Declan aperta os lábios, formando uma careta.

— Keylla decidiu que não quer nada sério.

— Não venha me dizer que você sugeriu que dessem o bendito passo
além? Porra, o que anda acontecendo com os homens? — Sacudo a cabeça
levando esses pensamentos para longe. — Mas diz aí, você viu os caras da banda
por aí?

— Eu vi Shan passar com eles, devem estar começando a falar com as


fãs.

Exibo um sorriso simpático e saio, deixando Declan e seu quilo de fio


enrolado.
Quando chego ao camarim principal, apenas as fãs estão aqui, gritando
nossos nomes de maneira ensandecidas, mas nem sinal dos caras, óbvio que eles
devem estar se preparando no outro camarim. Atravesso a multidão recebendo
alguns apertos na bunda e unhas me arrancando pedaços, até conseguir
atravessar o corredor e fugir de todo o tumulto. Estou preste a entrar no camarim
quando ouço a voz de Dylan.

— Eu não sei opinar sobre isso.

— Não é questão de não saber, temos que fazer o melhor para a banda.
Vocês acham mesmo que Drake é o melhor? Pelo amor de Deus! — Don retruca.

Encosto mais meu ouvido na porta, tentando escutar de maneira mais


nítida. Aquele sentimento de raiva tomando minha espinha novamente.

— Ele é parte da banda, Don. Não sei o que houve realmente para te
virar contra o Drake, mas ele sempre foi nosso irmão mesmo com todos os
defeitos — Davi diz em minha defesa.

— É por isso mesmo. Sempre, principalmente você Davi, passamos a


mão na cabeça dele, engolimos os porres, os vexames que saíram na mídia, só
que isso era legal e bastante divertido quando tínhamos vinte anos. Vocês
querem perder tudo que conquistamos por causa de um capricho do Drake?

— Acho que podemos dar uma chance, por que temos que nos prender a
rótulos? Don é o guitarrista, Dylan baterista... Será que não... — Dash diz até ser
novamente interrompido por Don.

— Não vale a pena. Mas já que querem, deem a bendita chance, eu


aposto que na primeira oportunidade vocês irão ver ele falhar.

A raiva fecha minha garganta de tal maneira que vejo tudo em vermelho,
como um boi fora do controle. Abro a porta do camarim com violência, vendo os
rostos surpresos deles.

— Achei que fazia parte dessa merda ou me enganei? — digo, encarando


principalmente Davi. — Vocês não acham isso tudo ridículo? Não estou pedindo
muito, apenas dez minutos na porra do centro, não quero enfiar seu microfone no
meu cu, Davi, muito menos me masturbar com sua guitarra, Dominic.

— Sabe do que eu estou cansado, Drake? Dos seus constantes resmungos


nesses últimos meses sobre como estamos sacaneando você. E no fundo você
deveria agradecer por ninguém nem mesmo nosso empresário chutar sua bunda
para fora da banda — Don grita, vindo em minha direção, mas é detido por
Dylan.

— Don, deixa disso, cara. Sabemos que todos estão cansados devido à
loucura que vivemos nesses últimos anos, mas somos irmãos — Dash diz,
tentando amenizar o clima.

Solto uma gargalhada debochada, a essa altura pouco me importo com o


que possa acontecer.

— Acabei de perceber uma coisa... além do que desconfiava, meus


colegas de banda são babacas e cagões. Principalmente você, Dominic.

— Eu? Vá à merda, Morrison.

— Você tem medo que eu posso tocar melhor que você, tem medo de
perder seu posto, porque mesmo sendo capado com sua família feliz, adora ter as
fãs se jogando em cima de você. Quer todos os benefícios para você.

Um silêncio mortal toma o camarim e posso sentir os olhos de todo


mundo colados em mim.
— Mas que diachos está acontecendo aqui? — Shan diz entrando no
camarim. — Dá para ouvir os gritos do outro lado, alguém pode me explicar?

— Você acha que quero os benefícios? Os seus benefícios são sempre os


mesmos. Dinheiro, fama e mulheres. É só isso que interessa para você e, pelo
que vejo, você passa por cima de quem quiser para ter isso. Portanto, não me
venha com essa cara de ofendido — Don dispara.

— Meninos! — Shan exclama.

— Você quer seu precioso holofote? Então terá, você tocará a música
central de nosso show essa noite. Se conseguir provar que realmente sabe o que
está fazendo, o show do Rio de Janeiro é todo seu. Mas, se não conseguir, eu
quero que você cale a boca e enterre essa porra de “estou sendo penalizado, o
coitadinho” para sempre.

Esboço um sorriso desafiador, finalmente consegui o que queria.

— Por mim, está ótimo!

Se existe uma plateia mais calorosa que essa eu ainda não tive o prazer
de conhecer. O estádio está lotado, não tem um mísero espaço entre as pessoas, é
um verdadeiro mar de cabeças e braços pulantes. Não me opus a tocar “Storm” e
“Merry go round”, já que são nossas melhores músicas em minha opinião.
Estamos prestes a fazer o segundo intervalo da noite quando Don caminha para a
frente do palco recebendo gritos eufóricos dedicados a ele “Eu amo você, Don.
Don gostoso, nós te adoramos” e todo blablablá.

— É muito bom estar aqui e conhecer nossas fãs brasileiras. E como


vocês são lindas! — Don faz um belo showzinho na ponta do palco. — Mas hoje
temos uma surpresinha para vocês... Nosso irmão Drake preparou algo especial
para vocês — diz de modo sarcástico.

Algumas fãs gritam animadas meu nome, arrancando os sutiãs e jogando


para cima do palco.

— Isso mesmo, essa é sua hora Drake — diz, me olhando com a


sobrancelha arqueada.

Ele vem em minha direção, tira o baixo de minhas mãos empurrando sua
guitarra contra meu peito. Seu olhar duro e contrariado, nada satisfeito por sentir
seu lugar se esvaindo por entre seus dedos.

— Davi, toquem “I’d for you”. Acho que você conseguirá acompanhar.

Sorrio mais do que satisfeito, eu sei as músicas da banda de trás para


frente. Penduro a alça de couro no pescoço, ajeitando a postura, faz um bom
tempo que não tenho uma belezinha dessas em minhas mãos.

Davi faz que sim com a cabeça assumindo seu lugar no microfone, assim
como a bateria dá os primeiros compassos da introdução. Dylan começa com as
batidas pesadas, dando nossa entrada. Dash olha para mim com expectativa, já
que estou com a guitarra principal da banda nesse momento, ele será apenas um
complemento do que farei. Davi vira para trás me encarando, e eu, por um
momento, me sinto perdido. Porra! Quando era mesmo a entrada? Eu sei essa
porra de música, só pode ser o nervosismo.

— Comece a tocar essa merda — Don sussurra em minhas costas,


segurando meu baixo.

Pelo canto dos olhos eu vejo Dash se preparando para segurar a barra
caso eu não comece a tocar. Mas tudo se encaixa em minha cabeça, ataco a
guitarra com toda a raiva que venho acumulando esses anos, a plateia grita
empolgada pelo solo que toco. Porém, apesar de ter arrebentado de verdade no
primeiro refrão, eu demoro para pegar o jeito e mesmo assim acabo errando
alguns acordes, recebendo olhadas estranhas dos caras. Olho para a plateia
andando até o começo palco no segundo solo, o suor escorre por minha testa e
por minhas costas, encharcando minha camisa.

A plateia pula animada com a música, não devem ter percebido meus
pequenos desarranjos.

A porra toda desanda quando percebo que não estou apenas tocando as
partes da guitarra como também do baixo, fazendo Don parar de tocar e me
encarar com ódio. Por vezes Davi, Dash e Dylan me encaram como se
perguntassem o que está acontecendo. Porra, eu não sei, não sei por que estou
errando. As músicas estão grudadas em minha mente desde que a tocamos pela
primeira vez. Ah, que se foda, tinha que ser o Don para compor essa merda.

A guitarra deveria ser ouvida com força total ao longo de toda a música.
Davi tem uma voz poderosa, ele poderia muito bem gritar sua rouquidão a noite
toda para ser ouvido acima da guitarra.

Mais algumas notas soam erradas para os meus ouvidos e amaldiçoo


meus companheiros de banda a cada nota mais aguda e arranhada. Se eles
tivessem me deixado tocar mais vezes, tudo não soaria tão estranho agora. Eu
tocaria de um jeito mais natural, sem esforço. Mais uma vez eles estão me
impedindo de brilhar.

Assim que o palco fica novamente no breu, eu jogo a guitarra para o


roadie mais próximo e saio marchando de tão puto para meu camarim. Os gritos
e aplausos me acompanham até que chuto com força a porta, me isolando de
toda essa merda. Arranco minha camisa suada jogando-a no canto oposto,
empurro a cadeira, se tivesse um saco de porradas estaria dando socos.

— Que porra foi aquela, Drake? — A porta do meu camarim se abre com
violência mostrando os quatro panacas plantados ali e o pior de todos me
encarando, Don. — Diga, você quer tanto meu lugar que não percebeu que um
mísero erro da guitarra destrói toda a composição ou será que você não percebeu
que chamamos o que eu toco de guitarra principal por um motivo?

— Vai se foder, Don! — grito, me mantendo afastado. Só Deus sabe o


que faria com esse rostinho de princesa se estivesse próximo o suficiente.

— Don, vai tomar um ar. Eu quero falar com Drake — Davi pede.

Estou tão irritado que me jogo na poltrona mais próxima, vendo Don sair
com os outros, deixando que Davi feche a porta e se encoste nela. Eu não quero
ser grosseiro com ele, mas a raiva e frustração queimam minha garganta de uma
maneira que estou fazendo o máximo para me controlar.

— Caí fora, cara, me deixe quieto.

— Que merda foi aquela? — Davi quer saber. — Você disse que sabia as
músicas, enfrentou Don, fez toda a banda andar pisando em ovos por dias.

— Estou enferrujado, se ele... se vocês deixassem que eu aparecesse


mais, eu não teria errado os acordes.

— Aquilo não é por não tocar uma guitarra, Drake, você mal soube
quando começar a tocar. Nem fazia ideia do que estava tocando, sua sorte é que
os fãs estavam mais prestando atenção na mudança e empolgados, do que
propriamente no som.

— Então não teve porra de problema nenhum, pronto. Assunto


encerrado.

— Viu só? É por esse e outros motivos que vão dizer não sobre isso,
Drake. Já passou do tempo de você ver que a banda não é mais sobre cinco
garotos que queriam brincar ou que queriam beijar meninas populares do
colégio. Não se trata mais disso, música é minha vida, essa banda é minha vida.

Evito mais uma vez responder Davi, eu sei o quanto a banda é importante
para ele, o quanto ele lutou para estar onde está. A D’Five também é muito
importante para mim, eu amo tocar, por mais contraditório que seja eu amo até
esses babacas. Mas não estou contente com eles tentando barrar alguém tão
impressionante quanto eu.

Davi solta um suspiro alto, passando a mão pelos cabelos arrepiados.


Trazendo minha atenção novamente para ele.

— Vou falar para Pet te acompanhar até o hotel, pense no que anda
fazendo, Drake. Eu amo você pra cacete, mas não posso ser mais sua babá. Nem
ficar dando broncas como se fosse seu velho, sei que você adora curtir a vida,
passamos anos fazendo isso juntos, mas tudo tem limite.

Volto a encarar a porra do espelho enquanto Davi desiste de falar comigo,


abre a porta deixando toda a algazarra do corredor corroer meu ouvidos, até
mesmo quando ele sai, fechando a porta atrás de si, o barulho permanece por
alguns segundos dentro do camarim. Até que fico no completo silêncio.


CAPÍTULO OITO

BIANY

Rolo o mouse pela tela do notebook lendo a matéria que Mackenna tratou
de enfiar em meu nariz logo que cheguei: “D’FIVE ESTÁ EM TURNÊ NO
BRASIL”. O que eu tenho a ver com aqueles caras? Basicamente nada, ou nada,
até o dia em que Drake Morrison me salvou de um abuso em um bar qualquer no
centro de Los Angeles. Se Mackenna tivesse cumprido o que prometeu e
chegado no horário, eu não teria encontrado com aqueles dois pervertidos
nojentos. Mas enfim, foi assim que conheci pessoalmente o baixista da banda e
para desmaio total de minha melhor amiga, o resto da banda também. Já que o
fato de Drake Morrison ter me salvado daqueles brutamontes, tinha causado
algumas escoriações nele, me fazendo acompanhá-lo até o hospital para fazer
alguns exames e algo sobre um sobrinho decidir nascer naquele mesmo dia.

— Esses caras são um tesão — Mackenna sussurra em meu ouvido,


enchendo novamente a caneca de café.

— Um tesão e praticamente todos casados. — Debocho, vendo o sorriso


dela morrer nos cantos dos lábios. — Pare de sonhar com alguém que está fora
do seu alcance e leve o café para a mesa oito, temos um viciado em cafeína
encarando você.
— Puta merda! — exclama quase derrubando o café.

Sorrio para minha amiga destrambelhada, dando mais uma olhada na


página. Há algumas fotos dos integrantes da banda, inclusive uma um tanto
reveladora de Drake. Seu corpo está nu, tirando pelo fato que ele tem um
contrabaixo escondendo suas partes íntimas. Suas pernas são compridas,
musculosas e torneadas. As mãos seguram firmes o instrumento, os cabelos
bagunçados. Do mesmo jeito que me lembro que estavam naquela noite.

Ele é quente, isso preciso admitir, mas Drake tem aquele olhar de dono
no mundo, um olhar que pisca em vermelho escarlate “Problema, sou bad boy e
vou foder com sua vida.”

— Bom, para quem gosta de correr alguns riscos. Até que vale o risco —
concluo, fechando a matéria sobre a banda. E nem cogito em comentar que
recebi uma ligação do tal gostosão que Mackenna é fissurada. Se tem uma coisa
que tenho muito para fazer é trabalhar, não dá para ficar admirando astros de
rock cheios da grana, muito menos um que tem um código de barras tatuado na
coxa. Quem tem um código de barras tatuado no próprio corpo?

Sacudo a cabeça levando para longe esse tipo de pensamento e a imagem


dele quase pelado ainda gravada em minha retina. A cafeteria é uma loucura pela
manhã e eu tenho sorte de ter esse emprego, ainda mais por poder trabalhar em
um horário flexível por causa de Josh.

Mackenna volta colocando sua bandeja sobre o balcão, desabando em


uma das banquetas altas ao meu lado.

— Acho que vou precisar de uns cinco tipos diferentes de café para me
manter alerta hoje.

— Se você não tivesse saído ontem para sua noite selvagem, estaria
disposta — brinco.
— Puta que pariu, amiga, quem me dera ter tido essa noite selvagem que
você está falando, o cara mal pagou a parte dele no restaurante e ainda me fez
pagar o motel.

— Fale baixo, sua maluca.

— É sério. E transar que é bom? Que nada, foi uma meleca. — Ela
continua narrando seu vigésimo encontro frustrado.

— Talvez você devesse parar de tentar caçar príncipes em lagoa que só


tem sapo — comento.

Mackenna dá de ombros.

Ela é viciada em redes sociais de namoro, acredito que todas que possam
existir no mundo hoje em dia, Mackenna tem um perfil, o que a leva para alguns,
senão, muitos encontros furados.

— E nosso pequeno, como ele está?

— Passando por uma semana difícil.

— Logo ele estará melhor, amiga, eu acredito nisso, Deus não será tão
sacana a ponto de deixar meu pequeno mal.

— Não brinque com isso, já ouviu aquele ditado que Deus castiga?

— Ele deveria castigar aquele pinto mole que saiu ontem comigo.

— Você não tem jeito — digo, segurando o riso.


Josh foi diagnosticado com arritmia cardíaca desde que nasceu, segundos
depois de nascer ele foi arrancado de meus braços e entubado. Segundo os
diversos médicos que consultei até hoje, Josh tem um pequeno, porém, muito
significativo defeito estrutural congênito. Por isso, seu tratamento se baseia em
remédios caríssimos e no final do túnel uma cirurgia. Deus sabe quanto eu rezo
todas as noites para que esses remédios façam seu papel e o livrem disso. Mas se
por um lado tenho essa preocupação diária com meu filho, por outro sou
totalmente grata pelo menino esperto, educado e gentil que ele é. E... bem
levado, como qualquer criança.

— Estou um caco, o que houve? Tivemos alguma promoção de café e eu


não estava sabendo? — questiono, sentando em uma das banquetas vazias
enquanto Mackenna termina de fechar a porta.

— Hoje realmente foi punk. — Ela se junta a mim, massageando o


próprio pescoço.

Expulso a preguiça me levantando.

— Eu vou indo, tenho que dispensar a babá.

— Essa está durando.

— Nem me fale, ele ainda jura de pés juntos que não fez a outra pobre
coitada cair da escada — digo, rindo.

— Mande um beijo para aquele pestinha.

Enfio minhas coisas dentro da bolsa me despedindo de Mackenna.


DRAKE

Estou me sentindo com oito anos de idade sentado nessas poltronas,


apenas encarando a assistente de Mich atender ligações e massacrar seu
computador com aqueles dedos de gavião, como um garoto que arrumou a
primeira briga no colégio e espera pela bronca do diretor. Olho para o relógio
pela milésima vez e nada de Mich sair da porra do seu escritório.

Encerramos a turnê com excelência. A pedido tanto do Davi como da


Shan, controlei minha irritação durante o show no Rio de Janeiro e até mesmo
durante o da Argentina. Isso tinha sido um milagre até para mim, não que os
caras se mantiveram perto de mim tempo suficiente para que soltasse o que
estava engasgado em minha garganta. No fundo foi bom mantermos essa
distância.

— Sr. Morrison, Mich aguarda você.

Levanto de maneira preguiçosa, estralando os dedos da mão. Mando um


beijo para a... como é mesmo o nome dela? Ah, que se dane! O escritório do
nosso empresário é um luxo completo, poltronas de couro enfeitam o lugar,
assim como uma imensa mesa de reunião fica do outro lado. A vista então é de
foder com os olhos. Qual o valor que esse filho da puta nos arranca por ser nosso
empresário?

— Drake, sente-se.

— Fala aí, por que fui convocado para essa reunião? Os outros vão
aparecer também?

Mich se encosta na cadeira, encarando meu rosto.

— Não, seremos apenas eu e você.


— Ih, que porra aconteceu? Se foi por causa do que houve na turnê, saiba
que estou apenas querendo o que tenho direito.

— Não é sobre a turnê, mas isso também seria um assunto para estarmos
conversando. — Mich endireita sua postura, apoiando os cotovelos sobre a mesa.
— Recebi uma proposta enquanto vocês estavam fora, eu iria fazer essa proposta
para Davi ou Don...

— Claro, o principezinho filho da mãe.

— Posso terminar de falar? — Mich revira os olhos. — Como estava


dizendo, estou com uma proposta muito boa. Tenho um amigo produtor que está
investindo pesado em um filme, algo tipo High School Music, essas merdas
adolescentes.

— E que porra eu tenho com isso?

Mich novamente ignora o que eu falo.

— Eles estão procurando alguém despojado, alguém que adore seu


próprio umbigo. Ou seja, alguém exatamente como você. Eles querem um
pequeno astro do rock e isso caiu perfeitamente sobre seus ombros. Se você
quiser, podemos ajeitar as coisas, você pode tirar uns dias para contar para a
banda e decidir se aceita ou não.

Tirar uns dias uma porra, contar para banda? Pra quê? Para eles
derrubarem mais uma oportunidade para mim? NUNCA!

— Eu aceito!

— Você nem ouviu sobre o cachê, não sabe qual será seu papel...
— Você disse que eles precisam de alguém descolado, alguém que seja
demais e astro do rock, todos sabemos que eu sou. E outra, se eles querem
alguém tão foda assim nunca será para um papelzinho qualquer.

— Tudo bem então, vou passar tudo para meu amigo e a produção dele
entrará em contato com você.

Vou ser um astro, vou ser ainda mais sensacional!

— Ótimo! — digo, sentindo a leve excitação ferver dentro de mim.

Acordo com um martelo destruindo meu crânio, porra, eu pensei que


tinha me livrado dos barulhos quando me mudei para esse cafofo. Tento abrir um
dos olhos e a claridade me cega instantaneamente. Merda!

— Querido, eu preciso mesmo do sutiã que você está vestindo.

Arregalo os olhos vendo a loira com os peitos quase enfiados em minha


cara, um amplo sorriso estampado no rosto. Coço minha barba por fazer,
bocejando. Mas não deixo de me aproximar de seu corpo e sugar seu seio,
arrancando uma risada dela.

— Olha, gata, eu sinceramente não me lembro de você. — Retiro o sutiã


preso em um dos meus braços, entregando para ela.

—Drake, não esperaria menos de você.

Sento na cama olhando confuso para a peituda. Que porra de papo é


esse? E de onde eu tirei essa maluca? A única coisa que me lembro é que tinha
me enfiado num bar do centro e ter apagado ali mesmo. De todo mal, pelo
menos cheguei em casa inteiro.

— Oh...

Ela me encara vestindo a blusa.

— Clara.

— É, isso aí! Clara, que papo é esse que não esperava menos de mim,
pelo jeito que acordei com você enfiando seus peitos na minha cara e o enorme
sorriso que deu quando eu os chupei, bem fodida você foi.

Ela arqueia a sobrancelha fechando o zíper da saia.

— Sim, até que bem fodida, como você mesmo disse, eu fui. Mas
sabemos que você é apenas conhecido por isso, né?

— Porra, isso era para aumentar meu ego?

A tal da Clara solta uma gargalha andando pelo quarto enquanto busca
suas coisas no meio das caixas entulhadas no meu quarto.

— Ambos sabemos que você não precisa de ninguém inflando seu ego.
Acorda, Drake, eu só quis dizer que você é isso: sexo, muita bebedeira e um som
razoável.

— Uma porra. Olha se eu não tivesse de bom humor já teria chutado


você para fora. Que porra de som razoável?
Ela ergue as mãos para cima em forma de rendição.

— Vamos lá, você estava num bar badalado em Los Angeles, entrou sem
nem mesmo apresentar um documento para os seguranças, o que fez não só eu,
como algumas mulheres prestarem atenção em você. Conta também o fato que
você deixou sua BMW parada de qualquer jeito em frente ao bar?

Esboço um sorriso, voltando a me deitar com os braços atrás da cabeça.

— E aposto que foi por tudo isso que você decidiu vir parar em minha
cama, ou seja, você é interesseira.

— Foi uma aposta com minhas amigas. Como ia dizendo, um cara tão
foda como você nem precisa me expulsar. Estou realmente atrasada. Muito
obrigada pela noite. Foi... divertido. — Clara anda até mim selando meus lábios
com os seus e sai do meu apartamento fechando a porta com um baque suave,
deixando-me olhando para onde ela estava segundos antes praticamente jogando
na minha cara que eu fui a foda dessa noite.

Pelo menos ela não reclamou da transa. Sacudo o cabelo, preciso renovar
minha cara, agora sou um astro do cinema, não posso sair com qualquer
aparência. Mich, e muito menos eu, não informou os caras, pelo menos por
enquanto. Queremos oficializar realmente a proposta, tudo indica que semana
que vem já estarei fazendo o piloto para o filme e fazendo a primeira sessão de
fotos. Isso é demais.

Quando chegamos da Argentina, minha segunda atitude foi largar o


ninho, simplesmente escolhi um cafofo de qualidade no bairro mais incrível de
Los Angeles, bem no centro de tudo que é bom e me mudei. Me espreguiço
vendo a quantidade de entulho que tem espalhado pelo lugar, os móveis ainda
estão entulhados e fora dos devidos lugares. Merda, se é assim que a vida de
adulto começa, eu já estou pulando fora. Preciso de alguém para arrumar toda
essa bagunça.
Caço meu telefone por todo canto, encontrando-o jogado do outro lado
do quarto, embolado em minha cueca.

— Não vai me dizer que já não está aguentando morar sozinho... Faz o
quê? Umas três semanas?

— Sai, seu merda! — digo, sorrindo.

— Olha, se você também está se convidando para o almoço, sinto dizer


que já passou do horário e eu acabei de comer. — Davi tripudia do outro lado
da linha.

— Puta merda, agora fiquei realmente chateado. Perdi o almoço do


Chico — brinco. — Paspalho, não é por isso que estou ligando, você sabe
alguém que organize uma mudança?

— Não, eu não estou escutando isso. Porra, Drake, você não sabe
desempacotar suas próprias coisas? Quer dizer que suas coisas ainda estão
dentro de caixas? — Davi gargalha do outro lado da linha.

Reviro os olhos, encarando a vista que meu novo quarto tem.

— Não é bem assim, mas diz aí, conhece ou não?

Davi tenta controlar a risada, passa alguns segundos até que ele volte ao
normal e possa falar sem ter um surto.

— Shan deve conhecer alguém, eu posso ver e te falo.

— Ok, vacilão.
— Porra, cara, essa foi a mais...

— TCHAU! — digo, encerrando a ligação.

Outro lado bom desse apartamento é que na outra quadra tem uma
cafeteria e isso é fantástico para quem acordou faminto. Reviro as primeiras
caixas tentando encontrar algo decente para sair, mas, porra, o que as caixas do
banheiro estão fazendo no meio do meu quarto? Vou para outro canto revirando
tudo e nada das porras das minhas roupas.

— Que merda! — exclamo, chutando as caixas para longe. Pego a


mesma roupa que vesti ontem, vestindo a calça sem cueca mesmo, só vou ali
tomar um café e não sou de frescuras.

O dia ensolarado me cega assim que piso para fora do hall do prédio,
puxo os óculos de sol colocando sobre os olhos. Como é perto, decido ir
andando e é delicioso cruzar com algumas meninas e verem que elas param do
nada ao me reconhecer. Mando alguns beijos e piscadelas entrando finalmente na
cafeteria, agradecendo pelo jato de ar frio que banha minha pele assim que entro.

Sento em umas das mesinhas do fundo, apesar de adorar as fãs, quero


comer em paz, não quero ninguém controlando quantas migalhas caem de minha
boca enquanto devoro um bolinho de maçã.

Uma das garçonetes roda pelo lugar com a bandeja explodindo de coisas,
quando finalmente sua bandeja está vazia faço um sinal com a mão chamando
sua atenção. Ela tem uma bela bunda empinada.

— Jesus! — exclama, deixando a bandeja cair de maneira ruidosa sobre


o piso do café, chamando atenção dos outros clientes. A atendente bonitinha fica
vermelha, recolhe com rapidez a bandeja do chão e vem em minha direção. —
Cristo, é você mesmo?
— Olha, gata, não sou bem Jesus, nem Cristo. Mas posso te salvar em
algo.

Ela solta uma risadinha nervosa.

— Drake Morrison. Dá para acreditar?

— Em osso e muita carne — digo, escondendo o riso.

— É, isso eu já percebi. Muito mais gato do que nas fotos, você pode me
dar um autógrafo?

— Claro, onde deseja? Peito, barriga, bumbum? — pergunto puxando


sua caneta no bolso do avental. — As fãs são meio safadinhas às vezes.

Ela torna a ficar vermelha.

— Pode ser num guardanapo mesmo.

Esboço um sorriso galante autografando um guardanapo e volto a


guardar a caneta juntamente com meu autógrafo em seu bolso.

— Que tal agora um bolinho de maçã e uma caneca fumegante de café?


Estou morrendo de fome.

— É pra já — ela diz saindo apressada em direção do balcão.

Enquanto espero meu pedido chegar, abro alguns sites de fofoca pelo
celular, me atualizando de tudo que podem ter falado da banda ou de mim pela
internet. Mas um garoto sentado em uma das banquetas altas do balcão chama a
minha atenção, ele batuca frequentemente o garfo na ponta do prato, irritando
quem está por perto.

— Aqui está, um bolinho de maçã e um café.

Desvio os olhos do garoto, eu conheço essa voz, onde foi que ouvi?
Porra, será que já fodi com ela? Ergo o olhar, vendo um corpo lindo, curvas bem
acentuadas, seios fartos por baixo da camisa branca, boca carnuda e... Biany?

— Só pode mesmo ser coisa do destino — comento, encarando o rosto de


anjo negro.


CAPÍTULO NOVE

Ela esboça um sorriso simpático e... só. Nada de especial sai daquela
boca carnuda, apenas um simples.

— Oi, Drake.

— Nossa, achei que ficaria feliz em ver seu herói — brinco, dando uma
mordida no bolinho que ela acaba de colocar em minha frente, me deliciando
com os pedaços de maçã caramelada.

— Acredito que você já está tendo comoção demais, quase fez minha
amiga desmaiar e ainda tem atenção de quase setenta por cento da clientela.

Biany empurra a caneca com meu café para perto e isso é tempo
suficiente para que eu segure sua mão.

— Como você está?

— Bem, obrigada.

— Eu estava pensando em você. — Minto. Bem, não é necessariamente


uma mentira. Eu andei fantasiando com ela algumas vezes, até liguei bêbado
para ela uma vez.

— Hum... isso deve ser péssimo — ela retruca, sorrindo.

— Pode apostar que não, Bibi.

— Bibi?

Deixo o café sobre a mesa, totalmente esquecido nesse momento, tenho


algo melhor para dedicar minha atenção. Deixo meus olhos vagarem pelo belo
corpo em minha frente, Biany seria uma excelente distração. É uma mulher
bonita, inteligente. Isso pode ser bom para mim.

— Já somos íntimos — respondo sua pergunta.

Ela concorda, sorri ligeiramente colocando a bandeja debaixo de seu


braço esquerdo e sai, me deixando sozinho na mesa, como se eu fosse mais um
de seus clientes pé no saco. Hoje realmente não posso culpar os homens por
darem em cima dela, até de forma agressiva como na primeira vez que nos
vimos.

Biany dá a volta no balcão e vejo que troca algumas palavras com o


garoto batuqueiro, ele concorda e aponta algo para além dela, que rapidamente
sai para atendê-lo. Pego minha caneca e meu bolinho mordido me jogando sobre
uma das baquetas vazias, sentando ao lado do menino, rezando para que ele não
comece com aquela sinfonia terrível.

— Que tal um jantar? — questiono assim que ela para em minha frente
para entregar um enorme pedaço de bolo de chocolate para o menino, que, por
sua vez, me encara como se estivesse vendo um inimigo. Encaro o rapazinho,
arqueando a sobrancelha, com muita vontade de perguntar se ele não tem nada
mais útil do que encarar os outros. Que coisa, a mãe desse pirralho não deve ter
dado educação. Mas o que sai da minha boca é bem diferente. — Quer um
autógrafo, rapazinho?

Ele espreme os lábios, ainda me encarando.

— E eu lá te conheço?

Que moleque atrevido!

— Vendo pelo seu tamanho, pirralho, acho que nem teria a possibilidade,
mas saiba que eu sou muito famoso. As mulheres me amam.

— As mulheres amam o Richard Gere. Você? Com certeza não — ele


retruca.

— Quem é esse tal de Gere? — pergunto e ele revira os olhos, colocando


uma das mãos sobre a testa.

— Cara, Richard Gere é o sonho de muita mulher, inclusive da minha


mãe. O cara fez “Uma linda mulher”, “A força do destino”, “Dança comigo”. —
Ele interrompe o que diz ao ver que continuo negando com a cabeça. Eu vou lá
saber quem é a porra desse cara.

O moleque solta um suspiro se virando na banqueta, ficando quase de


frente para mim.

— Vamos lá, sem cérebro. O cara tem duas ex-mulheres lindas e uma
mulher gostosa...

— Josh! — Biany protesta segurando o riso.


Ele a encara por um segundo antes de voltar sua atenção para mim.

— Se você não conhece ou não sabe por que as mulheres caem aos pés
desse cara, eu só posso dizer que você não faz sucesso com as mulheres, como
diz.

— Uau! Moleque atrevido.

— Josh, você não tem dever para fazer?

Ele dá de ombros, pega o prato com seu bolo e sai em direção ao fundo
da loja.

— Gostei desse moleque.

Biany sorri, olhando o rapazinho abusado até sumir de nossas vistas.

Jogo o cabelo para o lado, voltando-me para Biany.

— Então, o que me diz sobre meu convite?

— Olha, não acho uma boa ideia. — Ela não deixa que eu diga nada e
trata logo de acrescentar. — Drake, vivemos em mundos completamente
diferentes, somos completamente opostos, mas olha aí, você é... Você, né. Eu sou
uma simples garçonete numa cafeteria que rala muito para ter minhas coisas.

— Ei, espera aí, tá querendo dizer que não ralo por minhas coisas?

Ela afasta uma mecha do cabelo apoiando os cotovelos sobre o balcão,


fazendo meus olhos irem diretamente para sua boca carnuda — o que é incrível,
já que seus seios ficam em grande evidência quando ela se apoia sobre o balcão.
Sério, ela tem uma boca de veludo. Tenho certeza que um boquete de Biany seria
capaz de levar o homem até a Lua.

— Não foi isso que disse, apenas que não combinamos. — Biany encara
para além do meu ombro, me fazendo girar na banqueta e encarar três garotas de
sorrisinhos frouxos.

— Drake? Ai, meu Deus! Drake Morrison.

— E aí.

— Você pode nos dar um autógrafo? — pergunta a mais risonha e


gordinha das três.

— Uma foto também, ninguém vai acreditar que eu estive com você.
Meu Deus! — diz. quase surtando.

— Claro! Me digam onde vocês querem meus rabiscos?

— O meu quero aqui — a morena diz mostrando a barra da camisa


branca que veste.

Viro para Biany com um sorriso zombeteiro no rosto.

— Você tem uma caneta permanente?

Ela revira os olhos indo até o caixa, revirando o porta canetas. Pego a
caneta que ela empurra em minha direção pronto para assinar a camisa.

— E você onde quer?


— Pode ser em qualquer lugar? — pergunta me olhando com malícia.

Solto uma risada baixa.

— Pode, porém, o lugar que você deseja provavelmente deixará algumas


pessoas com raiva.

Ela faz um beicinho ao ser contrariada.

— Então pode ser aqui — diz apontando para a própria cintura.

Eu nunca entendi essas fãs que desejam seus autógrafos pelo corpo, qual
a lógica disso? Em vez de pedirem em um papel em qualquer outro lugar, até
mesmo para venderem, como já aconteceu. Não que eu vá reclamar sobre o fato
de assinar os seios e até mesmo a virilha das fãs.

Assino sua cintura dando uma lambida perto do meu autógrafo. Fazendo
ela dar gritinhos empolgados. A gordinha me entrega um guardanapo, logo
assino devolvendo com um sorriso simpático. Eu quero que elas vão logo
embora para poder terminar minha conversa com Biany.

— Meu Deus, eu estou tremendo.

— Mal acredito que cruzamos com você, nossa! Os outros estão por
aqui? Meu Deus, já pensou em também encontrar Davi? Don... Eu acho que
desmaio.

Meu sorriso morre nos cantos.

— É, gatinha, infelizmente sou apenas eu. — Faço um beicinho


contrariado de puro charme, fazendo elas derramarem uma enxurrada de elogios
sobre mim, aproveitando para abusarem e me agarrarem.

— Tudo bem, tudo bem, garotas. Agora eu realmente preciso terminar


minha conversa com aquela moça — aponto para Biany do outro lado do balcão,
sei que ela está me encarando, não preciso virar para sentir seu olhar queimando
em meu corpo sexy.

Depois de tirar foto com cada uma delas e mais um monte com as três
juntas. Elas finalmente me deixam em paz para girar sobre a banqueta e voltar
minha atenção para Biany.

— Ufa. Onde paramos?

— Que tal na parte que você entende que entre meu mundo e o seu existe
um enorme buraco negro com umas mil galáxias entre eles? Pode também pagar
seu café e parar de tumultuar meu trabalho?

Me balanço na banqueta brincando com ela.

— As melhores coisas nem sempre combinam — afirmo. — Veja só,


manteiga de amendoim com geleia. — Seguro o riso vendo a careta instantânea
que ela faz. — Viu, a primeira reação é rejeitar, mas quando provam, adoram.

— Continuo achando que não é uma boa ideia.

Ela se afasta por um segundo entregando mais uma bandeja de cafés para
a outra atendente, me fazendo trocar de lugar para me aproximar novamente
dela.

— Me dê uma boa razão e eu desisto.


Meu celular começa a vibrar dentro do bolso, mas ignoro, tenho algo
muito mais interessante em minha frente. Biany é uma mulher sexy e tem algo
que torna tudo ainda mais excitante sobre levá-la para cama. Ela não tem
interesse nenhum em mim, o que torna minha caçada ainda melhor.

— Incompatibilidade não é um excelente motivo? — pergunta, limpando


algumas canecas sujas.

Merda de telefone! Arranco o aparelho do bolso vendo que quem insiste


tanto em me ligar é a Shan, essa eu tenho que atender.

— Só um segundinho. — Aceito a ligação. — Fala.

— Nossa, educação passou longe. Tudo bem, Drake? Enfim, Davi me


pediu para arrumar uma pessoa para te ajudar com a mudança, eu estou
mandando para seu apartamento nesse instante.

— Isso é ótimo, Shan. Estou indo para lá agora mesmo. Valeu, coração
— digo, rindo.

— É, é, não me agradeça. Você está me livrando de uma dor de cabeça


hoje...

— Shan! — chamo atenção dela. — Parei de prestar atenção depois do


“não me agradeça”.

— Tchau, Drake!

Encerro a ligação rindo ainda mais. Eu adoro provocar essa mulher!


Antes de sair do café viro para Biany que está atendendo um cliente e digo:
— Essa nossa conversa ainda não terminou.

Ela me olha, mas não diz nada. Me dou por satisfeito, sei que ela vai
terminar esquentando minha cama mesmo, é questão de tempo.

Duas horas se passam e nada da tal pessoa que Shan indicou chegar.
Porra, eu poderia estar fazendo algo mais útil do que ficar sentado no sofá com
um monte de caixas à minha volta.

Estou pronto para ir caçar novamente meu celular por esse apartamento e
ligar para Shan, quando a campainha toca como uma maluca.

— Estou indo! — grito da sala.

A campainha dispara outra vez, me fazendo bufar.

— Mas que inferno, não escutou eu dizendo que já estava vindo? —


reclamo assim que abro a porta.

Meus olhos rapidamente são capturados por coxas expostas em um micro


shorts, se é que aquele pedaço minúsculo de pano pode ser considerado como
uma peça de roupa. Subo meus olhos mais um pouco vendo uma cintura
definida, mignon... bom, isso será mais divertido do que eu previ.

— Pelo jeito sua irritação acabou.

Levanto os olhos dando de cara com Julianne e é obvio que um sorriso


safado se infiltra em minha carranca.
— Realmente você está melhorzinha, o tempo te fez bem.

Ela encara as próprias unhas, perfeitamente pintadas.

— Sabe, Drake, queria poder dizer o mesmo, mas tudo que é bom precisa
ser provado.

Gargalho alto.

— Não se faça de santa, você sabe muito bem como é o Drake aqui, pode
acabar deixando você assada. Esqueceu do verão do ano retrasado?

— Ah, se passou tantos depois, mal lembro. Você vai me deixar plantada
aqui na soleira ou vai me convidar para entrar?

— Eu posso saber como descobriu meu endereço? Sua tia não vai gostar
muito da ideia. Lembro que ela foi bem explícita sobre manter os paus
escondidos quando você estivesse no mesmo ambiente.

Mesmo dando uma de cauteloso, por saber exatamente a raposa


encrenqueira que Julianne é, permito que ela entre em meu apartamento.

— Bem, foi exatamente minha titia que me mandou vir.

Arqueio a sobrancelha, encucado.

— Shan?

Ela passa por mim, dando uma longa olhada para meu apartamento.
Confesso, tá tudo uma zona, mas ele tem uma das melhores vistas de Los
Angeles.
— É, talvez também tenha algo a ver com Alana tendo chilique porque
fiquei próxima demais do Dylan. E como temos toda essa história de gravidez e
todo blablablá, vim parar aqui.

— Entendo.

— E convenhamos, você realmente precisa de uma ajuda para arrumar


isso daqui. O que eu proponho é simples, eu arrumo essa bagunça, ganho a grana
que minha titia prometeu e você me leva para jantar em algum restaurante
badalado.

Coço a nuca, protelando responder.

— Você sabe que eu estaria correndo o risco da sua tia arrancar minhas
bolas, não sabe?

— Sim, e ambos sabemos que você nunca ligou para isso, não é mesmo?
Mas se você quiser posso te deixar com essas caixas e... — Ela interrompe o que
fala pegando uma cueca boxer, vira o rosto para mim mordiscando o lábio
inferior. — Acredito que será bastante interessante arrumar a bagunça do grande
Drake Morrison, posso até leiloar algumas peças mais polêmicas na internet.

Bufo revirando os olhos.

— Eu topo, mas você terá que deixar tudo um brinco. E nada de ficar
roubando minhas cuecas ou minhas coisas, entendeu?

Ela esboça um sorriso simpático, joga de volta a cueca para dentro da


caixa, deixa a bolsa no sofá e começa a andar pela sala olhando o conteúdo das
outras caixas. Eu não conseguiria arrumar isso sozinho mesmo, provavelmente
continuaria morando assim durante um bom tempo até criar coragem de
desmontar alguma coisa.

— Você, em algum instante, pensou em nomear as caixas?

Dou de ombros me jogando no único espaço vazio do sofá.

— Por isso que chamei alguém para fazer isso.

Olho para o relógio em meu punho, já passa das sete da noite. Quando
Julianne se embrenhou no quarto após terminar a sala, eu tratei de deitar no sofá
e jogar meu novo jogo do Injustice 2. Mas já estou quase dando pausa e
procurando onde aquela maluca se meteu, meu estômago também está
começando a roncar de fome.

— Uau, você tem um chuveiro e tanto. Parece que entrei em uma


cachoeira.

Viro no sofá encarando aquela diabinha vestindo meu roupão,


perigosamente aberto onde não deveria estar.

— Esse roupão é meu, nunca te ensinaram a não pegar o que não é seu?

— Oh, desculpe, Drake — ao dizer isso ela deixa o roupão cair,


mostrando o belo corpo. Eu poderia virar o rosto, fingir uma decência que não
tenho nem nos últimos fios de cabelo. Porém continuo encarando Julianne
totalmente nua e molhada no meio do meu apartamento, acho que minha fome
pode mudar um pouco de figura. — Gosta do que vê?
Mordo levemente o canto da boca, isso é errado, estou entrando num
jogo que posso ser constantemente chantageado. Afinal, é o jogo dela. Uma vez
me disseram que meu cérebro foi substituído por um pau alienígena e, após ouvir
o que acaba de sair da minha boca, acabo concordando.

— Para saber você teria que perguntar diretamente, sabe do que eu estou
falando, pequena Julianne?

Ela caminha confiante até mim, suas mãos já procuram pelo zíper da
minha calça, arrancando-a junto com a cueca de uma vez, o que me faz sorrir.
Em menos de um segundo Julianne já está com a cabeça enfiada no meio de
minhas pernas chupando meu pau enquanto suas mãos tocam minhas bolas,
causando arrepios em meu corpo.

— Como sempre, uma vagabunda.

Ela suga com força meu pau, olhando em meus olhos. Minha mão agarra
seu cabelo, forçando sua cabeça para baixo, sentindo meu pau bater no fundo de
sua garganta. Em nenhum momento ela retruca ou se nega a fazer o que
proponho, ela gosta disso, sempre foi assim. Puxo sua cabeça, arrancando a boca
do meu pau, içando sua cintura para cima.

Julianne abre as pernas sentando sobre meu pau, minha mão livre
masturba seu clítoris, sentindo-o pulsar em meus dedos, molhado e sedento, ela
está inteira sedenta para ser fodida. Ela agarra meu ombros, enfiando
lascivamente a língua em minha boca ao mesmo tempo em que cavalga sobre
meu pau. Estamos literalmente fodendo, ela se esfregava de forma frenética
sobre meu pau, nossas línguas se esfregando de forma selvagem. Julianne finca
as unhas em meu ombro, apoia seus pés ao lado de minhas coxas no sofá
fazendo aquilo que fode o psicológico de qualquer homem. Juro, as mulheres
deviam entender que existem certas posições que conseguem acabar com
qualquer homem. Basta três metidas assim para o gozo subir na cabeça, minhas
bolas endurecem prontas para liberar meu orgasmo.
— Caralho, se você não diminuir o ritmo, ninfeta, eu vou gozar.

Ela ignora meu comentário, subindo e descendo com força sobre meu
pau. E o gozo vem rápido, varrendo meu corpo. Fazendo-me urrar cravando as
mãos na cintura de Julianne.

— É, você acabou com nossa brincadeira.

Julianne joga o cabelo para trás, saindo de cima de mim. Espero uma
reclamação, aquele “mi-mi-mi” sobre ter gozado e ela não, mas ela apenas volta
para onde tinha deixado meu roupão jogado.

— Espero pelo meu jantar, garanhão — diz, fechando o roupão com um


nó.

Coço a cabeça, bagunçando meu cabelo.

— Por que estou achando que entrei numa furada assim que abri a porta
para você, ninfeta?

Ela sorri de maneira sinistra.

— Porque provavelmente você entrou, vai dar para trás?

— Não, vamos ver o que você aprendeu nesses dois anos. — Dou de
ombros. — Até que essa provinha foi satisfatória — acrescento, dando um
risinho abafado.

— Filho da puta.

— Ah, baby, isso eu não posso discordar. Minha mãe deve ter sido muito
puta mesmo para fazer um cara tão foda como eu.

Ela revira os olhos, indo em direção ao meu quarto, provavelmente para


se trocar.


CAPÍTULO DEZ

As semanas seguintes foram lotadas de reuniões infindáveis com a


banda, que já tinha começado a trabalhar no novo álbum. Preferi ficar calado a
respeito do meu “sucesso iminente diante das câmeras”, algo muito difícil para
mim. Isso fez com que eu me apreciasse ainda mais, se os caras soubessem sobre
a minha capacidade de me manter calado todos os dias quando estava com eles,
certamente ficariam muito impressionados.

Inês, assistente ou sei lá o que ela fazia no escritório do tal produtor,


tinha me enviado com rapidez um e-mail contendo um contrato cheio de normas.
Um puta pé no saco. Tudo me pareceu bastante legítimo, mas mesmo querendo
assinar logo aquela merda, mandei para que Mich desse uma olhada. O que
resultou em uma conversa por telefone que me rendeu boas gargalhadas...

— Drake, você está prestando atenção no que estou dizendo? Tem


algumas partes importantes.

Acabamos de chegar em casa, paguei minha promessa com Julianne.


Tendo como sobremesa ela vir me chupando do estacionamento do restaurante
até meu apartamento, literalmente, aquela maluca não parou nem quando
entramos no elevador.

Olho para a expressão no rosto dela, prestes a gozar.


— Sim, Mich. Vamos lá, continue — digo para ambos, Julianne entende o
recado e começa a cavalgar pra valer sobre meu pau, fazendo que pequenos
espasmos percorram minha espinha. Sugo com força os seios dela, colocando
minha mão livre sobre sua boca para que o gemido dela não soe tão alto.

Mich continua com sua lenga-lenga infinita no meu ouvido e, na


verdade, de tudo que ele está falando até o momento foram poucas coisas que eu
realmente prestei atenção. Não tenho culpa de ter uma safada louquinha pelo
meu pau justo nessa hora. Como são duas coisas importantes, estou fazendo o
meu melhor nas duas. Ergo o quadril e estoco fundo a boceta rosada em minha
frente, indicando para que ela fique de quatro. Ela se vira rapidamente
empinando o cu em minha direção.

Goze, penso. Será o máximo ouvir você gemendo enlouquecida pelo meu
pau, daria tudo para ver a cara que Mich ficaria.

— Ó, Deus, sim… isso… aí mesmo… não pare… — ela grita de maneira


esganiçada.

Dou um tapa em sua bunda, eu quero que escutem ela gemer, mas
também não quero que descubram que é com a sobrinha da Shan que estou
fodendo.

— Porra, Drake. Você está fodendo enquanto eu falo sobre algo


importante? Você está disposto mesmo a levar isso adiante?

— Mich, se você está perguntando sobre as filmagens eu digo sim, mas


se quer saber se vou continuar fodendo... — Solto uma risada metendo mais uma
vez em Julianne, sentindo quase minhas bolas entrando também em sua boceta
quente e molhada. — Minha resposta também é sim.

— Jesus! Drake, quando você irá crescer? — Mich pergunta realmente


bravo.
Julianne começa a ficar mais ofegante, joga sua bunda para cima de
mim soltando um grito ainda mais alto, gozando feito uma louca. Aposto que
Mich achou incrível, mesmo que vá negar. Teve o privilégio de escutar uma
novinha como Julianne gozando profundamente, bom... ele com certeza vai
bater uma punheta depois. Gozo de maneira silenciosa, curtindo os choquinhos
que meu corpo libera por causa da excitação.

— Você sabe ser ridículo sem nenhum esforço — Mich resmunga.

Sorrio deixando a lembrança para lá, assinei o contrato no mesmo dia,


não queria perder mais tempo com isso, queria meu nome estampados em todos
os outdoors do mundo. Eu que não perderia meu tempo lendo quantos dias eu
precisaria me ausentar, ou quais compromissos poderia perder. Daqui três
semanas gravarei o piloto para o filme. Cara! Isso vai ser incrível. O script
chegou um dia após o contrato ser assinado, as cenas são ótimas, muita ação e,
principalmente, muito Drake Morrison.

Com o passar dos dias está ficando difícil esconder isso dos caras, Mich
também está todos os dias me cobrando essa posição. Então decidimos, iremos
contar para a banda sobre isso, logo meu rosto estará estampado por toda cidade
e, de acordo com Mich, não será legal para o futuro da banda e nem para nossa
convivência, que já anda uma merda, que descobrissem assim. Até coletiva de
impressa ele já planeja fazer. Eu odeio essas merdas.

A reunião foi marcada para a tarde em seu escritório, decidi dar atenção
na parte da manhã para minha pequena obsessão. Tinha deixado Biany em paz.
Não que aquele segundo encontro casual no café conte, naquele dia eu só quis
impor minha presença, mal toquei no assunto sobre nosso encontro, mas com o
passar dessa semana, está mais do que na hora de conseguir isso.

Entro na cafeteira vendo que está muito mais vazia do que as últimas
vezes, deve ser pelo horário. Talvez em meia hora eu seja descoberto por alguma
fã.
— Bi, teu perseguidor — Mackenna, a garçonete pirada nos D’Five,
brinca, mandando um beijinho em minha direção.

Sento na primeira banqueta que encontro livre, apoiando os cotovelos


sobre o mármore do balcão.

— E aí, lindinha, como estamos?

Mackenna sorri, balançando a cabeça.

— Você sabe que perseguir alguém é crime, certo?

— Bom, não seria perseguição se por acaso eu morasse a uma quadra


daqui — explico, sorrindo.

— Diga logo o que você quer, Drake, alguém aqui precisa trabalhar —
Biany retruca, parando em minha frente de braços cruzados. Talvez hoje não
esteja sendo um bom dia.

— Vim te ver e tomar um delicioso café expresso, antes de ter uma tarde
de completo pé no saco com meu agente.

Mackenna esconde o sorriso ao receber uma olhada feia de Biany, logo


tratando de sumir atrás da cafeteira.

— Drake, eu posso ser demitida se você continuar com suas


brincadeirinhas.

— Eu te sustento. — Lógico que estou brincando, quem sou eu para


sustentar uma foda? Nunca!
— Faz-me rir. Sério, o que você quer? — Biany pergunta, desaminada.
Olhando melhor, seu rosto parece abatido, como se não estivesse dormindo
direito.

— Você tem dormido bem, Bibi? — questiono, pegando-a de surpresa.

— Muito bem, por que a preocupação? — retruca, inflando o peito.

— Um rosto tão lindo como o seu não pode ter nem uma ruguinha de
cansaço.

Ela franze o cenho e faz um movimento, indicando que iria me deixar


plantado aqui, mas interrompo segurando sua mão.

— Uma noite e eu nunca mais te perturbo — digo, segurando firme sua


mão, obrigando-a a olhar em meus olhos. — Você quer isso — argumento.

Nem penso em mais uma de suas negativas fajutas, fracasso não é uma
opção para mim. Essa aproximação deixa meu corpo tenso. Porra, por que fui
encanar logo com uma que não sai gritando e implorando pelo meu pau dentro
dela?

Seus olhos continuam cravados nos meus, ora se perdendo em minha


boca, ora voltando para meus olhos.

— O que aconteceu com suas fãs malucas?

Inclino um pouco mais, os olhos chocolates de Biany se arregalam


minimamente.

— Escolhi coisa melhor.


— Uau! Onde está essa oferta incrível?

Biany é o tipo de mulher gostosa, seu corpo tem curvas, suas coxas são
grossas, os seios fartos. Caralho, só de olhar um pouco para seu corpo já sinto
meu amigo animado. Ela é puro chocolate derretido.

— Bem na minha frente, louquinha para pular esse balcão e cair sobre
mim.

Passo a ponta dos meus dedos pelo seu rosto, no melhor estilo sedução.

— Já disse que não.

— E eu disse que só vou parar quando te levar para jantar.

— Não sabia que motel anda recebendo outro nome.

Sua língua afiada me faz rir.

— Bom, se você quiser ir direto para lá, também podemos ir — comento,


acrescentando uma piscadinha.

Escuto a risada de Mackenna, que ainda está apoiada sobre o balcão


acompanhando nossa conversa. Realmente esse horário é muito bom. Quase
nenhum cliente, consigo ter a atenção de Biany toda para mim.

— Ah, Drake... Eu juro que tento, meu Deus, como resistir? — Ela se
curva toda sedutora sobre o balcão, fazendo meu sorriso triplicar de tamanho.

— É, eu sei. Sou irresistível, é uma tolice negar. — Passo a ponta do


dedo indicador sobre sua bochecha parando em seu queixo.
Ela solta um suspiro pesado, retira sua mão da minha ainda sorrindo.

— Como eu ainda não dei um soco em você? Isso que estou querendo
dizer. Mas acho que seu ego é tão imenso, mas tão imenso que eu não atingiria
sua cara, ou melhor, seu ego é maior que seu pênis?

Me afasto estreitando os olhos, que desaforada.

— Posso dizer que é tão grande quanto.

Biany revira novamente os olhos se afastando do balcão e retomando


suas tarefas. Ignorando completamente a amiga aos risos do seu lado e eu ainda
olhando para ela.

— Tudo bem. Vou dar mais uns dias para que reflita sobre meu convite,
tenho mesmo que ir. Por sinal, estou atrasado.

— Tchau!

— Até mais, Biany. — Despeço-me, frustrado por não ter conseguido


nada de novo com ela. Ô mulherzinha difícil.

— Atrasado, como sempre. — É a primeira coisa que escuto assim que


cruzo o imenso corredor até o escritório de Mich.

Será que eu sempre encontrarei um dos caras de mau humor? Eles não
conseguem ver como o dia está lindo?

— Cheguei! Pronto. Desculpem o atraso, eu estava fazendo algo


importante — comento, sentando na cadeira vaga. — E aí, galera. Mich? —
acrescento, dando uma piscadinha para nosso empresário.

— Existe telefone, Drake. Tive que desmarcar a consulta com Alana,


você pode imaginar como ela está surtando com isso? — Dylan reclama.

— Foi mal, carinha, diz aí... é um menino ou uma menininha como você
que vem ao mundo?

Ele respira fundo, mas não se aguenta, levanta o dedo do meio


mostrando-o para mim. O que me faz rir.

— Vamos começar então nossa reunião...

— Por favor, Mich. — Don se vira na cadeira prestando atenção em


nosso empresário. Sempre tão sério, sempre tão chato.

Don deixou há muito tempo de ser aquele cara engraçado, que vivia para
a música. Vai lá que ele nunca foi nada tão fantástico como eu, nem tão
engraçado como Dash. Ou até mesmo como Dylan... Mas nesses últimos anos
ele parece ter envelhecido uns trinta anos a mais do que realmente tem. Será que
é uma crise de idade ou falta de sexo? Se bem que com Nicky ao lado, eu duvido
muito, quando eles eram apenas namorados transavam mais que coelhos, logo
perderam esse cargo para o Dylan. O que Alana tem de chata, às vezes, deve ter
de safada. Relembro quando fomos acampar, no parque em Louisiana, por mais
que eu estivesse de porre lembro bem ela gritando a plenos pulmões para meu
irmãozinho acabar com ela.

Escondo o sorriso que se infiltra em minha careta séria, escutando a


última parte do que Mich diz:
— ... Drake foi convidado para participar de um filme.

Os caras se viram imediatamente para mim, meio que me encarando


boquiabertos. Isso mesmo, vocês não acreditavam que eu era sensacional, pois
tomem aí. Aqui está a prova!

— Quando isso aconteceu? — Davi pergunta diretamente para mim.

— Algumas semanas, não é o máximo?

— Você pensou na banda ou em pelo menos nos dar alguma satisfação?


— Don questiona. — Você pensou em quanto isso afetaria a banda? O álbum, a
turnê, o futuro… algum desses detalhes passou pela sua cabeça? Ou você estava
muito ocupado pensando em quanto você era impressionante para se importar
com o resto?

— Se acalme, pelo amor de Deus, irmão. Se continuar desse jeito você


enfarta.

— Pare com brincadeiras, Drake.

— Nossa senhora, vocês estão de mau humor? — pergunto encarando


cada um deles. — É muito fácil julgar os outros quando você, Don, tem o mundo
inteiro comendo na palma da sua mão. Você nunca teve debaixo da própria
sombra para ter ideia de como eu me sinto.

— Drake, você poderia ter pelo menos falado comigo, em vez de... fazer
isso, assim — Davi diz baixo.

— Parece que você não entende as coisas — Don ataca novamente.


— O que é tão precioso que não entendo? Devo me ausentar por poucos
dias no máximo, logo estarei de volta e inteiro para a banda. E outra, vocês não
ligam para nada do que eu falo, não pegam uma mísera ideia que dou...

— Pare de olhar para seu próprio rabo — Dash exclama.

— Até você?

— Caramba, Drake, não sei o que aconteceu ou vem acontecendo com


você no último ano, mas estamos com a agenda lotada. Sabe que mal poderemos
curtir o final do ano com tranquilidade. É ela, não?

Encaro Dash tentando entender de quem ele está falando.

— Quem? — Dylan questiona Dash.

— Stella. Eu vejo ela rondando você. Sei que você mantém alguns
encontros com ela. Aquela vadia é podre, Drake. Ela quer isso. Te ver na lama.

Aperto o maxilar, contendo as palavras. Stella não tem absolutamente


nada com isso, nada com o que está acontecendo e meus motivos de buscar
minha forma de brilhar sozinho. Eu sei o quanto ela é diabólica, o quanto me
inflamou anos atrás para que desse um fim nessa história de banda.

— Ela não tem nada com isso, Dash — afirmo. — Vocês, principalmente
você, Don, estão fazendo uma puta tempestade em copo d’água. A culpa não é
minha, vocês deixaram que Shan colocasse entrevista atrás de entrevista, viagens
promocionais e até a porra de um talk show.

— É isso que dá essa vida de bacana — Don retruca.


Ergo a mão para impedir sua enxurrada de reclamações.

— Eu sei, fica frio… Eu sei o que estou fazendo, Mich está nessa
também. E ele não faria nada que mexesse com os seus ovos de ouro.

Mich se mexe incomodado em sua cadeira, mas não abre a boca.

— Drake, você faz parte da banda, sempre fez, era você quem sempre
investiu e pensou em nosso futuro. Antes mesmo de tudo explodir — diz Dylan.

— Pois é, irmãozinho. Mas vocês me tratam mais como um arranjo a ser


descartado do que outra forma, a questão não é o que aconteceu comigo e, sim,
com vocês — retruco.

— Você assinou um contrato.

— Relaxe, Don. Eu não vou deixar seus shows sem um baixista. Se o que
você tanto quer é me ver cair fora da banda, eu caio.

Os caras se encaram, obviamente esperando que Don encerre com essa


discussão banal que ele começou, mas ele não abre a boca. Fica me fuzilando
com o olhar, a boca encrespada. Em sua total majestade.

– Drake — Davi chama minha atenção. — Se é isso que você quer,


ótimo, realize. Ninguém quer você fora da banda, apenas lembre-se que você
tem nossos compromissos e, como sempre digo, isso é maior do que seus sonhos
absurdos, isso não envolve apenas você.

— Eu sei, eu sei... Isso envolve a família. Fiquem calmos, ok? Eu não


vou sumir do mapa.
Um pequeno sorriso sarcástico brinca em meus lábios. Sumir do mapa é
a última coisa que pretendo fazer.


CAPÍTULO ONZE

BIANY

Jogo meus sapatos e a bolsa no canto do sofá, logo desmontando ao lado.


O dia que tinha tudo para ser tranquilo, foi um caos. E ainda tive mais uma das
visitinhas de Drake Morrison, não vou me fazer de sonsa e dizer que eu não sei o
que ele queria, pois sei exatamente.

Drake Morrison é um cara canalha, arrogante, arrota seu ego como quem
toma Coca-Cola demais. Paro por um segundo relembrando quando ele
praticamente me puxou para cima do balcão, o maldito ainda teve a cara de pau
de derrubar café em nós dois e ainda armar uma ceninha dizendo que a culpa era
minha. Ou como ele disse na frente do meu gerente: “Você não presta atenção
porque não descola os olhos de mim. Tenha mais cuidado, lindinha, você agora
me deve uma ajudinha para limpar essa meleca.”, disse, acrescentando aquela
piscadela cretina que ele sempre me lança. Perco qualquer linha de raciocínio
coerente quando meus pensamentos trazem o momento que esbarrei nele, seu
corpo totalmente colado ao meu, e quando digo todo colado no meu, quero dizer
até as partes mais...

Sacudo a cabeça respirando fundo, Drake é noventa quilos de muito


músculo. Mackenna está me chamando ultimamente de ingrata, ela não se
conforma pelo fato de sempre mandá-lo embora ou nas suas palavras: “Até
parece, se Deus tivesse me dado a oportunidade de encontrar com um roqueiro
superfodão eu estaria jogando tudo na lata do lixo. Só em sonho”. Pois bem,
mais uma vez fui agraciada por esse tal roqueiro em meu trabalho. Parando para
lembrar, chega até ser engraçado o modo como ele age. Como uma pessoa pode
pensar tanto em si próprio, ele se acha um deus.

Vamos lá, dona Biany, ele é gostoso. Isso eu não posso negar, tudo bem.
Ele sabe usar todo aquele ego imenso que tem para alguma coisa. Mas em uma
escala de “nem fodendo” a “você está completamente maluca” sobre aceitar o
convite dele para sair, eu estou mais para o completamente maluca.

— Você chegou tarde.

Olho para Josh parado perto da escada, me encarando com aqueles olhos
mortais.

— Sim, querido. Eu me atrasei no trabalho. Tudo bem?

— Sim, Marta fez uma gororoba, eu não recomendo ninguém comer


aquilo — diz, vindo em minha direção e sentando no outro sofá.

— Já disse que não quero ter problemas com essa babá, mocinho. Ainda
não engoli a história que uma lagartixa saiu da bolsa dela.

Josh tenta esconder o sorriso, mordendo os lábios.

— Juro que sou inocente. E, mãe, pare de chamar Marta como minha
babá. Isso acaba com minha reputação — diz após alguns segundos, totalmente
sério.

— Reputação? Que tipo de reputação com dez anos você deseja ter?

Josh, como sempre, revira os olhos, o que me faz querer rir. Desde que o
pai nos deixou para servir o exército, Josh assumiu o lugar de homem da casa, o
problema mesmo é eu como mãe ver ele como o homenzinho que está se
tornando e não como meu bebê.

— Tudo bem, rapazola. Vou poupar sua reputação — digo, rindo. —


Vamos ver o que foi que Marta nos deixou para comer.

— Mãe, se eu fosse você não chegaria muito perto das panelas.

— Pare com isso — digo alto para que ele me escute da sala, mas, ao
olhar o conteúdo dentro das panelas, meu próprio estômago reclama. — Que
meleca é essa? — questiono em voz alta, sentindo o cheiro estranho que aquilo
produz.

— Eu avisei, segundo aquela maluca é uma sopa para nos fazer relaxar.

Viro olhando a mesma cara de nojo estampada no semblante do meu


filho.

— Ela só não explicou que o tal relaxamento que ela queria nos dar seria
passar a noite cagando.

— Josh, olha essa boca!

— Mãe! Fala sério.

— Estou falando muito sério, mocinho. Eu ainda te ponho de castigo e


faço você comer um prato inteirinho disso daqui — retruco.

Ele rapidamente balança a cabeça dando alguns passos para trás.

— Vamos pedir alguma coisa, estou faminta e ainda preciso tomar um


banho.

— Pizza? — pergunta com um sorriso, mostrando a linda covinha que ele


tem somente do lado direito.

— Você pede, mas não abuse.

— Pode deixar!

JOSH

Espio minha mãe subindo a escada em direção ao seu quarto e me jogo


no sofá com seu celular na mão. Acho que ela não se importará se eu pedir uma
pizza especial, disco o número da nossa pizzaria preferida mal deixando o
atendente terminar seu cumprimento.

— Uma especial de dois queijos.

— Josh, tudo bom?

— Tudo, você anotou meu pedido? Estamos famintos.

Minha intenção não era ser mal-educado, mas a fome é grande e meu
estômago já está rocando alto como um Tiranossauro Rex.

O atendente dá uma risadinha do outro lado da ligação.

— Anotado. Sua mãe sabe que você está ligando?


— Claro, ela mesma que pediu.

— Tudo bem, logo estará aí.

Encerro a ligação e em vez de travar o telefone como deveria fazer,


começo a fuçar nas coisas de minha mãe. Ela odeia que eu mexa em seu celular
ou que leia as conversas com a tia Mackenna, mas como ela está no banho, mexo
assim mesmo. Celular de adulto é igual site proibido no computador, é
inevitável, ainda mais quando se tem um dever tão grande como o meu.

O telefone vibra em minha mão mostrando a chegada de uma nova


mensagem. Como bom filho que sou, trato logo de ver, afinal, eu sou o homem
dessa casa. É como meu avó sempre diz eu tenho que cuidar de minha mãe. Eu
não me importo que ela tenha admiradores, apenas trato de afastar os otários. E
sou muito bom nisso, por isso, quando leio a mensagem que um tal de Drake
mandou para seu telefone eu sinto uma enorme vontade de chutar seu bem mais
precioso.

Quem é esse bobalhão? E por que ele quer saber se minha mãe está
esperando ele bem cheirosa?

Consigo entender que minha mãe é uma gata, já escutei muito isso dos
meninos mais velhos da minha escola. Vejo como os homens olham para ela,
além de ser uma gata, ela é demais, em todos os sentidos. Por isso, desde que me
tornei o homem da casa tenho como tarefa chutar alguns traseiros, como eu sei
que minha mãe fará com minhas futuras namoradas.

Minha mãe merece um cara como o Richard Gere. Como meu pai era.
Meu pai, quando não estava de serviço, sempre vinha para casa com uma flor na
mão, podia ser qualquer uma, até mesmo roubada do jardim da Dona Olinda —
nossa vizinha. Mas ele sempre surpreendia minha mãe, erámos uma família de
dar inveja, nunca tivemos muito dinheiro, meus pais sempre trabalharam muito
para termos a vida confortável de hoje, ainda mais com o pequeno defeito que
tenho no coração. Mesmo que isso não esteja me afetando tanto já faz um ano,
sei que sou motivo constante de preocupação para minha mãe.

— Josh, você pediu nossa comida?

Jogo o telefone dentro da bolsa fingindo que presto atenção no desenho


de ursinho que passa na TV. Quando minha mãe vai entender que eu estou velho
demais para isso? Reviro os olhos mudando para o canal de filmes, logo me
animando por ver a cena de ação que passa na TV.

— Josh?

— Desculpe, mãe. Já deve estar chegando — digo, desviando os olhos da


TV.

— De novo está assistindo esses filmes? O que eu já disse?

Ela rapidamente troca para outro canal deixando o controle longe de


minhas mãos.

— Que ao contrário do que eu penso, ainda sou um menino. E posso


morrer de medo vendo esses filmes de adulto. Sério mesmo, mãe? Tenho quase
onze anos, todos os meus amigos já assistiram esses filmes — retruco, bravo.

— Você não é como todo mundo e quem assisti filme assim tem besteiras
na cabeça — ela alega.

— Claro, porque assistir esses canais de bebês me deixarão muito


esperto.

— Não retruque, você anda muito valente — diz, apertando minhas


bochechas.
— Mãe!

Ela dá aquele sorriso que não me deixar ficar com raiva por ser tratado
como um bebê chorão.

— Já que estamos tendo uma conversa adulta...

— Conversa adulta? Meu Deus, onde foi parar meu filho de dez anos?
Alguém abduziu aquele menino ranhento — ela argumenta, na maior encenação.

— Para com isso. Por que tem um panacão dizendo que espera que você
esteja cheirosa? Você tem um namorado, mãe? — questiono.

As bochechas de minha mãe ficam vermelhas no mesmo instante que


fecho a boca, isso é um péssimo sinal.

— Você andou mexendo nas minhas coisas novamente, Josh?

— Ei, eu estava pedindo a pizza e conheço essa tática, não me culpe. Eu


não vou esquecer o que vi — retruco, mais uma vez cruzando os braços diante
do peito.

— E eu como sua mãe posso lhe dar uma surra por ser tão valente. O que
já disse sobre isso? Você é uma criança...

— Devo me comportar como uma, eu sei disso, mas se não proteger


você, falharei com o papai.

Ela para assim que menciono meu pai, foi muito triste perder ele. Passei
meses escutando minha mãe chorando no meio da noite, bancando sempre a
heroína e uma mulher forte durante o dia. Minha mãe vem em minha direção
agachando-se na minha frente.

— Seu pai é um homem muito orgulhoso, onde estiver, ele tem um filho
lindo. Mas isso não vai te livrar do castigo, mocinho.

— Sério, mãe?

— Você joga sujo, rapaz — ela diz, sorrindo.

A campainha faz com que eu largue minha mãe plantada no meio da sala,
correndo até a porta. Só de pensar já posso sentir o cheiro da pizza, mas quando
abro a porta não é o Regis, entregador da pizzaria, e sim o bocó daquele dia no
café.

Ele me encara como se tivesse sido mordido por cachorros.

— Pirralho?

— Meu nome é Josh! — retruco cruzando os braços.

Ele dá um passo para trás, olha a frente de minha casa, depois a rua. Sim,
esperto, moramos em um bairro com casas iguais e você com certeza errou o
número.

— Josh, você esqueceu o dinheiro — minha mãe grita da sala.

— Você é parente da Biany? — o panaca pergunta assim que ouve a voz


de minha mãe.

— Até que você é esperto, eu sou filho dela.


A careta que ele produz é digna de foto, parece que está sofrendo com
dor de barriga, juro que quando vou fazer cocô faço uma igualzinha.

— Josh, você não me ouviu dizendo que...

Minha mãe para atrás de mim, encarando o bobalhão em minha frente. É


claro que eles se conhecem. Ele estava no trabalho dela aquele dia, mas o que ele
está fazendo aqui?

— Biany.

— Como conseguiu meu endereço?

— Tenho meus meios — ele diz, sorrindo.

Encaro novamente minha mãe, vendo sua boca se torcer e fico contente
por isso. Ela só faz esse gesto quando não está gostando de algo e nesse
momento tenho certeza que é do bobão parado em nossa porta.

Tiro meus olhos da minha mãe e sua careta feia vendo o entregador parar
no meio fio, trazendo finalmente uma janta decente para essa casa. Porque
aquela gororoba que Marta deixou para janta, nem cachorro come.

— Josh, Biany, tudo bem? — Regis pergunta subindo os degraus da


entrada.

— Muito melhor agora — digo, arrancando a caixa de suas mãos.

— Olha os modos, Josh. — Minha mãe me repreende, dando um tapão


em meu braço.
Regis solta uma risada rouca.

— De nada, baixinho.

Saio correndo para dentro deixando que minha mãe despache o bobão e
venha jantar comigo. Mas, pela demora e por não ouvir a porta bater, deixo a
pizza triste e sozinha na cozinha e volto para o hall de entrada.

— Olha, eu já disse que não era uma boa ideia.

— Quando iria me dizer que tem a porra de um filho?

— Eu não te devo satisfações, mas foi bom que tenha descoberto. Agora
pode voltar para as modelos esqueléticas e me deixar em paz.

Ele tem que ser muito burro para gostar de umas varas de cutucar estrelas
do que minha mãe. Mas, olhando o bobalhão da cabeça aos pés, eu realmente
prefiro que ele vá chupar uns ossos, penso.

— Eu já disse, Bibi. Deixo você em paz depois que sair comigo.

Diz não logo, mãe, nem em sonho ela pode aceitar sair com um cara
desse.

— Drake, por favor.

Escuto passos vindo do corredor, por isso volto correndo para a sala e
sento no sofá.

— Ei, o que você acha que está fazendo? — minha mãe pergunta,
batendo a porta de nossa casa.
— Eu estou me autoconvidando para jantar, afinal, se ficar parado na
porta da sua casa, posso ser reconhecido — o tal de Drake diz entrando na sala
com um enorme sorriso no rosto. — E eu aposto que você não quer uma
aglomeração de paparazzi em sua porta, tirando fotos e enchendo você e a mim
de perguntas.

O encaro sentindo uma enorme vontade de pisar em seu pé, mas me


controlo, pelo rosto da minha mãe ela própria seria capaz disso.

— Poderíamos encenar aquele filme... como é mesmo o nome dele? Com


a Sandra Bullock.

Suspiro revirando os olhos. Que grande mané.

— Que foi, pirralho? — ele pergunta.

— Primeiro que você está atrapalhando minha janta, segundo que você é
um verdadeiro bocózão. O filme que você está citando não foi feito com a
Sandra Bullock, mas sim com Julia Roberts. — Vejo novamente aquela
expressão confusa em seu rosto, a mesmo quando falei sobre Richard Gere no
trabalho de minha mãe. — Vejo que você não saca nada de filmes, né?

Ele dá de ombros.

— Não ligo para essa coisa de mulherzinha.

— Josh, vá para a cozinha. Eu já estou indo.

— Poxa, Bibi. Eu vim aqui com todo amor do mundo e você vai me
recusar um pedaço de pizza? — O bobalhão faz uma cara de cachorro sarnento
esperando um carinho, mas tudo que consegue de minha mãe é que ela cruze os
braços impaciente.

— Nem pensar, Drake, por favor. Nos falamos outra hora — diz,
apontando para a entrada, quer dizer, no caso dele, para a saída.

Ele se joga no outro sofá sorrindo.

— Estou super à vontade.

— Josh, me obedeça. Eu já vou indo.

Faço uma careta para minha mãe olhando dela para o bobalhão sorridente
no outro sofá.

— Eu vou ficar aqui mesmo.

— Josh!

Bufo, contrariado, eu não quero deixar minha mãe com esse cara, mas
mesmo assim levanto e antes de ir para cozinha faço questão de dar uma olhada
bem feia para ele. Eu posso fazer da sua vida um caos, é isso que mostro com
esse olhar.
CAPÍTULO DOZE

O que foi essa olhada? Eu quero gargalhar, está sendo realmente difícil
segurar a risada.

Eu fiquei realmente puto ao descobrir que Biany tem um filho. Porra,


isso é um pé no saco. Nada na vida atrapalha mais que um pirralho ciumento no
meu pé, nem mesmo uma gostosa como Biany é suficiente para que eu ature
isso.

Mas algo nesse pirralho insolente me faz querer desafiá-lo.

— Uma pizza agora seria incrível — digo, encarando Biany.

— Não.

— Então... Saia comigo.

— Não.

Eita mulher difícil.


— Eu vou adorar conhecer melhor o seu filho.

Biany dá um passo travando minha passagem para o que deve ser sua
cozinha.

— Nem tente, não ponha meu filho nisso.

— Então saia comigo. Ou... — acrescento, levantando do sofá e me


espreguiçando.

Ela coloca a mão sobre meu peito me detendo, o que me faz rir.

— Você não vai desistir, não é? — Balanço a cabeça negando. — Quanto


mais eu negar, mais você irá encher meu saco — ela constata.

— Nossa, Bibi. Encher o saco é feio. — Faço um biquinho provocante,


fazendo ela erguer a sobrancelha. — Mas está certa, eu posso ser muito
persuasivo.

— Chato não seria a palavra correta?

Dou de ombros.

— Você não consegue perceber que isso é um erro, sério, não digo por
você ser um astro do rock, como gosta de ser chamado, mas por ser você — ela
retruca.

— Espera lá, qual é o problema comigo? Eu não vejo nenhum


qualificável para você chutar minha bunda.

— Exatamente por isso que não dará certo, eu tenho uma vida muito
diferente da sua, incompatibilidade no nível mais alto. Enquanto você está
curtindo suas noitadas regadas a mulheres glamorosas, eu trabalho e cuido do
meu filho. — Ela respira fundo vendo que não demonstro nem um pouco de
resistência. — Perspectivas diferentes da vida, mas nada vai fazer você ir
embora, né?

Abro um sorriso sedutor.

— Apenas uma coisa, saia comigo. Eu posso ser tudo isso aí que falou
até agora, mas eu posso fazer nosso... nossa saída inesquecível para você —
acrescento, piscando.

— Por que tinha que ser você naquele bar?

— Porque Deus me fez sensacional e Ele sabe o quanto você precisa dar
uma mexida em sua vidinha.

— Eu saio com você. Uma noite e acabou, você esquece que eu existo.
Certo?

Coço a barba analisando a proposta. É, uma saída já será suficiente para


levá-la para cama. Ou eu posso fazer dela uma foda fixa, ela é bastante gostosa e
uma boa mulher para isso. Não é do tipo que faria um cara incrível como eu
passar vergonha, como as que vêm me dando com frequência.

— Tudo bem, que horas eu te pego?

— Decidimos isso depois, agora cai fora.

Chego mais perto, enlaçando sua cintura, pegando Biany totalmente de


surpresa. Sentir seu corpo finalmente tão perto do meu é muito melhor do que
apreciar todas essas curvas de longe.
— O que você está fazendo, você enlouqueceu? — ela pergunta olhando
em direção à cozinha.

— Ah, teu filho um dia vai saber como é delicioso estar com uma mulher
tão gostosa assim colada em seu corpo.

— Você é um cretino abusado.

— Bibi, assim você me magoa.

Ela estapeia meu peitoral tentando se soltar.

— Calma, só quero selar nosso acordo.

Não dou espaço para qualquer contra-ataque que possa vir dela, minha
boca suga a sua, sentindo a maciez de seus lábios carnudos, minha língua força
passagem e um pouco da resistência se rompe. Isso, veja como eu sou incrível,
gatinha.

Mas o que está delicioso logo é interrompido.

— Seu bobalhão, pode ir tirando essa sua língua da garganta da minha


mãe!

Biany pula para trás, saindo dos meus braços.

— Josh, eu...

Ele encara a mãe com raiva, o que me faz dar um passo para trás
erguendo as mãos. Temos aqui um pequeno galinho de briga.
— Eu vou indo. Ligo para confirmar nosso acordo. — Biany mal me
olha, sei que ela está envergonhada por ter sido pega no ato por seu filho, mas
isso não diminui minha satisfação de tê-la beijado. — Até mais, pirralho.

— Precisa que eu indique a porta, bobalhão? — Ele continua me


encarando como se fosse me morder.

Viro indo para a entrada rindo desse pequeno confronto. Realmente vai
ser interessante...

Meus olhos ardem e eu quase mando o filho da puta retornar a ligação


numa hora mais decente. Mas lembro do que vai acontecer no dia de hoje e pulo
da cama. É o dia em que irei me tornar ainda mais incrível, irei me tornar um
desses galãs de cinema. Só que no meu caso, eu, que sempre fui incrível, serei
ainda mais sensacional que eles. Já consigo escutar os gritos alucinados das fãs
no tapete vermelho, até vestirei a porra de um terno caro para isso.

Durante a ligação, descobri que a tal Inês que me ligava de forma


insistente nesses últimos dias era a produtora do filme, ou seja, ela ficará no meu
pé em questão de horário e essas porras todas. E apesar de ser cedo pra cacete,
dos meus olhos arderem cada vez que um raio de sol se infiltra pelos óculos
escuros, eu me sinto animado. A produtora preparou um carro digno de uma
estrela do rock para me levar e basta o carro entrar em movimento para eu sentir
meu estômago se revirando de expectativa. Já está quase na hora do show!

Quando chegamos à porta do estúdio, o meu coração começa a bater com


mais entusiasmo. Tudo isso é muito foda. Seria ainda melhor se meus irmãos
estivessem aqui para compartilhar o momento comigo, mas teimaram em ser uns
estraga prazeres e tudo que eu menos desejo nesse momento são urubus
sobrevoando em cima do meu sucesso. O motorista exibe minha credencial e nós
passamos com facilidade pelos portões.
Porra, isso aqui é imenso! Pessoas passam de um lado para o outro o
todo tempo, sets e mais sets de filmagem. Uma mulher e um homem bem
apresentáveis estão à minha espera no estacionamento.

– Olá, sr. Morrison, é muito bom finalmente conhecê-lo.

— Claro, então você é o poderoso amigo do Mich? — pergunto, olhando


em volta enquanto aperto sua mão.

Ele esboça um sorriso amplo.

— Andres Antures ou Andy como todos gostam de me chamar. Essa é


Inês, vocês já devem ter se falado em algum momento.

— Sim, ela é bastante insistente. E então? Por onde começamos?

— Que bom que você perguntou! Vamos fazer um tour pelo set de
filmagem e depois você vai para o camarim, onde vamos cuidar do seu cabelo e
maquiagem. Vou apresentá-lo ao restante do elenco, em seguida vamos fazer
uma leitura coletiva do texto. Se tudo correr bem, as filmagens começarão
amanhã.

Andres me indica um carrinho de golfe parado alguns metros à frente de


nós.

— Espero que tenha decorado suas falas. Quando escolhi você para ser
nosso Delly Crown, devo dizer que Mich me informou sobre ser um novato
nesse esquema de filmagem.

Faço cara de deboche.


— Claro, cara. Tenho tudo aqui — digo, indicando meu cérebro.

Ou mais ou menos, penso, olhando para os estúdios. Tem tudo quanto é


tipo de maluco nesse lugar. Vejo soldados romanos conversando com caubóis de
aparência rude, tomando café com um homem vestido de cachorro e mais
animadoras de torcida do que eu consigo contar. Algumas realmente gostosas
para interpretar adolescentes, fala sério, em minha época de colégio não tinham
tantas garotas gostosas, ainda me lembro da Maria espinhenta que me perseguia
pelo corredor e entulhava cartas com seu perfume fedido no vão do meu armário.

Eu acabo de entrar na Terra do Impressionante. Depois do que parece


uma hora, finalmente chegamos ao galpão que iremos usar, fica bem no fundo do
estúdio. O mesmo motorista que me trouxe até aqui estaciona o carro de golfe e
saltamos.

Andres exibe um sorriso brilhante e extravagante.

— É aqui que iremos conquistar até as Galáxias — diz, mostrando o


amplo galpão com alguns cenários preparados. — Queremos somente o melhor
para você. — Ele me dá um tapinha nas costas.

Sorrindo, passo o braço em volta dos seus ombros. Somente o melhor


para mim… Agora sim a coisa vai funcionar. Sigo Andres com meus olhos se
arregalando com cada coisa fantástica que ele vai me mostrando, meu coração
batendo depressa. É isso! Minha chance de alcançar a glória. O primeiro
cenário em que entramos é um típico bar com um palco montado para uma
banda. Tudo é de uma realidade impressionante, parece que estou em um dos
bares decadentes que costumávamos tocar no início da carreira da D’Five. Ou
ele tinha mesmo pesquisado coisas sobre nós ou isso é uma puta de uma
coincidência.

O que torna meu trabalho muito mais fácil é que eu já me sinto em casa.
Já me sinto completamente à vontade com cada pessoa que vem me
cumprimentar com um enorme sorriso. Aqui eu não sou o baixista de uma
banda. Aqui eu sou Drake Morrison, um astro ou “nosso astro” como Andres faz
questão de me apresentar.

— Vamos primeiro levar você à seção de figurinos, lá você vai conhecer


a equipe que trabalhará em você todos os dias de gravação. Eles já estão com
suas roupas prontas, mas é melhor experimentá-las, assim não teremos nenhum
imprevisto. Depois, vamos passar aos ensaios.

Andres dispara tantas informações em cima de mim e tudo que consigo,


no momento, é me deslumbrar com esse lugar. Quando assistimos algum filme
ou até mesmo séries de TV não dá para saber a dimensão que aquilo tem,
quantas pessoas trabalharam por detrás das câmeras, o que é muito parecido com
nossos shows. Temos pessoas trabalhando nos mínimos detalhes, até mesmo na
limpeza do microfone que Davi vive babando temos um encarregado para isso.
Mas aqui, olhando tudo bem de perto, é ainda mais sensacional.

— Quando a primeira cena for gravada, vamos começar o teaser para o


trailer, nossa equipe de marketing já está com várias ideias e queremos tanto sua
opinião como da Asha Collins, que será seu par romântico no filme — Inês
informa.

— Não se preocupe com essa parte, sr. Morrison. Estamos com um


superastro, esse filme já é sinônimo de sucesso e altos cachês — Andres diz com
o mesmo sorriso bobo nos lábios.

Eu estou quase tonto de empolgação quando finalmente chegamos ao


setor de figurinos e vestuário. A ação de me vestir me faz sentir como nos
videoclipes que eu gravava com os rapazes. Novamente é estranho não os ter
aqui comigo… mas também é legal. Ninguém poderá roubar meu holofote se
tudo que ele puder iluminar tiver apenas um foco, certo?


CAPÍTULO TREZE

Paro em frente à porta da casa, respirando fundo. Porra, qual foi a última
vez que eu tive um encontro? Sério, pegar uma mulher na casa dela, levar para
algum lugar que não fosse direto para minha cama?

Vamos acabar logo com isso, penso, tocando a campainha. Logo passos
surgem por trás da porta.

— Boa noite. — Cumprimenta uma velhinha repleta de rugas.

— Vim buscar a Biany.

— Claro, querido. Entre.

Passo pela mulher escutando uma porta se batendo com violência e a voz
de Biany irritada.

— Eu juro por Deus, você ficará de castigo por três semanas!

Passo pelo pequeno corredor da entrada, parando na sala. Biany exibe


suas pernas com uma calça jeans colada. Sua blusa também deixa pouquíssimo
espaço para que meu pau não reaja.

— Eu prefiro ficar de castigo do que ver você saindo com esse bobalhão
— Josh grita no primeiro degrau da escada, me fazendo sorrir.

Deixo o pirralho para lá. Ele está tentando defender seu território.

Biany se vira notando minha presença.

— Drake, não ouvi você chegando. — Coço a barba por fazer, preferindo
dar apenas um sorriso. — Eu vou apenas buscar minha bolsa e podemos ir.

— Sem problemas — digo, me jogando em seu sofá, ganhando um olhar


contrariado do pirralho. — Eu espero aqui.

Ela olha por um pequeno instante de mim para o filho, indecisa. Quando
seu olhar volta para mim, esboço um sorriso amplo, como se dissesse que não
teremos nenhum tipo de confronto quando ela sair.

Biany decide confiar em meu sorriso, pelo menos é isso que decido
pensar quando ela sobe apressada a escada. A velhota que me recebeu se
refugiou na cozinha me deixando sozinho com a criança. Coloco meu pé sobre a
mesinha de centro, ficando mais à vontade. Eu nunca passei por uma situação
assim. O pequeno fedelho se acha adulto e com armas suficientes para impedir
que eu saia com sua mãe.

— E aí, pirralho? — digo, quebrando o silêncio incômodo que se forma


na sala.

— Josh. E se eu fosse você, tomava cuidado — ameaça, chegando mais


perto.
Olho para a ponta da escada vendo que o terreno está livre.

— Cuidado? Com quem? — pergunto, rindo.

— Eu posso acabar com seu showzinho agora mesmo, duvida? — Ele


arqueia a sobrancelha em total desafio.

— O que você faria? Gritaria e choraria para a mamãe não o abandonar?


Tem medo do bicho papão?

— Se eu fosse você, manteria essas bolas sujas longe da minha mãe.

Seguro o riso. Esse pirralho é topetudo.

— Desculpe, mas acho que sua mãe chegará bem tarde.

— Gaston.

Arqueio a sobrancelha.

— Que porra é essa?

— Você é sem cultura mesmo. Gaston é um personagem da Disney, ele é


topetudo tanto quanto você, se acha o tal, mas no fim, morre.

Não sei se fico chocado ou se dou risada.

— Já falaram que você anda assistindo televisão demais, pirralho?


Ele abre a boca, mas ao ouvir o barulho de passos no começo da escada
se senta ao meu lado com a mão sobre o peito, sua expressão muda para uma
careta estranha.

Moleque doido.

— Podemos ir — Biany anuncia parando no último degrau, pulo do sofá


ficando de pé. Ajeito a jaqueta de couro, pronto para partir.

— Josh? Josh, o que você tem? — Biany pergunta aflita, agachando


perto do pirralho.

Viro, tentando entender o que está acontecendo. Ele estava ótimo não
tem nem dois segundos. Quando vejo Biany curvada sobre ele e a pontinha de
sorriso em sua boca sei que tudo não passa de um truque.

— Ele está ótimo. Vamos, senão podemos atrasar.

— Pode ir, mãe, foi apenas uma pontada — ele diz com voz melosa.

Que porra é essa? Ele vai fingir um enfarto? Crianças nem podem
enfartar ou podem?

— Drake, você não viu que ele estava passando mal?

Desvio meus olhos para Biany, e tenho certeza que minha expressão
nesse momento não é nada amigável.

— Você não acha que está exagerando? Ele deu um pulo enorme para
sentar no sofá, com certeza bateu a bunda na mola ou madeira sei lá.
Ela se ergue encarando o filho com um olhar mortal.

— Josh?

— Eu não fiz nada disso, mãe. Foi apenas um mal-estar.

— Tudo bem, eu vou pedir para Marta dar um pouco da sopa que ela
preparou para você.

— Mãe! — ele reclama.

— Se você realmente sentiu essa pontada é melhor não comer a lasanha


que preparei.

Isso aí garota, acaba com essa farsa.

O pirralho bufa, mas concorda. Lógico, tudo que ele menos deseja é que
sua farsa seja ainda mais desmascarada. Biany some por alguns segundos na
cozinha, mas o suficiente para eu soltar um “se lascou” para o pirralho e fazer
cara de paisagem bem a tempo.

— Vamos, delícia. Estamos realmente em cima da hora — digo, pegando


sua mão.

— Vamos. Qualquer coisa me ligue — diz beijando a testa do filho e sai


em minha frente.

Lanço uma piscada para o moleque que fecha a cara, contrariado. Isso
mesmo, 1X0. Ninguém passa a perna em mim, pirralho!

Dois dias atrás, quando finalmente tive uma folga das gravações, eu
pensei onde poderia levar uma mulher e... entenda, eu não precisava pensar
nesses detalhes idiotas. Era apenas convidar ou sorrir e pronto, eu sabia que a
foda estava garantida, mas com Biany as coisas não são assim, onde eu poderia
levá-la? Na hora o show da D’Five me veio à mente, eu poderia matar três
coelhos com uma só paulada.

Faria o show, conseguiria levar Biany para cama e ainda conseguiria a


cena que Andres tanto estava me enchendo para gravar. Simples, isso mesmo,
era isso que faria. Foram mais de trinta horas gravando pilotos e pequenos
teasers para o filme e, no fim de tudo isso, eu estava morto. Porra, não sabia que
seria tão difícil gravar algumas falas, sorte que no fim de cada gravação eu não
quis matar o diretor.

E de outro lado a D’Five retomou com força sua agenda de shows o que
complicou ainda mais o meu relacionamento com os outros, principalmente
pelos atrasos por conta das filmagens.

Olho para o lado com um imenso sorriso, Biany acompanha cada passo
que damos para dentro do backstage, seus olhos viajam pelas pessoas correndo
de um lado para o outro, a equipe de filmagem acompanha cada passo que dei
desde que pisei no estádio e mesmo não tendo contado, Biany aparecerá nas
filmagens já que os caras não desligam essas câmeras para nada.

— Tá curtindo? — pergunto perto do seu ouvido.

Ela vira o rosto deixando sua boca próxima à minha. Garota, cuidado,
isso é muito perigoso.

— Meio caótico demais. Quando você ligou avisando que iríamos sair,
eu estava pensando em algo diferente disso daqui — ela comenta, apontando um
pequeno grupo de groupies quase seminuas pegando suas pulseiras para a sessão
de fotos.
— É show business, baby. — Puxo-a pela mão levando direto para meu
camarim, não estou com saco para aturar aqueles caras me aporrinhando pelo
atraso. — Este é meu camarim, fique à vontade, eu tenho que fazer umas
filmagens para o filme, outra coisa que anda arrancando meu couro, e procurar
os caras, se você quiser ver o show é só seguir o fluxo dos roadies e vai dar de
cara no palco, delícia.

Ela concorda ainda me encarando.

Ah, não me olhe assim. Eu sei o que esse olhar significa, mas eu já fodi
demais o tempo. Não posso dar um pouco do Drakezinho aqui, penso. Mas,
mesmo assim, caminho em direção a ela. Sentindo satisfação ao ver seus olhos
se arregalarem minimamente.

— Gosto de ver você no meio das minhas coisas — digo, encurralando-a


entre o sofá e a poltrona.

— Hãn...

— Não, não fale. Pode quebrar com esse momento.

— Momento? — ela questiona olhando por cima dos meus ombros.

Rio sabendo muito bem o que passa pela mente desse anjo delicioso.

— Não adianta mais fingir que não sabe o que rola entre nós.

— Sério isso?

Outra risada.
— Nem um beijinho de despedida?

Descanso as mãos em sua cintura, mais para mantê-la no lugar do que um


gesto de carinho e a beijo profundamente. Biany tenta se afastar, faz todo um
charme no primeiro instante. Típico de garotas, já vi muito isso nesses doze anos
de palco.

Ela tem algo dentro dela que me acende o desejo como se fosse um
fósforo. Seus braços param de bater contra meu peito e enlaçam meu pescoço, os
dedos agarrando firmemente meu cabelo na nuca, me fazendo soltar um ruído de
prazer. Porra, irei procurar os caras com o pau duro.

Afasto lentamente, ela abre os olhos e lanço um olhar ardente em sua


direção.

— Vou tocar uma coisinha pra você no palco.

— Como assim? — ela pergunta, tentando recuperar o fôlego.

— Hoje meu show é para você e essa boca venenosa — digo, pronto para
sair.

— Levo isso como um elogio?

Solto uma gargalhada antes de sair e fechar a porta atrás de mim.

Já posso escutar a algazarra que os caras fazem no camarim central e


confesso que até sinto uma saudadezinha disso, da loucura constante que é nos
shows.
— Que bom que te encontrei, meu rapaz. — A mão pesada de Andres faz
meu ombro cair com o peso. — Eu já comuniquei sua... assistente? Aquela tal de
Shan?

— Ela está mais para gerente e administradora de tudo — comento,


seguindo o fluxo até o camarim.

— Isso mesmo, o que ela tem de osso duro de roer tem de gostosa —
Andres diz, rindo como se tivesse acabado de contar a piada mais hilária do
planeta.

— Melhor não falar isso, cara, Shan não é como essas groupies
ensandecidas.

Ele me encara por alguns segundos, mas faz um pequeno gesto de


concordância.

— Vamos ao que interessa, já passei que estaremos filmando você em


alguns momentos. Inclusive o momento que você chega com aquela mulher à
tira colo, as caras de corações partidos na frente do estádio foram excelentes.

— Imagino.

— Você sabe o que tem que fazer, meu astro, faça o show e antes de
acabar toque seu solo. É o seu momento — diz, batendo em meu ombro.

Meu momento, meu momento, somente eu, a guitarra e uma música de


arrasar.

— Eu disse para Mich que Alana deveria ter ficado em casa, ela vai sair
socando as groupies. — Escuto Dash rindo assim que abro a porta do camarim.
Eles se viram no mesmo instante, todos me encarando. Eu consigo sentir
o descontentamento de Don, é visível.

— E aí, galera. Desculpe o atraso, fui deixar uma convidada instalada.

— Drake. — Davi vem ao meu encontro, me puxando para um aperto de


mão meio abraço. — É bom ter você aqui.

— É, também é legal estar aqui — comento, saindo do seu abraço.

— Você são os famosos D’Five, companheiros de banda de nossa


estrela? — Andres questiona, fazendo na hora Don entortar o canto da boca e as
garotas se entreolharem.

— Isso, somos os companheiros de banda. — Dylan responde por eles.

— Que show, que show! Fiquem tranquilos sobre nossa equipe perto de
vocês, Mich e Shan estão avisados que serão poucas cenas.

— Então você trouxe seu showzinho para nossa noite? — Don pergunta.

Coço a cabeça. Porra, por que raios ele não pode entender? Por que
toda vez que nos encontramos é sempre assim?

— Na verdade é apenas algo para complementar a filmagem, seria meio


desnecessário criar todo um espetáculo quando temos um show da banda para
usar como cenário. Mich disse que não haveria problema — justifico, dando de
ombros.

Shan passa pela porta bem na hora que Don abre a boca para retrucar,
mas com aparição de Shan ele torna a fechá-la. E o pesadelo de todos está com
ela: Julianne, aquela diaba imediatamente coloca os olhos sobre mim, me
lançando uma piscada.

— Drake, meninos. Eu preciso liberar a entrada do fã clube.

— Claro, Shan, pode liberar o estouro da boiada — Dash brinca


estralando os dedos e o pescoço. — Mary, pegue meu protetor de saco.

— Pode deixar, amor, eu estou bem esperta para tirar qualquer abusada
de cima de você — Mary diz, entrando na brincadeira.

Como sempre, as piadas e brincadeiras ridículas de Dash suavizam o


clima e nos deixam mais leves. Até mesmo quando os fã-clubes entram gritando
e pulando em cima de nós. Dash e eu não aguentamos ver o estado petrificado e
assustado que Dylan fica quando alguma fã é mais abusada e extrapola o limite,
o que nos dá tempo de fazer um sinal de morte em sua direção que faz todo
mundo no camarim rir, menos o Pinscher dele. Alana pode ter um derrame se
não se acalmar.

Assim que Shan torna a fechar a porta do camarim, colocando para fora a
última fã, me largo sobre o sofá massageando os dedos.

— Dylan, pode relaxar, juro que estou cronometrando o tempo que você
está sem respirar. — Dash caçoa.

— Idiota — Dylan retruca, tomando um longo gole da sua água.

— Você conseguiu pelo menos assinar o seio daquela fã? Juro que vi
você tremer — brinco.

Dylan me encara no mesmo segundo, como se tivesse enfiado o dedo no


cu dele, os olhos assustados.
— Tá maluco, Drake?

Todos caem na gargalhada e poder rir com meus irmão me remete a


tempos onde éramos mais que amigos de banda, éramos realmente uma família,
sem toda essa nuvem negra pairando sobre nós. Mas o momento feliz acaba
cedo, assim que um dos câmeras solta:

— Essa tomada ficou excelente, com certeza podemos colocá-la nos


créditos.

O silêncio paira sobre nós, como um cordão enrolado em nosso pescoço.

— E... você comentou que trouxe uma garota? — Nicky pergunta,


quebrando o silêncio.

Coço a cabeça.

— Sim, ela ficou em meu camarim.

— Deve ser mais uma vadia, ele está até com vergonha de mostrar. E aí,
Drake, andou pegando um dragãozinho para chamar de seu? — Davi brinca,
soltando uma piscadela para mim.

O que me faz querer atravessar esse camarim e beijá-lo. Na real, eu já


não aguento mais esse clima pesado sobre nós.

— Puta que pariu, eu não deixava, irmão. — Dash ri.

— O único que esconde o jogo é você, Davi. Tá com medinho que


vejamos que sua inquilina paga muito mais que somente o aluguel?
Tiro um primeiro sorriso de Don, que ao perceber que estou olhando para
ele, vira o rosto indo até o frigobar do outro lado do camarim.

— Joga na roda então Davi e Drake? Quem é o dragãozinho? E, Davi, já


deu um bom trato na doidinha? — Dylan brinca.

— Parem com isso — Davi retruca, rindo.

— Dragão eu tenho certeza que não é, pois tenho uma mulata


incrivelmente sexy me esperando e estou doido para tudo acabar para levá-la até
meu matadouro.

— Escroto. — Escuto Alana resmungar.

— Me lembrem de nunca entrar no apartamento do Drake sem levar um


espermicida — Mary brinca, sentando no colo de Dash.

— Isso aí, você me deu uma ótima ideia, cunhadinha.

— Ixi, pela fisionomia de maluco, não é boa coisa —Dylan comenta.

— Uma festa, eu preciso de uma festa para inaugurar meu cafofo —


digo, sorridente.

— E vocês podem continuar com essas idiotices no intervalo, vamos,


está na hora. Além do mais, hoje contamos com a produção do sr. Antures —
Shan diz, desgostosa.

Evito comentar, fico de pé, aos poucos todos vão saindo seguindo para o
palco, assim como as garotas vão para a área vip. Os roadies já correm de um
lado para o outro agitados, gritando coisas em seus headsets, assim como Shan
despeja ordens, expulsando câmeras das filmagens de sua frente. Eu falo que
essa mulher é ruim na queda.

Penso em passar de novo no meu camarim e relembrar Biany sobre


assistir ao show, mas quando a vejo parada perto do palco com quatro garotas
que não reconheço, sigo meu caminho.

— Não vai mesmo me de dizer um “oizinho”?

Viro dando de cara com Julianne. Olho para os lados verificando que
ninguém tenha escutado essa sua voz melosa.

— Você está maluca? Quer que sua tia arranque minhas bolas?

Ela sorri se aproximando de mim, sua mão desliza sobre meu corpo,
parando em cima de meu pau.

— Pare, Julianne — digo, dando um safanão em sua mão, vendo o


sorriso dela triplicar de tamanho.

— Deixa de ser careta, venha, vamos até o camarim. Eu posso relaxar


você — ela sussurra apertando novamente minhas bolas.

— Hoje não vai rolar.

— É por causa da sua companhiazinha?

— Isso mesmo, hoje não vai rolar.

— Ah, isso me deixa muito triste — alega, fazendo um beicinho.


— Pare com essa porra. Eu já disse.

— Drake? — Viro assustado dando de cara com Noah, o que me faz


suspirar meio aliviado. — Você precisa entrar.

— Beleza, cara. Estou indo. — Espero que ele esteja a uma distância
segura para me voltar para aquela diaba. — Olha aqui, garota, nós fodemos, foi
ótimo. Mas não vem querer me foder.

Ela gargalha.

Refaço meu caminho até o palco, deixando aquela maluca para trás.
Meus olhos encontram com os de Biany, paro perto delas ignorando as groupies
que só faltam tirar a roupa para chamar minha atenção.

— Tudo bem? — questiono, passando de leve a ponta dos meus dedos no


maxilar dela.

— Sim.

Encaro-a por mais alguns segundos e decido que acredito em sua


resposta, mesmo que ela não esteja com uma cara tão animada.

— Certo, eu preciso entrar, mas assim que tudo acabar, vamos para um
lugar mais tranquilo.

— Ok.

Selo minha boca na sua, pegando ela e as outras meninas de surpresa. O


roadie espera paciente ao meu lado, segurando meu baixo.
— Valeu, cara. — Agradeço enfiando a alça em meu pescoço. — É hora
de brilhar — acrescento com uma piscadela para Biany, subindo no palco.

BIANY

Não acredito que estou aqui. Onde eu fui me meter? Com o passar dos
dias eu sinceramente acreditei que o fato de Drake ter descoberto a existência do
Josh tivesse sido o bastante para ele sumir.

Mero engano...

Estou em mais um dia cansativo de trabalho quando um carro


extremamente luxuoso para em frente à cafeteria, claro que ficamos
hipnotizadas esperando algum astro de TV descer quando o motorista abrisse a
porta traseira do carro, isso já havia acontecido. Porém, ao abrir, é Drake
Morrison que surge me encarando através do vidro com aquele sorriso cretino
nos lábios que me dá calafrios. Meu pai sempre disse que eu sou um enorme
atrativo para os canalhas e vendo a fixação de Drake sobre mim, acabo tendo
que concordar com meu velho pai.

— Eu disse que nos veríamos novamente, Bibi — diz, entrando no café.

Bibi? Lá vem esse apelido idiota. Inferno, por que isso soa tão sensual
saindo daquela boca? Quero dar um soco em mim mesma.

— Pensei que tinha desistido — comento, vendo o caminhar lento que ele
faz até o balcão, chamando a atenção do público feminino. É puro magnetismo,
podia tanto causar atração como repulsão. Ao me lembrar da proximidade dele,
esmagando sua boca na minha, meu estômago entra em ebulição, borbulhando
uma quantidade inacreditável de sentimentos tóxicos.

— Disse que não desisto fácil, vim finalmente dizer quando será nosso
encontro.
— Hoje usamos muito o telefone, sabia? — desafio.

Ele solta uma gargalhada alta e pelo canto do olho vejo uma possível fã
tendo um treco do coração do outro lado do café.

— Você poderia ser malcriada e desligar na minha cara.

— Não que seja muito diferente agora.

Mais um sorriso e juro que a garota terá um treco. Drake sabe muito
bem o que causa nas pessoas, pois vejo ele olhando para a possível fã pelo
canto dos olhos. E a forma como abre um imenso sorriso e joga o cabelo para o
lado é puramente para chamar ainda mais a atenção, mostrando toda essa
rebeldia e masculinidade. Ainda posso ser demitida por conta de todo o tumulto
que ele causa quando entra aqui.

— Sexta à noite.

— Eu não disse que aceitava — digo, cruzando os braços em frente ao


peito.

— Eu aceito, aceito! — a fã enlouquecida grita, ficando de pé.

Drake desvia os olhos de mim, sorrindo abertamente para ela. Com


passos largos atravessa o café e passa pelos clientes que assistem ao seu
pequeno show à parte, indo até sua mesa.

— Gatinha, se ela me humilhar e negar meu humilde pedido. Vou com


certeza precisar de algum consolo — diz, arrancando suspiros da pobre coitada
e enormes reviradas de olhos vindas de mim.
— Você não pode acusá-lo de não usar todas as armas — Mackenna
sussurra em meu ouvido.

— Pare já com isso. A culpa é sua, se não tivesse dado chilique aquele
dia ele não teria nem colocado os olhos sobre mim — retruco baixo.

— Então, Srta. Biany, aceita meu convite?

Respiro fundo, ignorando o pisão que Mackenna resolve me dar.

— Eu sou uma mulher de palavra. Um encontro e você me deixa em paz


— digo com firmeza.

Ele morde o lábio inferior contendo um sorriso canalha.

— Também sou um homem de palavra, Bibi. E posso confessar? — Ele se


curva sobre o balcão criando uma proximidade desnecessária. — Tenho muitas
outras coisas para você desvendar.

— Agora que já fez seu showzinho, me deixe trabalhar.

— Até mais, delícia — diz, piscando.

De pé na coxia, ao lado de dois caras correndo de um lado para o outro


como baratas tontas e de algumas das meninas, olho o palco e espero a entrada
da D’Five. Meu coração bate acelerado.

— Quem é você, afinal? —pergunta uma delas.


— Biany — digo, voltando meu olhar para a multidão que aguarda a
entrada deles.

Drake havia contado, ou melhor, se vangloriado que essa história de ser


um astro do cinema estava arrancando literalmente o couro dele e hoje vai ser
um dos momentos mais importantes. Ele vai filmar a música que fará seu
personagem ser consagrado como um astro do rock.

Olho novamente para as meninas perto de mim me questionando se é


realmente necessário usar tanto glitter. Aquilo não ajuda em nada. Pelo contrário,
só deturpa seus rostos.

— Ela deve estar dando para alguém da banda — a mais baixa das
quatro resmunga.

— Sou amiga do Drake — afirmo. Nem sei porque estou me dando ao


trabalho de responder. De cara já percebi que elas são muito mais silicones do
que cérebros.

A outra ri de forma exagerada.

— Ninguém é amiga de Drake Morrison.

Franzo a testa.

— Você está falando por si própria, né?

Elas dão de ombros juntas, como se estivessem sincronizadas.

— Como ele foi arrumar alguém tão careta?


— Você está questionando tanto e pelo jeito está como convidada de
alguém — digo, irritada.

Pelo pouco que li, três membros da banda são muito bem casados,
inclusive um tem filho. Eu não posso dizer muito sobre eles, a única vez que
fiquei realmente frente a frente com eles foi no dia que conheci Drake. E mesmo
hoje, Drake não me levou para o camarim central e sim para o seu próprio, onde
tínhamos ficado por alguns poucos minutos até chamarem ele para começar o
show.

Realmente essa vibe de ser cantor não é fácil, só de ver a correria que é
os bastidores eu já sinto meus pés latejarem. Agora entendo também porque
Drake não tentou nenhuma gracinha comigo antes do show. Ele devia estar
apreensivo com tudo que está rolando, se bem que isso não é muito o tipo do
Drake, eu sei que estaria realmente me cagando se estivesse no lugar dele.

— ... eu ficaria com todos, pena que os mais gostosos já estão enrolados.
— A menina continua seu pequeno discurso.

— Eu morreria pelo Dylan, o cara é incrível! Já notaram como os braços


dele parecem duas torras quando está tocando. Eu juro que se um dia surgisse a
oportunidade de agarrá-lo, eu faria.

— E seria morta pela mulher dele — a outra emenda, rindo.

— Morreria feliz.

— Ainda temos Drake e Davi, as ovelhas desgarradas — a baixinha diz,


sorrindo.

— Ou com os dois. Depende do clima e de quão cansados eles ficam


depois do show. Sei que Drake adora uma festinha assim — a repleta de glitter
comenta, rindo.
A menina ao lado concorda, entrando na conversa.

— Drake é louco, mas é muito gostoso, eu já tive sorte de chupar aquele


pau... meu Deus, é divino.

— Como vocês se chamam? — pergunto, tentando acabar com esse


assunto.

— Mel — diz a menina da maquiagem pesada.

— Lucy — responde a possível tarada pelo Dylan.

— Myrna — diz a tarada pelo Drake e a mais ácida delas.

— Polyana, mas pode me chamar só de Poly.

Elas trocam olhares e sei o que esses olhares querem dizer, elas estão
imaginando que eu tinha chupado o Drake para ter acesso aos bastidores.

— Preciso perguntar uma coisa. Vocês transam com eles em troca de


credenciais?

Elas riem animadas.

— Ah, chupar é o mínimo que fazemos. Eles são astros do rock —


responde Mel.

— Deus me livre — vocifero.

— Deus me livre de não chupar — comenta Myrna, fazendo as outras


três rirem ainda mais.

— Vocês não ligam de serem tratadas assim? Deixam qualquer um fazer


isso? Como se fossem um copo de plástico passando de um para o outro?

— Claro que não. Estamos falando dos caras da D’Five, até mesmo com
o Smith Sings... eu chuparia aquele chapado do Mellin.

— Deixe de ser cínica, Poly, você chupou um dos roadies atrás do palco
no último show para entrar no camarim deles. Esse papo que chuparia apenas
eles é pura babaquice.

— Agradeça a essa chupada, meu amor, é graças às bolas chupadas de


Zack que estamos aqui para a Lucy completar o plano maluco dela — Poly diz
animada.

— Inacreditável — murmuro baixinho.

— Relaxa, você não tem culpa de ser recatada demais — Myrna


comenta, arrancando risos das outras.

As luzes do estádio se apagam e uma luz vermelha ilumina o chão do


palco. Logo cinco pares de pés caminham sobre ele. O barulho da plateia é
ensurdecedor, o baque do bumbo vibra em meus ouvidos, me fazendo sentir o
corpo todo tremer com as vibrações. Eu não sei quem é quem nessa escuridão e
menos ainda por não conhecer direito a banda. As únicas coisas que eu sei são as
posições deles porque Mackenna tinha praticamente me dado uma aula antes de
sair com Drake.

O baixo de Drake se junta à batida de Dylan, ou será Dash o baterista?


Ouço a guitarra e o inconfundível solo levando a plateia à loucura e aos berros.
Um clarão acontece e as luzes se acendem. No centro do palco, Davi abra a
canção com um rosnado rouco no microfone. Eu entendo o fascínio que as
meninas têm em cima deles, são um belo conjunto.

— Biany?

Viro ao ser chamada, dando de cara com uma mulher extremamente linda
e totalmente grávida. O que ela tem na cabeça? Nunca eu viria para um show de
rock com uma barriga desse tamanho.

— Biany? — ela volta a chamar.

— Sou eu.

Vejo seus ombros relaxarem e um sorriso aparecer em seu rosto.

— Venha comigo, Drake é maluco por deixar você no meio dessas vadias
sequeladas.

— Quem você está chamando de sequelada? — Lucy pergunta, enfezada.

A loira balança o cabelo ignorando as meninas.

— Venha, temos um espaço na área vip. Meu nome é Alana.

— Prazer, Alana. Espera... mulher do Dylan, certo?

— Isso mesmo.

Sigo Alana para longe da coxia, passando por vários profissionais de som
e iluminação, assim como seguranças, dando direto na tal área vip que ela tinha
dito. Aos poucos vou reconhecendo os rostos das outras, todas mulheres da
banda.

— Olha quem eu resgatei das garras assassinas das groupies — Alana


anuncia, sentando na primeira cadeira vaga que encontra.

— Biany, que bom que se juntou a nós. Meu nome é Mary, sou esposa do
Dash.

Aceito o beijo e o abraço desse mulherão, encantada pelo seu cabelo todo
colorido.

— Muito prazer, sou amiga do Drake. — Elas me encaram e mesmo


sorrindo sei que assim como aquelas fãs malucas também estão surpresas. — Eu
entendo. Ele não é do tipo que traz uma amiga para um show.

Nicky, a morena que se apresentou como mulher do Don, ri chegando


mais perto.

— Nos desculpe, Biany, mas Drake nunca trouxe ninguém...

— Diz logo, amiga, duvido que ele tenha alguma amiga na vida. Ele não
é de honrar muito as amizades — Alana retruca.

— Alana — Nicky chama sua atenção.

— Eu disse alguma mentira?

— Acredite em mim, Drake não é tão ruim — Mary diz, sorrindo.

— Pare de mentir para a coitada, ela tem direito de saber — Alana


resmunga, se virando na cadeira para me olhar. — Não sei qual foi a chantagem
que ele utilizou para trazer você, porque, sinceramente, o estilo dele são aquelas
sequeladas que estavam com você agora há pouco.

— Podem ficar tranquilas, eu sei muito bem a erva daninha que ele é.

— Eu duvido muito. — Alana dá de ombros.

— Não ligue para ela, todas andam bem chateados com Drake, mas é
passageiro. Somos uma família — Nicky sussurra perto do meu ouvido.

— É por causa do filme? — pergunto, curiosa.

— Seria mais por acreditar que o mundo habita o umbigo dele — Mary
diz, sorrindo.

— E aííí, Los Angeles!

A plateia atrás de nós grita em resposta acabando com nossa conversa.


Davi, me recordo daquele dia no hospital e de quando vasculhei o site sobre eles,
dá uma risada escandalosamente sexy quando um grupo de meninas grita
chamando-o de gostoso. Meus olhos passeiam pelo palco, até se fixarem em um
par de coxas grossas. Drake pode ser até um cuzão, mas tem uma aparência de
fazer calcinhas se rasgarem. Não é à toa que as garotas da coxia estavam tão
dispostas a entrar numa festinha pornográfica com ele.

Não é possível mentir sobre isso, Drake não é apenas um cara quente... é
como um meteoro em pessoa. Os lábios finos e seu nariz elegante, aquele corte
de cabelo despojado combinando e dando ainda mais ênfase para a beleza em
seu rosto. Até suas narinas se expandindo naturalmente a cada respiração
enquanto dedilha algum acorde no baixo dá um ar sensual.

— Temos um público animado esta noite! — Davi volta a falar,


castigando as fãs mais próximas.

Dando uma olhada geral para a banda, não tem um integrante feio, muito
pelo contrário, parece que eles tomaram um banho de beleza reluzente. Puta que
pariu, eles são quentes. Agora entendo o fascínio que as fãs têm em cima deles,
até de Mackenna por eles.


CAPÍTULO QUATORZE

O solo de Don entra em harmonia com o meu, faz parte da performance


irmos para o centro do palco e tocarmos um virado para o outro. Já fizemos isso
tantas vezes e em tantos shows, que não seria nesse show que mudaríamos isso.
As fãs nem notarão algo de errado entre nós, elas só querem ver ambos
dedilhando seus instrumentos. Um dia uma fã maluca me disse que esse era o
momento mais erótico do nosso show, eu até que poderia concordar, já que
tocamos com tanto sentimento. Quando terminamos, nos separamos e cada um
segue para um lado, o público grita enlouquecido mais uma vez. Do outro lado
do palco, Davi volta para o microfone e começa a soltar o coração pela boca,
isso é tão visível, é tão Davi. Volto para o fundo, ficando de pé na frente da
bateria de Dylan, sacudindo o corpo no ritmo quente de “N't is love”. Essa
música é umas das relíquias que ainda tocamos nos shows, é puro rock. Do jeito
que eu queria que continuássemos a ser.

O mais perto que pensamos estar

Bem, isso apenas nos trouxe até aqui

Agora, você tem mais alguma coisa pra mostrar?

Não, não, eu acho que não.


O quanto antes percebemos

Que nos cobrimos com mentiras

Mas por trás das aparências não somos tão fortes.

E o amor não é o suficiente.

Quando a música acaba, o palco fica escuro e a multidão urra em


resposta.

— Ei, Drake! — Um dos membros da equipe de Andres me entrega uma


garrafa d’água. Céus, estava ávido por uma dessas. Tomo um longo gole, quase
metade do seu conteúdo até empurrá-la de volta para ele. Os caras passam por
mim, seguindo para o camarim. — Andres quer sua confirmação sobre a música,
as cenas que estamos filmando estão incríveis — o tagarela dispara, trazendo
minha atenção de volta para ele.

— Sim, sim. Tenho tudo sobre controle. — Viro procurando por Biany,
eu tinha certeza que ela estava ali na beirada do palco com as outras fãs. Para
onde ela foi? — Ei, você viu a morena que estava comigo?

O tagarela coça a cabeça sem entender nada. Logo percebo que daquele
cérebro não sai nada de útil. Encaro o corredor tentando encontrar alguém que
possa me dar o paradeiro de Biany e no fim dele, conversando com outro roadie,
encontro Pet. Meu garoto, ele com certeza sabe.

— Ei, ei, Drake. Ainda preciso te passar algumas coisas — o tagarela


grita atrás de mim.

— Tudo bem, eu sei a música, depois você me fala.


— Drake, é sério, Andres vai comer meu fígado — ele retruca, quase
choramingando.

Credo que viadice! Viro esbarrando em um dos seguranças que


rapidamente pede desculpas saindo apressado.

— Porra, o que é tão importante assim? Você já conseguiu a assinatura


dos outros para que as filmagens possam ir para o filme? — Ele sacode a cabeça
confirmando. — Você queria saber se ainda lembro a música, pois eu lembro. Eu
só vou fazer o que faço toda vez, então, relaxe. Vá ao meu camarim, tome uma
cerveja e me deixe em paz.

O tagarela fica parado no mesmo lugar, me encarando como se tivesse


chutado o saco dele. Caminho até Pet, afoito, eu preciso saber onde minha
morena se meteu. Eu não duvido em nada se aquela doida não foi embora. Seria
um desperdício eu ter que correr agora atrás de alguém para terminar a noite.

— Pet!

Ele para, esperando que eu chegue até onde está.

— Fala, Drake. O que está precisando?

— Você viu uma morena de arrasar passando por aqui? — Ele arqueia a
sobrancelha. — Alta, uma mulata de arrasar, cabelo comprido. Um verdadeiro
bombom. A bunda é sem comentários.

Ele ri, pega o rádio de comunicação perguntando se alguém viu minha


acompanhante pelos corredores do backstage. Do outro lado do corredor vejo
Shan indo até o camarim central, o tempo está acabando e eu preciso voltar para
o palco.
— E aí?

— Apressado como sempre. Ronald a viu indo para área vip com Alana.

Puta merda, o que esse Pinscher quer com ela? Será que ela teve tempo
suficiente para azedar as coisas para meu lado? Olho para trás vendo Shan falar
no comunicador, no mesmo instante a voz dela sai pelo rádio de Pet.

— Alguém viu o Morrison? Temos que voltar para o palco.

Pet sorri, adorando a ideia de me dedurar.

— Eu juro que te dou uma folga e ainda pago uma viagem, diz que estou
cagando. — Ele gargalha com o comunicador perto dos lábios. — Seu filho da
puta, ganhe dez minutos para mim e eu te dou.

— Shan, ele está no banheiro.

O rádio faz um zumbido.

— Deus, apresse ele Pet.

— Pode deixar, Shan. — Pet guarda o rádio de volta no cinto e me


encara. — Tá esperando o que, seu mané? Vá atrás da sua garota e volte logo,
senão eu te levo pelo cangote até o palco.

— Valeu, garotão!

— Vai à merda, Drake — diz, rindo.


Corro pelo corredor, esbarrando em algumas pessoas na pressa. Mesmo
com a escuridão tradicional que é a área vip, eu consigo identificar Biany
sentada entre Nicky e Alana pelos pequenos focos de luzes no chão.

— Biany.

Ela se vira, surpresa.

— Olha o estrelinha aí — Alana comenta com acidez.

— Pinscher, vou deixar essas suas provocações de lado. Tratá-las como


algo fora do normal por conta da gravidez — resmungo.

— Olha, seu...

— Alana. — Nicky repreende a amiga, mantendo-a no controle.

Biany vem calmamente em minha direção, é obvio, e está estampado em


sua cara que não era esse o tipo de encontro que ela pensou, na verdade é meio
óbvio que ela não está por dentro de tudo isso, dessa verdadeira algazarra que é o
show. Mas o que ela estava esperando? Flores e bombons? Luz de vela?

— Você está bem? — sussurro, não quero que as outras escutem e


tenham motivos para me encher.

— Sim, confesso que um show seria o último lugar que imaginaria ser
levada num primeiro encontro. Mas estamos falando de Drake Morrison. — Ela
dá de ombros.

— Ah, você está tendo a oportunidade de me conhecer melhor — brinco,


dando uma piscadela para ela. — Vivo mais nesses palcos do que fora deles. —
Atrás de nós vejo uma pequena multidão se agitar, empolgados e ansiosos para o
retorno na banda no palco. — Eu só queria saber como estava, fico mais
tranquilo sabendo que está aqui. Esqueci completamente que ficar no meio de
tantos roadies e seguranças não é tão agradável.

O olhar de Biany está fixo no meu e isso meio que me mantém colado no
chão, estático no lugar.

— Você sabe que se deixasse as pessoas verem esse pequeno lampejo de


salvação que vi agora, elas gostariam mais de você, não sabe?

— Como assim? Está querendo dizer que não sou um cara legal? Eu sou
incrível!

Biany revira os olhos.

— Você faz uma máscara em torno de si próprio, seria bacana ver por
trás. Fora que é irritante ficar perto de você quando seu ego está solto como um
cachorro afoito por atenção.

Agarro-a pela cintura, ciente que Pet com certeza já está vindo me buscar
pelo cangote como tinha ameaçado, mas não perco a oportunidade de sentir
novamente o calor que seu corpo emana colado no meu.

— Eu posso mostrar o que tem por trás de várias coisas, Bibi — digo,
mordiscando o lóbulo de seu ouvido, sentindo sua pele se arrepiar.

— Palhação, seu tempo esgotou.

Sou puxado para trás, fazendo Biany também dar um passo, se


equilibrando.
— Porra, Pet!

— Eu avisei, Shan está soltando fogo.

Gargalho me deixando ser levado de volta para o corredor, para o palco e


para longe da minha morena. “Minha” solto um gargalhada só de pensar isso.
Bom, ela é minha enquanto eu estiver aproveitando o que nossa breve relação
tem para me oferecer, mesmo se for apenas por uma noite.

— Não sabia que tinha ficado maluco — Pet resmunga, olhando para
mim.

— Intrometido, cuide da minha bunda que é seu trabalho — brinco.

Em resposta levo um soco nas costelas que me faz perder o passo e


querer contra-atacar, mas a voz alterada de Shan me faz prestar atenção no que
acontece bem à nossa frente.

— Podemos já entrar com nossa parte? Preciso dispensar a equipe —


Andres avisa para uma nada contente Shan.

Ela respira fundo, apertando o canto dos olhos.

— Você tem direito a uma música, não me peça mais nada, Sr. Antures,
sua equipe já tumultuou demais todo o backstage e meu show.

— Drake, meu astro. Estávamos falando justamente sobre você. —


Andres me recebe com aquele sorriso de sempre. Pode ser algo da minha cabeça
ou por toda a vibe negativa que os caras estavam pondo em cima de mim, mas
algo nesses sorrisos resplandecentes de Andres me incomoda.
— Cheguei.

— Estava ajustando sua entrada com Shan, que tal você já entrar no
palco tocando nossa música?

Dou de ombros.

— Por mim, fechado.

— Você pode me dizer como você pretende fazer isso, já que a minha
banda foi avisada dessa palhaçada de gravação hoje? Eles nem ao menos sabem
essa música. E se não for algo compatível com que os fãs estão acostumados a
escutar? — Shan questiona.

— Mich está a par de tudo, estamos com um playback da música tudo


que preciso é do Drake tocando e cantando. Depois o show é todo seu.

As bochechas de Shan ficam ainda mais vermelhas e o fato de a plateia


gritar nosso nome não ajuda em nada.

— Ok, vamos acabar logo com isso.

— Excelente! — Andres exclama, batendo palmas.

— Davi, você faz aquilo que combinamos, finjam que tocam, sabe que
odeio essa história de playback.

— Pode deixar, Shan. Não vamos deixar a plateia perceber.

A multidão responde à nossa volta no palco gritando mais alto, os gritos


empolgados reverberam sobre meu corpo. Dylan ocupa o lugar atrás da sua
bateria, tocando levemente no bumbo, criando uma pequena nota musical de
fundo. Enquanto Dash e Don ajeitam suas guitarras sobre os ombros. Davi vai
até a ponta do palco, agachando para ficar mais próximo da plateia.

— Hoje temos uma surpresinha para vocês, algo especial que nosso
irmão Drake compôs.

Tá, eu não criei nada. Nem sei quem criou isso, mas tá valendo.

Davi me cede seu microfone e sinto como se pudesse vomitar a qualquer


momento, nunca cheguei perto do microfone antes, nem mesmo para ser backing
vocal dele. Ter todos os olhos vidrados em mim me deixa suando.

— Aguente a barra — Davi sussurra, ajeitando o microfone no pedestal.

Olho para trás e vejo os caras ajeitarem os headsets nos ouvidos,


provavelmente para escutar a música e encenar que estão tocando junto comigo.

— E aí, minhas gostosas? — pergunto diretamente para três groupies que


estão com uma camisa da D’Five, trepadas na grade de proteção.

A plateia grita e assobia, animada.

— Essa música envolve uma grande surpresa para vocês, que logo
estarão sabendo. Espero que gostem. — Ajeito o baixo no pescoço.

Estou nervoso! Dou uma olhada rápida em direção à área vip, Biany me
encara lá de baixo, seus olhos capturam os meus por um segundo, emanando
uma elétrica e inegável faísca de desejo. Eu preciso ter essa mulher ainda hoje.

Dylan toca a entrada da música como me recordo.


— Vamos para o rock, babys — grito no microfone bem na hora que o
drone com a câmera passa por mim.

As guitarras entram, o som é inicialmente lento, como as preliminares,


vai acelerando até que chega minha hora de soltar o dedo sobre meu baixo e
cantar a canção.

Lábios de prostituta, prontos para me atormentar com seus pequenos


truques.

Brincando e me torturando

Oooooh, oh, oh

Eu nunca deveria ter provado o sabor dos seus lábios,

Um amor que morrerá um dia...

Mas hoje eu só quero sugá-los como se fossem minha vida,

Deixar você sentir tudo que posso e vou te dar.

E quando o amanhã chegar você desaparecerá com esses lábios de


prostituta.

Duas dançarinas que Andres tinha contratado para essa hora entram no
palco rebolando e dançando em volta de mim, passando a mão sobre meu corpo
enquanto despedaço o baixo nos refrães, animado pela plateia que pula e grita
enquanto toco. Eu sei que é isso que precisamos para a banda. Sangue de
verdade, muito rock. É disso que eles realmente gostam, minha vontade de olhar
para trás com um olhar triunfante é quase grande o suficiente para que realmente
faça isso, mas prefiro curtir meu momento, deixar essa energia enlouquecida da
multidão entrar em minhas veias como a mais deliciosa adrenalina.
Quando os últimos acordes da música são tocados, eu me curvo
agradecendo. O palco escurece de novo e tudo que consigo é sorrir, sorrir e sorrir
ainda mais, me sentindo eletrizado.

Deixo o microfone de lado seguindo para onde os outros estão no fundo


do palco, secando o rosto em toalhas ou bebendo um gole d’água.

— Eu disse que era disso que precisávamos.

— É, você foi bem — Don comenta, voltando para sua posição. Nem
realmente se importando que a reação do público foi de endoidecer qualquer um.

— Bem? Eu fui incrível! Fodástico, no mínimo — concluo, com o maior


sorriso que tenho, mal ligando para a inveja de Don. Andres deve estar com um
sorriso ainda maior do que está acostumado a me dar.

Ninguém segura mais Drake Morrison.


CAPÍTULO QUINZE

BIANY

— Eu sei por que você me trouxe aqui.

Ele me encara com um sorriso depravado no rosto, mas isso não diminui
minha postura. Você não é um bom adversário para mim nesse momento, Sr.
Morrison. No caminho até o apartamento luxuoso de Drake, eu coloquei meus
pensamentos em ordem. Não sou daquelas que ficam se questionando o porquê
de um cara estar com ela, sei de minhas qualidades, de minha beleza e
principalmente inteligência. E é por minha inteligência que sei que Drake não é
do tipo que realmente se esforça por algo, simplesmente porque ele tem tudo de
mão beijada. O fato de eu ter negado tanto o ajudou em sua caçada, eu realmente
me tornei um bicho para o abate.

Drake quer transar e infelizmente minha negação para um cara que não
está acostumado com o “não”, tornou tudo ainda mais divertido para ele, quase
físico.

— E por que eu trouxe você para cá? — Drake faz questão de perguntar,
quase deitando a cabeça sobre o ombro.
— Você está acostumado a viver tendo tudo que quer, como quer. Se
acha incrível, muitas vezes faz tanta merda que nem nota. Aposto meu salário
que mal percebe que suas atitudes estão afastando as pessoas que mais estiveram
junto de você. — Respiro fundo e continuo, mesmo que seu semblante mostre
uma rigidez no maxilar.

Drake não está acostumado com pessoas dizendo a verdade na cara dele,
está mais acostumado com todos passando a mão e limpando as merdas que ele
provavelmente deixa para trás. E mesmo aquele olhar com um pingo mínimo de
preocupação que ele me lançou no meio do show não é forte o suficiente para
abrir realmente os olhos dele para tudo que pode estar fazendo.

Eu posso ser maluca, como realmente estou acreditando nesse momento,


mas Drake não é isso, ele tem algo... afinal todos têm que ter algo de bom ou
salvador dentro de si, até mesmo um cara que é puro egocentrismo.

— Você trata principalmente as mulheres como meras bocetas andantes e


eu tendo um filho pequeno torna isso ainda mais deprimente. Você merecia uma
boas palmadas da sua mãe.

Ele solta uma risada irônica, seus olhos estreitos como um falcão pronto
para dar o bote.

— Ela não pensou o mesmo que você.

— Se tivesse pensado, hoje você não seria esse egocêntrico com o


mundo entalado na garganta.

Ele fica apenas me encarando.

— Você quer me levar para a cama. — Repito, tirando o casaco que


Drake colocou sobre meus ombros assim que saímos do show. Deixando-o sobre
a poltrona. — Tudo bem, mas essa noite eu vou te mostrar como deve tratar uma
mulher, e não falo essas piranhas que andam trepadas em suas bolas como se
fossem chatos.

— Que merda toda é essa?

— Essa merda toda é o que você deve fazer quando encontrar a mulher
da sua vida. E não me faça essa cara, porque ela virá e te deixará tão no chão que
você não vai saber nem o que te destruiu.

Caminho até o aparelho de som sofisticado ao lado da TV, conectando


meu celular. Assim que os primeiros acordes de “At Last — Etta James” saem
pelos autofalantes, eu me volto para Drake.

— Primeiro você me deve uma dança, algo para compensar a péssima


noite que estou tendo.

Ele torna a rir alto, fazendo sua risada até mesmo cobrir o início da
música.

— Você só pode estar brincando.

Paro no meio de sua sala, com ele tudo tem a ver com motivação. Por
que não? Não dizem que quando estamos no inferno, temos que abraçar o
Diabo? Pois então, tudo bem que não será tão torturante transar com um cara
como Drake, ele é lindo, gostoso e parece derrubar uma mulher durante a transa.
Pode valer a pena por uma noite, como naqueles contos infantis que a plebeia sai
com os sapatos nas mãos antes de dar a última badalada.

Pego a barra da blusa erguendo até o limite do sutiã, notando os olhos de


Drake se arregalarem. Jogo a blusa sobre o sofá.

— Será que isso é incentivo suficiente para uma dança?


— Porra, garota. Você quer acabar comigo? — questiona passando a mão
sobre o pênis.

Etta James continua cantando.

Ohh, sim

Enfim o céu está azul

Meu coração estava coberto de tranquilidade

Na noite em que eu olhei pra você

Não sei porque escolhi logo essa música, acredito que foi apenas pelo
fato de ser uma bela canção.

— Eu não sei dançar.

Sorrio, colocando as mãos de Drake em minha cintura. O calafrio


percorre minha pele desnuda quando as mãos frias dele me apertam e percorrem
alguns centímetros para cima.

— Você mexe seu corpo de um lado para o outro, um pequeno passo para
cada lado e eu finjo que você sabe algo. — Franzo o nariz somente para irritá-lo.

Enquanto balançamos de forma descoordenada no meio de sua sala,


Drake fixa algumas vezes os olhos nos meus. E naquele mar negro que é sua
pupila, eu vejo algo que essa casca toda de “Sr. Incrível” não mostra. Logo me
repreendo, é apenas coisa da sua mente fértil de leitora ávida de romances.

Suas mãos descem por meu quadril, fazendo pequenos círculos no fim de
minhas costas, brincando de infiltrar a ponta dos dedos no cós do jeans. Um
movimento rápido e provocante, Drake esfrega os lábios nos meus e eu não
gosto do som que emito, como se estivesse esperando por isso há muito tempo.

Algo dentro de mim ri, concordando... Tudo bem, com Josh, a correria do
dia a dia, não tenho tido muitas paqueras ou encontros, mas meu corpo me trair
assim, tão rapidamente, é humilhação demais.

Ele esfrega a boca novamente na minha, lábios molhados e quentes como


o inferno, dessa vez não apenas um pequeno movimento, ele suga meu lábio
inferior para dentro de sua boca, enquanto suas mãos passeiam livremente pelo
meu corpo. Minhas mãos estão segurando seus ombros, mas doidinhas para
descerem e começarem a explorar uma grande área.

— Até que dançamos bem juntos — ele sussurra em minha boca.

O fato de ele roçar o quadril com sua ereção proeminente contra o meu
também não ajuda meu cérebro falho.

— Seria ótimo tomar alguma coisa — digo numa lufada de ar.

Ele sorri abertamente, coça a cabeça bagunçando o cabelo deixando sua


aparência ainda mais rebelde.

— O que você toma? Vodca, refrigerante?

— Um refrigerante está ótimo.

— Vamos fazer assim, você pega seu refrigerante na cozinha e eu tomo


um banho. Volto antes mesmo que termine sua bebida — Drake diz com um
enorme sorriso.
— Hum, ok...

Ele arranca a camisa ainda no meio da sala, dando a visão dos seus
músculos definidos, sorrindo ainda mais ao ver como encaro seu corpo.
Convencido de uma figa.

— Cozinha? — questiono, desviando os olhos daquele peitoral que


parece mais uma parede do que uma barriga, olhando somente para seus olhos.

— Só seguir reto, agora se quiser saber onde fica meu quarto, final do
corredor à direita — responde com uma piscada.

Minha boca ainda está quente, formigando e, pior, com o gosto dele.

— Vou buscar minha bebida — aviso, virando na direção que ele


indicou, escutando o riso baixo atrás de mim.

No momento que chego à cozinha, encosto no granito da bancada


respirando fundo. O que estou fazendo? Por que foi só ele me beijar que eu
comecei a visualizar todas as partes que gostaria de colocar a boca? Parece que
meu bom senso foi fritado por sua proximidade, só penso em minha boca
descendo por aquele peitoral, se perdendo na penugem que indica um caminho
perigoso e ao mesmo tempo... Deus, o que ele está fazendo comigo?

Ando até a enorme geladeira e pego uma lata de Coca-Cola, tomando o


primeiro gole. A música já acabou há um bom tempo deixando o apartamento no
completo silêncio. Meu coração pulsa descompassadamente enquanto eu me
pergunto de onde ele virá. Depois de mais alguns instantes, ele aparece na
cozinha, o corpo preenchendo a passagem.

Como dois ímãs, nossos olhos se conectam. Começo a respirar com


dificuldade. Drake está apenas de toalha, por sinal, pendendo tão baixo que é
como se desafiasse constantemente a gravidade.
Ele começa a andar em minha direção e eu vou recuando até bater as
costas na quina da bancada. Meu cérebro parece estilhaçado e sinto um frio na
barriga.

Ah, Deus, tenho que deixá-lo se aproximar. Não. Não posso deixá-lo se
aproximar. Biany, se recomponha, você está sendo uma vergonha para você
mesma — ralho em pensamento.

Consigo recompor minha expressão de indiferença no mesmo instante


em que Drake puxa meu corpo para ele. Ele me pressiona contra a bancada,
coloca as mãos no cós da minha calça. Decido eu entre parecer uma defunta
pronta para necrofilia ou retornar à ação. Meu corpo me trai e minhas mãos
passeiam pelo seus ombros, descendo por seus braços, brincando por sua barriga.
Drake esfrega o nariz em meu pescoço e aproveito para mordiscar e lamber seu
pescoço, porque… nem sei por quê. Porque ele é Drake Morrison. Irritante,
detestável e… um gostoso de tremer paredes.

— Você está molhada? — ele pergunta, respirando com dificuldade.

— Que pergunta mais ridícula é essa? — questiono, mas o pior é que


estou mesmo. Por tê-lo assistido com o peito suado tocando seu baixo e várias
mulheres cobiçando um milésimo do seu tempo, e por sentir sua pele quente sob
os dedos. Acreditei que seria fácil botar uma banca e sair, mas cá estamos nós...

— Estou com muito tesão — ele geme, desabotoando minha calça,


colocando sua mão por dentro de minha calcinha, tocando meu clitóris, tremulo.
Simples assim. E por mais que eu queira dar um tapa em sua mão e jogá-lo
contra a bancada, não consigo parar de jogar a cabeça para trás e de rebolar,
acompanhando o movimento de seus dedos.

Ele morde meu lábio inferior, chupa. É tão quente, molhado e gostoso.
Tão gostoso. Mordo seu lábio ferozmente, cravando as unhas em sua cabeça.
— Vamos, minha delícia, deixe essa marra para lá. Foi divertido até aqui,
mas eu realmente preciso ouvi-la gemer.

Ah, isso não levará a lugar nenhum...

Ele afasta os braços, meus mamilos se enrijecem quando ele arranca meu
sutiã.

— Eu queria levar você para meu quarto, tenho uma cama fantástica, mas
essa bancada terá que servir.

Drake arranca a toalha ficando nu e colocando-a na bancada atrás de


mim. Seu pênis totalmente ereto e rosado me faz desejar colocá-lo na boca e ao
mesmo tempo questionar quantas possíveis DST’s ele tem.

— Eu espero que tenha preservativos, senão pode parar de descer minha


calça.

Ele ri, terminando de arrancar minha calça, jogando-a no canto da


cozinha.

— Pode ficar tranquila, eu não quero filhos.

Drake não fica de pé como eu esperei que ficasse, ele abre minhas
pernas, acariciando com os dedos o caminho entre minhas coxas, passando a
mão em meu clitóris por cima da calcinha. Minhas pernas nuas tremem quando
sua língua se infiltra em minha calcinha tocando meus lábios vaginais, me
fazendo arfar e gemer.

Ele me abre ainda mais, enquanto eu praticamente arranco o cabelo de


sua cabeça de tanto que puxo e me estico para segurar sua nuca entre minhas
pernas. Arqueando para trás, gemendo alto quando ele começa a me foder com
mais força, sua língua trabalhando cada vez mais rápido. Me remexo acertando o
ponto, a fome de Drake sobre sexo é palpável a cada lambida, e a cada gemido
que solto ele mordisca meu clitóris fazendo meus mamilos já enrijecidos doerem
dolorosamente em busca de atenção.

Quando Drake ergue a cabeça para me olhar, seus olhos estão reluzentes.
O que me faz segurar meus seios com mais força.

— Posso parar agora para você me ensinar como tratar uma mulher de
verdade, como você? — Ele não espera resposta, e acredito que nem tenho uma
depois disso.

Em pé, ele me puxa contra seu corpo. Cada músculo quente, duro e firme
contra mim, o corpo fervendo contra minha pele nua. Drake se apossa de mim
como um animal, a boca, os dentes, a língua subindo pelo meu corpo. Sinto seu
pênis brincando em minha intimidade e isso faz com que eu me movimente sem
parar. Quero-o mais perto, eu o quero em mim. Já não tem mais porque negar.
Pelo menos por essa noite esse é meu desejo.

Mesmo com meu consciente em frangalhos, escuto meu celular tocando.


Algo no fundo de minha mente apita, chamando minha atenção. Mas quando
Drake termina de colocar a camisinha e me ergue sobre a bancada, esse protesto
no fundo da mente some. Ele sobe na bancada pairando sobre mim, sua boca
desce em direção ao meu seio, tomando-o na boca, seus olhos grudados nos
meus. Gemo novamente enfiando as unhas em suas costas, ele chupa, acaricia,
puxa o bico enrijecido do meu seio espalhando tremores por todo meu corpo.

O esfregar do seu pênis estimula tantas áreas diferentes, todas as minhas


terminações nervosas estão em alerta. Drake se encaixa no meu centro, me
penetrando, centímetro por centímetro. Escorregando com facilidade para dentro
de mim, tamanho meu tesão.

Não falamos nada, nenhuma palavra é ouvida, apenas nossos gemidos


preenchem o ambiente. Arqueio o quadril em busca de profundidade, minhas
mãos agarram os músculos de Drake, assim como o olhar dele quer ferocidade.
Ambos queremos, então lhe dou.

Uma... duas... três... perco a conta de quantas vezes ele entra e sai com
uma série de rápidas investidas.

Na sala meu telefone torna a tocar de maneira insistente e esse pequeno


aviso brilhante que estava em meu subconsciente se faz mais forte.

— Pare... — Drake me encara como se eu tivesse feito algo assombroso.


— Pare. Eu preciso atender. — Repito.

Ele para no meio de uma investida, sustentando o peso do seu corpo nas
mãos.

— Como é que é?

Empurro seu corpo para cima.

— Eu preciso atender, pode ser algo com meu filho.

— Você só pode estar de brincadeira — Drake reclama, passando a mão


pelo cabelo úmido de suor.

— Não, estou falando sério. — Empurro novamente seu peitoral, até que
ele, com um suspiro, sai de cima de mim, ficando de pé. Evito olhar para seu
corpo, porque, Jesus... aquilo é tentação e posso realmente ignorar o toque
incessante do telefone.

Desço da bancada com ajuda de Drake, seguindo para sala. O toque cessa
assim que encontro o aparelho dentro de minha bolsa. Cinco ligações de Marta e
dois recados na caixa postal, nem perco tempo escutando, retorno a ligação no
ato.

— Marta, desculpe — digo assim que ela atende.

— Srta. Biany, sinto muito incomodar sua noite de folga...

— Isso não tem importância, o que houve? — Interrompo.

— Josh começou a passar mal depois do jantar, o pobrezinho estava com


muita falta de ar, aquele suor excessivo. Eu fiquei realmente preocupada e
trouxe ele para o hospital que a senhorita deixou anotado nas coisas dele.

— Meu Deus, eu já estou indo para aí, em cinco minutos.

— Fique tranquila, srta. Biany. Ele está nesse momento sendo atendido
pelo médico.

— Tudo bem, logo estarei aí. — Encerro a ligação jogando o celular de


volta na bolsa, pego minha blusa jogada no chão da sala, volto correndo para a
cozinha recuperando o restante de minhas roupas, vestindo tudo no menor tempo
que consigo.

— Pelo visto está indo embora — Drake resmunga, encostado na pia da


cozinha escura, a luz da noite ilumina o suficiente para que eu veja seu contorno
sentado ao longe.

— Drake, eu sinto muito. Mas Josh passou mal...

— De novo? Ele é uma criança ardilosa — diz, sorrindo, e na sombra seu


sorriso se torna mais para diabólico do que um sorriso simpático.
— Não é um truque, Drake.

— Como você pode saber? Ele quase fingiu um enfarto antes de sairmos
— resmunga.

Suspiro.

— Josh tem arritmia cardíaca desde que nasceu, ele toma remédios
controlados e por vezes tem algumas crises.

Ele arregala minimamente os olhos.

— Eu... Desculpe, não tinha como saber.

— Tranquilo, sei como Josh pode ser pirracento, mas com isso eu não
posso brincar. Eu vou chamar um táxi, desculpe... você sabe.

Drake desencosta da pia, parando em minha frente.

— Termine de se arrumar, em cinco minutos estaremos indo.

— Você não precisa me levar.

— Olha, posso ser o canalha que todos dizem, sou mesmo, curto isso.
Mas não deixaria você procurar um táxi quase às quatro da madrugada.

Ele sai da cozinha e, enquanto termino de ajeitar minhas coisas, ele surge
vestindo uma calça jeans e um moletom preto com capuz.

— Com esse cabelo bagunçado e essa roupa você pode passar fácil por
um maluco — brinco, caminhando para fora do apartamento.

Ele dá de ombros.

— Adoro ser reconhecido, mas se tirarem uma foto minha entrando num
hospital, amanhã terei minha caixa de mensagens lotada de ligações e recados
ridículos.

Assim que a porta do elevador se fecha é como se retirassem o ar daqui,


o perfume de Drake circula nesse pequeno espaço como um touro pronto para o
ataque e, no caso, o ataque é o meu sistema. É inevitável olhar para ele e não
relembrar onde ele esteve minutos antes, onde essa boca estava e o que essa
língua passando de forma despercebida pelos lábios faziam em meu corpo.
Biany, controle-se!

O pequeno apito indica que chegamos na garagem faz com que eu respire
aliviada.

— Entre. Prometo que chegaremos o mais rápido possível — Drake diz,


acionando o alarme e já ocupando o banco do motorista.

É um fato, Drake dirige como um lunático. Sério, eu já estava tendo um


colapso com suas manobras malucas no meio do tráfego de Los Angeles. Tenho
certeza que minhas unhas ficaram marcadas em seu banco de couro. Ele para em
frente ao hospital permitindo que eu desça, na pressa de encontrar meu filho nem
agradeço pela carona ou pela noite. Mesmo não sendo nada que esperei, até que
não saí perdendo.

Corro pelo saguão passando pelas pessoas com pressa, parando ofegante
na recepção.
— Por favor, sou mãe de Josh Philips. Onde ele está?


CAPÍTULO DEZESSEIS

Biany é algo fora do comum.

Eu adoro...

Fico transtornado por ela mexer comigo dessa forma...

Surpreso?

Mexo a boca sobre sua boceta, buscando seu clitóris e quando o encontro
sugo sem qualquer piedade. Ela se remexe de prazer em minhas mãos, se
abrindo cada vez que geme ou arfa para mim. Nem mesmo sua pose marrenta no
começo conseguiu se manter quando coloquei minhas mãos sobre ela.

E então... Porra! Então o pirralho inventa de passar mal, por mais que eu
ainda tenha algo dentro de mim dizendo que é mais um truque daquele moleque
ardiloso, mas quando Biany contou sobre a doença, eu corri para o hospital com
ela. Não poderia deixá-la sozinha nessa hora.

Como disse, sou canalha, mas não um grande filho da puta. É, talvez eu
seja, penso enquanto estaciono o carro.

Puxo o gorro do moletom sobre a cabeça, tentando esconder um pouco


do meu rosto. Merda, eu odeio hospitais! Acredito que aqui seja o único lugar
que não gosto que saibam que estou. Senão amanhã a reportagem especial do
TMZ será uma especulação infinita sobre Drake Morrison estar dentro de um
hospital. Sério, esses sensacionalistas são capazes de dizer que retirei uma de
minhas bolas só para ter audiência.
Paro perto da recepção tentando encontrar Biany, acabo encontrando-a no
corredor, ando até lá parando ao seu lado, ela está realmente preocupada.

A enfermeira me encara.

— Eu sou o tio do pir... de Josh — digo, sorrindo.

Os olhos dela se arregalam, sua boca se abre em um pequeno “o”, o que


me faz sorrir.

— Drake? Drake da D’FIVE? Oh, meu Deus!

— É isso mesmo, gatinha, mas não faça escândalo — peço, verificando


se ninguém perto de nós tenha escutado esse rompante.

— Eu sou muito fã de vocês. Dominic também está aqui? —Seguro


minha vontade de responder. — Nossa ele é perfeito, aqueles olhos azuis...

— É, ele não está.

— Será que posso ver meu filho agora? — Biany pergunta.

A enfermeira cala a boca na hora, suas bochechas vermelhas de


vergonha, coitadinha.

— Claro, desculpe, srta. Philips, ele está no quarto andar. Quarto 406.

— Muito obrigada.

Biany marcha para o elevador com pressa e sigo em seu encalço. Ela mal
abre a boca durante o curto trajeto do elevador, quando as portas se abrem,
indico a porta do quatro que fica praticamente em frente ao elevador.

Biany abre levemente a porta, colocando a cabeça para dentro.

— Filho?

— Mãe! — Escuto o pirralho exclamar.

Moleque safado, com essa voz animada nunca estaria morrendo do


coração. Seguro a porta, entrando logo em seguida. O quarto é todo decorado
com tema infantil, bichinhos espalhados pela parede e pelos equipamentos. A
Marta, mulher que me recebeu mais cedo na casa de Biany, está sentada em uma
das poltronas.

— Srta. Biany.

— Como você está, o que aconteceu? — Biany dispara.

Coloco a mão sobre o ombro de Biany, abrindo um sorriso totalmente


calculado para o pirralho.

— Fique calma, vamos perguntar para o médico.

— O que ele está fazendo aqui? Acredito que estranhos não possam
entrar nos quartos, ainda mais sem serem convidados.

Ô moleque topetudo.

— Josh, olha os modos. Drake fez o favor de me trazer até aqui.

Ele cruza os braços diante do peito, emburrado.

A porta se abre e uma médica alta, de cabelos escuros, entra no quarto


sorrindo para o pestinha.

— Vejo que está melhor, Josh. — Ela sorri, cumprimenta Biany e eu com
um aperto de mão. — Sou a Dra. Lindsey.

— Biany, mãe do Josh.

— Ele é um completo estranho — Josh trata logo de dizer.

— Josh — Marta sussurra, o repreendendo. Mas isso só o faz revirar os


olhos.

A médica me olha ainda sorrindo.

— Drake Morrison, amigo.

— É um prazer conhecê-los.
— Doutora, o que Josh tem? Ele está bem?

— Eu vou deixar vocês conversarem, estarei na cantina caso precisem de


mim.

— Muito obrigada, Marta.

— Ah, ele está ótimo ou bem melhor no caso. — A médica continua


sorrindo. Deus! Meu maxilar já estaria doendo. Não sei como ela sustenta tanto
tempo o sorriso. — Josh deu entrada com uma pequena recorrência dos
episódios de arritmia. Segundo ele, nosso rapazinho esqueceu de tomar um dos
remédios.

— Como assim, Josh? Quando saí de casa você tinha me dito que havia
tomado todos.

O pentelho arregala os olhos. Viu, pego no flagra.

— Mãe, eu tomei! Juro.

— O que importa é que tudo não passou de um susto. Mãe, posso


conversar com você lá fora um instante?

— Claro! — Biany olha para mim como se questionasse se eu já iria


embora.

— Eu vou ficar aqui, pode ir tranquila.

Espero que Biany e a médica saiam do quarto para me jogar na poltrona,


encarando o pirralho com um enorme sorriso.

— Você ainda não percebeu que não é bem-vindo aqui?

Respiro fundo, sentando de forma mais confortável na poltrona.

— Você já pensou em fazer um curso de teatro? Você é bom nisso,


pirralho.

Ele arqueia a sobrancelha, me olhando como se fosse arrancar um pedaço


de mim a mordidas, o que me faz rir.
— Vamos ser claro, bobalhão. Eu não gosto de você e não o quero perto
de minha mãe.

Josh se senta na cama como se não tivesse nada, mais saudável do que
eu.

— Leia minha mente — brinco. — Não me importo com o que você


pensa, vai ter que me aturar, porque sua mãe gostou bastante de mim, viu —
acrescento.

— Só por cima do meu cadáver, seu bocó — retruca.

O equipamento apita de forma mais rápida.

— Veremos, então.

Volto para minha posição ao mesmo tempo em que a porta se abre, o


pirralho mantém sua cara de paisagem, entrando no jogo.

— Tudo bem? — Biany me questiona, olhando de mim para o filho.

— Sim, apenas essa máquina que começou a apitar com mais frequência.

A médica vai até o aparelho, examinando os fios ligados ao peito do


pentelho.

— Doutora, estresse não é um dos motivos para eu ficar mal? — ele


pergunta, arrancando mais uma sorriso dela.

— Sim, Josh. Estresse pode ser sim um dos fatores que desencadeiam
alguns pormenores, porém não vejo isso acontecendo com você.

— Josh, pare de fazer perguntas tolas para a doutora. — Biany ralha com
ele.

— Mãe, não é uma pergunta tola, já que sofri um pequeno estresse essa
noite — ele alega, olhando da mãe para mim.

Biany fica sem graça, solta um pigarro, tentando disfarçar.

— Doutora, quando poderei ir embora? — Ele volta sua atenção para a


médica.

— Você se manterá em observação esta noite, mas se tudo correr bem,


como acredito que ocorrerá, amanhã você já receberá alta. — diz enquanto anota
algo na prancheta, deixando perto do aparelho. — Biany, eu vou pedir a
medicação para que uma das enfermeiras venha aplicar, também preciso que vá
até a recepção terminar de preencher a ficha do Josh, principalmente algumas
coisas burocráticas do convênio.

— Josh não tem convênio, doutora.

Encaro Biany, já de saco cheio de ficar aqui vendo a manha desse


pentelho. Tudo que eu desejo nesse momento é ir para casa e dormir, já que
minha noite de foda foi atrapalhada por um garoto pentelho de coração fraco.

— Se nosso pir... pequeno Josh está melhor, eu vou indo. Estou destruído
— comento, ficando de pé.

— Desculpe, Drake. Você querendo ir para casa e eu aqui...

— Imagina, Bibi. Seu filho é prioridade — digo.

“Seu filho é prioridade”, que porra é essa Drake? Seu pau é prioridade,
ninguém nunca te deixou com uma ereção filha da puta e não terminou o
serviço, além de eu ter desejado por dias gozar nessa boceta deliciosa, ainda tive
que pensar na avó do Dash pelada. Que ele não saiba nunca disso.

— Eu acompanho você até o saguão — Biany diz.

— Beleza. — Olho para o pirralho com um sorriso falso. — Se cuide,


hein.

— Já vai tarde, babacão.

— Josh! Pelo amor de Deus, vou mandar aplicar uma injeção na sua
língua — Biany exclama, nervosa.

— Relaxa, delícia. Ele é apenas uma criança, logo aprende os bons


modos. Só não deixe um valentão arrebentar sua cara — digo sorrindo.
Biany volta a me encarar, perplexa. O que me faz dar de ombros rindo. É
verdade, quem muito canta de galo acaba pisoteado. E esse pirralho é turrão que
só.

Paramos em frente à entrada do hospital, o sol já está nascendo, o que faz


meus olhos cansados arderem.

— Agradeço por ter me trazido até aqui — Biany praticamente sussurra.

— Não foi nada.

Cruzo os braços diante do peito, inclinando minha cabeça um pouco para


o lado, estou realmente frustrado e cansado.

— Desculpe também por... você sabe... sair correndo, foi uma noite
surpreendentemente agradável.

— Eu adoro quando você fala difícil... — sussurro, sorrindo. — Mas não


posso contar hoje como um encontro, já que tivemos que interromper nossa
conversinha, por assim dizer, para correr até o hospital.

— Acho que está ficando um pouco presunçoso, você não acha?


Combinamos que seria uma noite, não havia nada como “Em caso de
interrupções teremos mais outro”.

— Isso é verdade. — Arranho a barba por fazer em meu queixo. — Mas


seria o mais justo, já que saí em grande desvantagem.

Biany desce os olhos pelo meu corpo o que me faz sorrir. Isso mesmo,
garota, você deixou meu pobre pau despedaçado.

— Não — responde, por fim, mordiscando o lábio inferior. — Não estou


interessada em romance no momento.

Romance? Que porra de romance, eu só quero terminar o que


começamos, penso, mas não é isso que digo.

— Nem eu, mais um ponto em comum, mas é muita injustiça de sua


parte deixar meu pobre pau tão desamparado. — Chego mais perto de seu
ouvido. — Como ele irá ficar depois de provar esse pequeno caminho até o céu?
Nem mesmo se foder com todas as fãs malucas, ele irá se recuperar.

— Isso era para ser um elogio à minha parte íntima ou devo dar um tapa
em sua cara e deixá-lo falando sozinho?

— Ah, vai dizer que você não gostou da festa nas minhas calças? —
pergunto, dando uma piscadinha.

Ela balança a cabeça indignada, mas acaba rindo.

— Tudo bem então, eu ligo marcando os detalhes — aviso, virando e


deixando Biany embasbacada, olhando para mim.

— Drake, eu disse não! — ela grita em minha direção.

— Eu ouvi, delícia.

Destravo o carro sorrindo, mais ainda por ver o rosto indignado de Biany
em frente ao hospital.

CAPÍTULO DEZESSETE

Uma semana se passou e se eu falar que mal vi os dias passarem é lucro


ainda. Cada dia eu estou acordando mais cedo e dormindo mais tarde, fora a
viagem que tinha feito essa semana para uma bendita cena externa que Andres
teimou em fazer. Se um dia reclamei que ensaiar as mesmas músicas muitas
vezes era péssimo, representar as cenas é ainda pior! Puro e verdadeiro saco!

Temos que gravar as mesmas cenas de novo e de novo e de novo. Meu


cérebro está se dissolvendo e eu não consegui entender por que o sujeito da
câmera precisa de uma cena minha dizendo “Vamos arrasar com tudo” dez mil
vezes. É ridículo.

E o elenco? Filhos da puta, isso que são.

Para Andres sempre há algo que não está legal ou algo que não tenha
ficado legal ou a bunda dele que não está agradando. Eu que sou acusado de
estragar as coisas, ser forçado a ser o mais profissional e focado do grupo, é um
choque. E se eu não podia acreditar que a semana seria ainda mais um pé no
saco, tive que aturar Klen Bungs do talk show nos enchendo de perguntas sobre
os novos projetos que a banda planeja. Cochilei por duas vezes, sendo cutucado
por Davi para acordar e prestar atenção.

O pior é que, por mais que rolem problemas com o elenco, suas disputas
são fichinha em comparação com o caos que rola nos bastidores. Eu nunca tinha
visto ou estado frequentemente perto de um grupo relativo de mulheres, vocês já
notaram como elas praticamente se matam?

Nunca gostei tanto de uma sexta-feira, entro em meu apartamento


batendo a porta com o pé. Arranco o sapato, a calça e a camisa jogando tudo no
chão mesmo e me jogo no sofá. Mal tenho forças para abrir os olhos e nem me
importo com telefone tocando de forma irritante perdido no meio das minhas
roupas.

Pelo menos agora começará a diversão real. Andres é um cara bastante


conhecido no meio artístico e quando anunciou seu novo filme as pessoas caíram
sedentas em cima dele para arrancar até as calças, o que nos coloca em
entrevistas em diversos programas de televisão assim como começam as festas.
Viva à vida! A primeira será como uma première, mas para o elenco e alguns
convidados seletos, onde será apresentado pela primeira vez o trailer do filme.
Estou empolgado, principalmente para ver a cara dos meus irmãos de banda. Fiz
questão de dar uma data tranquila, para que não haja nenhum empecilho ou
problemas com a D’Five, Mich também está bastante empolgado, lógico, seu
primeiro pagamento graças ao meu couro sendo arrancado dia após dia caiu na
conta dele com um enorme peso.

Estico meu braço, tateando minhas roupas jogadas no chão, ainda de


olhos fechados. Cadê a porra do meu telefone?

Com a correria da semana, eu me esqueci totalmente de Biany, bem, na


verdade não tinha esquecido dela, apenas esqueci de programar a merda de um
encontro. O fato que é aquela quase foda destruiu minhas noites. Eu não sei o
que é acordar com vontade de bater uma punheta há anos, nem quando era
adolescente batia punheta. Ai, Drake, pare de mentir! Tudo bem, eu batia
punheta, muita punheta, era um punheteiro incrível.

Mal tenho ciência de quanto tempo eu fiquei sem sexo. Porra, acho que
nunca fiquei sem sexo.

— Drake?

— Fala, irmãozinho — resmungo.

Davi resmunga do outro lado e escuto barulho no fundo da ligação. Será


que até meu irmão tá trepando e eu não?

— Por que você está me ligando a essa hora, por falar nisso, que horas
são?
Abro os olhos, afasto o telefone do ouvido, espremendo os olhos por
conta da luz forte.

— Acredito que passa das três.

— Porra, Drake. Onde você está? Aposto que está bêbado e perdido em
algum lugar.

— Oh, vai na manha, seu mané. Eu não estou bêbado, estou jogado em
meu sofá.

— Espera aí, você disse que está em casa?

— Sim, e não é por isso que estou te ligando!

— Porra, então por que está me ligando? — Davi pergunta. Uma voz
feminina murmura algo de fundo.

— Porra, tu tá fodendo? — Isso me faz sentar no sofá.

— Cala a boca, por que você está me ligando?

— Eu preciso da sua ajuda. Tem uma mulher...

— Não, espera aí! Tem certeza que você não está chapado? Andou
saindo com o Victor de novo?

— Cala a boca e me escuta!

Davi gargalha do outro lado da linha.

— Eu preciso de um encontro, tá legal? Essa é diferente. Ela não vai


transar comigo se eu não der a porra de um encontro decente.

— Pai eterno, estou surpreso pelo fato de você realmente estar querendo
ou perdendo seu precioso tempo para isso, um encontro, mesmo que o final do
seu pequeno discurso de ajuda seja um tanto escroto.

— Você vai me ajudar ou vai ficar caçoando de mim? — indago, já


ficando irritado.
— Bom, você pensou em algo tradicional? Convidá-la para jantar?

— Sério isso?

— É onde começamos.

— Que tal uma coisa mais útil?

— Porra, Drake. Sério? Você está literalmente atrapalhando a minha


noite. Podemos conversar amanhã?

Bufo irritado, por que ter amigos quando não podemos contar com eles?

— Você me deve uma — digo, encerrando a ligação e jogando meu


celular de novo no chão.

Três ligações e nada de ela me retornar.

Que merda, Biany!

Desligo e tento novamente, se ela acredita que não irei cobrar nossa
noite, está muito enganada.

Estaciono meu carro perto do estúdio querendo socar o telefone. Até que
pelo toque divino a voz suave de Biany soa do outro lado da linha.

— Drake.

— Até que enfim resolveu me atender — reclamo.

— Sabe que horas são? Por que você sempre cisma em me ligar de
madrugada?

— Por que todo mundo está preocupado com a porra das horas hoje? —
questiono.

— Talvez, só talvez, seja por que você sempre procurar ótimas horas
para ligar para as pessoas? — ela devolve a pergunta.

— Mal dormi noite passada.

Ela geme do outro lado, devia estar dormindo.

— E a culpa é minha? — pergunta em meio a um bocejo.

— Sim! De sua inteira responsabilidade... — Interrompo o que falo,


encarando a loirinha que passa em frente ao carro. — Porra, acho que acabei de
encontrar Anna Paquin, sabe aquela loirinha, não consigo lembrar qual filme ela
fez.

— Uau, que incrível.

— Não deboche, essa série é o máximo.

Ela ri.

— Posso saber o real motivo para você estar me acordando em pleno


sábado às sete horas?

— Finalmente consegui uma folguinha, portanto, às nove da noite estarei


aí.

— Eu não posso sair hoje, não estou com babá disponível para o Josh.

— E o pirralho melhorou? — pergunto.

— Sim, obrigada por perguntar.

— E aquela sua amiga.... Ma... Maria? Marta?

— Mackenna.

— Isso mesmo, vejo você mais tarde — falo, encerrando a ligação.

Saio do carro, odeio a ideia de pedir um favor para aquela megera da


Inês, mas eu não tenho nenhuma ideia melhor, isso terá que servir.

Essa mulher é um porre, se existe uma pessoa que me tira do sério nos
sets de filmagem é a Inês. Por isso, respiro fundo três vezes antes de bater na
porta de seu trailer, em poucos segundos escuto passos vindo em direção à porta.

— Drake, em que posso ajudá-lo? Achei que você estava ansioso pela
sua folga ontem.

— E estou, mas preciso de um favor — respondo, coçando a cabeça.

Inês arqueia a sobrancelha, braços cruzados diante do peito. Puta que


pariu, isso vai sair caro.

— Drake Morrison pedindo um favor? Isso é novidade. O que foi? Quer


uma repaginada no seu visual ou cansou de bancar o maioral tantas vezes?

Porra, o povo tirou o dia para me atazanar, não é possível. E essa


megera enrugada só pode estar querendo me dar.

— Eu queria ensaiar algumas cenas, sabe, melhorar minha performance


que já é incrível. — Ela revira os olhos. — Por isso, como sei que os sets de
filmagens ficam vazios à noite, queria ver se pode rolar esse favorzinho para
mim.

— Não sei não, Drake. Isso está me cheirando à encrenca e Andres não
vai gostar nada da ideia.

— Ele não precisa saber, tá legal, isso fica entre nós.

— Santo Cristo! Não faça essa cara de pidão.

Esboço um sorriso, literalmente igual àquele gatinho do Shrek.

— Por favor, eu prometo que na segunda quando vocês entrarem, tudo


estará do mesmo jeito.

— Está bem, está bem. Mas você vai jurar arrumar tudo, não quero nada
fora do lugar e se eu encontrar alguma camisinha jogada pelo set eu juro que
mato você. Entendeu bem, Morrison?

Confirmo com um singelo movimento de cabeça, mandando um beijo


para Inês e fugindo daqui.
O problema de ser um astro do rock extremamente conhecido é que você
não pode levar uma mulher para assistir um filme ou comer na porra do Mc
Donald’s, essas são coisas que não existem mais em minha vida. Não digo que
não me empanturre de lanches quase todos os dias, mas geralmente alguém vai
buscá-los para mim e não posso enfrentar uma fila, não que eu reclame dessa
parte.


CAPÍTULO DEZOITO

BIANY
Eu me encontro com o estômago se contorcendo em pequenos nós,
andando de um lado para o outro no meio do quarto. Ainda não tenho certeza
sobre o vestido que coloquei, algo fácil demais para ser arrancado por Drake.
Merda! Parte de mim quer muito as mãos dele novamente em meu corpo, a outra
apenas está sentada num canto do quarto sacudindo a cabeça para a enorme
burrada que estou prestes a fazer.

Estou sexy, esse vestido preto, mesmo sendo simples, destaca bem o
tamanho da minha bunda e olha que não é uma bundinha, mas uma tamanho 46.
Mas isso é o que menos importa, Drake não ligaria se eu estivesse usando um
vestido como esse ou um saco de estopa. Nem mesmo se importaria por estar de
salto, acredito que se fosse de chinelo ele nem perceberia. Transaria comigo de
qualquer forma, já que percebemos que o forte dele não é bem a cabeça de cima.

— Obrigada por ficar com Josh. — Agradeço assim que abro a porta.

— Você acreditou mesmo que eu não viria? — Mackenna passa por mim,
indo para sala. — E aí, pentelho!

— Tia Kenna! — Josh praticamente pula em cima da minha amiga.

— Ei, vocês dois! Nada de queimarem a casa quando eu sair, ouviram?


— aviso. Josh ri se jogando novamente no sofá. — Mackenna?

— Pode deixar, amiga, vamos deixar tudo em ordem. Você só tem que se
preocupar na noite incrível que irá ter.

Dou uma olhada feia, indicando que não quero comentários na frente da
criança. Ela responde com um dar de ombros.

— Você vai sair com aquele panacão de novo, mãe?

— Josh!

— Eu não vou mentir, você mesma diz que é horrível uma pessoa
mentirosa. E Drake é um panaca.

— Uau, pega no ato.

— Mackenna! — Repreendo. — Josh, você é apenas uma criança para


entender certas coisas.

— Eu não entendo o que você pode ter visto naquele bobalhão. É por que
ele é famoso? Eu vi ele se achando em um desses programas de televisão.

— Eu proíbo você de sequer pensar algo assim sobre sua mãe.

Ele bufa, irritado.

— Desculpe.

— Como disse, você não sabe nada da vida, Josh. E eu não devo
explicações do que faço.

Uma sequência de buzinadas indica que Drake está esperando e, pelo


visto, sem nenhuma paciência.

— Vá, amiga, divirta-se. — Mackenna me acompanha até a porta. —


Não faça nada que eu não faria, hein. Deixe o pentelho comigo, vou pôr ele na
linha.

— Mackenna!

— Jesus, amiga. Você precisa relaxar.

As buzinas fazem um estardalhaço na rua, somente quando abro a porta


entendo o motivo. Drake parou seu carro no meio da rua, onde se apoia ao lado
da porta do passageiro sem nenhuma preocupação pelos outros motoristas que
ficaram presos com sua peripécia.

E Drake está... bem, ele está arrumado, não que não andasse bem vestido,
mas está diferente. Sua jaqueta de couro que mais parece uma segunda pele, não
consta hoje em seu look. Nem mesmo as camisas pretas de sempre.

Sua camisa branca com um blazer azul-marinho é uma grande diferença


em relação a tudo.

— E aí, delícia. Podemos ir? — pergunta, encarando os carros que ainda


buzinam e xingam.

— Vamos.

Ele abre a porta do carro, esperando que eu entre.

— Você está incrível, delícia — Drake diz, literalmente ao pé de meu


ouvido.

— Você também.

Ele dá uma olhada em si próprio, apreciando e curtindo o que vê.

— Curtiu minha pequena mudança?

— É, está demais.

Os carros voltam a buzinar como loucos.

— Vão à merda, seus putos — Drake grita, mas fecha a porta, dando a
volta para se sentar no banco do motorista.

Inferno! E como ele está diferente.

— Você não deveria ter um segurança em sua cola o tempo todo?

Ele dá um sorriso de lado, acelerando seu importado.

— Por que você acha que não estou com segurança? — Dou de ombros.
— Olhe para trás, minha delícia.

Faço o que ele manda, vendo um SUV totalmente preto, até os vidros.

— Pet está no carro de trás.

— Você pode me dizer para que show de rock vamos hoje?

Ele gargalha, mantendo os olhos no trânsito.

— Relaxa, vamos para um lugar mais maneiro, prometo — diz,


acrescentando uma piscadinha, sua mão direita sai do volante pousando no meio
de minha coxa, o que faz minha pele esquentar e o sangue circular mais rápido.

Já disse que é fato que Drake dirige como um maluco. Santo Deus, esse
homem não respeita nenhuma lei de trânsito. Os carros à nossa volta buzinam
com uma frequência inacreditável e, mesmo na loucura de tudo isso, ele não
deixa por nenhuma vez de permanecer com sua mão em mim, principalmente em
minha coxa, juntamente com seus sorrisinhos sacanas.

Enquanto ele segue pela N Beachwood Dr, as casas comuns vão ficando
para trás, é apenas em Mulholland Hwy que eu finalmente abro a boca. Essa
estrada parece uma cobra de tantas curvas e Drake acelera cada vez mais nelas,
me deixando desconfortável.

— Você pode diminuir um pouco?

Ele sorri me olhando de lado, seus dedos batucam o volante em sincronia


com a música tocando baixo.

— Relaxe, delícia. Eu não vou deixar o carro sair da estrada.

— O que estamos fazendo aqui?

— Ah, não! Você não estragará minha surpresa. E, por falar nela,
estamos chegando.

Drake para o carro, desligando os faróis, deixando tudo no completo


breu.
— Isso está parecendo uma cena de filme macabro — comento, olhando
pela janela.

— Nossa, eu não vou te matar. — Escuto ele remexer no banco de couro.


— Só se for de prazer, com você gritando enlouquecida porque meu pau vai te
foder bem gostoso — sussurra em meu ouvido.

— Pervertido.

Escuto a risada de Drake e, por mais grosseiro que ele seja, a risada dele
me dá vontade de sorrir.

— Venha, donzela em perigo, vamos logo.

Saio do carro não reconhecendo essa parte da cidade, não que eu tenha
explorado tanto, faz apenas um ano que nos mudamos para Los Angeles. Onde
estamos a estrada é de terra, com mato de ambos os lados.

— Onde estamos?

— Você vai ver. Infelizmente essa parte do nosso passeio não tem um
terreno muito bom para seus saltos. Mas garanto que irá gostar.

— Desde que não me jogue lá para baixo, está tudo certo — digo,
olhando para as pequenas luzes da cidade.

Drake gargalha saindo do carro, pouco tempo depois minha porta se abre
e pela luz fraca de dentro do carro vejo um amplo sorriso em seu rosto.

— Teremos que percorrer por uns cinco minutos a pé.

— Ok.

Quanto mais vamos subindo a pequena ladeira no meio do nada, mais


fico sem reação. Drake não só me trouxe para um lugar incrível onde temos a
cidade aos nossos pés, mas para o letreiro de Hollywood.

Ele sobe na estrutura estendendo a mão para mim, como é incrível aqui, a
vista, é como uma dessas cenas de filmes que assistimos. E o fato de um cara
egocêntrico, orgulhoso, machista e... ser o Drake... pensar em algo assim é como
um... progresso? Levando em consideração que nosso primeiro encontro
começou no meio de um monte de modelos esqueléticas prontas para lançarem
suas bocetas na cara dele? Acho que sim.

— E aí? — questiona, abrindo os braços.

— É... Nossa, isso é lindo. — Literalmente gaguejo.

Drake me puxa para a beirada, colando seu corpo atrás do meu, seus
músculos flexionados pressionando meu corpo todo no dele. Sua boca brinca
com o lóbulo da minha orelha provocando mais arrepios do que o vento gélido
que tem aqui. Suas mãos descem sobre meu corpo com a pressão exata para me
fazer suar, ele me gira no lugar, me fazendo colidir com seu corpo.

— Oi.

Ele pisca para mim antes de se inclinar para beijar minha boca. Os lábios
gelados pelo clima frio esmagam os meus, Drake aprofunda o beijo, suas mãos
passando livremente pelo meu corpo, passando pelas laterais dos meus seios
antes de segurar com firmeza minha cintura.

— Eu poderia foder você aqui mesmo, iria até para a cadeia com você
novamente.

— Não acredito que seja uma boa ideia — consigo falar, mesmo meu
coração vibrando rapidamente.

Ele sorri de forma descarada, enquanto o polegar e o indicador acariciam


meu mamilo sobre o tecido do vestido.

— Não é de todo ruim. — Sua mão esquerda se arrasta novamente para


baixo, vindo descansar entre minhas pernas. — Acho que poderia vender melhor
minha ideia se incentivar uma área maior.

— Drake...

— O tempo para protestos e batidas de pé já passou, curta, sinta.

Seus dedos brincam de se infiltrarem por minha lingerie, mas Drake não
se contenta em apenas brincar, ele quer tudo que puder arrancar de mim. Nem se
importa por estarmos em um local público e que a qualquer momento pode
surgir alguém.

Seus dedos manuseiam meu clítoris, fazendo gemidos baixos saírem de


minha boca, o metal gelado da barra de proteção não incomoda mais em minhas
costas. Meus olhos se fixam no olhar inebriado de Drake.

— Você adora quando faço isso, né? Eu vi aquele dia como você derreteu
em minha boca. — Ofego. — Apesar de ter um histórico incrível em fazer
mulheres gozarem, eu adoro ver como você reage a mim. Mesmo nessa casca de
durona.

— Você deveria falar menos merda e mexer mais os dedos — retruco.

Seu olhar se estreita e seus dedos atingem em cheio um pontinho crítico


dentro de mim.

— Ah, minha delícia, se eu fosse você não provocaria. Eu posso tornar


nosso passeio cada vez mais interessante para mim.

Com as ondas de prazer e expectativa que se espalham pelo meu corpo


eu já estou me lixando se vou cair no papo furado de um bad boy sem classe
alguma, ou de um mulherengo com um código de barras na coxa esquerda ou até
mesmo por estar em lugar público.

Os dedos de Drake aceleram, minhas partes formigam e parecem ter sido


incendiadas. Aquela onda crescente dentro de mim me faz gemer alto, guiando
Drake para o caminho certo. Deixo que o orgasmo venha, mordendo os lábios
para controlar os gemidos. E por nenhum segundo Drake larga meu corpo ou tira
seus dedos de mim, continua me acariciando enquanto dou as últimas reboladas
contra seus dedos.

— Isso foi muito quente...

Ele puxa sua mão da minha calcinha, colocando os dedos na boca,


chupando com vontade.

— Agora podemos seguir para nosso segundo plano — diz calmamente,


secando os dedos na própria camisa.

CAPÍTULO DEZENOVE

Lanço um sorriso malicioso.

— Esperei a noite toda para ver essa sua bunda fabulosa.

Planto minhas mãos com firmeza em sua cintura, meu pau se espreme
dentro da cueca, exigindo sua liberdade. Só de puxar a bainha do vestido de
Biany para cima e ver a linda bunda empinada num fio dental branco já deixa
meu pobre amigo ensandecido.

Não me dou nem ao trabalho de tirar a minúscula lingerie, apenas tiro


meu pau para fora cobrindo-o com o preservativo, pego o pedaço de tecido
rendado cobrindo o núcleo e o empurro para o lado. Sei o motivo de Biany se
remexer, ela deve querer meus dedos fodendo novamente essa boceta, mas o que
eu faço me presenteia com um lindo gemido dela. Minha língua desliza
dolorosamente lenta por sua boceta, até mesmo para mim, que já estou pronto
para a verdadeira ação.

— Ah, sim... Drake!

Continuo lambendo e chupando com força, sugando todo aquele


montinho para dentro de minha boca.

Deus abençoe, Drake Morrison, esse deve ser o pensamento de Biany.


Dou um tapa gostoso em seu traseiro, metendo fundo em sua boceta.
Finalmente esse cenário de quarto está servindo para alguma coisa. Afinal, para
que ter uma cama dessas no set se nem podemos brincar sobre ela? Volto a me
retirar lentamente, voltando a enfiar com tudo. Sorrindo pelo fato de Biany
ofegar comigo fodendo-a de quatro, giro o quadril, fazendo ambos gemerem.
Minhas mãos agarrando suas coxas, empurrando o corpo de Biany contra meus
impulsos.
— Eu poderia ficar horas olhando para sua bunda. Assim como para essa
boceta quente e deliciosa.
— Já te disseram que você é excelente fodendo e uma merda falando? —
ela pergunta, olhando para mim por cima do ombro.
Dou uma metida punitiva contra sua boceta, fazendo quase o rosto de
Biany encostar no colchão.
— Eu pensei que toda mulher curtisse um elogio sacana.
— Sim, o negócio é que eu nunca tive um cara realmente perdendo
tempo para elogiar minha incrível bunda e, óbvio, minha deliciosa boceta.
Massageio um pouco o alto de sua bunda, somente para acertar um tapa
nela, fazendo Biany soltar um grito.
— Vamos deixar essa história de caras dizendo. Tudo que precisa saber é
que você é boa suficiente para meu pau adorar foder você.
Gotas de suor escorrem pelo meu corpo, minhas pálpebras se fecham
involuntariamente em êxtase. Deslizo minhas mãos por dentro de seu vestido,
infiltrando minha mão em seu sutiã, tocando seus seios intumescidos.
— Hum...
— Gosta quando toco seus seios?
— Sim — murmura.
— E quando coloco na minha boca? — questiono, falando em seu
ouvido, totalmente curvado sobre ela.
— Drake...
— Aposto que se eu colocasse eles agora na boca você gozaria
facilmente.
— Por que você não descobre? — diz, ousada.
Não respondo, tiro meu pau de forma brusca de sua boceta, virando
Biany na cama, forçando seu vestido para cima, ficando preso entre seu pescoço
e seus braços, mas não estou nem ligando. Caio de boca em seus seios, sugando
como um animal faminto, Biany grita e se remexe de prazer debaixo de mim,
enquanto com o pau encontro o lugar certo para me enfiar novamente.
Belisco e mordo seu seio, sentindo um arrepio quente subir por minha
espinha cada vez que ela grita de prazer.
— Como eu pensava... pode gozar, delícia, não se segure.
As unhas de Biany se fincam em minhas costas, rasgando minha pele.
— Drake...
— Vamos, delícia, eu estou maluco para gozar.
Empurro com mais força contra ela, mas não mantenho o nível frenético,
desacelero me remexendo com calma, sentindo centímetro por centímetro do ato
de entrar e sair de sua boceta. Empurro minha língua em sua boca adorando o
fato de elas praticamente dançarem juntas, meus dedos passeiam pelo corpo de
Biany enquanto tudo acontece ao mesmo tempo. Biany geme em minha boca,
sua boceta massacra meu pau ao gozar e minhas próprias bolas duras pedem
alivio.
— Isso foi fodasticamente incrível, mulher — digo, jogando-me ao seu
lado, deitando de barriga para cima.

Faço questão de mostrar cada pedaço do set de filmagens, os locais onde


já tínhamos gravado algumas cenas, o bar onde será o ápice da separação da
banda. Eu realmente me impressionei quando filmamos as cenas ali, pareceu
tudo tão real que eu realmente senti vontade de avisar o personagem que Jonas
fazia, sobre a merda que estaria fazendo ao abandonar sua banda. Lógico que
abandonar uma banda de sucesso, tendo um guitarrista como eu no comando, era
um erro absurdo.
Paro em frente ao set onde filmamos a cena onde escalei a janela de
Lauren Oklama para roubar um beijo dela. O Dodge Challenger está parado em
frente à casa falsa.
— Gravei uma cena muito engraçada aqui — digo, parando encostado
perto do carro.
— Não vai dizer que seu personagem ainda dirige esse clássico?
— Pois é, Delly Crown é um cara tão incrível quanto eu.
— Delly? Sério mesmo?
— É, o nome não é lá essas coisas, mas o cara é fodão — justifico, dando
de ombros.
Biany gargalha e ao mesmo tempo tenta conter o riso.
— Desculpe, mas Delly é muito nome de mulherzinha.
Puxo seu corpo pela cintura, chocando nossos corpos, o que me faz quase
deitar sobre o capô do carro.
— Vai ficar rindo, é? Posso acabar com essas risadinhas agora mesmo.
O olhar de Biany literalmente brilha de malícia.
Um beijo leva a outro e outro nos leva para mais coisas, tenho ciência
que onde estamos qualquer segurança pode nos ver. Mas quando ela abre minha
calça, enfiando a mão para me tocar, meu corpo é incendiado novamente. Ergo o
vestido dela procurando em meus bolsos com a mão livre a porra do
preservativo, colocando em meu pau como se estivesse numa competição.
Meu pau raspa em sua boceta, do clitóris até a vagina e faz Biany se
curvar para trás, jogando a cabeça aos gemidos. Seu sexo já está úmido e, como
um louco e num único movimento, entro nela e faço o que desejo. Abro as
dobras de sua boceta fazendo a penetração ser ainda mais intensa, fazendo com
que ela sinta tudo, até minhas bolas batendo em seu corpo, o movimento do
carro auxilia também em deixar tudo ainda mais divertido. Introduzo um dedo
em seu cu apertado e o movimento, vejo um certo receio em seus olhos, a
sombra de um desejo velado, e isso me deixa ainda mais louco. Retiro o dedo
segurando firme sua cintura, estocando fundo em sua boceta, deixando todo o
corpo dela marcado com a minha presença. Amanhã a única coisa que espero
que ela sinta é dor e vai se lembrar exatamente da foda animalesca que ela teve
graças a mim.
Nunca fui de me preocupar com isso, mas a curiosidade de saber é mais
rápida que meu pensamento para banir tal pergunta:
— Alguém fodeu você esses dias?
Ela me encara, como se não estivesse entendendo minha pergunta ou será
que está protelando uma resposta? Afundo meu pau mais uma vez em sua
boceta, dando um tapinha na lateral do seu traseiro delicioso.
— Responde.
— Não.
Acelero o ritmo contente, uma... duas... cinco... oito vezes. Nossas
respirações estão falhando, estamos praticamente deitados sobre o capô do carro,
meus joelhos protestam pela posição, mas não estou nem ligando. Ela não dirige
a mesma pergunta para mim, mesmo que a resposta seja não, ela não quer saber
ou acredita que ando fodendo com metade de Los Angeles quando não nos
vemos... o que é exatamente que eu faria, ou o que eu fazia antes de sair com
Biany? Que porra confusa!
Entro e saio dela sentindo meu corpo tremer.
— Vem, goze comigo — sussurro com minha boca na dela.
O clímax nos arrasta como um tsunami, literalmente me deixa com o
mundo girando diante dos olhos, muito bem fodido eu diria.

CAPÍTULO VINTE

Podem dizer o que quiserem sobre a indústria do entretenimento, mas


eles sabem como organizar um evento. O papo-furado de amabilidades que sai
das bocas das pessoas é tão consistente quanto o álcool que entra. E todos que
encontro me lembram de quanto eu sou incrível e do sucesso fabuloso estou
sendo. Eu estou no céu.

A festa está rolando na própria casa do Andres, e que puta casarão o cara
tem. Acredito que pode caber umas cinco casas do Davi dentro dessa. Creio até
que o banheiro tem inteligência própria, sabe daqueles que vemos em filmes?
Onde a privada conversa com você mostrando os tipos de limpezas de cu? Assim
que piso na entrada da mansão, já enfiam uma taça de champanhe em minhas
mãos. Eu devo mesmo ser tratado como um rei, se Andres está enchendo ainda
mais seus bolsos de lindas notas de cem dólares, é às minhas custas. A mansão
está repleta de pessoas, metade eu havia conhecido nesse tempo de filmagens,
são atores e atrizes de seriados, filmes, tem também muita gente rica e
celebridades por aqui. Eu já estou esperando ver Brad Pitt desfilando com suas
bolas de quinhentos milhões de dólares.

— Sr. Morrison, que prazer finalmente encontrá-lo — diz um barbudo


nada estranho. Eu já vi esse mané em algum lugar. Ele usa uma gravata azul,
cheia de triângulos brancos. Que porra de gravata é essa?

— Legal — murmuro, tomando mais um gole do champanhe.

Isso é outra coisa, já que estão gastando os tufos de dinheiro numa festa
tão glamorosa, por que não me dão um bom e velho uísque envelhecido e
aumentam as porções de comida? Porra, pego um canapé que um dos garçons
me oferece e quase engasgo com a merda do tamanho, nem uma criança ficaria
satisfeita com isso, além de ser horrível. Outro garçom passa por mim e me
oferece o que tem na bandeja. Porra, ovas de peixe? Com certeza terei que parar
no fast-food depois que sair.

— Richard, lembra? — questiona, olhando para mim.

— Lógico que sim, como você está, cara? — indago coçando a cabeça,
quase rindo de deboche.

— Estou contente por Andres ter contratado você, o filme está sendo
comentado por todo meio da indústria, até quem não curte filmes assim está
curioso para vê-lo.

— É, será incrível.

— Tente fazer o maior número de contatos, isso sempre é muito


importante para um ator.

— Claro, claro. — Dispenso a taça vazia de champanhe, pescando outra


na bandeja do garçom que passa perto.

— Aquela moça que estava com você em uma das filmagens...

Faço uma cara de interrogação. Que mulher? Será que ele está mais
bêbado do que eu estou ficando?

— Aquela moça, morena... negra.

— Ah, sim. O que tem ela?

— Ela está aqui? — pergunta, olhando para os lados.

— Não, mas garanto que se estivesse estaria arrancando grandes suspiros


dos homens da festa. — Chego mais perto dele, quase como se fosse contar um
segredo em seu ouvido. — Inclusive, arrisco dizer grandes ereções, já que ela é
uma devassa na cama.

As bochechas do verme preconceituoso ficam vermelhas como dois


tomates. Eu percebi no seu jeito de falar que ele é um vermezinho e ainda vem
falar da minha garota.

— Eu não quis ofendê-lo, sr. Morrison.

— Relaxa, cara. Não me ofendeu em nenhum momento, mas, se der


licença, eu preciso mijar — digo sorrindo e batendo no ombro dele.

Abro caminho pela multidão novamente, olhando tudo o que está


rolando, até que escuto meu nome sendo chamado novamente. Viro dando de
cara com o sorriso gigante de Andres.

— Meu grande ídolo.

Abro um sorriso, realmente me sentindo ainda mais a última cereja do


bolo, afinal essa porra é toda para mim.

— Está se divertindo? Obrigado por ter vindo a esta festa, sei o quanto é
desgastante todos esses eventos — diz de forma baixa.

— Que nada! Estou completamente em casa, nada melhor do que ficar


bebendo à vontade e ainda no meio de tanta mulher gostosa. A parte de ficar
tagarelando não é minha favorita, mas é só sorrir em excesso e está tudo certo.

Ele exibe um sorrisinho de lado.

— É como dizem, ossos do oficio.

— Realmente, é como dizem, se você quiser ser o mais incrível de todos


é preciso deitar com o capeta — digo, sorrindo. — E sobre deitar, sabemos bem
que isso eu faço de olho fechados — acrescento, brincando com Andres.

O restante da festa foi praticamente isso, eu bebendo cada vez mais taças
de champanhe, tantas que ao sair da festa mal enxerguei os degraus da escadaria.
Consegui dobrar o número dos meus contatos, sempre que era apresentado para
alguém, por Andres,, ou cruzava com algum famoso para tirar uma foto, as
pessoas ficavam empolgadas para conversar comigo e tentar arrancar mais
informações sobre o filme.
Estou me sentindo estranho.

Minha relação sempre foi unilateral, pelo menos para mim, somente
baseada no que me interessa: mais sexo. Mas passar nem que seja um dia com
Biany... é estranho, mais estranho ainda por me sentir bem, muito bem.

Seguro Biany no lugar, com a festa de Victor rolando lá embaixo, poucas


pessoas passarão por aqui, a não ser aquelas que procuram um canto para transar.
A porta, mesmo que entreaberta, está fechada o suficiente para o que tenho em
mente. Empurro-a para trás até a parte alta de suas coxas serem pressionadas
contra a mesa maciça na sala. Com as mãos nos dois lados dela, a prendo contra
a peça de mobília, que será muito bem usada.

— Você está muito sexy para ficar todo esse tempo dentro das roupas.

— Ah, é? E o que você vai fazer a respeito? — pergunta.

Ela anda ousada, uma atrevida linda, seu dedo percorre ao longo do
profundo decote de sua blusa, dando mais relevo aos seios que quero chupar.
Conforme vou abrindo caminho lentamente sobre seu corpo, tocando com a
ponta dos dedos sua barriga, sussurro em seu ouvido:

— Vou deixá-la fora dessa roupa, deitá-la nesta mesa e fazer você gozar
tão forte que todo mundo nessa festa vai ouvi-la. E, quando eles ouvirem você
gritar implorando por mais, serei como um deus para eles.

Ergo sua saia, enrolando em sua cintura deixando o tesão literalmente


subir à minha cabeça.

— Você pode tentar ser esse deus todo, mas será que vai conseguir me
fazer implorar por mais? — Ela pega minha mão e a empurra para dentro de sua
calcinha. Na mesma hora eu a acaricio para poder sentir quanto ela me quer,
aceitando seu desafio. Biany solta um gemido lânguido, o que me faz enfiar dois
dedos dentro dela.

— Porra… você está tão molhada… — Removo a mão e a agarro pelos


quadris. — Quero provar você.

O tesão também brilha em seus olhos, ela não apenas se recosta na mesa,
mas deita sobre a superfície, arqueando as costas, exibindo cada um dos
predicados que tem.

— Caralho! — murmuro.

Meu pau lateja contra a calça. Puxo-o para fora acariciando meu pau
lentamente, de cima para baixo, às vezes girando o punho para dar mais fricção.
Ela tira a calcinha por completo me fazendo abandonar meu pau e cair de boca,
saboreando seu corpo como tinha prometido. Ela grita enquanto segura a minha
cabeça no lugar, rebolando e totalmente molhada, pronta para me receber.
Levanto a cabeça, tirando minha boca da sua boceta, dando uma palmadinha em
seu clitóris, fazendo ela arquear novamente sua cintura, jogando ainda mais seu
corpo em minha cara.

— Podemos pular para a parte que você fica nu? — Ela move o quadril
mais para frente, para eu poder ficar de pé, me ajeitando para penetrá-la.

Porra, caralho! Torço para conseguir me segurar, iria ser uma grande
perda de tempo se eu com três bombadas fortes em sua boceta, já gozasse.
Escorrego lentamente para dentro dela, os sons da festa parecem flutuar no ar
dentro do cômodo, e essa sensação de poder ser pego a qualquer momento com
as pernas de Biany sobre meu ombro enquanto fodo seu corpo aumenta muito o
tesão. Os ruídos fracos são rapidamente substituídos pelos gemidos guturais
dela.

Tento manter um ritmo lento para que possa apreciar todo o comprimento
do meu pau deslizando para dentro e para fora dela… isso é bom demais. Mas,
como disse, é bom demais, e logo estou batendo no fundo de sua boceta. Biany
tem que se agarrar com mais força na borda da mesa para se manter imóvel e
mesmo assim as suas costas deslizam para cima e para baixo sobre a madeira. Os
gritos dela se intensificam e sei que ela está perto de gozar. Graças a Deus… Eu
também estou pronto para jorrar minha porra a qualquer momento. Ela arqueia
as costas quando se libera com força e grita meu nome bem alto. Gozo um
segundo depois dela.

— Porra… isso mesmo… caralho. — Estou quase me deixando cair


sentado tamanho o prazer que se espalha pelo meu corpo, roubando até minha
respiração.

Apenas gemidos incoerentes permanecem no ar durante alguns minutos.


Biany ergue o corpo, apoiada nos cotovelos.

— Acredito que demos um show e tanto para seus amigos na festa.

Dou de ombros, dando um nó na camisinha e jogando-a no cesto de lixo.

— Eles não irão reclamar, com certeza — digo, sorrindo.

Ela sai da mesa com minha ajuda, ajeitando as próprias roupas enquanto
eu espero por ela para voltarmos para a festa.

As garotas estão muito mais bêbadas do que antes, flertando e se jogando


para cima do grupo de caras perto do bar que a banda tinha montado. Avisto
Victor, Melin e Bryan sentados no sofá bebendo e rindo como malucos, entrelaço
meus dedos nos de Biany, puxando-a para onde meus amigos estão.

— E aí, seus putos. Sobrou alguma bebida de qualidade para mim? —


pergunto, sorrindo.

Sento com Biany entre Victor e Melin que sorriem amplamente para a
minha garota, o que me deixa por alguns segundos incomodado. Até relembrar
que eles nunca quebraram qualquer código sobre minhas fodas comigo. Ao
mesmo tempo que penso nisso, sei que fui um total escroto. Eu vejo Biany
apenas como isso, uma foda?

Meu olhar paira sobre ela sorridente, sua mão ainda entrelaçada na
minha, fazendo um leve carinho com o polegar.

— Curtiu o passeio pela casa, Morrison? — Bryan bebe sua cerveja,


sorrindo para mim.

— Devia ir na manha com essas cervejas, meu amigo, não queremos


novamente aquele show de horrores que é você pelado dançando no meio da
festa. — Caçoo.

— Fica na sua, seu panaca.

— Melin é especialista em dar vexames — explico para Biany, que sorri


um pouco tímida.
Victor se curva sobre Biany, ultrapassando literalmente a linha do bom
senso. Ele sorri para ela, dá uma trago em seu cigarro, deixando o braço
descansar sobre a perna da minha garota.

— Mão... — Praticamente rosno.

Victor gargalha, ainda apoiando sua mão na perna de Biany.

— Está de brincadeira, né?

— Parece que estou brincando ou me divertindo? — questiono, minha


mão paira possessivamente no pescoço de Biany, alguns dedos enrolados sobre
seus cachos longos.

— Fique tranquilo, Drake — ela responde baixinho.

Dou uma olhada fria e calculada para ela, voltando minha atenção para
meus amigos.

— Você está possessivo agora? Sempre dividimos nossas fodas e nunca


pareceu se importar — Bryan brinca, totalmente bêbado.

— Mão, Victor. — Literalmente viro um cachorro porque o tom que


acabo de usar é um rosnado.

Victor me analisa por um segundo, mas ergue a mão tirando da coxa de


Biany.

— Ok, já entendi. Deixem ele, rapazes. Logo ele se cansa da putinha e


vai servir ela com muita vodca para todos.

Eu mal vejo tudo acontecer, quando dou por mim, meu punho cerrado
voa em direção ao rosto de Victor, acertando-o bem no nariz. A festa, o
burburinho de pessoas conversando, a música, tudo para. É como se apertassem
o stop.

— Que porra foi essa? — Victor fica de pé com a mão sobre o nariz
sangrento.

— Tá maluco, seu merda. — Melin também se levanta, tomando as


dores.

Sinto Biany tensa ao meu lado. Tomo mais um gole da cerveja, deixando
na mesinha ao lado, ciente que meus amigos esperam uma explicação enquanto
os convidados estão mais interessados se pode rolar uma carnificina entre os
roqueiros, prontos para filmarem tudo e jogarem na internet, fodendo com nossa
carreira.

Victor empurra meu ombro, fazendo eu levantar meio cambaleante.

— Que porra foi essa? Por causa de uma vadia?

— Se você a chamar de vadia ou qualquer coisa que não me agrade, eu


trato de deixá-lo com um olho roxo também. — Empurro sua mão de meu
ombro, ficando cara a cara com Victor.

— Drake! — Biany segura meu braço, tentando me conter.

Faço um sinal para Biany me acompanhar, deixando tudo para trás. Foi
um erro, apesar de divertido, foi um erro trazer Biany aqui. Ela não é desse meio
e não está acostumada com as putarias que Victor costuma fazer.

— Cadê seu senso de humor, Drake?

Um músculo se tenciona em minha mandíbula.

— Talvez ele volte para eu terminar de arrebentar você — aviso, saindo


do meio da multidão que se diverte com essa palhaçada toda. — Desculpe, eu
não sei o que tinha na mente quando te trouxe para cá — digo, assim que
ficamos na penumbra do carro.

— Não tem problema, foi até divertida nossa escapada e seu ataque de
ciúmes — ela diz, rindo.

— Então está achando tudo muito divertido, principalmente a parte que


acabei de socar um dos meus melhores amigos para ele tirar as mãos de você?

Ela dá de ombros sorridente.

— Talvez... um pouquinho. — Meus olhos se fixam em seus lábios,


quase posso sentir o sabor e a textura da sua boca na minha. — Você é o próprio
sinônimo de caos, Drake Morrison.

Estico o braço, pegando seu rosto entre minhas mãos, tentando reprimir
um pouco desse tesão que me assola toda vez que estamos assim.

— Você teria gostado do toque dele? Gostou quando ele tocou você?

— Eu teria chutado as bolas dele facilmente, me deixa irritada o fato de


você acreditar que sou como uma dessas sequeladas que você está acostumado.

Inclino para frente, com um sorriso zombeteiro no rosto.

— Ah, não, minha delícia. Você não é nadinha parecida com elas, isso eu
posso afirmar.

CAPÍTULO VINTE E UM

ES-GO-TA-DO!

Porra, tudo que eu tenho de mais sensacional dentro do meu corpo foi
sugado pelo Andres e os constantes ensaios para a turnê de verão. Se tem uma
coisa que não estou nada contente em ter que cumprir é essa agenda maluca que
me enfiaram goela a baixo. Eu praticamente viverei em aeroportos, no meio de
shows da D’Five e algumas premières do filme que estreará no fim de
novembro.

Para completar, ainda tenho que aturar toda a vibe de bebê recém-nascido
na família, eu não pude ir até o hospital ver a filha de Dylan, estou em uma
semana intensa de gravações, mas prometi em algumas mensagens de texto que
irei conhecer o mini Pinscher.

Larissa, essa é a nova integrante da creche que se forma em volta de nós,


só falta agora Dash anunciar que vai ser papai.

Seco o cabelo, jogando a toalha sobre o sofá. Solto uma gargalhada


vendo um programa de merda, estou tão esgotado que não penso em sair desse
sofá tão cedo. Abro a garrafa de cerveja na ponta da mesa de centro.
Mesmo eu sendo incrível, e até sensacional, o povo esquece que eu
também me canso e esse é um desses momentos. Minha garganta está tão
dolorida que eu poderia passar um ferro por ela e nem sentiria. Mas é óbvio que
minha paz não dura muito, o que me surpreende, já que faço questão de
pouquíssimas pessoas saberem meu endereço, a não ser os caras da banda que,
tirando Davi e uma única visita de Dash, nem aparecem por aqui.
Saio do sofá coçando o saco, a campainha toca como uma berradeira.
— Já estou indo, saco!
Abro a porta de maneira brusca, a vista do meu apartamento está sendo
castigada por uma chuva de destruir tudo.
— Que merd... Pirralho?
Josh está parado na soleira de minha porta, literalmente tremendo de frio,
seus lábios roxos, pingando água no hall de entrada.
— Eu... posso... entrar?
Meleca, tudo que eu não queria.
— Entre logo, o que você está fazendo aqui? — pergunto colocando a
cabeça para fora e olhando no corredor.
— Minha mãe... não... está aqui.
— Isso eu já percebi — retruco, deixando o pirralho entrar ensopando
meu apartamento.
— Você sempre... recebe as pessoas... assim?
Ele treme pra valer. Suspiro, revirando os olhos.
— Não que isso seja da sua conta. Venha, além de estar estragando o piso
da minha casa, ainda vai me dar trabalho ficando doente. — Ele continua me
encarando. — Para de ser encrenqueiro, seu pentelho. Vou te levar até o
banheiro, lá você dá um jeito de se secar.
Josh concorda me seguindo até o banheiro, onde empurro para cima dele
duas toalhas secas e limpas. Como não tenho roupas para pirralhos, ele terá que
se virar com isso.
— Se seque, pode pegar aquele roupão para não ficar com roupas
molhadas, vamos enfiar as suas na secadora e ver se saem inteiras — digo,
dando de ombros.
— Você não sabe como funciona uma secadora de roupa?
— Mas você é muito intrometido, ainda quero saber como descobriu meu
endereço e como conseguiu passar pelo porteiro.
Ele tira o casaco e a camisa, jogando em cima de mim. Esse moleque
merece uns tabefes... mas meu pensamento se perde quando noto as imensas
cicatrizes que ele tem no peito. Josh percebe meu olhar e rapidamente se vira,
cobrindo-se com o roupão.
— Você é tarado?
— Você é um merdinha? — Ele revira os olhos. — Como descobriu meu
endereço? O que está fazendo aqui e cadê a sua mãe?
— Primeiro, é que não é preciso ser nenhum gênio para descobrir onde
Drake Morrison mora. Cara, você se acha tanto que espalha suas informações
pessoais pela internet, sei até seu histórico policial.
Isso não é uma coisa assim tão especial, afinal, qualquer um consegue
isso depois que aqueles urubus dos jornalecos sensacionalistas expõem tudo
sobre os famosos.
— Segundo, que seu porteiro é tão panaca que nem me viu passando por
debaixo do balcão. E minha mãe acha que estou estudando biologia na casa de
um amigo.
Coço o queixo, sentindo que terei problemas com esse pirralho e tudo
que menos desejo no momento é ferrar o clima em que eu e Biany estamos.
Finalmente consegui dominar aquela potrinha nervosa.
— Você não tem que ficar em casa de repouso, assistindo desenho
animado e tomando achocolatado? — questiono, voltando para sala e para minha
cerveja.
— Você deveria ser adulto e aqui estamos.
Tomo um gole da cerveja, trocando os canais da TV.
— Ei, seu mané! Você não ia colocar minha roupa para secar?
Olho para Josh com um sorriso debochado no rosto.
— Fique à vontade, a lavanderia fica no final do corredor.
— Seu...
— Olha a boca suja, rapazinho. Quer que eu conte para sua mãe?
Volto minha atenção para a televisão, mas pelo canto do olho vejo o
pirralho totalmente indignado sumindo de minhas vistas. Escuto o barulho da
máquina e me surpreendo por ele ser tão esperto, eu tomo um pau tremendo
dessa coisa cada vez que tento usar. Até desisti, deixando que Sendye — a
governanta — ajeite tudo.
— Eu estou com fome.
— Problema seu.
— Você é insuportável — ele reclama.
Viro dando de cara com o pirralho sentado na poltrona ao meu lado.
— Você também não é lá essas coisas. Dá para me falar o porquê
apareceu na minha casa?
A chuva continua castigando a imensa janela de vidro, trazendo barulhos
assustadores para o ambiente.
— Eu quero falar com você sobre minha mãe.
— Você? Quer conversar sobre sua mãe? — pergunto, arqueando a
sobrancelha.
— Isso, bobalhão.
Tomo mais um gole da cerveja.
— Sou todo ouvidos.
— Ela gosta de você e, por ela ser realmente especial, eu quero te alertar
sobre algumas coisinhas.
Gargalho de forma exagerada.
— Não estou acreditando nisso, devo estar muito bêbado, estou
inventando esse momento. É pura imaginação. Devo estar realmente esgotado.
— Você se acha esperto, mas não é. E eu não quero que minha mãe saia
magoada, o fato de ver que ela sorri mais quando vocês se falam ou quando ela
canta as músicas horríveis que você toca, é um ótimo indicador que você é o
grande culpado.
Sou pego totalmente de surpresa, por isso mal abro a boca.
— Eu deveria chutar suas bolas, tenho certeza que meu pai ficaria
orgulhoso.
— E cadê seu grande pai então que não está cuidando de vocês?
A expressão de afrontoso desmorona um pouco quando Josh me encara.
— Meu pai morreu servindo o exército.
Grande bola fora, Drake! Parabéns, mané!
— Desculpa, pirralho. Eu não sabia.
— Não faz mal. Não é como se eu andasse com uma placa de “coitado de
mim, meu pai morreu”.
— Eu perdi minha mãe também, há muito tempo
— Ela morreu de desgosto? — ele pergunta, exibindo um sorriso
sarcástico.
— Antes fosse, ela fugiu com meu tio.
— Uau!
Balanço a mão, desprezando dar qualquer atenção sobre isso.
— Vamos voltar ao assunto que te trouxe aqui debaixo dessa chuva
horrorosa e para atrapalhar meu descanso.
— Por sinal você terá que me levar para casa, e é ridículo receber as
pessoas de cueca.
— Você quer que eu tire? — pergunto, me acabando de rir da careta
imediata que ele me lança. — Fique calmo, pirralho. Não vou tirar meu pau para
fora, apesar de ser algo impressionante para se olhar.
— Ecat, você tem noção das merdas que fala? Ou seu filtro de besteira
desnecessárias se rompeu?
Gargalho novamente, colocando a garrafa de cerveja vazia sobre a
mesinha de centro enquanto ele fica de pé.
— Eu só vim aqui para dar um recado para você, seu bocózão.
— Você é muito topetudo, moleque.
— Sincero.
— Eu posso te dar uns tabefes e alegar que você caiu na rua, o que acha?
— E aí eu te denuncio na polícia — diz, erguendo a sobrancelha. — O
recado é o seguinte, seu bocó: Eu vou deixar você continuar com essa graça para
cima da minha mãe enquanto ela está sorrindo. Mesmo que eu ainda não entenda
o que fez com que ela olhasse para você — ele aponta para mim com desdém.
Seria muito impróprio dizer para ele qual foi o real motivo que a mãe gostou de
mim? Além do fato de eu ser incrivelmente foda? — Mas já aviso, a primeira
lágrima que cair do rosto de minha mãe porque você fez merda, eu mesmo
venho chutar seu saco, entendeu?
Não consigo conter a gargalhada que me escapa, é involuntária. Ser
ameaçado de perder as bolas por uma criança de dez... onze anos, é incrível.
— Você está mesmo achando que eu não posso chutar seus culhões?
Ergo as mãos, mero sinal de redenção.
— Imagina, estou levando totalmente a sério.

Com o suor excessivo ameaçando cegar meus olhos, eu rapidamente


corro meu braço por minha testa e, em seguida, foco no bis da canção e meu
terceiro solo da noite.
A guitarra de Don que ecoa terminou apenas momentos antes, e agora é
uma batalha entre o metal e bateria em nossa música mais hardcore até o
momento. Meu contrabaixo gritando, fazendo uma verdadeira batalha com a
bateria de Dylan, que sorri animado, ditando o ritmo. Conforme as luzes da casa
piscam em um mosaico de cores, sinto a batida ecoando dentro do meu peito.
Embora ame qualquer desculpa para me mostrar, eu sei da importância
dos solos para os meus companheiros de banda. Tenho até que admitir que esse
último disco está com algumas canções razoáveis, bem melhor que os outros,
confesso.
Assim que Dylan termina a última batida, tudo fica preto no auditório.
Leva apenas um milésimo de segundo para a aprovação do público começar
como um rugido retumbante. Por um minuto permanece o breu até que as luzes
da casa voltam lentamente para cima. Enquanto tiro o meu fone de ouvido,
assobios e aplausos picam meus ouvidos.
Em pé, ao lado dos outros, acenamos para a multidão antes de fazer uma
curva unida.
Davi, como sempre, brinca com o microfone diante da plateia enquanto
se despede pela banda.
— Boa noite, Seattle! Continue com o rock, até a próxima! — grita, sua
voz ecoando em todo o auditório. Com um aceno final, começamos a correr para
fora do palco.
Os seguranças rapidamente nos acompanham a um dos camarins. Os
membros da The Cast, Mary, mulher do Dash, e seu irmão, estão sentados no
amplo sofá rindo e comendo os petiscos expostos na mesa de centro, enquanto os
outros dois manés que eu nem sequer me recordo os nomes estão mais afastados,
conversando com duas garotas.
Com o suor escorrendo e encharcando meu corpo, de bom grado pego
uma garrafa de vodca gelada, juntamente com uma toalha oferecida por um dos
roadies. Faltam cinco minutos até o encontro com alguns fãs sortudos e tudo que
eu desejo é me fartar com essa vodca e provavelmente aproveitar uma festinha
aqui, quem sabe, ou ali.
Aceito a camisa limpa que uma roadie de imensos olhos me estende, ela
é a maníaca da nossa equipe, sempre está perto demais, em todas as situações.
Lembro que uma vez cheguei a brincar com os caras dizendo que ela roubava
nossas cuecas enquanto estávamos no palco.
Shan surge na porta sinalizando que é hora de começar o encontro. Passo
a mão pelo meu cabelo encharcado de suor, não me interpretem mal, eu amo pra
caralho nossos fãs, eles nos fizeram o que somos, mas eu preferia um encontro
pré-show. Com a energia e adrenalina de pré-desempenho no baixo, você
realmente poderia dar a seus fãs o que eles merecem.
Mas os figurões e organizadores de eventos nunca entendem isso. Depois
de um show como esse, tudo que mais quero é me jogar no quarto do hotel
agarrado com minha vodca. Imaginem, horas gastas tocando, deixando todos
verem como você é incrivelmente foda, a exaustão que dá. É difícil encontrar
energia depois de um show para dar o seu tudo para cada pessoa que aparece —
especialmente às mulheres ansiosas que querem mais do que você está disposto a
dar. Porra, ultimamente ando rejeitando mais bocetas do que aqueles folders que
nos entregam quando paramos no trânsito.
Saio do meio do caminho, parando perto da mesa de comida. Nicky,
Alana e Mary não percebem que chego perto o suficiente para escutar a conversa
delas, na verdade nem é para isso que estou aqui e sim para devorar o maior
número de peperone da pizza de Dash que conseguir.
— Você não devia ter feito isso, sabe como ele é — Nicky resmunga.
Devoro mais uma fatia de peperone, olhando as garotas de costas para
mim, bem a tempo de ver Alana dar de ombros com a pequena Larissa no colo.
— Pois já está feito, e se Biany descobrir quem o nojento do Drake é,
melhor para ela.
Ao citar o nome de Biany minhas orelhas automaticamente levantam.
Que porra Alana quer com a minha garota?
— Alana, você levou a implicância com Drake em um nível muito
perigoso — Mary acusa. — Mas se ela não apareceu no show pode ser que tenha
desistido, né?
— Eu não estou nem ligando, podem falar o que for, será uma prova de
fogo para ele. Se ele realmente estiver interessado nessa garota como Davi diz,
não fará nenhuma das merdas que costuma fazer e se fizer, só provará que ele
continua sendo o mesmo Drake de sempre, convencido, egocêntrico...
— Tio Drake!
Viro vendo Vini vir correndo em meu encontro, ao mesmo tempo em que
sou descoberto pelas garotas. Faço cara de paisagem engolindo os pedaços de
peperone que ainda estão em minha boca.
— Fala aí, pestinha, como estão as coisas?
— Sinto sua falta — o pequeno Don diz, sorrindo.
— Drake. Vini, não aporrinhe seu tio. — Nicky para ao nosso lado,
sorrindo sem graça.
— Que isso. Carinha, sabe o que você precisa fazer? Ir em minha casa,
comprei um videogame de última geração, tenho certeza que darei o maior pau
em você.
Vini gargalha batendo em minha mão, em um cumprimento de garotos.
Logo saindo correndo para as pernas do pai.
— Nossa como ele cresceu — comento, sabendo que Nicky continua
parada ao meu lado.
— Ele realmente teve um surto de crescimento.
Um turbilhão de movimentos vem da porta, indicando que os fãs
ansiosos estão chegando. Don passa Vini para a mãe, assim como Dylan vem dar
um beijo rápido em suas garotas, acabo seguindo com eles para a área de
autógrafos e fotos, meu rosto congelado em um sorriso que utilizo para posar
com diversos fãs. Uma fila imensa se forma na entrada, que eu tenho certeza que
sairemos daqui apenas no final do ano.

Assinei tantas camisas, CDs e partes do corpo que a minha mão está
pesada e dolorida. E ainda estou tentando entender que porra foi aquela da
Alana, pensei em questionar, até mesmo colocar Dylan na parede para botar um
pouco de juízo no rabo da sua mulher, mas hoje finalmente foi um dia agradável
com a banda, depois de meses em que brigamos por merdas. Segundo ouvi
comentários, Julianne está em algum lugar do hotel com Shan e eu só quero
distância daquela maluca, aquilo é chave de cadeia.
Por isso, quando chegamos ao hotel, fico com os caras enchendo a cara e
curtindo a noite. Biany também não atendeu minhas ligações, o que é frustrante.
Nem para retornar e eu poder fazer um delicioso sexo por telefone? Pelo visto
vodca e tequila serão minhas únicas companheiras fiéis essa noite.
Hailen e Taty, como descobri uma hora depois de conversar com os
caras, também ficaram para nossa agitação na cobertura. Hailen, além de imenso
e meio retardado como Dash, fica a maior parte do tempo bebendo uma soda e
conversando com Davi sobre tons de vocal. Taty, apesar de ser mais calado,
também engata uma conversa comigo e com Dash sobre acordes e nossos ídolos
na guitarra. O que quase causa uma briga já que cada um tem o seu, mas
ninguém, ninguém mesmo é tão foda quanto Paul McCartney. Porra, o cara ainda
é considerado o guitarrista mais rico do mundo, seus dedos e bolas valem pouco
mais de novecentos e trinta e dois milhões de dólares.
— O cara é mesmo incrível.
Volto minha atenção para a conversa, tomando o último gole da tequila e
me sentindo zonzo. Talvez seja melhor seguir para meu quarto. Não conseguirei
nenhuma diversão aqui com esse bando de homens casados e capados. Essa
suspeita só aumenta quando vejo Julianne entrando sorrateira na cobertura, meus
olhos já buscam por Alana, vai que acontece uma briga de peitos?
— Galera, eu vou recolher meu incrível e fenomenal traseiro para meu
quarto.
— Tão cedo? O que aconteceu com o Drake? — Dash brinca.
— Seu otário. Me passa essa garrafa — digo tomando a garrafa de vodca
de suas mãos.
— Agora segurem, logo mais teremos mais um show de strip-tease do
nosso irmãozinho aqui — Dash continua zombando, fazendo Hailen e Taty
rirem.
— Nossa, por esse eu não esperava — Hailen comenta rindo alto, sua
risada está mais para um gigante derrubando uma floresta inteira. — Você rebola
bem? Posso até dar umas gorjetas.
— Vão se foder.
— Ele é incrível, não é à toa que foi convidado para estrelar num filme
do High School Music. — Davi entra na brincadeira, literalmente trepando em
minhas costas.
— Seu filho da puta! — exclamo, jogando-o no sofá. — Eu vou embora
daqui senão vou enfiar minhas bolas em suas bocas.
Quanto mais puto eu fico, mais gás eles têm para infernizar minha vida.
Vou meio cambaleante para meu quarto, já arrancando a roupa, jogando
meu sapato e calça para um lado, camisa para o outro. Paro perto da cama
somente para tomar generosos goles da vodca e me jogar no meio da cama.
Nem sei por quanto tempo eu dormi ou se estou imaginando coisas por
conta da bebida, mas sinto dedos leves passando pelo meu corpo, tocando
principalmente minha bunda. Até que está gostoso... continue — penso, ainda
deitado de bruços, permanecendo de olhos fechados.
A mão continua passeando pelo meu corpo, causando bons arrepios. Será
que era sobre isso que Alana estava cochichando mais cedo com as garotas, será
mesmo que aquele Pinscher fez uma boa ação na vida e trouxe a delícia da Biany
para Seattle?
Tento abrir os olhos, mas além de estar tudo escuro, poucas luzes entram
através da cortina. Me sinto tão zonzo pelo grande excesso do álcool que é difícil
discernir quem está aqui.
Os dedos param de passar pelo meu corpo quando viro na cama, deitando
de costas, pelo menos tentando enxergar quem está comigo. Sinto a língua passar
pela minha coxa, o que me faz gemer. Porra, isso é melhor que as mãos. Ela
sobe, passando por minha cueca, uma mordiscada em meu pau por cima da
cueca me faz remexer ansioso pelo que virá, a boca sobe, sinto o calor em meu
abdômen assim como a língua brincando por tudo.
— Porra! — exclamo quando chupa meu mamilo.
— Sabia que adoraria minha surpresinha.
Paro com minha mão a centímetros da cabeça, segurando de leve o
cabelo comprido. Eu conheço essa porra de voz, eu conheço a vadia.
— Julianne! — berro, escutando a risada baixa que ela solta.
— Que foi, gostoso? Não gostou da minha surpresinha? — sussurra
ainda sentada sobre mim. — Acreditei que seus gemidos eram um incentivo.
— Eu achei que fosse outra pessoa. Você, eu quero que suma.
— Ei, fale baixo. Está querendo que minha tia pare de conversar com
aquelas idiotas e venha aqui?
— Eu devia mesmo chamar ela para ver a vadia que você é.
Ela gargalha.
— Isso ela já sabe. Você acha que estou aqui presa com ela enquanto meu
pai está trabalhando por quê?
— Saia daqui.
— Ah, vamos continuar nossa festinha. — Julianne se abaixa, beijando
minha boca.
Merda de movimentos lentos. Por que eu fui beber? Jogo ela na cama ao
meu lado, nem ligando para suas reclamações.
— Porra, Drake. Me machucou.
— Foda-se, saia daqui — exclamo, bêbado.
Sinto a cama se movimentar.
— Você vai se arrepender de me expulsar assim.
— Vai embora logo!
Deito de novo na cama escutando a porta abrir e fechar, o que me faz
ceder ao sono que me domina devido à bebedeira.

CAPÍTULO VINTE E DOIS

BIANY
— Isso é uma loucura completa.
— Pare com isso, menina, aproveite que recebeu um convite e vá mesmo
— Mackenna incentiva com um sorriso enorme.
— Mãe, você estava reclamando até ontem que Drake havia sumido, que
não ligava para você.
— Josh! Andou escutando minhas conversas de novo?
Ele dá de ombros.
— Eu tenho culpa que a casa faz eco?
Quando Alana me ligou no final da noite, mal acreditei. Drake tinha feito
questão de passar um perfil de todos os integrantes da banda e pelo pouco que
senti tanto dele como de Alana naquele show, eles não eram tão amigos. Por isso
que eu não entendi sua verdadeira intenção ao me convidar para o show em
Seattle, mas, assim como prometeu na ligação, ela enviou os ingressos e as
passagens de avião. Só decidi mesmo ir até Drake quando Mackenna veio mais
uma vez puxar minha orelha sobre “deixar meu homem solto por aí”.
Na real, eu não quero um relacionamento com Drake, ele é encrenca, do
pior tipo. Drake é um mulherengo de marca maior, vale menos que aqueles
covers que ficam na calçada das estrelas no centro de Los Angeles. Pode até me
perguntar o que estou fazendo agora, nesse momento, indo para Seattle com Josh
ou até mesmo saindo com tanta frequência com ele. Confesso, culpada! Estou
me envolvendo, mesmo sabendo que dará em merda algum dia desses.
Pet está me esperando no aeroporto como combinado, mesmo eu tendo
chego extremamente atrasada para ir realmente ao show.
— Srta Philip.
— Biany, Pet. Por favor.
Ele abre um sorriso singelo.
— Fizeram boa viagem?
— Sim, obrigada.
— Uau, vamos nesse carrão? — Josh pergunta, empolgado.
— Isso mesmo, a sra. Bandle deixou tudo organizado para sua chegada.
— Sim, foi muita gentileza dela, mas eu vou direto para o hotel.
— Poxa, mãe! Eu queria ver como o panac... Drake toca, se ele realmente
é tudo que fala — Josh retruca, entrando no carro, arrancando uma risada de Pet.
— Sem problemas, srta... Biany. Vocês ficarão no mesmo andar que a
banda, como eles chegam tarde do show, você ainda pode tirar algumas horas
para descansar.
— Isso será perfeito — digo, sorrindo.

Enquanto esperamos por Drake, consegui arrumar as coisas com Josh no


quarto, assim como comer um delicioso jantar.
— Uau, mãe, você viu essa vista?
— Incrível — afirmo, abraçando meu menino. Ambos olhando para a
vista de Seattle à noite. — Você comece seus preparativos para dormir.
Josh se solta de meu abraço, fechando o rosto em uma careta.
— Nem pensar.
— Josh. — Repreendo.
Ele faz aquela carinha de cachorro pidão.
— Poxa, mãe, você não teria coragem de me deixar aqui sozinho
enquanto participa da festa do outro lado do corredor, teria?
— Teria e farei.
— Mãe!
— Nada disso.
Sou interrompida com uma batida na porta, caminho até lá, dando de cara
com Alana.
Ela está realmente vestida para matar, mostrando todas suas curvas pós-
parto.
— Que bom que você veio, desculpe não ir buscá-la no aeroporto, mas
estava uma loucura nos bastidores.
— Imagina, já foi uma enorme gentileza mandar as passagens e os
convites para o show.
Ela dá um sorriso de lado.
— Venha, está todo mundo ansioso para conhecer melhor a mulher que
Drake anda escondendo de nós.
Esboço um sorriso.
— Eu vou colocar meu filho na cama e já...
— Que isso, garota. Traga ele. Vini, filho de Nicky, e a minha bebês
estão lá.
Josh praticamente pula atrás de mim.
— Prazer, pequeno, sou Alana.
— Muito prazer, Alana. Meu nome é Josh.
— Já é um garotão — Alana comenta. — Podemos ir?
Confirmo com um gesto, deixando Josh ir na frente para poder fechar a
porta do quarto.
Do corredor eu já ouço os sons de risadas e conversas altas enquanto
caminhamos para a porta dupla da suíte que eles estão hospedados. Dentro é
puro luxo, uma ampla sala de estar apinhada de pessoas bebendo e conversando,
vários ornamentos em dourado, assim como tem um imenso lustre de cristal no
meio das salas. Alana me guia para o grupo de mulheres que encontrei naquele
show, mas não recordo do nome de todas.
— Olha quem chegou! — Alana exclama alto, para que sua voz
sobressaia aos barulhos e a música alta.
— Biany. — Nicky. Essa eu me lembro. Ela dá um beijo duplo em
minhas bochechas, sorrindo amplamente. — É bom tê-la aqui.
— Obrigada pelo convite, meninas.
— Olha que gracinha o filho de Biany — Alana diz.
Josh abre um sorriso enorme, mostrando as lindas covinhas que herdou
do pai, recebendo um beijo de cada uma presente ali.
— Não sabia que tinha um filho.
— Eu descobri quando fui enviar os convites para ela, acredita que Drake
está com alguém que tem um filho.
Percebo o olhar franzido que Nicky lança para Alana, como se
repreendesse a amiga por alguma coisa.
— Drake? — Uma mulher extremamente elegante, vestindo um terninho,
se vira para perguntar.
— Pois é Shan — Alana responde. — Shan é a empresária,
coordenadora, quase uma babá da banda — acrescenta, rindo.
— Muito prazer.
—É uma agradável surpresa.
— Mãe, mãe. — Josh chama puxando minha mão. — Posso dar uma
olhada por aí?
— Josh! — reclamo baixinho.
— Deixa ele. Vini! — Nicky chama o próprio filho, que vem correndo
em direção da mãe. — Leve o Josh para brincar em seu quarto, mostre seus
jogos.
— Legal. Vamos? — Um pequeno mini deus sorri para meu filho já
empolgado pela ideia de se embrenhar no mundo deles.
— Agora você pode ir atrás do seu homem — Alana diz, dando um
cutucão de brincadeira em minha costela.
Olho pela ampla sala, vendo os integrantes da banda espalhados pela
cobertura, bebendo, rindo e curtindo a noite, mas não vejo Drake em nenhum
lugar.
— Acho que ele foi para o quarto, não reparei se voltou — Mary, a de
cabelos coloridos, diz. — É por ali — acrescenta, apontando o outro lado da
sala.
— Obrigada.
Respiro fundo quando me afasto delas, estou me sentindo um vaso de
cerâmica no meio de elefantes. Não tenho nada de compatível com tudo isso
aqui e, mesmo assim, caminho na direção que ela indicou, para surpreender
Drake, que pode odiar me ver aqui. Por um pequeno segundo penso em desistir,
voltar para sala, pegar meu filho e voltar para Los Angeles.
Merda! Passo a mão sobre a nuca, jogando meu cabelo para as costas,
criando coragem para abrir a porta.
O quarto está num breu completo, silencioso. Caminho devagar pelo
quarto com medo de tropeçar em algo, deve ter um abajur em algum lugar aqui.
Pego o celular, ligando a lanterna, como pensei o abajur fica em uma cômoda
perto de mim. Acendo a luz, me acostumando com a claridade, esperando meus
olhos se ajustarem à mudança bruta.
O quarto está uma bagunça, as roupas de Drake estão espalhadas por
todos os lados, como também uma garrafa de vodca com o resto do seu conteúdo
pingando no carpete. Mas nada disso me espanta, nem mesmo o fato de Drake
estar nu, coberto por uma faixa do lençol com toda sua beleza à mostra. O que
tira minha respiração dando uma pontada simultânea em meu cérebro e peito é o
corpo nu de uma mulher jogado sobre ele. A lateral do seu seio está à mostra
pela posição que estão, devo ter emitido algum som, pois ela se remexe na cama,
sentando-se, encarando onde estou parada como uma imbecil.
— Ei, você sabia que não pode ir entrando assim no quarto dos outros?
Se perdeu no caminho, vadia?
Eu não estou ouvindo mais anda. A raiva crescente dentro de mim me
impede de escutar qualquer coisa ao meu redor.
— Ei, estou falando com você.
Estou travada, petrificada encarando o corpo nu de Drake, ele dorme
tranquilamente, sua boca extremamente sensual entreaberta. Filho de uma puta
miserável!
Eu queria fazer o que qualquer mulher faria em meu lugar. Primeiro
estapear essa vadia que não para de tagarelar em minha mente, segundo, acordar
Drake aos socos, mas eu não tenho nada com ele. Não houve promessas, não há
relacionamento, não havia planos de curtir o pôr do sol. Há somente dois adultos
que transaram, curtiram por um tempo e um deles que não consegue se segurar
quando o assunto é uma boceta fresquinha dando sopa.
Por isso, faço o que uma mulher do meu nível merece, viro as costas
deixando-o com ela, afinal eu nunca pertenci a esse mundo e nunca pedi para
pertencer. Algo deve estar transparecendo em meu rosto, pois as meninas param
com as risadas e conversas paralelas me encarando.
— Biany? — Nicky é a primeira a se aproximar.
— Você poderia me levar até meu filho? — Consigo dizer sem deixar
minha voz falhar.
— Aconteceu algo? — Ela parece realmente preocupada.
— Não, eu apenas me senti indisposta. Prefiro ir para o quarto.
Ela dá um sorriso fraco, indo comigo para o outro lado da sala, passando
por algumas portas. Josh e Vini riem, se divertindo com um jogo que passa na
televisão.
— Meninos.
— Oi, mãe. — Josh se levanta.
— Vamos, querido — digo, segurando o bolo no meio da minha
garganta.
— Mãe?
— Vamos, filho.
— Biany, você está bem mesmo? Está tremendo — Nicky insiste.
Vejo a expressão de Josh mudar, seu rosto franzir.
— O que aquele bobalhão fez?
— Josh!
— Vamos, mãe, diga logo. O que aquele panaca fez? Eu posso ver em
seu rosto que você está a um passo de gritar. Ele jurou que seria um bom homem
como você merece, eu vou chutar as bolas dele.
Nunca vi Josh tão irritado.
— Josh, vamos embora, por favor.
Ele me encara por um segundo, mas depois de respirar fundo decide me
seguir para fora daqui. Nicky também nos segue tentando entender o que houve
e perguntando diversas vezes se estou bem, em uma delas ao me virar para
reafirmar que está tudo bem, esbarro em um cara, o que me faz quase cair de
cara no chão.
— Descu...
— Biany, não sabia que estaria aqui — ele diz com um enorme sorriso.
— Desculpa, eu não...
Ele ri e ao fazer isso reconheço com quem estou falando, Davi Sullivan.
— Davi, desculpe..
— Imagina, Drake comentou sobre você comigo.
— Sério? — questiono, incrédula.
Nicky troca um olhar com Davi, que ergue a sobrancelha me olhando
como resposta.
— Se vocês me dão licença, eu vou embora. Agradeça Alana pelo
convite, foi ótimo estar aqui.
Puxo Josh pela mão praticamente correndo para fora do quarto. Tudo que
desejo no momento é enfiar novamente minhas coisas na mala e sair daqui e
voltar para minha vida. Agir como Fernando Pessoa: “Tudo que é bom dura o
tempo necessário para se tornar inesquecível”. E é isso que essa aventura com
um roqueiro como Drake foi, ótima distração, mas agora é preciso largar os
romances de livros que tanto leio e fantasio e cuidar do que realmente importa.

CAPÍTULO VINTE E TRÊS

Um burburinho imenso em meu quarto me traz um pingo de consciência,


mas o que realmente me faz despertar do estado precário que estou são os tapas
que recebo.
— Porra, que merda é essa? — pergunto, sentando da cama, tentando me
orientar sobre o que rola em minha volta.
— Seu filho da puta, como você teve coragem?
— Que porra é essa, Davi? Tá maluco? — questiono, me defendendo dos
socos que ele me dá.
— Maluco? Você passou todos os limites hoje, Drake, jogou muito baixo
até mesmo para você — ele grita, fazendo minha cabeça explodir.
— Eu não estou entendendo merda nenhuma do que está falando.
— Você, Julianne. Sua tia irá saber disso.
Julianne? Que porra essa garota está fazendo aqui. Eu a havia expulsado
do meu quarto.
Viro o rosto dando de cara com Julianne chorando copiosamente ou
melhor, fingindo muito bem.
— Que merda você está fazendo aqui? Eu te botei para fora — grito.
Davi dá uma gargalha sinistra, trazendo minha atenção para ele.
— Você expulsou tarde demais, a merda já está feita.
— Do que você está falando? Porra, minha cabeça está zunindo.
A porta do meu quarto se abre com violência, deixando entrar uma Shan
totalmente vermelha de raiva, seus olhos se fixam em mim, como se eu tivesse
dado um tapa na bunda de uma idosa.
— Puta que pariu, Drake. Eu só te pedi uma única coisa, uma única coisa
e você não conseguiu cumprir. Até quando pensará com a porra do seu pau?
Davi segura os braços de Shan, evitando que ela também me encha de
porrada. O único problema aqui é que não estou entendendo merda nenhuma.
Não entendo por que Davi estava me dando socos, nem por que Julianne está
chorando baixinho do outro lado do quarto, fugindo de sua tia. E nem por que
Shan entrou como um furacão aqui.
— Vocês podem me explicar essa merda toda? — grito mais que eles.
— Não se faça de sonso! — Shan grita, virando-se como um búfalo para
mim.
— Vão se foder, eu estava dormindo...
— Depois de trepar com a porra da minha sobrinha — ela torna a gritar.
— Espera aí! — reclamo, ficando de pé. — Eu não transei com ninguém,
tomei um porre sim, expulsei essa maluca do meu quarto e apaguei segurando
minha vodca.
Olho para todos, vendo o quanto duvidam de minhas palavras e me sinto
traído.
— Conte para ele, sua vadia.
— Drake! — Davi reclama.
— Não, espera aí, vocês entram aqui me dando socos e tapas, me
acordando e acusando de ter fodido com ela, mas eu expulsei ela do meu quarto
justo por ter aparecido para me dar.
Shan solta uma risada irônica, mal acreditando no que digo.
— Vamos, Julianne, conte a verdade.
Ela finge um choro barulhento, seus olhos vermelhos, no mínimo por ter
enfiado os dedos neles.
— Descul... pe, Drake. Titia... eu me apai... xo... nei.
— Ah, mas é um caralho mesmo — exclamo passando a mão em meu
cabelo. — Você ficou completamente louca, sua mentirosa. — Avanço sobre ela
sendo contido por Dash que assiste tudo de perto.
— Não adianta um acusar o outro no momento, todos viram vocês
deitados nessa cama. Tente se recompor, Drake, já fez muita merda por uma
noite — Don diz parado no vão da porta.
— Vai se foder, Dominic.
Estou com um ódio mortal dentro de mim, quero esganar essa maluca.
Shan puxa a sobrinha pelo braço passando por Don e Dylan, sumindo
daqui. Aos poucos, Dash, Dylan e o filha da puta de Don fazem a mesma coisa.
O único que permanece olhando para mim é Davi, que caminha calmamente até
a poltrona do outro lado do quarto, sentando-se nela.
— Nem me venha com seus papinhos. Eu estou para matar um.
Ele suspira.
— Drake, você tem noção do que fez?
— EU NÃO FIZ PORRA NENHUMA. ESTAVA DORMINDO,
PORRA!
— Biany esteve aqui.
Paro de caminhar como um leão enjaulado, vendo se escutei direito.
— É, Biany veio aqui, você consegue imaginar o que ela pegou? Na
verdade eu só vim saber o que aconteceu para ela sair tão desnorteada e encontro
você deitado com Julianne em suas costas, nua.
— Puta que pariu. A culpada é Alana, aquela infeliz...
— Drake, chega. A culpa é sua.
— Eu ouvi as garotas comentando sobre terem convidado a Biany para o
show, mas como ela não apareceu eu achei que não tinha aceitado.
— Pois ela só não aceitou, como apareceu aqui com o filho.
— Josh? Puta que pariu, eu preciso ir atrás dela — exclamo, novamente
andando de um lado para o outro pelo quarto.
— Você realmente não fez nada?
Paro encarando meu irmão.
— Não. E você é a última pessoa que aceito que desconfie de mim.
— Drake, ela saiu realmente arrasada.
— Você não está ajudando, Davi. Ela não pode me deixar desse jeito, não
mesmo.
— Drake, como você esperava que ele reagisse? Ela pegou você na cama
com outra mulher.
Ando pelo quarto recolocando minhas roupas, se for rápido ainda posso
pegá-la por aqui, quem sabe no hotel ainda? Corro pelo quarto como um maluco,
Davi acompanha todos os meus passos com os olhos, só ficando de pé quando
saio como um louco do quarto, correndo pelo corredor e quando noto que Shan
vem para cima de mim novamente paro abruptamente.
— Olha aqui, Shan. Se eu fodi com sua sobrinha uma vez foi porque
você a mandou para minha casa praticamente sem roupa. E já aviso, ela fez
questão de tirar tudo assim que eu a deixei entrar. Mas hoje eu não encostei nela,
eu a chutei para fora.
— Seu...
— Nem comece! Tenho algo mais importante para fazer. — Interrompo,
viro para Alana que está sentada ao lado de Nicky. — E você, sua infeliz, vai me
pagar caro por isso.
— Drake, abaixa tua bola, ficou maluco? — Dylan se levanta vindo
defender a mulher.
— Pergunte para sua mulher, irmãozinho, de quem é a culpa de tudo isso,
quem enviou o convite para Biany vir até Seattle. Pergunte!
Viro as costas saindo com tudo da suíte. Dando de cara com Pet parado
mais à frente no corredor. Ele me encara e pelo visto percebe que algo não está
bem, pois em menos de um segundo me encontra no meio do caminho.
— Drake?
— Preciso saber onde Biany está.
— Ela despachou a bagagem agora há pouco para o saguão do hotel,
deve estar ajeitando as coisas na outra suíte.
Deixo-o falando praticamente sozinho, cruzando o corredor do hotel, mal
dando uma respirada quando paro em frente à porta, trato logo de esmurrá-la.
Ela terá que me ouvir.
— Biany, abra essa porta! — grito, impaciente. O silêncio do outro lado
me corrói. — Biany!
Quase caio de cara quando Josh escancara a porta, me olhando como se
fosse me devorar vivo.
— O que você quer?
— Pirralho, eu preciso falar com a sua mãe.
— Você só vai falar com meu punho em sua cara — ele responde
atrevido. Porém, por mais que eu adore desafiar esse galinho de briga, não estou
com paciência para isso hoje.
— Saia, Josh. Deixe-me falar com a sua mãe.
Tento empurrá-lo para o lado, mas o garoto parece uma pedra presa ao
chão.
— Eu disse para você ir embora — ele ameaça novamente.
Passo a mão pelo pescoço, tentando aliviar a raiva que consome meu
corpo.
— Biany! — grito.
Eu mal tenho tempo para me defender quando caio de joelhos em frente
ao pirralho, sentindo uma dor filha da puta em minhas bolas. Porra de moleque!
Ele socou minhas bolas.
— Você é maluco? — pergunto, querendo rolar no chão tamanha a dor
que sinto.
Ele me olha de cima, sem nenhuma dó.
— Eu disse que chutaria suas bolas se magoasse minha mãe. Vai embora,
não precisamos de você, muito menos ela.
— Olha, seu pi...
— Pode deixar, Josh. — Escuto a voz de Biany se aproximando.
Meu queixo cai quando ela aparece no vão da porta, ainda sendo
protegida por aquele galinho de briga. Ela está ainda mais gata do que as últimas
vezes, seu cabelo cai solto em grandes cachos, assim como a calça de couro
deixa suas curvas de matar. Caralho, por que ela tinha que vir?
— Biany.
— Eu não quero ouvir suas desculpas, por isso nem se dê ao trabalho de
inventar mentiras. Eu sabia exatamente o homem que você é, nunca te pedi nada
e nem você a mim, portanto, saia daqui para que eu possa terminar de arrumar
minhas coisas e ir embora.
— Que merda, delícia, foi tudo um maldito engano.
— Ninguém tropeça em uma mulher, seu bocó.
— Josh!
—Não somos nada um do outro, por isso não devemos explicações.
Ela está terminando comigo? Mas, na real, como terminamos o que não
temos? E por que eu estou aqui me explicando sendo que é exatamente como ela
disse, não temos nada um com o outro.
Biany interpreta de maneira errada meu silêncio, passa por mim no
corredor entregando o cartão de acesso para Pet que sorri sem graça. Tento
segui-la, mas Josh volta a me acertar, dessa vez pisando em meu pé.
— Porra, moleque, me deixe falar com a sua mãe — reclamo.
Biany se vira, segurando os ombros do garoto.
— Nem tente, só nos deixe em paz. Você queria uma noite de diversão e
conseguiu, até muito mais do que apenas uma noite.
— Biany, porra, escute o que eu tenho para falar.
— Não! — ela grita. — Escute você. Eu não prometi nada para você,
tínhamos um acordo de fazer isso ser divertido e foi, pronto. Não vamos estender
uma coisa que iria acabar assim mesmo, mundos completamente diferentes, se
lembra?
Dizendo isso ela entra no elevador com o filho, me deixando paralisado
no lugar, confuso e pela primeira vez completamente perdido.
— Merda! Droga, mas que porra! — Praguejo, socando a parede.
Pet me olha com um misto de confusão e algo como se não soubesse o
que fazer comigo, assim como percebo que minha plateia é bem maior.
— Perderam algo aqui? — grito para os caras da banda, assim como para
Pet e os outros dois seguranças que assistem tudo.
— Não será nada legal se você vomitar no tapete vermelho, tenho certeza
que Andres não ficará contente.
Ignoro a loira burra que Andres empurrou para vir comigo nessa
première, ela pode ser gostosa, e se estivesse num humor um pouco melhor
poderia fodê-la para fazer calar essa boca, enfiando até minhas bolas em sua
garganta. Mas eu não tenho humor, nem pau para isso.
Entorno mais um gole do uísque, deixando o copo apoiado em meu
joelho.
Andres disponibilizou uma limusine de parar o trânsito para mim, mas
nem isso estou conseguindo curtir. Minha cabeça está começando a ficar
enevoada por conta do álcool, o que será excelente, eu não pensarei mais na
porra da Biany. O carro para, logo estão abrindo minha porta me forçando a
colocar um sorriso de merda no rosto, sentindo o mar de flashes cair sobre mim.
Mesmo tropeçando pelo caminho, exibo meu melhor sorriso, com o
braço entorno da cintura fina de... qual é mesmo o nome dela? Enfim, fazendo
aquilo que Mich e Andres esperam de mim, estou parecendo aqueles pinguins do
filme infantil “Sorria e acene, sorria e acene”.
Assim que entramos, nos misturamos com as outras pessoas. Fazendo
contato, acenando e sorrindo sempre, principalmente para aqueles que já tinha
visto em algum lugar. Mich tinha convidado os caras da banda e suas âncoras
para virem ao evento, mas a única pessoa que está aqui é Davi e... espera, tem a
porra de uma mulher com ele? Isso me anima para cacete. Puxo a loirinha pelo
braço indo direto para onde Davi está sentado.
— Davis — praticamente grito.
Ele se levanta sorrindo.
— Drake, bêbado? — sussurra enquanto me dá um abraço.
— Só um pouquinho, campeão.
A loira tenta cumprimentar meu irmão, mas sempre recebe um fora meu,
por isso desiste e se senta na poltrona.
— Me fala quem é a moreninha que está com você? — pergunto
espichando o olho por cima do ombro de Davi.
— Drake, por favor.
— Diga logo, cachorrão — peço, rindo.
Davi olha por cima do ombro, onde a garota sorri animada, mal se
importando com minhas brincadeiras.
— Natany, Drake. Drake Natany. — Ele nos apresenta.
— Uai, a inquilina? — pergunto, talvez alto demais.
— Drake!
— Desculpa aí, cara.
As luzes se apagam e o trailer começa. Porra, é o máximo se ver assim
em uma tela tão enorme.
— Cadê seus irmãos? — pergunto, desgrudando os olhos da tela.
Davi me olha.
— Eles, bem... Drake, desde que começou com essas brigas sem sentido,
eles não estão fáceis. É foda ver todos pisando em ovos.
— Desculpa, irmão, mas eles que se fodam — digo bem na hora que uma
luz paira sobre mim, levanto sorrindo, meu humor melhorando um pouco com as
pessoas me ovacionando, praticamente beijando meus pés.
Viu, eles que se fodam, penso, sorrindo e acenando para todos.

CAPÍTULO VINTE E QUATRO

Desço do táxi agradecendo ao motorista. Mal subo os primeiros degraus


de casa quando a porta de outro carro se abre e Drake aparece. Já se passaram
dias desde que nos falamos pela última vez.
— Biany...
O sangue começa a circular mais rápido dentro de mim, é um misto de
calor com calafrios. Ele se aproxima, mesmo sem relar um dedo em mim sinto
minha pele formigar.
— Quero que você vá embora. Me deixe em paz, Drake.
— Não posso até você me escutar. Já se passaram dias e você não me
deixa explicar.
Mas não quero escutar, não temos mais nada para conversar.
— Drake, por favor, eu não quero ser grosseira, vá embora.
O maxilar dele enrijece, deixando essa careta de contrariado ainda mais
linda.
— Eu não vou embora, você não irá conversar comigo? Tudo bem. —
Ele se senta sobre o degrau, fechando o casaco e puxando o capuz mais para
baixo.
— O que você está fazendo? — questiono, surpresa por sua atitude.
— Você não quer me ouvir? Direito seu, mas eu só saio daqui quando me
escutar.
— Não me interessa o que tem para dizer, eu disse que não devemos
nada um para o outro, pare de forçar uma situação. Vá embora, Drake.
— Que mulher carne de pescoço! — Ele cruza os braços diante do peito,
encostando na escada. — Não vou embora.
Eu quero verdadeiramente chutá-lo até seu carro, mas não vou entrar em
seu jogo.
— Você ficará aí no frio?
Ele me encara, os olhos estreitos, me desafiando.
— Sim, até você parar de ser ridícula e me escutar.
Respiro fundo, colocando um sorriso no rosto. O que deixa Drake
confuso.
— Ótimo, que você tenha uma excelente noite ao relento — digo,
marchando para dentro de casa, batendo com força a porta.
Mesmo querendo esganá-lo a vontade de rir me faz colocar a mão na
boca, logo ele desiste e vai embora.

Levanto da cama tremendo de frio, aperto o roupão em torno de mim,


paro na porta do quarto de Josh apenas para verificar se ele está tomando seu
remédio. Como vejo que sim, volto para a cama. Esfriou muito essa noite, algo
me faz ir até a janela, como do meu quarto eu tenho visão da porta, acabo dando
uma espiada para me certificar que Drake foi embora. O que para minha surpresa
não é isso que aconteceu, Drake continua sentado na mesma posição em que o
deixei. Deus do céu, ele só pode estar maluco, lá fora deve estar congelando.
Calço o chinelo com meia mesmo, descendo a escada. O vento frio me
golpeia assim que abro a porta da frente.
— O que você quer provar morrendo de frio em frente da minha casa? —
pergunto, indo até ele.
Drake se vira tremendo de frio, os lábios estão meio arroxeados.
— Você enlouqueceu? Entre. Aposto que já perdeu uns três dedos com
essa brincadeira.
Ele segue para dentro, sentando-se no sofá, tremendo. Mas não abre a
boca e prefiro manter o silêncio entre nós, vou até a cozinha, coloco água para
ferver e retorno para a sala.
— Drake? — Ele me encara ainda tremendo. — Quantos anos você tem
mesmo?
— Você não queria me ouvir.
— E por isso iria morrer de frio por causa do seu ego?
— Eu estou uma merda desde aquele dia — ele sussurra.
Respiro, ignorando o bolo em minha garganta.
— Acho bastante difícil.
— Biany, eu não tive nada com ela. Aquela garota é maluca.
— Drake, pare aí mesmo. Eu não quero escutar mais nada. Você já falou
isso, eu já falei o que penso. Acabou o assunto.
Marcho de volta para a cozinha pegando a xícara para levar o chá. Drake
continua na mesma posição que o deixei na sala, sua aparência melhorou, pelo
menos seus lábios não estão mais roxos.
— Toma esse chá e vá embora.
— Você está me tratando como um cachorro.
— Não, eu geralmente trato melhor — retruco.
Drake deixa o chá sobre a mesa de centro, andando em minha direção.
— Pode parar aí.
— Por quê? Eu mexo com você, delícia?
Fico em silêncio, dando um passo para trás.
— Pare de ser tão chata, não rolou nada entre mim e aquela maluca, eu
expulsei Julianne do quarto, eu estava bêbado...
— Ah claro, a culpa é dela, ela foi para o quarto, transou com você
desmaiado e ainda ficou para ser pega.
— Eu não sei o que aquela doida tem na cabeça, mas eu não fodi com
ela.
— Fala baixo, você vai acordar o Josh. — Repreendo.
— Se quiser eu a trago aqui para provar que não tivemos nada.
Solto uma gargalhada sarcástica.
— Quanto você pagará a ela pelo showzinho?
Ele coça a cabeça, visivelmente irritado.
— Sempre fui meio egocêntrico, orgulhoso, meio frio até. Sempre
procurei não precisar de ninguém, cometo muitas merdas. Na maior parte do
tempo. Não tenho culpa por ser quem eu sou, não tenho culpa por ser
sensacional. Nunca corri atrás de ninguém, Biany, muito menos de mulher. —
Drake faz uma pausa. — Então, o fato de estar aqui tentando explicar essa
merda, pode acreditar, você tem a porra de alguma importância para mim.
Eu não consigo dizer nada, Drake também não espera que eu diga, ele se
vira, recolhe sua chave sobre o sofá e vai embora, me deixando pregada no chão
como uma estátua.
— Ele me pareceu sincero, odeio falar isso.
Viro dando de cara com Josh no alto da escada, seus olhos ainda
sonolentos.
— Não vi que estava aí.
— Eu ouvi apenas a parte que ele quase se jogou em seus pés.
— Vamos dormir, não quero mais falar sobre isso.
— Você poderia escutá-lo. O cara é um mala e eu ainda acho que ele tem
uma grande semelhança com o Gaston da Bela e a Fera, mas vai saber se uma
bruxa não enfeitiçou ele.
Uma risada escapa de mim.
— Você e sua imaginação, Josh.

DRAKE
A maldita semana passou sem eu ter uma notícia dela. E pela primeira
vez me vejo como um louco, um lunático, desesperado e ogro com todo mundo.
Porra de mulher difícil. Essa será minha última chance de fazê-la escutar
o que eu tenho para falar, se ela não ouvir a cretina da Julianne, eu desistirei.
Existem outras bocetas, existem outras... Porra, eu comecei a enganar a mim
mesmo agora? Que patético.
— Você está praticamente me sequestrando, sabe disso, não?
— Cala sua boca! Tem sorte que não bato em mulher, senão teria
quebrado sua mão — digo, olhando para a vadia pelo retrovisor.
Estaciono de qualquer jeito em frente à cafeteria, recebendo buzinadas e
mostrando o dedo do meio para todos. Mackenna está no balcão atendendo
alguns clientes, olho pelo lugar tentando encontrar Biany.
— Cadê a Biany? — pergunto, encostando no balcão.
— Ela não está — Mackenna termina de servir o cliente, vindo até mim.
— Estou falando sério, onde Biany está?
— Ela está no hospital, seu maluco. Josh passou mal na escola e foi
internado às pressas.
— Como assim?
Mackenna aqueia a sobrancelha para mim.
— Você sabe que ele sofre com um problema no coração, certo?
— Sim, sim.
— Ele arrumou uma briga na escola, parece que o menino bateu forte
demais. Uma coisa levou a outra.
— Qual hospital? — pergunto, com pressa.
— Drake, não força a barra. Biany está passando por um momento
complicado, você aparecer lá, só piorará as coisas.
— Não pedi sua opinião. Eu vou atrás dela.
Saio correndo do café, entrando no carro, eles podem estar no mesmo
hospital que levei ela no primeiro encontro. Acelero como um louco na rua,
ultrapassando todos os carros que entram em minha frente. Em menos de dez
minutos já estou entrando no estacionamento do hospital, paro o carro em
qualquer vaga. Me virando para Julianne no banco de trás.
— Vou entrar, se você tentar qualquer gracinha e fugir, eu posto na
internet aquele videozinho nosso fodendo, onde mostra você como uma
verdadeira vadia.
— Você não seria maluco de fazer isso, seria? — ela pergunta com os
olhos arregalados.
— Fuja daqui ou conte mais alguma mentira para você ver.
Entro no hospital parando na recepção, preciso saber onde eles estão
antes de sair correndo e ser expulso daqui. Coloco um amplo sorriso no rosto,
olhando para a recepcionista.
— Por favor, eu vim ver Josh Pihlips.
— Ele está internado, você seria o que do paciente?
— Tio, sou irmão de Biany Philips.
Ela me encara por um segundo, não sei se está acreditando tão bem em
minha mentira ou decidi permitir minha entrada pelos meus sorrisos.
— Ele está no quarto 506.
— Muito obrigado.
Ando apressado pelo imenso corredor, o quarto de Josh não é muito
diferente do último que me recordo, só fica num corredor diferente. Quando
entro no quarto Josh está deitado na cama, cheio de fios pelo corpo, com a
máscara de oxigênio em seu rosto.
Mas Biany não está aqui. Por um instante não sei se fico e aguardo por
ela ou decido ir embora e ver um dia melhor para conversarmos.
— E ele não desiste.
Viro ao escutar a voz fraca de Josh.
— Oi, pirralho, como você está?
— Cortado — diz, com um sorriso fraco no rosto.
— Como assim?
— Eu passei por uma cirurgia, o que está fazendo minha mãe chorar no
banheiro achando que não percebo.
— Mas você está bem?
— Sim, estou.
Um dos olhos de Josh está com um grande hematoma, deve ser da briga
que ele se meteu no colégio.
— Eu quero muito falar com ela.
— Minha mãe foi chamada pelo médico, ou deve estar tentando vender o
próprio rim para pagar minha operação.
— Você não tem convênio?
Ele esboça um sorriso irônico.
— Tenho, mas, segundo eles, não cobre minha cirurgia que parece custar
a vida de minha mãe, ou pelo que andei escutando enquanto fingia que dormia, o
carro do meu avó.
— Moleque danado, eu vou procurar sua mãe.
— Antes de ir pode me passar uma dessas barrinhas de chocolate? — ele
pergunta.
— Você pode comer isso?
— Desde quando vai cumprir alguma regra? Justo agora? —Sorrio
entregando a barra para ele. — Prometo que não falo que foi você.
Volto para a recepção esperando que a mocinha me atenda novamente,
ela preenche uma ficha extensa de folhas antes de me dar atenção.
— Eu gostaria de conversar com o diretor do hospital.
— Desculpe, mas ele não atende assim.
— É caso do interesse dele, pode apostar, gatinha — digo, dando uma
piscada para ela.
Ela fica com as bochechas rosadas.
— O escritório dele fica no final do corredor, só não conte que eu que
passei a informação.
— Pode deixar, doçura.
Sigo para onde ela apontou, nem deixando um tempo para que ele
respondesse minha batida na porta, entro pegando o velho grisalho devorando
seu almoço.
— Você não pode entrar assim.
— Desculpe, mas é rápido, garanto que logo volta a comer essa
gororoba.
— Em que posso ajudá-lo? — ele pergunta, abandonando o prato.
— Eu vim pagar todos os custos de Josh Philips.
— Você é...
— Meu nome é a última coisa que interessa, o que realmente importa
aqui é que o menino tenha um atendimento de primeira classe, assim como sua
mãe Biany pare de ser cobrada.
— Eu entendo e como pretende quitar esse débito? Afinal, o paciente
passou por uma cirurgia delicada em uma das veias do coração, por causa do
seu...
— Eu sei de tudo isso. O que eu estou esperando é você passar os dados
bancários ou dizer se preciso assinar um cheque para finalizarmos esse papinho e
você voltar para seu almoço estranho — concluo, sorrindo.

CAPÍTULO VINTE E CINCO

BIANY
Depois de uma hora discutindo com o diretor do hospital, mal
entendendo que a dívida que eu tinha foi paga por alguém, me preparo para levar
Josh finalmente para casa e me surpreendo por descobrir que Drake esteve aqui
no hospital. Uma peça vai se encaixando na outra. Meus pais vieram para me
ajudar com as coisas, como tenho que trabalhar irão ficar com Josh em nossa
casa. Mas... eu preciso fazer algo antes. Passo no quarto de Josh, onde peço que
meus pais o levem para casa, para que eu possa resolver minhas coisas. E só de
imaginar meu peito se comprimi e meus batimentos aceleram.
Pego um táxi e em meia hora estou em frente à casa dele. Converso com
o porteiro para saber se posso subir e fico abismada, eu não sabia que tinha
autorização para subir direto. E se ele estiver com outra mulher? Só esse
pensamento me faz querer dar meia volta e ir embora.
Toco a campainha escutando tudo no mais absoluto silêncio dentro do
apartamento. Passa alguns segundos e insisto. Ouço o barulho da porta se
abrindo no mesmo nível que meu coração batendo dentro do peito.
— Oi — sussurro.
Ele não responde, apenas fica me olhando, nossos olhos fixos um no
outro.
— Posso entrar?
Ele dá um passo para o lado. Por que ele está apenas com um roupão?
Isso é alguma provação divina?
O silêncio entre nós chega a assustar, nunca vi Drake tão calado.
— Se você quiser, posso ir embora.
— Não. Foi apenas a surpresa de ver você aqui.
— Eu queria agradecer por tudo que fez pelo Josh, eu mal sei como vou
devolver toda aquela quantia.
— Eu não quero seu dinheiro. Será que ninguém sabe manter a porra das
coisas em segredo?
— Na verdade não foi o diretor que me contou, Josh disse que você
passou pelo hospital e Mackenna também contou que você esteve no café.
— Eu queria explicar sobre o que tinha acontecido, já que você estava
sendo tão pé no saco. Mas não sabia que Josh tinha sido operado.
— Aconteceu tudo tão depressa — digo, passando a mão na nuca. Estou
suando.
Ele me surpreende ao segurar meus braços e me puxar para ele, seu corpo
colado no meu me faz arrepiar e Drake se mostra totalmente satisfeito por ver
como isso me afeta. O quanto o fato de ele passar a língua por meu lábio
superior me arranca suspiros. Que o desejo de beijá-lo se torna quase latente.
Não deixo que ele se afaste, enrosco meus braços em seu pescoço,
devorando sua boca, é tão deliciosa... Ele chupa meus lábios com prazer, arranco
o roupão de seus ombros sentindo o calor de seu corpo, Drake puxa minha
camisa para cima, jogando-a longe, puxando meu sutiã para baixo, enfiando meu
seio na boca. Praticamente fazendo eu me quebrar em mil pedaços.
— Você é linda.
— Você é um erro — sussurro entre um gemido e outro.
Ele solta meu seio de forma brusca, olhando dentro de meus olhos,
estamos com a respiração ofegante, incendiados por nosso desejo.
— Você é um erro que vale a pena cometer — acrescento.
Com um sorriso suave no rosto ele toma novamente minha boca para ele,
nos deitando no chão, aqui mesmo, no meio de sua sala. E apesar de saber que
esse cara tem muito o que se consertar, eu assumo o risco, deixo que ele me
tome, me consuma como nas outras vezes, confiando num destino cego. Porque
nem todo acerto é bom, assim como nem todo erro é ruim. E Drake Morrison é o
erro mais delicioso que cometi.


PRÓXIMA PUBLICAÇÃO
Notes

[←1]
Stacee Jaxx é uma mistura de Iggy Pop, Axl Rose e Dave Mustaine. Representado no filme Rock of
Ages, onde rock, sexo e bebidas eram as coisas que mais importavam na década de 80.
[←2]
² Para os músicos os acordes são representados em números romanos. São como: DÓ, RÉ, MI, FÁ,
SOL, LÁ, SI. Sendo o Dó igual a I, assim por diante.
[←3]
No caso sobre conter letras minúsculas, é como se representassem os acordes menores, que soam
mais melancólicos e fechados.
Table of Contents
CAPÍTULO UM
CAPÍTULO DOIS
CAPÍTULO TRÊS
CAPÍTULO QUATRO
CAPÍTULO CINCO
CAPÍTULO SEIS
CAPÍTULO SETE
CAPÍTULO OITO
CAPÍTULO NOVE
CAPÍTULO DEZ
CAPÍTULO ONZE
CAPÍTULO DOZE
CAPÍTULO TREZE
CAPÍTULO QUATORZE
CAPÍTULO QUINZE
CAPÍTULO DEZESSEIS
CAPÍTULO DEZESSETE
CAPÍTULO DEZOITO
CAPÍTULO DEZENOVE
CAPÍTULO VINTE
CAPÍTULO VINTE E UM
CAPÍTULO VINTE E DOIS
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
CAPÍTULO VINTE E CINCO
PRÓXIMA PUBLICAÇÃO

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