You are on page 1of 13

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/28320450

Avaliação de sistemas educacionais no Brasil

Article · January 2009


Source: OAI

CITATIONS READS

13 6,637

1 author:

Bernardete A. Gatti
Fundação Carlos Chagas
34 PUBLICATIONS   385 CITATIONS   

SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Ciclo de Debates: 25 anos de avaliação em de sistemas educacionais no Brasil View project

Referentes e e critérios para a ação docente View project

All content following this page was uploaded by Bernardete A. Gatti on 19 February 2016.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


s í s i f o / r e v i s t a d e c i ê n c i a s d a e d u c a ç ã o · n .º   9 · m a i / a g o 0 9 issn 1646‑4990

Avaliação de sistemas educacionais no Brasil

Bernardete A. Gatti
gatti@fcc.org.br
Fundação Carlos Chagas, São Paulo, Brasil

Resumo:
Este artigo apresenta em seqüência temporal algumas iniciativas e modelos de avaliação
de sistemas educacionais no Brasil. Lembra a estrutura federativa do Estado brasileiro e
o desdobramento das avaliações nos sistemas federal, estaduais e municipais de ensino.
Aborda a questão da formação de pessoal em avaliação educacional, as características assu‑
midas pelas avaliações implementadas, tanto na educação básica, como no ensino superior.
Apontam­‑se as mudanças de modelo e as controvérsias advindas com o desenvolvimento
dessas avaliações. Comentam­‑se alguns de seus efeitos.

Palavras­‑chave:
Avaliação educacional, Sistemas de ensino, Rendimento escolar, Avaliação institucional.

Gatti, Bernardete (2009). Avaliação de sistemas educacionais no Brasil. Sísifo. Revista de Ciências da
Educação, 09, pp. 7­‑18.
Consultado em [mês, ano] em http://sisifo.fpce.ul.pt

7
A Avaliação Educacional, hoje, é um campo de políticas nacionais de capacitação de pessoal, vem
estudos com teorias, processos e métodos espe‑ aumentando o número de pesquisadores na área.
cíficos, mas também, um campo abrangente que Com isso, tem se tornado possível melhor qualificar
comporta sub­‑áreas, com características diferentes, os processos avaliativos de amplo espectro, relati‑
por exemplo, avaliação de sistemas educacionais, vos ao desempenho de alunos da educação básica
avaliação de desempenho escolar em nível de sala (ensino fundamental e médio), ou do nível superior,
de aula, avaliação institucional, avaliação de progra‑ e, de instituições de ensino. Neste artigo pretende‑
mas, auto­‑avaliação. Comporta, também, diferentes mos tratar desses processos avaliativos, os de maior
abordagens teóricas como a sistêmica, a iluminativa porte, no Brasil, recuperando sua trajetória no tem‑
ou compreensiva, a avaliação participativa, etc. No po. Sendo o Brasil uma federação, lembramos que
Brasil este campo de conhecimento só veio a mere‑ o sistema educacional comporta a rede pública de
cer maior atenção, estudos e análises críticas mais ensino — com gestão federal, estadual ou municipal
fundamentadas, há relativamente pouco tempo. — e, a rede de escolas privadas, autorizadas e super‑
As questões ligadas à avaliação educacional tendo visionadas por um dos três níveis federativos. Cada
adentrado muito tardiamente nas discussões no nível federativo tem seu grau de responsabilidade
campo da educação, também sofreu aqui, em sua va‑ definido pela Constituição de 1988, e, no referente
lorização e desenvolvimento como campo teórico, às redes de ensino, pela Lei de Diretrizes e Bases da
dos efeitos relativos à quase ausência de formação Educação Nacional, aprovada no ano de 1996.
nos cursos de educação de profissionais especiali‑
zados. Esta formação vem se dando por outros ca‑
minhos. Campo sujeito ainda a fortes críticas ideo‑ AVALIAÇÕES EM LARGA
lógicas, conta com massa crítica intelectual relativa‑ ESCALA NA EDUCAÇÃO BÁSICA:
mente pequena, a qual está em crescimento em fun‑ ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
ção de programas avaliativos postos em prática em
vários níveis do sistema educacional brasileiro, com Dada a constituição tríplice das redes de ensino no
abrangência nacional ou regional. Isto implicou em Brasil estaremos nos referindo ora a avaliações na‑
preparação especial de funcionários nos diferentes cionais, ora a estaduais, ora a municipais.
níveis de administração do sistema escolar brasilei‑ Para traçar a trajetória das avaliações de desem‑
ro, e na formação de pessoal universitário no exte‑ penho de redes de ensino tomamos como ponto de
rior. Alguns grupos de especialistas foram se cons‑ partida os anos mil novecentos e sessenta, porque
tituindo em universidades e centros de pesquisa, foi nessa década que surgiu fortemente a preocupa‑
e, com os estímulos de formação no exterior pelas ção específica com processos avaliativos escolares,

8 sísifo 9 | bernardete a. gatti | avaliação de sistemas educacionais no brasil


baseados em critérios mais claramente enunciados e de medida que permitisse verificar a situação do
instrumentos que poderiam garantir, até certo pon‑ desempenho dos alunos nas 1aS séries do ensino
to, que a avaliação do nível de realização obtido es‑ fundamental. Amostras foram utilizadas para testar
tivesse mais objetivamente garantida. Nessa década o instrumento, em duas formas paralelas, com crian‑
e na subseqüente, profissionais receberam formação ças de todas as regiões geográficas do país, abran‑
mais aprofundada na área de avaliação de rendimen‑ gendo Leitura, Escrita e Matemática. Este projeto
to escolar, alguns no exterior. Na Fundação Getúlio derivou da experiência com outros estudos durante
Vargas do Rio de Janeiro criou­‑se em 1966 o CE‑ a década de setenta no então estado da Guanabara
TPP, Centro de Estudos de Testes e Pesquisas Psi‑ (hoje cidade do Rio de Janeiro), e, outros pequenos
cológicas, onde testes educacionais passam a ser de‑ estudos, feitos em convênio com o Centro Brasilei‑
senvolvidos e estudados (Fundação Getúlio Vargas, ro de Pesquisas Educacionais/INEP/Ministério da
1970). A equipe do CETPP elaborou um conjunto Educação, desde a década de 1960.
de provas objetivas para as últimas séries do ensino Não houve, no entanto, nos anos imediatamente
médio, nas áreas de Linguagem, Matemática, Ciên‑ subseqüentes outras iniciativas com a intenção de
cias Físicas e Naturais e Estudos Sociais. Realizou­ avaliações mais abrangentes, embora alguns ensaios
‑se, então, pesquisa com conjuntos de alunos do localizados tenham sido desenvolvidos. Não se ob‑
ensino médio, a qual incluía um questionário sobre serva, nesse período, preocupação de administra‑
características sócio­‑econômicas dos alunos e suas ções públicas com uma avaliação sistemática do ren‑
aspirações. Esta pode ser considerada a primeira dimento escolar dos alunos das redes de ensino. Em
iniciativa relativamente ampla, no Brasil, para verifi‑ nível nacional essa preocupação vai aparecer a partir
cação da aquisição de conhecimentos e sua relação de 1988, com alguns estudos exploratórios, ocorren‑
com diferentes variáveis, como sexo, nível socioeco‑ do a implementação de um sistema nacional de ava‑
nômico, e outras. Nesse Centro desenvolveram­‑se, liação da educação básica apenas em 1990. Houve
ainda, cursos sobre elaboração de provas objetivas, apenas uma municipalidade — a da cidade de S.Paulo
com especialistas estrangeiros, e fizeram­‑se várias — que se constituiu em exceção e preocupou­‑se no
publicações sobre temas ligados à avaliação edu‑ início dos anos 1980 com essa questão, tendo realiza‑
cacional. Simultaneamente, na Fundação Carlos do o primeiro estudo avaliativo de uma rede de ensi‑
Chagas especialistas em testes e medidas também no. A avaliação foi conduzida pelo Departamento de
estavam sendo formados. No entanto, a expertise Planejamento da Secretaria Municipal de Educação
conseguida não teve nesse momento aplicação em da Cidade de São Paulo, com o objetivo de verifi‑
avaliações de redes de ensino, tendo sido utilizada cação do nível de escolaridade dos alunos da Rede
em processos seletivos para universidades, cursos Municipal de Ensino, abrangendo, além das séries
superiores e cargos públicos. iniciais do ensino fundamental, também o terceiro
Em meados dos anos 1970 desenvolveu­‑se, pela estágio da educação infantil. Foram avaliadas todas
iniciativa do ECIEL (Programa de Estudos Conjun‑ as crianças do terceiro estágio de educação infantil,
tos de Integração Econômica Latinoamericana), um as de 1a, 3a, 5a, 7a séries do ensino fundamental e, os
estudo avaliativo de porte, no Brasil e outros países alunos do primeiro ano do ensino médio. As provas
da América Latina, sobre os determinantes dos ní‑ abrangeram Língua Portuguesa, Matemática e Ciên‑
veis de escolaridade e do rendimento escolar obtidos cias. Foi construída uma bateria de testes específicos,
por alunos com diferentes características pessoais e baseada no currículo escolar definido pela Secretaria
sócio­‑econômicas. Aos alunos foi aplicado questio‑ Municipal de Educação para suas escolas, à época.
nário para levantamento de dados sobre situação A idéia era poder utilizar esses dados para plane‑
sócio­‑econômica, atitudes com relação ao processo jamento das atividades escolares e extra­‑escolares.
escolar e aspirações, e, um exame de compreensão Porém, tendo havido mudança de administração
de leitura e de ciências. Foram coletados dados de em 1982, o estudo ficou com seus resultados sem
diretores, professores e escolas (Castro & Sangui‑ utilização, uma vez que os novos dirigentes não se
netti, 1977). Realizou­‑se estudo, nesse mesmo perí‑ interessaram em utilizar os resultados obtidos e levar
odo, com a finalidade de chegar a um instrumento adiante o processo iniciado dois anos antes.

sísifo 9 | bernardete a. gatti | avaliação de sistemas educacionais no brasil 9


Numa outra vertente, a da avaliação de políticas da região, e, depois é que se deu a forma final das
educacionais e avaliação de programas, entre 1978 e provas. O que se tentava era construir um conjunto
1982, encontramos alguns estudos que se propõem de provas tanto quanto possível adequado àquela
avaliar a política nacional de educação, enfocando a realidade, buscando maior validade para os dados
seletividade da educação, utilizando­‑se desde dados de rendimento escolar. As crianças foram avaliadas
demográficos até estudos de caso (Fundação Carlos em 1982, 1984 e 1986. Nesses mesmos anos, os de‑
Chagas, 1981, 4v.). Estes estudos abrem um outro mais dados sobre o programa, seu gerenciamento,
leque de possibilidades em avaliação numa direção as características das escolas, o pessoal docente,
diferente da avaliação de desempenho por testes. as famílias, etc., também eram coletados e análises
Como se observa, lenta e esparsamente, algumas integradas e multivariadas foram feitas procuran‑
competências vinham se formando na área de ava‑ do encontrar traços característicos relevantes para
liação, sobretudo envolvendo a questão da medida verificar­‑se a contribuição sócio­‑educacional do
de rendimento escolar. Algumas administrações programa, como também os impasses. Análises qua‑
públicas da educação mostraram interesse nesses litativas dos dados levantados foram desenvolvidas,
estudos mas, sem continuidade, nem em relação a tendo sido agregados estudos de caso ao modelo
equipes que se formavam, nem em relação aos estu‑ avaliativo, para análise e compreensão em maior
dos. A descontinuidade em políticas tem sido uma profundidade de situações mais específicas (Uni‑
marca nas gestões públicas no Brasil, aliás, não só versidade Federal do Ceará, 1988, 7v.). Seminários
em relação aos estudos avaliativos, como a todos foram realizados sobre seus resultados, durante o
os aspectos de iniciativas de administrações ante‑ processo e depois. Esses resultados tiveram várias
riores. Também, nesse mesmo período — inícios conseqüências sobre as políticas vigentes. Além dis‑
dos oitenta — o pensamento educacional volta­‑se à so, muitas outras análises derivaram destes dados,
crítica dos empirismos, dos tecnicismos, das opera‑ desde análises com enfoque em políticas públicas,
cionalizações burocráticas e a área de avaliação, que até análises do que acontece com a escola que se
mal começara a formar quadros, sofre uma retração situava na própria casa da professora; ou, qual o
grande no seio das universidades. problema das escolas que estavam junto a assenta‑
Durante a década de 1980, uma experiência que mentos de pessoal sem terra; etc. Com metodologia
pode ser colocada como um marco na história de clara e bem definida, com os cuidados de coleta e
desenvolvimento de estudos de avaliação de po‑ análise, representou um exemplo do que se poderia
líticas e programas envolvendo não só estudos de fazer com estudos dessa natureza na direção de se
rendimento escolar mas de variados fatores, foi a da propugnar por uma escola mais condizente com as
avaliação do Projeto EDURURAL — um projeto de necessidades das populações menos favorecidas so‑
educação desenvolvido em todos os estados do Nor‑ cialmente. O cuidado com as interpretações, com a
deste brasileiro. A avaliação acompanhou a imple‑ clareza dos limites de significação dos dados, tendo
mentação e desenvolvimento do projeto, sob vários presente os pressupostos sobre os quais se assenta‑
aspectos, de 1982 a 1986. Avaliaram­‑se as formas de va o modelo avaliativo, ofereceu uma oportunidade
gerenciamento geral do projeto e, por amostra, o ge‑ para se formar pessoas e pensar a área criticamente
renciamento local, analisando­‑se o sistema de mo‑ a partir de uma ação direta.
nitoria, os professores, as Organizações Municipais
de Ensino, os alunos, as famílias. Desenvolveram­‑se Estudos que deram subsídios
testes para avaliar crianças em nível de segundas e à implantação do sistema nacional
quartas séries do ensino fundamental, consideran‑ de avaliação da educação básica
do sua pertinência à zona rural em classes, em geral, Ao final dos anos 1980 discussões sobre vários pro‑
multisseriadas. Estas provas foram desenvolvidas a blemas que ocorriam nos sistemas educacionais,
partir de amostras de exercícios e trabalhos colhi‑ apontados pelos pesquisadores da área de educação,
dos nas escolas dos três estados onde a avaliação se chega ao auge com o debate público sobre os indica‑
desenvolvia, Piauí, Ceará e Pernambuco. Coletou­ dores que mostravam o alto índice de fracasso esco‑
‑se materiais de alunos, trabalhou­‑se com o pessoal lar (repetência e evasão escolar) na escola básica, no

10 sísifo 9 | bernardete a. gatti | avaliação de sistemas educacionais no brasil


país. Uma das questões que se colocava é que não se produzidos por professores locais, com base nos
possuíam dados sobre o rendimento escolar dos alu‑ guias curriculares vigentes no Paraná (Vianna & Gat‑
nos em nível de sistema e os fatores a ele associados. ti, 1988). Em 1991 completando o ciclo de avaliações
Nesse momento, promoveu­‑se no MEC [Ministério exploradoras proposto pelo MEC realizou­‑se o mes‑
da Educação] uma oficina de trabalho com um gru‑ mo tipo de avaliação feito nas escolas públicas, em
po de educadores para discutir a questão. Colocava­ escolas privadas, em 11 Estados e no Distrito Federal.
‑se então que, com a mudança da nossa Constitui‑ As avaliações de rendimento escolar realizadas
ção, poderia haver uma nova estrutura política e que entre 1988­‑91 trouxeram o impacto dos baixos resul‑
isto sinalizava a necessidade de uma mudança na tados médios, muito aquém do esperado, que reper‑
atuação do Ministério da Educação em relação ao cutiram tanto no Ministério, como nas Secretarias
ensino fundamental e médio, levando­‑o a ter um pa‑ de Educação e na mídia, criando nas administrações
pel orientador e um papel avaliador como referência públicas interesse pelos processos avaliativos. Com
para políticas e avanços na área da educação básica. os resultados obtidos e dados das escolas, dos pro‑
Ao final de 1987, foi proposto que se fizesse uma ava‑ fessores e dos alunos, dispunha­‑se de muitas infor‑
liação de rendimento escolar em 10 capitais de es‑ mações, sobre as quais se poderia debruçar, refletir
tados do país, para se aquilatar se um processo de e tirar inferências tanto para políticas dirigidas às
avaliação mais amplo por parte do Ministério seria redes de ensino como um todo, como para questões
viável e traria resultados relevantes. A avaliação foi da aprendizagem de alunos nas salas de aula. Estes
feita nas 1as, 3as, 5as e 7as séries de escolas públicas em primeiros estudos mais abrangentes de alunos e es‑
10 capitais de Estados, com provas em Língua Portu‑ colas serviram de base para a implantação do SAEB
guesa (com redação), matemática e ciências. Foi um — Sistema de Avaliação da Educação Brasileira.
estudo piloto para verificar a viabilidade do proces‑ Para isso contribuiu, também, a participação do
so, como as administrações e as escolas receberiam Brasil, logo no início dos anos 1990, no segundo
esse tipo de avaliação, se as provas seriam adequa‑ Programa Internacional de Avaliação de Proficiên‑
das, etc. Utilizou­‑se a teoria clássica em avaliação e cia Educacional. Esse programa internacional, que à
o grande desafio foi mesmo a construção de provas época envolvia 27 países, pretendia ser comparativo.
que tivessem validade para as realidades dos dife‑ Portanto, a metodologia de aplicação e os testes fo‑
rentes estados envolvidos (não se dispunha de um ram elaborados por uma equipe internacional de es‑
currículo nacional). Isto tornou­‑se possível a partir pecialistas: chineses, árabes, americanos, suecos, ho‑
de parcerias locais. Com esta etapa tendo sido rela‑ landeses, etc., num processo de validação recíproca.
tivamente bem sucedida, com as discussões sobre Mas, no Brasil o estudo ficou restrito a apenas duas
os resultados das provas e fatores a eles associados capitais (Fortaleza e S. Paulo) tornando a compara‑
havidas em alguns estados, e discussões em seminá‑ bilidade pretendida comprometida. Foram avaliadas
rios nacionais ou locais, expandiu­‑se o estudo avalia‑ crianças de 13 anos de idade, não importando a sé‑
tivo para mais 20 capitais e, depois mais 39 cidades rie em que o aluno se encontrava (a correspondência
distribuídas em 14 estados e, à época, um território idade­‑série não era garantida). A idéia desse estudo
(Vianna, 1988, 1989a, 1989b). Paralelamente, com internacional era procurar saber qual domínio de co‑
apoio da Secretaria de Ensino de Segundo Grau do nhecimentos teriam as crianças dessa idade em cada
Ministério da Educação, realizou­‑se uma avaliação um dos países participantes. No estudo aqui realizado
de rendimento escolar de alunos do 3º ano do ensino não foram incluídas crianças que estavam fora da es‑
médio, abrangendo todas as modalidades existentes cola e crianças com excessiva defasagem idade­‑série,
(geral, normal, técnico industrial, comercial, etc.). problema que na maior parte dos países participantes
Também no ano de 1988, como extensão à ini‑ não se colocava. A avaliação, embora realizada apenas
ciativa do MEC, a Secretaria de Estado da Educa‑ em duas capitais, mostrava o precário desempenho
ção do Paraná realizou uma avaliação dos alunos de dos alunos de 13 anos no Brasil, na comparação com
2ª e 4ª séries nas escolas desse estado. Provas espe‑ outros países: penúltima colocação.
cíficas de Língua Portuguesa, Matemática, Ciências A contundência dos dados obtidos até aqui leva
e Estudos Sociais foram elaboradas, a partir de itens o Ministério da Educação e alguns dos Estados da

sísifo 9 | bernardete a. gatti | avaliação de sistemas educacionais no brasil 11


federação a desenvolver uma política de avaliação de nível sócio­‑econômico dos alunos, hábitos de estu‑
redes de ensino de forma a trazer a público os resul‑ do, perfil e condições de trabalho dos docentes e
tados, na intenção de se buscar formas de superação diretores, tipo de escola, grau de autonomia da es‑
da precária situação das aprendizagens escolares. cola, matriz organizacional da escola; 3. ao processo
Os resultados médios eram muito preocupantes. — planejamento do ensino e da escola, projeto pe‑
Estímulos vindos de órgãos internacionais tiveram dagógico, utilização do tempo escolar; estratégias de
papel relevante na consolidação e ampliação dessas ensino; 4. aos insumos — infra­‑estrutura, espaço físi‑
avaliações. co e instalações, equipamentos, recursos e materiais
didáticos. Os instrumentos de coleta são as provas
O Sistema Nacional de Avaliação aos alunos, questionários aplicados a alunos, profes‑
da Educação Básica — SAEB sores e diretores, questionário sobre as condições da
A partir de 1993, o Ministério da Educação, em arti‑ escola. Nos dois últimos anos agregou­‑se ao modelo
culação com as Secretarias Estaduais de Educação, geral de avaliação, estudos de caso de situações es‑
implantou o Sistema de Avaliação da Educação pecíficas consideradas relevantes para análise mais
Básica (SAEB). Realizado por amostra nacional de aprofundada de fatores contextuais intervenien‑
alunos, inicialmente com provas objetivas no mode‑ tes nos resultados (Brasil/Ministério da Educação,
lo clássico, essa avaliação passou a ser realizada anu‑ 2002; Fontanive & Klein, 2000; Pestana, 1999).
almente, abrangendo séries do ensino fundamental O SAEB veio sendo objeto de vários estudos
e médio, tendo aperfeiçoado sua metodologia e, fi‑ e discussões, inclusive de comissões em nível de
nalmente, em 1995, adotado os procedimentos pre‑ Ministério na busca de seu aperfeiçoamento. Pro‑
conizados pela Teoria da Resposta ao Item. Pesqui‑ blemas técnicos têm sido superados, por exemplo,
sadores da Fundação Carlos Chagas capitanearam a quanto à modelagem das provas e o teor dos itens
introdução dessa metodologia no SAEB (Andrade e sua validade, quanto ao processo de amostragem,
& Valle, 1998; Fletcher, 1991, 1995). No entender que vem sendo aperfeiçoado, etc., levantando­‑se,
dos especialistas poderia oferecer informações mais também, problemas quanto à divulgação, dissemi‑
seguras sobre o repertório escolar das crianças e jo‑ nação e apropriação dos resultados nos diferentes
vens, bem como oferecer condições de comparabi‑ níveis de gestão do sistema e aos professores. Fran‑
lidade em escala, o que não era possível no modelo co (2001) nos oferece observações interessantes
anterior. Pelos documentos disponíveis verifica­‑se quanto às potencialidades e aos problemas relativos
que a intenção associada a essa avaliação era a de a essa avaliação, pontuando sugestões sobre as for‑
prover informações para tomadas de decisão quanto mas de tornar o SAEB mais relevante para gestores e
a diversos aspectos das políticas educacionais, bem professores, por exemplo, ilustrando com exemplos
como para pesquisas e discussões, a partir da gera‑ claros dificuldades dos alunos, propondo alternati‑
ção e organização de informações sobre o desempe‑ vas pedagógicas, em linguagem adequada, construir
nho acadêmico dos alunos no sistema e fatores a ele melhor explicitação dos fatores que contam em
associados. Hoje estão disponíveis várias bases de educação (efeito escola, efeito sala de aula), apre‑
dados sobre as sucessivas avaliações feitas em nível sentação das escalas de proficiência em linguagem
nacional, e relatórios que disponibilizam as análises e esquemas gráficos facilmente inteligíveis para não
realizadas. O SAEB compõe­‑se de dois grandes ei‑ especialistas, estabelecimento de relacionamentos
xos: o primeiro voltado ao acesso ao ensino básico com secretarias estaduais e municipais mais efetivos
no qual se verifica o atendimento à demanda (taxas para apropriação dos resultados, etc.
de acesso e taxas de escolarização) e a eficiência (ta‑ Mais recentemente o Ministério de Educação
xas de produtividade, taxas de transição e taxas de expandiu a avaliação de desempenho do sistema
eficiência interna); o segundo eixo é relativo à quali‑ educacional, com a Prova Brasil, aplicada a todos os
dade, implicando no estudo de quatro dimensões re‑ alunos dos primeiros anos do ensino fundamental,
lativas: 1. ao produto — desempenho do aluno quan‑ integrando essa prova ao SAEB. Com isso avançou­
to a aprendizagem de conteúdos e desenvolvimento ‑se na construção de um indicador — o Índice de
de habilidades e competências; 2. ao contexto — Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), a

12 sísifo 9 | bernardete a. gatti | avaliação de sistemas educacionais no brasil


partir de 2007, que integra o fluxo escolar e as mé‑ da escola, os períodos, diurno e noturno dos cursos.
dias de desempenho nas avaliações nacionais. Essas Os dados foram divulgados para a rede. Enfatizava‑se
médias referem­‑se ao desempenho no SAEB para que se deveria enfrentar com critério e determinação
os Estados e na Prova Brasil para os Municípios. É os pontos críticos revelados em relação ao processo
possível dispor de um valor do Indicador para o país de ensino. As provas foram analisadas e implicações
como um todo, cada Estado, Município e Escola. pedagógicas foram apontadas, com recomendações
quanto aos pontos críticos em cada disciplina avalia‑
Iniciativas regionais da (Mondel & Maluf, 1994).
Foi durante os anos mil novecentos e noventa que Ao mesmo tempo, entre 1992 e 1994, outro
diversas avaliações de sistemas escolares vão tomar projeto de avaliação vinha sendo desenvolvido,
corpo também em várias regiões do país, além do âm‑ amostralmente, nas escolas estaduais do Estado de
bito nacional já exposto. Abaixo relatamos três inicia‑ S.Paulo, com caráter de uma verdadeira pesquisa
tivas em Estados da Federação, as mais consolidadas. avaliativa: O Projeto de Avaliação de Impacto do
Ciclo Básico e da Jornada Única na Área Metropo‑
Estado de S. Paulo litana de São Paulo. A equipe de pesquisa fez um
Assim, em 1992 foi realizada no Estado de S. Pau‑ estudo longitudinal de acompanhamento de um
lo avaliação dos alunos das Escolas Padrão, projeto mesmo segmento de crianças, durante 3 anos, com o
de inovação curricular desenvolvido pela Secretaria objetivo complexo de analisar mudanças de apren‑
Estadual de Educação, inicialmente com 306 escolas dizagem e de características cognitivas ao longo do
no Estado, depois ampliando­‑se para mais de mil, tempo. Esse foi um tipo de pesquisa em avaliação
com vistas a abranger aos poucos todas as escolas do nunca antes desenvolvido no país, inclusive com
sistema, o que não chegou a acontecer. O objetivo da um estudo paralelo de caráter antropológico. Este
avaliação era verificar se com os insumos educacio‑ permitiu que se tivesse uma compreensão profun‑
nais diferenciados que recebiam as escolas e profes‑ da do que se passava no cotidiano das escolas e no
sores se obtinham melhorias no nível de aprendiza‑ desenvolvimento cognitivo das crianças (Neubauer
gem escolar por parte dos alunos. A avaliação então et al., 1996). A partir de 1995 institui­‑se no Estado
realizada abrangeu Língua Portuguesa, Redação, de S.Paulo, como parte de um programa para a edu‑
Matemática, Ciências, História e Geografia, tendo cação pública do estado, o SARESP (Sistema de
sido aplicado um questionário para sondagem de Avaliação do Rendimento Escolar no Estado de S.
características dos alunos. Foram submetidos a ela Paulo), que vem se realizando até hoje, abrangen‑
todos os alunos de 8ª série. Essa avaliação seria o do séries sucessivas, com questionários informati‑
marco zero, com a qual sucessivamente se procura‑ vos, e fazendo­‑se as equalizações necessárias ano a
ria comparar o futuro desenvolvimento educacional ano para se obter comparabilidade. Neste modelo
das crianças. Esperava­‑se, no início dos trabalhos, todos os alunos matriculados nas séries envolvidas
poder realizar avaliações sucessivas, durante vários são avaliados (Espósito, 2000; SEESP, 1996, 1998).
anos, com dados da progressão dessas crianças que O sistema SARESP tem mantido as avaliações peri‑
estavam vinculadas ao Projeto da Escola Padrão. ódicas e em 2008 fundamentou a criação de um in‑
Os primeiros resultados foram interpretados psi‑ dicador de desenvolvimento educacional específico
co‑pedagogicamente e recomendações curriculares para o Estado de S. Paulo — IDESP —, com carac‑
foram feitas e consolidadas em documentos distri‑ terísticas de construção um pouco mais nuanceadas
buídos às escolas. A partir dos dados obtidos vários do que o índice do Ministério da Educação.
estudos com foco específico foram realizados para
subsidiar ações específicas junto às escolas (Gatti, Estado de Minas Gerais
1996). Essa avaliação, que pretendia ser longitudinal, Também o Estado de Minas Gerais começa a
foi descontinuada por mudança na administração da partir de 1992 a desenvolver um programa de avalia‑
Secretaria de Educação do Estado. A nova gestão ção das suas escolas públicas. Como as demais ini‑
desenvolveu outros estudos visando comparar Es‑ ciativas, o propósito da avaliação era dar base para
colas Padrão e Não Padrão, considerando a região a melhoria da qualidade do ensino e fazia parte de

sísifo 9 | bernardete a. gatti | avaliação de sistemas educacionais no brasil 13


uma proposta mais ampla do governo do estado para recomendações e sugestões pedagógicas; e, para
a educação. As avaliações foram planejadas e reali‑ presidentes de associações de pais e mestres e pais
zadas em ciclos, a cada dois anos, eram avaliações de alunos foi feito no Boletim da Escola uma síntese
censitárias, incorporando outras informações atra‑ específica da situação da escola e uma descrição dos
vés de questionários. Em 1998, com a implantação níveis de desempenho alcançados (SEEPR, 2001).
da progressão continuada nas escolas, passou­‑se a Mais recentemente implementou­‑se nesse Estado
fazer a avaliação todos os anos. Desenvolveu­‑se com um processo de avaliação institucional envolvendo
este programa de avaliação uma proposta formativa escolas, regionais de ensino e Secretaria.
de quadros na própria Secretaria, através de cursos
específicos oferecidos aos técnicos, aqui e no exte‑ Estado do Ceará
rior (Antunes et al., 1992; Souza, 1999). Hoje, o Es‑ O Estado do Ceará desenvolveu um sistema ava‑
tado de Minas Gerais possui um complexo modelo liativo de suas escolas a partir de 1996, com avalia‑
de avaliação de sua rede de ensino — o SIMAVE: ção, por amostras, de desempenhos de alunos do
Sistema de Avaliação da Qualidade do Ensino e das ensino fundamental. Realizou, também, um proces‑
Escolas. Esse Sistema é composto por três progra‑ so de avaliação institucional de escolas, com envol‑
mas de avaliação: PROALFA — voltado à avaliação vimento da comunidade, o qual se mostra como um
dos níveis de alfabetização; PROEB — verifica a efi‑ modelo diferenciado em relação ao que se fez em
ciência e a qualidade do ensino com base no desem‑ outros estados. Neste Estado foi institucionalizado
penho nas séries finais dos blocos de ensino; PAAE o SPAECE — Sistema Permanente de Avaliação
— realiza diagnósticos progressivos da aprendiza‑ da Educação Básica. Conforme documentado pela
gem para subsidiar intervenções pedagógicas. Secretaria Estadual de Educação (Ceará, 2009),
compreende três vertentes: Avaliação de Desempe‑
Estado do Paraná nho Acadêmico, Avaliação Institucional e Estudos
O Estado do Paraná realizou em 1995 sua pri‑ e Pesquisas Educacionais. Na primeira, de natureza
meira avaliação em larga escala como expansão do externa, o Sistema avalia as competências e habili‑
SAEB, oferecendo aos seus municípios e às esco‑ dades dos alunos do Ensino Fundamental e do En‑
las resultados particularizados. Deu­‑se continuida‑ sino Médio, nas disciplinas de Língua Portuguesa
de ao processo nos anos subseqüentes e, em 2000, e Matemática. Identifica­‑se o nível de proficiência
introduziu no processo avaliativo do ensino funda‑ e a evolução do desempenho dos alunos. Abrange
mental a metodologia da teoria da resposta ao item, todos os alunos das escolas estaduais e municipais.
tomando como referência os conteúdos do Currí‑ São aplicados questionários investigando dados
culo Básico para as Escolas Públicas do Paraná. sócio­‑econômicos e hábitos de estudo dos alunos,
Desenvolveram­‑se estudos analíticos detalhados perfil e prática dos  professores e diretores. Na ver‑
sobre o desempenho dos alunos de 4ª e 8ª séries. As tente da Avaliação Institucional, possibilita à escola,
matrizes de referência das provas trazem inovações através da Auto­‑Avaliação e da Avaliação de Desem‑
em sua concepção em relação a outras abordagens, penho do Núcleo Gestor, conhecer e aperfeiçoar as
por exemplo, em Língua Portuguesa, contempla inter­‑relações, os serviços prestados, o desempenho
cinco áreas: procedimentos de leitura, recursos ex‑ do corpo docente e discente, dos funcionários e
pressivos e efeitos de sentido, variação linguística, gestores. Objetiva a implementação de mudanças
coerência e coesão, e, conhecimento lingüístico no cotidiano escolar. A terceira vertente compre‑
operacional. Análises diversificadas encontram­‑se ende Estudos e Pesquisas Educacionais, bem como
consolidadas em relatórios publicados e distribuído Avaliações de Programas, buscando aprofundar o
à rede. A disseminação desses resultados foi realiza‑ conhecimento das situações­‑problema e das ten‑
da por três tipos diferentes de relatórios: para dire‑ dências detectadas nas avaliações.
tores de escola e secretários municipais de educa‑
ção, com uma visão mais global e comparativa; para
professores e equipes pedagógicas contendo aná‑
lises detalhadas dos itens, dos tipos de erros, com

14 sísifo 9 | bernardete a. gatti | avaliação de sistemas educacionais no brasil


CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS compreendidos, porém, é necessário que aspectos
pedagógicos ligados aos desempenhos sejam mais
Essas experiências de mais amplo espectro contribu‑ amplamente expostos e discutidos. O grande desa‑
íram para a formação e o aperfeiçoamento de pes‑ fio é, ainda, a apropriação por parte das escolas dos
quisadores e técnicos em avaliação de desempenho resultados obtidos por seus alunos e a utilização des‑
escolar e institucional em sistemas de ensino, tanto ses resultados para orientar as atividades de ensino.
em nível do Ministério da Educação, nas Secre‑ Aspectos mais técnicos, ligados à construção de
tarias e em diversas instituições que passaram a se provas de avaliação de desempenho, tanto relativos
dedicar ao campo. Depreende­‑se pelos documentos à fidedignidade como à validade, também foram ob‑
consultados que se buscou ao longo do tempo criar jeto de discussão. As matrizes de referência têm sido
um ambiente propício à receptividade de avaliações, sistematicamente criticadas, em que pese a busca de
incrementar competências no campo, e estimular o seu aperfeiçoamento contínuo. Outro aspecto polê‑
emprego das avaliações para mudanças, interven‑ mico é a utilização da Teoria da Resposta ao Item nos
ções, melhorias nas escolas e no ensino. Também, principais processos avaliativos nas grandes redes de
despertar estudos críticos. Ou seja, pensava­‑se em ensino, onde se questiona a pertinência do modelo e
provocar mudanças na representação dos proces‑ a adequação das análises e sua consistência.
sos avaliativos que tinham conotação punitiva e de
depreciação dando‑lhes novo significado. Todos
sabemos das dificuldades de mudanças dessa natu‑ FINALIZANDO
reza — mudanças sócio­‑culturais — mas, tentava­‑se
no nível das gestões estimular o início desse pro‑ Pode­‑se afirmar que vem mudando a representação
cesso. Fatores internos e externos interpuseram­‑se dos processos avaliativos de sistemas educacionais
e as contradições implicadas nesses procedimentos no Brasil, em relação aos quais houve inicialmente
tomaram corpo. De um lado, uma ênfase muito for‑ uma reação contrária muito forte, e que uma cultu‑
te que acaba sendo dada aos melhores e aos piores ra de avaliação educacional está se consolidando, na
desempenhos, a mídia valorizando apenas a média idéia de accountability. Salutares são os debates e as
das notas obtidas e não outros resultados até mais contraposições aos diversos processos avaliativos im‑
importantes. De outro, observou­‑se a pequena uti‑ plementados em vários dos níveis educacionais, e nos
lização dos dados por parte das redes, seja por pro‑ vários sistemas de administração educacional do país
cessos inadequados de disseminação e de dar acesso (União, Estados e Municípios). A preocupação com
e visibilidade aos dados, seja por dificuldades nas os resultados dos processos de ensino está presente
redes de lidar, analisar, interpretar esses dados peda‑ atualmente nas administrações públicas da educa‑
gogicamente. Os problemas de utilização dos dados ção e nas escolas, dando margem a iniciativas como
por diretores de escola, coordenadores pedagógicos aperfeiçoamento dos currículos escolares, formação
e professores vem ocorrendo tanto na utilização das continuada de professores, revisão da formação bási‑
avaliações estaduais como das avaliações nacionais. ca de docentes, produção de materiais didáticos no‑
A disseminação dos dados em formas mais adequa‑ vos em vários tipos de suporte (impressos, virtuais,
das, diferenciadas conforme a audiência — público DVDs, etc.). O impacto dessas avaliações começa a
em geral, pais, professores, gestores — é ponto ne‑ ser sentido na educação básica esperando­‑se que as
vrálgico a ser resolvido no desenvolvimento desses avaliações sejam vistas como estímulos à mudança
processos. O IDEB e o IDESP têm sido melhor em processos educacionais, e, não como punição.

sísifo 9 | bernardete a. gatti | avaliação de sistemas educacionais no brasil 15


Referências bibliográficas Fletcher, Philip R. (1995). Propósitos da avaliação
educacional: uma análise de alternativas. S. Paulo,
Andrade, Dalton F. & Valle, Raquel C. (1998). Estudos em Avaliação Educacional, 11, pp. 93­‑112.
Introdução à Teoria da Resposta ao Item. São Fontanive, Nilma S. & Klein, Ruben (2000). Uma
Paulo, Estudos em Avaliação Educacional, 18, visão sobre o sistema de avaliação da educação
pp. 13­‑32. básica do Brasil — SAEB. Rio de Janeiro, En‑
Antunes, Ana Lúcia; Xavier, Edir P. C. & Freitas, saio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação,
Maria A. de. (1992). Avaliação do rendimento 29, 8, pp. 409­‑439.
do aluno da escola estadual de Minas Gerais: o Franco, Creso (2001). O SAEB — sistema de ava‑
CBA. São Paulo, Estudos em Avaliação Educa‑ liação da educação básica: potencialidades, pro‑
cional, 6, pp. 29­‑42. blemas e desafios. Revista Brasileira de Educa‑
ANPED — Associação Nacional de Pós­‑Gradua­ ção, 17, pp. 127­‑133.
ção e Pesquisa em Educação (1999). A Ava‑ Fundação Carlos Chagas (1981). Educação e de‑
liação da pós­‑graduação em debate. São Paulo: senvolvimento social. 4v. São Paulo: FCC/DPE.
ANPED. Fundação Getúlio Vargas (1970). Testes e medidas
ANPED — Associação Nacional de Pós­‑Gradua­ na educação. Rio de Janeiro: FGV.
ção e Pesquisa em Educação (2005). 40 Anos da Gatti, Bernardete A. (1992). Avaliação da jornada
Pós­‑Graduação em Educação. Revista Brasileira única em São Paulo. Estudos em Avaliação Edu‑
de Educação. São Paulo: ANPED/Autores Asso‑ cacional, 5, pp. 85­‑90.
ciados. Gatti, Bernardete A. (1996). Desenvolvimento de
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto projetos de avaliação do sistema educacional no
(1995). Resultados do SAEB 1995: a escola que os Estado de São Paulo. Estudos em Avaliação Edu‑
alunos freqüentam. Brasília: MEC. cacional, 13, pp. 19­‑26.
BRASIL. Ministério da Educação (1996). Pro‑ Mondel, Lúcia M. & Maluf, Mônica M. B. (1994).
grama de Avaliação Institucional das Universi‑ Avaliação do Rendimentos de Alunos das Esco‑
dades Brasileiras — PAIUB. Avaliação: Revista las Padrão. Estudos em Avaliação Educacional,
da Rede de Avaliação Institucional da Educação 10, pp. 103­‑122.
Superior,1, 1, pp. 43­‑68. Neubauer, Rose; Davis, Cláudia & Espósito, Yara
BRASIL. Ministério da Educação (2002). Siste‑ L. (1996). Avaliação do processo de inovações
ma Nacional de Avaliação da Educação Básica: no ciclo básico e seu impacto sobre a situação de
SAEB. In BRASIL. Ministério da Educação, ensino­‑aprendizagem na Região Metropolitana
Textos divulgados para a imprensa: coletânea de São Paulo. Estudos em Avaliação Educacio‑
1966 — 2001. Brasília: MEC/INEP, pp. 133­‑155. nal, 13, pp.35­‑64.
Castro, Cláudio de M. & Sanguinetty, Jorge A. Pestana, Maria Inês G. S. (1999). O Sistema de ava‑
(1977). Custos e determinantes da educação na liação brasileiro. Brasília, Revista Brasileira de
América Latina: resultados preliminares. Rio de Estudos Pedagógicos, 191, 79, pp. 65­‑73.
Janeiro: INTED. SEEPR — PARANÁ. Secretaria da Educação.
CEARÁ (2009). Sistema Permanente de Avaliação Coordenação de Informações Educacionais
da Educação Básica — SPAECE. Fortaleza: Se‑ (2001). Cadernos Ava. Curitiba: SEEPR.
cretaria de Estado da Educação. SEESP — SÃO PAULO (Estado) Secretaria da
Esposito, Yara L. (coord.); SÃO PAULO (Estado) Educação (1996). Sistema de avaliação de ren‑
& Secretaria da Educação (2000). Sistema de dimento escolar do Estado de São Paulo — SA‑
avaliação de rendimento escolar do Estado de São RESP: relatório final dos resultados da 1ª aplica‑
Paulo — SARESP 98: conhecendo os resultados ção. São Paulo: SEE.
da avaliação. São Paulo: SEE/FDE. SEESP — SÃO PAULO (Estado) Secretaria da
Fletcher, Philip R. (1991). Avaliação do perfil cog‑ Educação (1998). Sistema de avaliação de rendi‑
nitivo da população brasileira. São Paulo, Estu‑ mento escolar do estado de São Paulo — SARESP.
dos em Avaliação Educacional, 4, pp. 27­‑64. São Paulo: SEE/FDE.

16 sísifo 9 | bernardete a. gatti | avaliação de sistemas educacionais no brasil


Souza, Maria Alba de (1999). A Experiência de Vianna, Heraldo M. (1989a). Avaliação do Rendi‑
Avaliação Educacional em Minas Gerais: 1992­ mento de Alunos de Escolas de 1º grau da Rede
‑1998. Estudos em Avaliação Educacional, 19, Pública: um estudo em 39 cidades. Educação e
pp. 57­‑76. Seleção, 20, pp. 5­‑56.
Universidade Federal do Ceará (1988). Eduru‑ Vianna, Heraldo M. (1989b). Avaliação do Rendi‑
ral 1981­‑1985: avaliação da educação básica no mento de Alunos de Escolas do 1º Grau da Rede
nordeste brasileiro. (7 v.). Fortaleza: UFC/FCC/ Pública: um estudo em 20 cidades. Educação e
DPE. Seleção, 19, pp. 33­‑98.
Vianna, Heraldo M. (1988). Avaliação do Rendi‑ Vianna, Heraldo M. & Gatti, Bernardete A. (1988).
mento de Alunos de Escolas de 1º grau da Rede Avaliação do Rendimento de alunos das 2ªs e 4ªs
Pública: uma aplicação experimental em 10 cida‑ séries de Escolas Oficiais do Estado do Paraná.
des. Educação e Seleção, 17, pp. 5­‑52. Educação e Seleção, 18, pp. 5­‑62.

sísifo 9 | bernardete a. gatti | avaliação de sistemas educacionais no brasil 17


18 sísifo 9 | bernardete a. gatti | avaliação de sistemas educacionais no brasil

View publication stats

You might also like