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FITRef – Faculdade Internacional de Teologia Reformada

Disciplina: HU301 – Antropologia Cultural


Aluno: Victor Gomes de Andrade
Professor: Allen Ribeiro Porto
Antropologia cultural, cultura e cosmovisão como ferramentas para o ministério

Para compreender o papel da antropologia cultural, da cultura e da cosmovisão no


ministério cristão, antes de mais nada deve-se entender para que foram chamados os
discípulos de Jesus Cristo na terra, sobretudo, aqueles que exercem papel de liderança na
Igreja do Senhor Jesus, os quais são modelo para todos os demais servos na casa de Deus.
Paulo diz à Timóteo, “prega a Palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige,
repreende, exorta com toda a longaminidade e doutrina” (2 Tm 4.2). Porque Timóteo,
como líder da igreja, deveria pregar a Palavra!? Pois “Toda a Escritura é inspirada por
Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para correção, para educação na justiça” (2
Tm 3.16). Nós todos que pertencemos à Igreja de Deus, quer sejamos líderes ou não,
somos chamados a pregar a Palavra a um mundo caído (Rm 3.23), que precisa de Cristo,
precisa de ensino, repreensão, correção e educação, pois todos caíram e carecem de
entendimento. Ou seja, existe um grande chamado catequético para nós que somos
discípulos de Cristo. Somos chamados a responder aqueles que nos perguntam sobre o
significado da esperança que existe em nós (1 Pe 3.15). Posto isso, precisamos entender
que só poderemos responder ao mundo e ensiná-lo se entendermos como funciona a
mente do mundo. Sabemos que ele é caído, mas como a queda afetou sua mente? E mais,
como o homem tenta se esquivar dos efeitos nocivos da queda? Como a sociedade
responde às tragédias cósmicas trazidas pelo pecado? Quais são as mentiras que os
homens contam para si mesmos sobre quem eles são e pra onde eles estão indo? Quais
são as falsas esperanças que os atraem mais que o Evangelho? Como o homem caído
atualmente enxerga o mundo? A menos que respondamos a estas perguntas, não seremos
fiéis ao mandato bíblico e faremos um péssimo uso da suficiência das Escrituras. É nesse
dilema que as disciplinas de antropologia cultural e cosmovisão cristã, juntamente à
compreensão da cultural, nos ajudam a aplicar as verdades do Evangelho ao homem do
nosso tempo. Estas disciplinas visam responder a estas perguntas que devem ser feitas
por todos aqueles que almejam ministrar a Palavra de Deus para o mundo moderno.

A antropologia cultural, sob uma perspectiva cristã-reformada, nos ajuda a entender os


processos socioculturais que levam à construção do homem tal como ele é hoje. Por
exemplo, os movimentos sociais, filosóficos e religiosos que surgiram ao longo do tempo,
e que foram moldando a mentalidade do homem; a tomada de consciência histórica, tal
como afirma Hegel; o surgimento das máquinas e outras tecnologias que pouco a pouco
foram moldando a mentalidade do homem, tornando-o mais imediatista e individualista,
por exemplo. Este estudo traz à tona problemas reconhecidos pela sociedade moderna, e
principalmente, quais as soluções que ela tem apresentado para esses problemas. Isso está
profundamente associado à compreensão da cultura, uma vez que ela diz respeito às
concepções de amor, justiça, vida, certo e errado que as pessoas possuem. Se a cultura
fala muito de amor, por exemplo, e define amor diferente da maneira como a Bíblia o
define, temos aí uma oportunidade para responder biblicamente e de maneira
contextualizada. Mas se não entendermos a cultura, ou seja, não compreendermos como
as pessoas definem conceitos tão importantes para elas (como amor, paz, sentido e
esperança), jamais conseguiremos fazer um contraponto humilde e convincente. Por fim,
o entendimento do conceito de cosmovisão torna-se uma ferramenta de benefício
múltiplo. Esse conhecimento não apenas nos ajuda a entender sistematicamente as
diversas maneiras de pensar e agir do mundo, e como estas concepções equivocadas se
relacionam como a incredulidade e o Evangelho; também nos ajuda a definir a
sistematicamente uma maneira de enxergar o mundo propriamente cristã. Nós, Igreja,
também somos afetados pelo pecado e pela cultura caída, pelos diferentes processos
histórico-sociais que deram forma ao que nós somos. Nesse sentido, podemos identificar
cosmovisões idólatras nos incrédulos e também em nós mesmos, e assim confrontarmos
toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, [...] levando cativo todo
pensamento à obediência de Cristo (2 Co 10.5).

Tendo em vista tudo que foi discutido acima, torna-se patente a necessidade de nos
apropriarmos destas disciplinas e conceitos como ferramentas para o ministério cristão,
que podem nos render muitos frutos em nossa apologética, testemunho e evangelismo.
Podemos testemunhar com humildade, compreendendo o incrédulo com compaixão,
sabendo que nós também estávamos caídos, sem entendimento e separados de Deus.
Podemos, sem medo, estudar todo pensamento idólatra e incrédulo, sabendo que o
Evangelho é infinitamente capaz de responder e contrapor qualquer sistema filosófico e
experiencial inventado por homens ou por Satanás. Por outro lado, se não nos
apropriamos dessas ferramentas, demonstramos fraqueza, falta de humildade e
compaixão e ignorância a respeito da suficiência das Escrituras.

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