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XIV CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

MANEJO INTEGRADO DE PRODUÇÃO DE UVA E ERVA-SAL (Atriplex


nummularia) NO SEMIÁRIDO PARAIBANO.

Maria Emília Barros do Nascimento1, Ilza Maria do Nascimento Brasileiro2

RESUMO
O presente trabalho objetivou avaliar o potêncial da erva sal (Atriplex
nummularia) como agente dessalinizante do solo irrigado com água salobra advinda
de poço artesiano da UFCG/CDSA, a partir de resultados obtidos por análises
químicas do solo. Analisamos também, o melhor manejo para a preservação dos
cachos de uvas produzidos pelas videiras. O experimento foi desenvolvido com
supervisionamento das análises fisico-químicas da água de irrigação e da melhor
técnica apresentada para a confecção de proteções para as uvas. Dentre as
técnicas utilizadas na conservação das uvas, como a confecção com sacos de
papel, tocas de TNT e tecido de algodão, o material com tecido de algodão e chita
apresentaram melhores resultados para climas com incidência solar, tendo que
apenas o tecido de chita confere melhor resultado em clima chuvoso por não
interferir nas características da uva. Pois o tecido de algodão ao ser molhado
adquire uma umidade duradoura ao cacho, ocasionando perda de parte do mesmo.
As analises físico-químicas de solo realizadas, apresentaram aumento na
concentração de matéria orgânica (M.O.) nos anos de 2015 e 2016 na profundidade
de 0-20 cm, o resultado obtido associa-se pela presença de adubação no solo
coletado para análise e a incidência de agentes externos ao ambiente como a não
ocorrência de chuvas. Na profundidade 20-40 cm, a matéria orgânica (M.O.) se
manteve constante nos anos de 2016 e 2017 devido a eluviação do solo.

Palavras-chave: Água salobra, técnicas de conservação, erva sal.

1
Aluna de Engenharia de Biotecnologia e Bioprocessos, Unidade Acadêmica de Engenharia de Biotecnologia e
Bioprocessos, UFCG, Campina Grande, PB, e-mail: mariae.barros@live.com
2
Doutora, Professora Adjunta, Unidade Acadêmica de Tecnologia do Desenvolvimento, UFCG, Campina Grande,
PB, e-mail: ilzabras@hotmail.com
MANEJO INTEGRADO DE PRODUÇÃO DE UVA E ERVA-SAL (Atriplex
nummularia) NO SEMIÁRIDO PARAIBANO.

ABSTRACT
The objective of this work was to evaluate the potency of saltbush (Atriplex
nummularia) as a desalinizing agent of the soil irrigated with brackish water from the
artesian well of the UFCG/CDSA, based on results obtained by soil chemical
analysis. We also analyze the best management for the preservation of the bunches
of grapes produced by the vines. The experiment was carried out with supervision of
the physical-chemical analysis of the irrigation water and the best technique
presented for the preparation of protection for the grapes. Among the techniques
used for the conservation of grapes, such as paper bag making, TNT and cotton
cloth, the material with cotton and cheetah fabric presented better results for climates
with solar incidence, with only cheetah fabric conferring Best result in rainy weather
for not interfering in grape characteristics. For the cotton cloth when wet acquires a
lasting moisture to the bunch, causing loss of part of the same. The soil physico-
chemical analyzes showed an increase in the organic matter (OM) concentration in
the years 2015 and 2016 in the depth of 0-20 cm, the result obtained is associated
with the presence of fertilization in the soil collected for analysis and Incidence of
agents external to the environment such as the non-occurrence of rainfall. At 20-40
cm depth, organic matter (M.O.) remained constant in the years 2016 and 2017 due
to soil eluviation.

Keywords: Brackish water, conservation techniques, saltbush.


INTRODUÇÃO
O Semiárido brasileiro possui características próprias, com peculiaridades e
vulnerabilidades há muito tempo conhecidas. Os estudiosos da temática
demonstram claramente que o perfil ambiental da região, associado às históricas
contradições econômicas, políticas e sociais que a caracterizam, produzem as
dramáticas dificuldades vivenciadas secularmente pelos seus habitantes, mas
também ressaltam que o Bioma Caatinga é repleto de recursos naturais, podendo
abrigar atividades produtivas rentáveis e sustentáveis (CANIELLO, 2003).
Para tanto, se faz necessário alternativas sustentáveis para a convivência
com a seca. E uma das propostas é disseminar uma nova cultura visando uma
melhora na qualidade de vida de seus habitantes, bem como, uma alternativa de
geração de renda para agricultura familiar.
A nossa proposta é o manejo integrada da cultura da uva com a erva-sal, já
que dispomos de água salobra oriunda de poços artesianos. A erva-sal entra com o
papel de agente dessalinizante do solo irrigado com água salobra e será doada para
o projeto Núcleo de Produção Agropecuária - NUPAGRO da nossa instituição de
ensino que a utilizará como ração animal na produção de feno.
A produção integrada visa a produção de alimentos de alta qualidade que
utiliza os recursos naturais e mecanismos de regulação natural em substituição de
fatores de produção prejudiciais ao ambiente e de modo a assegurar, a longo prazo,
uma agricultura viável. Em resumo é simplesmente um meio de agricultura
sustentável.
A nossa proposta de revitalização do parreiral é um desafio porque nos
deparamos com algumas dificuldades como:
 Por ser uma cultura nova na região, a divulgação e conscientização da
população ainda é um desafio;
 Água de boa qualidade, já que dispomos de água salobra de poço artesiano;
 Mão de obra qualificada para colaborar com o cultivo agrícola.
 Um galpão de alvenaria medindo 4,0 metros de frente e 4,0 metros de fundos
para armazenamento de insumos e equipamentos agrícolas. A direção do
CDSA na pessoa do professor Dr. José Vanderlan Leite de Oliveira está nos
disponibilizando um motor bomba para irrigação e a construção do galpão de
alvenaria.

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MATERIAIS E MÉTODOS
Dentro da instituição da UFCG/CDSA/Sumé/PB, encontra-se um parreiral
medindo 21 metros de largura por 70 metros de comprimento, contanto com
estrutura de latada de arame e estacas, com sistema de irrigação por gotejamento.
O mesmo ficou mais de oito anos desativado e a quatro anos conseguimos
revitalizá-lo. A nossa proposta é manter o parreiral com técnicas sustentáveis e
manejo agroecológico visando um incentivo a essa nova cultura na região e
promover um melhoramento na qualidade de vida dos agricultores.
O parreiral do CDSA no auge de sua produção encantava seus visitantes,
como mostra a Figura 1a. A Figura 1b ilustra a desativação, sua estrutura de
estacas e sistema irrigação por gotejamento em condições favoráveis a uma nova
plantação de videiras.

A B

Figura 1- Visitação de políticos ilustres a fazendinha da Escola Agrotécnica, hoje CDSA/UFCG/ Sumé/PB (A) e Parreiral

desativado (B).

A revitalização do parreiral começou a quatro anos com o incentivo da


Vinícola Vale do São Francisco S/A (MILANO) na pessoa do enólogo Inaldo
Tedesco, que disponibilizou uma doação de 400 mudas de uvas do tipo: Itália
Melhorada, Cabernet Sauvignon, Moscato Canelli e Petite Syrah, das castas Vitis
vinífera e Vitis labrusca. Contamos também, com o apoio do técnico agrícola da
Prefeitura de Sumé Augusto Jorge Neto, que trabalhou durante dez anos na referida
vinícola e atualmente encontra-se professor da Escola Agrotécnica de Sumé.
A estrutura do parreiral foi mantida, ou seja, sistema de condução de latada,
em função de possibilitar maiores produtividades, proteção dos cachos à incidência
da luz solar, facilidade de aplicação de produtos fitossanitários, etc. O porta enxerto
utilizado na plantação das videiras foi IAC 313 "Tropical", mais conhecido como
tropical, por ser o que mais se adaptou as condições da região do semiárido.

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A nossa proposta inicial era o monitoramento do parreiral pelo
acompanhamento das análises: análise química do solo, análises físico-químicas da
água de irrigação e análises sensoriais/nutricionais da fruta (baga da uva).
DESCRIÇÃO DAS METODOLOGIAS A SEREM APLICADAS NO
MONITORAMENTO DO PARREIRAL
 Análise Química do Solo
A análise química do solo será realiza no Centro de Saúde e Tecnologia Rural
CSTR/UFCG/Patos no Laboratório de Solos e Água/LASAG sobre a
responsabilidade da professora Ms. Adriana de Fátima Meira Vital, coordenadora do
Laboratório de Solos do CDSA/UFCG. As análises de fertilidade e salinidade do solo
devem ser realizadas a cada três meses, objetivando um monitoramento do perfil de
salinidade.
 Análise Sensoriais e Nutricionais da Fruta
As análises sensoriais e nutricionais da fruta (baga de uva) como teor de
açúcar (brix), sólidos solúveis e acidez, serão realizadas no laboratório de alimentos
do CDSA/UFCG/Sumé, sobre a responsabilidade da técnica em agroindústria Msc.
Amanda Kelle F. de Abreu. Analisaremos, também, o aspecto visual e o gustativo da
fruta.
 Análises Físico-Químicas da Água de Irrigação
Para o monitoramento da água de irrigação a amostragem será coletada
diretamente na mangueira de gotejamento e realizados mensalmente. As amostras
serão coletadas em garrafas de polietileno de dois litros, higienizadas e lavadas com
água destiladas. Depois de coletada a água, as garrafas serão acondicionadas em
caixa de isopor com gelo, sendo posteriormente levadas ao laboratório. As análises
físico-químicas serão realizadas no Laboratório Qualidade de Água do CDSA/UFCG,
em Sumé, de acordo com as metodologias descritas na Tabela 1, sendo estas
realizadas sob a responsabilidade técnica da Químicas Dra. Norma Maria Silva de
Oliveira Lima.
Tabela 1. Parâmetros e metodologias utilizados para as análises de água das
amostras coletadas.
PARÂMETROS METODOLOGIA REFERÊNCIA
pH Eletrométrico APHA, 1995
Alcalinidade Titulométrico c/ ácidoSulfúrico APHA, 1995

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Temperatura (°C) Termômetro Filamento de Mercúrio APHA, 1995
Condutividade elétrica Eletrométrico APHA, 1995
Cálcio Volumétrico de EDTA Embrapa, 1979
Dureza Titulométrico com EDTA APHA, 1995
Magnésio Volumétrico de EDTA Embrapa, 1979
Cloreto Argentométrico APHA, 1995
Ortofosfato-Fósforo Espectrofométrico do ácido ascórbico APHA, 1995
Sódio Fotométrico APHA, 1995
Potássio Fotométrico APHA, 1995
Amônia, Nitrito e Nitrato Método Titulométrico/Colorimétrico APHA,1995
Fonte: APHA,1995; Embrapa 1979.
Os parâmetros utilizados na avaliação da salinidade serão: o pH, a
condutividade elétrica do extrato de saturação (CEes) e a porcentagem de sódio
trocável (PST). Para avaliar o risco de sodificação do solo pelo uso da água de
irrigação, utiliza-se o índice de Razão de Adsorção de Sódio (RAS).

DESENVOLVIMENTO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
IMPLANTAÇÃO COM NOVAS MUDAS DE ERVA SAL (Atriplex nummularia)
Inicialmente o parreiral, continha cerca de algumas plantas de erva sal
(Atriplex nummularia) plantadas intercaladamente entre as videiras frontais, das
quais se fez necessário a produção de novas mudas objetivando a abrangência da
planta. Em fase adulta, a erva sal (Atriplex nummularia) já existente foi podada e tida
como matriz para a implantação de novas mudas, tendo sido confeccionadas mais
de 20 mudas em que apenas 13 sobreviveram, e ao apresentarem mais de 30 cm
foram levadas a campo e plantadas intercaladamente com as videiras. As mudas,
foram distribuídas entre as variedades Isabel, Benitaka e Cabernet Sauvignon com
temperatura e umidade média do solo de 31,38 ºC e 59,1%.
Devido a uma infestação ocasionada por lagartas, restando apenas uma
muda de erva sal das 13 que foram plantadas, foram providenciadas cerca de 49
novas mudas que ainda se encontram na estufa aguardando atingirem o tamanho de
30-40 cm devem ser levadas a campo.

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Figura 2. Implantação de novas mudas de erva sal (Atriplex nummularia)
intercalada entre as videiras (A) e medição de temperatura e umidade do solo
(B).

A B

Fonte: próprio autor.

ANALISE QUÍMICA DO SOLO


As primeiras análises químicas do solo foram realizadas antes da
revitalização do parreiral e um ano após sua revitalização com implantação de
práticas agroecológicas. Sendo que as primeiras análises foram realizadas no
Centro de Saúde e Tecnologia Rural CSTR/UFCG/Patos no Laboratório de Solos e
Água/LASAG sobre a responsabilidade da professora Ms. Adriana de Fátima Meira
Vital, coordenadora do Laboratório de Solos do CDSA/UFCG, e a segunda realizada
no Laboratório do centro de Engenharia Florestal da UFCG no campus de Campina
Grande.
Posteriormente foram realizadas análises químicas do solo para verificação
da erva sal como agente dessalinizante e para comparação com os resultados
obtidos a partir das primeiras analises realizadas. Tendo que a análise foi realizada
no Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido UFCG/CDSA no
Laboratório de solos/LASOL sobre a responsabilidade da coordenadora professora
Drª. Adriana de Fátima Meira Vital e o técnico Danilson Correia da Silva.
As análises de fertilidade e salinidade do solo foram realizadas objetivando o
monitoramento da salinidade do solo através de vários parâmetros, como o potencial
hidrogeniônico (pH), matéria orgânica (M.O.), fosforo (P), cálcio (Ca), magnésio

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(Mg), potássio (K) e sódio (Na), sendo coletados em diferentes profundidades como
mostra a Tabela 2 e Tabela 3. Para a realização das análises químicas do solo,
foram retiradas amostras de diferentes locais e profundidades no parreiral, sendo
coletadas pelo método de ziguezague, o solo coletado foi armazenado em sacos
plásticos e etiquetados com data e profundidade da coleta.

Tabela 2. Análise química do solo na profundidade de até 20 cm.


Profundidade pH M.O. P Ca Mg K Na
0-20 cm H2O g/dm³  g/cm3 ---------- cmolc dm-3 ---------------
1ª Coleta (2014) 5,9 - 4,05 9,0 3,6 0,25 1,75
2ª Coleta (2015) 8,02 2,76 4,90 10,64 6,45 2,11 2,74
3ª Coleta (2016) 7,6 16,92 - 8,4 7,4 0,46 1,30
4ª Coleta (2017) 7,6 9,86 14,82 8,8 7,2 0,94 4,0
Fonte: próprio autor.

Tabela 3. Análise química do solo na profundidade de até 40 cm.


Profundidade pH M.O. P Ca Mg K Na
20-40 cm H2O g/dm³  g/cm3 ----------------- cmolc dm-3 --------
1ª Coleta (2014) - - - - - - -
2ª Coleta (2015) 8,02 1,77 4,92 8,42 6,70 1,76 1,82
3ª Coleta (2016) 7,7 6,62 - 6,3 8,2 0,23 1,43
4ª Coleta (2017) 7,4 6,95 8,86 5,9 5,3 1,12 3,91
Fonte: próprio autor.
Conforme observado nas Tabelas 2 e 3, a concentração do potencial
hidrogeniônico (pH) diminuiu nas profundidades de 0-20 cm e 20-40 cm nos anos de
2015 a 2017, tendendo assim a neutralidade do solo. O índice de matéria orgânica
(M.O.) aumentou nos anos 2015 e 2016 de acordo com a coleta na profundidade de
0-20 cm, esse resultado associa-se pela presença de adubação realizada na área
em que foi coletada a amostra de solo para análise e a incidência de agentes
externos ao ambiente como a não ocorrência de chuvas. Na profundidade 20-40 cm,
a matéria orgânica (M.O.) se manteve constante nos anos de 2016 e 2017 devido a
eluviação do solo. No entanto, a concentração de fósforo (P) aumentou nos anos de
2015 e 2017 nas profundidades de 0-20 cm e 20-40 cm apresentando o
desenvolvimento na melhoria do metabolismo das plantas. O índice de cálcio (Ca)

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teve variação na profundidade de 0-20 cm e 20-40 cm nos anos de 2015 a 2017,
diminuindo sua concentração em ambas profundidades, e promovendo uma maior
acidez do solo.

SISTEMA DE IRRIGAÇÃO
A irrigação do parreiral é composta pelo sistema de gotejamento que irriga
diariamente 10 litros e 600 ml de água nas videiras, sendo ativado todas as manhãs
às 6 horas e durando cerca de 4 horas ligado, tendo seu abastecimento fornecido
pelo poço do Campus de Sumé da Universidade Federal de Campina Grande, PB,
que apresenta uma alta salinidade em sua água e ao ser transportado pelo sistema
de irrigação ocasiona entupimento do mesmo através da formação de cristais
salinos nas saídas dos gotejadores.
As análises físico-químicas da água de irrigação foram realizadas no
laboratório Qualidade de água no CDSA/UFCG. Na Tabela 4 podemos observar que
os parâmetros de alcalinidade.
Tabela 4. Análises Físico-químicas da água de irrigação do parreiral.

Parâmetros Físico-Químicos Dados Parâmetros


Alcalinidade (mg/L) 1697,2 -
Cálcio (mg/L) 267,5 -
Cloreto (mg/L) 389,95 250
Condutividade elétrica ( S.cm-1) 1848 -
Dureza (mg/L) 686,5 500
Magnésio (mg/L) 419 -
Ortofosfato-Fosfóro * -
Potássio ** -
Ph 8,24
Sódio ** -
Temperatura (ºC) 28 -
* Análise não realizada por ausência de equipamento e reagente. **Análise não realizada pela
ausência de água deionizada (condutividade elétrica menor ou igual a 2 mS.cm-1).
De acordo com os resultados das análises obtidas e a Portaria nº 1469, de
29/12/2000 do Ministério da Saúde, a água realizada na irrigação é classificada
como dura caracterizando a presença de sais metais alcalinos terrosos pela
propensão à formação de sais insolúveis, tem-se que as concentrações de dureza e
cloreto se apresentam relativamente altas em relação ao parâmetro estipulado.

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TÉCNICAS DE PRESERVAÇÃO DOS CACHOS DE UVAS
Técnicas de preservação dos cachos de uvas foram utilizadas para que não
houvessem perdas significativas por intermédio da interferência de animais locais,
como abelhas arapuá (Trigona spinipes), Sagui-de-Tufo-Branco (Callithrix jacchus) e
pássaros.
A preservação foi realizada através de testes com técnicas utilizando sacos
confeccionados, sendo de papel, tecido de chita (com composição de 50% algodão
e 50% poliéster) com capacidade de suporte para 500g, 1Kg e 2Kg, algodão e TNT,
em que foram inseridos os cachos de uvas, tendo um ou dois cachos por saco,
sendo lacrados com o auxílio de barbante de modo que o nó não atrapalhasse o
fornecimento de nutrientes para os cachos por parte da planta.
Na técnica em que foram utilizadas toucas descartáveis em TNT, mostrou-se
em primeiro momento muito eficiente por ser atóxico, com elástico e de fácil
aplicação, mas por ser um produto frágil rasgou-se com facilidade.
Após várias tentativas, foi investido em novas técnicas, utilizando-se sacos de
tecido de chita e posteriormente de algodão, confeccionados manualmente com
dimensões diferentes e sendo classificados como P, M e G através de seus
tamanhos, como mostra a Tabela 5. O tecido popularmente conhecido como chita, é
comercializado em lojas de tecidos nos períodos juninos onde são utilizados na
confecção de vestidos para quadrilhas. Assim como nos sacos de papel, os cachos
de uvas foram colocados no interior do saco e a sua abertura foi fechada com o
auxílio de cordão do tipo barbante.
Tabela 5. Custos por unidade para cada saco confeccionado.

Tamanho Preço (por unidade)


P (08x15cm) R$ 0,10
M (15x12cm) R$ 1,16
G (18x22cm) R$ 0,20
Fonte: próprio autor.
Comparando os materiais utilizados para preservação das características da
uva como sabor, cor e textura, obtivemos uma maior eficiência com os sacos de
algodão na preservação total dos cachos de uvas, sendo observados na Figura 3
(A), enquanto que os sacos confeccionados de papel obtiveram perda total dos
cachos de uvas como demonstrado na Figura 3 (B), pois sendo feito de material

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frágil, permite que os animais possam danifica-los e obter as bagas do cacho de
uva.
Figura 3. Proteção dos cachos de uvas: com sacos de algodão da variedade
Itália melhorada e Benetaka (A), com sacos de papel da variedade Syrah (B) e
cacho de uva preservado sem perdas (C).

B C

Fonte: próprio autor.


Na técnica em que foram utilizadas toucas descartáveis compostas por TNT,
como pode ser observado na Figura 4 (A), observamos uma fragilidade por parte do
tecido no que acarretou em ataque aos cachos de uvas por parte dos animais.
Sendo assim, a touca de proteção em TNT não é eficiente e ocasionou prejuízo
quase total de toda a produção.
Na primeira safra produzida no ano de 2017, utilizamos novamente os sacos
confeccionados pelo material de algodão, que se mostrou muito eficiente no ano de
2016 que não tivemos período chuvoso. Tendo em vista a ocorrência do período de
chuvas nos meses de março, abril e maio de 2017, essa técnica se mostrou ineficaz

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por consequência da prolongada umidade retida pelos sacos e tendo como resultado
danos aos cachos, como mofos e apodrecimento das bagas de uva, sendo
observado na Figura 4 (B).
Figura 4. Proteção dos cachos com: touca de TNT (A) e algodão (B).

A B

Fonte: próprio autor.


Em comparação com as outras técnicas em que foram utilizados sacos de
papel e de TNT, a utilização do saco de tecido de algodão de chita se mostraram
eficientes, sendo que em época de chuvas prolongadas o tecido de chita não é tão
eficiente. Pois além de proteger os cachos do ataque de animais, foram conservadas
características da uva como textura, sabor, e cor. Logo, os sacos de algodão por
serem confeccionados por um material poroso, não interferem de forma significativa
nas trocas gasosas e na incidência solar sobre os cachos de uva, como podemos
observar na Figura 5.
Figura 5. Cachos de uvas maduros e retirados dos sacos: com a proteção de
tecido de chita (A) e com a proteção com o tecido de algodão (B).

A B

Fonte: próprio autor.

CONCLUSÃO
1. As concentrações do potencial hidrogeniônico (pH) promoveram uma
neutralidade do solo, enquanto que o índice de matéria orgânica (M.O.) aumentou
na profundidade de 0-20 cm devido a presença de adubação realizada na área em

12
que foi coletada a amostra de solo para análise e a incidência de agentes externos
ao ambiente como a não ocorrência de chuvas. Na profundidade 20-40 cm, a
matéria orgânica (M.O.) se manteve constante devido a eluviação do solo. No
entanto, a concentração de fósforo (P) aumentou nas profundidades de 0-20 cm e
20-40 cm apresentando o desenvolvimento na melhoria do metabolismo das plantas.
O índice de cálcio (Ca) teve variação na profundidade de 0-20 cm e 20-40 cm
diminuindo sua concentração em ambas profundidades, e promovendo uma maior
acidez do solo.
2. Dentre as técnicas utilizadas para conservação dos cachos de uvas, os sacos
confeccionados por tecido de algodão e chita apresentaram melhores resultados
para climas com incidência solar, mas que em clima chuvoso apenas o tecido de
chita obtém um melhor resultado por não interferir de forma significativa nas trocas
gasosas e nas conservações das características da uva como textura, sabor e cor.
Pois o tecido de algodão ao ser molhado adquire uma umidade duradoura ao cacho,
ocasionando perda de parte do mesmo.
3. A Atriplex nummularia implementada em videiras respondeu de forma
considerável na manutenção de fósforo (P) e matéria orgânica (M.O.).

AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq, Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Brasil, com o auxílio do PIBIC/CNPq-
UFCG em seu desenvolvimento.

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REFERÊNCIAS

APHA. Standard Methods: For the Examination of Water and Wasterwater.


Pharmabooks editora, 1995

CAMARGO, U. A. Cultivares para a Viticultura Tropical do Brasil. Informe


Agropecuário, Belo Horizonte, v. 19, n. 194, p. 15-19, 1998.

CANIELLO, M e LEAL, F. Projeto UniCampo: uma Universidade Camponesa


para o Semiárido Brasileiro. Campina Grande, UFCG/Projeto Unicampo, 2003.

EMBRAPA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação do solo. Manual e


métodos de análise de conservação de solo. Rio de Janeiro: EMBRAPA-SNLCS,
1979.

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