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1.1 - O aumento dos níveis de glicose e de insulina no sangue 1.2 - Um factor regulador da velocidade da captação da
e a diminuição dos níveis de glicagina induzem, no fígado, glicose no hepatócito é a actividade da glicocínase.
a captação da glicose e a sua utilização.
2.- Quando a glicemia está elevada estão activados os 2.2 - A enzima ramificante catalisa a transferência
processos biológicos que levam ao armazenamento de intramolecular de oligossacarídeos dando origem às
glicogénio. Esta síntese de glicogénio tem maior relevância ligações α-1,6.
no fígado. A actividade da síntase do glicogénio
faz aumentar o tamanho dos “ramos periféricos da árvore”
2.1 - Na síntese de glicogénio (glicogénese) o dador de
que é o glicogénio
unidades de glicose é a UDP-glicose.
mas não promove a sua ramificação.
A síntase do glicogénio
catalisa a transferência de
unidades de glicose da UDP-glicose
para as extremidades não redutoras (4 OH livres) do glicogénio.
Met glicog e gliconeog 7 Met glicog e gliconeog 8
2.3 - A enzima reguladora da velocidade de síntese do 2.4 - O aumento dos níveis sanguíneos de glicose e de
glicogénio é a síntase de glicogénio. Quando a glicemia insulina e a diminuição dos de glicagina, além de
está elevada a síntase de glicogénio está desfosforilada (= activarem os mecanismos de síntese de glicogénio
activa). hepático, bloqueiam os que levam à sua degradação.
Quando a glicemia está elevada
os níveis sanguíneos de insulina são elevados e os de glicagina baixos. 1- A enzima
A insulina liga-se aos receptores da insulina presentes na membrana do reguladora da
hepatócito e provoca (por mecanismos mal conhecidos) degradação do
1- a inactivação das enzimas envolvidas no processo de fosforilação glicogénio é a
da síntase de glicogénio (cínase 3 da síntase do glicogénio, cínase A fosforílase do
de proteínas (PKA) e cínase da fosforílase do glicogénio) glicogénio que
2- a activação da fosfátase 1 (que catalisa a desfosforilação da síntase do catalisa a sua
glicogénio). fosforólise e
Os efeitos da glicagina são contrários aos da insulina consequente
mas quando a glicemia está alta a glicagina está baixa. formação de glicose-
1-P.
2- A fosforílase do
glicogénio, ao
contrário da síntase
do glicogénio, é
activa na forma
fosforilada e é
inactivada pela
acção catalítica da
fosfátase-1.
3- A glicose, cuja
concentração está
aumentada na fase
absortiva, liga-se à
fosforílase do
glicogénio e altera a
sua conformação
de tal forma que os
resíduos fosfato activadores ficam expostos à acção hidrolítica da
fosfátase-1. A fosfátase 1 inactiva a fosforílase do glicogénio parando a
degradação do glicogénio.
Met glicog e gliconeog 9 Met glicog e gliconeog 10
3.- O aumento da insulina e a diminuição da glicagina também 3.2 - O aumento da concentração intracelular da frutose-2,6-
activam a glicólise, a via das pentoses e a síntese de bisfosfato quando a glicemia está aumentada é uma
ácidos gordos e triacilgliceróis a partir da glicose. consequência da desfosforilação de uma “enzima
bifuncional”: na forma desfosforilada actua como cínase-2
3.1 - No fígado o aumento da actividade glicolítica quando a da frutose-6-P e não como frutose-2,6-bisfosfátase.
glicemia está elevada é, em grande medida, uma
consequência do aumento da concentração intracelular de As actividades de síntese e degradação da frutose-2,6-bisfosfato são da
frutose-2,6-bisfosfato, um potente activador alostérico da responsabilidade de uma mesma proteína e, por esse motivo,
cínase-1 da frutose-6-P. costuma chamar-se a esta proteína enzima bifuncional.
É a forma desfosforilada que está presente no hepatócito quando a
glicemia e a insulina estão elevadas no sangue
É esta forma que tem actividade tipo cínase-2 da frutose-6-P (ou
fosfofrutocínase-2).
A frutose-2,6-
bisfosfato,
além de
activador
alostérico da
cínase-1 da
frutose-6-P,
é também um
inibidor
(competitivo
relativamente à
frutose-1,6-
bisfosfato) da frutose 1,6-bisfosfátase (uma das enzimas reguladoras da
gliconeogénese).
3.3 - Por diversos mecanismos, quando a glicemia está 4.- Ao nível do tecido muscular e do tecido adiposo a ligação
aumentada também estão activados os processos da insulina ao seu receptor provoca a fusão de vesículas
metabólicos que levam à transformação da glicose em que contêm o transportador para a glicose (neste caso
triacilgliceróis.
GLUT4) com a membrana das células.
1-A transformação de glicose em gordura é particularmente importante no
fígado, no tecido adiposo e na glândula mamária activa.
Às 05.00 horas o Sr.X está a dormir... A concentração de 5.1 - A glicagina, aumentada no sangue durante o jejum, liga-
e sem comer há várias horas. glicose foi diminuindo se aos seus receptores no hepatócito e estimula a
no sangue provocando formação de glicose.
uma progressiva
estimulação das células
α dos ilhéus de
Langerhans do pâncreas
a produzir glicagina e
uma progressiva
inibição das células β
com a consequente
diminuição da libertação
de insulina.
A glicagina e a insulina
são hormonas com
acções antagónicas.
A glicose tem algumas particularidades relativamente aos outros 3- Na estimulação da glicogenólise e da gliconeogénese tem um papel
nutrientes: (1) é um combustível importante para a actividade dos importante a glicagina (ou glucagon) que é, tal como a insulina, uma
neurónios e (2) é o único combustível que pode ser usado para formar hormona de natureza polipeptídica que não penetra nas células.
ATP em condições de anaerobiose. O metabolismo dos eritrócitos é
estritamente anaeróbio. 4- O receptor da glicagina é uma proteína integral da membrana do
hepatócito. A ligação da glicagina ao seu receptor provoca modificações
Em jejum, a glicagina aumenta de concentração no sangue na sua conformação que se estendem a todo o receptor, incluindo a porção
e estimula o fígado (e o rim) a produzir glicose. que se está voltada para o citosol.
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6.- Durante as primeiras horas de jejum a glicose vertida no 6.1 - A glicogenólise é idêntica em todos os tecidos, mas só
sangue pelo fígado resulta da degradação do glicogénio no fígado, cortex renal, células β dos ilhéus de Langerhans
hepático (glicogenólise). e intestino delgado existe glicose-6-fosfátase.
6.2 - O passo limitador da velocidade da glicogenólise é a Uma das enzimas que é fosforilada pela PKA (cínase A de proteínas) é a
fosforólise: a fosforílase do glicogénio hepática é activada cínase da fosforílase do glicogénio.
quando a glicagina se liga ao seu receptor.
A cínase da fosforílase do glicogénio
A ligação da glicagina ao seu receptor vai provocar catalisa a fosforilação da fosforílase
(1) estimulação da cíclase do adenilato que aumentando a velocidade da fosforólise do glicogénio.
(2) catalisa a síntese de AMPcíclico que
(3) estimula a PKA (cínase A de proteínas ou cínase de proteínas
dependente do AMP cíclico) que
(4) catalisa a fosforilação de muitas enzimas,
activando as que estão envolvidas na formação de glicose e
inibindo as que estão envolvidas no seu consumo.
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