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Lição 05
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1. Introdução
Nesta unidade, falaremos sobre o período final do século XIX. Vale lembrar, como fizemos na
unidade anterior, que aqui, quando falamos fins do século XIX, vamos discutir um período que vai
da década de 1890 até 1914. Do início daquilo que, posteriormente, se denominará de Belle
Époque até a Primeira Guerra Mundial. São momentos, digamos, extremos.
De uma enorme expectativa com o futuro, que parecia apontar para a realização de grandes sonhos
humanos de domínio da natureza pelo conhecimento, de promoção dos valores liberais – do ponto
de vista político e econômico – da Europa, do avanço do capitalismo, dominando todos os
continentes do planeta, da melhoria da qualidade de vida, com reformas urbanas acentuadas nas
cidades e novos medicamentos e conhecimentos sobre a saúde humana, um crescimento econômico
expressivo. Enfim, um período promissor, e já, em alguma medida, realizador.
Tudo isso, ou quase, virá abaixo com a Primeira Guerra Mundial e o morticínio, a destruição e a
desesperança que provocou. Nada similar ocorrera na Europa, e agora podemos dizer no mundo,
em quase trezentos anos. O último conflito tão marcadamente destruidor no Velho Continente
havia sido a Guerra dos Trinta Anos (1618 – 1648). São milhões de mortos, feridos,
desalojados, deslocados, refugiados e tanto mais.
O contraste entre o otimismo, talvez exagerado, mas sentido, da Belle Époque e a destruição e
desilusão causada pela Primeira Guerra Mundial, é tão marcante que muitos não compreenderão
exatamente o que se passou, ou como foi aquilo possível.
Por certo, entre uma ponta e outra, ocorreram muitos outros eventos que marcaram e continuarão
a ser decisivos após a Guerra. As mulheres, ao longo desse período continuam com suas lutas em
torno de direitos civis e políticos, também os trabalhadores – agora avançando com a organização
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de partidos políticos que defendem os seus interesses – se mobilizam e buscam uma vida melhor.
Os povos dominados, direta ou indiretamente, da África, da Ásia, da Oceania e da América,
conhecerão a distância entre o discurso liberal dos seus “colonizadores” e as suas práticas
opressivas, repressivas e violentas.
Assim, podemos, neste breve sumário das discussões que se seguem, apontar os elementos centrais
do processo de desenvolvimento das sociedades humanas, e, no que mais nos importa destacar, das
questões ligadas, ainda, a defesa das liberdades e da igualdade, e agora começando a se insinuar, do
respeito às diferenças.
Esses temas continuam ocupando o estágio central da luta de amplos setores sociais. Avanços e
retrocessos, mais uma vez, ocorrerão, novas questões serão colocadas, novos desafios se
apresentarão perante a humanidade. Novos caminhos se tornarão possibilidades expressivas ou,
até mesmo realidades iniciais. Ou seja, mais uma vez, um período de muita tensão, muita disputa,
muita continuidade e muita mudança. Muita história, portanto.
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Belle Époque, expressão que simboliza uma época, mas muito ligada à Paris e à alta costura.
Como destaca o historiador Michel Beaud (2004, p. 193) este momento é como um
Já o historiador Edgar de Decca (2000, p. 159) destacando outros elementos, afirma que
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O tempo livre, agora dedicado ao lazer, crescia e as pessoas podiam se dedicar ao consumo e ao
divertimento. Novas atrações – ou antigas, agora intensificadas – se tornavam presentes na vida
cotidiana. Shows, circos, teatros, eventos esportivos, os panoramas, depois os cinemas, os parques,
zoológicos, as viagens turísticas, proporcionadas pela difusão das ferrovias e da navegação a vapor,
e, exemplo supremo do desenvolvimento capitalista, as grandes feiras ou exposições universais,
entre outros equipamentos urbanos, permitiam o aproveitar dos momentos de ócio. A vida era mais
alegre. A vida era mais intensa. A vida era mais curiosa (HOBSBAWM, 1998; DECCA, 2000).
Especialmente marcante, nesse clima de otimismo que marca o período, foi o desenvolvimento e a
popularização das artes. Como destaca Edgar de Decca (2000, p. 178)
[...] toda a arte foi se transformando nesse período, inclusive com o advento da fotografia e do
cinema. Através dessas artes e de seus espetáculos, foram vividos os momentos mais criativos
desse período. Ao abandonar o círculo exclusivo dos mecenas e transformar a sua obra em
objeto de apreciação pública e de negociação financeira, o artista desceu de seu pedestal
elitista e ganhou as ruas das grandes cidades.
A vida moderna, especialmente das cidades, ganhava luzes, emoção, vibração, expectativa. Se
acelerava. No ritmo do capitalismo, as coisas aconteciam e, assim parecia, sempre para o melhor.
Foi nesse ambiente que se desenvolveu um otimismo – quase – sem limites, chamado por muitos
de Belle Époque.
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Você sabia?
Você sabia que no processo de expansão imperialista entre 1870 e 1914 as potências econômicas
mundiais incorporaram aos seus domínios cerca de 28,5 milhões de quilômetros quadrados de
território? Isso é mais do que o tamanho do Brasil e da Rússia somados.
A extensão dos territórios anexados pelas potências colonialistas no período foi superior à soma dos territórios de Brasil e
Rússia.
Essa expansão, no entanto, não era para ver quem tinha mais território que o outro. Ela se dava
dentro de objetivos bastante óbvios, e pertinentes, diante do desenvolvimento intensificado do
capitalismo. Podemos dizer que, fundamentalmente, buscava conquistar: mercados consumidores
para os seus produtos, mercados fornecedores de matérias primas, locais para fornecimento ou
recebimento de mão de obra, e, finalmente, a novidade do período, que o diferencia do período de
colonização dos séculos XV, XVI e XVII, locais de investimentos de capitais excedentes,
visando ampliar a lucratividade do sistema (HOBSBAWM, 1998; BEAUD, 2004; LANDES, 2005).
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Que diferenças é possível estabelecer entre o colonialismo dos séculos XV, XVI e XVII e o
neocolonialismo ou imperialismo dos séculos XIX e XX?
No entanto, não eram essas as considerações oficiais sobre esse processo de dominação. O objetivo
era “civilizador”. Amparados pelo cientificismo então dominante, numa leitura bastante peculiar
e preconceituosa da obra de Charles Darwin, naquilo que se denomina de “darwinismo
social”, os europeus justificavam o controle desses povos e territórios como parte de uma missão
civilizadora dos brancos para levar a evolução àqueles povos, usando até mesmo o combate ao
tráfico de escravos e à escravidão, dentro de postulados religiosos, como fundamento para a sua
ação conquistadora (BARBOSA, 2008).
Por certo, essa não é hoje uma visão aceita pela maioria dos estudiosos das ciências humanas e
sociais. Como destaca o historiador Eric Hobsbawm (2007, p. 81-82).
Entretanto, não podemos superestimar o valor dos territórios conquistados como centros de
consumo. Com certeza, eram centros fornecedores de matérias primas, mas no que se refere à sua
capacidade de adquirir produtos dos países dominantes, essa era pequena. Como afirma Landes
(2005, p. 254)
Ainda havia lucros por realizar na África e, sobretudo, na Ásia, e a parcela das exportações
enviadas para essas áreas aumentou nas décadas subsequentes [a de 1870]. Mas, dada a
pobreza desses países e suas baixas taxas de crescimento, sua demanda de produtos
manufaturados era limitada: às vésperas da Primeira Guerra Mundial, as potências
industrializadas do mundo ainda eram as melhores clientes umas das outras.
Momento marcante da ação imperialista foi a chamada Conferência de Berlim (1884 – 1885),
que, conforme destaca Barbosa (2008, p. 153) é “o tratado mais conhecido da história da África que
tem a peculiaridade de não ter sido assinado por nenhum africano ou representante de governo
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africano, apenas por europeus”. Aponte-se para o fato de que, diferente da percepção dominante, a
Conferência não deve ser encarada como o marco final do processo de conquista e dominação do
território africano, mas sim, como uma base do ordenamento – ou, ao menos, uma tentativa – da
ocupação europeia daqueles territórios.
Otto von Bismarck foi um personagem central no processo de unificação alemã, em 1871, e seu
chanceler de 1871 a 1890, mas também na história europeia de fins do século XIX. A Conferência de
Berlim e as inúmeras alianças feitas ao longo do período mostram a sua capacidade e habilidade de
negociador para além do político, que sabia, também, usar a força.
Discutindo a África sem os africanos, assim foi a Conferência de Berlim, com excelente representação nesta charge. Com a
faca na mão, cortando a África, está Otto von Bismarck.
Dominação que, por sinal, não se dava tão somente, e, talvez, nem principalmente, pela manu
militari. Como aponta Hobsbawm (2007, p. 82-83).
O poder militar e a decisão de empregar a coerção e o terror podem permitir breves períodos
de ocupação estrangeira, mas não uma dominação duradoura, especialmente quando essa
dominação é exercida, como quase sempre aconteceu, por um número muito reduzido de
estrangeiros, [...], os impérios [...] para perdurar, eles careciam de dois instrumentos
principais: a cooperação com os interesses locais e a legitimidade do poder efetivo, em
conjugação com a exploração da desunião dos adversários e dos súditos (divide et impera).
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O próprio Hobsbawm (2007) nos lembra, por exemplo, que o Império Britânico nunca teve, a um
só tempo, mais de 10 mil militares para dominar as centenas de milhões de indianos. A dominação
não era feita, portanto, somente por poder da força militar, também a força da justiça e outros
instrumentos eram usados. Como destaca o historiador Robert Darnton (2016, p. 167-168), ao
estudar a censura na Índia britânica
Afinal, o que se passava nos tribunais do Raj? Censura, sem dúvida, pois os britânicos
utilizavam os processos na Justiça como meio de coagir e reprimir. [...]. No entanto, eles não
podiam permitir que os indianos usassem as palavras com a mesma liberdade que os ingleses
faziam em seu país. [...]. O imperialismo liberal foi a maior contradição de todas; e assim os
agentes do Raj empregaram o máximo de cerimônia que podiam, a fim de evitar que essa
contradição fosse vista.
[...] nada mais equivocado do que utilizar o termo imperialismo como sinônimo de construção
de impérios, porque, para que este termo tivesse alguma correspondência com a realidade,
seria necessário que a nação promotora desse império estendesse as suas leis e suas
instituições aos territórios anexados e tornasse os povos dessas regiões tão iguais em direitos
quanto aqueles que vivem no território da nação-mãe. Entretanto, aconteceu o contrário dessa
situação. [...]. Nesse sentido, podemos definir o imperialismo como uma política deliberada dos
estados europeus de anexação de povos e territórios com vistas à expansão dos mercados
capitalistas. Essa política só se consolidou por meio do domínio militar e teve grande eficácia
em vastas regiões do mundo.
Assim, por meio de mecanismos múltiplos e variados, sustentados pelo uso da força, mas,
articulando interesses locais com aqueles da expansão capitalistas, os países dominadores
conseguiram, ao longo desse período, principalmente, expandir a sua dominação para todas as
regiões do globo. Como afirma de maneira bastante direta, ao fazer uma análise dos aspectos gerais
do imperialismo, Michel Beaud (2004, p. 232-233) aponta que
Esse processo geraria ainda mais riquezas, muitas mudanças e, também, processos de resistência e
de luta por transformações.
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Se no início do século XIX só existiam duas cidades com mais de 500 mil habitantes na Europa,
exatamente Paris e Londres, e
Como destaca Hobsbawm (2000) já em fins do século XVII eram as cidades os centros dinâmicos
da vida das sociedades. Eram nas cidades que se desenvolviam o comércio, a manufatura, a
indústria, os novos conhecimentos científicos e pensamentos humanísticos, com a presença das
universidades que se multiplicavam, as associações e a esfera pública floresciam, com os jornais e
os clubes, por exemplo. As cidades, foram, assim, o locus privilegiado das transformações, bem
como o seu motor.
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Acompanhando pari passu, o crescimento do capitalismo e das cidades, temos, por exemplo, o
crescente assalariamento dos trabalhadores, que, em fins do século XIX, já são maioria nos
principais países europeus e nos Estados Unidos, bem como um constante aumento dos
trabalhadores nos setores secundário e terciário da economia. Isso acontece,
principalmente, mas não exclusivamente, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Alemanha e na
França (BEAUD, 2004).
As cidades ganham nova vida na segunda metade do século XIX. Passarão elas, progressivamente,
por intensos processos de transformação. Isso incluía a realização da obras de grande porte:
abertura de avenidas largas e de praças e parques; sistemas de coleta de esgoto e abastecimento de
água; implantação da coleta de lixo e de transporte coletivo; implantação de serviços de iluminação
elétrica; a instalação de telefones e o crescimento do serviço de telégrafo, o aparecimento do
cinema e ampliação dos espaços de lazer e entretenimento; abertura de grandes lojas de
departamento, com as suas vitrines exuberantes; além de maior disponibilidade de novas vacinas
contra a raiva, e, na sequência, tuberculose, difteria, tétano e febre amarela. Destaque-se, para o
desenvolvimento dessas vacinas o papel fundamental do cientista francês Louis Pasteur com as
suas pesquisas e o desenvolvimento da vacina contra a raiva (HOBSBAWM, 1998; DECCA, 2000;
BEAUD, 2004; LANDES, 2005).
Caracterizando esse processo de mudanças, bastante intenso, o economista Leo Huberman (1983,
p. 167) aponta que
“Uma transformação realmente espantosa. Como é que ela foi acontecer? Ela se deu
principalmente através de uma combinação de material, homens, máquinas e dinheiro”.
Tudo isso tornava as cidades mais habitáveis, mais saudáveis, mais rápidas, mais eficientes, mais
comunicativas. Tudo isso colaborava para uma vida mais alegre, mais intensa. Tudo isso contribuía
para o desenvolvimento e fortalecimento do capitalismo e, dentro dele, do papel das cidades.
Não podemos, no entanto, deixar de perceber os fatores negativos dessas transformações, ao menos
para alguns: os mais pobres. Elas criaram uma nova geografia para as cidades, literalmente,
expulsando os mais pobres para as periferias das cidades, seja porque os preços dos alugueis e
serviços ficassem insustentáveis para os seus rendimentos, seja por terem sido expulsos pela
destruição das suas habitações, colocadas abaixo para atender aos novos padrões construtivos e do
espaço urbano. Assim, mais uma questão ligada à disputa em torno da igualdade se instala: a luta
por condições dignas de habitação, transporte, de condições urbanas, de qualidade de vida, enfim
(DECCA, 2000).
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As condições de vida para as famílias dos trabalhadores ainda eram ruins. Foto de 1903 na região do East End londrino.
Esse foi, portanto, um processo que se tornou irreversível e que continua até os dias atuais.
Assim, nos quatro grandes países capitalistas [Inglaterra, França, Alemanha e Estados
Unidos], as classes operárias representavam [nesse período] cerca de 30 milhões de homens e
de mulheres; e no conjunto dos países envolvidos pela industrialização capitalista, em torno de
40 milhões. Ao mesmo tempo, esses trabalhadores se conscientizam de sua solidariedade, e
pouco a pouco de sua força.
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A fragrância juvenil do Congresso de Paris de 1889 permitiu por algum tempo que as lutas
socialistas se unificassem em torno de quatro pontos fundamentais [...]. Foram eles: a jornada
de trabalho de 8 horas, o sufrágio universal masculino, a substituição do exército de cidadãos
por um exército permanente e, o último, a observância da data do 1º de maio como dia de
confraternização, de protestos e demonstrações trabalhistas em todo o mundo.
Essa pauta de reivindicações mostra como ainda eram poucos os direitos conquistados pelos
trabalhadores em fins do século XIX, e, ainda, que as demandas das mulheres por igualdade civil e
política não estavam em consideração nem no movimento dos trabalhadores.
Em meio a joie de vivre da Belle Époque, que marcava a vida da burguesia e das classes médias
ascendentes,
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“[...] sobreviviam milhões de trabalhadores [...] com jornadas de trabalho de 12 horas durante
sete dias por semana, vivendo com baixos salários e em más condições de saúde e habitação
[...]”
Por mais que algumas concessões tenham sido arrancadas de patrões e das estruturas
governamentais, elas ainda estão longe daquilo que almejam, naquele momento, os trabalhadores.
Aqui poderíamos lembrar especialmente das legislações de direitos de organização e liberdades
civis aprovadas na França e na Inglaterra e a legislação com algum benefício social aprovadas
nesses países e na Alemanha (BEAUD, 2004).
Até mesmo a Igreja Católica, por meio da encíclica Rerum Novarum, do papa Leão XIII, de
1891, preocupa-se com a necessidade de melhores condições para os trabalhadores e, ao mesmo
tempo que refuta as proposições de grupos socialistas em torno de questões relativas ao trabalho e
à propriedade, em buscar uma situação melhor para a vida destes. Conforme destaca o texto
“Em todo o caso, estamos persuadidos, [...] de que é necessário, com medidas prontas e
eficazes, vir em auxílio dos homens das classes inferiores, atendendo a que eles estão, [...],
numa situação de infortúnio e de miséria imerecida”
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Assim, mais uma vez na história recente desses grupos de trabalhadores, algumas conquistas serão
feitas, novas formas de organização e mobilização serão concretizadas e muita luta se apresenta
para o século XX que, ao seu alvorecer, após a Primeira Guerra Mundial, encontrará os
trabalhadores em outra situação, em que suas possibilidades estarão, por um lado, mais amplas e,
por outro, em maior risco, mas isso será assunto para o tópico 6.
Pouco se fala sobre a resistência dos povos dominados, na África e na Ásia, aos seus colonizadores
antes da Primeira Guerra Mundial e, normalmente, concentra-se a atenção no que se refere a esse
tópico ao período da descolonização pós-Segunda Guerra Mundial. Na verdade, no entanto, para
além das rebeliões coloniais do século XVIII, nas treze colônias, que levou à construção dos Estados
Unidos da América, e do início do século XIX, que levou à independência da maioria das colônias
da América Latina, desde meados do século XIX encontramos uma série de movimentos de
resistência aberta e latente nesses locais (FACINA, 2000; RÉMOND, 2004).
Como destaca Rémond (2004, p. 206) existem diversas formas que vão da
Robert Darnton (2016) destaca, a partir de suas pesquisas de fontes documentais do Império
Britânico na e sobre a Índia, para analisar a censura, que era evidente na imprensa e na literatura
local a presença de elementos de descontentamento – dos mais variados graus, desde uma queixa
específica até uma crítica mais profunda à dominação – nesses impressos. Assim, também nessa
forma que poderíamos chamar de latente, não violenta, existia a prova da resistência desses povos
ao controle e exploração colonialista. Essa rebeldia, ativa ou contida, dos povos dominados foi
enfrentada com repressão jurídica, algumas vezes, mas, principalmente, com a violência das armas.
Nos dois decênios que precedem a Primeira Guerra Mundial, podem-se notar sinais
anunciadores das crescentes dificuldades que as nações colonizadoras irão enfrentar, fatos que
impressionaram os contemporâneos sem que eles algum dia tenham estabelecido correlação
entre os mesmos, ou sem que tenham percebido sua convergência, acontecimentos que
assinalam fracassos e recuos desta ou daquela nação europeia [...]
Assim, a partir das demandas dos povos colonizados, lançavam-se as bases para uma nova frente de
luta pela igualdade, mas também, mesmo que não se tenha percebido isso à época, do direito à
diferença. Das entranhas coloniais do século XIX, do coração das trevas, para lembrar do livro de
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Joseph Conrad, abria-se uma nova frente de luta, que, somente adiante no século XX, começaria
a render seus frutos e que, a bem da verdade, desdobra-se até os dias de hoje.
As mulheres continuavam com a sua saga em torno da defesa de direitos civis e políticos, em busca
de igualdade. Como destaca o historiador Eric Hobsbawm (1998, p. 284)
A cena pública ganhava diversidade, e um dos elementos centrais para isso era a crescente presença
feminina que, no nosso período, se amplia gradativa e perceptivelmente. Como analisa Edgar de
Decca (2000, p. 178)
[...] às mulheres, que começaram a ganhar o espaço da vida pública nesse momento marcado
por grandes transformações na organização da vida e do trabalho. Além de serem
requisitadas como trabalhadoras assalariadas nas fábricas e no setor comercial, as mulheres
começaram a se fazer presentes também nas escolas e hospitais, além de se tornarem a figura
fundamental na família burguesa, agora não mais extensa e cheia de dependentes, mas
constituída apenas pelo pai, pela mãe e pelos filhos. Com a redefinição dos papeis sociais, a
mulher se torna a figura central da esfera familiar, além de, aos poucos, começar a ser ouvida
nos espaços públicos. Ela tornou-se uma presença pública, não apenas como objeto de desejo
masculino, através das artes, da propaganda e mesmo da prostituição, mas também como
participante da vida política [...]
No entanto, precisamos ter cuidado para não exagerar esse alcance da presença e participação
pública das mulheres. Como afirma Hobsbawm (1998, p. 272)
“na condição da grande maioria das mulheres do mundo, das que viviam na Ásia, na África,
na América Latina e nas sociedades camponesas do sul e do leste europeu, ou mesmo na
maioria das sociedades agrícolas, não havia ainda nenhuma mudança”.
Assim, esses três grupos de cidadãos, colocaram em marcha movimentos que, além de repercussões
pontuais no período analisado, terão grande influência nas lutas vindouras do século XX, que
analisaremos nas unidades seguintes.
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Suas possibilidades eram múltiplas e variadas, desde a simples diversão e passatempo até o
questionamento das realidades sociais, políticas e econômicas. A fotografia, por exemplo, podia ser
um “simples” retrato da pessoa ou da família, ou o registro de mortos e feridos nas batalhas de uma
guerra,
As artes ganham nova expressão com as inovações e experimentações que acontecem no período.
Como aponta Hobsbawm (1998, p. 309)
“[...] os revolucionários das artes visuais do final do século XIX, impressionistas e pós-
impressionistas, foram reconhecidos no século XX como “grandes mestres”, mais que como
indicadores da modernidade de seus admiradores”.
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Também nas artes manifestava-se a tensão entre igualdade e diferenças na vida social. A
disseminação do ideal liberal de igualdade esbarrava na luta por status cultural e diferença por
parte das classes dominantes. Como analisa Hobsbawm (1998, p. 317)
Para pensar!
O papel do indivíduo na história é sempre um tema de discussão. Maior ou menor, por certo,
dentro de dadas condições, o homem pode contribuir, positiva ou negativamente, para o
desenrolar dos processos históricos, mesmo que não tenha exata consciência do seu papel.
Para a eclosão da Primeira Guerra Mundial a morte de Francisco Ferdinando, príncipe herdeiro do
Império Austro-húngaro, em 28 de junho de 1914, pelo atentado do jovem nacionalista sérvio
Gavrilo Princip, serviu, ao menos, como justificativa para disparar o processo que levaria à Guerra
em 28 de julho com o ataque do Império Austro-húngaro à Sérvia.
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Em 29 de julho de 1914 começava aquela que logo seria denominada de Primeira Guerra Mundial.
Como todos os processos de análise histórica, este é um daqueles que – pela sua dimensão –
continua a atrair olhares e interpretações. Para a história ela ainda não acabou, e dificilmente
acabará tão cedo. Isso significa que existem variadas questões sobre suas causas e consequências
que estão sendo revisitadas e reavaliadas. Assim, aqui esperamos apontar alguns elementos
centrais de sua ocorrência, sem buscar – de modo algum – esgotar a análise.
“Contudo, podemos ao menos simplificar essa tarefa eliminando perguntas a que o historiador
não tem que responder. A mais importante delas é aquela da “culpa de guerra”, que se refere a
um julgamento moral ou político [...]”.
Então, como pode ter acontecido a Primeira Guerra Mundial? Vamos discutir aqueles que são seus
elementos centrais. Sigamos.
De um ponto de vista bastante prático das relações internacionais, a Primeira Guerra representou o
fim da política de equilíbrio que vigorava na Europa desde 1815, com a derrota definitiva de
Napoleão nos campos de batalha. Essa política de equilíbrio, lembremos, baseava-se na ideia de
que nenhum dos cinco grandes países do continente (Inglaterra, França, Império Austro-Húngaro,
Rússia e Alemanha) deveria ter poder superior aos outros somados, impedindo, dessa forma, novas
tentativas de conquista continental (ARARIPE, 2008; FERGUSON, 2014; HASTINGS, 2014;
MACMILLAN, 2014).
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Esse filme – baseado na obra homônima de Erich Maria Remarque – é um clássico sobre a Guerra, a
Primeira Guerra Mundial.
Infelizmente, nenhuma delas é dublada ou legendada, mas assistir algumas partes já transmite um
pouco da ideia da obra.
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Guerras que, por sinal, desde meados do século XIX construíam uma nova realidade geopolítica na
Europa, solapando – pouco a pouco – a política de equilíbrio. Aqui, para fixar a questão,
poderíamos lembrar de algumas: Guerra da Criméia (1853 – 1856) – Rússia x Inglaterra, França,
Império Otomano e Reino da Sardenha; Guerra do Império Austro-Húngaro contra a Itália (1859);
Guerra Prússia contra o Império Austro-Húngaro (1866); Guerra Franco-Prussiana (1870-1871);
Guerra da Bulgária contra o Império Otomano (1885 - Rumélia Oriental); Guerra da Itália contra o
Império Otomano ou Guerra da Líbia (1911 – 1912); Primeira Guerra dos Balcãs (1912-1913) –
Sérvia, Montenegro, Grécia e Bulgária x Império Otomano e, por fim, a Segunda Guerra dos Balcãs
(1913) – Bulgária x Sérvia, Montenegro, Grécia, Romênia e Império Otomano (ARARIPE, 2008 et
al).
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Todas essas guerras – para além do seu significado mais limitado ou imediato, de vitoriosos e
derrotados, digamos, têm uma importância mais fundamental, qual seja: afirmar o papel da
Alemanha, unificada e dominada pela antiga Prússia, bem como destacar a decadência dos impérios
Austro-Húngaro, derrotado pela Itália e pela própria Prússia, e Otomano, derrotado pela Itália e na
Primeira Guerra dos Balcãs.
Essas guerras e os interesses colonialistas das potências europeias tiveram como resultado dois
elementos que – de alguma maneira – contribuíram para a eclosão da Primeira Guerra Mundial.
Aqui falamos da chamada Paz Armada e da política de Alianças Secretas.
Devemos, no entanto, ter cuidado para não exagerarmos o papel desses elementos. Muitas vezes –
basta lembrar da Guerra Fria – o crescimento do estoque de armamentos tem o efeito de promover
a dissuasão, ou seja, seu potencial adversário fica refletindo se, diante da sua capacidade defensiva
e ofensiva, se vale a tentativa de atacar. Por certo, no caso da Primeira Guerra Mundial existia por
parte da Alemanha a apreensão de que o fortalecimento das forças armadas russas – Exército,
principalmente, e Marinha – estava se dando de forma tão acelerada que, em poucos anos seria
impossível uma vitória sobre a mesma (FERGUSON, 2014; MACMILLAN, 2014).
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O tanque de guerra, uma das novidades tecnológicas da Primeira Guerra Mundial. Novas armas para destruição em
“escala industrial”.
Sobre as chamadas alianças secretas, vale destacar que, por um lado, elas não eram tão secretas
assim, os serviços de espionagem já existiam, e o próprio posicionamento dos países nas questões
relevantes do período, indicavam, ao menos, a tendência do seu posicionamento. Não obstante, elas
criaram uma polarização do sistema geopolítico europeu que já em 1907 estava estabelecido entre a
Tríplice Aliança (Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália), de um lado, e a Tríplice Entente
(Inglaterra, França e Rússia), de outro, reforçando a crença em ambos os lados de que, com esses
apoios seria possível vencer uma eventual guerra (FERGUSON, 2014; MACMILLAN, 2014).
Ademais, com o fim da ocupação da África, praticamente concluída em 1912, e com todas essas
guerras e alianças, os Balcãs passaram a ser uma região com especial atenção para boa parte das
potências e outros países europeus. Vale, para percebermos tal questão, apontar, mesmo que
brevemente, os principais interesses de alguns países. Vejamos.
A Rússia, que perdendo a guerra Russo-japonesa de 1904-1905 e com seus acordos com a
Inglaterra envolvendo Irã, Afeganistão e Tibete, perdera a possibilidade de acesso a mares com
águas mais quentes e a possibilidade de continuar com seu processo de expansão territorial no leste
e no sul da Ásia, ficou restrita, praticamente, aos Balcãs, mesmo que um pouco indecisa sobre uma
aliança preferencial com a Bulgária ou a Sérvia, tinha interesse também nos estreitos que ligavam o
Mar Negro ao Mar Mediterrâneo (FERGUSON, 2014; MACMILLAN, 2014).
O Império Austro-Húngaro, que perdendo as guerras para a Itália (1859) e Prússia (1866) ficou
também restrita aos Balcãs, onde, em 1908, anexara, oficialmente, a Bósnia-Herzegovina, que
ocupava desde 1848, mas que era – de certa maneira – disputada com o nacionalismo sérvio.
Destaque-se que além da fraqueza já demonstrada pelas derrotas nas guerras contra a Prússia e a
Itália, o Império tinha uma estrutura de poder polinuclear com várias unidades – chancelaria,
ministério das Finanças, primeiro-ministro húngaro e outras tivessem que ser consultados sobre
decisões fundamentais, onde o Imperador tinha um papel mais passivo e conciliador nessa
estrutura, o que, de certo modo, tornava todo o processo decisório bastante lento e complexo
(FERGUSON, 2014; HASTINGS, 2014; MACMILLAN, 2014).
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A França, que passou a intensificar suas relações econômico-financeiras com a Rússia e a Sérvia,
chegando a ter 75% da dívida externa total desta, tinha, portanto, interesses nos Balcãs
(MACMILLAN, 2014).
A Sérvia, que com o seu nacionalismo – que passava pelo sonho de construção da Grande Sérvia,
incorporando as áreas dos eslavos do sul (iugoslavos) – buscava incorporar partes da Macedônia,
Hungria, Croácia, Bósnia-Herzegovina. Possuía diversas organizações nacionalistas, tais como:
Srpska Narodna Odbrana (Defesa Nacional Sérvia) e Mão Negra (Nome oficial: Ujedinjenje ili smrt!
= União ou morte!). A base “ideológica” do nacionalismo sérvio – documento de Ilija Garasanin, de
1844, quando era Ministro do Interior da Sérvia, endereçado ao Príncipe Alexandar Karadjordjevic,
intitulado Programa para a Política Nacional e Externa da Sérvia (FERGUSON, 2014).
A Itália, com interesses de dominação territorial nas costas balcânicas do Mar Adriático,
territórios da Albânia e da Bósnia-Herzegovina (FERGUSON, 2014).
Fique sabendo!
Mais uma Guerra, mais uma mudança no mapa da Europa. Impérios desapareceram, países
surgiram ou reapareceram. Veja o mapa abaixo.
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8. Conclusão
Mais um período de intensas transformações, mais lutas para que a liberdade, a igualdade e, já
agora, diferenças, fossem reconhecidas.
Em que pese as lutas variadas e a continuidade do avanço de uma visão liberal – política e
econômica – do mundo, muitas das demandas tiveram que esperar, as mudanças custam a se
promover. De expectativas talvez desmesuradas à decepção niilista, foi um grande caminho em um
pequeno espaço de tempo.
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Vista lateral do Titanic, a história do navio é uma parábola da história do período, grandiosidade, desigualdade e fim.
A história do navio Titanic, sua grandiosidade e seu afundamento, serve como parábola da história
desse período.
A história, podemos dizer, ganhará mais ritmo e intensidade a partir de então. Os sistemas
tradicionais, de dominação oligárquica, na política, do capital, na economia, dos homens, na
família e na vida social, das potências coloniais, no mundo, estarão definitivamente em disputa. A
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luta pelas igualdades e pelas liberdades, e até mesmo, pelo direito à diferença, ganharão novos
contornos e novos espaços. Veremos isso nas unidades seguintes.
9. Referências
ARARIPE, Luiz de Alencar. Primeira Guerra Mundial. IN: MAGNOLI, Demétrio. História das
guerras. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2007. p. 319-353.
BARBOSA, Elaine Senise. Conferência de Berlim (1884-1885). In: MAGNOLI, Demétrio. História
da paz: os tratados que desenharam o planeta. São Paulo: Contexto, 2008. p. 153-180.
BEAUD, Michel. História do Capitalismo: de 1500 aos nossos dias. 4. ed. São Paulo:
Brasiliense, 2004.
CLARK, Christopher. Os sonâmbulos: como eclodiu a Primeira Guerra Mundial. São Paulo:
Companhia das Letras, 2014.
DARNTON, Robert. Censores em ação: como os Estados influenciaram a literatura. São Paulo:
Companhia das Letras, 2016.
DECCA, Edgar de. O colonialismo como a glória dos impérios. In: REIS FILHO, Daniel Aarão;
FERREIRA, Jorge; ZENHA, Celeste. O século XX: o tempo das certezas, da formação do
capitalismo à Primeira Grande Guerra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. p. 151-181.
FACINA, Adriana. As resistências dos povos à partilha do mundo. In: REIS FILHO, Daniel Aarão;
FERREIRA, Jorge; ZENHA, Celeste. O século XX: o tempo das certezas, da formação do
capitalismo à Primeira Grande Guerra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. p. 211-229.
FERGUSON, Niall. O horror da guerra: uma provocativa análise da Primeira Guerra Mundial.
São Paulo: Planeta, 2014.
HASTINGS, Max. Catástrofe: 1914, a Europa vai à guerra. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014.
HOBSBAWM, Eric J. A era dos extremos: o breve século XX, 1914-1991. São Paulo: Companhia
das Letras, 1995.
HOBSBAWM, Eric J. A era dos impérios: 1875-1914. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.
______. A era das revoluções: Europa 1789-1848. 11. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
______. Globalização, democracia e terrorismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
HUBERMAN, Leo. História da riqueza dos EUA: nós, o povo. 3. ed. rev. São Paulo: Editora
Brasiliense, 1983.
MACMILLAN, Margaret. A Primeira Guerra Mundial... que acabaria com as guerras. São
Paulo: Globo Livros, 2014.
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RÉMOND, René. O século XIX, 1815 – 1914. São Paulo: Cultrix, 2004.
STEVENSON, David. 1914-1918: a história da Primeira Guerra Mundial. Barueri, SP: Novo Século
Editora, 2016.
YouTube. (2016, Agosto, 23). Mccloud Quind. Nada de Novo no Front 1930 dvdrip
legendado - assistir completo dublado portugues. 1h45min57seg. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=F4WrDdqL7QA>. Acesso em: 20 jun. 2018.
YouTube. (2016, Novembro, 10). Professor Gilberto. Nada de novo no front. 2h03min45seg.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=vMCB9wjg4sE>. Acesso em: 20 jun. 2018.
YouTube. (2012, Julho, 3). Titanic 1996 completo dublado. 2h34min25seg. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=DziYhJZ8NGU>. Acesso em: 22 jun. 2018.
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