Professional Documents
Culture Documents
RELATÓRIO PARCIAL DE
Aluno:
Rio de Janeiro
Novembro de 2018
RELATÓRIO PARCIAL
CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE PINTURAS
INTODUÇÃO
Esse relatório parcial pretende mostrar o que foi desenvolvido na disciplina Conservação e
Restauração de Pinturas I, ministrada pela professora Marilene Corrêa Maia.
A obra escolhida para o trabalho foi uma pintura sobre tela, uma paisagem marinha encontra
em uma feira de antiguidades, situada no centro do Rio de Janeiro. O vendedor não sabia
detalhes sobre a obra, assim tornando uma incógnita quem foi o artista criador, já que não
possui nenhum tipo de assinatura.
Nesse primeiro momento foram trabalhados assuntos relativos ao suporte e camada pictórica,
com mais ênfase ao primeiro, pois é o que dá estrutura a pintura.
Abaixou estão todos os passos que foram seguidos do começo até o termino da disciplina,
sempre se pautando em estudos desenvolvidos acerca dos assuntos e dos ensinamentos em
sala de aula.
IDENTIFICAÇÃO DA OBRA
Descrição
A obra pertence ao subgênero das paisagens, sendo ela uma marinha, aparenta um dia
nublado, onde o céu e o mar se confundem em seus tons azulados puxados pro cinza, há um
limite tênue entre os dois elementos que nos dá a noção de horizonte, que é mostrado pelas
construções ao fundo e por linhas horizontais em tonalidade mais claras, que começam um
pouco antes do meio do da pintura, para visão do observador, a direitas as construções e a
esquerda as linhas, como se fosse o reflexo da pouca iluminação do dia.
Essas construções que parecem casas na orla do mar começam no ultimo plano do quadro e
vão crescendo como se estivesse avançando para os planos seguintes, elas também possuem
tons mais azulados, cinzas e alguns tons puxados para o marrom e bege. A frente das
construções há dois barcos, um mais ao fundo, na frente das construções, ele está com a proa
para frente um pouco inclinada para esquerda, em relação ao observador, sua base é azul e
preta, o mastro se confunde nas cores do fundo, o barco mais a frente é maior, e também esta
com a proa virada para frente como uma inclinação para o lado direito em relação ao
observador, possui tons mais quentes que todo o resto da pintura, saindo de tons terrosos até
um alaranjado. O mar se alonga até um pouco mais a frente, não possui ondas, é possível ver
o reflexo das construções e barcos, sombras mais escuras que se esvaem pelas águas. Há
poucas nuvens no céu e alguns pássaros voando, passando entre os dois barcos.
A pintura apresenta muito empaste, em sua maioria, nas construções e nos barcos, que quando
observamos mais atentamente nos da à sensação de que esses elementos estão “derretendo”,
sendo mais visível nas construções, como se a tinta estivesse se deformando, o que dá um leve
contraste com o fundo, liso e sereno do céu e mar.
A pintura não possui assinatura, apenas um escrito no canto inferior esquerdo (em baixo do
barco) que parece ser a data da criação da obra.
Sendo assim, podemos observar que os barcos possuem formas circulares que simbolizam o
movimento, que dialoga com a instabilidade que o barco possui flutuando na água, por mais
que eles estejam ancorados ainda assim há o movimento proporcionado pelas águas. Além
disso, formas circulares também são meios de marcar pontos de concentração de atenção na
composição.
Logo atrás dos barcos estão as construções, elemento estável, que não possui possibilidade de
movimento, localizado a direita da pintura, em relação ao observador, o que deixa a
composição com um peso maior, em oposição, o elemento tem sua configuração triangular, o
que lhe confere equilíbrio compositivo, diminuindo o peso sobre ele.
Fig. 4. Ilustração de forma triangular
As formas dos elementos presentes dialogam dando harmonia entre o dinamismo e a
estabilidade na composição.
Agora observemos que esses elementos também indicam o ponto de fuga da pintura em
perspectiva paralela com a linha do horizonte, no quadro há apenas um ponto de fuga e os
elementos estão sendo vistos de frente pelo observador. A posição estratégica dos barcos
como pontos de concentração e a forma das construções acabam por sinalizar o ponto de fuga.
As linhas do mesmo convergem para o ponto central da pintura, dando noção de profundidade
e evidenciando o ponto de fuga, que está marcado na figura abaixo com um circulo preto.
Até o momento só foi utilizado o exame de luz visível rasante e reversa, pois a obra se
mostrava muito instável, com muitos desprendimentos de camada pictórica, por esse motivo,
ela não estava em condições de manuseio necessário para a execução de alguns dos exames
necessários.
Mas em nada foi afetado o processo de conservação e restauração da pintura, por ter sido
tratado, nesse primeiro momento, apenas a estrutura do suporte. As luzes e exames
organolépticos já foram suficientes para a execução de algumas intervenções na obra, nesse
primeiro momento.
Luz rasante
A luz rasante é executado com um ponto de luz localizado em um dos lados em paralelo a
pintura, para que a luz evidencie com mais clareza algumas deformações de suporte como as
ondulações e também para enfatizar a textura da camada pictórica, suas texturas e pinceladas.
Com essa luz foi possível observar ainda mais as deformações causadas na camada pictórica,
seus craquelês prematuros e as fissuras na tinta. Além de evidenciar também onde há mais
acumulo de tinta.
A obra foi encontrada a venda em uma feira de antiguidades ao ar livre. A pintura estava
estirada no chão em condições degradantes, sem moldura e chassi. A superfície da camada
pictórica estava recebendo chuva diretamente, não se sabe quanto tempo, a umidade não
chegou a atingir diretamente o tecido da tela.
Verso (suporte)
Legenda:
1. Sujidades: há material particulado em todo verso da pintura, apesar de estar sem chassi
e moldura, o verso da pintura não possui nenhum acumulo muito grande de sujeira.
2. Deformações no tecido: como foi mostrado no exame de luz rasante, a pintura possui
muitas ondulações, vincos, que acabaram por ocasionar deteriorações prematuras na
camada pictórica, como veremos no próximo tópico. Essas deformações aparentam ter
sido ocasionadas pelo transporte e manuseio da obra, umas vez que não possuía, no
momento da compra, nenhuma estrutura para se manter esticada, a pintura devia estar
sendo transportada e mantida enrolada na vertical, não se sabe a quanto tempo.
Fig. 14. Detalhe da marcação em azul que começa no canto superior esquerdo na pintura da fig. 10
Mancha de pigmento esverdeado de procedência desconhecida
Fig. 15. Detalhe da marcação em azul centralizada em baixo da primeira mancha da pintura na fig. 10
Mancha de pigmento escuro alaranjado de procedência desconhecida
Legenda:
Fig. 22. Detalhe da mancha marcada em azul Fig. 23. Detalhe da mancha marcada em azul
no centro da pintura na fig. 17 no centro da pintura na fig. 17
Há também a presença de um pigmento que não parecer fazer parte da composição, mostrado
na marcação em azul na parte inferior da pintura.
5. Papelão colado nas bordas da pintura: as áreas marcas em preto apresentam algum tipo
de papel de gramatura fina colada sobre a borda da pintura, possivelmente resquícios
que ficaram quando a obra foi retirada de sua moldura (é apenas uma possibilidade,
pois ela foi encontrada sem moldura).
Fig. 25. Detalhe o papelão colado na borda superior Fig. 26. Detalhe do papelão
marcado em preto na fig. 17 colado na borda lateral e superior
direita marcado em preto na fig. 17
PROPOSTA DE TRATAMENTO
Após estudos e exames parciais terem sido feitos na obra, foi possível realizar uma proposta
de tratamento para a mesma, tento em mente que caso a obra apresente necessidades não
citadas aqui elas deverão ser estudadas e inclusas a esse relatório.
Para formular essa proposta foram utilizados princípios éticos da conservação e restauração, a
fim de preservar a autenticidade da obra e devolver sua unidade, tanto estrutural, quanto
estética.
“A restauração deve visar ao restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, desde que
isso seja possível sem cometer um falso artístico ou um falso histórico, e sem cancelar
nenhum traço da passagem da obra de arte no tempo” (BRANDI. 2008p. 33)
Tratamento emergencial
1. Consolidação de camada pictórica: Após testes de adesivos para escolher qual melhor
se comporta na pintura, será feita a refixação dos craquelês e das áreas com
desprendimento de policromia.
Foi notado que a pintura em questão, como foi dito acima, apresentava muitos
desprendimentos de camada pictórica, por esse motivo, é de extrema necessidade que seja
feita uma refixação da policromia, para que não que no processo de restauração não haja
mais perdas de camada pictórica.
No caso dessa pintura, será feita em primeiro momento, fora da mesa de sucção para fixar
as partes mais prejudicadas e depois terminará sendo feita na mesa de sucção, em algumas
partes não há possibilidade de se colocar pesos em cima, por causa do seu empaste, então
se todo o processo fosse feita fora da mesa de sucção não atingiria o resultado necessário.
Suporte
1. Limpeza do verso: como não há sujeira entranhada, será necessária apenas uma
limpeza com trincha e depois com pó de borracha.
2. Remoção do papel pardo: remoção mecânica com ajuda de bisturi.
3. Planificação: mesa de sucção sem calor, para retirar as deformações do tecido
4. Preenchimento dos orifícios: com pasta de fios com ajuda de espátulas, para dar mais
estabilidade as bordas
5. Reforço de bordas: tiras de linho colocadas nas bordas da pintura, para estruturar o
suporte.
6. Recolocar no chassi: para melhor conservação da obra.
Camada Pictórica
1. Limpeza química superficial de camada pictórica: após testes de solubilidade, utilizar
o que melhor se encaixar na necessidade do quadro, com ajuda de um swab, para
retirada de sujeira e mancha da camada pictórica, que garante melhor legibilidade e
conservação da camada policromia
2. Reintegração volumétrica: nas lacunas deixadas pelas perdas de camada pictórica.
3. Reintegração cromática: para melhor leitura estética da obra.
INTERVENÇÃO
Antes de qualquer intervenção começar foi montada uma mesa para acomodar a pintura da
melhor maneira possível, na mesa foi colocada, nessa ordem, uma manta macia, um pedaço
de feltro branco (essas duas camadas ajudam a deixar a superfície mais maleável, o que é
extremamente necessário pelas especificidades da pintura) e uma camada de papel siliconado.
Para a proteção da pintura (cobertura) foi utilizada uma entretela de papel.
O processo não executado como nas ordem descrita acima e sim na ordem de necessidade que
a pintura possuía.
1. Tratamento emergencial
Para que fosse começada a consolidação emergencial da camada pictórica foi necessário fazer
um teste de consolidantes para saber quais se encaixam melhor a necessidade da pintura,
foram eles: Primal, Aquasol, P. V. A., Mowiol e Moviol.
Todos os testes foram feitos perto da borda da pintura, para caso houvesse algum tipo de
alteração não desejada não comprometer toda a pintura.
Fig 27. Consolidantes testados
Tabela de teste:
Consolidante Resultado
Primal 1:1 (água deionizada) Muito brilho
Primal 1:2 (água deionizada) boa proporção de brilho
Aquazol 5% (álcool isopropilico) Muito brilho
P. V. A. 1:1 (água deionizada) Boa proporção de brilho
Mowiol 1:20:20 (água deionizada, álcool) Muito brilho
Miviol 5% (água deionizada) Boa proporção de brilho
O adesivo foi passado nos craquelês e bem rente as bordas onde havia desprendimento de
camada pictórica, com auxilio de um pincel fino para espalhar, depois é colocado um pedaço
de entretela para proteger e depois massageado com uma espátula, nesse caso não possível
utilizar pesos, pois a pintura apresenta muitos empastes.
Fig. 28. Primeira etapa do procedimento de consolidação
Após finalizar essa etapa, a pintura se mostrou mais firme para processo de planificação na
mesa de sucção e passar por mais um processo de consolidação, também na mesa de sucção.
2. Planificação
Fig. 30. Preparação para planificação na mesa de sucção Fig. 31. Melinex sendo colocado por cima da
pintura na mesa de sucção
Com a mesa ainda coberta nas áreas que a pintura não ocupava, começou a segunda etapa da
fixação da policromia, ela consiste no mesmo procedimento usado fora da mesa, mas como a
sucção puxa o ar e consequentemente puxa a tela e toda camada da pintura para baixo, ao
passar a adesivo ele fixa melhor, pois está sendo absorvido mais rapidamente e imprensando a
camada pictórica sem precisar por peso em cima.
Depois que todo o procedimento aconteceu a tela voltou para mesa de origem e pode
finalmente estar virada com a camada de tinta para baixo, pois não corria mais o risco de
perder parte da pintura. Por isso, foi possível trabalhar o verso da pintura.
4. Limpeza do verso
Como o verso da pintura não possuía material particulado entranhado de forma severa não foi
necessário a utilização de pincel de cerdas duras, apenas uma trincha foi utilizada e depois pó
de borracha.
O pó de borracha foi passado em toda a extensão do verso, quando a borracha começa a sujar
ela é trocada, ao todo foram duas trocas de pó de borracha.
Fig. 34. Comparação de pó de borracha limpo e pó de borracha já usado
Para esse procedimento foi utilizado a massa de fios, que é a mistura entre fios de tecido
desfiados e adesivo, criando uma massinha, nesse caso foi utilizado fios de linho e Primal 1:1.
Cada orifício e pequenos rasgos nas bordas foram consolidados com a massa, com a ajuda de
duas espátulas para acomodar e peso para pressionar o local, como eram apenas as bordas o
peso não prejudicou a pintura.
Depois que todos os orifícios e pequenos rasgos foram preenchidos será possivel realizar o
processo de reforço de bordas.
6. Reforço de bordas
Para o reforço foi separado quatro tiras de linho para cada borda da pintura. As tiras de linho
foram cortadas com aproximadamente 5cm de largura, o comprimento foi cortado de acordo
com os centímetros da pintura, deixando uma folga de aproximadamente 5cm para cada lado.
Em seguida, a tira foi desfiada em seu comprimento deixando uma pequena franja, que deve
ser um pouco desbastada com a ajuda de um bisturi ou faca alfa, para que os fios não
marquem o suporte onde ela será fixada.
As tiras de linhos prontas, elas serão fixadas com adesivo (nesse caso foi utilizado o Primal
espessado com Tylose) com a parte da franja na borda pintura e depois pressionadas com
peso. É preciso observar bem onde as tiras serão colocadas, para que não ultrapasse o limite
da borda, passando para a pintura em si ou colocar muito perto da beira, não dando a
estabilidade necessária. Nessa pintura o reforço ficará no meio da borda.
O reforço de bordas ainda está em andamento, até o momento as tiras só foram fixadas nas
laterais do suporte.
Obs: a franja do linho precisa ser penteada com um pincel após ser colada no suporte, para
que ela não fique sobreposta e cria textura na tela.
RESULTADOS OBTIDOS ATÉ O MOMENTO
Áreas com orifícios e pequenos rasgos na borda, agora enxertados, dando mais estabilidade a
obra.
A pintura usada como objeto de estudo em sala de aula não apresentava todas as deteriorações
necessárias de serem estudadas na disciplina, por isso, houve a necessidade de utilizar
algumas telas como protótipos para que fosse realizado diversos tipos de procedimento.
INTERVENÇÃO NO PROTÓTIPO
Para isso, foi usada uma pintura nova, com pouco tempo de criação. Nela foram feitos danos
com ajuda de um bisturi, para produzir rasgos e pequenos orifícios e um isqueiro para
produzir uma lacuna.
Todos os procedimentos que foram feitos nessa tela, também estão de acordo com os
ensinamentos passados e sala de aula.
Fig. 42. Frente do protótipo com danos Fig. 43. Verso do protótipo com danos
Ao todo foram feitos quatro rasgos de tamanhos diferentes, dois furos e uma lacuna.
Fig. 44. Rasgo na parte supeiror da garrafa Fig. 45. Dois rasgos ao lado direito da garrafa
e orifício do lado esquerdo
Fig. 46. Rasgo na parte do meio da garrafa Fig. 47. Lacuna ao lado inferior direito da garrafa
e origicio a esquerda
Para essa também foi necessária a preparação da mesa, mas dessa vez, sem a manta, essa
pintura por não conter empaste, não necessitou de uma superfície tão macia.
Ao contrario da pintura principal essa possui o chassi, por esse motivo, a primeira etapa foi
retirar a pintura do chassi.
Para isso, todos os grampos que prendiam a pinturas foram retirados com ajuda de uma chave
de fenda e um alicate.
Após a retirado do chassi foi feita uma limpeza no verso e a planificação no suporte, para que
assim fosse feito a consolidação de todos os danos na pintura.
Primeiro, foi utilizado uma trincha para retirar a sujeira mais superficial, depois um pincel de
cerdas mais duras cortado na transversal foi passado no tela para que a sujeira mais
entranhadas na trama da tela soltasse mais facilmente, para finalizar foi passado o pó de
borracha, até a superfície do verso estar completamente higienizada.
Logo após, foi preciso planificar as bordas do suporte, o procedimento foi realizado da
seguinte forma: foram cortadas tiras de entretela e papel siliconado no tamanho das bordas da
pintura, as entretelas foram umedecidas com uma mistura de água e álcool, depois foram
posicionadas em cima das bordas de cada lado da pintura, por cima foi colocado o papel
siliconado e por fim foram adicionados pesos por cima para exercerem uma pressão no tecido,
para depois de alguns minutos ele voltasse a ser plano.
Fig. 49. Processo de planificação do protótipo Fig. 50. Protótipo já higienizado e planificado
Nos rasgos foram usados os procedimentos de sutura e contenção, nos furos, como na pintura
principal, foi utilizada a massa de fios, a lacuna foi consolidada com um enxerto de tecido e
contenção.
Rasgos
Para cada rasgo foi usada uma combinação de adesivos para realizar a sutura e contenção, a
fim de testar varias possibilidades de uso.
Foram aplicadas duas formas de contenção com fio de linho, a em zig zag e a reta, as
próximas imagens mostrará do que se trata.
Combinações:
A – Sutura: Primal / água (1:1), Contenção: Primal / água (1:1), Técnica: zig zag
B – Sutura: Primal espessado com Tylose, Contenção: Primal / água (1:1) Técnica: zig zag
C – Sutura: P. V. A. / água (1:1), Contenção: P. V. A. / água (1:1), Técnica: reto
A sutura é realizada da seguinte forma, o adesivo escolhido é aplicado bem no meio do rasgo
com o auxilio de um pincel bem fino, juntando um lado com o outro, por cima do rasgo é
passado uma espátula pressionando o local por cima de uma entretela, depois a entretela é
retirada e no lugar é posto um pedaço de papel siliconado para proteger a pintura do peso,
que deverá ficar em cima da pintura até que o adesivo seque e as partes estejam devidamente
coladas.
Durante o processo é preciso tomar muito cuidado para não deixar que o adesivo ultrapasse
para frente da camada pictórica, para que não altere sua aparência, pois adesivos como o
Primal, pode dar um brilho indejado.
Após essa parte é preciso fazer a contenção para que o local do rasgo ganhe mais estabilidade.
No caso do zig zag, o fio de linho é usado inteiro, o adesivo é passado aos poucos com um
pincel fino, tomando cuidado para não colocar em excesso, já no procedimento de contenção
reta, o fio de linho é cortado em vários pedaços iguais e mergulhado no adesivo um por um no
adesivo e depois passado levemente num papel mata borrão. Nos dois casos, com ajuda do da
espátula e da pinça o fio deverá ser posicionado. A contenção estando pronta, um pedaço de
papel siliconado deverá ser posto em cima e posicionado um peso, como no caso da sutura. O
procedimento é feito de forma lenta e exige paciência, o fio da contenção deve estar alinhado
a trama do tecido.
Fig. 52. Contenção técnica zig zag combinação A Fig. 53. Contenção técnição reta combinação C
Lacuna:
Para o enxerto da lacuna foi utilizado um pedaço de linho incolado com P. V. A. 1:2. O linho
deve ser marcado nas medidas exatas da lacuna no suporte e depois fixado no espaço com
adesivo que deve ser colocado nas bordas do tecido do enxerto, unindo as partes, seguindo
todos os procedimentos de uma sutura, logo uma contenção também é feita para melhor
consolidação.
Combinação:
Fig. 54. Enxerto posicionado e fixado Fig. 55. Execução da contenção do enxerto
Furos:
Assim como na pintura principal, no protótipo foi usado Primal e fios de linho desfiados para
fazer a massa de fios. Foram usadas duas combinações para testes,
Combinações:
A mistura de adesivo com os fios foi passada também com uma espátula e depois o mesmo
procedimento de botar um peso em cima.
Resultados
Para cada aluno foi dado uma tira de tela com camada pictórica para que fosse testados
materiais para faceamento, já que nem todas as pinturas trabalhadas possuíam alguma
deterioração com necessidade de aplicar um facemento. Todos os testes foram feitos com
papel japonês.
1 – Metilcelulose 3% em água
2 – Moviol / água / álcool (1:20:20)
3 – Aquezol 200 5% em álcool isopropilico
4 – Beva 371 / aguarrás (1:3)
5 – GAELATINA 3% em água
6 – Cola de coelho 3% em água
7 – Cera de abelha / resina Dammar (9:1)
Foi observado um resultado semelhante para quase todas as substancias, sendo que o
Carboximetilcelulose e a gelatina, foram os que se fixaram no suporte de forma mais leve e a
cera de abelha foi a que teve um resultado visual mais grosseiro.
ENTELAMENTO DE PROTOTIPO
Os alunos foram divididos em grupos para que cada um ficasse encarregado de um processo
de entelamento. O entelamento mostrado neste trabalho será realizado com Primal em nylon
de serigrafia com peso.
Para o entelamento foi usada uma tela de algodão de preparação industrial com uma camada
de tinta acrílica branca.
O nylon de serigrafia foi esticado em um bastidos retangular, de forma a ficar bem
tensionado, logo após as medidas da tela de algodão foram marcadas a lápis no tecido de
nylon, para demarcar onde seria feito o entelamento.
Feito isso, o segundo passo é passar três demãos de Primal 1:1 dentro da marcação da tela de
algodão. As demãos precisam alternar o sentimento, a primeira em sentido horizontal, a
segunda na vertical e por ultimo no sentido horizontal novamente, sendo que o pincel deve ser
passado com movimento sempre a diante, nunca podendo voltar com ela para o mesmo
espaço. Outra observação, entre a segunda e a terceira camada a tela deverá ser lixada
suavemente quando estiver seca.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muitos aspectos da obra já foram trabalhados na disciplina, mas ainda será necessário se
aprofundar mais em algumas questões que ainda não foram abordadas, como a analise
histórica e estilista da obra, para complementação desse relatório, além das questões que serão
abordadas na próxima disciplina.
Também foi sentido a necessidade de mais exames, como o uso da lupa binocular, luz
ultravioleta e quais mais forem necessários nas próximas intervenções, tendo em vista que o
próximo passo é trabalhar na camada pictórica pictórica da pintura.
Até o momento, considero que o resultado das primeiras intervenções tanto na pintura
principal, quanto nos protótipos, foram satisfatórias e importantes para meu desenvolvimento
individual como futura profissional da área de conservação e restauração.
BIBLIOGRAFIA
BRANDI, Cesare. Teoria da Restauração. 3º. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2008. 262 p.