Professional Documents
Culture Documents
2019v64p10-40
Recebido: 27/12/2018 Aprovado: 14/01/2019
ARTIGO
A HISTORIOGRAFIA DOS SÉCULOS XX E XXI
SOBRE OS JESUÍTAS NO PERÍODO COLONIAL
CONFERINDO SENTIDOS A UMA PRESENÇA:
DO NASCIMENTO DO BRASIL À GLOBALIZAÇÃO
RESUMO
Dentre os traços que definem a produção historiográfica sobre a Companhia de Jesus no
Brasil colônia, está o de adotar o entendimento da Ordem como uma instituição definida
por um modo de proceder de ambição universalista, praticado no marco da expansão da
economia no mundo. Outro traço é o de inserir os jesuítas dentro do império colonial
português, assumindo funções “burocráticas”, participando ativamente na definição da
política missionária e legitimando esta através de argumentos teológicos e jurídicos. Em
relação às missões, estas têm sido vistas como espaços de traduções culturais de mão dupla.
PALAVRAS-CHAVE: Companhia de Jesus, historiografia, Brasil, jesuítas, missões,
índios.
ABSTRACT
One of the traits that define the historiographic production about the Society of Jesus in
colonial Brazil is to adopt the understanding of the religious order as an institution defined
by a way of proceeding, with universal ambition, within the framework of the expansion
of the world economy. Another trait is to include the Jesuits within the Portuguese colonial
empire with functions of “bureaucracy”, actively participating in the definition of
missionary policy, and legitimizing such policy through theological and legal arguments. In
relation to the missions, these have been seen as spaces of cultural translation in both ways.
KEYWORDS: Society of Jesus, Historiography, Brazil, Jesuits, missions, Indians.
Conclusão
Notas
Fernando Torres Londoño é doutor em História Social pela USP, professor nos
programas de História e Ciência da Religião na PUC-SP e desde 2006 tem contado com
Auxilio de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Email: fertorresbracol@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9903-6297
1 FRANCO, J. E. O mito dos jesuítas, em Portugal, no Brasil e no Oriente (séculos
parte dos jesuítas no Grão-Pará e no Maranhão, teve como figura de destaque no século
XVII padre Bettendorf. A respeito, ver ARENZ, K. H. De l’Alzette à l’Amazone: Jean-
Philippe Bettendorf et les jésuites en Amazonie portugaise (1661-1693). Doutorado –
UPMC: Paris, França, 2007; e SANTOS, B. M. Os jesuítas no Maranhão e Grão-Pará
seiscentista: uma análise sobre os escritos dos protagonistas da Missão. Jundiaí, SP: Paco
Editorial, 2015.
16 NEVES NETO, R. M. Um patrimônio em contendas: os bens jesuíticos e a magna
da sociedade colonial (Brasil, séculos XVI e XVII). São Paulo: Edusp, 2011. v. 1, 611 p.
Projeto História, São Paulo, v. 64, pp. 10-40, Jan.-Abr., 2019. 37
40 Ibid., p. 382.
41 Ibid., p. 370.
42 Ibid., p. 382.
43 O’MAILLEY, op. cit..
44 EISENBERG, J. As missões jesuíticas e o pensamento político moderno. Belo
conversão dos índios no Brasil – 1580-1620. Trad. Ilka Stern Cohen. Bauru (SP): Edusc,
2006.
46 FARIA, M. R. A educação jesuítica e os conflitos de uma missão: um estudo sobre
o lugar do jesuíta na sociedade colonial (1580-1640). Doutorado. São Paulo, Brasil: PUC-
SP, 2009.
47 GAMBINI, R. O espelho índio: os jesuítas e a destruição da alma indígena. Rio de
do México espanhol, séculos XVI–XVIII. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
50 ANAIS DO III SIMPÓSIO NACIONAL DE ESTUDOS MISSIONEIROS. As
reduções na época dos sete povos. Santa Rosa, RS: Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras Dom Bosco, 1979; ANAIS DO IV SIMPÓSIO NACIONAL DE ESTUDOS
MISSIONEIROS. A população missioneira: fatores adversos e favoráveis às reduções.
Santa Rosa, RS: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Dom Bosco, 1981. ANAIS DO
VI SIMPÓSIO NACIONAL DE ESTUDOS MISSIONEIROS. Montoya e as
reduções num tempo de fronteiras. Santa Rosa, RS: Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras Dom Bosco, 1985; ANAIS DE VIII SIMPÓSIO NACIONAL DE ESTUDOS
MISSIONEIROS. Missões: trabalho e evangelização. Santa Rosa, RS: Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras Dom Bosco, 1989. ANAIS DO XI SIMPÓSIO NACIONAL
DE ESTUDOS MISSIONEIROS. Missões: a questão indígena. Santa Rosa, Ijuí: Ed.
Unijuí, 1997.
51 MAEDER, E. Misiones del Paraguay: construcción jesuítica de uma sociedade
SB, 2009.
63 PAZ, C. D. ¿Espacio misionero o espacios nativos de poder? Abipones y mocovíes
ibéricos nas regiões centrais da América do Sul (segunda metade do século XVIII). 1ª ed.
São Paulo: Alameda/Fapesp, 2014.
65 SILVA, G. J. A fronteira Brasil-Bolívia e a questão indígena Camba-Chiquitano: história
crônica das missões, história natural e cartografia: MARTINS, Mª. C. B. Sobre festas e
celebrações: as reduções do Paraguai (séculos XVII e XVIII). 1. ed. Passo Fundo, RS:
Editora da UPF/ANPUH, 2006; FLECK, E. Entre a caridade e a ciência: a prática
missionária e científica da Companhia de Jesus (América platina, séculos XVII e XVIII).
São Leopoldo: Oikos/Editora Unisinos, 2014; BARCELOS, A. H. F. O mergulho no
seculum: exploração, conquista e organização espacial jesuítica na América espanhola
colonial. 1. ed. Porto Alegre: Animal, 2013; BARCELOS, A. H. F. O compasso e a cruz:
cartografia jesuítica da América colonial, 2006. CD-ROM.
72 FLECK, E.; RODRIGUES, L. F.; MARTINS M. C. Enlaçar mundos: três jesuítas e