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Didática

Material Teórico
O Planejamento e a Prática Docente I

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Júlia de Cássia Pereira Nascimento
Profa. Ms. Adriana Xavier da Silva

Revisão Técnica
Profa. Dra. Jane Garcia de Carvalho

Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
O Planejamento e a Prática Docente I

• Contextualização
• Planejamento e Prática docente
• Aprendizagem por Meio de Projetos Temáticos
• Por que Trabalhar com Projetos?
• Avaliação da Aprendizagem de Projetos
• Material Complementar

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer alguns tipos de planejamento realizados na esfera educa-
cional, tratando da importância do Planejamento na prática educati-
va. Além, de abordamos o tema dos projetos temáticos, ferramenta
peculiar na ação docente.
· Tratar do Planejamento do Sistema Educacional, Planejamento Es-
colar e Plano de Ensino.
· Ter a oportunidade de refletir sobre nosso papel e responsabilidade
perante nesse momento importante da ação didática: planejamento
e participação.
· Pensar nas ações, comprometimento e responsabilidade na elabora-
ção de nossas aulas e no conhecimento de nossos alunos, para que
tanto as aulas quanto a aprendizagem sejam significativas para todos.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE O Planejamento e a Prática Docente I

Contextualização
Sempre que pensamos em planejamento, devemos ter em mente o que vamos
planejar, quais são nossos objetivos e aonde queremos chegar.

Ao pensar sobre Planejamento Educacional, qual imagem vem à sua mente?

Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images

O Planejar dentro da Escola deve levar em consideração a discussão coletiva ou


seu pensamento individual?

Após suas leituras e estudos, você poderá refletir um pouco mais sobre essas
questões e certamente conseguirá encontrar respostas e soluções para muitos
problemas de nossa Educação.

Então, vamos refletir para opinar!

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Planejamento e Prática docente
Em todos os setores, é importante a utilização de um planejamento, do
estabelecimento de metas e de um traçar de caminhos para que se alcancem os
objetivos desejados. Portanto, podemos planejar desde como será nosso dia, até
como levaremos nossa vida nos próximos vinte anos. Podemos planejar nossa vida
pessoal, afetiva e profissional. É muito interessante, também, avaliar o que já foi
dito ou feito em relação ao que estamos planejando.

O planejamento é, hoje, uma necessidade em todos os campos da atividade hu-


mana. Quanto mais complexos forem os problemas, maior é a necessidade de pla-
nejamento. É muito comum que as pessoas confundam Planejamento com Plano.

Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images

Planejamento significa pesquisa e elaboração de metas para atingir determinados


objetivos. É um processo que envolve a organização de ações que vão permitir alcan-
çar os objetivos educacionais pré-determinados. É refletir, prever, criar e agir. Envolve
operações mentais como analisar, prever, selecionar, definir, estruturar e organizar.

Plano é o resultado obtido, é um documento escrito, no qual está registrado


determinado momento do planejamento. O plano é uma apresentação de forma
ordenada e metódica do conjunto de decisões tomadas por meio do planejamento.

Enquanto no planejamento estuda-se, discute-se e se analisa determinada


situação para se chegar a um objetivo, o plano é a concretização formal, escrita
desse planejamento. Podemos dizer que o plano é um esboço do planejamento, é
o planejamento colocado no papel.

No campo da Educação e do Ensino, há vários tipos de planejamento, que


variam de acordo com seu grau de abrangência.

Basicamente, na área da Educação e do Ensino, temos os seguintes tipos de


planejamento:

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UNIDADE O Planejamento e a Prática Docente I

• Planejamento do Sistema Educacional;


• Planejamento escolar;
• Planejamento didático ou de ensino.

Assista ao vídeo Planejamento: qual o sentido de planejar. Caso você nunca tenha
Explor

estudado sobre esse assunto, o vídeo poderá auxiliá-lo no entendimento das questões que
abordaremos. https://youtu.be/-AWWW2MT7HU

Planejamento do Sistema Educacional


O Planejamento do Sistema de Educação é o de maior abrangência entre todos
os níveis do planejamento na educação escolar. É o planejamento elaborado nos
níveis nacional, estadual e municipal, visando a incorporar as políticas educacionais
ao desenvolvimento geral do país. Deve, também, delimitar as dificuldades e prever
soluções, definindo prioridades e metas e determinando formas de atuação, além
dos custos de implantação.
Assim sendo, deve levar em conta as necessidades econômicas e, principalmente,
as aspirações da população escolar.
Segundo Piletti (1985, p .62), “A elaboração desse tipo de planejamento requer
a proposição de objetivos em longo prazo que definam uma política da educação”.

Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images

Planejamento Escolar
Planejamento Escolar é o planejamento global da Escola, envolvendo o processo
de reflexão, de decisões sobre a organização, o funcionamento e a proposta
pedagógica da instituição. “É um processo de racionalização, organização e
coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do
contexto social” (LIBÂNEO, 1992, p. 221).

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É um instrumento de ação educativa e eficiente, devendo contar com a
participação da direção, dos professores, do conselho de pais e mestres, dos
funcionários e dos alunos. A participação coletiva na elaboração do Planejamento
traz consigo maior realismo e objetividade na identificação dos problemas, nas
propostas apresentadas e na luta pela consecução delas.

O Planejamento realizado na escola, nos moldes acima, é o Projeto Político


Pedagógico.

Planejamento Didático ou de Ensino


Fundamentando-se nas metas e linhas de ação da Escola, assim como no
Planejamento curricular, num nível mais específico, temos o Planejamento de
Ensino. Esse planejamento deve traduzir em termos mais próximos e concretos os
objetivos da Escola. Indica a atividade direcional, metódica e sistematizada que será
empreendida pelo professor junto a seus alunos, em busca de propósitos definidos.

Para que o professor possa realizar uma atuação docente de qualidade, ele deve
participar, elaborar e organizar planos em diferentes níveis de complexidade, para
que possa atender aos alunos em suas aulas. Deve estimular a participação dos
alunos, promovendo o envolvimento de todos no processo ensino e aprendizagem,
para que possam, realmente, efetuar uma aprendizagem tão significativa quanto o
permitam suas possibilidades e necessidades.

Nesse caso, o Plano de Ensino elaborado pelo professor envolve a previsão de


resultados desejáveis, assim como, também, os meios necessários para alcançá-los.
A responsabilidade do professor é imensa, vez que grande parte da eficácia de seu
ensino depende da organicidade, coerência e flexibilidade de seu planejamento.

O Plano de Ensino é a especificação do planejamento de currículo. Devemos


entender que currículo não é só conteúdo, mas tudo que for utilizado em aula para
promover a aprendizagem dos alunos. Refere-se a conteúdo, atividades, filmes,
passeios etc. Traduz em termos mais concretos e operacionais o que o professor
fará em sala de aula para conduzir e alcançar os objetivos propostos.

Os objetivos do Planejamento de Ensino são: racionalizar as atividades educativas;


assegurar um ensino efetivo e econômico; conduzir os alunos ao alcance dos
objetivos e verificar a marcha do processo educativo.

A organização escolar é complexa, mas é preciso entender que o suporte estru-


tural do fenômeno educativo é a interação professor-aluno. Portanto, ao elaborar
seu plano de ensino, o professor deve levar em conta esse pressuposto básico.

Ao planejar seu trabalho, o professor deve estar familiarizado com o que pode por
em prática, de maneira que possa selecionar o que é melhor, adaptando tudo isso
às necessidades e interesses de seus alunos. Na maioria das situações, o professor
dependerá de seus próprios recursos para elaborar seus planos de trabalho. Por
isso, deverá estar bem informado dos requisitos técnicos para que possa planejar,
independentemente, sem dificuldades.

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UNIDADE O Planejamento e a Prática Docente I

Ainda temos a considerar que as condições de trabalho diferem de escola para es-
cola, tendo sempre de adaptar seus projetos às circunstâncias e às exigências do meio.

Considerando que o ensino é o guia das situações de aprendizagem e que


ajuda os estudantes a alcançarem os resultados desejados, a ação de planejá-lo
é predominantemente importante para incrementar a eficiência da ação a ser
desencadeada no âmbito escolar.

Segundo Haidt (2002), do ponto de vista didático, planejar é prever os conhe-


cimentos a serem trabalhados e organizar as atividades e experiências de ensino e
aprendizagem consideradas mais adequadas para a consecução dos objetivos esta-
belecidos, levando em conta a realidade dos alunos, suas necessidades e interesses.

Elaborar o Planejamento de Ensino pede que o professor tenha conhecimento


da realidade na qual atua. É preciso realizar uma sondagem e um diagnóstico para
buscar dados sobre o aluno e seu ambiente. Sem a sondagem e o diagnóstico,
corre-se o risco de propor o que é impossível alcançar, o que não interessa ou,
ainda, o que já foi alcançado.

Um bom Planejamento de Ensino deve ser elaborado em função das necessidades


dos alunos e das condições de local, tempo e recursos, assim como ter flexibilidade
e clareza para sua execução.

Cabe ao professor, durante o período letivo, seja anual ou semestral, organizar


o ensino, baseando-se nos planos por ele elaborados.

Figura 4
Fonte: iStock/Getty Images

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Prática Docente
Para nortear sua prática docente, o professor deve levar em conta os seguintes
pontos:
• Objetivos de Ensino

É a descrição clara do que se pretende alcançar como resultado da nossa


atividade, direcionado para a realidade, ou seja, do aluno e para o aluno.

A definição dos objetivos educacionais direciona as atividades do educador,


auxiliando-o na escolha dos meios mais adequados para realizar o seu trabalho.

Objetivos são metas estabelecidas ou resultados previamente determinados,


a serem alcançados. Indicam o que um aluno deverá ser capaz de fazer como
consequência de seu desempenho em atividades de uma determinada escola, série,
disciplina, ou mesmo de uma aula.

Estabelecer objetivos orienta o professor para selecionar o conteúdo, escolher


estratégias de ensino e elaborar o processo de avaliação. Orienta também o aluno,
pois saberá o que se espera dele nesse Curso, Disciplina ou aula.

Os objetivos da Educação resultam da Filosofia, que orienta a vida dentro de


uma Cultura. Marcam o perfil de ser humano que a Sociedade espera formar.

Os objetivos educacionais podem ser expressos em dois níveis:


» Objetivos gerais – São aqueles mais amplos e mais complexos, que poderão
ser alcançados, por exemplo, ao final do Ensino Fundamental. Por exemplo:
“Desenvolver a atitude científica, compreendendo o método científico como
uma forma de solução de problema”.

Os objetivos gerais traduzem, normalmente, a filosofia da Escola;


» Objetivos específicos – Referem-se a aspectos mais simples, mais concretos,
alcançáveis em menor tempo. Consistem na operacionalização dos objetivos
gerais. Fornecem orientação concreta para o ensino e aprendizagem e para
a avaliação. Por exemplo: “Identificar os elementos da natureza”.
• Conteúdos de Ensino

Refere-se à organização do conhecimento em si, com base nas suas próprias


regras. Abrange, também, as experiências educativas no campo do conhecimento,
devidamente selecionadas e organizadas pela Escola.

Os conteúdos podem ser selecionados com base nos guias curriculares, sem
esquecer a realidade da classe e de sua relação com os objetivos já definidos.

Um bom critério de seleção é a escolha feita em torno dos conteúdos mais


importantes, mais centrais e mais atuais. O conteúdo deve ir do mais simples para
o mais complexo, do mais concreto para o mais abstrato. É importante que o
professor esteja apto a levantar a ideia central do conhecimento que deseja trabalhar.

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UNIDADE O Planejamento e a Prática Docente I

De acordo com Haidt (2002), o conteúdo serve de base para a aquisição de


informações, conceitos, princípios e para o desenvolvimento de hábitos, habilidades
e atitudes. É por intermédio dos conteúdos curriculares que alcançamos os objetivos
estabelecidos para o processo educacional.

Por esse motivo, ao selecionar os conteúdos programáticos a serem trabalhados,


o professor deve levar em conta alguns critérios, como validade, utilidade,
significação, adequação ao nível de desenvolvimento do aluno, flexibilidade e
adequação ao tempo disponível.

Além disso, não se pode apresentar um conteúdo fechado e pronto ao aluno,


mas sim dar-lhe a chance de elaboração pessoal do conteúdo transmitido, a fim
de comparar, organizar, aplicar e avaliar informações, conceitos e princípios, num
processo constante de reconstrução do conhecimento.

A organização dos conteúdos deve orientar-se por três critérios: continuidade,


sequência e integração. Deve, também, pautar-se em dois princípios básicos: o
lógico e o psicológico.
• Procedimentos e Estratégias de Ensino

Procedimentos de ensino são ações, processos ou comportamentos planejados


pelo professor para colocar o aluno em contato direto com coisas, fatos ou fenô-
menos que lhes possibilitem modificar sua conduta, em função dos objetivos pro-
postos. A função dos procedimentos de ensino e aprendizagem usados pelo pro-
fessor é facilitar o processo de reconstrução do conhecimento por parte do aluno.
Segundo Masetto (1997), os meios utilizados pelo professor para facilitar a
aprendizagem dos alunos são chamados de estratégias. Elas são utilizadas para que
os objetivos da aula possam ser alcançados por todos.
Os meios de ação utilizados pelo professor incluem técnicas de ensino, dinâmicas
de grupo, recursos audiovisuais, de Informática e humanos. Alguns autores chamam
tais recursos de métodos didáticos, técnicas pedagógicas ou metodologias.
Os procedimentos não são, pois, uma coletânea de técnicas isoladas: são mais
amplos, pois envolvem todos os passos do desenvolvimento da atividade de ensino
propriamente dita.
Para nós, as estratégias incluem toda a organização de sala de aula que facilite
a aprendizagem do aluno: disposição dos móveis e carteiras, organização e
exploração do espaço da sala, exploração do deslocamento físico de professores
e alunos, material a ser utilizado, desde um simples giz ou lousa até os multimeios
mais complexos e avançados (visuais, auditivos, sonoros etc.), excursões a locais
fora da escola e assim por diante (MASETTO, 1997, p. 95).
Analisando as opiniões desse autor, podemos perceber que os procedimentos de
ensino selecionados pelo professor devem ser diversificados, estar coerentes com
os objetivos propostos, adequar-se às necessidades dos alunos, servir de estímulo
à participação do aluno e apresentar desafios que levem os alunos a se tornarem
sujeitos de sua aprendizagem.

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Para Haidt (2002), os procedimentos de ensino estão apoiados em métodos
utilizados pelos professores. Entende por Método de Ensino o conjunto organizado
de procedimentos didáticos para conduzir a aprendizagem do aluno, visando à
consecução dos objetivos propostos para o Processo Educacional. O método não é
neutro, e nem poderia ser de outra forma, vez que sua base é um modelo conceitual,
que se fundamenta numa concepção de homem e de Educação assumida pelo
professor e que se revela no seu trabalho e nas relações interpessoais verificadas
em sala de aula.

Os critérios básicos para a seleção de um método ou técnica de ensino devem ser


a adequação aos objetivos propostos para o processo educacional, a natureza do
conhecimento a ser reconstruído pelo aluno e o tipo de aprendizagem a se realizar,
as características dos alunos (faixa etária, nível de maturidade e desenvolvimento
mental, grau de interesse e suas expectativas de aprendizagem), as condições físicas
existentes e o tempo disponível.

O professor pode utilizar métodos que peçam um trabalho individualizado por


parte do aluno, métodos que favoreçam trabalhos socializados e métodos que se
fundem, numa participação socioindividual.

Devemos refletir que, ao elaborar seu plano de ensino:


[...] o professor deve variar os procedimentos didáticos, usando os mais
adequados aos objetivos propostos e à natureza do conteúdo estudado.
Eles devem favorecer a compreensão, a assimilação e a construção
do conhecimento por parte do aluno. A compreensão é um elemento
indispensável à aprendizagem, pois para assimilar um conhecimento
é preciso compreendê-lo, isto é, incorporar o objeto de estudo ao seu
universo mental. Por isso, independentemente das técnicas que usar, o
professor deve estar atento para oferecer aos alunos situações que lhes
permitam comparar, estabelecer relações, classificar, ordenar, situar
no tempo e no espaço, analisar, induzir, deduzir, sintetizar, conceituar,
provar e justificar. Enfim, cabe ao professor cuidar para que o aluno
vivencie situações nas quais possa operar mentalmente, construindo o
conhecimento (HAIDT, 2002, p. 150).

Alguns exemplos de métodos ou estratégias utilizadas em sala de aula são: aulas


expositivas, aula dialogada, perguntas e respostas, seminários, estudo de casos,
discussões, filmes, oficinas etc.
• Recursos de Ensino

No método escolhido, o professor fará uso, também, de diferentes recursos


de ensino, como componentes do ambiente da aprendizagem, que servirão de
estímulo ao aluno.

Os recursos podem ser classificados em:


» Humanos: professor, aluno, pessoal, escolar e comunidade;
» Materiais: do ambiente natural, escolar e da comunidade.

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UNIDADE O Planejamento e a Prática Docente I

Figura 5
Fonte: iStock/Getty Images

• Avaliação

É o processo pelo qual se determinam o grau e a quantidade de resultados


alcançados em relação aos objetivos, considerando o contexto das condições em
que o trabalho foi desenvolvido.

No planejamento da avaliação é importante considerar a necessidade de:


»» Avaliar continuamente o desenvolvimento do aluno;
»» Selecionar situações de avaliação diversificadas;
»» Selecionar e/ou montar instrumentos de avaliação;
»» Registrar os dados da avaliação;
»» Aplicar critérios aos dados de avaliação;
»» Interpretar resultados da avaliação;
»» Comparar os resultados com os critérios estabelecidos (feedback);
»» Utilizar dados da avaliação no planejamento.

A forma como o professor concebe a avaliação reflete sua postura filosófica em


face da Educação. Alguns professores, preocupados com a quantidade resultante da
avaliação, realizam o que chamamos de medir ou testar, pois traduz em números,
num processo descritivo, aquilo que se supõe tenha sido o grau de aprendizagem
dos alunos, realizando um julgamento a partir de uma escala de valores pré-
estabelecida.

A avaliação não é um fim, mas um meio. Para o aluno, é um meio de superar


as dificuldades e continuar progredindo na aprendizagem; para o professor, é um
meio de aperfeiçoar seus procedimentos de ensino. É desse modo que a avaliação
assume sentido orientador.

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Hoje, muitos professores já se preocupam com a aprendizagem do aluno, e
não somente com a nota alcançada, sendo que a avaliação passa a assumir função
diagnóstica e formativa, realizada em função dos objetivos previstos.

Ao avaliar o aproveitamento escolar do aluno, o professor deve utilizar técnicas


diversas e instrumentos variados, pois, quanto maior for a amostragem, mais
perfeita será a avaliação.

Não se deve apresentar aos alunos apenas uma nota fria, sem maior significado.
O resultado das provas e dos trabalhos deve ser comentado com eles, indicando-
lhes os progressos e necessidades, a fim de que a avaliação contribua para o
aperfeiçoamento da aprendizagem.

Antes de tratarmos de Projetos, vamos pensar mais um pouquinho sobre avaliação.


Explor

Assista ao vídeo https://youtu.be/bQWBFz7NhE0

Aprendizagem por Meio de


Projetos Temáticos
A aprendizagem por projetos tem como objetivo que o sujeito/aluno construa
seu conhecimento, pois, não podemos, em pleno século XXI, supor que nossos
alunos são uma tabula rasa. Devemos partir do pressuposto que nosso aluno já
pensava, antes mesmo de ocupar os bancos escolares.

Educadores como John Dewey e Célestin Freinet sempre reforçaram os benefí-


cios da aprendizagem por meio de desenvolvimento de projetos. É só observamos
a técnica da Aula Passeio, proposta por Freinet, na qual os alunos, todos juntos,
passeiam pelas ruas estreitas da vila, parando um pouco para admirar o trabalho do
marceneiro ou para ver e ouvir as marteladas fortes e firmes do ferreiro. Na volta,
cada um queria contar o que vira; contavam tudo entre eles e para o professor.

E, também a Imprensa Escolar, na qual as crianças criavam textos que escreviam


em seus cadernos depois dos passeios; em seguida, surge a ideia de imprimir
aqueles textos para que pudessem ser passados de mão em mão, lidos e relidos por
outras pessoas. Dessa forma, surge o Livro da vida (caderno no qual os alunos
registram suas impressões, sentimentos e pensamentos em formas variadas, livro
que fica como um registro de todo o ano escolar de cada classe).

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UNIDADE O Planejamento e a Prática Docente I

Segundo Sampaio (2002, p. 69), o centro de toda realização deveria ser sempre o
interesse pelo trabalho, visando a um produto concreto, pois tanto a criança como
o adulto nunca se entregam completamente a uma atividade se não estiverem
suficientemente motivados.

Na atualidade, é possível verificar o interesse por esse tipo de aprendizagem.


Segundo uma pesquisa realizada por uma importante Fundação dos Estados Unidos,
na qual se pergunta aos participantes sobre as habilidades e conhecimentos que
os estudantes precisam ter para que consigam ser bem sucedidos no século XXI,
a resposta foi que não basta apenas o estudante ter conhecimento, é preciso que
saibam aplicar esse conhecimento, resolver problemas, planejar, monitorar, avaliar
seu desempenho e comunicar suas ideias a públicos variados.
A Aprendizagem Baseada em Projetos fornece um treinamento para a
sobrevivência, no século XXI. Ela oferece aos alunos a oportunidade de
aprender a trabalhar em grupo e realizar tarefas comuns. Exige que os
alunos monitorem seu próprio desempenho e suas contribuições ao grupo.
Ela força os alunos a confrontarem problemas inesperados e descobrirem
como resolvê-los, além de oferecer aos alunos tempo para se aprofundar
em um assunto e ensinar aos outros o que aprenderam (MARKHAM In:
Aprendizagem Baseada em Projetos, 2008, p. 7).

Para que o professor consiga desenvolver com seus alunos Projetos sólidos e
consistentes, é importante respeitar os passos descritos a seguir:
a) Desenvolvimento de uma ideia – Nesse ponto, a postura do professor é
fundamental, pois para que os alunos consigam desenvolver o projeto,
o professor, primeiramente, deverá embasar, por meio de pesquisas, a
importância e a relevância do “tema”, para o segmento e série;
b) Escopo do projeto – Os trabalhos podem ser mais extensos ou mais
curtos; podem demorar uma ou duas semanas para sua conclusão. O
importante é que o professor respeite a prontidão dos alunos;
c) Padrões – O sucesso na aprendizagem exige padrões; portanto, é
importante que o professor faça a seguinte indagação: O que eu quero
que os alunos saibam e sejam capazes de fazer?;
d) Resultados – Nesse item, é fundamental que o professor, antes de iniciar o
Projeto, identifique uma ou mais habilidades que os alunos deverão utilizar
e, consequentemente, se essas habilidades são passíveis de avaliação;
e) Critérios de formulação de projeto – Para que se obtenha êxito, é
importante que o professor formule as seguintes questões: O projeto
satisfaz os padrões apontados antes do seu início?;
»» O tema do projeto envolve os alunos?;
»» Incentiva pensamentos de nível superior?

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» Ensina a ler, escrever e reforça habilidades básicas?;
» Permite que os alunos sejam bem sucedidos?;
» As avaliações são claras e precisas?;
» A Tecnologia será uma ferramenta utilizada?;
» Aborda questões pertinentes daquela sociedade?
f) Ambiente ideal de aprendizagem – É nesse momento que o professor
pode influenciar o bom andamento do Projeto, criando estratégias de
aprendizagem que irão despertar o interesse do aluno na execução.

Por que Trabalhar com Projetos?


Antes de começar este item, vamos assistir ao vídeo Aprendizagem Baseada em
Explor

Projetos. https://youtu.be/c3FIWpbusfU

Para que possamos entender a importância da Aprendizagem por Projetos,


primeiramente, temos de compreender que aprender não se resume, somente,
em o indivíduo assimilar matéria/conteúdo, mas sim, em o indivíduo tornar-se
capaz de executar coisas que antes não conseguia executar. Dentro dessa premissa,
verificamos que aprender é a expansão de nossas capacidades e a construção de
competências a serem desenvolvidas. Em pleno século XXI, não é possível esperar
que os alunos só aprendam ouvindo e prestando atenção em discursos feitos pelo
professor, discursos esses que, muitas vezes, não refletem a realidade do aluno.

Trabalhar com projetos não é somente ter uma sala dinâmica e ativa, pois várias
atividades propostas são apenas formas de superestimular o indivíduo.

Em verdade, quando falamos em Aprendizagem por Projetos, devemos ter em


mente o processo que envolve a(s) atividades(s), e não somente o resultado da(s)
atividade(s), pois, se considerarmos o processo de aprendizagem como algo coeso,
sólido, bem elaborado e, levando em conta os 6 pontos descritos no item anterior,
a aprendizagem eficaz e significativa será consequência do trabalho em longo prazo
do professor e do aluno.

Antes de mencionar a aprendizagem significativa, é importante organizar um


currículo que seja significativo para os alunos e professores. Se tivermos como
conceito de aprendizagem a construção de competências, nesse caso, torna-se
imprescindível que a construção da matriz curricular seja baseada em competências
e habilidades básicas, para que o indivíduo possa viver a vida como pessoa,
profissional e cidadão crítico e consciente de seu contexto social, ou seja, é
necessária a organização de uma Matriz de Competências.

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UNIDADE O Planejamento e a Prática Docente I

A elaboração da Matriz de Competências deve estar baseada nos Quatro Pilares


da Educação, propostos por Jacques Delors, autor e organizador do relatório
para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI,
intitulado: Educação, um Tesouro a descobrir (1996), no qual se exploram os
Quatro Pilares da Educação:
• Aprender a conhecer – É necessário tornar prazeroso o ato de compreender,
descobrir, construir e reconstruir o conhecimento, para que não seja efêmero,
para que se mantenha ao longo do tempo e para que se valorize a curiosidade,
a autonomia e a atenção, permanentemente. É preciso, também, pensar o
novo, reconstruir o velho e reinventar o pensar;
• Aprender a fazer – Não basta se preparar com cuidados para se inserir no
setor do trabalho. A rápida evolução por que passam as profissões pede que
o indivíduo esteja apto a enfrentar novas situações de emprego e a trabalhar
em equipe, desenvolvendo espírito cooperativo e de humildade na reelaboração
conceitual e nas trocas, valores necessários ao trabalho coletivo. Ter iniciativa e
intuição, gostar de certa dose de risco, saber comunicar-se e resolver conflitos e
ser flexível. Aprender a fazer envolve uma série de técnicas a serem trabalhadas;
• Aprender a conviver – No mundo atual, esse é um importantíssimo aprendi-
zado por ser valorizado por quem aprende a viver com os outros, a compreen-
dê-los, a desenvolver a percepção de interdependência, a administrar conflitos,
a participar de projetos comuns e a ter prazer no esforço comum;
• Aprender a ser – É importante desenvolver sensibilidade, sentido ético e es-
tético, responsabilidade pessoal, pensamento autônomo e crítico, imaginação,
criatividade, iniciativa e crescimento integral da pessoa em relação à inteligên-
cia. A aprendizagem precisa ser integral, não negligenciando nenhuma das
potencialidades de cada indivíduo.

Tendo como base os Quatro Pilares da Educação, a proposta é que a aprendiza-


gem escolar seja feita por meio de projetos, nos quais os temas devem ser indica-
dos pelos alunos, e eles mesmos serão capazes de solucionar problemas e resolver
questões reais.

A aprendizagem por projetos vê a aprendizagem como algo natural, em que o


ser humano irá construir sua própria vida, incentiva o aluno a explorar e investigar
seus interesses, não permite que o ato de conhecer se torne uma ação passiva e es-
tabelece uma relação construtiva entre Escola e experiência de vida. Permite que o
aluno descubra que o ato de aprender é algo ativo e que os próprios alunos podem
descobrir o quanto é prazeroso fazer suas próprias descobertas.

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Avaliação da Aprendizagem de Projetos
A partir do momento em que declaramos que a aprendizagem se dá por meio
de um processo, torna-se impraticável que adotemos uma avaliação dentro dos
moldes da Pedagogia tradicional.

Para esse tipo de Pedagogia, a avaliação deve ser feita pelo professor, por meio
das seguintes formas:
a) Observação contínua, envolvendo todos os participantes do processo;
b) Interativa, envolvendo todos os participantes do processo;
c) Registro diário das observações;
d) Diversos instrumentos de avaliação;
e) Estabelecer, desde o princípio, os critérios de avaliação e os indicadores
de desenvolvimento;
f) Sistema de gestão da aprendizagem.

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UNIDADE O Planejamento e a Prática Docente I

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Vídeos
Língua Portuguesa
https://youtu.be/PSdX5PhmTPw
Matemática
https://youtu.be/8g9owQCBt24
Pedagogia
https://youtu.be/IojZbkQn0co
História
https://youtu.be/ibFmE_mZoGI
Geografia
https://youtu.be/jtbTRDMTuJs
Artes Visuais
https://youtu.be/bKmqZ_z6mzI
Educação Física
https://youtu.be/jujx8WclvqU

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Referências
BARBOSA, Maria Carmem Silveira; HORN, Maria da Graça Souza. Projetos
Pedagógicos na Educação Infantil. São Paulo: Artmed, 2008.

HAIDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didática Geral. 7.ed. São Paulo: Ática,
2002. Série Educação.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1993. Coleção magistério –
2º grau. Série formação do professor.

MARKHAM, Thom; LARMER, John; RAVITZ, Jason. Aprendizagem Baseada


em Projetos: Guia para professores de Ensino Fundamental e Médio. 2.ed. Porto
Alegre: Artmed, 2008.

PILETTI, Claudino. Didática Geral. São Paulo: Ática, 1985.

SAMPAIO, Rosa. Whitaker Freinet: evolução histórica e atualidades. 2. ed. São


Paulo: Scipione, 2002.

VEIGA, Ilma Passos A. Projeto Político-Pedagógico da escola: uma construção


coletiva. In: Projeto Político-Pedagógico da escola: uma construção possível.
Campinas: Papirus, 1995.

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