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Avaliação de risco dos organismos geneticamente modificados

TEMAS LIVRES FREE THEMES


Risk assessment of genetically modified organisms

Thadeu Estevam Moreira Maramaldo Costa 1


Aline Peçanha Muzy Dias 2
Érica Miranda Damasio Scheidegger 3
Victor Augustus Marin 4

Abstract Since the commercial approve in 1996, Resumo Desde o começo de sua comercialização,
the global area of transgenic crops has raised more em 1996, a área global de plantações transgênicas
than 50 times. In the last two decades, govern- aumentou mais de cinquenta vezes. Nas duas últi-
ments have been planning strategies and proto- mas décadas, organizações governamentais e in-
cols for safety assessment of food and feed geneti- tergovernamentais têm planejado estratégias e pro-
cally modified (GM). Evaluation of food safety tocolos para o estudo da segurança de alimentos
should be taken on a case-by-case analysis de- derivados de cultivos geneticamente modificados.
pending on the specific traits of the modified crops Os testes de segurança são realizados caso a caso e
and the changes introduced by the genetic modi- conduzidos de acordo com as características espe-
fication, using for this the concept of substantial cíficas das culturas modificadas e as mudanças in-
equivalence. This work presents approaches for troduzidas através da modificação genética, levan-
the risk assessment of GM food, as well as some do em conta o conceito de equivalência substanci-
problems related with the genetic construction or al. No presente trabalho, estão relatadas algumas
even with the expression of the inserted gene. abordagens de avaliação de risco de alimentos ge-
Key words Genetically modified organisms, Risk neticamente modificados, assim como alguns pro-
assessment, Food safety blemas relacionados à construção genética ou mes-
mo à expressão do gene inserido.
Palavras-chave Organismos geneticamente mo-
dificados, Avaliação de risco, Segurança alimentar
1
Instituto de Tecnologia em
Fármacos - Farmanguinhos,
Fundação Oswaldo Cruz.
Av. Comandante Guaranys
447, Jacarepaguá.
22775-903 Rio de Janeiro RJ.
thadeucosta@far.fiocruz.br
2
Universidade Federal
Fluminense.
3
Instituto Oswaldo Cruz,
Fundação Oswaldo Cruz.
4
Instituto Nacional de
Controle e Qualidade em
Saúde, Fundação Oswaldo
Cruz.
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Costa TEMM et al.

Organismos geneticamente modificados é decorrente de dois fatores principais. Por um


ou transgênicos lado, nossa base de conhecimentos científicos
sobre as implicações e os impactos da liberação
O progresso da ciência e da tecnologia introduziu em larga escala de plantas transgênicas para o
com sucesso os resultados fundamentais de estu- cultivo comercial é ainda insuficiente. Por outro,
dos em biologia molecular nas indústrias agríco- a questão das plantas transgênicas enseja uma
las, alimentares e farmacêuticas, entre outras1. abordagem inter e multidisciplinar, uma vez que
A tecnologia do DNA recombinante ou enge- os impactos são diferenciados, os conflitos de
nharia genética permite a transferência de genes interesses são múltiplos e o diálogo apenas re-
de um organismo para outro, mesmo se distan- centemente vem se tornando público9.
tes na cadeia evolucionária, o que seria impossí- A grande questão que vem sendo levantada é
vel através do cruzamento convencional. Como o quão seguras são essas tecnologias, se elas es-
resultado, obtém-se um organismo geneticamen- tão de acordo com o Guia Internacional para
te modificado (OGM), também denominado Segurança em Biotecnologia (IGSB) aceito pelo
organismo transgênico, que irá conter uma ou Programa Ambiental das Nações Unidas. Atual-
mais características modificadas codificadas pelo mente, os argumentos dos partidários do princí-
gene ou pelos genes introduzidos. Entre os bene- pio da precaução forçam os governos de muitos
fícios gerados por essa nova tecnologia para a países na União Europeia, Ásia e África a modifi-
agricultura mundial, se incluiria a possibilidade car suas políticas e desistir da produção de vari-
de se aumentar a produção de alimentos com edades GM1.
maior teor nutricional2. Portanto, é necessária uma avaliação de ris-
A expectativa é de que essa tecnologia melhore cos alimentares com base científica para que os
tanto a tecnologia de reprodução quanto o de- alimentos GM1 ou derivados possam ser utiliza-
senvolvimento de novas variedades de plantas de dos como alimento convencional. Os perigos
alta qualidade e rendimento, como as tolerantes a potenciais dos OGM podem estar associados com
pestes, a doenças, ao estresse ambiental, por exem- toxicidade, alergenicidade, alterações nutricionais
plo. Muitos cultivos de plantas geneticamente e efeitos antinutrientes e a possibilidade remota
modificadas têm sido aprovados no mundo in- de transferência horizontal de genes10.
teiro desde 1994, dentre os quais podemos desta- Nas duas últimas décadas, organizações go-
car o milho, a soja, a canola e o algodão, além do vernamentais e intergovernamentais têm plane-
tomate e do mamão, em menor escala3,4. jado estratégias e protocolos para o estudo da
Plantas transgênicas com fins comerciais co- segurança de alimentos derivados de cultivos ge-
meçaram a ser criadas nos anos 80, e testes de neticamente modificados11. Os testes de seguran-
campo sob estritas condições de segurança se ça são conduzidos caso a caso e modelados para
multiplicaram a partir de 1986, primeiramente as características específicas das culturas modifi-
com o tabaco nos Estados Unidos e na França. cadas e as mudanças introduzidas através da
Em dez anos, alcançavam-se 56 diferentes plan- modificação genética11.
tas transgênicas testadas em campo5. O maior problema na análise de risco de
Desde o começo de sua comercialização, em OGM é que seus efeitos não podem ser previstos
1996, a área global de plantações transgênicas na sua totalidade. Os riscos à saúde humana in-
aumentou mais de cinquenta vezes, passando de cluem aqueles inesperados, alergias, toxicidade e
1,7 milhão de hectares cultivados em seis países intolerância. No ambiente, as consequências são
para 90 milhões de hectares em 21 países em 2005. a transferência lateral (horizontal) de genes, a
Os 8,5 milhões de agricultores que efetuaram plan- poluição genética e os efeitos prejudiciais aos or-
tios transgênicos em 2005 também ajudaram na ganismos não alvo12.
conquista da plantação do primeiro bilhão cu- O objetivo do presente trabalho é apresentar
mulativo de acres ou do 400º milhão de hectares6. algumas abordagens para a avaliação de risco de
A soja e o milho geneticamente modificados alimento GM, assim como possíveis problemas
são os OGM mais extensivamente cultivados, ten- relacionados à construção genética ou mesmo à
do como principais características introduzidas a expressão do gene inserido.
tolerância ao herbicida e a resistência a insetos6,7.
A liberação de lavouras geneticamente modi- Princípios gerais da avaliação de risco
ficadas (GM) no ambiente e no mercado levan-
tou diversas questões a respeito da segurança Risco é definido como a probabilidade de uma
desses produtos8. A complexidade das discussões condição particular de exposição, um perigo in-
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trínseco, representar uma ameaça à saúde hu- priedades, úteis ao ser humano, e a redução nos
mana. O risco é então uma função entre perigo e custos da produção. No entanto, junto com as
exposição. Perigo é definido como potencial in- novas características, os organismos adquirem
trínseco de um material causar efeitos adversos; um conjunto de novas qualidades devido às ativi-
implícito na definição está o conceito de severi- dades pleiotrópicas da nova proteína e às propri-
dade e adversidade do efeito11. edades da própria construção, incluindo instabi-
Avaliação de risco, portanto, é definida como lidade e seus efeitos regulatórios sobre os genes
sendo o processo com base científica que consis- vizinhos. Todos os fenômenos e eventos indesejá-
te na identificação e na caracterização do perigo, veis resultantes do crescimento e consumo dos
da avaliação da exposição e da caracterização dos OGM podem ser classificados em três grupos de
efeitos do risco9. risco: alimentares, ecológicos e agrotecnológicos1.
O primeiro estágio em uma avaliação de ris-
co é identificar o perigo de uma substância, pelo 1. Riscos alimentares
estabelecimento de uma relação causa-efeito en- a) Efeitos imediatos de proteínas tóxicas ou
tre o perigo e o produto ou processo usando alergênicas do OGM;
experimentos, modelos toxicológicos e/ou mé- b) Riscos causados por efeitos pleiotrópicos
todos epidemiológicos11. A caracterização do pe- das proteínas transgênicas no metabolismo da
rigo tem como objetivo avaliar em termos quali- planta;
tativo e/ou quantitativo a natureza do perigo in- c) Riscos mediados pela acumulação de her-
trínseco identificado. Normalment,e envolve uma bicidas e seus metabólitos nas variedades e espé-
análise da relação dose-resposta de efeitos noci- cies resistentes;
vos no organismo-alvo ou a caracterização da d) Risco de transferência horizontal das cons-
severidade do efeito. O propósito desses estudos truções transgênicas, para o genoma de bactérias
é o de estabelecer a maior dose possível na qual simbióticas tanto de humanos quanto de animais.
efeitos adversos não são observados11.
As medições e as estimativas da exposição de 2. Riscos ecológicos
seres humanos em contato com substâncias quí- a) Erosão da diversidade das variedades de
micas, associadas com as apropriadas suposi- culturas em razão da ampla introdução de plan-
ções acerca dos efeitos à saúde, constituem mé- tas GM derivadas de um grupo limitado de vari-
todo padrão utilizado para determinar os níveis edades parentais;
de exposições de determinadas populações sob b) Transferência não controlada de constru-
determinadas condições. A exposição é definida ções, especialmente daquelas que conferem resis-
como o contato que uma pessoa tem ao(s) tência a pesticidas e pragas e doenças, em razão
agente(s) (químicos, físicos ou biológicos) no da polinização cruzada com plantas selvagens de
nível dos limites exteriores do seu organismo ancestrais e espécies relacionadas. Os possíveis
durante determinado período de tempo. A avali- resultados são o declínio na biodiversidade das
ação da exposição envolve a determinação ou formas selvagens do ancestral;
estimativa da magnitude, da frequência, da du- c) Risco de transferência horizontal não con-
ração, da quantidade de pessoas expostas e a iden- trolada das construções para a microbiota da
tificação das vias de exposição. Seu objetivo é for- rizosfera;
necer subsídios para a proteção e a promoção da d) Efeitos adversos na biodiversidade em ra-
saúde pública13. zão de proteínas transgênicas tóxicas, afetando
A caracterização do risco é definida como a insetos não alvo, assim como a microbiota do
estimativa qualitativa e/ou quantitativa, incluin- solo, rompendo desta forma a cadeia trófica;
do as incertezas, da probabilidade da ocorrência e) Risco de rápido desenvolvimento de resis-
da severidade de um potencial ou conhecido efei- tência às toxinas implantadas no transgênico por
to adverso à saúde em uma população, baseada insetos fitófagos, bactérias, fungos e outras pra-
na identificação e caracterização do perigo e ava- gas devido à pesada pressão seletiva;
liação da exposição14. f) Riscos de cepas altamente patogênicas de
fitovírus emergirem em razão da interação do
Classificação dos riscos vírus com a construção transgênica que é instá-
vel no genoma dos organismos receptores e, por-
A inserção de novas construções no genoma tanto, são alvos mais prováveis para recombi-
de um organismo supõe a melhora de suas pro- nação com DNA viral.
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Costa TEMM et al.

3. Riscos agrotecnológicos a) Descrição da planta geneticamente modi-


a) Riscos de mudanças imprevisíveis em pro- ficada;
priedades e características não alvo das varieda- b) Descrição da planta hospedeira e seu his-
des GM e em razão dos efeitos pleiotrópicos de tórico de uso seguro;
um gene introduzido; c) Descrição do organismo doador do gene
b) Riscos de mudanças transferidas nas pro- de interesse;
priedades de variedade GM que deveriam emer- d) Descrição da modificação genética;
gir depois de muitas gerações em razão da adap- e) Caracterização da modificação genética;
tação do novo gene ao genoma, com manifesta- f) Avaliação da segurança: substâncias expres-
ção da nova propriedade pleiotrópica e as mu- sas, análise dos componentes, avaliação dos me-
danças já citadas; tabólitos, modificações nutricionais e processa-
c) Perda da eficiência do transgênico resisten- mento do alimento.
te a pragas em razão do cultivo extensivo das A seguir, é abordado cada um desses critéri-
variedades GM por muitos anos; os para a avaliação risco.
d) Possível manipulação da produção de se-
mentes pelos donos da tecnologia “terminator”. a) Descrição da planta
geneticamente modificada
A avaliação de risco Esta etapa visa identificar a cultivar, os even-
de alimentos geneticamente modificados tos de transformação, o tipo e o propósito da
modificação. A descrição deve ser suficiente para
A avaliação de novos alimentos, incluindo os esclarecer a natureza do alimento que será sub-
OGM, é realizada através da comparação destes metida à avaliação de segurança16.
com seu análogo convencional com histórico de
uso seguro num estudo denominado de equiva- b) Descrição da planta parental
lência substancial15. A aplicação desse estudo é feita e seu histórico de uso seguro
através da observação de características agronô- A descrição da cultivar parental deve incluir
micas, morfológicas e de composição química, informações sobre a origem, genótipo, fenótipo,
incluindo macro e micronutrientes, toxinas, anti- diversidade e histórico de uso seguro do parental.
nutrientes, permitindo a identificação de diferen- A caracterização da cultivar parental, que nor-
ças entre as cultivares GM e os análogos conven- malmente não é geneticamente modificada, serve
cionais, que são normalmente as cultivares pa- de guia para a escolha dos parâmetros a serem
rentais das GM. Além disso, verifica-se se há alte- analisados por comparação com a cultivar GM.
rações nos parâmetros composicionais e também Os parâmetros testados devem incluir indicado-
as principais etapas do processo metabólico11,16. res do desenvolvimento da cultivar, fenótipo, per-
Entretanto, as novas variedades de plantas nor- formance agronômica, bem como seus nutrientes
malmente não são submetidas a extensivos testes endógenos e seus potenciais antinutrientes ou
de segurança alimentar como estudos em animais, substâncias biologicamente ativas, toxinas e alér-
que são típicos em estudos de aditivos químicos e genos alimentares. Um entendimento da variação
resíduos de pesticidas em alimentos16. natural das principais características agronômi-
Mudanças significativas nesses parâmetros cas e composicionais da cultivar em diferentes re-
são indicativas de alterações na cultivar, que pre- giões geográficas e sob diferentes condições de
cisam ser avaliadas devido ao potencial de terem cultivo é essencial para interpretar a comparação
efeitos adversos na saúde humana11. da cultivar GM com a cultivar de comparação11,15.
A avaliação da segurança deve ser baseada
nos riscos potenciais impostos pelo produto c) Descrição
obtido. Assim, a avaliação deve levar em consi- do organismo doador do gene de interesse
deração as características do doador, do recipi- A descrição do organismo doador deve in-
ente ou, quando apropriado, do organismo pa- cluir a classificação e a taxonomia nos padrões
rental. Devem ainda ser avaliadas as característi- internacionais e deve também remeter qualquer
cas e a utilização pretendida do OGM, incluindo evidência de potencial toxicidade, alergenicidade
escala e frequência das introduções e considera- ou patogenicidade. Uma lista de toxinas, alérge-
ções ambientais e de saúde9. nos, substâncias bioativas e antinutrientes de ori-
Para os alimentos derivados de plantas gene- gem natural contidas no organismo doador deve
ticamente modificadas, a avaliação risco deve se- ser descrita11. Documentação sobre o histórico de
guir os seguintes critérios, que incluem16: uso seguro e exposição ao organismo doador deve
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ser citada, quando possível. Essa informação, jun- biobalística. Na utilização da bactéria Agrobac-
tamente com o entendimento da função de qual- terium, o risco de transferência do fragmento de-
quer sequência de DNA recombinante usada no sejado ser ao acaso é relativamente baixo, mas
processo de transformação, facilita a identifica- deve ser descrita a cepa doadora, assim como os
ção do perigo de “novos elementos” que são plasmídeos da cepa, além de se avaliar o risco da
transferidos para a cultivar. O DNA introduzido presença de outras sequências. Na utilização de
deveria mostrar-se não prejudicial à saúde hu- transformação direta como a biobalística, a pre-
mana. Se o doador for alergênico conhecido, su- paração do DNA usado para a transformação
põe-se que os genes transferidos codificam alér- deve ser verificada quanto a sequências contami-
genos até que o contrário seja provado11. nantes de DNA cromossômicos e plasmidiais de
Um exemplo de proteínas com o potencial de bactérias11.
alergenicidade é o caso da introdução da subuni-
dade 2S-albumina da castanha-do-Brasil (Ber- e) Caracterização da modificação genética
tholettia excelsa), para ser expressa em soja. O A caracterização molecular do DNA recom-
objetivo da transformação era produzir uma soja binante em cultivares GM normalmente é feita
com maiores níveis de metionina, aumentando o de acordo com as normas internacionais sobre a
valor nutricional do produto, que seria utilizado avaliação de segurança. As informações e os da-
como ração animal. No entanto, muitos consu- dos devem ser fornecidos para haver a identifi-
midores apresentam reações alérgicas à castanha. cação e a caracterização do perigo potencial re-
O soro desses consumidores alérgicos apresen- sultante da transformação da planta11.
tou reatividade com a proteína. Dessa forma, o Para a caracterização da modificação genéti-
desenvolvimento da soja rica em metionina foi ca, deve ser determinado o número de inserções
cancelado. Esse cancelamento foi devido à aler- e de cópias das sequências de DNA introduzidas,
genicidade apresentada pela castanha e não ao além de se pesquisar quais os sítios de inserção
gene que codifica para a proteína alergênica17. dos transgenes18, utilizando técnicas de biologia
molecular como a reação em cadeia da polime-
d) Descrição da modificação genética rase (PCR), Southern blot, Northern blot, entre
A descrição do processo de transformação outras. A estabilidade da inserção deve ser verifi-
deve incluir informação sobre o método de trans- cada por mais de cinco gerações11.
formação; sobre o DNA utilizado para modifi- Além disso, devem ser obtidas informações
car a planta, incluindo a fonte (bactéria, vírus, sobre a sequência de DNA da junção entre o ge-
planta etc.), a identidade e a função; sobre orga- noma da planta e o inserto, quando existem open
nismos hospedeiros intermediários utilizados reading frames (ORFs) ou promotores incom-
para produzir ou processar o DNA para a trans- pletos dentro do DNA inserido que podem pro-
formação do organismo receptor. Além disso, vocar o aparecimento de proteínas fundidas15.
devem ser fornecidas informações sobre o DNA Rang et al.19 caracterizaram regiões de flan-
a ser introduzido, incluindo a caracterização de queamento do gene EPSPS (enolpiruvinilchiqui-
todos os componentes genéticos como genes mato-3-fosfato-sintase), que confere resistência
marcadores, regulatórios e outros elementos que ao herbicida glifosato, demonstrando a forma-
afetem a função do DNA; tamanho e identidade, ção de um fragmento de DNA com mais de 250
localização e orientação da sequência no vetor e pares de bases. Este fragmento estaria localizado
na construção final, e a função16. na região downstream do terminador nos (nopa-
Uma descrição passo a passo da construção lina sintase) do gene introduzido. Uma análise
do vetor deve fornecer detalhes sobre todos os quanto à importância funcional desse fragmento
organismos utilizados para a amplificação do adicional foi realizada apontando que pelo me-
DNA vetor. Deve também fornecer informações nos 150 pares de base dessa região do DNA são
sobre a função de todos os elementos genéticos transcritos na soja Roundup Ready. Os produtos
dos vetores de transformação, incluindo a sequ- transcritos são processados resultando em qua-
ência codificadora, sinais promotores e de termi- tro variantes de RNA, oriundos de DNA cujo ter-
nação. Um mapa de restrição com as enzimas minador nos foi completamente deletado. A dele-
mais relevantes deve também estar disponível. ção resulta na geração de ORFs que podem codi-
Provas de ausência de fragmentos não intencio- ficar proteínas EPSPS fundidas com região N-ter-
nais no vetor devem ser solicitadas11. minal que não apresentam homologia com as
Normalmente, a transformação é feita ou por proteínas do banco de dados do National Center
infecção por Agrobacterium tumefaciens, ou pela for Biotechnology Information (NCBI). A partir
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Costa TEMM et al.

do momento em que o terminador nos foi intro- Efeitos não intencionais, como a elevação dos
duzido como região reguladora em vários outros níveis de constituintes antinutricionais ou tóxi-
OGM, os produtos e as variantes de RNA podem cos em alimentos, já foram caracterizados em
ser transcritos nessas safras transgênicas. organismos obtidos através de métodos conven-
cionais de reprodução. Estes podem ter possibi-
f) Avaliação da segurança: substâncias lidades de melhoramento genético (e epigenético
expressas, análise dos componentes, – alterações induzidas pelo ambiente que podem
avaliação dos metabólitos, modificações afetar a expressão do gene, sem mudar a sequên-
nutricionais e processamento do alimento cia de DNA) e de instabilidades, como o silencia-
Os efeitos provocados por alimentos GM mento de genes22.
sobre a saúde são geralmente comparáveis aos Esses efeitos podem aumentar a probabili-
riscos conhecidos associados aos alimentos con- dade de efeitos pleiotrópicos não intencionais
vencionais e incluem, por exemplo, o potencial (afetando mais de uma característica fenotípi-
de alergenicidade e toxicidade de componentes ca), assim como de efeitos epistáticos (interação
presentes, a qualidade nutricional e segurança do gene inserido com os outros genes)20.
microbiológica do alimento, e os possíveis efei- Os efeitos não intencionais podem ser classi-
tos secundários da expressão do gene ou o rom- ficados como efeitos inseridos, ou seja, relacio-
pimento do material genético do receptor ou de nados à posição de inserção do gene de interesse,
suas vias metabólicas, incluindo composição de ou como efeitos secundários, associados com a
macronutrientes, micronutrientes, antinutrien- interação entre os produtos expressos do gene
tes, toxinas endógenas, alérgenos e substâncias introduzido e as proteínas endógenas e metabó-
fisiologicamente ativas20. litos. Métodos adequados para a avaliação de
Qualquer alteração inesperada nos níveis de efeitos não intencionais precisam ser estudados
substâncias detectadas durante a análise compo- caso a caso, considerando fatores tóxicos e anti-
sicional requer identificação, caracterização e ava- nutricionais não intencionais, através de uma
liação de risco. Em todos os casos, os níveis de análise dos constituintes e de características GM20.
expressão precisam ser estabelecidos para asse-
gurar que os níveis de exposição não sejam pre- Modificações do metabolismo e efeitos
judiciais à saúde. Além disso, as avaliações de pleiotrópicos de proteínas transgênicas
toxicidade devem ser feitas caso a caso, depen-
dendo da substância a ser avaliada, verificando a Riscos alimentares podem surgir de efeitos
exposição humana à substância ou a similares, pleiotrópicos de proteínas transgênicas e através
bem como o histórico de uso seguro. Em caso de dos efeitos regulatórios das construções inseri-
novas proteínas ou se os dados disponíveis suge- das. Por mais rigorosos que sejam os guias para
rem a existência de qualquer causa para preocu- validação das variedades transgênicas, não é fácil
pação, um estudo deve ser feito utilizando ani- distinguir alterações não desejáveis no metabo-
mais de laboratórios11. lismo e a atividade de várias proteínas, pois os
pesquisadores não sabem exatamente quais ca-
Efeitos não intencionais de alimentos racterísticas devem ser investigadas. Essas altera-
GM sobre a saúde humana ções podem ser quantitativas ao invés de quali-
tativas. Por exemplo, em algumas plantas tole-
Quando os OGMs são desenvolvidos, algu- rantes ao estresse ambiental, são inseridos genes
mas características existentes nos organismos para a expressão da arginina descarboxilase. De-
podem ser alteradas não intencionalmente, afe- vido à superexpressão desta enzima, o tabaco
tando a expressão de componentes constituti- transgênico e algumas cultivares de arroz acu-
vos. O transgene pode integrar dentro ou em re- mulam altos níveis de agmatina, um metabólito
giões adjacentes dos genes da planta e perturbar imediato da arginina, e, em alguns casos, meta-
sua expressão, pelo aumento ou diminuição des- bólitos secundários da arginina, como putreci-
sa expressão. O transgene pode ser expresso de na, espermidina e espermina. A agmatina e seus
uma maneira tardia através da ação dos promo- derivados são substâncias biologicamente ativas
tores em genes adjacentes da planta ou pela alte- que podem interagir com receptores adrenérgi-
ração das ORFs do gene da planta. O rearranja- cos, medazolínicos e de glutamato; dessa forma,
mento durante a integração pode criar ORFs al- eles funcionam como neuromediadores, ativan-
teradas que permitem ao transgene sintetizar do mitoses e facilitando a formação de tumores.
produtos não intencionais21. Como não são proteínas, esses compostos po-
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dem ser assimilados facilmente pelo organismo ontes que podem adquirir genes através da trans-
humano1. ferência horizontal. De acordo com os protoco-
Para avaliar a segurança da utilização de plan- los de rotina, a seleção dos transgênicos é feita
tas geneticamente modificadas como fonte ali- através da inserção de fragmentos de DNA con-
mentícia, é vital estabelecer sua capacidade de tendo genes de resistência a antibióticos (genes
acumular substâncias tóxicas para humanos e marcadores). A transformação de uma bactéria
animais e reconhecer se os efeitos pleiotrópicos e simbiótica e patogênica por recombinação pode
as construções transgênicas podem levar ao acú- resultar no desenvolvimento de uma microbiota
mulo de outros metabólitos nocivos e alergêni- resistente a antibióticos1.
cos. Considere que a maioria dos pesticidas é Tecnologias de transformação alternativa que
tóxica para humanos, como por exemplo o gli- não resultam em genes marcadores com resis-
fosato, que é carcinogênico e provoca linfoma1. tência a antibióticos devem ser usadas para o
Recentemente, estudos sobre o efeito da in- desenvolvimento de plantas recombinantes para
gestão de soja Roundup Ready em ratos demons- que essas tecnologias estejam disponíveis e de-
traram, em análises ultraestrutural e imunocito- monstrem-se seguras16. A transferência de genes
química, alterações em células acinares do pân- de plantas e seus produtos alimentícios para os
creas (redução de fatores de splicing do núcleo e microrganismos intestinais ou para as células
do nucléolo e acúmulo de grânulos de pericro- humanas é considerada uma possibilidade rara,
matina); em testículos de ratos (aumento do pois muitos eventos complexos e improváveis
número de grânulos de pericromatina, diminui- teriam que ocorrer consecutivamente. No entan-
ção da densidade de poros nucleares, alargamen- to, a possibilidade de esses eventos ocorrerem
to do retículo endosplasmático liso das células não pode ser completamente descartada16,20. En-
de Sertoli), havendo a possibilidade de tais efei- tão o conceito de equivalência substancial é o
tos estarem relacionados ao acúmulo de herbici- ponto inicial e conceito guia para a avaliação de
da presente na soja resistente, além de alterações segurança alimentar, e não seu ponto final. Críti-
em hepatócitos (modificações na forma do nú- cos do conceito de equivalência substancial recla-
cleo, aumento do número de poros na membra- mam que os testes em curso não são suficientes
na nuclear, alterações na forma arredondada do para se fazer suposições sobre efeitos não inten-
nucléolo, indicando aumento do metabolismo), cionais ou não esperados e não pode excluir a
sendo potencialmente reversíveis neste último ocorrência de efeitos a longo prazo que resultam
grupo de células23-27. da exposição humana prolongada a essas culti-
vares que podem ter alterações composicionais
Transferência horizontal súbitas que podem ser difíceis de detectar11.

A transferência horizontal de genes é bem


conhecida entra as bactérias. No curso da evolu- Discussão
ção, as bactérias trocavam facilmente fragmen-
tos de seu genoma com outras bactérias e com Devido a contextos históricos, políticos e econô-
eucariotos, mantendo esta capacidade até os dias micos da biotecnologia, seria apropriado ques-
atuais. Essa propriedade da bactéria é relevante tionar o que vem sendo praticado em termos de
para o estudo de risco alimentar e ecológico uti- avaliação de risco. As agências regulatórias não
lizando OGM1. têm utilizado critérios ecologicamente compre-
A probabilidade da inserção de construções ensíveis para avaliar os riscos de um organismo
transgênicas de plantas em genomas de mamífe- transgênico9.
ros ou humanos é muito pequena, e os eucario- As plantas transgênicas, aprovadas para cul-
tos superiores possuem muitas barreiras que tivo comercial nos Estados Unidos, tiveram sua
evitam eficientemente a transferência horizontal liberação baseada no princípio da equivalência
de genes. Mesmo quando ocorre a transferência, substancial. Assim, a soja Roundup Ready foi
a célula transformada, no estágio terminal de considerada “equivalente” à soja convencional,
diferenciação, não se prolifera. A transferência porque não difere dela nos aspectos de cor, tex-
da construção do transgênico para gametas é tura, teor de óleo, composição e teor de aminoá-
praticamente impossível devido à barreira hema- cidos essenciais, e de nenhuma outra qualidade
totesticular impenetrável a grandes moléculas. No bioquímica. Desta forma, não foram submeti-
entanto, deve-se ter em mente que a microbiota das à rotulagem pela agência americana encarre-
intestinal é formada por bactérias endossimbi- gada de sua liberação, a Food and Drug Admi-
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Costa TEMM et al.

nistration (FDA). Este conceito de equivalência A CTNBio tem a tarefa de avaliar os riscos
substancial tem sido alvo de críticas, entre ou- dos organismos geneticamente modificados,
tras, porque a falta de critérios mais rigorosos para a saúde humana e o meio ambiente. Para
pode ser útil à indústria, mas é inaceitável do pesquisas em que são desenvolvidos novos
ponto de vista do consumidor e da saúde públi- OGMs, é requerido dos interessados um certifi-
ca. Equivalência se refere sempre à quantidade cado de qualidade em biossegurança, dado pela
ou algo mensurável a que corresponde em senti- CTNBio, sendo também necessária a formação
do tecnicamente comparável. A rigor, em termos de uma Comissão Interna de Biossegurança. Se
de genoma, uma planta transgênica e sua con- um proponente pretende lançar um vegetal ge-
vencional não são equivalentes nem iguais. Só neticamente modificado no Brasil, ele deverá re-
seriam iguais se uma fosse originária da outra alizar testes de campo no país, com permissão
por multiplicação vegetativa ou micropropaga- prévia da CTNBio. Esta avalia os dados sobre a
ção. A construção genética inserida na planta segurança do vegetal em questão e exige que os
contém elementos bastante distintos daqueles testes de campo sejam realizados segundo crité-
encontrados nas plantas, que proporcionam rios de controles estipulados, incluindo procedi-
novos produtos gênicos e que podem desenca- mento para evitar qualquer dispersão do mate-
dear efeitos pleiotrópicos substanciais, para que rial geneticamente modificado. Após uma fase
sejam considerados desprezíveis9. de testes de campo, que não tem prazo estipula-
No Brasil, que é o segundo maior produtor do, o proponente poderá requerer aprovação
de grãos de soja do mundo e um dos poucos que para comercialização do seu produto5.
ainda têm algumas restrições quanto à venda de Mesmo que muita experiência tenha sido ad-
sementes e alimentos geneticamente modificados4, quirida no que se refere à análise de produtos
a utilização e o comércio de organismos genetica- desenvolvidos e comercializados em outros paí-
mente modificados têm sido objetos de discus- ses, é necessário que os protocolos de segurança
sões legais e vêm sendo regulamentados pelo Con- sejam desenvolvidos e/ou adaptados para con-
selho Técnico Nacional de Biossegurança (CTN- dições locais. No que se refere à segurança ambi-
Bio), órgão criado pela Lei de Biossegurança (Lei ental, esse desenvolvimento e/ou adaptação é
no 8.974, de 5 janeiro de 1995) e reestruturado imperativo, uma vez que os resultados podem
pela nova Lei de Biossegurança (Lei no 11.105, de ser diferentes daqueles já obtidos em outras re-
24 de março de 200528), que revoga a antiga lei e giões do mundo17.
tem por função prestar apoio técnico e de asses-
soramento ao governo federal na formulação,
atualização e implementação da Política Nacional Conclusão
de Biossegurança (PNB), bem como estabelecer
normas técnicas de segurança e de pareceres téc- Embora sejam sugeridos vários tópicos bastante
nicos referentes à autorização para atividades que detalhados discriminando cada etapa de avalia-
envolvam pesquisa e uso comercial de OGM e ção de risco a ser realizada em alimentos geneti-
seus derivados, com base na avaliação de seu ris- camente modificados, os dados obtidos até a
co zoofitossanitário, à saúde humana e ao meio presente data das avaliações de risco já processa-
ambiente. A nova Lei de Biossegurança estabelece das não indicam nenhuma alteração ocasionada
normas de segurança e mecanismos de fiscaliza- pelo gene inserido propriamente dito. O que se
ção sobre a construção, o cultivo, a produção, a observa são relatos sobre os efeitos não intenci-
manipulação, o transporte, a transferência, a im- onais, sejam eles pleiotrópicos, sejam provoca-
portação, a exportação, o armazenamento, a pes- dos pela característica em evidência (resistência a
quisa, a comercialização, o consumo, a liberação insetos e tolerância a herbicidas) atuando sobre
no meio ambiente e descarte de OGM e seus deri- a saúde humana.
vados, tendo como diretrizes o estímulo ao avan- Apesar de não haver evidências sobre essa
ço científico na área de biossegurança e biotecno- ação direta do gene, não se deve descartar maio-
logia, a proteção à vida e à saúde humana, animal res estudos sobre os OGMs e os seus riscos dire-
e vegetal, e a observância do princípio da precau- tos e indiretos sobre a saúde da população, já
ção para proteção do meio ambiente. Além disso, que a liberação destes para a comercialização e o
ela cria o Conselho Nacional de Biossegurança, consumo provocou um grande aumento na pro-
órgão de assessoramento superior do presidente dução mundial de OGM, estando estes presentes
da República para formulação e implementação como ingredientes em parte representativa dos
da PNB28. alimentos disponíveis no mercado para consu-
335

Ciência & Saúde Coletiva, 16(1):327-336, 2011


mo humano e animal. Deve-se lembrar que as à proteção da saúde humana, dos organismos
avaliações de riscos de alimentos GM somente vivos e do meio ambiente, para atividades que
ocorreram depois de sua liberação comercial, e envolvam construção, experimentação, cultivo,
que é necessário agir cautelosamente confron- manipulação, transporte, comercialização, con-
tando a necessidade das empresas multinacio- sumo, armazenamento, liberação e descarte de
nais em expor seus produtos e o princípio da OGM e derivados29 –, deveria tomar medidas
precaução, visando sempre proporcionar o bem- mais enérgicas e cobrar, de toda e qualquer em-
estar social até que os impactos dessa nova tec- presa ou instituição que desejasse produzir e/ou
nologia sobre a saúde humana e o meio ambien- reproduzir transgênicos, estudos de análise de
te sejam devidamente avaliados. risco tanto para a saúde humana quanto para o
A CTNBio, instância criada com a finalidade ambiente, fazendo valer também o Código de
de prestar apoio técnico consultivo e de assesso- Defesa do Consumidor e o Decreto nº 4.680, de
ramento ao governo federal na formulação, atu- 24 de abril de 200330, atuando rigorosamente so-
alização e implementação da Política Nacional de bre a rotulagem de produtos que contenham
Biossegurança relativa aos OGMs – bem como OGMs ou seus derivados, dando ao menos o
no estabelecimento de normas técnicas de segu- direito de escolha aos consumidores sobre os
rança e pareceres técnicos conclusivos referentes produtos que estão comprando.

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