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Trabalho de Graduação
RECIFE
2019
Hugo Ricardo Baia da Silva
RECIFE
2019
Trabalho de graduação apresentado por Hugo Ricardo Baia da Silva ao programa de gradu-
ação em Engenharia da Computação do Centro de Informática da Universidade Federal de
Pernambuco, sob o título Openow: Uma Ferramenta para Disponibilização de Dados Aber-
tos, orientado pelo Prof. Vinicius Cardoso Garcia e aprovada pela banca examinadora formada
pelos professores:
———————————————————————–
Prof. Vinicius Cardoso Garcis
Centro de Informática/UFPE
———————————————————————–
Profª. Bernadette Farias Lóscio
Centro de Informática/UFPE
RECIFE
2019
Dedico este trabalho a minha mãe Patricia e ao meu avô
José (in memorian), por sempre apoiarem meus sonhos e
acreditarem em mim.
Agradecimentos
Agradeço a Deus pela vida. Agradeço à minha mãe Patricia por ser a minha base ao
longo dessa jornada. Ao meu orientador, o professor Vinicius Garcia pelo apoio durante a minha
pesquisa. Ao CESAR e aos colegas de trabalho, por todo o aprendizado e desenvolvimento
profissional. Aos meus colegas de curso pelo apoio nos momentos de aprendizado e sofrimento.
Ao Centro de Informática da UFPE, professores e funcionários por serem essenciais para a
minha formação. Por fim, a todos que me apoiaram e acreditaram que eu podia chegar até aqui,
especialmente: Nacy, Nilza, Dona Nina (in memorian) e Ivonete (in memorian).
Around here, however, we don’t look backwards for very long.
We keep moving forward, opening up new doors and doing new things,
because we’re curious... and curiosity keeps leading us down new paths.
—WALT DISNEY
Resumo
In the era of the semantic web the need arises to make data available in a machine-readable
format, in addition to establishing standards to allow cooperation between computers. Within
this context, open data has the potential to generate diverse economic and social benefits. This
work conducts a study about the problems encountered in the area of open data, as well as
possible solutions. In addition, this work details the development of a tool that aims to facilitate
the process of availability and consumption of open data in the scope of application development.
It is hoped that this work could kick-start an initiative that could contribute to the development
of the open data area.
1 Introdução 12
1.1 Contexto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.2 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.4 Estrutura do Documento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2 Fundamentação Teórica 15
2.1 Dados Abertos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.1.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.1.2 Contexto Histórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.1.3 Desafios dos Dados Abertos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2 Trabalhos Relacionados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.3 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3 Solução 24
3.1 Visão Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.2 Implementação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.2.1 Tecnologias Utilizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.2.2 Gerenciamento de Fontes de Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.2.3 Gerenciamento das APIs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.2.4 Acesso às APIs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.3 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4 Hands On 33
4.1 Criação dos Datasets . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.2 Criação das APIs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
4.3 Acesso às APIs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.4 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
5 Conclusão 37
5.1 Resultados Obtidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
5.2 Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Referências 39
12
1
Introdução
1.1 Contexto
Em março de 1989, Tim Berners-Lee apresentou uma proposta para uma nova maneira
de compartilhar conhecimento e recursos: a World Wide Web (ou apenas web) [1]. Inicialmente, a
web consistia de informações estáticas, provenientes de arquivos, e raríssimas exceções possuíam
conteúdo dinâmico. A perspectiva de uma web dinâmica projetava as possibilidades da web para
um novo patamar, iríamos sair das rudimentares Web Pages e partir para o desenvolvimento de
aplicações web.
A transformação digital vivenciada nas últimas décadas transformou nosso mundo, e
o crescimento acelerado da web a transformou em uma grande fonte de dados distribuída
e colaborativa. Porém, fazer uso dessas informações é algo complexo. Neste contexto, se
desenvolvem técnicas e ferramentas para lidar com esses dados, e muitas dessas contribuições
são provenientes de áreas como estatística, inteligência artifical, big data, business intelligence,
entre outras.
Na terceira geração da web, conhecida com era da web semântica, as máquinas passaram
a executar tarefas e a tomar decisões [2]. Assim, surge a necessidade de se disponibilizar dados
em formato compreensível por máquina, além de estabelecer padrões para permitir a cooperação
entre os computadores.
Entre as formas de se disponibilizar dados, existe o conceito de dados abertos, que será
abordado ao longo deste trabalho. Esse conceito pode ser aplicado para qualquer fonte e tipo de
informação. Apesar de muitas vezes ser associado ao setor público, corporações, organizações,
universidades e até mesmo indivíduos podem fazer uso dos benefícios trazidos pelo uso dos
dados abertos.
1.2 Motivação
Uma das aplicações mais importantes dos dados abertos é no conceito de Open Go-
vernment, onde os governos e cidadãos estão preocupados com a transparência dos trabalhos,
das políticas e da administração pública. As informações disponibilizadas tem o potencial
de aumentar a fiscalização, a participação popular e a colaboração entre governo e sociedade,
1.3. OBJETIVOS 13
gerando valor econômico e social [3]. Do mesmo modo, o uso adequado dessas informações
pode ajudar a aumentar a eficiência e efetividade dos serviços públicos [4].
Apesar da importância e relevância do uso dos dados abertos, a disponibilização desses
dados e o desenvolvimento de soluções que fazem uso desses dados ainda enfrentam diversos
desafios [5][6], dos quais podemos destacar:
Dados mortos: em alguns casos, não há garantia que os dados estão sendo atualiza-
dos;
A análise dos problemas encontrados nessa área nos revela diversas oportunidades que
podem ser trabalhadas para que os objetivos sociais e econômicos dos dados abertos possam ser
alcançados.
1.3 Objetivos
Com base no que já foi exposto, o objetivo geral deste trabalho é desenvolver uma
ferramenta de apoio para facilitar a disponibilização e consumo de dados abertos, buscando
resolver ou mitigar os problemas que foram apresentados anteriormente.
São objetivos específicos deste trabalho:
2
Fundamentação Teórica
2.1.1 Definição
Segundo o Open Knowledge Foundation1 , dados abertos "são dados que podem ser
livremente usados, reutilizados e redistribuídos por qualquer pessoa - sujeitos, no máximo, à
exigência de atribuição da fonte e compartilhamento pelas mesmas regras". Os dados abertos
são os alicerces de construção do conhecimento aberto e possuem aplicações nas mais diversas
áreas do conhecimento [7][8].
1 https://okfn.org/
2.1. DADOS ABERTOS 16
Embora o termo “dados abertos” tenha surgido recentemente2 , a ideia por trás dele é
de longa data. No começo dos anos 40, Robert King Merton3 mostrou a importância de os
resultados de pesquisas científicas serem abertos a todos. Ainda nesse sentido, desde os anos
50, a noção de “Open Government” vem sendo debatida. Governos estão preocupados com
transparência e com a ideia de que os cidadãos tenham o “right to know”, ou seja, o direito de
saber [9].
Anos mais tarde, a ideia dos dados abertos foi impulsionada pelo advento da internet.
Em 2007, um grupo de pioneiros dos dados abertos se reuniu na Califórnia para debater e definir
o conceito de dados públicos abertos. Juntos, ele criaram alguns princípios simples que servem
como uma base para o que se tornou o movimento dos dados abertos e que nos permite definir e
avaliar os dados públicos abertos [22]. Os oito princípios são:
3. Temporal: o dado deve ser publicado tão rápido quanto necessário para preservar
seu valor.
6. Não discriminatório: os dados devem estar disponíveis para todos sem que o consu-
midor precise se cadastrar.
8. Livre de licenças: os dados devem estar livres de quaisquer questões jurídicas que
possam restringir o uso, como patentes ou direitos autorais.
transparency-and-open-government
2.1. DADOS ABERTOS 17
que diz respeito a um governo aberto, do qual dados abertos são um dos pilares. Pouco tempo
depois, o portal de dados abertos do governo americano5 foi disponibilizado. Inicialmente com
47 datasets, após um ano já contava com mais de 250,000 datasets [18]. Desde então, diversas
plataformas foram disponibilizadas para permitir que pesquisadores, jornalistas, empreendedores,
e pessoas em geral tivessem acesso a dados que pudessem resultar em novas descobertas e
oportunidades.
Diversos países e organizações seguiram o movimento de abertura de dados, e com o
Brasil não foi diferente. A lei nº 12.527/20116 , conhecida como Lei de Acesso à Informação
(LAI)7 , regulamentou o direito constitucional de acesso às informações públicas. Além disso,
o Brasil foi membro co-fundador do Open Government Partnership (OGP)8 e, como parte dos
compromissos firmados, criou o portal brasileiro de dados abertos9 . Em 2019, o portal listava
mais de 6,000 datasets, uma quantidade bem inferior em relação a outros países.
1. Dificuldades de acesso: Os dados devem ser acessados tanto por humanos quanto por
máquinas. Plataformas que necessitam de algum tipo de registro podem desencorajar
os usuários, por outro lado, é necessário ter informações sobre o uso dos dados.
3. Custos: O processo de abertura dos dados envolve um certo custo, tanto do ponto de
vista técnico quanto de recursos humanos. Ferramentas tecnológicas precisam ser
5 https://www.data.gov/
6 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm
7 http://www.acessoainformacao.gov.br/
8A OGP é uma iniciativa que busca combinar a força de governos e organizações para promover governanças
transparentes e inclusivas. https://www.opengovpartnership.org/
9 http://dados.gov.br/
2.1. DADOS ABERTOS 18
5. Questões legais: Serviços que fazem uso de múltiplas bases de dados podem se
deparar com licensas e condições de uso que são incompatíveis.
6. Metadados: Metadados são usados para descrever as bases de dados. Eles são
importantes no processo de obtenção e reuso das bases de dados. Porém, carecem de
padronização e muitas vezes podem estar imcompletos.
7. Falta de habilidade para lidar com os dados: Uma das grandes questões dessa
categoria é a necessidade de um alto grau de conhecimento tecnológico para fazer
uso dos dados.
Figura 2.1: Diagrama de espinha de peixe que representa riscos e barreiras relacionados à
abertura de dados
Além dos pontos já apresentados, o European Data Portal10 faz uma análise da maturidade
do processo de abertura dos dados na Europa [17], e destaca as principais barreiras encontradas
10 https://www.europeandataportal.eu
2.1. DADOS ABERTOS 19
por seus membros. Os desafios e problemas encontrados pelos que vão fazer uso dos dados
diferem dos encontrados por quem vai prover os dados. Como mostra a Figura 2.2 podemos
observar que os aspectos financeiros e legais são os maiores impeditivos para a publicação
de dados abertos, seguidos por questões técnicas, políticas e outras. Já no processo de reuso
dos dados disponibilizados, a Figura 2.3 mostra que as principais barreiras são de natureza
técnica e de conscientização sobre os benefícios dos dados abertos, seguidos por questões de
disponibilidade, financeiras, legais e outras.
Figura 2.2: Barreiras para publicação de dados abertos mais mencionadas pelas administrações
públicas do EU28 em 2017
Figura 2.3: Barreiras para reutilização de dados abertos mais mencionadas pelas administrações
públicas do EU28 em 2017
Diversos padrões para publicação dos dados: Cada portal escolhe sua forma de
publicar os dados. Consequentemente, o reuso de componentes de software que
fazem o consumo dos dados é prejudicado;
Dados mortos: Muitas vezes não há garantias sobre a atualização dos dados. Sendo
assim, o desenvolvimento de aplicações em tempo real se torna inviável;
Entre os pontos apresentados, podemos perceber que um ponto que se repete é a questão
da falta de padronização na publicação dos dados. As plataformas de dados abertos disponibili-
zam na internet arquivos nos mais variados formatos (pdf, xls, json, csv, etc...). Porém, a forma
como esses dados são disponibilizados podem restringir o desenvolvimento de aplicações, pois
impõe ao desenvolvedor uma dificuldade adicional de encontrar os dados, extraí-los, analisá-los
e, então, obter informações relevantes para seu propósito.
Diversos esforços foram feitos no sentido de estabelecer algum tipo de padronização
para o provimento dos dados abertos. O World Wide Web Consortium (W3C) publicou uma
2.2. TRABALHOS RELACIONADOS 21
Novas soluções para os dados abertos devem ser capazes de lidar com os problemas
existentes, de modo que seja possível atingir os benefícios sociais e financeiros provenientes da
abertura dos dados. Nesta seção vamos estudar dois trabalhos que apresentam propostas para
resolver alguns dos desafios e barreiras apresentados anteriormente. O elo comum que liga esses
trabalhos é a apresentação de uma proposta de plataforma de dados abertos, mas que além disso,
desconstroem a ideia de um portal que apenas disponibiliza dados. A ideia comum é a construção
de uma infraestrutura que permita melhorar o processo de disponibilização e consumo dos dados
abertos.
O ponto chave é a criação de um Software as a Service (SaaS), ou Software como Serviço,
voltado para o contexto dos dados abertos. Lóscio e Gama argumentam que essas soluções
devem prover os dados abertos como um serviço (Open Data as a Service) através de uma
infraestrutura na nuvem [21].
O trabalho de Lóscio e Gama [21], nos apresenta a ideia de um ecossistema de dados
abertos. Esse ecossistema seria derivado da ideia dos ecossitemas de negócios, que foi apre-
sentado por James F. Moore12 no começo dos anos 90. Segundo Moore, citado por Lóscio
e Gama, em um ecossistema de negócios, as empresas co-evoluem as capacidades em torno
de uma nova inovação: elas trabalham de forma cooperativa e competitiva para apoiar novos
produtos, satisfazer as necessidades dos clientes e, eventualmente, incorporar a próxima rodada
de inovações.
O ecossistema de dados abertos seria um ecossistema baseado em software, e, ao invés
de ser um mero provedor de dados através de uma API, a plataforma proveria serviços básicos
para permitir que os desenvolvedores fizessem uso desses serviços. Permitindo assim: integrar
provedores de dados com a plataforma, construir serviços na plataforma e construir aplicativos
usando esses serviços.
Ainda nesta linha de contrução de uma plataforma de dados abertos, o trabalho de Burégio
et al. é voltado para a disponibilização de dados abertos governamentais [20]. Considerando
3 dos problemas já mencionados anteriormente - fontes de dados múltiplas e descentralizadas,
11 https://www.w3.org/TR/dwbp/
12 James F. Moore é pioneiro na abordagem do ecossistema de negócios para estudar redes de organizações que,
juntas, constituem um sistema de apoio mútuo e que co-evoluem contribuições.
2.2. TRABALHOS RELACIONADOS 22
múltiplos padrões para publicação dos dados e comunicação unidirecional - Burégio et al.
apresenta uma proposta de arquitetura para aumentar o poder dos dados abertos e transformar o
governo numa máquina social. Essa máquina busca prover APIs especializadas para permitir a
criação de outros sistemas sobre ela.
A solução proposta por Burégio et al. para o desafio de integrar bases de dados he-
terogêneas consiste em um mecanismo para se obter os dados, nos mais diferentes formatos
(e.g., csv, xml, html, pdf, json, etc...), através de um extrator específico para cada tipo de dado
e, então, transformá-los em um formato desejado e mais apropriado para seu armazenamento.
Ainda segundo esse trabalho, o próximo passo é a disponibilização de um conjunto de APIs
especializadas para cada máquina social.
A Figura 2.4 mostra a arquitetura proposta por Burégio et al., nela podemos observar
os diversos serviços fornecidos pela ferramenta, que se comunicam com as máquinas sociais
através de APIs especializadas. Além disso, os cidadãos, desenvolvedores, aplicações e outras
iniciativas se comunicam com a ferramenta através dos serviços fornecidos.
Neste capítulo pudemos ter uma visão geral sobre os dados abertos. Entendemos o
conceito por trás dos dados abertos, apresentamos os princípios pelos quais os dados são regidos,
e entendemos brevemente como se deu o contexto histórico dessa área. Além disso, estudamos
as dificuldades e barreiras encontradas na área e, por fim, estudamos alguns trabalhos que
tratam esse problema de forma mais específica (voltados para o desenvolvimento de soluções
tecnológicas que fazem uso dos dados).
Todo o estudo conduzido ao longo deste capítulo é de suma importância para o conjunto
do trabalho, pois serviu como o alicerce teórico que irá nortear o desenvolvimento de uma
ferramenta que visa contribuir para a área dos dados abertos. Este capítulo permitiu compreender
melhor a situação dos dados abertos, seus benefícios e suas problemáticas.
No próximo capítulo vamos detalhar a solução desenvolvida, tanto do ponto de vista
conceitual quanto técnico. Vamos apresentar a ideia por trás da ferramenta, as telas do sistema,
detalhes da arquitetura e detalhes de implementação.
24
3
Solução
A Figura 3.1 apresenta uma visão de alto nível da arquitetura da aplicação. Nela, podemos
ver a interação entre as fontes de dados e as APIs, bem como a interação entre a aplicações que
vão fazer uso dos dados abertos e as APIs. As fontes de dados são criadas através do upload de
arquivos em diferentes formatos, em seguida, os dados dos arquivos são armazenados em um
banco de dados e podem ser acessados através de APIs especializadas. Além disso, as APIs são
criadas de forma customizada e podem acessar várias fontes de dados em uma mesma consulta.
Por fim, as mais diversas aplicações podem acessar as APIs e ter acesso aos dados.
1. A parte interessada em prover os dados acessa a plataforma e faz upload das bases de
dados;
2. Com as bases de dados integradas ao sistema, o responsável por prover os dados cria
sua API com seus endpoints customizados.
3. O consumidor dos dados acessa o endereço base da API que foi criada dinamicamente
pelo sistema para ter acesso à informações sobre a API, ou pode acessar os dados
diretamente através dos endpoints criados.
Além dessas áreas, o sistema também possui uma página de dashboard para centralizar
informações importantes referentes aos 2 módulos principais.
3.2 Implementação
Neste módulo, o usuário pode cadastrar fontes de dados em diferentes formatos (csv,
xml). A Figura 3.7 mostra a tela que exibe as fontes de dados, chamadas de datasets no sistema.
A criação de um dataset é feita através do upload de um arquivo na plataforma. Além do arquivo,
o dataset recebe um nome e uma descrição.
O módulo de gerenciamento de APIs é onde o fornecedor dos dados irá criar a API que
será usada pelo consumidor dos dados. Tal qual no gerenciamento de fontes de dados, aqui a
API recebe um nome e uma descrição. Além disso, podem ser criados os endpoints que farão
parte da API.
13 Representação do modelo que vai ser usado no banco de dados.
3.2. IMPLEMENTAÇÃO 29
As APIs criadas podem ser acessadas através de endereços específicos. A Tabela 3.1
mostra um exemplo de duas APIs, uma voltada para prover dados sobre educação e outra voltada
para prover dados sobre uma determinada empresa. Cada API possui uma URL base que pode
ser acessada para se obter informações sobre os endpoints daquela API. Os endpoints podem
ser acessados através da concatenação da URL base com o caminho do endpoint. No exemplo
apresentado na Tabela 3.1, a primeira API possui dois endpoints, já a segunda API possui três
endpoints associados.
Tabela 3.1: Estrutura de acesso às APIs
Para se obter informações sobre as APIs do sistema, basta acessar o endereço http://{host}/api
para que sejam listadas todas as APIs, com seus respectivos nomes, descrições e endpoints as-
sociados. Já para se obter as informações específicas de uma determinada API, basta acessar o
endereço http://{host}/api/{nome_da_api}, onde o trecho {nome_da_api} deve ser substituído
pelo nome da API buscada.
Do ponto do vista de quem vai utilizar os dados, a disponibilização de uma API bem
estruturada e documentada, ao invés da simples disponibilização de arquivos com os dados, torna
o processamento das informações muito mais fácil. Consequentemente, o desenvolvimento de
soluções que fazem uso dos dados é facilitado e, assim, os benefícios provenientes do uso de
dados abertos é, de fato, alcançado.
No próximo capítulo vamos observar uma demonstração de uso da ferramenta. Vamos
utilizar o sistema, tal qual os usuários da plataforma utilizariam, e entender melhor como se dá o
funcionamento da solução.
33
4
Hands On
Neste capítulo vamos fazer uma pequena demonstração da ferramenta desenvolvida. Para
isso, vamos utilizar duas fontes de dados disponíveis no portal de dados abertos da prefeitura da
cidade do Recife1 . Um dos arquivos se refere as empresas que estão inscritas como contribuintes
no município do Recife, o outro arquivo contém a descrição das receitas do município em 2018.
Os arquivos possuem, aproximadamente, 470.000 e 4.000 entradas, respectivamente. Além disso,
ambos os arquivos estão no formato csv.
Primeiramente, vamos criar dois conjuntos de dados. Para a criação de um dataset, basta
acessar a tela de datasets através do menu lateral da plataforma e então clicar no botão de criar
um novo dataset. A Figura 4.1 mostra a tela de criação de um novo dataset. O usuário dá um
nome, uma descrição e, ao fazer upload do arquivo, tem uma prévia das colunas identificadas
pelo sistema. Após a criação, uma mensagem é exibida informando se o novo dataset foi criado
com sucesso. As bases criadas foram a empresas e a receitas. Agora que já temos as bases de
dados que vão ser usadas como exemplo, vamos partir para a criação das APIs customizadas.
1 http://dados.recife.pe.gov.br/
4.2. CRIAÇÃO DAS APIS 34
Para criar uma nova API, basta acessar a tela de APIs através do menu lateral e então
clicar no botão de criar uma nova API. O usuário pode escolher um nome, uma descrição e
pode adicionar os endpoints daquela API. A tela de criação de um novo endpoint é mostrada na
Figura 4.2. No caso do endpoint, também podemos atribuir um nome e uma descrição e, além
disso, podemos criar uma fórmula para customizar o retorno desse endpoint.
Neste capítulo utilizamos exemplos bem simples para demonstrar o uso da ferramenta.
Pudemos perceber que a criação dos datasets e das APIs é feita de forma rápida e fácil. Além
disso, o acesso ao dados através de endpoints é feito de forma trivial, além de ser uma forma
muito utilizada por desenvolvedores de aplicações. No próximo capítulo vamos apresentar as
conclusões que tiramos sobre o trabalho desenvolvido, falar sobre os resultados obtidos e discutir
um pouco sobre os possíveis trabalhos futuros.
37
5
Conclusão
Este trabalho pode ser dividido em três partes principais: O estudo das problemáticas na
área dos dados abertos; o estudo de possíveis soluções para algumas dessas problemáticas; e o
desenvolvimento de uma ferramenta.
Durante o estudo realizado, optou-se por focar nas problemáticas relativas ao processo
de disponibilização e consumo de dados abertos no âmbito do desenvolvimento de aplicações.
Dentro deste contexto, foram estudados trabalhos que traziam ideias muito interessantes para
mitigar ou resolver os problemas encontrados [20][21]. As soluções estudadas tratavam da
criação de plataformas online para disponibilização de serviços baseados nos dados.
Seguindo a linha dos estudos analisados neste trabalho, foi desenvolvida uma ferramenta
online com o objetivo de facilitar o processo de disponibilização e consumo dos dados abertos.
Essa ferramenta, batizada de Openow, busca oferecer mecanismos para integrar bases de dados
heterogêneas e facilitar a disponibilização e consumo dos dados através de APIs customizadas.
Na seção de Hands On, pudemos perceber que o processo de disponibilizar dados atra-
vés da plataforma é muito simples e rápido. Com alguns poucos cliques, até mesmo usuários
com pouca expertize tecnológica conseguem criar meios de disponibilizar seus dados na inter-
net. A ferramenta desenvolvida dá um passo importante no sentido de facilitar o processo de
disponibilização dos dados abertos, que muitas vezes é uma tarefa difícil e cheia de barreiras.
Para quem vai disponibilizar os dados, o modelo de plataforma em nuvem ajuda a reduzir
custos no processo de disponibilização dos dados, elimina a necessidade de construção de uma
infraestrutura própria, além de tornar o processo mais rápido e fácil. Já para quem vai utilizar os
dados, a disponibilização de uma API especializada facilita o processo de desenvolvimento de
soluções e iniciativas na área dos dados abertos.
Apesar dos benefícios obtidos, sabemos que ainda é pouco para a ferramenta se tornar
uma grande iniciativa dos dados abertos. Na próxima seção vamos ver alguns trabalhos que
precisam ser feitos para que a ferramenta se desenvolva e atinja os resultados almejados.
5.2. TRABALHOS FUTUROS 38
Permitir a criação de endpoints que façam uso de outros verbos HTTP: O intuito
é que os consumidores dos dados possam interagir com a plataforma e não apenas
receber os dados;
Extração de dados proveniente de fontes mais complexas: lidar com fontes de dados
em outros formatos, como pdf, ou diretamente de uma conexão com algum banco de
dados;
[1] CERN. World Wide Web born at CERN 25 years ago. [S. l.], 12 mar. 2014. Disponível em:
https://home.cern/news/news/computing/world-wide-web-born-cern-25-years-ago. Acesso em:
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[3] Sharon S. Dawes and Natalie Helbig. 2010. Information Strategies for Open Government:
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[5] BRITO, Kellyton dos Santos; COSTA, Marcos Antônio da Silva; GARCIA, Vinicius
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[6] BRITO, Kellyton dos Santos; COSTA, Marcos Antônio da Silva; GARCIA, Vinicius
Cardoso; MEIRA, Silvio Romero do Lemos. Experiences Integrating Heterogeneous
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