You are on page 1of 6

www.cers.com.

br 1
CERS – Direito Constitucional
Aula 7 – PRIMEIRA FASE XXVII
Profª. Flavia Bahia

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CPI)

No exercício de uma de suas funções principais, a de fiscalizar, a CPI é uma comissão temporária, com atribuição
de fiscalização político-administrativa. Seu escopo não é apurar crimes, nem, tampouco puni‑los, competência esta
do Poder Judiciário. Se, no curso de uma investigação, vier a se deparar com fato criminoso, dele dará ciência ao
Ministério Público, para os fins de direito.

REQUISITOS PARA SUA CRIAÇÃO

De acordo com o art. 58, § 3º da CRFB/88 os requisitos constitucionais necessários para a abertura da CPI são:

1) requerimento de um terço dos membros da Câmara e/ou um terço das assinaturas de Senadores; podendo ser
a CPI instaurada em uma das Casas ou nas duas, desde que o requerimento seja subscrito por Deputados e Sena-
dores;

2) apuração de fato determinado, ou seja, direcionado para alguma situação específica; nada impede que os fatos
surgidos no decorrer das investigações que tenham pertinência com o fato principal também sejam apurados;

3) prazo certo, mas segundo orientação do STF são admissíveis prorrogações sucessivas do prazo inicialmente
fixado para uma CPI, desde que dentro do período correspondente à legislatura em que se iniciou.

CPI NOS ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS

É possível a criação de CPI´s Estaduais, Distritais e Municipais, desde que haja previsão nas respectivas Constitui-
ções Estaduais e Leis Orgânicas Municipais. Imperioso destacar que as referidas Comissões devem obedecer ao
princípio da simetria e devem ser abertas para apurar fatos direcionados ao Estado ou ao Município, conforme o
caso, em nome da preservação do Pacto Federativo.

O STF também decidiu que as assinaturas para a abertura da CPI não se submetem à votação dos plenários das
Casas em nome do direito das minorias Parlamentares.

PODERES DA CPI

Têm poderes imanentes ao natural exercício de suas competências, como colher depoimentos, ouvir indiciados,
inquirir testemunhas, notificando‑as a comparecer perante ela e a depor. Não tem o poder de ordenar a prisão de
investigado, porque não possui competência para tanto.

Além das competências acima citadas, a CPI pode, por ato próprio:

a) autorizar quebra de sigilo de dados bancário, telefônico e fiscal dos indiciados, desde que haja fundamentação,
comprovando a existência de causa provável que indique a necessidade da quebra do sigilo;
b) requisitar aos órgãos públicos documentos e informações necessárias para a investigação;
c) promover a pertinente investigação, ainda que os atos investigatórios possam incidir, eventualmente, sobre as-
pectos referentes a acontecimentos sujeitos a inquéritos policiais ou a processos judiciais que guardem conexão
com o evento principal objeto da apuração congressual.

VEDAÇÕES

Por uma necessidade funcional, a comissão parlamentar de inquérito não detém poderes universais de investigação.
Suas atribuições são limitadas, porque se restringem a fatos determinados. No entanto, podem existir tantas comis-
sões quantas forem necessárias para se realizar investigações recomendáveis. Os eventuais excessos da CPI serão
controlados pelo STF.

www.cers.com.br 2
A CPI não pode:

a) proibir alguém de se ausentar de determinada localidade ou de sair do país;


b) expedir decreto de indisponibilidade de bens de particular;
c) determinar a interceptação telefônica;
d) determinar busca e apreensão domiciliar de documentos e demais objetos de interesses da investigação.

PROCESSO LEGISLATIVO

É o conjunto de atos realizados pelos órgãos legislativos visando à formação das espécies normativas, previstas no
art. 59, CRFB/88. O desrespeito às normas do processo legislativo previstas na CRFB/88 terá por consequência a
declaração de sua inconstitucionalidade formal, apreciada tanto no controle difuso quanto pelo método concentrado.

INTRODUÇÃO

►►Há hierarquia entre LO e LC?


Ambas são atos normativos primários, porque extraem seu fundamento jurídico de validade diretamente da
CRFB/88. Se a norma que serve de fundamento da validade é a mesma, não existe hierarquia entre essas duas
espécies normativas. Não há grau de subordinação jurídica entre elas.

►►Diferenças entre LO e LC:


A LC é exigida para algumas matérias específicas. A CRFB/88 deve indicar expressamente quais matérias somente
podem ser disciplinadas por LC. Ex: art. 22, p. único e art. 7º, I, da CRFB/88. Quando a CRFB/88 não diz expres-
samente que deve ser LC, a matéria poderá ser disciplinada por LO. Ex: art. 5º, XXXII da CRFB/88. Também há
distinção formal com relação ao quórum, que será logo abaixo abordada.

FASES DO PROCESSO LEGISLATIVO DE ELABORAÇÃO DA LEI ORDINÁRIA E COMPLEMENTAR

a) Fase iniciadora – composta pelo ato de Iniciativa, que pode ser:

• Extraparlamentar
• Parlamentar
• Privativa/Reservada (art. 61 § 1º e art. 93 caput da CRFB/88)
• Concorrente (art. 61, caput da CRFB/88)
• Popular (art. 61 § 2º da CRFB/88)

b) Fase constitutiva

►►Deliberação parlamentar – composta pelos seguintes atos:

i. Discussão e Emendas – CCJs (art. 63, I da CRFB/88)


ii. Votação
• LO → Maioria simples/relativa
• LC → Maioria absoluta
►►Deliberação executiva – composta pelos seguintes atos:
iii. Sanção e Veto

c) Fase complementar
i. Promulgação e Publicação

►►Iniciativa Privativa
A Constituição Federal exige que algumas matérias somente possam ser reguladas por meio de leis de iniciativa
privativa de certas autoridades ou órgãos. Somente a pessoa legitimada poderá propor projeto de lei sobre aquela
matéria específica. Existe muita violação de iniciativa, o que implica na inconstitucionalidade formal da lei.

www.cers.com.br 3
Pelo princípio da simetria ou paralelismo das formas, se no plano federal cabe ao Presidente oferecer projeto de lei
sobre criação de órgão público, no plano estadual a atribuição será do Governador, e no âmbito municipal será do
Prefeito. A sanção chefe do Executivo NÃO convalida o vício de iniciativa.

O rol de iniciativas privativas não se exaure no art. 61 § 1º da CRFB/88, mas é o mais cobrado em provas:
§ 1º – São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:

I – fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;


II – disponham sobre:

a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remu-
neração;
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da adminis-
tração dos Territórios;
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentado-
ria;
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização
do Ministério Público e da Defensoria
Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração,
reforma e transferência para a reserva.

►►Iniciativa popular
O art. 61, § 2º da CRFB/88 prevê que o projeto de lei popular depende do preenchimento
de três requisitos cumulativos:
• Assinatura de 1% dos eleitores do país (equivale a aproximadamente 1 milhão e
500 mil eleitores);
• Assinaturas divididas entre 5 Estados;
• Em cada Estado, essas assinaturas devem representar 0,3% do eleitorado local.

A iniciativa popular está limitada à LO e LC; o povo não tem legitimidade para apresentar Proposta de Emenda à
Constituição.

Em regra, a casa iniciadora da votação é a Câmara dos Deputados (art. 64, da CRFB/88), que é a casa que repre-
senta o povo. Mas se a iniciativa do projeto for do Senado, haverá inversão na ordem de votação entre as casas e
o Senado ficará com o papel de casa iniciadora.

►►Discussão e Emendas
Existe no Congresso inúmeras Comissões temáticas, mas destaca‑se a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça),
que faz o controle preventivo político de constitucionalidade dos projetos de leis apresentados.

Na fase constitutiva há deliberação sobre o projeto e apresentação de emendas. As emendas são alterações ao
projeto. Quanto ao tema, é importante destacar o art. 63, inciso I da CRFB/88, que prevê:
Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista:
I – nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º;

Em princípio, projetos de lei de iniciativa privativa do Presidente podem sofrer alterações durante a tramitação,
desde que:

►►Não sejam alterações substanciais;


►►Não haja aumento de despesas, ressalvado o disposto no art. 166 § 3º e § 4º:

►►Votação

www.cers.com.br 4
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão
tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.

Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta.

Para a aprovação da Lei Complementar, a referência do cálculo é a totalidade dos membros da Casa Legislativa.
O quórum de instauração da sessão é a maioria absoluta dos membros.

O quórum para aprovação da LC também é a maioria absoluta dos membros.


Para a aprovação da Lei Ordinária, a referência para cálculo é a maioria absoluta (ou mais) dos membros da Casa
Legislativa.

►►Sanção e Veto

São atos exclusivos do Chefe do Executivo, e devem ser realizados no prazo de 15 dias úteis contados do recebi-
mento do projeto de lei. A sanção pode ser tácita ou expressa, mas o veto somente pode ser expresso. O transcurso
do prazo de 15 dias úteis sem manifestação expressa do Presidente implica na sanção tácita.

Na forma do art. 66 da CRFB/88, são características constitucionais do veto:

• irretratável;
• superável pela derrubada do Congresso Nacional;
• pode ser total ou parcial. No caso de ser parcial, não pode ser de palavra ou expressão, pois deve abranger texto
integral de artigo, inciso, alínea ou parágrafo.
• O veto pode ser material/político ou formal/jurídico. Na primeira hipótese, o Presidente veta projeto contrário ao
interesse público, e no segundo caso, contrário à CRFB/88, realizando assim controle preventivo político de consti-
tucionalidade.

►►Promulgação e Publicação

São atos do processo legislativo que recaem sobre a lei e não mais sobre o projeto.
A promulgação certifica formalmente a existência da norma, confirmando seu plano de validade. A publicação dá
notoriedade à lei, com a sua inserção no Diário Oficial. Não são atos exclusivos do Chefe do Executivo.

www.cers.com.br 5
www.cers.com.br 6

You might also like