You are on page 1of 75

Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 1

Saneamento

Professora Sueli Noriko Kariatsumari


2º. Gestão Ambiental / 2007
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 2
SANEAMENTO
PEQUENO HISTÓRICO DO SANEAMENTO

O ser humano não consegue viver longe da água que bebe e dos resíduos que produz. Essa parece ser
uma preocupação que acompanha as civilizações desde as épocas mais remotas.
Embora, com o passar dos tempos, a humanidade tenha aperfeiçoado muitas técnicas para coletar
água e afastar os detritos, o problema permanece até os dias de hoje.
Os povos primitivos utilizavam métodos simples para recolher as águas das chuvas, dos rios e dos
lagos.
Na sua fase nômade, em que mudava constantemente de lugar, o ser humano deixava restos de
alimentos e desejos acumulando-se dentro da própria habitação.
Posteriormente, quando começou a se fixar em uma mesma região, ele sentiu a necessidade de
limpar a moralidade, jogando fora os resíduos resultantes de suas atividades, que giravam em torno da caça e
da pesca.
A quantidade de detritos produzidos era insuficiente para causar alterações ambientais. Isso se deve
aos hábitos extremamente simples da população primitiva, que consumia apenas o essencial para a
sobrevivência, além, é claro, da existência de poucas pessoas na época.
A partir do momento em que a humanidade passou a desenvolver o desmatamento e a agricultura e
as agriculturas tiveram início os processos de modificação dos recursos naturais como o solo e a água. Os
locais mais propícios à plantação, criação e extração de minerais não eram mais abandonados, e as principais
aldeias foram sem formadas. O lixo, os esgotos e outros detritos começaram a acumular-se, o que favoreceu
a proliferação de ratos e insetos e a poluição dos rios. As doenças transmitidas por esses seres veículos
começaram a atingir maior número de pessoas, originando as epidemias.
Com o decorrer do tempo, as necessidades humanas e o crescimento da população passaram a exigir
quantidade cada vez maior de água e facilidade de acesso às fontes existentes. Na tentativa de evitar a
escassez, principalmente nas estações de engenharia para condução e armazenamento da água. Ao mesmo
tempo, procuravam novas fontes de suprimento até mesmo no subsolo.
O método empregado para o aproveitamento da água subterrânea foi a perfuração de poços, no inicio
rasos, mas que foram aumentando progressivamente (os chineses chegaram a extrair água de até cerca de
450 metros de profundidade).
Na América, os incas e mesmo as civilizações mais antigas já construíram numerosos sistemas de
canalizações de águas para irrigação, principalmente nas terras áridas da costa do Peru.
Os egípcios dominavam técnicas sofisticadas de irrigação do solo na agricultura e métodos de
armazenamento de líquido, pois dependiam das enchentes dório Nilo.
As construções destinadas ao transporte de água, chamadas de aquedutos, eram grandiosas,
principalmente entre os romanos. Essas obras abasteciam dezenas de termas (ou banhos públicos), muito
apreciadas pela população da época. Além disso, os aquedutos supriam os lagos e as fontes artificiais,
utilizados como decoração e lazer nos palácios e nas moradias mais requintadas. Os romanos também se
destacaram na construção de redes de esgoto e de canalizações para escoamento das águas de chuvas nas
cidades.
Por volta do ano 300 d.C., existiam em Roma mais de trezentos banhos públicos. Consumiam-se
cerca de 3 milhões de litros de água por dia. As termas eram construções sofisticadas, com piscinas de água
quente, morna ou fria, ao lado de salas para a prática de esportes e massagem.

Os hábitos de higiene na Antiguidade


As residências construídas na Antiguidade, inclusive as pertencentes à nobreza, não possuíam
sanitários. Nas cidades e no campo eram comum as pessoas evacuarem diretamente no solo. A camada mais
rica da população usava recipientes para fazer suas necessidades e em seguida descarregava o conteúdo em
local próximo das moradias. Quando chovia, as fezes eram levadas pelas enxurradas até os rios,
contaminando as águas e disseminando doenças.
Naquela época, alguns povos já aravam o solo para o plantio da lavoura, sem adotar medidas que
evitassem o transporte de terra pelas enxurradas, tornando as águas mais sujas de barro. Ainda hoje,
persistem em muitos povos os hábitos de higiene da Antiguidade. Em algumas ilhas da Indonésia, as pessoas
evacuavam diretamente nos canais que irrigam as plantações de arroz, disseminando doenças pela água.
Para tornar a água limpa antes de ser utilizada nas atividades domésticas, certa povos, principalmente
os egípcios e japoneses, filtravam o liquido em casos de porcelana.
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 3
No Egito, costumava-se armazenar água em grandes potes de barro durante aproximadamente um
ano, tempo suficiente para que a sujeira se depositasse no fundo do recipiente, resultando num liquido
transparente e potável. Os métodos utilizados pelos egípcios para depuração de água foram descobertos por
meio de inscrições e gravuras registradas em túmulos. A purificação da água também era feita pelos chineses
e japoneses com base no processo da capilaridade. O liquido era passado de uma vasilha a outra por meio de
tiras de tecido, que removiam a sujeira.
Embora ainda não se imaginasse que muitas doenças eram transmitidas por micróbios, os processos
de filtração e armazenamento removiam a maior parte dos parasitas. Assim, a pessoa que tomasse água suja
ficaria mais vulnerável às doenças. Provavelmente foi a partir dessa associação que surgiu o falso conceito,
ainda hoje aceito por pessoas desinformadas, de que águas transparentes e de bom aspecto nunca causam
moléstias.

Da idade média à sociedade industrial


Durante a Idade Média, os hábitos de higiene dos camponeses e senhores feudais eram semelhantes
àqueles praticados pelas civilizações passadas. A situação de higiene se agravou com o inicio do
desenvolvimento industrial, em meados do século XVIII, quando as fábricas de tecidos levaram os artesãos
em massa para os grandes centros urbanos.
Na Inglaterra, França, Bélgica e Alemanha, as condições de vida nas cidades eram assustadoras. As
moradias ficavam superlotadas e sem as mínimas condições de higiene. Os detritos eram acumulados em
recipientes e transferidos mensalmente para reservatórios públicos.
As áreas industriais cresciam rapidamente e os serviços de saneamento básico, como suprimento de
água e limpeza de ruas, não acompanhavam essa expansão. Em conseqüência, o período foi marcado pela
volta de graves epidemias, sobretudo do cólera e da febre tifóide, transmitidos pela água contaminada, que
fizeram milhares de vítimas.
Diante desse quadro, os governos passaram a investir muitos recursos em pesquisa na área médica.
Pasteur e outros cientistas descobriram que doenças infecciosas eram causadas por microrganismos
patogênicos. A partir de então foi possível entender os processos de transmissão de doenças pela água e
outros meios contaminados.
Inicialmente a Inglaterra e em seguida outros países europeus realizaram uma grande reforma
sanitária. Para remover as fezes e os detritos que ficavam acumulados nos edifícios, causando incômodos
terríveis, foram instaladas as descargas liquidas, semelhantes às utilizadas atualmente, transportando os
detritos para as canalizações de águas pluviais.
Embora esse mecanismo solucionasse os problemas domésticos, os esgotos eram lançados em
tamanha por toda a cidade. Ao mesmo tempo, a rápida proliferação de industrias que lançavam seus resíduos
nas águas contribuiu para agravar o problema de poluição ambiental.
Essa situação obrigou as populações a procurar soluções de sanemaneto para tratar os esgotos
sanitários e abastecer os centros urbanos com água de boa qualidade. O desenvolvimento da ciência e da
tecnologia permitiu que fontes contaminadas se tornassem potável após tratamento. Atualmente, existem
métodos diversificados para que o esgoto e o lixo não afetem a saúde e o meio ambiente.
Em toda a história da humanidade, porém, a deterioração dos recursos naturais nunca atingiu
tamanha proporção como nos dias atuais.
De acordo com dados publicados na Revista Brasileira de Sanemaneto e Meio Ambiente – BIO (Ano
XI no. 18) em 2001, a água contaminada e a ausência de saneamento matavam 12 milhões de pessoas em
todo o mundo, a maior parte delas vivendo em países em desenvolvimento. O Equador se destacava com um
dos paises da América Latina com maior quantidade de doenças ocasionadas pela falta de água potável e
contaminação de rios.

Início e evolução do Saneamento no Brasil


Os registros dos jesuítas vindo ao Brasil no século XVI exaltavam o ótimo estado de saúde dos
indígenas.
A chegada do colonizador europeu e dos africanos trazidos como escravos, no entanto, alterou a
situação existente. Os estrangeiros foram responsáveis pela introdução de várias moléstias que rapidamente
se espalham em epidemias que freqüentemente matavam os índios.
Os colonizadores trouxeram também a preocupação com os serviços de saúde pública. As leis
determinavam as medidas de higiene que deviam ser tomadas, como a limpeza de ruas e quintais.
Fontes e chafarizes foram construídos em praças publicas e serviam à distribuição de água à
população. Os escravos eram encarregados do transporte do liquido, enchendo recipientes e levando-os às
residências.
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 4
Com a vinda da Família Real portuguesa ao Brasil, em 1808, houve importante avanço nos serviços
de saneamento. Foram criadas leis que fiscalizavam os portos e evitavam a entrada de navios com pessoas
doentes. O Brasil foi um dos primeiros países do mundo a implantar redes de coleta para escoamento das
águas das chuvas. Esse sistema, porém, foi instalado somente no Rio de Janeiro e atendia à área da cidade
onde estava instalada a aristocracia.
Seguindo os costumes europeus da época, mesmo as casas mais sofisticadas aqui no Brasil eram
construídas sem sanitários. Escravos recolhiam potes e barricas cheios de fezes e levavam até os rios, onde
eram lavados para serem novamente utilizados. As condições de saúde nos centros urbanos eram piores que
as do campo e continuaram a se deteriorar. Entre 1830 e 1840 ressurgiram epidemias de cólera e tifo.
Após o término da escravatura, em 1888, não havia mais pessoas que executassem os serviços de
transporte de água e dejetos. Era necessário encontrar novas soluções, o que impôs o desenvolvimento da
tecnologia de saneamento básico no Brasil, embora muitas regiões ainda hoje não tenham sistema de
canalização de água e esgotos.

O Brasil no século XX
No final do século XIX, o Brasil era conhecido no exterior por ser um local onde proliferavam
epidemias de febre amarela, varíola e peste bubônica. As cidades eram viveiros de ratos, pernilongos e
outros vetores de doenças. Devido à gravidade da situação, o médico Emílio ribas realizou uma campanha de
combate à febre amarela em São Paulo, atacando focos do mosquito transmissor da doença.
No século XX, os ingleses vieram ao Brasil fazer investimentos, construindo principalmente estradas
de ferro em troca de recursos naturais. Como necessitavam de infra-estrutura, implantaram vários sistemas
de distribuição de água, sendo Manaus uma das primeiras cidades beneficiadas.
A partir de 1950, o incentivo ao desenvolvimento do país levou à construção de um grande número
de fábricas, que formavam às vezes verdadeiros parques industriais, especialmente na cidade de São Paulo.
Atraídas pela oferta de emprego, muitas pessoas saíram do interior para morar nas metrópoles.
O crescimento populacional acelerado, especialmente na periferia das cidades, levou ao
desmatamento progressivo das áreas onde se encontravam os reservatórios de abastecimento, poluindo suas
águas.
Os bairros dessas regiões, formados em grande parte por favelas, sem qualquer sistema de coleta de
esgoto e de recolhimento de lixo, passaram a produzir grande quantidade de detritos, lançados diretamente
nos córregos e represas. Com alternativas, foi necessário utilizar mananciais cada vez mais distantes das
metrópoles, o que exigiu obras muito caras para transportar a água às cidades.
Nessa época, poucas pessoas se preocupavam com o meio ambiente. Somente a partir de 1973 foi
criado um plano nacional. Chamado Planasa, para incentivar as obras de saneamento básico e melhorar as
condições de vida das populações. Em 1981, o país adotou também a Política Nacional de Meio Ambiente,
criando leis mais severas para evitar a deterioração dos recursos naturais.
Mesmo assim, a construção de infra-estrutura de saneamento básico para servir a população com
água potável ou recolhimento de lixo e esgoto nunca acompanhou o ritmo de crescimento das áreas urbanas.
Em conseqüência, o quadro de meio ambiente e de saúde pública no Brasil ainda apresenta sérios problemas.
De acordo com levantamentos realizados no território nacional, 1988, a cada 24 minutos em média,
uma criança morria de diarréia.
A esquistossomose, doença de ocorrência mais restrita ao Nordeste, infestou nesse mesmo ao 40
milhões de pessoas. Atualmente o cólera e a dengue constituem uma realidade em alguns estados brasileiros.

SANEAMENTO BÁSICO

Sanear é “tornar são, habitável, respirável, agradável”. Para sobreviver, o homem necessita
tornar o meio em que vive próprio para sua subsistência.
Ao longa da história, ele vem transformando a natureza pra satisfazer necessidades básicas
de alimentação e habitação. A manutenção de sua saúde e de seu bem-estar solicita-lhe, cada vez
mais, maior consciência de que conservar a natureza é condição primordial para sua sobrevivência.
Medidas de alcance coletivo que garantam o equilíbrio da natureza e da própria
sobrevivência do ser humano e de todos os recursos e elementos indispensáveis à vida humana é a
maneira mais eficaz para que o homem continue existindo e viva em harmonia com sua principal
aliada: a natureza.
Saneamento do meio:
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 5
O saneamento do meio é uma das formas de contribuir para a manutenção do equilíbrio da
natureza e, portanto, para própria sobrevivência do ser humano e de todos os recursos e elementos
indispensáveis à vida humana.
Segundo a Organização Mundial da saúde (OMS), “é a ciência e a arte de promover,
proteger e recuperar a saúde por meio de medidas de alcance coletivo e recuperar a saúde por meio
de medidas de alcance coletivo e de motivação da população”. Representa o controle de todos os
fatores do meio ambiente humano que exercem ou podem exercer efeito nocivo sobre o bem-estar
físico, mental e social do homem, devendo constituir a primeira ação da Saúde Pública.
O objetivo do saneamento básico é controlar os fatores que afetam o ambiente físico, trazem
prejuízo à saúde e reduzem a marcha de desenvolvimento da comunidade. Para tanto deve:
• Garantir o abastecimento de água potável suficiente e adequada ao consumo;
• Promover a drenagem e a disposição de águas residuais;
• Esgotos sanitários;
• Resíduos líquidos industriais;
• Águas pluviais;
• Promover acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e/ ou destino do lixo e limpeza
urbana;
• Combater a poluição das águas, do ar e do solo;
• Controlar a qualidade dos alimentos;
• Garantir o saneamento de locais de trabalho, escolar, hospitais habitações, clubes,
restaurantes, etc.;
• Sanear os meios de transporte;
• Cuidar do saneamento e do planejamento territoriais;
• Garantir saneamento nas situações de emergência: enchentes, terremotos, etc.;
• Controlar vetores (roedores e artrópodes) causadores de zoonoses;
• Controlar a poluição sonora.

Saneamento básico
O saneamento básico é a parte do saneamento do meio voltada especificamente para os
serviços de:
• Abastecimento de água;
• Disposição de esgotos sanitários;
• Acondicionamento, coleta, transporte e destinação do lixo.
Trata-se de serviços de fundamental importância para a comunidade, tendo em vista os
seguintes dados:
• Cada pessoa produz, em média, 1 kg de lixo doméstico por dia;
• Diariamente cada pessoa utiliza, em média, 150 a 200 litros de água em alimentação e
higiene (esses valores referem-se a cerca de 50% da população que tem acesso aos serviços
de abastecimento de água);
• Cada pessoa produz em termos de esgotos (dejetos, águas servidas, com detergentes e outros
poluentes) o equivalente a seu consumo diário de água.

Águas Rios e Reservatórios Informações


Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 6
A água é o elemento fundamental da vida. Seus múltiplos usos são indispensáveis a um largo
espectro das atividades humanas, onde se destacam, entre outros, o abastecimento público e industrial, a
irrigação agrícola, a produção de energia elétrica e as atividades de lazer e recreação, bem como a
preservação da vida aquática.
A crescente expansão demográfica e industrial observada nas últimas décadas trouxe como
conseqüência o comprometimento das águas dos rios, lagos e reservatórios. A falta de recursos financeiros
nos países em desenvolvimento tem agravado esse problema, pela impossibilidade da aplicação de medidas
corretivas para reverter a situação.
As disponibilidades de água doce na natureza são limitadas pelo alto custo da sua obtenção nas
formas menos convencionais, como é o caso da água do mar e das águas subterrâneas. Deve ser, portanto, da
maior prioridade, a preservação, o controle e a utilização racional das águas doces superficiais.
A boa gestão da água deve ser objeto de um plano que contemple os múltiplos usos desse recurso,
desenvolvendo e aperfeiçoando as técnicas de utilização, tratamento e recuperação de nossos mananciais.
A poluição das águas é gerada por:
efluentes domésticos (poluentes orgânicos biodegradáveis, nutrientes e bactérias);
efluentes industriais (poluentes orgânicos e inorgânicos, dependendo da atividade industrial);
carga difusa urbana e agrícola (poluentes advindos da drenagem destas áreas: fertilizantes, defensivos
agrícolas, fezes de animais e material em suspensão).
Dentre os parâmetros físico-químicos e microbiológicos que caracterizam a qualidade das águas, a
CETESB selecionou 35 com base na sua alta representatividade, e que são amostrados na Rede de
Monitoramento.
Ressalta-se que nos pontos de amostragem da Rede de Monitoramento coincidentes com captações
utilizadas para o abastecimento público, são também levantados parâmetros específicos tais como: Teste de
Ames (para avaliação de mutagenicidade), potencial de formação de THMs, absorbância no UV, Carbono
orgânico dissolvido, Giardia / Cryptosporidium, Clostridium e Estreptococos fecais. São realizadas
amostragens bimestrais, a fim de se observar as variações que ocorrem, ao longo do ano, na qualidade das
águas doces, em função, não só das atividades humanas, mas também das variações climáticas.

Monitoramento da Qualidade das Águas


São determinados 33 parâmetros físicos, químicos e microbiológicos de qualidade da água em análise em
laboratório.
Desses 33 parâmetros, nove compõem o Índice da qualidade das águas (IQA).
São eles:
. Oxigênio dissolvido (OD)
. Demanda bioquímica de oxigênio (DQO)
. Coliformes fecais
. Temperatura da água
. pH da água
. Nitrogênio total
. Fósforo total
. Sólidos totais
. Turbidez

Na sua interpretação devem ser levados em consideração fatores importantes:


A qualidade das águas muda ao longo do ano; em função de fatores meteorológicos e da eventual
sazonalidade de lançamentos poluidores e das vazões.
A medida que o rio avança, a qualidade melhora por duas causas: a capacidade de autodepuração dos
próprios rios e a diluição dos contaminantes pelo recebimento de melhor qualidade de seus afluentes. Esta
recuperação , entretanto, atinge apenas os níveis de qualidade aceitável ou boa. É muito difícil a recuperação
ser total.

Parâmetros Químicos
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 7
Oxigênio Dissolvido (OD):É um dos parâmetros mais importantes para exame da qualidade da água, pois
revela a possibilidade de manutenção de vida dos organismos aeróbios, como peixes, por exemplo. A
escassez de OD pode levar ao desaparecimento dos peixes de um determinado corpo d'água, dado que esses
organismos são extremamente sensíveis à diminuição do OD de seu meio. Pode também ocasionar mau
cheiro.

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO):É o parâmetro mais comumente utilizado para a medida do
consumo de oxigênio na água. Representa a quantidade de oxigênio do meio que é consumido pelos peixes e
outros organismos aeróbicos e que gasta de oxidação de matéria orgânica presente na água. É medida a 20º
C.

Sais minerais: São inúmeros os minerais possíveis de ocorrerem na água. O Nitrogênio e o Fósforo
dependendo de quantidade são importantes porque são responsáveis pela alimentação de algas, vegetais
superiores e outros organismos aquáticos . Em dosagens elevadas podem provocar sérios problemas sérios
problemas, como proliferação excessiva de algas, causando o fenômeno conhecido como eutrofização (boa
nutrição) de lagos e represas. Nesses casos a água tem mau cheiro, gosto desagradável e ocorre morte
generalizada de peixes.

Alguns poços em zonas rurais acumulam nitratos provocando envenenamentos em quem consome suas
águas. O consumo de água de poços deve ser feito após análise periódica de suas águas. Existem também
minerais indesejáveis que podem ocorrer nas águas e sua concentração vai limitar o uso. Por exemplo:
Alumínio, Arsínio, Bário, Berílio, Boro, Cádmio, Cobalto, Cobre, Cromo, Estanho, Lítio, Mercúrio, etc... São
produtos nocivos os metais pesados, óleos e graxas, pesticidas e herbicidas.

Principais Parâmetros Biológicos

A quantidade de matéria orgânica presente nos corpos d'água depende de uma série de fatores
incluindo todos os organismos que aí vivem, os resíduos de plantas e animais carregados para as
águas e também o LIXO e os ESGOTOS nela jogados.

Se a quantidade de matéria orgânica é muito grande a poluição das águas é alta e uma série de
processos vão ser alterados. Haverá muito alimento à disposição e conseqüentemente proliferação
dos seres vivos. Vai haver maior consumo de oxigênio que ocasionará a diminuição de Oxigênio
dissolvido provocando a mortalidade de peixes.

É difícil se restabelecer o equilíbrio se o processos poluidores não são controlados.

Os principais componentes de matéria orgânica encontrados na água são proteínas, aminoácidos,


carboidratos, gorduras, além de uréia, surfactantes e fenóis.

Os microorganismos desempenham diversas funções de fundamental importância para a qualidade


das águas. Participam das diversas transformações da matéria nos ciclos biogeoquímicos como o do
N, P, S, Hg, C e da água.

Outro aspecto de grande relevância em termos de qualidade biológica da água é a presença de


agentes patogênicos e a transmissão de doenças.

A detecção dos agentes patogênicos, principalmente bactérias, protozoários e vírus, em uma


amostra de água é extremamente difícil, em razão de suas baixas concentrações. Portanto, a
determinação da potencialidade de um corpo d'água ser portador de agentes causadores de doenças
pode ser feita de forma indireta, através dos organismos indicadores de contaminação FECAL do
grupo dos COLIFORMES.
Os coliformes estão presentes em grandes quantidades nas fezes do ser humano e dos animais de
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 8
sangue quente. A presença de coliformes na água não representa, por si só, um perigo à saúde, mas
indica a possível presença de outros organismos causadores de problemas à saúde. Os principais
indicadores de contaminação fecal são as concentrações de coliformes totais e coliformes fecais,
expressa em número de organismos por 100 ml de água.

De modo geral, nas águas para abastecimento o limite de Coliformes Fecais legalmente tolerável
não deve ultrapassar 4.000 coliformes fecais em 100 ml de água em 80% das amostras colhidas em
qualquer período do ano.
PROBLEMAS MAIS COMUNS NA ÁGUA
TURBIDEZ - A turbidez é a presença de partículas de sujeira, barro e areia, que retiram o
aspecto cristalino da água, deixando-a com uma aparência túrbida e opaca.
GOSTOS E CHEIROS ESTRANHOS - Gostos e cheiros indesejáveis, como de bolor, de
terra ou de peixe, são causados pela presença de algas, humus e outros detritos que naturalmente
estão presentes nas fontes de água como rios e lagos.
COR ESTRANHA - A presença de ferro e cobre pode deixá-la amarronzada. Além do
aspecto visual, essa água pode manchar pias e sanitários. A água que causa manchas pretas possui
partículas de manganís.
CHEIRO DE OVO PODRE - Este cheiro é causado pela presença de hidrogênio sulfídrico,
produzido por bactérias que se encontram em poços profundos e fontes de águas estagnadas por
longos períodos.
GOSTO DE FERRUGEM/GOSTO METÁLICO - O excesso de ferro e de outros metais
alteram o sabor e aparência da água. O sabor da água pode apresentar-se metálico, mesmo que
visualmente a coloração esteja normal, pois a coloração enferrujada só aparece depois de alguns
minutos em contato com o ar.
GOSTO E CHEIRO DE CLORO - O cloro é usado pelas estações de tratamento para
desinfetar a água. Porém, a presença de cloro prejudica o sabor e o cheiro da água que vai ser
utilizada para beber ou na culinária em geral.

Padrões e parâmetros de qualidade

Para realizar o controle da poluição das águas de nossos rios e reservatórios, utilizam-se os padrões de
qualidade, que definem os limites de concentração a que cada substância presente na água deve obedecer. Esses padrões
dependem da classificação das Águas Interiores, que é estabelecida segundo seus usos preponderantes, por legislação
específica, variando da Classe Especial, a mais nobre, até a Classe 4, a menos nobre.
Parâmetros de Qualidade

Alumínio Fenóis Oxigênio Dissolvido (OD)


Bário Ferro Total Ortofosfato Solúvel
Cádmio Fósforo Total pH
Chumbo Manganês Resíduo Não Filtrável
Cloreto Mercúrio Resíduo Total
Clorofila-a / Feofitina-a Microtox Surfactantes
Cobre Níquel Temperatura da Água
Coliformes Fecais Nitrogênio Amoniacal Temperatura do Ar
Coloração da Água Nitrogênio Kjeldahl Total Teste de Toxicidade Crônica
Condutividade Específica Nitrogênio Nitrato Turbidez
Cromo Total Nitrogênio Nitrito Zinco
Demanda Bioquímica de
Oxigênio
(DBO 5,20)
Demanda Química de Oxigênio
(DQO)

Controle de Qualidade da água


Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 9
O controle de qualidade físico-química da água é uma boa oportunidade para conhecer a química
quantitativa. As análises feitas se baseiam em reações de neutralização, precipitação, complexação e de oxi-
redução.
Na analise da qualidade da água são consideradas as etapas de tratamento da mesma, a qualidade da
água captada para o tratamento e também a inocuidade do produto quanto à presença de substâncias
prejudiciais à saúde.
São analisados os teores de resíduos de pesticidas organofosforados, carbamatos, etilbenzeno,
manganês, monoclorobenzeno, sulfeto de hidrogênio, surfactantes, tolueno, xileno, zinco entre outros.
O teor de alumínio e cloro residual é feito não só na água para consumo como também nas etapas de
tratamento, a saber, após clarificação e cloração respectivamente.

Tratamento convencional para obtenção de água potável


1- Gradeamento
De maneira geral, os materiais que impurificam as águas podem ser assim classificados:
a) Materiais que flutuam.
b) Materiais em suspensão: bactérias, algas e protozoários, lodos.
c) Materiais dissolvidos.
d) Colóides: matéria orgânica, sílica, resíduos industriais.
Um tratamento de água sempre se inicia com a remoção dos materiais que flutuam ou então
suspensos com o uso de grades e telas.
Grades são definidas como dispositivos foram dos de barras metálicas, paralelas, de mesma
espessura igualmente espaçadas. Destinam-se à remoção de sólidos grosseiros em suspensão, bem como
corpos flutuantes. Tendo como finalidade a proteção de dispositivos de transporte da água contra obstrução,
tais como bombas, registros e tubulações.
O espaçamento útil entre as barras é escolhido em função do tipo de material que se que deter e dos
equipamentos a proteger. Sendo assim, podemos classificá-las.

- Grades grosseiras, são instaladas à montante de bombas de grades dimensões, turbinas, etc.,
apresentam de 4 a 10 cm de espaçamento;
- Grades médias, com menor espaçamento entre as barras, normalmente 2,5 cm.
- Grades finas, apresentam espaçamento entre 1,0 a 2,0 cm.

As grades são classificadas de acordo com o modo de limpeza:


I – Grades simples, limpeza manual, inclinação de 30 a 40º com a horizontal;
II – grades mecanizadas, de limpeza mecânica, automática ou não, com inclinação de 45 a 90º. Com a
horizontal.
Em vez do uso de grades, podemos utilizar as telas de malhas largas com aproximadamente 6 cm2 de
área livre. Este tipo de grade é colocada no ponto de chagada da água, torna-se necessário uma manutenção
com a retirada dos resíduos, em geral, uma vez por semana.
As elas de malha fina em geral são feitas de arame, com malhas que variam de 0,30 a 0,80 cm2 de
área limpa. Estas telas devem ser constituídas de arames resistentes a corrosão, por exemplo, galvanizadas;
limpeza destas telas, em geral, é diária pois em função do tamanho da malha ocorre um acumulo muito
grande de resíduo.

2- Processos para retirada de sabor e odor


Entre as principais causas de gostos e odores nos suprimentos públicos de água, citamos, algas,
despejos industriais, esgoto, gases dissolvidos e matéria mineral dissolvida.
Águas com ferro e manganês, são formas solúveis que se não removidos formam óxidos
amarronzados que alteram cor e sabor da água, gás sulfidrico dissolvido provoca alteração no sabor e odor.
Dentre os compostos orgânicos produzidos por microrganismos, os mais comumente identificados como
sendo responsáveis pro problemas de odor e sabor são os compostos 2-metil-isoborneol e o geosmim, que
conferem um gosto de terra, gramíneo ou mofo à água. As níveis de nanograma já causam alterações
organolépticas na água, estes compostos estão associado a determinados microrganismos, especialmente as
algas azuis. Cita-se ainda, que compostos como 2-trans,6-cis-nonadienal e 3-cis-hexenol, também como
responsáveis pela presença de odor e sabor em águas.
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 10
Os principais métodos para a remoção de gostos e odores são:
a) aeração
b) pré-cloração
c) uso do sulfato de cobre.

a)Aeração
As águas naturais normalmente apresentam gases dissolvidos, predominando os constituintes do ar
atmosférico, como nitrogênio e oxigênio e o gás carbônico. Estamos habituados a utilizar águas com esses
gases e notamos com facilidade a ausência de oxigênio, numa água recentemente fervida e que não satisfaz
nosso paladar.
A aeração tem a finalidade proporcionar o contato do ar com água, a fim de que nesta seja efetivada
a dissolução ou o desprendimento de gases ou a intoxicação de compostos, por exemplo, ferrosos, pode
também, ser indicada para redução da corrosividade, reduzindo o teor de gás carbônico. A aeração consegue
reduzir a concentração de CO2 na água a níveis de 2 a 5 mg de CO2/L.
Como principais tipos de aeradores, citamos, os aeradores de gravidade ou de repuxo, onde a água é
exposta ao ar atmosférico e, nos aeradores de ar difuso e de ventilação forçada, faz-se o ar pela água.
Os aeradores de gravidade, podem ser em plano inclinado, escada, cascata ou tabuleiros perfurados,
onde a água desprende-se livremente para apresentar grande superfície de contato com o ar, sendo recolhido
em nível inferior.
Nos aeradores de repuxo, a água é lançada no ar, sob pressão. Os aeradores de ventilação forçada são
constituídos de tanques fechados, providos de bandejas horizontais perfurados.

b) Pré-cloração
A cloração da água bruta, em função do poder oxidante, dos derivados clorados de origem
inorgânica, como hipoclorito de sódio, hipoclorito de cálcio e cloro gás é bastante eficiente no processo de
redução de sabor e odor da água. Em geral, após o uso de uma pré-cloração, a água passa pro um leito de
carvão ativado para retirada do excesso de cloro.
Este processo tem sido questionado pois os resultados experimentais de pesquisas permitem concluir
que a desinfecção da água por meio da pré-cloração, com hipoclorito de sódio é inviável para águas de
abastecimento público, em função do elevado conteúdo de substâncias húmicas; o que leva a formação de
trihalometanos em valores superiores pela legislação pertinente.Sugere-se que este processo de desinfecção
não seja utilizado pelas estações de tratamento de água.

c) Carvão ativado
na remoção dos gostos e odores da água pelo carvão ativado, o material pode ser aplicado como pó
seco diretamente na água, em um ou mais pontos precedendo a filtração ou a sedimentação, ou a água pode
ser passada através de um leito de carvão ativado. Pode ser aplicado também acompanhando substancias
químicas do processo de tratamento, como o sulfato de alumínio.

d) Sulfato de cobre
Quando se demonstrou que algumas formas de algas são também responsáveis pelo odor e sabor das
águas, o sulfato de cobre passou a ser utilizado por sua ação algicida.
Atualmente o controle está voltado para as algas verde-azuladas. Na Holanda, onde as algas são
consideradas um dos problemas sérios, as concentrações máximas aceitas para as algas verde-azuladas é
200µg/L e 60µg/L para outros grupos de algas.
Existem quatro grupos principais de algas que são capazes de originar problemas nas águas:
- Algas verde-azuladas (Cyanophyceae);
- Diatomeas (Bacillariophyceae);
- Algas verdes (Chlorophyceae);
- Algas douradas (Chrysophyceae)

Processo de Clarificação
Os sólidos em suspensão são removidos por sedimentação simples ou sedimentação por coagulação
e filtração. Microrganismos também são removidos pelos métodos de eliminação de sólidos em suspensão,
mas ressalta-se que a redução dos microrganismos a níveis considerados seguros se obtém com o processo de
desinfecção.
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 11

a) Sedimentação simples
Num fluido em repouso e de baixa densidade, como a água, uma partícula sob a ação da gravidade,
desce verticalmente com movimento acelerado, até que a resistência do fluido se aproxime, em grandezas, da
força propulsora dessa mesma partícula. Quando isto ocorre, a partícula adquire velocidade constante,
denominada velocidade de decantação.
A velocidade de sedimentação é proporcional ao peso e tamanho da partícula. Como a capacidade de
transporte da água é proporcional à sexta potencia da velocidade da água, conclui-se que a velocidade de
sedimentação das partículas é tanto maior quanto menor for a velocidade de escoamento da água.
A sedimentação simples ocorre de maneira natural, em lagos e represas, mas é considerada como
processo preliminar, para aliviar as cargas sobre os processos subseqüentes. O problema envolvido, neste
processo, é o tempo que as partículas gastas para depositar, o que inviabiliza somente a sedimentação
simples para retirada da turbidez de um manancial para sua utilização no abastecimento público.
b) Sedimentação com uso de coagulantes
Sedimentação simples não remove cor da água. A sedimentação simples é empregada para separar
partículas suspensas com tamanho acima de 10 microns.
A maior parte das partículas e moléculas de substancias húmicas, que é a matéria mais finamente
divida, é mantida em suspensão porque possuem carga elétrica negativa, que se repelem, além do tamanho
diminuto das partículas. A carga negativa recebe o nome de potencial zeta.
A justificativa da presença das cargas negativas é devida a:
- Grupos presentes na superfície sólida podem ao reagir com a água, receber ou doar prótons.
- Óxido insolúvel na superfície, como a sílica como o grupo silanol (SiOH) pode se tornar positivo
ou negativo.
- Substâncias orgânicas podem conter grupos fenólicos fenólicos, carboxílicos e amina, liberam
prótons.
O pH é fator preponderante nas reações para formação da carga superficial da partícula sólida, ou
seja, depende do pH da água. Com o aumenta do pH diminui a concentração de prótons e o equilíbrio nas
reações desloca-se para a direita, tornando a superfície sólida mais negativa. Em pH superior a 2, a sílica
torna-se mais negativa, enquanto que os grupos carboxílico, amino e fenólico, geralmente apresentam-se
com carga negativa em valores de pH acima de 5.
- Grupos superficiais podem reagir na água com outros solutos além de prótons, vamos considerar a
sílica como um óxido representativo.
As reações de formação dos complexos, que envolvem grupos superficiais da partícula e solutos
adsorvíveis dependem do pH.
- Imperfeições na estrutura da partícula são responsáveis por parcela substancial da carga das argilas
minerais. Plaquetas de sílica tetrédrica são cruzadas por plaquetas de alumina octaédrica de modo que, se um
átomo de silício é substituído por um alumínio durante a formação da plaqueta, que resulta em carga
superficial negativa.
Também um cátion divalente, como magnésio ou ferroso pode substituir um átomo no óxido de
alumínio da estrutura octaédrica, resultando caga negativa.
O processo de clarificação de água consiste na manutenção de condições físico-químicas tais que os
sólidos suspensos na água são removidos por uma sedimentação, sendo necessário trabalhar em conjunto
com as cargas das partículas para se obter um resultado da sedimentação.
* Para clarificação das águas é necessário:
- Neutralização das cargas negativas da matéria em suspensão.
- Aglutinação das partículas, para aumentar de tamanho.
Ou seja, as substâncias coagulantes reagem com alcalinidade (natural e/ou adicionada) formando
polímeros com carga superficial atraem carga negativa dos colóides em suspensão, que formam flocos mais
densos que precipitam com uma maior velocidade.
Citam-se, como etapas do processo de sedimentação com coagulantes:
• Mistura rápida (Câmara de mistura rápida): consiste nas reações do coagulante com a água e na
formação de espécie hidrolisadas com carga positiva e depende da concentração do metal e pH final
da mistura.
• Formação do floco (Câmara de floculação): Fundamentalmente físico, consiste no transporte das
espécies hidrolisadas para que haja contanto com as impurezas presentes na água, formando
partículas maiores denominadas flocos. O processo é rápido, variando de décimos de segundo a
cerca de 100 segundos, depende de algumas características, como pH, temperatura, quantidade de
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 12
impureza. Nesta etapa há necessidade de agitação relativamente lenta, para que ocorram choques
entre as impurezas.
• Decantação ou sedimentação (decantador): a velocidade nesta etapa é ainda mais lenta para
permitir a completa deposição dos floco no fundo do decantador.

Principais agentes coagulantes


Principais substâncias químicas utilizadas como agentes floculantes
Coagulante Fórmula
Sulfato de alumínio Al2(SO4)3 .18H2O
Sulfato ferroso FeSO4 .7H2O
Sulfato férrico Fe2(SO4)3
Caparrosa clorada Fe2(SO4)3 .FeCl3
Cloreto férrico FeCl3.6H2O
Aluminato de sódio NaAl2O4
Fonte: AQUATEC

™ Sulfato de alumínio octadeca hidratado


Também chamado de alumen. Al2(SO4)3 .18H2O é o produto mais utilizado. O produto é cristalino. Para
dosagens de coagulantes compreendidos entre 3 e 30 mg/L, com pH em torno de 6,8 xiste uma região
conhecida como corona na qual o mecanismo de coagulação é devido à neutralização de carga pelo
hidróxido de alumínio positivo. Essa região é considerada ideal para a coagulação quando se tem a filtração
direta, ascendente ou descendente.
Em dosagens superiores, a um valor próximo de 30 mg/L em valores de pH de 6 a 8 tende a ocorrer
formação excessiva dos precipitados de hidróxido de alumínio, de forma que as partículas coloidais são
aprisionados nos mesmos, caracterizando o mecanismo da varredura. A coagulação realizada nesse
mecanismo é a recomendada quando se tem tratamento completo, com a coagulação, floculação e
decantação, antes da filtração, pois o flocos obtidos são facilmente removidos nos decantadores.
Ressalta-se ainda que, para águas com concentrações relativamente baixas de partículas colidais, o
que em geral, caracteriza as águas superficiais utilizadas no abastecimento público, delimita-se a dosagem de
sulfato de alumínio entre 2 e 30 mg/L e pH de coagulação de 5 a 6,8. outro aspecto importante, é que
concentrações relativamente altas de anions como fosfato, silicatos e sulfato podem impedir a reversão de
carga e a reestabilização, em águas naturais a presença do íons sulfato a níveis de 12 mg/L, tem causado este
fenômeno.
A quantidade de coagulante a se utilizada é definida no dia a dia a ETA através do teste do jarro,
onde se monitora a velocidade de agitação, pH, quantidade do produto químico, temperatura e tempo de
decantação.
O aparelho para teste do jarro consta de misturar com seis pás, cuja velocidade de rotação pode ser
ajustada a velocidade deve variar a agitação de 0,3 a 0,4 m/s, para não desintegrar o floco, maiores
velocidade tendem a dividir os flocos e retardam a decantação.

™ Sulfato ferroso hepta hidratado


Denominado de caparrosa verde, se apresenta como cristais verdes solúveis na água, o colóide que se
forma é o hidróxido férrico.
A faixa de pH, ótimo de coagulação, está entre 8,5 e 11. as quantidades são iguais ou pouco superiores
que as de sulfato de alumínio, mas a solução do sulfato ferroso é mais agressiva e uma segunda desvantagem
é ter sempre que utilizar cal para melhorar o processo de floculação.

™ Sulfato férrico
Também chamado de Ferri-floc ou ferrisol, normalmente utilizado para remover manganês, em valores de
pH acima de 9. em pH baixo é efetivo na remoção de cor; sua solução é corrosiva colocando em risco o
manipulador, a faixa de atuação está no pH 5 a 11. é dispensável na forma de material granular marron-
avermelhada, muito solúvel em água.

™ Caparrosa clorada
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 13
É obtida pela injeção de gás cloro num tubo contendo uma solução de sulfato ferroso, na proporção de 1
parte de cloro para 7,8 partes de caparrosa. Não necessita de alta alcalinidade para formação do floco. O
efeito necessita de alta alcalinidade para formação do floco. O efeito coagulante atinge uma faixa de pH que
varia de 5 a 9.

™ Cloreto férrico hexa-hidratado


Apresenta as mesmas características do sulfato férrico. A coagulação é decorrente do mecanismo de
varredura, com o pH compreendido entre 6 a 9, sendo a dosagem de cloreto férrico hexa-hidratado variando
entre 27 e 270 mg/L.

™ Aluminato de sódio
Sob certas condições o seu uso é vantajoso, porque não há necessidade de álcali adicional, é muito usado
no tratamento de águas para caldeiras. A forma comercial tem pureza de 88%.

Principais agentes coadjuvantes de floculação


É considerado todo produto que, de alguma forma, aumenta sensivelmente a performance do
processo de coagulação, quando usados em conjunto com os agentes coagulantes.
Os principais coadjuvantes são a sílica ativada e os polieletrólitos.

¾ Sílica ativada
Foi desenvolvida antes da 2ª. Segunda guerra Mundial, utiliza-se de uma solução parcialmente
neutralizada de silicato de sódio. Quando utilizada com sulfato ferros ou alumínio, aumenta o tamanho dos
flocos, que são mais densos e resistentes.
A sílica ativada tem elevada carga negativa, não deve ser utilizada em águas de caldeira, pois leva a
formação de incrustações.
A técnica de preparo da solução de sílica ativada é:
• Fazer solução de silicato de sódio em águas a 1,5%.
• Neutralizar 85% da alcalinidade da solução por meio de um ácido forte, como H2SO4 até pH 8,4.
• Deixar em repouso por uma hora.
• Agitar e diluir com água até concentração final, que varia de 0,5 a 1% como SiO2.
Existe a possibilidade desta solução se gelificar após 2 horas, logo, deve-se utilizar soluções mais
diluídas.
A quantidade de sílica a ser utilizada corresponde a faixa de 7 a 11% da dosagem de sulfato de alumínio.
Sendo que, o ponto de adição do produto será encontrado de forma experimental.

¾ Polieletrólitos
São polímeros originários de proteínas e polissacarídeos de natureza sintética ou naturais. São três
tipos: catiônico, aniônico, não-iônico, de acordo com a carga da cadeia polimérica.
Polímeros não-iônicos não são considerados polieletrólitos, mas são incluídos nesta categoria em
função da semelhança de suas aplicações. Os polieletrólitos são divididos em duas subclasses fracos e fortes.
No Brasil, em função das características das águas e sólidos suspensos são utilizados os aniônicos e não-
iônicos.
Sua ação é considerada superior a sílica além de apresentarem menor custo. Em função da floculação
é lavado em consideração a carga, o peso molecular e o grupo funcional do polímero.
Tanto os polímeros sintéticos como os naturais, representado em sua maioria pelo amido, são
considerados auxiliares de floculação e filtração. Os sintéticos são utilizados para aumentar a velocidade de
sedimentação, a resistência e na redução da dosagem do coagulante primário. Já os naturais são utilizados
para reduzir a ocorrência da transpasse dos flocos no filtro e aumentar a chamada taxa de filtração.

Processo de filtração
A filtração consiste em fazer a água atravessar uma camada de material poroso, que em função do
diâmetro dos poros, após a passagem haverá a remoção das partículas em suspensão e até a carga bacteriana
será reduzida.
Através da experiência descobriu-se que após a passagem da água através da areia, se remove
matéria em suspensão e coloidal, alguns componentes químicos são alterados e até numero de
microrganismo é reduzido.
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 14
O processo de filtração se baseia em quatro ações:
- filtração mecânica;
- sedimentação e adsorção
- efeitos elétricos;
- alterações biológicas, em menor nível.

¾ Filtração mecânica é considerada como responsável pela remoção de grandes partículas na


superfície da areia. Sendo considerado que é possível que partículas de qualquer tamanho sejam
retidas em pontos próximos ou nos pontos de contato entre grãos de areia, caso ocupem uma
linha de fluxo próxima aos pontos de contato, sendo que a remoção de partículas nestes pontos é
chamada de filtração intersticial.
Os espaços vazios entre os grãos de areia, que atuam diminutas câmaras de sedimentação, nas quais
as forças de gravidade terrestre, da atração gravitacional das partículas de matéria e a atração eletrostática
entre partículas de cargas diferentes, levam as partículas em suspensão a aderirem às paredes dos espaços
vazios, devido a camada gelatinosa previamente depositada pelas partículas que foram removidas.
Num filtro lento de areia, a maior parte da ação filtrante, ocorre numa camada delgada de areia e de
material depositado próximo ou na superfície do filtro. Em um filtro rápido de areia, a mesma ação filtrante
ocorre em todo o leito de areia, sendo que a maior parcela da ação filtrante ocorre na parte superior do filtro.
Tanto no filtro lento ou rápido, mas especialmente no filtro lento de areia, existe uma camada
gelatinosa, a filtração mecânica, a sedimentação e adsorção, os efeitos elétricos e as alterações biológicas,
ocorrem de maneira mais significantes. Esta camada é denominada schmutzdecke, que significa pele suja.

¾ Filtros de pressão
São constituídos por unidades metálicas de forma cilíndrica, hermeticamente fechadas, dentro das
quais a água se desloca de cima para baixo sob pressão. São usados quando a água aser filtrada é fornecida
sob pressão e quando a água filtrada deve ser distribuída sem bombeamento adicional, permitindo que novas
unidades são facilmente incorporadas.
Podem ser empregados para filtrar água fria ou quente, no caso da água quente, o meio filtrante deve
ser o carvão, porque a água quente, principalmente, a água alcalina quente, pode reagir com o cascalho e a
areia, contaminando a água com sílica. Quando usados em piscinas, geralmente dispensam tratamento prévio
por coágulo-sedimentação. Quando muito,o coagulante é aplicado na entrada dos filtros, em função da água
que é enviada para o filtro por recirculação é de baixa turbidez. Este tipo de filtro é preferido nas instalações
industriais em função de ocuparem pouco espaços.

¾ Filtros rápidos por gravidade


O filtro rápido é formado de uma camada de areia, e pode ainda, possuir uma outra camada de um
meio poroso mais grosso e menos denso, como o antracito, que é colocado sobre a areia, o que permite taxas
de filtração ainda maiores. Em média a taxa nominal de filtração dos filtros de uma camada, está
compreendida entre 120 e 360 m3/m2.dia
Os filtros de gravidade de grande área, como a finalidade de obter economia, podem ser subdivida
em duas câmaras, e assim, sendo, serão classificados em filtros simples e filtros duplos, em geral a área
envolvida, para os filtros simples é inferior a 70m2 e para os filtros duplos superior a 40m2.

¾ Filtros de fluxo ascendente


Os filtros de corrente ascendente, também conhecidos como filtros russos, ou clarificadores de
contato,são utilizados principalmente na antiga URSS, para clarificação de águas de baixa turbidez e de
baixo conteúdo mineral, indica-se o limite de 150 mg/L de matéria em suspensão, já incluído o valor do
coagulante aplicado.
Considera-se como maior mérito da filtração ascendente, a substituição do processo coágulo-
sedimentação completada pela filtração convencional, ou seja, basta que o coagulante seja adicionado na
água bruta na entrada do filtro. A coagulação e floculação são realizadas no meio poroso. Não sendo
necessário a formação dos flocos convencionais relativamente grandes e pesados para sedimentar
posteriormente. Há formação de micro-aglomerados de flocos que acabam por ficarem retidos na camada de
areia, por toda a sua altura; o processo leva a uma economia de 15 a 30% de reagentes.
Nos filtros de fluxo ascendente durante o processo da passagem da água ocorrem dois processos de
modo simultâneo, a remoção das partículas em suspensão na água ou dos microrganismos aglomerados
através da sua aderência aos grãos de areia e a ainda previamente presas, que estão fracamente aderidas aos
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 15
grãos de areia, efeito este provocado pelas forças hidrodinâmicas do escoamento pelo aumento da
velocidade.
Este tipo de filtro é projetado ara produzir taxas de filtração compreendidos entre 120 e 150
m3/m2.dia.

¾ Super-filtração ou dupla-filtração
Este tipo de filtro realiza com eficiência a floculação, a sedimentação e a filtração da água, reduzindo a área
física da ETA, bem como, o consumo de reagentes.
Não podem ser aplicados no tratamento de águas de qualquer recurso hídrico, pois é possível durante
o processo de filtração, em função da perda de carga, ocorra a fluidificação das camadas superiores
permitindo que impurezas e flocos retidos no topo do leito filtrante passe para o efluente, se reconhece ainda
a possibilidade de contaminação da parte superior do filtro pela própria água de lavagem.
Em função dos problemas ressaltados, surgiu a idéia de um tipo de instalação para tratamento de
água, que uni as vantagens dos clarificadores de contato e a segurança dos filtros rápidos convencionais,
surge então, os superfiltros com dupla filtração, que apresenta como vantagens o custo de instalação de área
física comparada com uma ETA tradicional, a redução da área física, facilidade de operação, menor de
consumo de reagentes.
Ressalta-se ainda que, alguns organismo patogênicos, como os cistos de Entamoeba histolitica,
alguns tipos de vírus e cercarias são resistentes à desinfecção por derivados clorados, o que transforma os
filtros numa importante barreira sanitária para produção de água para abastecimento público. Este aspecto
reforça a tese de que os filtros ascendentes tem restrições ao uso.

Desinfecção
A etapa anterior, filtração, é eficiente no processo de remoção de microrganismo da água, mas
mesmo assim, não e é suficiente para garantir a qualidade microbiológica de uma água, em função do
exposto, a desinfecção é de fundamental importância na garantia da qualidade sanitária de uma água.

Processos de desinfecção utilizados em água de abastecimento público


Existem basicamente dois processos de desinfecção o físico e o químico.
No processo físico podemos utilizar o calor e a radiação ultra-violeta. Logicamente, para produção
de água para abastecimento publico o calor fica inviabilizado em função do consumo de energia necessário
para aquecimento de uma grande quantidade de água. O processo utilizando ultra-violeta em alguns países já
tem sido utilizado para produção de água em larga escala.

¾ Ultra-violeta
A luz ultra-violeta tem sido usada para a redução de microrganismo de áreas de processamento,
laboratórios, câmaras de recicagens para microbiologia e em plástico para embalagem de leite. Para isso
usam-se lâmpadas que emitem radiação ultravioleta na faixa de comprimento de onda de 900 a 3800 A,
sendo a zona mais letal em torno de 2600 A, aproximadamente 254 nanômetros.
Encontram-se, comercialmente, dois tipos de lâmpadas especiais: lâmpadas de argônio-mercúrio,
indicadas para pequenas áreas e de mercúrio-quartzo recomendadas para instalações maiores e
funcionamento sob pressão.
O processo físico de desinfecção por exposição a radiação UV é capaz de inativar quase toso os
microrganismos encontrados em água, principalmente bactérias coliformes. Sua utilização é recente, sendo
questionada, pois atua somente à nível superficial, sua eficiência decresce com o tempo de utilização da
lâmpada e pela não manutenção de residual, o que permiti futuras recontaminações da água. Outro fator que
impede sua maior utilização é o custo, que atualmente está muito acima do cloro e do ozônio, ressalta-se que,
o UV não forma trihalometanos.

¾ Ozônio
O Ozônio (O3), uma forma alotrópica do oxigênio, não apresenta odor peculiar, é muito volátil e
pouco solúvel em água, sendo pouco estável. Em função da sua pouca estabilidade, sua produção deve
ocorrer no próprio local de utilização.
Como vantagens do ozônio são citadas:
a) redução de problemas complexos de sabor, odor e cor;
b) é um poderoso oxidante com atuação rápida sobre a matéria orgânica;
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 16
c) ação rápida sobre bactéria;
d) a não existência de riscos à saúde humana em casos de doses excessivas
e) não forma trihalometanos.

Com empecilhos aos uso mais intenso, principalmente no Brasil, citam-se:


a) É um gás venenoso, que não apresenta odor nem cor perceptível. A concentração máxima
permissível desse gás na atmosfera é de 0,1 mg/m3.Logo, necessita de mão de obra especializada
para sua manipulação.
b) Não existem técnicas analíticas suficientemente especificas ou sensíveis para o controle de seu
residual de forma imediata e eficiente após aplicação;
c) Não apresenta ação sanificante posterior;
d) Os custos operacionais, onde se incluem energia elétrica, instalação e operação são altos, em torno
de 10 a 15 vezes superiores ao do uso do cloro.
A OMS não recomenda o uso de ozônio em águas que contém brometos. Estes se oxidam para
bromatos e são considerados carcinogênicos e genotóxicos.
O sistema é proposto consiste de um gerador de ozônio, uma bomba de ar comprimido e um módulo
de filtro que fica suspenso dentro do reservatório e inclui um difusor de ozônio destinado a gerar milhões de
bolhas saturadas de ozônio.
Dentro do gerador há uma lâmpada ultravioleta de alta intensidade que simula a produção de raios
UV pelo sol. Quando o ar comprimido é bombeado através da câmara UV, o resultado é conversão parcial do
oxigênio do ar em ozônio.
A saída do gerador de ozônio é ligada diretamente ao difusor dentro do modulo de filtragem, para
gerar as bolhas saturadas de ozônio. À medida que essas atravessam a tubulação ascendente do modulo de
filtragem, o atrito das bolhas de ozônio arrastem através do filtro e da tubulação ascendente. Dessa forma, a
água exposta às pequenas bolhas de ozônio é filtrada, aumentando a capacidade de efetuar seu trabalho. À
medida que as bolhas sobem e saem da tubulação ascendente, elas continuam a subir ao longo de 2m no
reservatório, continuando o processo da absorção de ozônio e provocando a circulação de grandes
quantidades de água dentro do reservatório. Dessa forma, o sistema completo permite a purificação, filtração
e circulação contínua da água, produzindo mais de 50 000 litros de água por dia.
Segundo o fabricante o ozônio não remove nitratos, sais de sódio, sulfatos, cloretos e fluoretos, ou
seja, sólidos dissolvidos.

¾ Derivados clorados
O uso de derivados clorados, como gás cloro, hipocloritos de sódio, hipoclorito de cálcio, cloraminas
orgânicas e dióxido de cloro, tem contribuído para o controle das doenças de origem hídrica.
O uso do cloro contínuo só ocorreu a partir de 1902, na Bélgica, com o chamado refinamento da
cloração, isto é, determinação das formas de cloro combinado e livre e a cloração baseada em controles
bacteriológicas.
As indústrias de alimentos também rapidamente aderiram ao uso do cloro para melhorar a qualidade
da água que utilizavam e, também, na sanificação de pisos, paredes e utensílios. Em 1939, quando foi
recomendada o cloro como agente de sanificação de equipamentos, sua utilização já era uma prática
totalmente difundida.
A ação oxidante e sanificante do cloro é controlada pelo ácido hipocloroso, que é um produto da
hidrólise da substância clorada. O dióxido de cloro é derivado clorado que não hidrolisa em solução aquosa,
sendo que sua ação sanificante é associada somente à sua molécula.
Portanto, os compostos clorados são mais efetivos em valores d pH baixos quando a presença de
ácido HClO é dominante.
Se a amônia ou compostos amoniacais estão presentes na água, quando adiciona-se cloro são
formados compostos que apresentam ação sanificante, denominados cloraminas. Estes compostos são
resultante da reação da amônia com HClO.
A monocloramina e a dicloroamina têm função bactericida, ao contrario da tricloroamina. A
dicloramina apresenta, em certos casos, ação três vezes maior que a monocloramina. A maior ação
bactericida e explicada pela baixa constante de hidrólise da monocloramina formando pouca quantidade de
HClO.

O processo de cloração nas estações de tratamento de água (ETA)


Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 17
Quando um derivado clorado é adicionado à água ocorre, em primeiro lugar, a reação de oxidação da
matéria orgânica, que recebe o nome de demanda do cloro. Satisfeita a demanda, o derivado clorado reage
com a amônia, formando as cloraminas, que são denominadas de cloro residual combinado. Após a formação
das cloraminas, tem-se a presença do chamado cloro livre, que é constituído do ácido hipocloroso e do íon
hipoclorito.
O cloro residual total é a soma das concentrações do cloro residual livre e do cloro residual
combinado.
Há basicamente três métodos de aplicação de cloro: a cloração simples, a amônia cloração e a
cloração ao “break-point” ou “ponto de quebra”.
Na cloração simples não existe a preocupação de satisfazer a demanda, simplesmente aplica-se o
derivado clorado, que ao fim de determinado tempo de contato o residual esteja entre 0,1 e 0,2 mg/L, que é
considerado suficiente para garantia da qualidade microbiológica da água.
Se o conceito da cloração simples for mal aplicado em águas poluídas, o cloro não apresentará efeito
bactericida adequado, já que o derivado clorado será rapidamente consumido.
A amônia-cloração corresponde à adição de amônia e do derivado clorado simultaneamente. É o
processo utilizado em águas que contêm matéria orgânica na forma de fenóis, evitando a formação dos
chamados clorofenóis, que são responsáveis por odores e sabores. A escolha deste processo baseia-se no
menor poder oxidante das cloraminas, bem como na sua maior estabilidade, conseguindo manter um residual
na rede de distribuição, evitando contaminações no interior das canalizações.
Já a cloração ao “break-point”ocorre sob condições controladas, adicionando cloro até que a
demanda seja satisfeita. O cloro continua a ser adicionado até que os compostos cloro-nitrogenados também
seja oxidados, pois estes compostos são os responsáveis por sabor e odor característicos dos derivados
clorados.
O ponto em que o cloro adicionado libera somente HClO e CLO, com a finalidade somente de
desinfecção, é denominado ponto de quebra ou “break-point”.
O processo de desinfecção com a cloração ao “break-point” pode ser aplicado na pré-cloração, ou na
pós-cloração. Na pré-cloração a adição do derivado clorado faz-se antes de qualquer tratamento, ou seja,
logo após a captação da água do manancial. Na pós-cloração o derivado clorado é aplicado após o processo
de filtração, neste casos o consumo de cloro é menor, pois grande quantidade de matéria de matéria orgânica
é retirada pelo processo de clarificação (sedimentação com agentes floculantes), reduzindo a demanda do
cloro.
O dióxido de cloro tem sido largamente pesquisado para a cloração da água, principalmente na
industria de alimentos, por apresentar vantagens quando comparado aos demais compostos clorados. Possui
maior estabilidade em soluções aquosas, hidrolisa compostos fenólicos, diminuindo a possibilidade de
sabores e odores, reage com menor intensidade com a matéria orgânica, apesar de ser cerca de 2,5 vezes
maior oxidante do que o gás cloro e de apresentar boa ação esporicida. O seu uso é restrito e de apresentar
boa ação de estocagem, manuseio e de exigir capacidade técnica para sua utilização.
Deve-se ressaltar ainda, que a forma de cloração a ser utilizada para águas utilizadas no
abastecimento publico é a cloração ao break-point, sempre procurando ter apenas o cloro residual livre.
(HClO e ClO)
A presença da cloramina inorgânica deve ser sempre evitadas em águas para abastecimento publico,
pois além de originarem o cheiro irritante de cloro à água, consomem o cloro residual livre.

Eficiência do tratamento convencional


A qualidade final da água tratada depende das características do manancial que a fornece, pois
alguns compostos químicos tóxicos, sejam de origem química ou biológicas, dificilmente são removidos
pelos tratamentos convencionais. A evolução, tanto das técnicas de analise e monitoramento da água quanto
dos estudos epidemiológicos, evidenciam essa limitação do atual sistema convencional de tratamento de
água para abastecimento publico.
Segundo a OMS as toxinas liberadas pelas algas nos mananciais de abastecimento publico podem
chegar a casa do consumidor. A principal causa é o desenvolvimento das algas verde-azuladas.
As algas comprometem a água, tanto no aspecto organoléptico de sabor e odor, como aspecto
químico da presença de toxinas. Já foram identificadas mais de 13 variedade de toxinas. Estas toxinas podem
ser classificados como:
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 18
a) Hepatoxinas, causadoras de intoxicações agudas ou crônicas. Em geral de aminoácidos. As
principais fontes dessas toxinas são a algas Microcystis aeruginosas, Microcystis viridis, nodularia
spumigena e Cylindrospermopsis raciborskii, cuja toxina é alcalóide.
b) Neurotoxinas, que afetam o sistema nervoso. São alcalóides, produzidos principalmente pelas
algas Anabaena flos-aquae e Oscillatoria formosa, e por espécies do gêneros Aphanizomenon e
Cyindrospermum.
Outra preocupação da OMS se relaciona com os subprodutos da desinfecção com derivados clorado,
que são os tratamento convencional. Os relatórios da OMS recomendam atenção para a presença de 14
compostos de características cancerígenas. Como exemplo citamos, arsêncio, 1,2-dicloroetano, cloreto de
vinila, 1,3-dicloropropeno, hexaclorobenzeno, bromatos, 2,4,6-triclorofenol.

Fluoretação
Não é considerada tratamento e sim uma complementação do tratamento convencional.
Os compostos mais utilizados no processo de fluoretação são:
- fluorsilicato de amônio que apresenta cristais brancos;
- fluorita ou fluoreto de cálcio na forma de pó;
-ácido fluorsilicíco com um liquido altamente corrosivo;
- fluoreto de sódio sob a forma de pó e fluorsilicato de sódio.
Ressalta-se que níveis que variam entre 1,0 a 1,2 mg/L, são considerados ideais para se alcançar um
máximo de proteção contra as caries, sem risco de ocorrer a fluorose, que é o excesso da concentração do íon
fluoreto na água, que é responsável pelo desfiguramento do esmalte, causando manchas nos dentes.
O ideal para ingestão de flúor é de 0,56 mg/dia.

Alguns parâmetros físico-químicos e microbiológicos da Resolução 20 –


CONAMA e portaria 36 Ministério da Saúde.
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 20, de 18 de junho de 1986

Publicado no D.O.U. de 30/07/86

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições que lhe confere o art.
7º, inciso lX, do Decreto 88.351, de 1º de junho de 1983, e o que estabelece a RESOLUÇÃO CONAMA Nº
003, de 5 de junho de 1984;

Considerando ser a classificação das águas doces, salobras e salinas essencial à defesa de seus níveis de
qualidade, avaliados por parâmetros e indicadores específicos, de modo a assegurar seus usos
preponderantes;

Considerando que os custos do controle de poluição podem ser melhor adequados quando os níveis de
qualidade exigidos, para um determinado corpo d'água ou seus diferentes trechos, estão de acordo com os
usos que se pretende dar aos mesmos;

Considerando que o enquadramento dos corpos d'água deve estar baseado não necessariamente no seu
estado atual, mas nos níveis de qualidade que deveriam possuir para atender às necessidades da
comunidade;

Considerando que a saúde e o bem-estar humano, bem como o equilíbrio ecológico aquático, não devem
ser afetados como conseqüência da deterioração da qualidade das águas;

Considerando a necessidade de se criar instrumentos para avaliar a evolução da qualidade das águas, em
relação aos níveis estabelecidos no enquadramento, de forma a facilitar a fixação e controle de metas
visando atingir gradativamente os objetivos permanentes;

Considerando a necessidade de reformular a classificação existente, para melhor distribuir os usos,


contemplar as águas salinas e salobras e melhor especificar os parâmetros e limites associados aos níveis
de qualidade requeridos, sem prejuízo de posterior aperfeiçoamento ;
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 19
RESOLVE estabelecer a seguinte classificação das águas, doces, salobras e salinas do Território Nacional:

Art. 1º - São classificadas, segundo seus usos preponderantes, em nove classes, as águas doces, salobras
e salinas do Território Nacional :

ÁGUAS DOCES

1 - Classe Especial - águas destinadas:

a) ao abastecimento doméstico sem prévia ou com simples desinfecção.

b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.

ll - Classe 1 - águas destinadas:

a) ao abastecimento doméstico após tratamento simplificado;

b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho);

d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao Solo e que
sejam ingeridas cruas sem remoção de película.

e) à criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas á alimentação humana.

lll - Classe 2 - águas destinadas:

a) ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional;

b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à recreação de contato primário (esqui aquático, natação e mergulho);

d) à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas;

e) à criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à alimentação humana.

lV - Classe 3 - águas destinadas:

a) ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional;

b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;

c) à dessedentação de animais.

V - Classe 4 - águas destinadas:

a) à navegação;

b) à harmonia paisagística;

c) aos usos menos exigentes.

ÁGUAS SALINAS

VI - Classe 5 - águas destinadas:


Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 20
a) à recreação de contato primário;

b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à alimentação humana.

VII - Classe 6 - águas destinadas:

a) à navegação comercial;

b) à harmonia paisagística;

c) à recreação de contato secundário.

ÁGUAS SALOBRAS

VIII - Classe 7 - águas destinadas:

a) à recreação de contato primário;

b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à alimentação humana.

IX - Classe 8 - águas destinadas:

a) à navegação comercial;

b) à harmonia paisagística;

c) à recreação de contato secundário

Art. 2º - Para efeito desta resolução são adotadas as seguintes definições.

a) CLASSIFICAÇÃO: qualificação das águas doces, salobras e salinas com base nos usos preponderantes
(sistema de classes de qualidade).

b) ENQUADRAMENTO: estabelecimento do nível de qualidade (classe) a ser alcançado e/ou mantido em


um segmento de corpo d'água ao longo do tempo.

c) CONDIÇÃO: qualificação do nível de qualidade apresentado por um segmento de corpo d'água, num
determinado momento, em termos dos usos possíveis com segurança adequada.

d) EFETIVAÇÃO DO ENQUADRAMENTO: conjunto de medidas necessárias para colocar e/ou manter a


condição de um segmento de corpo d'água em correspondência com a sua classe.

e) ÁGUAS DOCES: águas com salinidade igual ou inferior a 0,50 %o.

f) ÁGUAS SALOBRAS: águas com salinidade igual ou inferior a 0,5 %o. e 30 %o.

g) ÁGUAS SALINAS: águas com salinidade igual ou superior a 30 %o.

Art. 3º - Para as águas de Classe Especial, são estabelecidos os limites e/ou condições seguintes:

COLIFORMES: para o uso de abastecimento sem prévia desinfecção os coliformes totais deverão estar
ausentes em qualquer amostra.

Art. 4º - Para as águas de classe 1, são estabelecidos os limites e/ou condições seguintes:
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 21
a) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;

b) óleos e graxas: virtualmente ausentes;

c) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;

d) corantes artificiais: virtualmente ausentes;

e) substâncias que formem depósitos objetáveis: virtualmente ausentes;

f) coliformes: para o uso de recreação de contato primário deverá ser obedecido o Art. 26 desta Resolução.
As águas utilizadas para a irrigação de hortaliças ou plantas frutíferas que se desenvolvam rentes ao Solo e
que são consumidas cruas, sem remoção de casca ou película, não devem ser poluídas por excrementos
humanos, ressaltando-se a necessidade de inspeções sanitárias periódicas. Para os demais usos, não
deverá ser excedido um limite de 200 coliformes fecais por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 5
amostras mensais colhidas em qualquer mês; no caso de não haver na região meios disponíveis para o
exame de coliformes fecais, o índice limite será de 1.000 coliformes totais por 100 mililitros em 80% ou mais
de pelo menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer mês.

g) DBO5 dias a 20°C até 3 mg/l O2;

h) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/lO2;

i) Turbidez até 40 unidades nefelométrica de turbidez (UNT);

j) cor: nível de cor natural do corpo de água em mg Pt/l

l) pH: 6,0 a 9,0;

m) substâncias potencialmente prejudiciais (teores máximos) :

Alumínio: 0,1 mg/l Al


Amônia não ionizável: 0,02 mg/l NH3.
Arsênio: 0,05 mg/l As
Bário: 1,0 mg/l Ba.
Berílio: 0,1 mg/l Be
Boro: 0,75 mg/l B
Benzeno : 0,01 mg/l
Benzo-a-pireno: 0,00001 mg/l
Cádmio: 0,001 mg/l Cd
Cianetos: 0,01 mg/l CN
Chumbo: 0,03 mg/l Pb
Cloretos: 250 mg/l CI
Cloro Residual: 0,01 mg/l Cl
Cobalto: 0,2 mg/l Co
Cobre: 0,02 mg/l Cu
Cromo Trivalente: 0,5 mg/l Cr
Cromo Hexavalente: 0,05 mg/l Cr
1,1 dicloroeteno : 0,0003 mg/l
1,2 dicloroetano: 0,01 mg/l
Estanho; 2,0 mg/l Sn
Índice de Fenóis: 0,001 mg/l C6H5OH
Ferro solúvel: 0,3 mg/l Fe
Fluoretos: 1,4 mg/l F
Fosfato total: 0,025 mg/l P
Lítio: 2,5 mg/l Li
Manganês: 0,1 mg/l Mn
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 22
Mercúrio: 0,0002 mg/l Hg
Níquel: 0,025 mg/l Ni
Nitrato: 10 mg/l N
Nitrito: 1,0 mg/l N
Prata: 0,01mg/l Ag
Pentaclorofenol: 0,01 mg/l
Selênio: 0,01mg/l Se
Sólidos dissolvidos totais: 500 mg/l
Substâncias tenso-ativas quereagem com o
0,5 mg/l LAS
azul de metileno :
Sulfatos: 250 mg/l SO4
Sulfetos (como H2S não dissociado): 0,002 mg/l S
Tetracloroeteno: 0,01 mg/l
Tricloroeteno: 0,03 mg/l
Tetracloreto de carbono: 0,003 mg/l
2, 4, 6 triclorofenol: 0,01 mg/l
Urânio total: 0,02 mg/l U
Vanádio: 0,1 mg/l V
Zinco: 0,18 mg/l Zn
Aldrin: 0,01 mg/l
Clordano: 0,04 µg/l
DDT; 0,002 µg/l
Dieldrin: 0,005 µg/l
Endrin: 0,004 µg/l
Endossulfan: 0,056 µg/l
Epôxido de Heptacloro: 0,01 µg/l
Heptacloro: 0,01 µg/l
Lindano (gama.BHC) 0,02 µg/l
Metoxicloro: 0,03 µg/l
Dodecacloro + Nonacloro: 0,001 µg/l
Bifenilas Policloradas (PCB'S): 0,001 µg/l
Toxafeno: 0,01 µg/l
Demeton: 0,1 µg/l
Gution: 0,005 µg/l
Malation: 0,1 µg/l
Paration: 0,04 µg/l
Carbaril: 0,02 µg/l
Compostos organofosforados e carbamatos
10,0 µg/l em Paration
totais:
2,4 - D: 4,0 µg/l
2,4,5 - TP: 10,0 µg/l
2,4,5 - T: 2,0 µg/l

Art. 5º - Para as águas de Classe 2, são estabelecidos os mesmos limites ou condições da Classe 1, à
exceção dos seguintes:

a) não será permitida a presença de corantes artificiais que não sejam removíveis por processo de
coagulação, sedimentação e filtração convencionais;

b) Coliformes: para uso de recreação de contato primário deverá ser obedecido o Art. 26 desta Resolução.
Para os demais usos, não deverá ser excedido uma limite de 1.000 coliformes fecais por 100 mililitros em
80% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer mês; no caso de não haver, na
região, meios disponíveis para o exame de coliformes fecais, o índice limite será de até 5.000 coliformes
totais por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer mês;

c) Cor: até 75 mg Pt/l


Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 23
d) Turbidez: até 100 UNT;

e) DBO5 dias a 20°C até 5 mg/l O2;

f) OD, em qualquer amostra, não inferior a 5 mg/l O2.

Art. 6º - Para as águas de Classe 3 são estabelecidos os limites ou condições seguintes:

a) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;

b) óleos e graxas: virtualmente ausentes;

c) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;

d) não será permitida a presença de corantes artificiais que não sejam removíveis por processo de coagula
ção, sedimentação e filtração convencionais;

e) substâncias que formem depósitos objetáveis: virtualmente ausentes;

f) número de coliformes fecais até 4.000 por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 5 amostras
mensais colhidas em qualquer mês; no caso de não haver, na região, meios disponíveis para o exame de
coliformes fecais, índice limite será de até 20.000 coliformes totais por 100 mililitros em 80% ou mais de
pelo menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer mês;

g) DBO5 dias a 20°C até 10 mg/l O2;

h) OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/I O2

1) Turbidez: até 100 UNT;

j) Cor: até 75 mg Pt/l;

l) pH: 6,0 a 9,0

m) Substâncias potencialmente prejudiciais (teores máximos) :

Alumínio: 0,1 mg/l Al


Arsênio: 0,05 mg/l As
Bário: 1,0 mg/l Ba
Berílio: 0,1 mg/l Be
Boro: 0,75 mg/l B
Benzeno: 0,01 mg/l
Benzo-a-pireno: 0,00001 mg/l
Cádmio: 0,01 mg/l Cd
Cianetos: 0,2 mg/l CN
Chumbo: 0,05 mg/l Pb
Cloretos: 250 mg/l Cl
Cobalto: 0,2 mg/l Co
Cobre: 0,5 mg/l Cu
Cromo Trivalente: 0,5 mg/l Cr
Cromo Hexavalente: 0,05 mg/l Cr
1,1 dicloroeteno: 0,0003 mg/l
1.2 dicloroetano: 0,01 mg/l
Estanho: 2,0 mg/l Sn
Índice de Fenóis: 0,3 mg/l C6H5OH
Ferro solúvel: 5,0 mg/l Fe
Fluoretos: 1,4 mg/l F
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 24
Fosfato total: 0,025 mg/l P
Lítio: 2,5 mg/l Li
Manganês: 0,5 mg/l Mn
Mercúrio: 0,002 mg/l Hg
Níquel: 0,025 mg/l Ni
Nitrato: 10 mg/l N
Nitrito: 1,0 mg/l N
Nitrogênio amoniacal: 1,0 mg/l N
Prata: 0,05 mg/l Ag
Pentaclorofenol: 0,01 mg/l
Selênio: 0,01mg/l Se
Sólidos dissolvidos totais: 500 mg/l
Substâncias tenso-ativas que reagem com o
0,5 mg/l LAS
azul de metileno:
Sulfatos: 250 mg/l SO4
Sulfatos (como H2S não dissociado): 0,3 mg/l S
Tetracloroetano: 0,01 mg/l
Tricloroetano: 0,03 mg/l
Tetracloreto de Carbono: 0,003 mg/l
2, 4, 6 triclorofenol: 0,01 mg/l
Urânio total: 0,02 mg/l U
Vanádio: 0,1 mg/l V
Zinco: 5,0 mg/l Zn
Aldrin: 0,03 µg/l
Clordano: 0,3 µg/l
DDT: 1,0 µg/l
Dieldrin: 0,03 µg/l
Endrin: 0,2 µg/l
Endossulfan: 150 µg/l
Epóxido de Heptacloro: 0,1 µg/l
Heptacloro: 0,1 µg/l
Lindano (gama-BHC): 3,0 µg/l
Metoxicloro: 30,0 µg/l
Dodecacloro + Nonacloro: 0,001 µg/l
Bifenilas Policloradas (PCB'S): 0,001 µg/l
Toxafeno: 5,0 µg/l
Demeton: 14,0 µg/l
Gution: 0,005 µg/l
Malation: 100,0 µg/l
Paration: 35,0 µg/l
Carbaril: 70,0 µg/l
Compostos organofosforados e carbamatos
100,0 µg/l
totais em Paration:
2,4 - D: 20,0 µg/l
2,4,5 - TP: 10,0 µg/l
2,4,5 - T: 2,0 µg/l

Art. 7º - Para as águas de Classe 4, são estabelecidos os limites ou condições seguintes:

a) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;

b) odor e aspecto: não objetáveis;

c) óleos e graxas: toleram-se iridicências;


Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 25
d) substâncias facilmente sedimentáveis que contribuam para o assoreamento de canais de navegação:
virtualmente ausentes;

e) índice de fenóis até 1,0 mg/l C6H5OH ;

f) OD superior a 2,0 mg/l O2, em qualquer amostra;

g) pH: 6 a 9.

ÁGUAS SALINAS

Art. 8º - Para as águas de Classe 5, são estabelecidos os limites ou condições seguintes:

a) materiais flutuantes: virtualmente ausentes;

b) óleos e graxas: virtualmente ausentes;

c) substâncias que produzem odor e turbidez: virtualmente ausentes;

d) corantes artificiais: virtualmente ausentes;

e) substâncias que formem depósitos objetáveis: virtualmente ausentes;

f) coliformes: para o uso de recreação de contato primário deverá ser obedecido o Art. 26 desta Resolução.
Para o uso de criação natural e/ou intensiva de espécies destinadas à alimentação humana e que serão
ingeridas cruas, não deverá ser excedida uma concentração média de 14 coliformes fecais por 100 mililitros,
com não mais de 10% das amostras excedendo 43 coliformes fecais por 100 mililitros. Para os demais usos
não deverá ser excedido um limite de 1,000 coliformes fecais por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo
menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer mês; no caso de não haver, na região, meios disponíveis
para o exame de coliformes fecais, o índice limite será de até 5,000 coliformes totais por 100 mililitros em
80% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer mês;

g) DBO5 dias a 20°C até 5 mg/l O2 ;

h) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/l O2 ;

i) pH: 6,5 à 8,5, não devendo haver uma mudança do pH natural maior do que 0,2 unidade;

j) substâncias potencialmente prejudiciais (teores máximos) :

Alumínio: 1,5 mg/l AI


Amônia não ionizável: 0,4 mg/l NH3
Arsênio: 0,05 mg/l As
Bário: 1,0 mg/l Ba
Berílio: 1,5 mg/l Be
Boro: 5,0 mg/l B
Cádmio: 0,005 mg/l Cd
Chumbo: 0,01 mg/l Pb
Cianetos: 0,005 mg/l CN
Cloro residual: 0,01 mg/l Cl
Cobre: 0,05 mg/l Cu
Cromo hexavalente: 0,05 mg/l Cr
Estanho: 2,0 mg/l Sn
Índice de fenóis: 0,001 mg/l C6H5OH
Ferro: 0,3 mg/l Fe
Fluoretos: 1,4 mg/l F
Manganês: 0,1 mg/l Mn
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 26
Mercúrio: 0,0001 mg/l Hg
Níquel: 0,1 mg/l Ni
Nitrato: 10,0 mg/l N
Nitrito: 1,0 mg/ N
Prata: 0,005 m/l Ag
Selênio: 0,01 mg/l Se
Substâncias tensoativas que reagem com o
0,5 mg/l - LAS
azul de metileno:
Sulfetos com H2S: 0,002 mg/l S
Tálio: 0,1 mg/l Tl
Urânio Total: 0,5 mg/l U
Zinco: 0,17 mg/l Zn
Aldrin: 0,003 µg/l
Clordano: 0,004 µg/l
DDT: 0,001 µg/l
Demeton: 0,1 µg/l
Dieldrin: 0,003 µg/l
Endossulfan: 0,034 µg/l
Endrin: 0,004 µg/l
Epóxido de Heptacloro: 0,001 µg/l
Heptacloro: 0,001 µg/l
Metoxicloro: 0,03 µg/l
Lindano (gama - BHC): 0,004 µg/l
Dodecacloro + Nonadoro: 0,001 µg/l
Gution: 0,01 µg/l
Malation: 0,1 µg/l
Paration: 0,04 µg/l
Toxafeno: 0,005 µg/l
Compostos organofosforados e carbamatos
10,0 µg/l em Paration
totais:
2,4 .- D: 10,0 µg/l
2, 4, 5 - TP: 10,0 µg/l
2, 4, 5 - T 10,0 µg/l

Art. 9º - Para as águas de Classe 6, são estabelecidos os limites ou condições seguintes:

a) materiais flutuantes; virtualmente ausentes:

b) óleos e graxas: toleram-se iridicências;

c) substâncias que produzem odor e turbidez: virtualmente ausentes;

d) corantes artificiais: virtualmente ausentes;

e) substâncias que formem depósitos objetáveis: virtualmente ausentes;

f) coliformes: não deverá ser excedido um limite de 4,000 coliformes fecais por 100 ml em 80% ou mais de
pelo menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer mês; no caso de não haver na região meio
disponível para o exame de coliformes fecais, o índice limite será de 20.000 coliformes totais por 100
mililitros em 80% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer mês;

g) DBO5 dias a 20°C até 10 mg/l O2

h) OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/l O2;

i) pH: 6,5, a 8,5, não devendo haver uma mudança do pH natural maior do que 0,2 unidades;
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 27
ÁGUAS SALOBRAS

Art. 10 - Para as águas de Classe 7, são estabelecidos os limites ou condições seguintes:

a) DBO5 dias a 20°C até 5 mg/l O2;

b) OD, em qualquer amostra, não inferior a 5 mg/l O2;

c) pH: 6,5 a 8,5

d) óleos e graxas: virtualmente ausentes:

e) materiais flutuantes: virtualmente ausentes;

f) substâncias que produzem cor, odor e turbidez: virtualmente ausentes;

g) substâncias que formem depósitos objetáveis: virtualmente ausentes;

h) coliformes; para uso de recreação de contato primário deverá ser obedecido o Art. 26 desta Resolução,
Para o uso de criação natural e/ou intensiva de espécies destinadas à alimentação humana e que serão
ingeridas cruas, não deverá ser excedido uma concentração média de 14 coliformes fecais por 100 mililitros
com não mais de 10% das amostras excedendo 43 coliformes fecais por 100 mililitros. Para os demais usos
não deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes fecais por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo
menos 5 amostras mensais, colhidas em qualquer mês; no caso de não haver na região, meios disponíveis
para o exame de coliformes fecais, o índice limite será de até 5.000 coliformes totais por 100 mililitros em
80% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais, colhidas em qualquer mês;

i) substâncias potencialmente prejudiciais (teores máximos) ;

Amônia: 0,4 mg/l NH3


Arsênio: 0,05 mg/l As
Cádmio: 0,005 mg/l Cd
Cianetos: 0,005 mg/l CN
Chumbo: 0,01 mg/l Pb
Cobre: 0,05 mg/l Cu
Cromo hexavalente: 0,05 mg/l Cr
Índice de fenóis: 0,001 mg/l C6H5OH
Fluoretos: 1,4 mg/l F
Mercúrio: 0,0001 mg/l Hg
Níquel: 0,1 mg/l Ni
Sulfetos como H2S: 0,002 mg/l S
Zinco: 0,17 mg/l Zn
Aldrin: 0,003 µg/l
Clordano: 0,004 µg/l
DDT: 0,001 µg/l
Demeton: 0,1 µg/l
Dieldrin: 0,003 µg/l
Endrin: 0,004 µg/l
Endossulfan: 0,034 µg/l
Epóxido de heptacloro: 0,001 µg/l
Gution: 0,01 µg/l
Heptacloro: 0,001 µg/l
Lindano (gama . BHC): 0,004 µg/l
Malation: 0,1 µg/l
Metoxicloro: 0,03 µg/l
Dodecacloro + Nonacloro: 0,001 µg/l
Paration: 0,04 µg/l
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 28
Toxafeno: 0,005 µg/l
Compostos organofosforados e carbamatos
10,0 µg/l em Paration
totais:
2,4 - D: 10,0 µg/l
2, 4, 5 - T: 10,0 µg/l
2, 4, 5 - TP: 10,0 µg/l

Art.11 - Para as águas de Classe 8, são estabelecidos os limites ou condições seguintes:

a) pH: 5 a 9

b) OD, em qualquer amostra, não inferior a 3,0 mg/l O2;

c) óleos e graxas: toleram-se iridicências;

d) materiais flutuantes: virtualmente ausentes;

e) substâncias que produzem cor, odor e turbidez: virtualmente ausentes;

f) substâncias facilmente sedimentáveis que contribuam para o assoreamento de canais de navegação:


virtualmente ausentes;

g) coliformes: não deverá ser excedido um limite de 4.000 coliformes fecais por 100 ml em 80% ou mais de
pelo menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer mês; no caso de não haver, na região, meios
disponíveis para o exame de coliformes recais, o índice será de 20.000 coliformes totais por 100 mililitros
em 80% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer mês;

Art. 12 - Os padrões de qualidade das águas estabelecidos nesta Resolução constituem-se em limites
individuais para cada substância. Considerando eventuais ações sinergéticas entre as mesmas, estas ou
outras não especificadas, não poderão conferir às águas características capazes de causarem efeitos letais
ou alteração de comportamento, reprodução ou fisiologia da vida.

§ 1º - As substâncias potencialmente prejudiciais a que se refere esta Resolução, deverão ser investigadas
sempre que houver suspeita de sua presença,

§ 2º - Considerando as limitações de ordem técnica para a quantificação dos níveis dessas substâncias, os
laboratórios dos organismos competentes deverão estruturar-se para atenderem às condições propostas.
Nos casos onde a metodologia analítica disponível for insuficiente para quantificar as concentrações dessas
substâncias nas águas, os sedimentos e/ou biota aquática deverão ser investigados quanto a presença
eventual dessas substâncias.

Art. 13 - Os limites de DBO, estabelecidos para as Classes 2 e 3, poderão ser elevados, caso o estudo da
capacidade de autodepuração do corpo receptor demonstre que os teores mínimos de OD, previstos, não
serão desobedecidos em nenhum ponto do mesmo, nas condições críticas de vazão (Qcrit. = Q 7,10, onde Q
7.10, é a média das mínimas de 7 (sete) dias consecutivos em 10 (dez) anos de recorrência de cada seção
do corpo receptor).

Art. 14 - Para os efeitos desta Resolução, consideram-se entes, cabendo aos órgãos de controle ambiental,
quando necessário, quantificá-los para cada caso.

Art. 15 - Os órgãos de controle ambiental poderão acrescentar outros parâmetros ou tornar mais restritivos
os estabelecidos nesta Resolução, tendo em vista as condições locais.

Art. 16 - Não há impedimento no aproveitamento de águas de melhor qualidade em usos menos exigentes,
desde que tais usos não prejudiquem a qualidade estabelecida para essas águas.

Art. 17 - Não será permitido o lançamento de poluentes nos mananciais sub-superficiais.


Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 29
Art. 18 - Nas águas de Classe Especial não serão tolerados lançamentos de águas residuárias, domésticas
e industriais, lixo e outros resíduos sólidos, substâncias potencialmente tóxicas, defensivos agrícolas,
fertilizantes químicos e outros poluentes, mesmo tratados. Caso sejam utilizadas para o abastecimento
doméstico deverão ser submetidas a uma inspeção sanitária preliminar.

Art. 19 - Nas águas das Classes 1 a 8 serão tolerados lançamentos de desejos, desde que, além de
atenderem ao disposto no Art. 21 desta Resolução, não venham a fazer com que os limites estabelecidos
para as respectivas classes sejam ultrapassados.

Art. 20 - Tendo em vista os usos fixados para as Classes, os órgãos competentes enquadrarão as águas e
estabelecerão programas de controle de poluição para a efetivação dos respectivos enquadramentos,
obedecendo ao seguinte:

a) o corpo de água que, na data de enquadramento, apresentar condição em desacordo com a sua classe
(qualidade inferior à estabelecida,), será objeto de providências com prazo determinado visando a sua
recuperação, excetuados os parâmetros que excedam aos limites devido às condições naturais;

b) o enquadramento das águas federais na classificação será procedido pela SEMA, ouvidos o Comitê
Especial de Estudos Integrados de Bacias Hidrográfica; - CEEIBH e outras entidades públicas ou privadas
interessadas;

c ) o enquadramento das águas estaduais será efetuado pelo órgão estadual competente, ouvidas outras
entidades públicas ou privadas interessadas;

d) os órgão competentes definirão as condições especificas de qualidade dos corpos de água intermitentes;

e) os corpos de água já enquadrados na legislação anterior, na data da publicação desta Resolução, serão
objetos de reestudo a fim de a ela se adaptarem;

f) enquanto não forem feitos os enquadramentos, as águas doces serão consideradas Classe 2, as salinas
Classe 5 e as salobras Classe 7, porém, aquelas enquadradas na legislação anterior permanecerão na
mesma classe até o reenquadramento;

g) os programas de acompanhamento da condição dos corpos de água seguirão normas e procedimentos a


serem estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.

Art. 21 - Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou indiretamente,
nos corpos de água desde que obedeçam às seguintes condições:

a) pH entre 5 a 9;

b) temperatura : inferior a 40°C, sendo que a elevação de temperatura do corpo receptor não deverá
exceder a 3°C;

c) materiais sedimentáveis: até 1 ml/litro em teste de 1 hora em cone Imhoff. Para o lançamento em lagos e
lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula, os materiais sedimentáveis deverão estar
virtualmente ausentes;

d) regime de lançamento com vazão máxima de até 1,5 vezes a vazão média do período de atividade diária
do agente poluidor;

e) óleos e graxas:

- óleos minerais até 20 mg/l

- óleos vegetais e gorduras animais até 50 mg/l;

f) ausência de materiais flutuantes;


Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 30
g) valores máximos admissíveis das seguintes substâncias:

Amônia: 5,0 mg/l N


Arsênio total: 0,5 mg/l As
Bário: 5,0 mg/ Ba
Boro: 5,0 mg/l B
Cádmio: 0,2 mg/l Cd
Cianetos: 0,2 mg/l CN
Chumbo: 0,5 mg/l Pb
Cobre: 1,0 mg/l Cu
Cromo hexavelente: 0,5 mg/l Cr
Cromo trivalente: 2,0 mg/l Cr
Estanho: 4,0 mg/l Sn
Índice de fenóis: 0,5 mg/l C6H5OH
Ferro solúvel: 15,0 mg/l Fe
Fluoretos: 10,0 mg/l F
Manganês solúvel: 1,0 mg/l Mn
Mercúrio: 0,01 mg/l Hg
Níquel: 2,0 mg/l Ni
Prata: 0,1 mg/l Ag
Selênio: 0,05 mg/l Se
Sulfetos: 1,0 mg/l S
Sulfito: 1,0 mg/l S03
Zinco: 5,0 mg/l Zn
Compostos organofosforados e carbonatos
1,0 mg/l em Paration
totais:
Sulfeto de carbono: 1,0 mg/l
Tricloroeteno: 1,0 mg/l
Clorofórmio : 1,0 mg/l
Tetracloreto de Carbono: 1,0 mg/l
Dicloroeteno: 1,0 mg/l
Compostos organoclorados não listados acima
0,05 mg/l
(pesticidas, solventes, etc):
outras substâncias em concentrações que poderiam ser prejudiciais: de acordo com limites a
serem fixados pelo CONAMA.

h) tratamento especial, se provierem de hospitais e outros estabelecimentos nos quais haja despejos
infectados com microorganismos patogênicos.

Art. 22 - Não será permitida a diluição de efluentes industriais com aluas não poluídas, tais como água. de
abastecimento, água de mar e água de refrigeração.

Parágrafo Único - Na hipótese de fonte de poluição geradora de diferentes despejos ou emissões


individualizadas, os limites constantes desta regulamentação aplicar-se-ão a cada um deles ou ao conjunto
após a mistura, a critério do órgão competente.

Art. 23 - Os efluentes não poderão conferir ao corpo receptor características em desacordo com o seu
enquadramento nos termos desta Resolução.

Parágrafo Único - Resguardados os padrões de qualidade do corpo receptor, demonstrado por estudo de
impacto ambiental realizado pela entidade responsável pela emissão, o competente poderá autorizar
lançamentos acima dos limites estabelecidos no Art. 21, fixando o tipo de tratamento e as condições para
esse lançamento.

Art. 24 - Os métodos de coleta e análise« das águas devem ser os especificados nas normas aprovadas
pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial - INMETRO ou, na ausência
delas, no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater APHA-AWWA-WPCF, última
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 31
edição, ressalvado o disposto no Art. 12. O índice de fenóis deverá ser determina do conforme o método
510 B do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 16ª edição, de 1985.

Art. 25 - As indústrias que, na data da publicação desta Resolução, possuírem instalações ou projetos de
tratamento de seus despejos, aprovados por órgão integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente -
SISNAMA. que atendam à legislação anteriormente em vigor, terão prazo de três (3) anos, prorrogáveis até
cinco (5) anos, a critério do Estadual Local, para se enquadrarem nas exigências desta Resolução. No
entanto, as citadas instalações de tratamento deverão ser mantidas em operação com a capacidade,
condições de funcionamento e demais características para as quais foram aprovadas, até que se cumpram
as disposições desta Resolução.

BALNEABILIDADE

Art. 26 - As águas doces, salobras e salinas destinadas à balneabilidade (recreação de contato primário)
serão enquadradas e terão sua condição avaliada nas categorias EXCELENTE, MUITO BOA.
SATISFATÔRIA e IMPRÓPRIA, da seguinte forma:

a) EXCELENTE (3 estrelas) : Quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma
das 5 semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo, 250 coliformes fecais por l,00
mililitros ou 1.250 coliformes totais por 100 mililitros;

b) MUITO BOAS (2 estrelas): Quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma
das 5 semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo, 500 coliformes fecais por 100
mililitros ou 2.500 coliformes totais por 100 mililitros;

c) SATISFATÓRIAS (1 estrela): Quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada


uma das 5 semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo 1.000 coliformes recais por
100 mililitros ou 5.000 coliformes totais por 100 mililitros;

d) IMPRÓPRIAS: Quando ocorrer, no trecho considerado, qualquer uma das seguintes circunstâncias:

1. não enquadramento em nenhuma das categorias anteriores, por terem ultrapassado os índices
bacteriológicos nelas admitidos;

2. ocorrência, na região, de incidência relativamente elevada ou anormal de enfermidades transmissíveis


por via hídrica, a critério das autoridades sanitárias;

3. sinais de poluição por esgotos, perceptíveis pelo olfato ou visão;

4. recebimento regular, intermitente ou esporádico, de esgotos por intermédio de valas, corpos d'água ou
canalizações, inclusive galerias de águas pluviais, mesmo que seja de forma diluída;

5. presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive óleos, graxas e outras substâncias,
capazes de oferecer riscos à saúde ou tornar desagradável a recreação;

6. pH menor que 5 ou maior que 8,5 ;

7. presença, na água, de parasitas que afetem o homem ou a constatação da existência de seus


hospedeiros intermediários infectados;

8. presença, nas águas doces, de moluscos transmissores potenciais de esquistossomo, caso em que os
avisos de interdição ou alerta deverão mencionar especificamente esse risco sanitário;

9. outros fatores que contra-indiquem, temporariamente ou permanentemente, o exercício da recreação de


contato primário.

Art. 27 - No acompanhamento da condição das praias ou balneários as categorias EXCELENTE, MUITO


BOA e SATISFATÓRIA poderão ser reunidas numa única categoria denominada PRÓPRIA.
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 32
Art. 28 - Se a deterioração da qualidade das praias ou balneários ficar caracterizada como decorrência da
lavagem de vias públicas pelas águas da chuva, ou como conseqüência de outra causa qualquer, essa
circunstância deverá ser mencionada no Boletim de condição das praias e balneários.

Art. 29 - A coleta de amostras será feita, preferencialmente, nos dias de maior afluência do público às praias
ou balneários.

Art. 30 - Os resultados dos exames poderão, também, se referir a períodos menores que 5 semanas, desde
que cada um desses períodos seja especificado e tenham sido colhidas e examinadas, pelo menos, 5
amostras durante o tempo mencionado.

Art. 31 - Os exames de colimetria, previstos nesta Resolução, sempre que possível, serão feitos para a
identificação e contagem de coliformes fecais, sendo permitida a utilização de índices expressos em
coliformes totais, se a identificação e contagem forem difíceis ou impossíveis.

Art. 32 - À beira mar, a coleta de amostra para a determinação do número de coliformes fecais ou totais
deve ser, de preferência, realizada nas condições de maré que apresentem, costumeiramente, no local,
contagens bacteriológicas mais elevadas.

Art. 33 - As praias e outros balneários deverão ser interditados se o órgão de controle ambiental, em
qualquer dos seus níveis (Municipal, Estadual ou Federal), constatar que a má qualidade das águas de
recreação primária justifica a medida.

Art. 34 - Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, sempre que houver uma afluência ou extravasamento
de esgotos capaz de oferecer sério perigo em praias ou outros balneários, o trecho afetado deverá ser
sinalizado, pela entidade responsável, com bandeiras vermelhas constando a palavra POLUÍDA em cor
negra.

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 35 - Aos órgãos de controle ambiental compete a aplicação desta Resolução, cabendo-lhes a
fiscalização para o cumprimento da legislação, bem como a aplicação das penalidades previstas, inclusive a
interdição de atividades industriais poluidoras.

Art. 36 - Na inexistência de entidade estadual encarregada do controle ambiental ou se, existindo,


apresentar falhas, omissões ou prejuízo sensíveis aos usos estabelecidos para as águas, a Secretaria
Especial do Meio Ambiente poderá agir diretamente, em caráter supletivo.

Art. 37 - Os estaduais de controle ambiental manterão a Secretaria Especial do Meio Ambiente informada
sobre os enquadramentos dos corpos de água que efetuarem, bem como das normas e padrões
complementares que estabelecerem.

Art. 38 - Os estabelecimentos industriais, que causam ou possam causar poluição das águas, devem
informar ao órgão de controle ambiental, o volume e o tipo de seus efluentes, os equipamentos e
dispositivos antipoluidores existentes, bem como seus planos de ação de emergência, sob pena das
sanções cabíveis, ficando o referido órgão obrigado a enviar cópia dessas informações ao IBAMA, à STI
(MIC), ao IBGE (SEPLAN) e ao DNAEE (MME).

Art. 39 - Os Estados, Territórios e o Distrito Federal, através dos respectivos órgãos de controle ambiental,
deverão exercer sua atividade orientadora, fiscalizadora e punitiva das atividades potencialmente poluidoras
instaladas em seu território, ainda que os corpos de água prejudicados não sejam de seu domínio ou
jurisdição.

Art. 40 - O não cumprimento ao disposto nesta Resolução acarretará aos infratores as sanções previstas na
Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e sua regulamentação pelo Decreto nº 88.351, de 01 de junho de
1983.

Art. 41 - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 33
Deni Lineu Schwartz
Presidente

pH e alcalinidade
O termo pH (potencial hidrogeniônico) é usado universalmente para expressar o grau de acidez
ou basicidade de uma solução, ou seja, é o modo de expressar a concentração de íons de hidrogênio nessa
solução. A escala de pH é constituída de uma série de números variando de 0 a 14, os quais denotam
vários graus de acidez ou alcalinidade. Valores abaixo de 7 e próximos de zero indicam aumento de
acidez, enquanto valores de 7 a 14 indicam aumento da basicidade.
As medidas de pH são de extrema utilidade, pois fornecem inúmeras informações a respeito
da qualidade da água. As águas superficiais possuem um pH entre 4 e 9. As vezes são ligeiramente
alcalinas devido à presença de carbonatos e bicarbonatos. Naturalmente, nesses casos, o pH reflete
o tipo de solo por onde a água percorre. Em lagoas com grande população de algas, nos dias
ensolarados, o pH pode subir muito, chegando a 9 ou até mais. Isso porque as algas, ao realizarem
fotossíntese, retiram muito gás carbônico, que é a principal fonte natural de acidez da água.
Geralmente um pH muito ácido ou muito alcalino está associado à presença de despejos industriais.
A determinação do pH é feita através do método eletrométrico, utilizando-se para isso um
peagâmetro digital.
A alcalinidade representa a capacidade que um sistema aquoso tem de neutralizar
(tamponar) ácidos a ele adicionados. Esta capacidade depende de alguns compostos, principalmente
bicarbonatos, carbonatos e hidróxidos. A alcalinidade é determinada através da titulação.
A importância do conhecimento das concentrações deste íon permite a definição de dosagens de
agentes floculantes, fornece informações sobre as características corrosivas ou incrustantes da água
analisada.
Todos os íon causadores da alcalinidade tem características básica, sendo assim reagente
quimicamente com soluções ácidas, ocorrendo a reação de neutralização.
Para determinação final da reação de neutralização iremos utilizar um indicador, na análise de
alcalinidade utilizaremos dois indicadores, com pontos de viragem em função das diversas formas de
alcalinidade.

pH > 9,4 = hidróxidos e carbonatos

8,3 < pH < 9,4 = carbonatos e bicarbonatos


4,4 < pH < 8,4 = apenas bicarbonatos

Não é possível a coexistência das três formas de alcalinidade numa mesma amostra, em função da
reação química do íon bicarbonato com o íon hidróxido, o íon bicarbonato age como se fosse um acido fraco
na presença de uma base forte:

HCO3- + OH- -------Æ H2O + CO32-

Para quantificação dos íons OH- e CO32-, o indicador mais utilizado é a fenolftaleína, sua
faixa pH de atuação é de 8,3 a 9,8, em pH menor que 8,3 não apresenta coloração (incolor)
enquanto acima de 8,3 assume a cor rosa.
Na quantificação dos íons HCO3-, podem ser utilizados os seguintes indicadores:
- Metilorange, cuja faixa de pH de atuação varia de 3,1 a 4,6, acima de 3,1 apresenta coloração
vermelha e abaixo de 3,1 assume a cor laranja.
- Vermelho de metila: faixa de pH de atuação varia de 4,4 a 6,2, acima de 4,4 apresenta coloração
amarela e abaixo de 4,4 assume a cor vermelha.
- Indicador misto: constituído de vermelho de metila e de verde de bromocresol, solubilizados em
álcool etílico ou isopropílico, que passa da cor azul para a cor salmão.
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 34
A presença de cloro residual influencia na coloração dos indicadores, torna-se necessário a
utilização de uma solução de uma solução de tiossulfato de sódio, para inativação do residual de
cloro.
Os indicadores quando adicionamos à amostra apresentam colorações que indicam a
presença ou não de um ou mais tipos de alcalinidade.

Ao adicionarmos fenolftaleína à amostra, surgindo uma coloração rosa, significa a possibilidade da


presença de hidróxido, ou de carbonato, ou hidróxido/carbonato simultaneamente na amostra de água. A
alcalinidade à fenolftaleína será quantificada utilizando um ácido de concentração conhecida, que adicionado
quantitativamente à amostra neutralizara a alcalinidade presente, mudando a cor de rosa para incolor.

Se após a adição de fenolftaleína a amostra se mantiver incolor, afirmamos que a alcalinidade à


fenolftaleína é igual a zero.

Após o teste de alcalinidade a fenolftaleína, iremos testar a presença de alcalinidade ao metilorange


(ou vermelho de metila). Quando se utiliza o metilorange, caso a amostra tome a coloração laranja ou
avermelhada a alcalinidade ao metilorange é zero. Se a amostra apresenta coloração amarela, iremos avaliar
a alcalinidade ao metilorange com o mesmo ácido utilizado na quantificação da alcalinidade à fenolftaleína.

Ao se iniciar a adição de solução ácida, irá ocorrer primeiro a reação com o íon mais básico e a
seguir com os mais fracos. Sendo a ordem de basicidade: hidróxido, carbonato e bicarbonato; teremos:

H2SO4 + 2 OH- --------Æ 2 H2O + SO42-

H2SO4 + 2CO32- -------Æ 2 HCO3- + SO42-

H2SO4 + 2 HCO3- -----Æ 2 H2O + SO42- + 2 CO2

Ressalta-se que a neutralização do carbonato não é completa passando primeiro a bicarbonato, sendo
necessário levar em conta este aspecto nos cálculos estequiométricos.

Com relação ao comportamento do carbonato podemos afirmar que metade da sua concentração será
titulada com a fenolftaleína e a outra metade da sua concentração será titulada com o metilorange.

Alcalinidade (Alcalinidade Hidróxida OH)


Alcalinidade de hidróxidos ou causticidade é uma componente da alcalinidade total devida, exclusivamente,
à presença de íons OH-(hidroxila). Não se deve confundir Alcalinidade com a medida de íons H+ ou OH-
livres. Estes são realizados através da determinação de pH. A Alcalinidade não é normalmente encontrada
em águas naturais, podendo ser adicionada sob a forma de produtos cáusticos.

Alcalinidade Parcial (Alcalinidade P)


É determinada por titulação com ácido forte em presença de fenolftaleína (v. alcalinidade total). É
geralmente composta por íons carbonato (CO32-) e bicarbonato (HCO3-), agindo como um estabilizador do
valor de pH. Alcalinidades, ph e Dureza afetam a toxicidade de várias substancias na água.

Alcalinidade Total (Alcalinidade M)


A alcalinidade da água é uma medida de sua capacidade em reagir com ácidos fortes para atingir
determinado valor de pH. A alcalinidade da água natural é, tipicamente, uma combinação de íons
bicarbonato (HCO3-), íons carbonato (CO32-) e hidroxilas (OH-). É determinada por titulação com ácido forte
em presença de alaranjado de metila. Na água potável, a alcalinidade contribui, também, para o sabor da
água.

RESULTADOS ALCALINIDADES
OH- CO32- HCO3-
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 35
P=0 Zero Zero M
P<M/2 Zero 2P M - 2P
P=M/2 Zero 2P=M Zero
P>M/2 2P – M 2(M - P) Zero
P=M M Zero Zero

ÁGUA DURA E ABRANDAMENTO


ÁGUA DURA.
O termo água dura foi originado em razão da dificuldade de lavagem de roupas, com águas
contendo elevada concentração de certos íons minerais. Esses íons reagem com sabões formando
precipitados e evitam a formação de espuma.
Os íons são provenientes de depósitos subterrâneos, como o calcário (CaCO3) ou a dolomita
(CaCO3. MgCO3) que agregam à composição da água uma quantidade excessiva de íons Ca2+ e Mg2+,
na forma de bicarbonatos (HCO3-), nitratos (NO3--), cloretos (Cl-) e sulfatos (SO42-).
Dependendo da concentração deles, a água passa a ser classificada da seguinte maneira:
água
branda (com teores entre 0 e 40 mg/L), água moderada (com teores entre 40 e 100 mg/L), água dura
(com teores entre 100 e 300 mg/L), água muito dura (com teores entre 300 e 500 mg/L) e água
extremamente dura (com teores acima de 500 mg/L).
Essa água é imprópria para o abastecimento de equipamentos geradores de vapor. As
caldeiras indústrias requerem o uso de água com baixa dureza, pois o cálcio e magnésio possuem
características naturais de se agregarem nas paredes das tubulações. Em altas temperaturas
cristalizam-se formando incrustações, causando sérios danos às caldeiras, tais como: diminuição da
eficiência na geração do vapor e aumento da temperatura de película do metal, além da
possibilidade de rompimento de tubos e explosões.
Domesticamente reconhece-se que uma água é mais dura ou menos dura, pela maior ou a
menor facilidade que se tem de obter, com ela, espuma de sabão. A água dura tem uma série de
inconvenientes:
• é desagradável ao paladar;
• gasta muito sabão para formar espuma e dificulta atividades de higiene;
• dá lugar a depósitos perigosos nas caldeiras e aquecedores;
• deposita sais em equipamentos e vasilhames empregados no cozimento de alimentos ou no
aquecimento de água;
• mancha louças.
Os processos de remoção de dureza da água são muito dispendiosos e muito freqüentemente os
sistemas de abastecimento distribuem água com teores superiores aos convencionais de
potabilidade, quando não há mananciais alternativos, considerando-se sua tolerância pelo
organismo humano e os custos finais de produção, o que resultaria em um produto mais caro para o
consumidor.
Os principais processos de remoção de dureza da água são o da cal-solda, de zeólitos ou o de
osmose inversa. Na prática do tratamento a dureza é um parâmetro de utilização limitada a certos
métodos baseados em reações de precipitação como é o caso do tratamento com cal. Em situações
específicas convém conhecer-se as durezas devidas ao cálcio e ao magnésio, individualmente. Este
é o caso do processo cal-soda de abrandamento de água no qual tem-se necessidade de conhecer a
fração da dureza de magnésio para estimar a demanda de cal.
Os zeolitos têm a propriedade de trocar o sódio, que entra na sua composição, pelo cálcio ou
magnésio dos sais presentes na água dura, reduzindo a sua dureza. A tecnologia de osmose inversa
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 36
teve origem na década de 60, para a produção de água de qualidade superior, disseminando-se seu
uso na produção industrial a partir da década seguinte e popularizou-se a partir do início da década
de 80 com a descoberta da segunda geração de membranas, as membranas de película fina
compostas, enroladas em espiral, descobertas em 1978. Estas membranas operam com baixa
pressão e, conseqüentemente, com reduzido consumo de energia.
A osmose é um fenômeno natural físico-químico que ocorre quando duas soluções, com diferentes
concentrações, são colocadas em um mesmo recipiente separado por uma membrana semi-
permeável, onde ocorre naturalmente a passagem do solvente da solução mais diluída para a
solução mais concentrada, até que se encontre o equilíbrio. A coluna de solução mais concentrada
estará acima da coluna da solução mais diluída e esta diferença se denomina de pressão osmótica. O
processo de osmose inversa consiste na aplicação mecânica de uma pressão superior à pressão
osmótica do lado da solução mais concentrada.

ABRANDAMENTO
O tratamento da água dura para a retirada de Ca2+ e Mg2+ é conhecido por abrandamento e pode ser
realizado de duas maneiras: Precipitação química e troca iônica.

Abrandamento por precipitação química.


Metodologia:
O processo se dá por adição de cal (CaO) e carbonato de sódio (Na2CO3).
A cal é utilizada para elevar o pH da água fornecendo a alcalinidade necessária, enquanto o
carbonato de sódio pode fornecer a alcalinidade para a reação e também os íons carbonato necessários.

Reações:

Vantagens:

_ Geralmente aplicado para águas com dureza elevada;


_ Possibilita remover da água contaminantes tais como metais pesados e outros
_ Tecnologia bem estabelecida.

Desvantagens:
_ Utilização de produtos químicos;
_ Produção de lodo;
_ Necessidade de ajustes finais, pois a água abrandada ainda possui dureza-cálcio em torno
de 30 ppm de CaCO3.

Abrandamento por Troca catiônica:


Metodologia:
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 37
Consiste em fazer a água atravessar uma resina catiônica que captura os íons Ca2+ e Mg2+,
substituindo-os por íons que formarão compostos solúveis e não prejudiciais ao homem, tais como o
Na+. As reações seguem abaixo.

As resinas possuem limites para a troca iônica, ficando saturadas de Ca2+ e Mg2+ . Esta
saturação recebe o nome de ciclo. Após, completado o ciclo, deve ser feita a regeneração da resina,
que acontece com a adição de solução de Cloreto de Sódio (NaCl). As reações seguem abaixo.

Vantagens:

_ Alta eficiência para remoção dos íons responsáveis pela dureza. Para remoção de Ca2+ a dureza resultante
atinge valores menores que 1mg/L de CaCO3;
_ As resinas podem ser regeneradas;
_ Não há formação de lodo no processo.

Desvantagens:
_ Requer um pré-tratamento da água;
_ Ocorre saturação da resina, exigindo a sua regeneração;
_ Requer o tratamento do efluente da regeneração.
A escolha entre os processos depende das características da água a ser tratada, das necessidades e da
disponibilidade de recursos de cada empresa. Vale ressaltar que a Kurita detém a tecnologia e comercializa
resinas catiônicas para o abrandamento de água.

Outros Processos de Abrandamento de água

Abrandamento com cal e carbonato de sódio:

O dióxido de carbono é um gás incolor usado para a recarbonatação , no processo de


estabilização da água abrandada com cal. O gás é produzido pela queima de um combustível
como o carvão, o coque, óleo ou gás. O gás sob pressão é forçado da câmara de combustão
por meio de difusores imersos numa bacia de tratamento.
As reações químicas no abrandamento por precipitação são:

1. CO2 + Ca(OH)2 → CaCO3 + H2O


2. Ca(HCO3)2 + Ca(OH)2 → 2CaCO3 + H2O
3. Mg(HCO3)2 + Ca(OH)2 → CaCO3 + 2H2O + MgCO3
4. MgCO3 + Ca(OH)2 → CaCO3 + Mg(OH)2
5. Mg(HCO3)2 + 2Ca(OH)2→ 2CaCO3 + Mg(OH)2 + 2H2O
6. MgSO4 + Ca(OH)2 → Mg(OH)2 + CaSO4
7. CaSO4 + Na2CO3 → CaCO3 + Na2SO4
8. 2NaHCO3 + Ca(OH)2 → CaCO3 +Na2CO3 + 2H2O
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 38
A cal adicionada à água reage, primeiramente, com o CO2 livre, formando um precipitado
de CaCO3.(1). Em seguida, a cal reage com o bicarbonato de cálcio presente(2). Um
equivalente de cal combina com um equivalente de CO2 ou Ca(OH)2. Dois equivalentes de
cal são necessários para remover um equivalente de bicarbonato de magnésio.
A dureza não-carbonato (sulfatos de Ca ou Mg ou cloretos) requer a adição de carbonatos
de sódio(barrilha) para a precipitação. Os limites práticos de abrandamento para o sistema
cal-soda (precipitação) são cerca de 30 a 40 mg/l de CaCO3 e de 10 ml/g de Mg(OH)2.
A principal vantagem do abrandamento com cal é que os sólidos totais dissolvidos são
drasticamente reduzidos.
A recarbonatação da água tratada com CO2, produz estabilização da água (neutraliza o
excesso de cal), reduzindo a possível precipitação de carbonatos nas tubulações:

Ca(OH)2 + CO2→ CaCO3 + H2O


CaCO3 + CO2 + H2O → Ca(HCO3)2

Outra rota alternativa do processo cal/soda, consiste em utiliza a soda caustica (NaOH)
em lugar da barrilha(Na2CO3).

CO2 + 2NaOH → Na2CO3 + H2O


Ca(HCO3)2 + 2NaOH → CaCO3 + Na2CO3 + 2H2O
Mg(HCO3)2 + 4NaOH → Mg(OH)2 + 2 Na2CO3 + 2H2O

Abrandamento com cal a quente:

É efetuado a temperaturas superiores à 100 ° C, é utilizado quando no processo existe


necessidade de reposição de água para alimentação de caldeiras a vapor. A cal é empregada
conjuntamente com a barrilha. O processo de abrandamento a quente sempre é provido de
sistema de filtração com carvão para a remoção dos flocos arrastados. Este tipo de
abrandamento reduz a dureza total a níveis de 5ppm de CaCO3.

Abrandamento e dealcalinização:

Neste processo, além da dureza, é removida a alcalinidade contida nas águas


representadas por carbonatos e bicarbonatos de sódio. Neste caso, a resina utilizada deverá
ser uma catiônica de hidrogênio. Águas para caldeiras deverão ser isentas de bicarbonatos
de sódio, devido a formação de CO2 e este ser altamente corrosivo Este processo reduz a
totalidade dos sólidos dissolvidos na água de alimentação para as caldeiras.

Esta regeneração é efetuada com uma solução de NaCl a 10 %. Uma vez efetuada a
regeneração o leito de resinas é lavado em contra-corrente, com água desmineralizada para
remover o excesso de NaCl. O óxido de ferro proveniente das tubulações são grandes
responsáveis por perda de capacidade de troca pelas resinas.
Pode-se extrair o óxido de ferro impregnado na resina pela passagem no leito de solução
de HCl a 5-10 %. Após isto, aplica se a passagem da solução regenerante (NaCl).

Troca iônica:

A troca iônica é uma reação química reversível através de substâncias polimericas


insolúveis em água que tem uma alta capacidade de trocar íons dissolvidos na água.
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 39
Dependendo do tipo de radical contido na resina, elas poderão ser classificadas em resinas
catiônicas e aniônicas.
A troca iônica no tratamento da água pode ser utilizada em vários níveis, tais como:
remoção da dureza somente (abrandamento), remoção da dureza e alcalinidade e
desmineralização.
A troca iônica é um processo pratico e flexível no tratamento de águas para caldeiras de
alta pressão. Quando se requer uma água com dureza zero ou próxima de zero existe a
necessidade de um sistema de troca iônica, principalmente quando a dureza da água de
processo(clarificada) for menor do que 100 ppm. Normalmente faz-se primeiramente um
abrandamento com cal-soda para depois aplicar os leitos de resinas. Quando a água bruta
contiver teor de dureza baixa (30-50 ppm de CaCO3) é conveniente fazer uma clarificação
convencional e, depois, aplicar um leito de resina catiônica (abrandamento).
A resina de troca catiônica ao sódio, alem de remover a dureza representada pelos sais de
Ca Mg, remove também os sais solúveis contendo Fe, Mn e Al. A capacidade da resina é
brutalmente reduzida pela presença de cations monovalentes na água bruta.

Resinas trocadoras de íons:

As resinas trocadoras de íons utilizadas no tratamento de água são polímeros ou


copolímeros orgânicos tais como fenóis, aldeídos, estirenos e derivados de vinil. A maioria
são sólidos granulares. Na fabricação das resinas são adicionados via reação química de
grupos ácidos ou básicos. Desta forma, pode-se obter resinas que trocam cátions e outras
que trocam ânions, com propriedades físicas e químicas adequadas(resistência à abrasão,
capacidade de troca, etc.).
A facilidade ou dificuldade para a troca de cátions pela reação de troca iônica é dada pela
série de Hoffmeister a seguir.
A afinidade geral de íons pela resina é dada pela série de Hoffmeisteir ou Schoeller:

H+ > Rb+> Ba++ > Sr++>Ca++> Mg++ > K+>Na+>Li+.

Um exemplo clássico de resina trocadora de íons é a resina derivada do poliestireno: Nas


posições meta o poliestireno, possui hidrogênio que poderão ser substituídos por grupos
derivados do ácido sulfonico. Este grupo sulfonico se comporta como uma resina trocadora
de hidrogênio. Trocando-se o H pelo sódio, teremos uma resina catiônica sódica. Esta
resina, possui alta capacidade de troca, resiste às mais diversas condições de pH, até 95 °C,
em meio alcalino e, até 120 C em meio acido. E perfeitamente adequada para abrandamento
e desmineralização, pois pode ser comercializada na forma sódica e na forma
hidrogenionica.

Resinas trocadoras de íons catiônicas:

As resinas trocadoras de íons catiônicas (R-H, ou R-Na), são compostas por uma matriz
orgânica polimérica (R), de caráter forte (ácido sulfônico) ou de caráter fraco (ácido
carboxilico), onde -H, ou - Na, consiste do cátion inorgânico relevante na troca.
Em solução aquosa, assim podemos expressar de modo geral uma reação de troca iônica
com resinas catiônicas contendo o cátion Hidrogênio.

Sendo, R, a matriz orgânica polimérica, e n(H), o número de hidrogênio (cátions)


ionizáveis contidos na resina trocadora. Estes ions hidrogênio são capazes de reação de troca
com outros cátions contidos na água. A resina catiônica do grupo do Hidrogênio (R-H2), é
mais utilizada no circuito de desmineralização ou desionisação de águas.
Quando numa resina catiônica, o cátion contido nela é o sódio(Na), ela é denominada
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 40
resina catiônica do grupo do sódio (R-Na), sendo muito utilizada na remoção de dureza e
desalcalininzação de águas. Assim se expressa a troca catiônica utilizando uma resina do
grupo do sódio:

Ex. R-Na2 + CaSO4 ⇔ R-Ca + Na2SO4


Para uma resina catiônica do grupo do hidrogênio, assim será a reação de troca:

2R-H + Ca(HCO3)2 ⇔ R2Ca + 2 H2O + 2CO2

As resinas de troca catiônicas R-Na, remove a dureza das águas mas conserva sua
alcalinidade e as resinas R-H remove a dureza e cria uma certa acidez livre no seu efluente.
Na eliminação da dureza de águas com tratamento por resinas catiônicas e aniônicas,
primeiro deixa-se a água passar pelo leito das catiônicas, pois estas são mais resistentes
química e mecanicamente. Por último, a água passa pelo leito das aniônicas que são mais
fracas tanto química quanto mecanicamente.

Resinas trocadoras de íons aniônicas:

São resinas sintéticas do tipo fenol-formaldeido e do grupo poliestireno do qual foram


tornadas aniônicas pela introdução
na molécula polimérica de grupos amina básicos(aniônicos)
Resinas fortemente básicas: reagem com ácidos de acordo com a reação:

1. RNH2 + HCl → RNH3Cl; a adição de um álcali regenera a resina:


2. RNH3Cl + NaOH → RNH2 + NaCl +H2O.

Para efeito de simplicidade representa-se a resina com a fórmula R-OH.


Estas resinas na presença de ácidos minerais fortes teriam o seguinte comportamento:

R1NH3-OH + HCl → R1NH3Cl + H2O

Estas resinas são muito utilizadas para desmineralizar águas que contenham determinadas
concentrações de cloretos e sulfatos, pois são adequadas para remover ácidos fortes
provenientes da coluna de resinas catiônicas durante esse processo; não removem ácidos
fracos como o ácido silícico e ácido carbônico.

Desmineralização de águas:

É o processo de remoção praticamente total dos íons presentes numa água. Pode ser
efetuado fazendo-se passar a água através de leitos de resinas catiônicas do grupo do
hidrogênio e leitos de resinas aniônicas. Este processo também é denominado deionização.
A deionização também pode ser efetuada num único leito o qual seja composto de resinas
catiônicas e aniônicas(leito misto). Numa desmineralização, primeiro faz passar a água pelo
leito de resinas catiônicas, para depois ir para o leito das aniônicas, pois as catiônicas são
mais resistentes tanto química quanto mecanicamente(abrasão). O efluente das resinas
catiônica possui pH baixo, ao findar-se o ciclo da resina, o pH aumenta(diminui a acidez
mineral livre). A medida do teor de sódio é um parâmetro importante para avaliar a
capacidade do leito de resina catiônica (o sódio é monovalente, lembrar a serie de
Hoffmeister).
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 41
Águas ricas em bicarbonatos produzem muito CO2 livre, após passagem pelo leito de
resinas catiônicas, por isso é importante a instalação de desgaseificadores para a remoção de
gases.
Num leito de resinas também é importante evitar a presença de matéria orgânica e
compostos clorados, estas substancias deterioram a capacidade das resinas principalmente
das aniônicas. Para isso, antes do leito a água deverá passar por filtros de carvão ativado. A
qualidade de uma água desmineralizada deverá ser feita pela medida do teor de sílica
coloidal ou reativa. Pois a sílica é um dos ânions de maior dificuldade de ser trocado pela
resina.
Normalmente a primeira etapa da troca. É um processo descontínuo com reações
reversíveis.
Existe basicamente dois tipos de resinas: resina catiônica e resina aniônica. A resina
catiônica remove parte ou todos os cations da água(Ca, Mg, Fe, Mn, Na..).
As resinas aniônicas removem parte ou todos os ânions da água (CO2, alcalinidade de
bicarbonatos e carbonatos, cloretos, sulfatos, sílica,...).

Desmineralização por osmose reversa:

A osmose reversa é um processo de desmineralização de águas através da utilização de


membranas semipermeáveis. O processo de osmose reversa utiliza-se de altas pressões para
conseguir reverter o processo espontâneo da osmose. No processo espontâneo de osmose
como acontece nas células dos organismos vivos(parede celular das plantas), a concentração
de sais flui de uma região mais concentrada deste sal para outra região menos concentrada.
O processo industrial de osmose reversa, utiliza-se de uma montagem especial no qual as
membranas semipermeáveis ficam numa forma de espiral cilíndrica com o objetivo de
aumentar a área disponível para a passagem dos íons. Fig. Unidade de osmose reversa.
A água a ser desmineralizada é forçada através de grandes pressões a entrar de um lado
do cilindro espiralado contendo a camada de membrana e a ser permeada(coletada no outro
extremo do cilindro).
A água de alimentação deverá ter baixo teor de sólidos, devendo ser previamente filtrada
em filtro de carvão ativado para eliminar o material em suspensão e o cloro. para prevenir o
entupimento do cilindro contendo as membranas. O carvão adsorve moléculas orgânicas,
cromatos, sulfetos e cloro. O carvão também retira os peróxidos, ácido nítrico e cloro que
poderiam danificar as membranas. As membranas são do tipo de filmes finos e de triacetato
de celulose(CTA). As membranas de filmes finos, são mais sensíveis ao cloro do que as de
CTA. A água de alimentação de um sistema de osmose reversa deverá ter o pH ajustado
para 5,5-6,5. Isto ajuda a prevenção do entupimento da camada de membranas e também
manter o sistema limpo. Nem toda água alimentada sai no permeado. Existe uma taxa de
rejeição. Até seis membranas podem ser conectadas em série, permitindo uma taxa de
captura de 84 %(rejeitando 16 %). Poderemos recircular uma parte do rejeitem sistemas de
passo múltiplo, tendo uma recuperação em torno de 92 %. Para se fazer isto precisaremos de
bombas mais potentes, para manter esta vazão alta.

Condutividade Elétrica

A condutividade elétrica é a capacidade que a água possui de conduzir corrente elétrica. Este
parâmetro está relacionado com a presença de íons dissolvidos na água, que são partículas
carregadas eletricamente. Quanto maior for a quantidade de íons dissolvidos, maior será a
condutividade elétrica da água. Em águas continentais, os íons diretamente responsáveis pelos
valores da condutividade são, entre outros, o cálcio, o magnésio, o potássio, o sódio, carbonatos,
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 42
carbonetos, sulfatos e cloretos. O parâmetro condutividade elétrica não determina, especificamente,
quais os íons que estão presentes em determinada amostra de água, mas pode contribuir para
possíveis reconhecimentos de impactos ambientais que ocorram na bacia de drenagem ocasionados
por lançamentos de resíduos industriais, mineração, esgotos, etc.

A condutividade elétrica da água pode variar de acordo com a temperatura e a concentração total de
substâncias ionizadas dissolvidas. Em águas cujos valores de pH se localizam nas faixas extremas
(pH>9 ou pH< 5), os valores de condutividade são devidos apenas às altas concentrações de poucos
íons em solução, dentre os quais os mais freqüentes são o H+ e o OH-.

A determinação da condutividade pode ser feita através do método eletrométrico, utilizando-se para
isso um condutivímetro digital.

Demanda Biológica do Oxigênio (DBO) e Demanda Química do Oxigênio (DQO)

A expressão Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), utilizada para exprimir o valor da poluição
produzida por matéria orgânica oxidável biologicamente, corresponde à quantidade de oxigênio que é
consumida pelos microorganismos do esgoto ou águas poluídas, na oxidação biológica, quando mantida a
uma dada temperatura por um espaço de tempo convencionado. Essa demanda pode ser suficientemente
grande, para consumir todo o oxigênio dissolvido da água, o que condiciona a morte de todos os organismos
aeróbios de respiração subaquática.

O teste de Demanda Química de Oxigênio (DQO) baseia-se no fato de que todos os compostos orgânicos,
com poucas exceções, podem ser oxidados pela ação de um agente oxidante forte em meio ácido. Uma das
limitações entretanto é o fato de que o teste não diferencia matéria orgânica biodegradável e matéria orgânica
não-biodegradável, a primeira determinada pelo teste de DBO. A vantagem é o tempo de teste, realizado em
poucas horas, enquanto o teste de DBO requer no mínimo 5 dias (período de incubação).

Material em Suspensão
Como o próprio nome já diz, o material em suspensão é o material particulado não dissolvido, encontrado
suspenso no corpo d’água, composto por substâncias inorgânicas e orgânicas, incluindo-se aí os organismos
planctônicos (fito e zooplâncton). Sua principal influência é na diminuição na transparência da água,
impedindo a penetração da luz.

Os valores para o material em suspensão podem ser obtidos através da filtragem da água com a utilização de
filtros especiais e posterior análise espectrofotométrica.

Compostos de Nitrogênio e Fósforo

As águas naturais, em geral, contém nitratos em solução e, além disso, principalmente tratando-se de águas
que recebem esgotos, podem conter quantidades variáveis de compostos mais complexos, ou menos
oxidados, tais como: compostos orgânicos quaternários, amônia e nitritos. Em geral, a presença destes
denuncia a existência de poluição recente, uma vez que essas substâncias são oxidadas rapidamente na água,
graças principalmente à presença de bactérias nitrificantes. Por essa razão, constituem um importante índice
da presença de despejos orgânicos recentes.

Os compostos de fósforo são um dos mais importantes fatores limitantes à vida dos organismos aquáticos e
a sua economia, em uma massa d’água, é de importância fundamental no controle ecológico das algas.
Despejos orgânicos, especialmente esgotos domésticos, bem como alguns tipos de despejos industriais,
podem enriquecer as águas com esse elemento.
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 43

Propriedades Físicas

Temperatura:

As águas subterrâneas têm uma amplitude térmica pequena, isto é, sua temperatura não é
influenciada pelas mudanças da temperatura atmosférica. Exceções são os aqüíferos freáticos pouco
profundos. Em profundidades maiores a temperatura da água é influenciada pelo grau geotérmico
local ( em média 1ºC a cada 30 m). No aqüífero Botucatu (Guarani) são comuns temperaturas de 40
a 50ºC em sua partes mais profundas. Em regiões vulcânicas ou de falhamentos profundos águas
aquecidas podem aflorar na superfície dando origem às fontes termais.

Cor

A cor de uma água é conseqüência de substâncias dissolvidas. Quando pura, e em grandes volumes,
a água é azulada. Quando rica em ferro, é arroxeada. Quando rica em manganês, é negra e, quando
rica em ácidos húmicos, é amarelada. A medida da cor de uma água é feita pela comparação com
soluções conhecidas de platina-cobalto ou com discos de vidro corados calibrados com a solução de
platina-cobalto. Uma unidade de cor corresponde àquela produzida por 1mg/L de platina, na forma
de íon cloroplatinado. Especial cuidado deve ser tomado na anotação do pH em que foi realizada a
medida, pois sua intensidade aumenta com o pH. Da mesma forma a cor é influenciada por matérias
sólidas em suspensão (turbidez), que devem ser eliminadas antes da medida. Para águas
relativamente límpidas a determinação pode ser feita sem a preocupação com a turbidez. Neste caso
a cor obtida é referida como sendo aparente.

Em geral as águas subterrâneas apresentam valores de cor inferiores a 5mg de platina.

Para ser potável uma água não deve apresentar nenhuma cor de considerável intensidade.
Segundo a OMS o índice máximo permitido deve ser 20mg Pt/L.

Odor e sabor

Odor e sabor são duas sensações que se manifestam conjuntamente, o que torna difícil sua
separação. O odor e o sabor de uma água dependem dos sais e gases dissolvidos. Como o paladar
humano tem sensibilidade distinta para os diversos sais, poucos miligramas por litro de alguns sais (
ferro e cobre por exemplo) é detectável, enquanto que várias centenas de miligramas de cloreto de
sódio não é apercebida. Em geral as águas subterrâneas são desprovidas de odor. Algumas fontes
termais podem exalar cheiro de ovo podre devido ao seu conteúdo de H2S (gás sulfídrico). Da
mesma maneira águas que percolam matérias orgânicas em decomposição (turfa por exemplo)
podem apresentar H2S.

Cloreto de sódio (NaCl) Salgado


Sulfato de Sódio ( Na2 SO4) Ligeiramente salgado
Bicarbonato de Sódio (Na H CO3) Ligeiramente salgado a doce
Carbonato de Sódio (Na2 CO3) Amargo e salgado
Cloreto de Cálcio (Ca Cl2) Fortemente amargo
Sulfato de Cálcio (Ca SO4) Ligeiramente amargo
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 44

Sulfato de Magnésio (Mg SO4) Ligeiramente amargo em saturação


Cloreto de Magnésio (MgCl2) Amargo e doce
Gás Carbônico (CO2) Adstringente, picante

Turbidez

É a medida da dificuldade de um feixe de luz atravessar uma certa quantidade de água. A


turbidez é causada por matérias sólidas em suspensão (silte, argila, colóides, matéria orgânica, etc.).
A turbidez é medida através do turbidímetro, comparando-se o espalhamento de um feixe de luz ao
passar pela amostra com o espalhamento de um feixe de igual intensidade ao passar por uma
suspensão padrão. Quanto maior o espalhamento maior será a turbidez. Os valores são expressos
em Unidade Nefelométrica de Turbidez (UNT). A cor da água interfere negativamente na medida
da turbidez devido à sua propriedade de absorver luz . Segundo a OMS (Organização Mundial da
Saúde), o limite máximo de turbidez em água potável deve ser 5 UNT. As águas subterrâneas
normalmente não apresentam problemas devido ao excesso de turbidez. Em alguns casos, águas
ricas em íons Fe, podem apresentar uma elevação de sua turbidez quando entram em contato com o
oxigênio do ar.

Sólidos em Suspensão:

Corresponde à carga sólida em suspensão e que pode ser separada por simples filtração ou
mesmo decantação. As águas subterrâneas em geral não possuem sólidos em suspensão e quando
um poço está produzindo água com significativo teor de sólidos em suspensão é geralmente como
conseqüência de mal dimensionamento do filtro ou do pré-filtro ou completação insuficiente do
aqüífero ao redor do filtro. Em aqüíferos cársticos e fissurais as aberturas das fendas podem
permitir a passagem das partículas mais finas (argila, silte) aumentando assim o conteúdo em
sólidos em suspensão.

Principais Constituintes Iônicos:

As águas subterrâneas tendem a ser mais ricas em sais dissolvidos do que as águas
superficiais. As quantidades presentes refletem não somente os substratos rochosos percolados mas
variam também em função do comportamento geoquímico dos compostos químicos envolvidos.
Como há sensíveis variações nas composições químicas das rochas, é de se esperar uma certa
relação entre sua composição da água e das rochas preponderantes na área. É necessário, contudo,
frisar que o comportamento geoquímico dos compostos e elementos é o fator preponderante na sua
distribuição nas águas. Desta forma o sódio e o potássio, dois elementos que ocorrem com
concentrações muito próximas na crosta continental (vide tabela) participam em quantidades
sensivelmente diferentes nas águas subterrâneas.

Composição Média da Crosta Continental

SiO2 61,9 % Bário (Ba) 425mg/L


TiO2 0,8 % Estrôncio (Sr) 375mg/L
Al2O3 15,6 % Zircônio (Zr) 165mg/L
Fe2O3 2,6 % Cobre (Cu) 55mg/L
FeO 3,9 % Escândio (Sc) 22mg/L
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 45

MnO 0,1 % Chumbo (Pb) 12,5mg/L


MgO 3,1 % Urânio (U) 2,7mg/L
CaO 5,7 % Mercúrio (Hg) 0,08mg/L
Na2O 3,1 % Prata (Ag) 0,07mg/L
K2O 2,9 % Ouro (Au) 0,004mg/L
P2O5 0,3 %

Bário (Ba)

O Bário é um elemento raro nas águas naturais, em teores de 0,0007 a 0,9 mg/L. As principais
fontes naturais são: Intemperismo e erosão de depósitos naturais, normalmente veios, onde ocorre
na forma de barita (BaSO4), ou feldspatos ricos em Ba. Entre as atividades humanas que introduzem
bário no meio ambiente, podemos citar: Perfuração de poços, onde é empregado em lamas de
perfuração; produção de pigmentos, fogos de artifício, vidros e defensivos agrícolas. Pela resolução
20 do CONAMA, o limite permitido de Ba em águas de abastecimento, é de 1,0 mg/L. É um
elemento muito tóxico acima deste teor. Sua ingestão provoca elevação da pressão sanguínea, por
vasoconstrição e bloqueio do sistema nervoso.

Cádmio (Ca)

Normalmente está presente nas águas naturais em pequenas concentrações, geralmente inferiores a
0,001 mg/L. As principais fontes humanas de liberação de cádmio são: Combustíveis fósseis,
pigmentos, baterias, soldas, equipamentos eletrônicos, lubrificantes, acessórios fotográficos,
defensivos químicos, corrosão de tubos galvanizados e refinarias de minérios. É um metal de
elevado potencial tóxico, que se acumula em organismos aquáticos, o que possibilita sua entrada na
cadeia alimentar, podendo chegar ao homem. Sua ingestão provoca disfunção renal, hipertensão,
arterosclerose, inibição no crescimento, doenças crônicas em idosos e câncer. Segundo a Resolução
20 do CONAMA, o teor máximo permitido é 0,001mg/L.

Cálcio (Ca+)

O teor de cálcio nas águas subterrâneas varia, de uma forma geral, de 10 a 100mg/L. As principais
fontes de cálcio são os plagioclásios cálcicos, calcita, dolomita, apatita, entre outros. O carbonato de
cálcio é muito pouco solúvel em água pura. O cálcio ocorre nas águas na forma de bicarbonato e
sua solubilidade está em função da quantidade de gás carbônico dissolvido. A quantidade de CO2
dissolvida depende da temperatura e da pressão, que são, portanto, fatores que vão determinar a
solubilidade do bicarbonato de cálcio.

A reação resultante é a seguinte: Ca CO3 + CO2 + H2O → Ca (CO3)2 H2

Toda variação de temperatura e de pressão que levam à modificação do CO2 dissolvido na água
refletirá sobre seu conteúdo em Ca. No caso das águas subterrâneas estas variações ora levam à
solubilização do carbonato de cálcio, ora levam à sua precipitação. A incrustação de um filtro de
poço por Ca CO3 é uma das conseqüências deste processo.O cálcio é o principal elemento
responsável pela dureza de uma água.
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 46
Chumbo (Pb)

Apesar de não ser um elemento comum nas águas naturais, o chumbo tem sido responsável por
sérios problemas de intoxicação, devido ao fato de que é introduzido facilmente no meio ambiente a
partir de uma série de processos e produtos humanos, tais como: encanamentos e soldas, plásticos,
tintas, pigmentos, metalurgia. Em países em que o chumbo tetraetila é adicionado à gasolina, esta é
uma das principais fontes de poluição por este elemento. No Brasil, seu uso na gasolina foi
substituído por álcool etílico. Recentemente a imprensa noticiou a presença de chumbo na água de
abastecimento do bairro de Copacabana, oriundo de antigos encanamentos de chumbo.

É um metal que tem efeito cumulativo no organismo, provocando uma doença crônica chamada
saturnismo, hoje mais comum em trabalhadores que estão muito expostos à contaminação. No
passado a taxa de intoxicação era muito elevada devido ao uso de canecas e vasilhames de chumbo.
Os efeitos da intoxicação por chumbo são: tontura, irritabilidade, dor de cabeça, perda de memória.
A intoxicação aguda caracteriza-se pela sede intensa, sabor metálico na boca, inflamação gastro-
intestinal, vômitos e diarréias. Em crianças, o chumbo provoca retardamento físico e mental, perda
da concentração e diminuição da capacidade cognitiva. Em adultos são comuns problemas nos rins
e aumento da pressão arterial.

Análises realizadas em amostras de cabelo de Beethoven, o grande compositor alemão, detectaram


chumbo em níveis 60 vezes superiores ao comum. Alguns pesquisadores acreditam que uma
intoxicação aguda por chumbo pode explicar muitas das dores que Beethoven sentia e do seu
comportamento irritadiço e solitário.

No sul do Estado de São Paulo e norte do Estado do Paraná, na região do Vale do Rio Ribeira, foi
detectada intoxicação, em larga escala, da população e dos animais aquáticos. A poluição é
proveniente de rejeitos da mineração de chumbo, ouro e prata, que ali existiu até 1996. As áreas
onde estão os rejeitos foram adquiridas pela empresa CBA, que ali pretende construir uma
barragem. O problema de saúde pública na região já se configura como sério e poderá piorar se a
CBA não tomar as medidas necessárias, antes de construir a represa.

Segundo a Resolução 20 do CONAMA, o teor máximo de chumbo na água de abastecimento deve


ser 0,05 mg/L.

Cloretos (Cl-)

O cloro está presente em teores inferiores a 100mg/L. Forma compostos muito solúveis e tende a se
enriquecer , junto com o sódio, a partir das zonas de recarga das águas subterrâneas. Teores
anômalos são indicadores de contaminação por água do mar, e por aterros sanitários.

Cobre (Cu)

O cobre é um elemento que ocorre, em geral, em baixas concentrações na água subterrânea, devido
sua pequena solubilidade. Nas águas superficiais são, normalmente, bem menores que 0,020 mg/L e
nas águas subterrâneas é inferior a 1µg/L. A ingestão de altas doses pode acarretar, no homem,
irritação e corrosão da mucosa, problemas hepáticos, renais, irritação do sistema nervoso e
depressão. Os portadores da Doença de Wilson podem ser seriamente afetados pela presença de
cobre na água. As atividades humanas responsáveis pela introdução de cobre na água são: corrosão
de tubos de cobre e de latão por águas ácidas, algicidas, fungicidas usados na preservação da
madeira e indústria de mineração, fundição, galvanoplastia e refino. Segundo a Resolução 20 do
CONAMA, o teor máximo permitido em águas de abastecimento público é 0,5 mg/L. Para os
portadores da Doença de Wilson, este teor tem substancialmente menor, porque eles não conseguem
eliminar o cobre do organismo, que tem, pois, um efeito cumulativo nestes pacientes.
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 47
Observação: No capítulo "FAQ" há mais sobre Doença de Wilson.

Ferro (Fe-)

É um elemento persistentemente presente em quase todas as águas subterrâneas em teores abaixo de


0,3mg/L. Suas fontes são minerais escuros (máficos) portadores de Fe: magnetita, biotita, pirita,
piroxênios, anfibólios. Em virtude de afinidades geoquímicas quase sempre é acompanhado pelo
Manganês. O ferro no estado ferroso (Fe²+) forma compostos solúveis, principalmente hidróxidos.
Em ambientes oxidantes o Fe²+ passa a Fe³+ dando origem ao hidróxido férrico, que é insolúvel e se
precipita, tingindo fortemente a água. Desta forma, águas com alto conteúdo de Fe, ao saírem do
poço são incolores, mas ao entrarem em contato com o oxigênio do ar ficam amarelada, o que lhes
confere uma aparência nada agradável. Apesar do organismo humano necessitar de até 19mg de
ferro por dia, os padrões de potabilidade exigem que uma água de abastecimento público não
ultrapasse os 0,3mg/L. Este limite é estabelecido em função de problemas estéticos relacionados à
presença do ferro na água e do sabor ruim que o ferro lhe confere. O ferro, assim como o manganês,
ao se oxidarem se precipitam sobre as louças sanitárias, azulejos, roupas, manchando-as. Águas
ferruginosas são aeradas antes da filtração para eliminar o ferro. Outra forma de evitar os
inconvenientes da precipitação de sais deste elemento químico é usar substâncias complexantes, à
base de fosfato, que encapsulam as moléculas dos sais de Fe e Mn, formando compostos estáveis,
não oxidáveis nem através de forte cloração, e desta forma mantendo-as permanentemente em
solução. O inconveniente deste processo é que ele não elimina o ferro e o manganês presentes na
água, e ainda adiciona mais produto químico (fosfatos) à mesma. Estas substâncias complexantes
são também usadas para evitar a precipitação de sais de Ca e Mg em águas duras, evitando as
indesejáveis incrustações, e diminuindo o consumo de sabão.

A precipitação de ferro presente nas águas é a principal responsável pela perda da capacidade
específica de poços profundos. Estas incrustações são produtos da atividade das ferro-bactérias. O
uso de substâncias orgânicas emulsificantes e polifosfatos nos processos de perfuração e
desenvolvimento dos poços criam condições para que as ferro-bactérias, naturalmente ocorrente nos
aqüíferos, proliferem com mais facilidade, fazendo-se necessário uma boa limpeza no processo de
complexação do poço.

Flúor (F-)

O flúor é um elemento que ocorre naturalmente e em pequenas quantidades nas águas naturais (0,1
a 2,0mg/L). É produto do intemperismo de minerais no qual é elemento principal ou secundário:
fluorita, apatita, flúor-apatita, turmalina, topázio e mica. O flúor liberado pelo intemperismo destes
minerais passa para as soluções aquosas supergênicas na forma do íon fluoreto, de alta mobilidade.
Diversamente de outros halogênios ele pode formar complexos estáveis com elementos como Al,
Fe, B e Ca. Desta forma no ciclo geoquímico o flúor pode ser removido das águas pela coprecitação
com óxidos secundários de Fe, podendo também ser complexado tanto com o Fe como com o Al na
forma de fosfatos. Como produto da ação humana o flúor é originado de atividades industriais:
siderurgia, fundições, fabricação do alumínio, de louças e esmaltados, vidro, teflon, entre outras.
Estas atividades são responsáveis pela sua introdução no ciclo hidrológico pelo lançamento na
atmosfera ou em corpos hídricos superficiais. Na forma de clorofluorcarbono (CFC) o flúor foi
amplamente utilizado como propelente de aerossóis. Este uso está em declínio devido a restrições
legais, pois o CFC agride e destrói a camada de ozônio que circunda a Terra. É sabido que o flúor,
em pequenas quantidades, é benéfico à saúde humana, principalmente em crianças, promovendo o
endurecimento da matriz mineral dos dentes e esqueleto e tem se mostrado como o agente químico
mais eficiente na prevenção da cárie dentária, daí sua adição nos sistemas de abastecimentos
públicos de água ser uma prática muito difundida. Contudo, acima de certos teores, passa a ser
prejudicial, causando fluorose dental e esquelética, tanto em seres humanos como em animais. A
fluorose se caracteriza pelo escurecimento dos dentes e a perda de resistência dos dentes e ossos. Os
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 48
teores máximos permitidos são estabelecidos em função da idade do consumidor e da quantidade de
água ingerida diariamente. Nos países tropicais, onde a ingestão diária de água é maior, admite-se
que se deva ser mais rigoroso no controle de flúor nas águas de abastecimento público. Segundo a
Organização Mundial da Saúde o teor de flúor estabelecido como ótimo na água potável varia entre
0,7 a 1,2mg/L, segundo as médias de temperaturas anuais (18 ° C=1,2mg/L, 19-26 ° C=0,9mg/L, 27
° C=07mg/L).

Magnésio (Mg²+)

O magnésio é um elemento cujo comportamento geoquímico é muito parecido com o do cálcio e,


em linhas gerais, acompanha este elemento. Diferentemente do cálcio, contudo, forma sais mais
solúveis. Os minerais mais comuns fornecedores de magnésio para as águas subterrâneas são:
biotita, anfibólios e piroxênios. Estes minerais são mais estáveis diante do intemperismo químico,
do que os minerais fornecedores de cálcio, por isso seu teor nas águas subterrâneas é
significativamente menor do que aquele. Em região de rochas carbonáticas, o mineral dolomita é
um importante fornecedor de Mg. Nas águas subterrâneas ocorre com teores entre 1 e 40mg/L. O
magnésio, depois do cálcio, é o principal responsável pela dureza das águas.

Na água do mar o magnésio ocorre em teores de cerca 1400 mg/L, bem acima do teor de cálcio
(cerca de 480mg/L). Em águas subterrâneas de regiões litorâneas, a relação Mg/Ca é um elemento
caracterizador da contaminação por água marinha.

Manganês (Mn+)

É um elemento que acompanha o ferro em virtude de seu comportamento geoquímico. Ocorre em


teores abaixo de 0,2mg/L, quase sempre como óxido de manganês bivalente, que se oxida em
presença do ar, dando origem a precipitados negros.

Níquel (Ni)

O teor de níquel nas águas está ao redor de o,1 mg/L. Concentrações superiores a 11,0 mg/L podem
ser encontradas em áreas de mineração. As principais fontes antropomórficas de níquel são: queima
de combustíveis fósseis, fundição e ligas, galvanoplastia. No ser humano, altas doses levam à
intoxicação, afetando nervos, coração e sistema respiratório. Pode causar dermatites em pessoas
sensíveis. Segundo a Resolução 20 do CONAMA, o teor máximo permitido em águas de
abastecimento é 0,025 mg/L.

Nitrato (NO3- )

O nitrogênio perfaz cerca de 80 por cento do ar que respiramos. Como um componente essencial
das proteínas ele é encontrado nas células de todos os organismos vivos. Nitrogênio inorgânico
pode existir no estado livre como gás, nitrito, nitrato e amônia. Com exceção de algumas
ocorrências como sais evaporíticos, o nitrogênio e seus compostos não são encontrados nas rochas
da crosta terrestre. O nitrogênio é continuamente reciclado pelas plantas e animais. Nas águas
subterrâneas os nitratos ocorrem em teores em geral abaixo de 5mg/L. Nitritos e amônia são
ausentes, pois são rapidamente convertidos a nitrato pelas bactérias. Pequeno teor de nitrito e
amônia é sinal de poluição orgânica recente. Segundo o padrão de potabilidade da OMS, uma água
não deve ter mais do que 10mg/L de NO3-.

No sistema digestivo o nitrato é transformado em nitrosaminas, que são substâncias carcinógenas.


Crianças com menos de três meses de idade possuem, em seu aparelho digestivo, bactérias que
reduzem o nitrato a nitrito. Este se liga muito fortemente a moléculas de hemoglobina, impedindo-
as de transportarem oxigênio para as células do organismo. A deficiência em oxigênio leva a danos
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 49
neurológicos permanentes, dificuldade de respiração (falta de ar) e em casos mais sérios à morte por
asfixia. Aos seis meses de idade a concentração de ácido hidroclórico aumenta no estômago,
matando as bactérias redutoras de nitrato.

Pesquisa realizada pela USEPA ( U. S. Environmental Protection Agency) no decorrer do ano de


1992, em todo território norte-americano, constatou que cerca de 75 000 crianças com menos de dez
meses de idade estavam expostas ao consumo de água com mais de 10 mg/L de nitrato. No Brasil,
não se tem idéia da extensão do problema. Aparentemente, aqui o problema está mais associado a
poços poluídos por esgotos domésticos do que ao uso intensivo de fertilizante.

Potássio (K+)

O potássio é um elemento químico abundante na crosta terrestre, mas ocorre em pequena


quantidade nas águas subterrâneas, pois é facilmente fixado pelas argilas e intensivamente
consumido pelos vegetais. Seus principais minerais fontes são: feldspato potássico, mica moscovita
e biotita, pouco resistentes aos intemperismo físico e químico. Nas águas subterrâneas seu teor
médio é inferior a 10mg/L, sendo mais freqüente valores entre 1 e 5mg/L.

Sódio (Na+)

O sódio é um elemento químico quase sempre presente nas águas subterrâneas. Seus principais
minerais fonte (feldspatos plagioclásios) são pouco resistentes aos processos intempéricos,
principalmente os químicos. Os sais formados nestes processos são muito solúveis. Nas águas
subterrâneas o teor de sódio varia entre 0,1 e 100mg/L, sendo que há um enriquecimento gradativo
deste metal a partir das zonas de recarga. A quantidade de sódio presente na água é um elemento
limitante de seu uso na agricultura. Em aqüíferos litorâneos, a presença de sódio na água poderá
estar relacionada à intrusão da água do mar. Segundo a OMS, o valor máximo recomendável de
sódio na água potável é 200mg/L

Água Canalizada
Muitas pessoas usam água da torneira no aquário; é mais barata e fácil de usar. Infelizmente (para os
aquariofilistas), as companhias da água adicionam químicos à água de modo a torná-la segura para beber
(e.g., cloro, cloramina para matar as bactérias). Mais recentemente, preocupações acerca da água em velhos
tubos de chumbo provocou que se começasse a adicionar químicos que aumentam o pH à água (porque o
chumbo dissolve-se menos em água alcalina). Conseqüentemente, a água da torneira tem de ser
especialmente tratada antes de ser utilizada com segurança em aquários de peixes.

Outro problema potencial tem a ver com as variações nas propriedades químicas do fornecimento de
água ao longo do tempo (e.g., mês a mês). Algumas zonas não têm água suficiente, vendo-se assim obrigadas
a comprar água a zonas vizinhas em tempo de escassez. Se essa água tiver propriedades químicas diferentes
(e.g. dureza), a química da água da torneira vai também variar. Como exemplo comum, altos níveis de
bactérias são um problema maior no Verão do que no Inverno, especialmente em climas quentes. Em
conseqüência, não é invulgar as companhias usarem mais cloro nos meses de Verão para manter as bactérias
sob controlo. Até mesmo os fatores como o tempo local podem ter impacto; fortes chuvas podem ter como
causa uma baixa na dureza do seu fornecimento de água à medida que os reservatórios locais se enchem.

Em geral o cloro e a cloramina são os dois aditivos que causam maiores problemas. Note que estas
duas substâncias são MUITO DIFERENTES! Assegure-se que sabe o que existe na água da sua torneira e
trate-a de forma correta.

Cloro
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 50
Nos EUA, as orientações exigem que a água da rede em qualquer torneira contenha uma
concentração mínima de cloro de 0,2ppm, reduzindo assim a concentração de bactérias (estas podem exigir
mais do que 0,2 ppm de cloro para serem mantidas sob controlo). Dado que o cloro se decompõe com o
tempo, a concentração de cloro que surge em sua casa é menor do que a que é colocada na origem. Assim a
concentração exata na torneira depende da distância do abastecimento, quanto tempo demora a chegar do
abastecimento a sua casa, quanto cloro é inicialmente adicionado.

O cloro em altas concentrações é fatal para os peixes; em baixas concentrações perturba os peixes
danificando-lhes as guelras.

Concentrações tão baixas como 0,2-0,3 ppm matarão a maioria dos peixes bastante depressa. Para
prevenir perturbações as concentrações máximas admissíveis são da ordem de 0.003 ppm. Felizmente o cloro
pode ser facilmente removido da água através do químico tiossulfato de sódio, disponível em lojas de peixes
nas mais variadas marcas. O tiossulfato de sódio neutraliza o cloro instantaneamente. Note que existem
muitos produtos de "tratamento de água" publicitados como "torna a água da torneira segura". Leia os rótulos
cuidadosamente. Inevitavelmente, todos os que neutralizam o cloro contém tiossulfato de sódio, mais outras
substâncias que podem ou não ser úteis. Se a sua água contém apenas cloro (ao contrário da cloramina),
tiossulfato de sódio é tudo o que precisa. O tratamento com um custo mais eficiente consiste numa gota por
cada 4 litros de água. Muitos outros tratamentos são muito mais caros a longo prazo; podem requerer um
colher de chá (ou mais) por cada 4 litros!

O cloro é relativamente instável na água, escapando-se para a atmosfera por si próprio. A água num
balde (ou aquário) com adequada circulação (e.g. filtro ou pedra difusora) ficará sem cloro ao fim de 24
horas ou menos.

Muitas pessoas na net dizem que não fazem qualquer tratamento à água da torneira sempre que
efetuam mudanças parciais de água. Tenha em atenção que, embora os peixes não exibam
APARENTEMENTE sinais de doença, isso não significa que o cloro não esteja a afetar os peixes. O nível de
perturbação depende do nível de cloro introduzido no aquário, que depende de muitos outros fatores
(incluindo a percentagem de água adicionada). Dado que os removedores de cloro são tão baratos a
segurança que fornecem não deve ser desprezada.

Cloramina

Um dos problemas ao usar cloro para tratar a agua é que este se decompõe muito rapidamente. Outra
preocupação com o uso de cloro é que podem surgir, na associação com certas matérias orgânicas,
trialometanos, uma família de cancerígenos. Conseqüentemente, muitas companhias mudaram do cloro para
a cloramina. A cloramina é um composto que contém cloro e amônia, é muito mais estável do que o cloro.

A cloramina coloca duas significativas dores de cabeça aos aquariofilistas. Primeiro, os únicos
produtos neutralizadores de cloro, do tipo tiossulfato de sódio, só neutralizam a parte de cloro, deixando o
problema maior: a mortal amônia. As conseqüências podem ser devastadoras para os peixes. Embora o filtro
biológico do aquário converta (eventualmente) a amônia em nitratos, o tempo que demora a fazê-lo pode ser
superior à capacidade de resistência dos peixes.

O segundo problema está relacionado com as mudanças de água parciais. Uma das principais razões
para efetuar mudanças parciais de água regulares prende-se com a remoção de nitratos que se acumulam. Se
a água de substituição contém amônia, está a colocar o azoto novamente no aquário e é impossível reduzir os
nitratos abaixo da concentração da torneira. Felizmente, as concentrações da água da torneira são
relativamente baixas (1 ou 2 ppm); você terá provavelmente uma concentração muito superior no aquário.

A cloramina pode ser neutralizada com segurança através de produtos como Amquel, que
neutralizam ambos os compostos, a amônia e o cloro, das moléculas de cloramina. A amônia neutralizada
ainda será convertida para nitritos e nitratos via filtro biológico.
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 51
Outro método de neutralizar o cloramina é envelhecer a água à medida que se faz filtragem
biológica. Por exemplo, arranje um contentor de lixo (plástico) de tamanho apropriado, encha-o de água,
elimine o cloro com tiossulfato de sódio, e então ligue um filtro biológico já estabelecido. Tal como no seu
aquário, o filtro biológico converte a amônia em nitrato, após o que pode ser adicionada ao seu aquário com
segurança. Note: é necessário juntar tiossulfato de sódio para neutralizar o cloro; senão o cloro mata as
bactérias do filtro biológico.

Em alternativa, a amônia pode ser removida filtrando a água através de zeolite ou carvão ativado
antes de a adicionar ao seu aquário. Nota: há notícias divergentes sobre o sucesso deste método). Se tiver
experiências concretas (positivas ou negativas), por favor avise a equipa de manutenção desta FAQ.

Outras impurezas da água a que deve estar atento


Além dos aditivos descritos acima (cloro e cloramina), a água canalizada pode conter outros
elementos que o aquariofilista precisará de conhecer. A água em alguns locais contém realmente nitratos.
Noutros locais, a água contém elevadas concentrações de fosfatos (1ppm ou mais). Elevada concentração de
fosfatos tem sido ligada a problemas com algas. Uma estratégia de controle de algas pode exigir a remoção
de fosfatos. Altos níveis de ferro (1ppm ou mais) também têm sido ligados à ameaça das algas. Consulte a
secção algas desta FAQ para mais detalhes.

Como saber quais os aditivos usados que a sua companhia de água local

O mais simples é perguntar a quem sabe. Uma loja de peixes local (se pertence ao mesmo conselho)
deve ser capaz de o informar. Alternativamente, telefone para o escritório da companhia de água. Peça para
falar com o "químico da água", diga-lhe que é um aquariofilista e que quer saber quais são os valores do pH,
GH e KH da sua água, bem como a variação das características da água ao longo dos meses. Por fim (nos
EUA) se quer mesmo detalhes, peça-lhe para lhe mandarem uma cópia do relatório periódico que fornecem à
EPA. Contém uma lista detalhada e exata do que a sua água contém e em que concentrações (e.g. ferro.
nitratos, fosfatos, etc.). Por lei, o relatório está disponível para inspeção publica.

Água do Poço

Pode ser que tenha acesso à água de poço ou furo em vez de água da rede municipal. Uma vantagem
é que não tem de lidar com cloro ou cloramina. Por outro lado, a água de poços é freqüentemente muito mais
dura do que a água disponível através de serviços locais. Além disso a única forma de saber a sua
composição (GH, KH, etc.) é efetuar testes. Em alternativa há empresas que efetuam análises detalhadas do
seu conteúdo embora essas análises possam ser dispendiosas.

Um dos problemas ao usar água de poços é que freqüentemente contém altas concentrações de gases
dissolvidos (que podem ser perigosos para os peixes). Por exemplo, a água de poços está freqüentemente
saturada com CO2, o que baixa o seu pH. Uma vez o CO2 libertado, o pH aumentará. Os peixes não devem
estar sujeitos a tais flutuações temporárias do pH. Por uma questão de segurança, areje a água de poços
convenientemente várias horas antes de a adicionar ao seu aquário.

FOSSAS SÉPTICAS
As fossas sépticas, uma benfeitoria complementar às moradias . São fundamentais no
combate à doenças, verminoses e endemias (como a cólera, por exemplo), pois evitam o lançamento
dos dejetos humanos diretamente em rios, lagos ou mesmo na superfície do solo. O seu uso é
essencial para a melhoria das condições de higiene das populações rurais.

Esse tipo de fossa nada mais é do que um tanque enterrado, que recebe os esgotos (dejetos e
águas servidas), retém a parte sólida e inicia o processo biológico de purificação da parte líquida
(efluente). Mas é preciso que esses efluentes sejam infiltrados no solo para completar o processo
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 52
biológico de purificação e eliminar os riscos de contaminação.

As fossa sépticas não devem ficar muito perto das moradias (par evitar mau cheiro) nem
muito longe (para evitar tubulações muito longas, que são mais caras e exigem fossa mais
profundas, devido ao caimento da tubulação). A distância recomendada é 6m.
Elas devem ser construídas do lado do banheiro, para evitar curvas nas canalizações. Também
devem ficar num nível mais baixo do terreno e longe de poços ou de qualquer outra fonte de
captação de água (no mínimo, a 30m de distância), para evitar contaminações, no caso de um
eventual vazamento.

O tamanho da fossa séptica depende do número de pessoas da moradia. Ela é dimensionada em


função de um consumo médio de 200 litros de água por pessoa, por dia. Sua capacidade, entretanto,
nunca deve ser inferior a 1.000 litros.
As fossa sépticas podem ser de dois tipos:
- Pré-moldadas;
- Feitas no local.

1) Fossas sépticas pré-moldadas


As fossas sépticas pré-moldadas têm formato cilíndrico. No mercado há dois tipos,
independentemente de sua capacidade:
- Inteiriças, constituídas de uma única peça;
- De anéis, com encaixes macho e fêmea, para sobreposição.

Para volumes maiores é recomendável que a altura não seja maior que o dobro do diâmetro, para
que a fossa funcione bem. Preste atenção neste detalhe, principalmente quando a fossa for de anéis
sobrepostos.

A instalação de uma fossa séptica pré-moldada começa pela escavação do buraco onde ela vai ficar
enterrada no terreno, em seguida, o fundo do buraco deve ser compactado, nivelado e coberto com
uma camada de 5cm de concreto magro. Nas fossas de anéis sobrepostos, é preciso fazer uma
camada de concreto magro. Nas fossas de anéis sobrepostos, é preciso fazer uma laje de 7cm de
concreto armado do fundo do buraco, sobre uma camada de concreto magro .

Finalmente, a fossa pré-moldada é colocada no lugar.

A tubulação que liga a caixa de inspeção (da rede de esgoto da moradia) a fossa séptica deve ter
um caimento de 2%, no mínimo, ou seja, 2cm por metro de tubulação. Para tanto, o topo do buraco
da fossa deverá ficar num nível inferior ao da saída da caixa de inspeção.

As fossas sépticas pré-moldadas podem ser adquiridas diretamente dos seus fabricantes. Eles
também dão cotações sobre a sua montagem no local. Os seus endereços constam das páginas
amarelas das listas telefônicas, em geral sob o título "Concreto - Pré-moldados".

Ao comprar fossas sépticas pré-moldadas, sempre dê preferência àquelas fabricadas segundo as


Normas Técnicas Brasileiras". As que não seguem essas normas não funcionam bem.

2)Fossas sépticas feitas no local

As fossas sépticas feitas no local têm formato retangular. Para funcionar bem, elas devem ter as
seguintes dimensões:
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 53
FÓSSAS SÉPTICAS RETANGULARES
Número de Dimensões internas Capacidades
pessoas Comprimento Largura Altura (litros)
até 7 2 0,9 1,5 2160
até 10 2,3 0,9 1,5 2480
até 14 2,5 0,9 1,5 2700
até 21 2,7 1,2 1,5 3890
até 24 3,2 1,2 1,5 4600

A execução desse tipo de fossa também começa pela escavação do buraco, onde a fossa vai ficar
enterrada no terreno.

O fundo do buraco deve ser compactado, nivelado e coberto com uma camada de 5cm de concreto
magro, é feita uma laje de concreto armado de 7cm de espessura.

Uma maneira fácil e econômica de construir esse tipo de fossa é usar blocos de concreto e placas
pré-moldadas de concreto.

As paredes feitas com blocos de concreto de 15cm ou de 20cm de largura. Durante a execução da
alvenaria, já devem ser colocados os tubos de limpeza (esgotamento), de entrada e de saída da fossa
e deixadas ranhuras para encaixe das placas de separação das câmaras.

As paredes internas da fossa devem ser revestidas com argamassas à base de cimento.

As paredes internas das câmara (chicanas) e a tampa da fossa são feitas com placas pré-moldadas
de concreto. Para a separação das câmaras são necessárias cinco placas: duas de entrada e três de
saída. Essas placas têm 4cm de espessura e a armadura em forma de tela.

A tampa é subdividida em duas ou mais placas, dependendo do tamanho da fossa para facilitar sua
execução e até a sua remoção, em caso de necessidade. Essas placas têm 5cm de espessura e a sua
armadura também é feita em forma de tela.

A concretagem das placas deve ser feita sobre uma superfície bem lisa, revestida de papel, para
evitar a aderência do concreto ao piso onde é feita a concretagem, uma vez que as fôrmas não têm
fundo.

As placas prontas das chicanas são encaixadas nas ranhuras deixadas nas paredes da fossa. As da
tampa são simplesmente apoiadas sobre as paredes da fossa.

LIGAÇÃO DA REDE DE ESGOTO À FOSSA

A rede de esgoto da moradia deve passar inicialmente por uma caixa de inspeção, que serve para
fazer a manutenção periódica da tubulação, facilitando o desentupimento, em caso de necessidade.
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 54
Essa caixa deve ter 60cm X 60cm e profundidade de 50cm. Deve ser construída a cerca de 2m de
distância da casa, num buraco de 1m X 1m, com profundidade de 0,5m a 1m.

O fundo desse buraco deve ser bem compactado e receber


uma camada de concreto magro.
As paredes da caixa podem ser feitas com blocos de concreto
de 10cm de largura.

O fundo e as paredes dessa caixa devem ser revestidos com uma argamassa à base de cimento.

A caixa de inspeção é coberta com uma placa pré-moldada de concreto com 5cm de espessura.

A ligação da rede de esgoto da moradia à fossa séptica deve ser feita com tubos de 10cm de
diâmetro, assentados numa valeta e bem unidos entre si. O fundo da valeta deve ter caimento de
2%, no sentido da caixa de inspeção para a fossa séptica, ser bem nivelado e compactado.

DISTRIBUIÇÃO DOS EFLUENTES NO SOLO


Há duas maneiras de distribuir os efluentes no solo:
- Valetas de infiltração;
- Sumidouros.

A utilização de um ou outro vai depender do tipo do solo (mais poroso ou menos poroso) e dos
recursos disponíveis para a sua execução.

1) Valetas de infiltração

Esse sistema consiste na escavação de uma ou mais valetas, nas quais são colocados tubos que
permitem, ao longo do seu comprimento, escoar para dentro do solo os efluentes provenientes das
fossa séptica.

O comprimento total das linhas de tubos depende do tipo de solo e da quantidade de efluente a ser
tratada. Em terrenos mais porosos (como arenosos), 8m de tubos por pessoa são suficientes. Em
terrenos menos porosos (como os argilosos), são necessários 12 m de tubo por pessoa. Entretanto,
para um bom funcionamento de sistema , cada linha de tubos não deve ter mais que 30m de
comprimento.

Quando o terreno não permite a construção das valetas nas quantidades e nos comprimentos
necessários, pode ser feito um número maior de ramificações, de comprimentos menores. É o caso
da ocorrência de obstáculos (uma árvore ou rocha) ou da inexistência de espaço suficiente. (limite
da propriedade.

Os tubos devem ter 10cm de diâmetro e ser assentados sobre uma camada de 10cm de pedra britada
ou cascalho, colocadas no fundo das valetas de infiltração. Os quatro primeiros tubos que saem da
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 55
fossa devem ser unidos entre si. Entre os demais tubos deve ser deixado um espaço de 0,5cm , para
permitir o vazamento do efluente à medida que ele desce pelos tubos. Junto a esses espaços, os
tubos devem ser cobertos (apenas na parte de cima com um pedaço de lona plástica ou outro
material impermeável, para evitar a entrada de terra na tubulação.

Em seguida as valetas são fechadas com uma camada de brita, até meia altura e o restante co m o
próprio solo.

Nos entroncamentos ou ramificações de tubos é recomendável o uso de caixas de distribuição.

2) Sumidouro
O sumidouro é um poço sem laje de fundo que permite a penetração do efluente da fossa séptica no
solo.

O diâmetro e a profundidade dos sumidouros depende das quantidades


de efluentes e do tipo de solo. Mas não devem ter menos que 1m de
diâmetro e mais que 3m de profundidade.

Os sumidouros podem ser feitos com blocos de concreto ou com anéis pré-moldados de concreto.

A construção de um sumidouro começa pela escavação do buraco no local escolhido, a cerca de 3m


da fossa séptica e num nível um pouco mais baixo, para facilitar o escoamento dos efluentes por
gravidade. A profundidade do buraco deve ser 80cm maior que a altura final do sumidouro.

É recomendável que o diâmetro dos sumidouros com paredes de blocos de concreto não seja
inferior a 1,5m para facilitar o assentamento. Os blocos só podem se assentados com argamassa de
cimento e areia nas juntas horizontais. As juntas verticais não devem receber argamassa de
assentamento, para facilitar oi escoamento dos efluentes.

Se as paredes forem feitas com anéis pré-moldados de concreto, eles devem ser apenas colocados
uns sobre os outros, sem nenhum rejuntamento, para permitir o escoamento dos efluentes.

Esses anéis podem ser adquiridos diretamente de fabricantes locais de pré-moldados de concreto ou
de artefatos de cimento.

A laje ou tampa dos sumidouros pode ser feita com uma ou mais placas de concreto. Elas podem ser
executadas no próprio local ou adquiridas diretamente dos fabricantes de pré-moldados ou artefatos
de cimento da região.
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 56
TECNOLOGIAS PARA TRATAMENTO DE ESGOTOS SANITÁRIOS

No campo de tecnologias para o tratamento de esgotos sanitários, a escolha entre as


diversas alternativas disponíveis é ampla e depende de diversos fatores, dentre eles, podem ser
citados:

• Área disponível para implantação da ETE;


• Topografia dos possíveis locais de implantação e das bacias de drenagem e esgotamento
sanitário;
• Volumes diários a serem tratados e variações horárias e sazonais da vazão de esgotos;
• Características do corpo receptor de esgotos tratados;
• Disponibilidade e grau de instrução da equipe operacional responsável pelo sistema;
• Disponibilidade e custos operacionais de consumo de energia elétrica;
• Clima e variações de temperatura da região;
• Disponibilidade de locais e/ou sistemas de reaproveitamento e/ou disposição adequados dos
resíduos gerados pela ETE.

O tratamento de esgotos pode ser dividido em níveis de acordo com o grau de remoção de
poluentes ao qual se deseja atingir. O tratamento preliminar destina-se a remoção de sólidos
grosseiros em suspensão ( materiais de maiores dimensões e o sólidos decantáveis como areia e
gordura). São utilizados apenas mecanismos físicos (gradeamento e sedimentação por gravidade)
como método de tratamento. Esta etapa tem a finalidade de proteger as unidades de tratamento
subseqüentes e dispositivos de transporte como por exemplo bombas e tubulações, além de proteção
dos corpos receptores quanto aos aspectos estéticos. O tratamento primário além dos sólidos
sedimentáveis remove também uma pequena parte da matéria orgânica, utilizando-se de
mecanismos físicos como método de tratamento. O tratamento secundário, geralmente constituído
por reator biológico, remove grande parte da matéria orgânica, podendo remover parcela dos
nutrientes como nitrogênio e fósforo. Os reatores biológicos empregados para essa etapa do
tratamento reproduzem os fenômenos naturais da estabilização da matéria orgânica que ocorreriam
no corpo receptor. O tratamento terciário, nem sempre presente, geralmente constituído de unidade
de tratamento físico-químico, tem como finalidade a remoção complementar da matéria orgânica,
dos nutrientes, de poluentes específicos e a desinfecção dos esgotos tratados.
De acordo com a área, com os recursos financeiros disponíveis e com o grau de eficiência
que se deseja obter, um ou outro processo de tratamento pode ser mais adequado. A estimativa de
eficiência esperada nos diversos níveis de tratamento incorporados numa ETE podem ser avaliadas
no Quadro V.

Quadro V – Estimativa da eficiência esperada nos diversos níveis de tratamento incorporados


numa ETE.

Matéria orgânica Sólidos em Nutrientes Bactérias


Tipo de
(% remoção de suspensão (% remoção (%
tratamento
DBO) (% remoção SS) nutrientes) remoção)
Preliminar 5 – 10 5 –20 Não remove 10 – 20
Primário 25 –50 40 –70 Não remove 25 –75
Secundário 80 –95 65 –95 Pode remover 70 – 99
Terciário 40 - 99 80 – 99 Até 99 Até 99,999
Fonte: (CETESB, 1988)
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 57
Algumas das principais tecnologias utilizadas para tratamento de esgotos sanitários estão
descritas nos itens apresentados a seguir.

LAGOAS
As lagoas de estabilização são consideradas como uma das técnicas mais simples de tratamento de
esgotos. Dependendo da área disponível, topografia do terreno e grau de eficiência desejado, podem
ser empregados os seguintes tipos de sistemas de lagoas de estabilização:

Lagoas facultativas
Sistema de lagoas anaeróbias seguidas por lagoas facultativas (Sistema Australiano)
Lagoas aeradas facultativas
Sistema de lagoas aeradas de mistura completa seguida por lagoas de decantação

Um outro tipo de lagoa empregada no tratamento de esgoto é a lagoa de maturação. Porém esta
tem como objetivo a remoção de patogênicos ao contrário das demais citadas que são destinadas a
remoção de matéria orgânica.
As principais vantagens de um sistema de lagoas são a facilidade de construção, operação e
manutenção e respectivos custos reduzidos, além da sua satisfatória resistência a variações de
carga. Uma grande desvantagem é a necessidade de grandes áreas para a
construção.(SPERLING,1996)

LAGOAS FACULTATIVAS
O processo de tratamento por lagoas facultativas é muito simples e constitui-se unicamente por
processos naturais. Estes podem ocorrer em três zonas da lagoa: zona anaeróbia, zona aeróbia e
zona facultativa.
O efluente entra por uma extremidade da lagoa e sai pela outra. Durante este caminho, que
pode demorar vários dias, o esgoto sofre os processos que irão resultar em sua purificação. Após a
entrada do efluente na lagoa, a matéria orgânica em suspensão (DBO particulada) começa a
sedimentar formando o lodo de fundo. Este sofre tratamento anaeróbio na zona anaeróbia da lagoa.
Já a matéria orgânica dissolvida (DBO solúvel) e a em suspensão de pequenas dimensões (DBO
finamente particulada) permanecem dispersas na massa líquida. Estas sofrerão tratamento aeróbio
nas zonas mais superficiais da lagoa (zona aeróbia). Nesta zona há necessidade da presença de
oxigênio. Este é fornecido por trocas gasosas da superfície líquida com a atmosfera e pela
fotossíntese realizada pelas algas presentes, fundamentais ao processo. Para isso há necessidade de
suficiente iluminação solar, portanto, estas lagoas devem ser implantadas em lugares de baixa
nebulosidade e grande radiação solar. Na zona aeróbia há um equilíbrio entre o consumo e a
produção de oxigênio e gás carbônico. Enquanto as bactérias produzem gás carbônico e consomem
oxigênio através da respiração, as algas produzem oxigênio e consomem gás carbônico na
realização da fotossíntese. As reações são praticamente as mesmas com direções opostas:
Fotossíntese:

CO2 + H2O + Energia Solar ==> Matéria Orgânica + O2

Respiração:

Matéria Orgânica + O2 ==> CO2 + H2O +Energia

A medida que afasta-se da superfície da lagoa a concentração de oxigênio diminui devido a


menor ocorrência da fotossíntese. Também durante a noite não há realização de fotossíntese,
enquanto que a respiração continua ocorrendo. Esta zona, onde pode ocorrer ausência ou presença
de oxigênio é denominada zona facultativa. Nela a estabilização de matéria orgânica ocorre por
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 58
meio de bactérias facultativas, que podem sobreviver tanto na ausência quanto na presença de
oxigênio.
As lagoas facultativas dependem da fotossíntese para a produção de oxigênio, como já foi dito
anteriormente. Desta forma, a eficiência desse tipo de sistema de tratamento depende da
disponibilidade de grandes áreas para que a exposição à luz solar seja adequada, podendo a chegar a
valores de 70 a 90 % de remoção de DBO. Como a atividade fundamental do processo consiste no
desenvolvimento das algas e estas da presença de luz, as profundidades das lagoas restringem-se a
valores variáveis entre 1,5 e 2,0 m, porém, com volumes elevados, de forma a permitir a
manutenção de grandes períodos de detenção, em geral de 15 a 20 dias.

SISTEMAS DE LAGOAS ANAERÓBIAS SEGUIDAS POR LAGOAS FACULTATIVAS


(SISTEMA AUSTRALIANO)

Este sistema de tratamento de esgoto constituído por lagoas anaeróbias seguidas por lagoas
facultativas, também conhecido como sistema australiano.
As lagoas anaeróbias é normalmente profunda, variando entre 4 a 5 metros. A profundidade
tem a finalidade de impedir que o oxigênio produzido pela camada superficial seja transmitido às
camadas inferiores. Para garantir as condições de anaerobiose é lançado uma grande quantidade de
efluente por unidade de volume da lagoa. Com isto o consumo de oxigênio será superior ao reposto
pelas camadas superficiais. Como a superfície da lagoa é pequena comparada com sua
profundidade, o oxigênio produzido pelas algas e o proveniente da reaeração atmosférica são
considerados desprezíveis. No processo anaeróbio a decomposição da matéria orgânica gera
subprodutos de alto poder energético (biogás) e, desta forma, a disponibilidade de energia para a
reprodução e metabolismo das bactérias é menor que no processo aeróbio.
A eficiência de remoção de DBO por uma lagoa anaeróbia é da ordem de 50% a 60%. Como a
DBO efluente é ainda elevada, existe a necessidade de uma outra unidade de tratamento. Neste caso
esta unidade constitui-se de uma lagoa facultativa, porém esta necessitará de uma área menor
devido ao pré-tratamento do esgoto na lagoa anaeróbia. O sistema lagoa anaeróbia + lagoa
facultativa representa uma economia de cerca de 1/3 da área ocupada por uma lagoa facultativa
trabalhando como unidade única para tratar a mesma quantidade de esgoto. Devido a presença da
lagoa anaeróbia, maus odores, provenientes da liberação de gás sulfídrico, podem ocorrer como
conseqüência de problemas operacionais. Por este motivo este sistema deve ser localizado em áreas
afastadas, longe de bairros residenciais. (SPERLING,1996)

LAGOAS AERADAS FACULTATIVAS


A principal diferença entre este tipo de sistema e uma lagoa facultativa convencional é que o
oxigênio, ao invés de ser produzido por fotossíntese realizada pelas algas, é fornecido por aeradores
mecânicos. Estes constituem-se de equipamentos providos de turbinas rotativas de eixo vertical que
causam um grande turbilhonamento na água através de rotação em grande velocidade. O
turbilhonamento da água facilita a penetração e dissolução do oxigênio. Tendo em vista a maior
introdução de oxigênio na massa líquida do que é possível numa lagoa facultativa convencional, há
uma redução significativa no volume necessário para esse tipo de sistema, sendo suficiente um
tempo de detenção hidráulica variando entre 5 a 10 dias, e como conseqüência, o requisito de área
é menor.
O grau de energia introduzido na lagoa através dos aeradores é suficiente apenas para a
obtenção de oxigênio, porém não é suficiente para a manutenção dos sólidos em suspensão e
bactérias dispersos na massa líquida. Portanto ocorre sedimentação da matéria orgânica formando o
lodo de fundo que será estabilizado anaerobiamete como em uma lagoa facultativa convencional.
A lagoa aerada pode ser utilizada quando se deseja um sistema predominantemente aeróbio e a
disponibilidade de área é insuficiente para a instalação de uma lagoa facultativa convencional.
Devido a introdução de equipamentos eletro-mecânicos a complexidade e manutenção operacional
do sistema é aumentada, além da necessidade de consumo de energia elétrica. A lagoa aerada pode
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 59
também ser uma solução para lagoas facultativas que operam de forma saturada e não possuem área
suficiente para sua expansão. (SPERLING,1996)

SISTEMAS DE LAGOAS AERADAS DE MISTURA COMPLETA SEGUIDAS POR LAGOAS


DE DECANTAÇÃO

O grau de energia introduzido é suficiente para garantir a oxigenação da lagoa e manter os


sólidos em suspensão e a biomassa dispersos na massa líquida. Devido a isto, o efluente que sai de
uma lagoa aerada de mistura completa, possui uma grande quantidade de sólidos suspensos e não é
adequado para ser lançado diretamente no corpo receptor. Para que ocorra a sedimentação e
estabilização destes sólidos é necessária a inclusão de unidade de tratamento complementar, que
neste caso, são as lagoas de decantação.
O tempo de detenção nas lagoas aeradas é da ordem de 2 a 4 dias e nas lagoas de decantação da
ordem de 2 dias. O acumulo de lodo nas lagoas de decantação é baixo e sua remoção geralmente é
feita com intervalos de 1 a 5 anos. Este sistema ocupa uma menor área que outros sistemas
compostos por lagoas. Os requisitos energéticos são maiores que os exigidos por outros sistemas
compostos por lagoas. (SPERLING,1996)

LAGOAS DE MATURAÇÃO

A função desta lagoa é a remoção de patogênicos. Esta é uma alternativa mais barata à outros
métodos como por exemplo a desinfecção por cloração. (SPERLING,1996)

Lodos Ativados
O sistema de lodos ativados não exige grandes requisitos de áreas como por exemplo as
lagoas. No entanto há um alto grau de mecanização e um elevado consumo de energia elétrica. O
tanque de aeração ou reator, o tanque de decantação e a recirculação de lodo são partes integrantes
deste sistema. O efluente passa pelo reator, onde ocorre a remoção da matéria orgânica e depois
pelo decantador, de onde sai clarificado após a sedimentação dos sólidos (biomassa) que formam o
lodo de fundo. Este é formado por bactérias ainda ávidas por matéria orgânica que são enviadas
novamente para o reator (através da recirculação de lodo). Com isso há um aumento da
concentração de bactérias em suspensão no tanque de aeração, para ser ter uma idéia, esta é mais
de 10 vezes maior que a de uma lagoa aerada de mistura completa sem recirculação. Porém uma
taxa equivalente ao crescimento das bactérias (lodo biológico excedente) deve der retirada, pois se
fosse permitido que as bactérias se reproduzissem continuamente, alguns problemas poderiam
ocorrer. A presença de biomassa no efluente final devido a dificuldade de sedimentar em um
decantador secundário sobrecarregado e a dificuldade de transferência de oxigênio para todas as
células no reator são exemplos destes.
A alta eficiência deste sistema é em grande parte devido a recirculação de lodo. Esta permite
que o tempo de detenção hidráulico seja pequeno e conseqüentemente também o reator possua
pequenas dimensões. A recirculação de sólidos também ocasiona com que os sólidos permaneçam
mais tempo no sistema que a massa líquida. Este tempo de permanência da biomassa no sistema é
chamado de Idade do Lodo.
Além da matéria orgânica carbonácea o sistema de lodos ativados pode remover também
nitrogênio e fósforo, porém a remoção de coliformes é geralmente baixa devido ao pequeno tempo
de detenção hidráulico e normalmente insuficiente para o lançamento no corpo receptor.
O sistema de lodos ativados possui algumas variantes e pode ser:
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 60
SISTEMA DE LODOS ATIVADOS CONVENCIONAL

O sistema de lodos ativados convencional é constituído por reator e decantadores primário e


secundário. Este sistema possui decantador primário para que a matéria orgânica em suspensão
sedimentável seja retirada ante do tanque de aeração gerando assim uma economia no consumo de
energia. O tempo de detenção hidráulico é bem baixo, da ordem de 6 a 8 horas e a idade do lodo em
torno de 4 a 10 dias. Como o lodo retirado ainda é jovem e possui grande quantidade de matéria
orgânica em suas células, há necessidade de uma etapa de estabilização do lodo.(SPERLING,1997).

SISTEMA DE LODOS ATIVADOS DE AERAÇÃO PROLONGADA (FLUXO CONTÍNUO)

A diferença deste sistema para o sistema convencional é que a biomassa permanece mais
tempo no reator (18 a 30 dias), porém continua recebendo a mesma carga de DBO. Com isso o
reator terá que possuir maiores dimensões e consequentemente existirá menor concentração de
matéria orgânica por unidade de volume e menor disponibilidade de alimento. Para sobreviver as
bactérias passam a consumir a matéria orgânica existente em suas células em seus metabolismos.
Assim, o lodo já sairá estabilizado do tanque de aeração, não havendo necessidade de se ter um
biodigestor. Este sistema também não possui decantador primário para evitar a necessidade de uma
unidade de estabilização do lodo resultante deste.
Como a estabilização do lodo ocorre de forma aeróbia no reator, há um maior consumo de
energia elétrica. Porém, este é um sistema de maior eficiência de remoção de DBO dentre os que
funcionam com lodos ativados.(SPERLING, 1997)

SISTEMA DE LODOS ATIVADOS DE FLUXO INTERMITENTE (BATELADA)

Neste sistema há apenas uma unidade e todas as etapas de tratamento do esgoto ocorrem
dentro do reator. Estas passam a ser seqüências no tempo e não mais unidades distintas. A biomassa
permanece no tanque e não havendo necessidade de sistema de recirculação de lodo. Um sistema de
lodos ativados fluxo intermitente possui ciclos bem definidos de operação. São estes: enchimento,
reação, sedimentação, esvaziamento e repouso. Em sistemas que recebem esgotos de forma
contínua, como por exemplo as estações que recebem esgotos domésticos, há a necessidade de ser
ter mais de um tanque de aeração trabalhando em paralelo. Pois um tanque que esta no ciclo de
decantação não pode estar recebendo esgotos e para isso deve haver um outro tanque que esteja no
ciclo de enchimento. Este sistema pode funcionar tanto como um de lodos ativados convencional
como um de aeração prolongada.(SPERLING, 1997)

BIODISCOS
Neste sistema um conjunto de discos, geralmente de plástico de baixo peso, giram em torno
de um eixo horizontal. Metade do disco é imerso no esgoto a ser tratado enquanto a outra metade
fica exposta ao ar. As bactérias formam uma película aderida ao disco que quando exposta ao ar é
oxigenada. Esta quando novamente em contato com o efluente contribui para a oxigenação deste.
Quando esta película cresce demasiadamente, ela se desgarra do disco e permanece em suspensão
do meio líquido devido ao movimento destes contribuindo para um aumento da eficiência.
Este sistema é limitado para o tratamento de pequenas vazões. O diâmetro máximo dos
discos é reduzido sendo necessário um grande número de discos para vazões maiores.(SPERLING,
1995)
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 61

A FOSSA SÉPTICA - FILTRO ANAERÓBIO


Este sistema possui menores dimensões devido a sua condição anaeróbia. É menos eficiente
que os sistemas aeróbios, porém há uma baixa produção de lodo e este já sai estabilizado. Por ser
um processo anaeróbio há a possibilidade de geração de maus odores, mas esta pode ser evitada por
um projeto, planejamento e manutenção adequados.
A fossa séptica possui pouca eficiência e geralmente é utilizada como processo
complementar. O efluente passa através da fossa e a matéria orgânica sedimentável forma um lodo
de fundo que sofrerá digestão anaeróbia. Este já sai estabilizado porém com muitos patogênicos.
O filtro anaeróbio é constituído por um leito, normalmente de pedras, onde se forma uma
película de bactérias. O efluente entra na parte inferior do filtro e atravessa o leito em um fluxo
ascendente. Por isso o leito é afogado, ou seja, os vazios são preenchidos com o efluente. Este
motivo e também a alta concentração de matéria orgânica por unidade de volume fazem com que as
bactérias envolvidas neste processo sejam anaeróbias. Por ser um processo anaeróbio as dimensões
do filtro são reduzidas e a unidade é fechada.(SPERLING, 1995).

REATOR ANAERÓBIO DE MANTA DE LODO


(REATORANAERÓBIO DE FLUXO ASCENDENTE - RAFA OU
UASB)
No reator a biomassa cresce dispersa no meio formando pequenos grânulos. A concentração
de bactérias é bastante elevada formando uma manta de lodo. O efluente entra em baixo do reator e
possui fluxo ascendente. No topo do reator há uma estrutura cônica ou piramidal. Esta possibilita a
separação dos gases resultantes do processo anaeróbio ( gás carbônico e metano) da biomassa, que
sedimenta no cone sendo devolvida ao reator, e do efluente. A área deste sistema é bastante
reduzida devido a alta concentração das bactérias. A produção de lodo é baixa e este já sai
estabilizado. Os maus odores podem ser evitados com um projeto adequado. (SPERLING,1995)

Fazendo Cidades Mais Confortáveis, Vivendo Com Utilização das Águas


Pluviais
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 62
Em 1982, quando da construção do Ginásio de Sumô goku Kokugikan foi decidida,
por alguns membros do Grupo Pingos de Chuva, a utilização das águas pluviais. Na
ocasião, os membros pediram à Associação de Sumô, no escritório da Cidade de Sumida,
para utilizar as águas pluviais que precipitam sobre o telhado, para benefício da comunidade
local, porém não para fins potáveis. Eles consideraram que a utilização das águas pluviais
não só deveria ser promovida individualmente, mas também regional e comunitariamente,
que seria mais efetiva. Como resultado, um Sistema de Utilização das Águas Pluviais foi
introduzido na construção do Ryogoku Kokugikan. Em 1989, os membros do Grupo Pingos
de Chuva compilaram as suas idéias e colocaram na publicação “Conceito Oásis da Cidade
de Sumida”, e remeteram-nas às autoridades municipais como sugestões e recomendações.

Fundamentos Para Utilização das águas Pluviais

Grandes cidades Continuam na Dependência de Grandes Reservatórios de Armazenamento

Muitos japoneses entendem que a utilização das


águas pluviais é importante nos países com
escassez de chuva, mas não entendem porque deveriam
se preocupar com as chuvas intensas que precipitam
todos os anos.
A precipitação média anual no Japão é
aproximadamente 1800mm, quase duas vezes a
média mundial. Porém, a quantidade média por vapor de
água presente na atmosfera é aproximadamente
22 mm por ano. Esta média do vapor de água no ar
significa uma alternância de 81 vezes por ano
aproximadamente, ou seja, renova-se a cada 4 ou 5
dias. Estas são as combinações de freqüência
com as quais os centros de baixa pressão atravessam o
arquipélago Japonês.
No Japão, 120 milhões de pessoas vivem numa área muito pequena. A demanda "per
capita" anual no Japão é aproximadamente 6000 m\ o que representa somente 20% da média "per
capita" no mundo. Em Tóquio vivem 12 milhões de pessoas em uma área de 1778 km2, assim a
demanda "per capita" anual de Tóquio é de aproximadamente 207 m\ representando apenas 0,6%
da média "per capita" no mundo.

⇒ Desperdiçando 1500 mm de Águas Pluviais por Ano


Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 63

As águas pluviais em Tóquio representam um recurso natural muito importante. Porém, em vez de

Esta casa foi construída em 1987. Desde então, muitas revistas e jornais têm se reportado a ela
como a precursora das estruturas que empregam integralmente sistemas de utilização das águas
pluviais.
As águas pluviais coletadas no telhado são armazenadas em um reservatório subterrâneo de 40 m3 de
capacidade, sendo utilizadas principalmente para a descarga nos vasos sanitários e, se houver o
suficiente, também são utilizadas numa máquina de lavar roupas.
Está localizada na bacia do Rio Shingashi, um tributário do Rio Ara, onde ocorrem freqüentes
enchentes sob chuvas intensas. Quando o arquiteto Kiyoshi Sato projetou sua nova casa, decidiu
instalar um grande reservatório de armazenamento subterrâneo para utilização das águas pluviais,
pensando que isso viria a ajudar no controle das enchentes.
Diversas idéias quanto a utilização das águas pluviais em residências são demonstradas nesta
casa. Por exemplo, os ambientes são refrigerados através da circulação das águas pluviais por
tubulações instaladas nas lajes. A temperatura ambiente diminui cerca de 3°C quando as águas
pluviais escoam pelas tubulações. Sato disse que consegue viver confortavelmente mesmo sob o calor
escaldante do verão japonês, utilizando apenas alguns ventiladores elétricos como complemento ao
sistema. O resfriamento da casa também é feito pela água armazenada que é aspergida sobre o telhado.
Além disso, ele também deseja obter a água pluvial o mais limpa possível. Como as calhas com 70
mm de largura acumulam partículas finas de solo (poeiras) e outras sujeiras (folhas, etc.), os
condutores verticais são dotados de telas e grelhas evitando a entrada na canalização do reservatório
de armazenamento.

reservarmos essa água, nós continuamos lançando nas redes de águas pluviais. Ao mesmo tempo, sem
muitos critérios e considerações, pensamos que sempre poderemos construir grandes barragens novas, se
necessitarmos mais água para o consumo. Resumindo, nós temos um pensamento egoísta: "É realmente
muito problemático quando chove em Tóquio, pois nós queremos que chova muito nas áreas das bacias
hidrográficas dos reservatórios de abastecimento em vez de chover sobre a cidade".
Assim, o que se deve ser feito, a partir de agora, é considerar a importância das águas pluviais,
que continuam sendo lançadas nas redes de águas pluviais. Para esse recurso potencial de água deveremos
construir um grande número de “mini reservatório” (reservatórios de águas pluviais) nas áreas urbanas,
por meio de telhados gramados para retenção e, planejar uma adução de águas para o consumo em sistema
independente do sistema de abastecimento público. Estes são os nossos principais objetivos para incentivar
a utilização das águas pluviais.

Exemplos de Utilização das Águas Pluviais


(Visitando Locais com Sistemas de Utilização)

A Casa de Kiyoshi Sato:

Caixa de descarga acoplada ao vaso


Sanitário
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 64
Teto e piso com tubulação de refrigeração

Bomba

⇒ A casa do Professor Suzuki


Este é o melhor exemplo de como utilizar as
águas pluviais em uma casa. Muitos equipamentos
foram introduzidos nesta casa, para incorporar as
águas pluviais na vida cotidiana dos seus
moradores, e conviver em harmonia com as chuvas. A
estrutura foi projetada por Nobuhiro Suzuki, um
professor da Universidade de Ciências de Tóquio,
reconhecido como um dos principais
arquitetos especializados em paisagismo utilizando
águas.
Em frente a sala de estar, no segundo
andar, há um painel de policarbonato que serve
de janela tipo clarabóia,onde às águas pluviais
desenham figuras interessantes. Na
sacada do primeiro andar há um reservatório,
um pequeno lago artificial, com uma mini
fonte ao cantro, que jorra água, produzindo
pequenas ondas na superfície do laguinho. Um
banco feito de bambu preto, ao lado do
laguinho, forma uma combinação requintada.
O lago também serve como fonte de água
emergencial, e fornece água para resfriar o
telhado da casa. As águas pluviais escoam por uma
tubulação de PVC colorida, passando pela
escada, desaguando por um tubo de aço inoxidável em um
lavatório de pedra embaixo da sacada.
As crianças da vizinhança lavam suas mãos com água e os
pássaros se aproximam da mini fonte para bebê-la. A água que
transborda da mini fonte de pedras, escoa nas proximidades, da entrada da casa, formando uma
diminuta cachoeira. Então, ela infiltra lentamente no solo, umedecendo as pedras brancas do
pequeno jardim, que também funcionam como uma bacia de detenção, a fim de reter as águas
pluviais, temporariamente, durante as chuvas intensas.
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 65

⇒ A Velha Tina das Águas Pluviais

Quando você caminhar nos arredores do distrito de IchiteraKototoi, na Cidade de


Sumida, você encontrará uma rua chamada "Eco-Roji" ("roji" significa rua em japonês)
onde existem dispositivos chamados "Rojison", que significam "ruas ecológicas". O
"Rojison" é um reservatório subterrâneo com capacidade de 10 m3 de águas pluviais dotado
de uma bomba manual. Este armazenamento serve como recurso hídrico para regar plantas
e, para uma emergência, na falta do abastecimento público. Você também os encontrará na
frente das casas, pintados na cor púrpura e dotados com torneiras. A idéia do “Tensuinson”,
nascidas na publicação “Conceito Oásis de Sumida”, foi implementada no distrito de
Inchitera-kototoi, nas mais variadas formas e maneiras.

⇒ Controlando a Quantidade de Águas Pluviais com Reservatório


Todas as águas pluviais coletadas não podem ser armazenadas em reservatórios
como “Tensuison”. A capacidade de um reservatório de armazenamento de águas pluviais
é calculada pela chuva média do local. Então, em tempos de chuva prolongada ou intensa,
a chuva pode exceder a capacidade do reservatório. No “Conceito Oásis de Sumida”, o
objetivo era reaviver os canais perdidos, sendo parte da água excedente
(transbordamento), descarregada nas sarjetas e o restante infiltrado no solo. O excesso de
água pode transbordar de um reservatório para um canal por meio de uma cascata, porém,
quando faltar água no reservatório, a água escoará no canal para o reservatório. A cascata
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 66
é uma cachoeira projetada na forma de degraus.

⇒ "Tensuison Sento" (Banheiro Público)

Um banheiro público que


utiliza as águas pluviais foi proposto no
Conceito Oásis de Sumida. As águas
pluviais coletadas no telhado do
banheiro público seriam utilizadas para
descargas nos vasos sanitários, regar
plantas e, nas emergências, para beber
e combater incêndios.
De acordo com a proposta, o
nome do banheiro público seria
"Tensuison Sento", e teria
uma logomarca do Período Edo
(1603 - 1867). Uma lagoa de águas
pluviais com pequenas
árvores ficariam no jardim e, uma
pequena torre com um reservatório
elevado seriam construídos ao lado
dessa lagoa. As águas pluviais seriam
bombeadas de um reservatório de
armazenamento subterrâneo para o reservatório
elevado, que supriria as necessidades no banheiro publico
utilizando o escoamento por gravidade.
Infelizmente o “Tensuison Sento” (“Banheiro Público”) ficou só na idéia, porém, o
protótipo foi construído pela iniciativa privada como “Eco-Sento”, localizado em Ishihara, na
Cidade de Sumida, mais conhecido pelo nome de “Mikokuyu”, projetado por Shigeru Ito. Os
banheiros públicos eram bem populares e serviam as comunidades nos centros urbanos, mas foram
desaparecendo um a um.

⇒“ECO-SENTO" - Banheiro Público Ecológico


Porém, "Mikokuyu" se tornou um "Centro-Ecológico" não só como um centro para
comunicação, mas também um centro para atividades ambientais às pessoas da região.
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 67

O conceito de utilização das águas pluviais foi aplicado quando “Mikokuyu” foi
remodelado em 1991. Embora a água para as tinas de banho e para os chuveiros fosse água
do abastecimento público e água mineral, as águas pluviais coletadas no telhado do banheiro
público eram utilizadas numa pequena lagoa e nos vasos sanitários.
Além disso, foi construído um "centro de reciclagem", para reciclagem de latas e
vasilhames vazios. As latas vazias podiam ser lavadas com as águas pluviais coletadas no
"Rojison", e depositadas no centro de reciclagem até que os caminhões pudessem transportá-
Ias ao destino final.

Anexos:

Projetos de energia limpa atraem investidores japoneses

Os projetos de energia renovável da América Latina estão despertando a atenção de


empresas japonesas. O Japão é um dos países que, preocupado com o aquecimento global, já
ratificou o protocolo de Kyoto e, além de estar implantando um plano de redução de gases de efeito
nocivo à camada de ozônio, começa a analisar projetos cujos investimentos tenham como retorno
dos créditos de carbono, beneficiando o país. No plano interno de redução dos gases de efeito
estufa, o Japão já aderiu à mistura do álcool à gasolina. De olho no setor canavieiro, onde se
concentra a maior parte dos pequenos e médios empreendimentos de energia renovável, empresas
japonesas do setor elétrico convidaram o representante brasileiro da Econergy, especializada em
soluções financeiras inovadoras voltadas a empreendedores de tecnologias limpas, Marcelo Schunn
Diniz Junqueira, para iniciar as negociações dos investimentos no Brasil. "O Brasil pode receber
investimentos de aproximadamente US$ 20 milhões apenas com o potencial das pequenas e médias
empresas de energia renovável, explica Marcelo”.Existe um grande interesse destas instituições em
atuar tanto na redução da emissão de gases de efeito estufa através da mistura de álcool na gasolina
como em adquirir créditos de carbono gerados em projetos de Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo em países como o Brasil. Muito embora a mistura do álcool na gasolina seja uma medida
ainda dependente de soluções político-econômicas, a compra dos créditos de carbono já começou".

Realização da terceira versão do Workshop Brasil-Japão: Implicações Regionais e Globais, sobre


Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável visando a obtenção e discussão de
informações atuais dos programas governamentais, da iniciativa privada e universidade, na área de
energia, biomassa, meio ambiente, sustentabilidade, tratamento de resíduos sólidos e líquidos e
novas tecnologias aliados ao intercâmbio da pesquisa e perspectivas de abrir novos canais de
cooperação internacional de interesse estratégico entre instituições japonesas e brasileiras. No
Japão, os pesquisadores de ambos os países envolvidos, bem como de representantes de instituições
de ensino e pesquisa do Brasil, autoridades brasileiras e japonesas.

Com a finalidade de desenvolver tecnologias para satisfazer necessidades imediatas na área de


energia, sustentabilidade e meio-ambiente , como o tratamento de efluentes, reuso de resíduos
sólidos, combustíveis alternativos e qualidade do ar, este Workshop abre possibilidades
interessantes para empresas japonesas e brasileiras, universidades e centros de pesquisas estarem
discutindo os temas propostos, propiciando a oportunidades de troca de experiências, a
possibilidade de fomentar a realização de novas atividades conjuntas que possam propiciar a
integração e desenvolvimento, tanto do Brasil como do Japão, bem como, uma oportunidade para
fomentar a realização de novas iniciativas conjuntas para o desenvolvimento de projetos que
possam ser benéficos para ambos os países.

Através deste evento espera-se, além de ampliar o conhecimento entre os dois países através de
troca de experiências, debater no evento, os importantes temas Energia, Sustentabilidade e Meio-
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 68
Ambiente, buscando trazer à comunidade brasileiras algumas das soluções adotadas pelo Japão.
Estes temas são extremamente relevantes para a conjunta brasileira.

A troca de experiências e expectativas entre acadêmicos de instituições de ensino e pesquisa é,


portanto, extremamente vantajosa no sentido de que podermos obter como resultado a superação de
obstáculos, o desenvolvimento de estratégias efetivas e o desenvolvimento sustentável,
beneficiando a sociedade como um todo, ampliando e consolidando as relações existentes entre o
Brasil e o Japão.

Empresas Japonesas

NSK Responsabilidade Social: A NSK Brasil Ltda, empresa multinacional situada em Suzano
e uma das líderes de mercado no segmento de rolamentos, realiza suas atividades baseada num
Sistema de Gestão da Qualidade e Meio ambiente, eficiente e eficaz. Com a participação de todos
os funcionários, cumpre os seguintes propósitos:

(1) Desenvolver, produzir, fornecer produtos e colaborar com o desenvolvimento da indústria e da


sociedade através da fabricação de rolamentos de esferas que satisfaçam as necessidades dos nossos
clientes;

(2) Preservar e melhorar o meio ambiente através da integração com a comunidade local, praticando
conceitos de parceria com órgãos governamentais e indústrias no aprimoramento das atividades de
utilização racional dos recursos naturais;

(3) Corresponder a confiança depositada pelos nossos clientes através do comprometimento com a
melhoria contínua, aprimoramento do padrão de qualidade e com a prevenção de poluição,
utilizando os recursos técnicos e conhecimentos especializados disponíveis;

(4) Comprometer-se com o atendimento a legislação e normas aplicáveis e demais requisitos


subscritos pela organização.

(5) Promover medidas de redução do consumo de energia e da geração de resíduos industriais;

(6) Colaborar com a formação profissional e social dos funcionários através de instruções e
treinamentos adequados.

Integrar-se com a comunidade, buscando atuar de modo a unir produtividade e benefícios para a
população. Esse é o principal objetivo de qualquer empresa que trabalhe, em sua filosofia, com a
responsabilidade social atrelada às suas atividades-fim. Hoje, não há como dissociar este tipo de
comprometimento de instituições envolvidas com a melhoria da qualidade de vida de seu público-
alvo e da sociedade em geral.

A NSK desenvolve, atualmente, duas frentes de responsabilidade social: o projeto NSK Cidadã,
contemplando ações internas e externas, voltadas para as comunidades em que se insere; e a
Responsabilidade Social Interna – RSI , com vistas ao bem-estar de seus próprios colaboradores.

Por meio de iniciativas diversas, a NSK busca não só conscientizar seus colaboradores sobre a
importância do voluntariado e do desenvolvimento comunitário, mas também valorizar os
profissionais responsáveis pelo sucesso da empresa.

Conforme o Instituto Ethos, “responsabilidade social empresarial é uma forma de conduzir os


negócios que torna a empresa parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social. A empresa
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 69
socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes
partes (acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade,
governo e meio ambiente) e conseguir incorporá-los ao planejamento de suas atividades, buscando
atender às demandas de todos, não apenas dos acionistas ou proprietários”.

O projeto NSK Cidadã visa colaborar com o desenvolvimento comunitário, promovendo ações
integradas com empresas, governo, organizações não-governamentais (ONGs) e os cidadãos,
incentivando e ampliando iniciativas de cunho social.

Por meio do projeto, são executadas duas ações permanentes e cinco semanas de atividades internas
que trazem resultados significativos para a comunidade, desde a mobilização até a prestação de
serviços essenciais à população. Além disso, a NSK também apóia a Fundação Abrinq. Amparo aos
Necessitados. Comunidade. Educação. Meio Ambiente. São esses os quatro Núcleos NSK de Ação
Social – NNAS's – dos quais fazem parte vários colaboradores da empresa. Eles são direcionados
por um comitê específico, responsável por encaminhar os voluntários, conforme a área de interesse
de cada um.

A partir de então, os colaboradores são acionados sempre que estiver em curso alguma ação
voluntária do núcleo ao qual pertencem. Durante essas ações, novos voluntários podem aderir e
cooperar.

Komatsu: “Trabalhando com o Futuro”


Responsabilidade social é prioridade na Komatsu do Brasil: desde sua fundação em 1975.
Ao longo desses 31 anos, a empresa vem exercendo a cidadania corporativa através de 3
fundamentos: a valorização dos funcionários, respeito ao meio ambiente e contribuição para o
desenvolvimento da comunidade em que atua.
Com 730 colaboradores diretos, além da rede de revendedores e fornecedores, hoje a Komatsu do
Brasil é a base de fabricação mundial dos tratores de esteira de médio porte, os quais exporta para o
mundo todo. Além disso, fabrica para o mercado latino americano, escavadeiras, pás carregadeiras
e motoniveladoras.

O reconhecimento da busca constante pela excelência em qualidade se reflete através da


certificação ISO9001: 2000; e na inclusão contínua dos princípios do desenvolvimento sustentável
por meio de gestão ambiental, através da certificação ISO14001.
Para promover a conscientização ambiental e o desenvolvimento sócio-cultural de seus
funcionários, familiares e de toda a Comunidade de Suzano onde está localizada, a Komatsu criou o
projeto chamado “Trabalhando com o Futuro”. Iniciado em setembro de 2004 reuniu alunos na
faixa de 14 anos de uma Escola da rede Estadual de Ensino em uma visita a fábrica, onde através de
palestras e jogos introduziu o conceito de conscientização ambiental.
No ano seguinte, estendeu o ciclo de palestras sobre coleta seletiva aos seus funcionários e
educadores da rede pública local, alem de promover através de peça teatral aos alunos do ensino
fundamental e médio, conceitos sobre a preservação do meio, relacionamento familiar e auto-
estima.
Por meio da “1ª Caminhada em prol do meio ambiente”, aberta a toda a comunidade e
contando com funcionários como voluntários, foram arrecadados 890 quilos alimentos e doados a
uma entidade local. A Caminhada teve encerramento em um parque local, onde alunos das Escolas
participantes tiveram a oportunidade de expor trabalhos sobre preservação do meio ambiente.
Este projeto rendeu a Komatsu do Brasil o 1º Premio Mogi News de responsabilidade
social empresarial do Alto Tietê. Em 2006 novas atividades, tais como palestras e peças em 5
escolas da rede Estadual, a 2ª caminhada em prol do meio ambiente, exposição cultural sobre as
regiões brasileiras e a semana do meio ambiente para os funcionários da Komatsu do Brasil serão
desenvolvidas.
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 70
É dessa forma que a Komatsu do Brasil procura contribuir para o desenvolvimento do país
e para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos brasileiros.

Mananciais
Mananciais são todas as fontes de água, superficiais ou subterrâneas, que podem ser usadas para o
abastecimento público. Isso inclui, por exemplo, rios, lagos, represas e lençóis freáticos. Para cumprir sua
função, um manancial precisa de cuidados especiais, garantidos nas chamadas leis estaduais de proteção a
mananciais. Nessas regras, o ponto principal é evitar a poluição das águas, coisa muito difícil de se conseguir
em um país como o Brasil. Por aqui, a expansão das grandes cidades aconteceu de forma superbagunçada,
comprometendo as fontes d' água próximas às metrópoles. O exemplo mais conhecido - e triste - é o do rio
Tietê, que corta a capital de São Paulo e boa parte do interior. Em tese, o mais famoso rio paulista poderia
ser um manancial para milhões de habitantes, mas quase 100 anos de poluição acabaram transformando o rio
em um enorme esgoto a céu aberto. Para piorar as coisas para os paulistanos, outras importantes reservas de
água estão ficando comprometidas. A partir da década de 70, a cidade começou a se expandir em direção à
represa de Guarapiranga, com milhares de ocupações clandestinas que despejam esgoto no manancial sem
nenhum tratamento. "Hoje, não é viável remover as pessoas de lá. A melhor saída é coletar o esgoto e tratá-lo
para diminuir a poluição", afirma o sociólogo Ricardo Araújo, da Companhia de Saneamento Básico do
Estado de São Paulo (Sabesp). Infelizmente, São Paulo não é o único lugar do Brasil onde os mananciais
estão em perigo. No quadro ao lado, contamos um pouco mais sobre o drama da represa de Guarapiranga e
mais quatro casos de desrespeito às fontes de água em outras metrópoles.

RESERVATÓRIOS EM RISCO
Crescimento desordenado ameaça a qualidade da água nas maiores áreas urbanas do país

REPRESA DE GUARAPIRANGA (São Paulo, SP)


Poluída pelo esgoto de loteamentos irregulares e favelas, a represa de Guarapiranga sofreu com a explosão
demográfica: segundo a Sabesp, a população na região saltou de 330 mil habitantes nos anos 80 para 750 mil
no ano 2000.
Como resultado, os custos com o tratamento de água aumentaram dez vezes nos últimos 15 anos. Como
retirar toda essa gente é inviável, o governo do estado promete investir na urbanização de favelas e aumentar
a rede de esgoto no entorno do principal reservatório da cidade

RIO DAS VELHAS E REPRESA VARGEM DAS FLORES (Belo Horizonte, MG)
A capital mineira é abastecida por esses dois mananciais com problemas de poluição. A represa de Vargem
das Flores recebe esgoto das casas de seu entorno, enquanto o rio das Velhas acabou contaminado por metais
pesados despejados pelas usinas siderúrgicas construídas junto às suas margens. A boa notícia é que o rio das
Velhas já dá sinais de melhora depois de um processo de revitalização iniciado nos anos 90

BACIA DO RIO PIRACICABA (interior de São Paulo)


A água desse rio e de seus principais afluentes fica poluída depois de passar na área de grandes cidades como
Campinas e Limeira.
Mas, antes dessa nojeira toda, a capital paulista "rouba" desse sistema cerca de 50% de sua capacidade de
abastecimento. Pior para as cidades populosas do interior: com rios sujos e com pouca água potável, os
racionamentos e rodízios de água já começam a se tornar comuns na região

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS (Recife, PE)


Como a capital pernambucana não tem rios permanentes capazes de fornecer água a seu 1,5 milhão de
habitantes, o jeito é retirar água de lençóis subterrâneos. O problema é que boa parte dessas reservas está
comprometida. Primeiro, a grande quantidade de esgoto não coletada se infiltra no solo e polui os lençóis.
Segundo, a superexploração fez baixar o nível dos reservatórios, deixando a água com muito sal e
prejudicando o consumo

RIO GUANDU (Rio de Janeiro, RJ)


Emporcalhado pelo esgoto, um dos principais mananciais da capital carioca precisa da ajuda do rio Paraíba
do Sul para diminuir sua poluição. Hoje, o Paraíba do Sul engrossa o volume do Guandu seis vezes em
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 71
relação à vazão original. Mas a sujeira não foi diluída o suficiente para o abastecimento direto da cidade do
Rio e o Paraíba do Sul ficou com menos água para prover as cidades do sul do estado .

Matas ciliares
O que são as matas ciliares e as reservas legais?
São florestas, ou outros tipos de cobertura vegetal nativa, que ficam às margens de rios, igarapés, lagos,
olhos d´água e represas. O nome “mata ciliar” vem do fato de serem tão importantes para a proteção de rios e
lagos como são os cílios para nossos olhos.

O processo de ocupação do Brasil caracterizou-se pela falta de planejamento e conseqüente destruição dos
recursos naturais, particularmente das florestas. Ao longo da história do País, a cobertura florestal nativa,
representada pelos diferentes biomas, foi sendo fragmentada, cedendo espaço para as culturas agrícolas, as
pastagens e as cidades.

A noção de recursos naturais inesgotáveis, dadas as dimensões continentais do País, estimulou e ainda
estimula a expansão da fronteira agrícola sem a preocupação com o aumento ou, pelo menos, com uma
manutenção da produtividade das áreas já cultivadas. Assim, o processo de fragmentação florestal é intenso
nas regiões economicamente mais desenvolvidas, ou seja, o Sudeste e o Sul, e avança rapidamente para o
Centro-Oeste e Norte, ficando a vegetação arbórea nativa representada, principalmente, por florestas
secundárias, em variado estado de degradação, salvo algumas reservas de florestas bem conservadas. Este
processo de eliminação das florestas resultou num conjunto de problemas ambientais, como a extinção de
várias espécies da fauna e da flora, as mudanças climáticas locais, a erosão dos solos e o assoreamento dos
cursos d' água.

Neste panorama, as matas ciliares não escaparam da destruição; pelo contrário, foram alvo de todo o tipo de
degradação. Basta considerar que muitas cidades foram formadas às margens de rios, eliminando-se todo
tipo de vegetação ciliar; e muitas acabam pagando um preço alto por isto, através de inundações constantes.

Além do processo de urbanização, as matas ciliares sofrem pressão antrópica por uma série de fatores: são as
áreas diretamente mais afetadas na construção de hidrelétricas; nas regiões com topografia acidentada, são as
áreas preferenciais para a abertura de estradas, para a implantação de culturas agrícolas e de pastagens; para
os pecuaristas, representam obstáculos de acesso do gado ao curso d 'água etc.

Este processo de degradação das formações ciliares, além de desrespeitar a legislação, que torna obrigatória a
preservação das mesmas, resulta em vários problemas ambientais. As matas ciliares funcionam como filtros,
retendo defensivos agrícolas, poluentes e sedimentos que seriam transportados para os cursos d'água,
afetando diretamente a quantidade e a qualidade da água e conseqüentemente a fauna aquática e a população
humana. São importantes também como corredores ecológicos, ligando fragmentos florestais e, portanto,
facilitando o deslocamento da fauna e o fluxo gênico entre as populações de espécies animais e vegetais. Em
regiões com topografia acidentada, exercem a proteção do solo contra os processos erosivos.

Apesar da reconhecida importância ecológica, ainda mais evidente nesta virada de século e de milênio, em
que a água vem sendo considerada o recurso natural mais importante para a humanidade, as florestas ciliares
continuam sendo eliminadas cedendo lugar para a especulação imobiliária, para a agricultura e a pecuária e,
na maioria dos casos, sendo transformadas apenas em áreas degradadas, sem qualquer tipo de produção.

É necessário que as autoridades responsáveis pela conservação ambiental adotem uma postura rígida no
sentido de preservarem as florestas ciliares que ainda restam, e que os produtores rurais e a população em
geral seja conscientizada sobre a importância da conservação desta vegetação. Além das técnicas de
recuperação propostas neste trabalho, é fundamental a intensificação de ações na área da educação
ambiental, visando conscientizar tanto as crianças quanto os adultos sobre os benefícios da conservação das
áreas ciliares.

A definição de modelos de recuperação de matas ciliares, cada vez mais aprimorados, e de outras áreas
degradadas que possibilitam, em muitos casos, a restauração relativamente rápida da cobertura florestal e a
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 72
proteção dos recursos hídricos, não implica que novas áreas possam ser degradadas, já que poderiam ser
recuperadas. Pelo contrário, o ideal é que todo tipo de atividade antrópica seja bem planejada, e que
principalmente a vegetação ciliar seja poupada de qualquer forma de degradação.

As matas ciliares exercem importante papel na proteção dos cursos d' água contra o assoreamento e a
contaminação com defensivos agrícolas, além de, em muitos casos, se constituírem nos únicos
remanescentes florestais das propriedades rurais sendo, portanto, essenciais para a conservação da fauna.
Estas peculiaridades conferem às matas ciliares um grande aparato de leis, decretos e resoluções visando sua
preservação.

O novo Código Florestal (Lei n.° 4.777/65) desde 1965 inclui as matas ciliares na categoria de áreas de
preservação permanente. Assim toda a vegetação natural (arbórea ou não) presente ao longo das margens dos
rios e ao redor de nascentes e de reservatórios deve ser preservada.

De acordo com o artigo 2° desta lei, a largura da faixa de mata ciliar a ser preservada está relacionada com a
largura do curso d' água. A tabela apresenta as dimensões das faixas de mata ciliar em relação à largura dos
rios, lagos, etc.

Situação Largura Mínima da Faixa


Rios com menos de 10 m de largura 30 m em cada margem
Rios com 10 a 50 m de largura 50 m em cada margem
Rios com 50 a 200 m de largura 100 m em cada margem
Rios com 200 a 600 m de largura 200 m em cada margem
Rios com largura superior a 600 m 500 m em cada margem
Nascentes Raio de 50 m
Lagos ou reservatórios em áreas urbanas 30 m ao redor do espelho d'água
Lagos ou reservatórios em zona rural,
50 m ao redor do espelho d'água
com área menor que 20 ha
Lagos ou reservatórios em zona rural,
100 m ao redor do espelho d'água
com área igual ou superior a 20 ha
Represas de hidrelétricas 100 m ao redor do espelho d'água
Um ecossistema torna-se degradado quando perde sua capacidade de recuperação natural após distúrbios, ou
seja, perde sua resilitência. Dependendo da intensidade do distúrbio, fatores essenciais para a manutenção da
resiliência como, banco de plântulas e de sementes no solo, capacidade de rebrota das espécies, chuva de
sementes, dentre outros, podem ser perdidos, dificultando o processo de regeneração natural ou tornando-o
extremamente lento.

Uma floresta ciliar está sujeita a distúrbios naturais como queda de árvores, deslizamentos de terra, raios etc.,
que resultam em clareiras, ou seja, aberturas no dossel, que são cicatrizadas através da colonização por
espécies pioneiras seguidas de espécies secundárias.

Distúrbios provocados por atividades humanas têm, na maioria das vezes, maior intensidade do que os
naturais, comprometendo a sucessão secundária na área afetada. As principais causas de degradação das
matas ciliares são o desmatamento para extensão da área cultivada nas propriedades rurais, para expansão de
áreas urbanas e para obtenção de madeira, os incêndios, a extração de areia nos rios, os empreendimentos
turísticos mal planejados etc.

Em muitas áreas ciliares, o processo de degradação é antigo, tendo iniciado com o desmatamento para
transformação da área em campo de cultivo ou em pastagem. Com o passar do tempo e, dependendo da
intensidade de uso, a degradação pode ser agravada através da redução da fertilidade do solo pela exportação
de nutrientes pelas culturas e, ou, pela prática da queima de restos vegetais e de pastagens, da compactação e
da erosão do solo pelo pisoteio do gado e pelo trânsito de máquinas agrícolas.
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 73
O conhecimento dos aspectos hidrológicos da área é de suma importância na elaboração de um projeto de
recuperação de mata ciliar. A menor unidade de estudo a ser adotada é a microbacia hidrográfica, definida
como aquela cuja área é tão pequena que a sensibilidade a chuvas de alta intensidade e às diferenças de uso
do solo não seja suprimida pelas características da rede de drenagem. Em nível de microbacia hidrográfica é
possível identificar a extensão das áreas que são inundadas periodicamente pelo regime de cheias dos rios e a
duração do período de inundação.

Estas informações são extremamente importantes na seleção das espécies a serem plantadas, já que muitas
espécies não se adaptam a condições de solo encharcado, ao passo que outras só sobrevivem nestas
condições.

Fonte resumida: Recuperação de matas ciliares. Sebastião Venâncio Martins. Editora Aprenda Fácil. Viçosa
- MG, 2001.

Indicadores de Recuperação

O sucesso de um projeto de recuperação de mata ciliar deve ser avaliado por meio de indicadores de
recuperação. Através destes indicadores, é possível definir se o projeto necessita sofrer novas interferências
ou até mesmo ser redirecionado, visando acelerar o processo de sucessão e de restauração das funções da
mata ciliar, bem como determinar o momento em que a floresta plantada passa a ser auto-sustentável,
dispensando intervenções antrópicas.

A avaliação da recuperação, através de indicadores, é função das metas e dos objetivos pretendidos com ela.
Não se pode cobrar uma elevada diversidade biológica em um projeto cujo objetivo tenha sido o de proteger
o solo e o curso d'água dos efeitos negativos da erosão do solo de uma área extremamente degradada. Neste
aspecto, modelos de recuperação mais complexos, envolvendo uma diversidade inicial maior de espécies,
tendem a promover uma recuperação mais rápida da biodiversidade e da funcionalidade do ecossistema.
Vários estudos têm proposto um conjunto de indicadores de avaliação da recuperação e da sustentabilidade
dos projetos de restauração e, ou, manejo das florestas.

Os insetos têm sido considerados bons indicadores ecológicos da recuperação, principalmente as formigas,
os cupins, as vespas, as abelhas e os besouros. Em nível de solo nas áreas em processos de recuperação, há
uma sucessão de organismos da meso e macrofauna que estão presentes em cada etapa da recuperação destas
áreas, sugerindo que possam ser encontrados bioindicadores de cada uma destas etapas. Outros indicadores
vegetativos podem ser medidos como: chuva de sementes, banco de sementes, a produção de serapilheira e
silvigênese. Estes indicadores apresentam a vantagem de serem de quantificação relativamente fácil, quando
comparados com outros indicadores biológicos.

1 - Regeneração Natural:

O monitoramento da comunidade jovem, do ponto de vista estrutural estático e dinâmico, possibilita a


identificação do estágio seral e a evolução da mesma. Assim, as análises da regeneração natural são
essenciais para se avaliar o sucesso da recuperação. A regeneração natural é analisada através de medições
de diâmetro, no nível do solo, e da altura das plântulas e plantas jovens, presentes em pequenas parcelas
amostrais, lançadas na floresta. Uma estratificação vertical auxilia o entendimento da dinâmica da
regeneração natural. Estudos mais detalhados determinam categorias de tamanho para a análise da
regeneração. A quantificação da regeneração, quando associada com a classificação sucessional das espécies
(pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias e climáticas), compõe um indicador extremamente útil
das condições de recuperação e de sustentabilidade da floresta ciliar. Quando, na regeneração natural,
espécies típicas dos estágios iniciais da sucessão (pioneiras e secundárias iniciais) predominam em número
de espécie e, ou, de indivíduos, percebe-se indicativo de que a sucessão está muito lenta na área e que as
espécies tardias não estão conseguindo chegar até o local ou, embora estejam chegando, por algum motivo
não estão conseguindo se estabelecer. Neste caso é necessário algum tipo de intervenção. É claro que a
análise deve levar em consideração o tempo em que a floresta foi implantada.

2 - Banco de Sementes:
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 74
O banco de sementes compreende as sementes viáveis presentes na camada superficial do solo. Através de
uma moldura de 05 X 0,5 cm, lançada na superfície do solo, coleta-se toda a serapilheira e o solo, numa
profundidade de 0-5 cm, que retém a maior parte das sementes. Transferindo para a casa de vegetação e livre
de contaminações externas, são fornecidas condições de luz e de umidade necessárias para a germinação das
sementes. Após um determinado tempo, as sementes germinadas são contadas e as plântulas identificadas. É
importante destacar que o banco de sementes é formado, principalmente, por espécies pioneiras que,
normalmente, apresentam dispersão a longa distância e, portanto, não estão, necessariamente, presentes na
vegetação arbórea local. Em condições de boa cobertura vegetal e com bom sombreamento do solo, espera-
se que estas espécies pioneiras presentes no banco não encontrem condições favoráveis à germinação e ao
estabelecimento, a menos que ocorra um distúrbio. Contudo, este aspecto não diminui a importância do
banco de sementes como indicador de recuperação e de sustentabilidade, uma vez que são as espécies
pioneiras que irão desencadear o processo de colonização de uma área, após um distúrbio. O importante é
determinar a riqueza de espécies do banco de sementes e a proporção entre espécies nativas e invasoras. Um
banco rico em sementes de espécies invasoras ou ruderais sugere que, frente a um distúrbio natural, como a
abertura de clareiras, estas espécies poderão vir a colonizar a área, podendo competir com as espécies
nativas, afetando a sustentabilidade da floresta ciliar.

3 - Produção de Serapilheira e Chuva de Sementes:

A serapilheira compreende, principalmente, o material de origem vegetal (folhas, flores, rasos, casas, frutos e
sementes) e, em menor proporção, o de origem animal (restos animais e material fecal) depositado na
superfície do solo de uma floresta. Atua como um sistema de entrada e saída, recebendo entradas via
vegetação e, por sua vez, decompondo-se e suprindo o solo e as raízes com nutrientes e com matéria
orgânica. Este processo é particularmente importante na restauração da fertilidade do solo nas áreas em
início de sucessão ecológica.

Em comunidades sucessionais, o acúmulo de serapilheira e o tempo de sua remoção podem produzir


mudança radical na estrutura, afetando a substituição de espécies dominantes, bem como a riqueza e a
diversidade. A quantificação da serapilheira, ao longo do ano, permite estimar a produção anual por hectare.
Em uma área ciliar em recuperação, esta informação é muito importante, pois possibilita a comparação com
outros estudos realizados em áreas ciliares. Se a produção de serapilheira da área em avaliação está muito
baixa em comparação com outras comunidades ciliares pode estar ocorrendo problemas, em nível de
ciclagem de nutrientes.

A ausência ou a baixa densidade de sementes de espécies não pioneiras na chuva de sementes significa que
estas espécies terão dificuldades de regeneração na área em recuperação. Como as espécies pioneiras são
mais importantes na definição da estrutura da floresta, devem ser tomadas medidas visando estimular sua
chegada na área.

4 - Abertura do Dossel:

O dossel da floresta, ou seja a cobertura superior da floresta formada pelas copas das árvores, em termos
ecológicos apresenta uma grande influência na regeneração das espécies arbustivo-arbóreas, além de atuar
como barreira física às gotas de chuva, protegendo o solo da erosão. Em florestas secundárias jovens, o
dossel normalmente encontra-se mais aberto, com grandes espaços entre as copas das árvores, permitindo
maior passagem de luz e, assim, inibindo a regeneração de espécies não pioneiras, especialmente as
climáticas. Nas florestas maduras, o dossel é mais fechado, causando maior sombreamento no sub-bosque e
favorecendo a regeneração das espécies tardias, formadoras de bancos de plântulas.

Numa área ciliar em processo de restauração, espera-se que o dossel torne-se cada vez mais fechado, à
medida em que as árvores cresçam e que suas copas se encontrem. Contudo, em áreas em que ocorreu
mortalidade elevada de mudas, sem posterior replantio, o dossel apresentará muitas falhas, e a regeneração
natural de espécies não pioneiras poderá ser prejudicada. Desta maneira, o nível de abertura do dossel pode
ser um bom indicador da recuperação de uma mata ciliar. Porém, cabe ressaltar que este indicador deve ser
combinado com outros principalmente com a regeneração natural, pois é possível se obter um dossel muito
fechado, com bom sombreamento e boa cobertura do solo em reflorestamentos homogêneos, e que, apesar da
Saneamento básico/ 2007 Técnico em Gestão Ambiental 75
proteção ao solo, não são considerados auto-sustentáveis e são pouco eficientes na recuperação da
biodiversidade.

Existem vários métodos para se estimar a abertura do dossel, sendo a utilização de fotografias hemisféricas o
método mais prático e preciso. A abertura do dossel também pode ser estimada através da projeção das copas
das árvores, determinando-se a proporção entre as áreas cobertas e as abertas. É um método subjetivo, mas
que possibilita uma visão geral do estado de recuperação de uma floresta, em nível de cobertura do solo.

Fonte resumida: Recuperação de matas ciliares. Sebastião Venâncio Martins. Editora Aprenda Fácil. Viçosa
- MG, 2001.

Bibliografia

- Tradução do livro: Rainwater & You: 100 Ways To Use Rainwateer Group Raindrops, Sumida City,
Tokyo – Japan. 1995.

• VON SPERLING, Marcos. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias – Introdução à


qualidade das águas e ao tratamento de esgotos, v.01. Minas Gerais: ABES, 1995.

• VON SPERLING, Marcos. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias – Lagoas de


Estabilização, v.03. Minas Gerais: ABES, 1996.

• VON SPERLING, Marcos. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias – Lodos Ativados, v.04.
Minas Gerais: ABES, 1997.

• OPÇÕES PARA TRATAMENTO DE ESGOTOS DE PEQUENAS COMUNIDADES, CETESB, 1990.

• ALVES, Francisco. Saneamento Ambiental.46:5pp-1997.

• BARROS, R. T. V., CHERNICHARO, C. A. L., HELLER, L. & VON SPERLING, M. Manual de


Saneamento e Proteção Ambiental para os Municípios. V. 2: Saneamento. Belo Horizonte: DESA/UFMG, 221
p, 1995.

• CATÁLOGO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL – CABES (1192/93). Rio de


Janeiro: ABES, v. 17.

• CHERNICHARO, Carlos A. L., Tratamento anaeróbio de esgotos: Situação atual e perspectivas. Seminário
Internacional de tratamento e disposição de esgotos sanitários - Tecnologia e perspectivas para o futuro,
CAESB, Brasília - DF, 1996.

• FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – FIBGE. Pesquisa nacional


de saneamento básico, Rio de Janeiro: FIBGE, 1989.

• NEGREIROS, Silvia. O Impacto do Meio Ambiente nos Negócios. Saneamento Ambiental. 45:20-23pp1997.

• TOSETTO, Mariana S.,OZAWA, Sabriana P., YWASHIMA, Laís A. ; Biblioteca de Tecnologias Ambientais:
Uma proposta para a Engenharia Civil . Anais do III Congresso Científico da Unicamp (painel)-1999.

• ZOJER, Hans. Uso Sustentado de Recursos Hídricos. Sanare.10:15-29pp-1998.

• MENDES, Armando. Para Pensar o Desenvolvimento Sustentável. São Paulo:Brasiliense, 1994.

• FELDMANN, Fabio. Consumo Sustentável. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo e Secretaria do Meio
Ambiente, 1998.

You might also like