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1887-1918
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1887-1918
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[editar] Rescaldo
[editar] Obras
• Barcos
• Cabeça
• Canção Popular a Russa e o Fígaro
• Cozinha da Casa de Manhouce
• Entrada
• Les Cavaliers
• Menina dos Cravos
• Pintura
• Pintura (Brut 300 TSF)
• Procissão Corpus Christi
• Retrato de Francisco Cardoso
• Saut du Lapin
Há autores que divergem quanto à localidade em que terá feito os estudos liceais, sendo apontados
Penafiel e Coimbra como lugares onde os mesmos terão decorrido, até ao ano de 1905, em que, com 18
anos,
parte para Lisboa para seguir Arquitectura na Escola Superior de Belas-Artes.
Ao tempo, parece que a capital depressa deixou de lhe agradar e o cansou, apesar de lá contar com um
amigo e correligionário monárquico de seu pai, o conselheiro António Cândido. A qualidade do ensino
artístico também o terá decepcionado.
Pode ler-se em «Amadeo de Souza-Cardoso», da autoria de António José Queirós (Amarante, 1988, p.
9), em correspondência trocada com o seu grande amigo e médico de Espinho, Manuel Laranjeira, que o
nosso pintor achava a vida lisboeta demasiado limitada e fútil para as suas aspirações, o que decorre da
resposta que lhe fora remetida em carta pelo referido médico: «A impressão que a futilíssima vida
lisboeta lhe está causando a você é a impressão que ela causa a todos aqueles que, com um pouco de
saúde, para lá foram empurrados. Certo: Lisboa é boa para conselheiros, pelintras e todos os outros
mariolas. (...)Lisboa é um símbolo, o resumo da torpeza nacional: aos que não corrompe, enoja-os.»
Pouco tempo depois, em Novembro de 1906, Amadeo parte para Paris com a certeza do apoio da
abastada bolsa de seu pai.
A atracção por Paris vinha-lhe, certamente, das longas conversas com o seu tio Francisco Cardoso, que
por lá costumava passar férias, e da certeza que daquela cidade provinham os melhores arquitectos e
artistas que trabalhavam em Portugal. [1]
Na cidade-luz Amadeo instala-se em Montparnasse e convive com uma plêiade de outros artistas
portugueses e estrangeiros que virão igualmente a ganhar fama e lustre.
Amadeo desinteressa-se pela arquitectura e dedica-se à caricatura, campo em que já havia dado alguns
passos, mesmo antes da sua partida para Paris.
O contacto com outros artistas como Amadeo Modigliani, Emmerico Nunes, Sónia e Robert Delaunay,
Eduardo Vianna e outros ajudaram-no a cimentar o seu próprio caminho, a que parece também não ser
estranho o pintor espanhol Anglada Camarasa (1872-1959), cujas aulas acompanhou na Academia Viti.
Em 1910 faz uma estadia de 3 meses em Bruxelas, onde toma contacto e se deixa seduzir pela pintura
dos primitivos flamengos.
Em 1911 expõe alguns trabalhos no XXVII Salon des Indépendants em Paris.
Em 1912 publica um álbum intitulado XX Dessins par Amadeo de Souza Cardoso, expõe trabalhos de
pintura no XXVIII Salon des Indépendants e no Salon d'Automne.
Em 1913 participa com oito quadros no Armory Show, que teve lugar nas cidades de Nova Iorque,
Chicago e Boston, nos EUA.
Em 1914 expõe no XXX Salon des Indépendants, em Paris, e ainda no London Salon para além de
galerias de Munique, Hamburgo e Colónia, na Alemanha.
Nesta cidade do Porto faz a primeira exposição dos seus trabalhos em Portugal, e se alguns dizem que a
mesma decorreu num terraço do Café Magestic outros apontam para o Salão de Festas do Jardim Passos
Manuel. Serão o mesmo lugar?
Exilado no seu atelier da Casa do Ribeiro, em Manhufe, dedicou-se diariamente à pintura e ainda
planeou uma exposição em Nova Iorque.
Aspecto actual
da famosa Casa
do Ribeiro, o
atelier de
Amadeo em
Manhufe (em
cima), casario e
capela da rua
principal de
acesso (em
baixo).
Corriam contudo os anos decisivos da guerra que se arrastava desde 1914 e Amadeo já não deixa
Portugal como pretendia.
A 25 de Outubro de 1918 é surpreendido pela morte, em Espinho, para onde havia fugido à gripe
pneumónica que grassava na sua terra, que no entanto já o tinha atingido.
A sua arte definiu-a ela mesmo, em carta remetida de Paris para o seu amigo e confidente tio Francisco:
«...A arte, tal como a sinto, é um produto emotivo da natureza, a natureza fonte de vida, de
sensibilidade, de cor, de profundidade e de poder emotivo.»
Cavaquinho, óleo s/ tela, c. 1915
Bibliografia:
GOMES, Paulino (coord., s/d). Amarante—Uma Ponte entre a História e a Natureza.
Anégia Editores.
QUEIRÓS, António José (1988). Amadeo de Souza-Cardoso. Amarante.
MACEDO, Luís Van Zeller (s/d). Pequena História de Amarante.
SILVA, Armando Malheiro & DAMÁSIO, Luís Pimenta de Castro (s/d). António
Cândido, Sidónio Pais e a Elite Política Amarantina, 1850-1922.
Ainda documentação diversa publicada pela Câmara Municipal de Amarante no
cinquentenário da morte do pintor.
Nota:
[1] De referir a forte influência e apoio que este tio Francisco exerceu sobre Amadeo,
apoiando-o sempre nas suas opções, mesmo quando elas contrariavam as vontades do
pai José Emygdio. Este tio Francisco foi um homem muito viajado, tendo percorrido
vários países da Europa na década de 18(80) e ficado apaixonado por Paris. Era homem
de grande cultura e sensibilidade artística e literária, que estabeleceu muitas amizades
no mundo da política, das letras, das artes e até do espectáculo. Entre os seus amigos
contam-se o rei D. Carlos e o filho deste, D. Manuel II, António Cândido, Teixeira de
Pascoaes e família, D. António Barroso, bispo do Porto, e muito outros. Era também
amante da arte equestre e da caça.