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Amadeu de Souza-Cardoso

1887-1918

Precursor da arte moderna, morto prematuramente aos 31 anos de


idade, Amadeu de Souza-Cardozo não teve oportunidade de ver
seu trabalho reconhecido: seguiu a mesma trilha dos
vanguardeiros de todos os tempos e de todas actividades,
administrando a incompreensão alheia. A humanidade custa a
aceitar novos processos ou ideias diferenciadas e assim, para os
precursores, a apreciação objectiva e o coroamento de seus
esforços se dá, ou no final da vida, ou somente após sua morte.

Nascido em 1887 e falecido em 1918, as primeiras experiências de


Souza-Cardozo se deram no desenho, especialmente como
caricaturista. Aos 19 anos, mudou-se para Paris, tomando contato
primeiro com o Impressionismo e depois com o Expressionismo e o
Cubismo.

Valeu-lhe muito sua aproximação com Amadeu Modigliani, de


quem se tornou um grande amigo, compartilhando com ele um
ateliê e até realizando exposições juntos, em 1911.

Preso ainda ao traço, em 1912 publicou um álbum com 20


desenhos e em seguida, «com paciência de beneditino» copiou o
conto de Flaubert La légende de Saint Julien l’Hospitalier, trabalhos
ignorados pelo apreciadores de arte. Este último trabalho, depois
de ficar por muitos anos nas mãos do editor, acabou sendo
adquirido pela própria viúva do pintor, para evitar que fosse
destruído.

Depois de participar de uma exposição nos Estados Unidos, em


1913, voltou a Portugal, onde teve a ousadia de realizar duas
exposições, respectivamente em Porto e em Lisboa, causando
entre seus patrícios, o mesmo escândalo que seria provocado no
Brasil, anos mais tarde, por Anita Malfatti: suas obras foram
criticadas, ridicularizadas e, em momentos, houve até confronto
físico entre críticos e defensores da arte moderna.

Com o término da Primeira Guerra Mundial, em 1918, surgiria a


grande oportunidade de desenvolver e encontrar reconhecimento
de sua obra, mas Souza-Cardoso não teve tempo para esperar.
Morreu nesse mesmo ano e muito tempo se passou até que as
opiniões fossem revistas e seu nome ocupasse o devido lugar na
história da pintura portuguesa.

Em 1925, a França realizou uma retrospectiva do pintor, com 150


trabalhos, bem aceitos pelo público e pela crítica. Dez anos depois,
em Portugal, foi criado um prêmio para distinguir pintores
modernistas, que recebeu o nome de «Prêmio Souza-Cardoso». Em
1953, a Biblioteca-Museu de Amarante, sua cidade natal, deu a
uma de suas salas o nome do pintor. Em 1958, a Casa de Portugal,
em Paris, realizou uma exposição de suas obras.

Lentamente, à medida em que os preconceitos com relação ao


modernismo foram sendo afastados, o nome de Souza-Cardoso
ganhou a devida importância em Portugal. Ninguém é culpado. Ele
era um visionário, vivia fora de seu tempo, tal como outros tantos,
pagou um alto preço por isso.

Retirado de : http://www.pitoresco.com.br/

Amadeo de Souza Cardoso

1887-1918

Aos 18 anos matriculou-se na Escola das Belas Artes de Lisboa.


Dois anos depois parte para Paris, onde frequenta cursos de
preparação para a Escola de Belas Artes. Cedo, porém, desiste do
curso de arquitectura, estudando pintura em várias academias
livres e no atelier do espanhol Anglada Camarasa - espanhol com
quem acamaradou, entre outros portugueses que vagueavam pelos
ateliers de Montparnasse.

Em 1908 instala-se no número catorze da Cité de Falguière,


convivendo em Paris com vários pintores dos quais se destaca
Modigliani com quem exporá em 1911, no seu atelier.

Participou intensamente em exposições de vanguarda na Alemanha


e América. A primeira grande guerra obriga-o a regressar, fixando-
se em Manhufe, onde continua a pintar.

Em 1916 com oitenta óleos, aguarelas e desenhos expõe com o


título de Abstraccionismo. Em 1917 faz parte de um movimento
futurista português.

Em 1918 falece vítima da pneumónica.

A sua obra fica praticamente desconhecida até 1952 quando se dá


o descobrimento que culmina no S. N. I. Em 1959.

Pôde, então, verificar-se o extraordinário mérito deste artista


desde os primeiros desenhos e pinturas, de carácter decorativo e
orientalizante , à época cubista, que em breve ultrapassaria
entrando numa fase de intenso experimentalismo abstralizante ,
em que o seu vivo temperamento de colorista e o seu deslumbrado
apego às formas do "torrão natal" se combinam em sínteses de
espantosa força e admirável originalidade, em que se revela um
poder inventivo que precedeu, em muitos aspectos outros artistas
bem mais famosos, como Delaunay ou Léger.

Iniciou o seu trabalho com pequenas "pochades" de impressão.

Depois, com Modigliani expõe no XXVII Salon des Indépendents de


Paris que o classifica de um estilo precioso e mundano com algo
decorativo no seu grafismo estilizado, cujo colorido é espectacular
de influência oriental luxuosa.

A sua obra é caracterizada por:

- paisagens exóticas com estilizações prodigiosas;


- aspectos decorativos e surpreendentes com desenhos cubistas
que transmitem: elegância; mistério; imaginação; emoção;
poesia e simbolismo.

Na sua pintura revela um sentimento romântico com o fascínio da


sua cor; com o sentido feérico, Amadeu acumula elementos
geométricos caligráficos, com linhas encurvadas azuis, verdes,
rosas, laranjas e amarelas que conduzem a uma acção
extremamente dinâmica. Este dinamismo implica movimento e
velocidade, sinais de uma vida futurística.

A obra de Amadeu é a passagem do figurativo ao abstracto, cujas


funções são espaço e luz conduzindo à forma do cubismo.

Este é um dos estilos das artes plásticas mais salientes no primeiro


quartel do século XX, oposto ao impressionismo, pelo facto de
substituir a análise da cor pela das formas dos objectos, com
tendência para a geometrização dessas formas.

Detentor de uma vasta obra, num curto tempo de vida, apresenta


dezenas de óleos, aguarelas e desenhos que se encontram
integrados no " Parto da Viola" que é um conjunto de obras de
difícil classificação histórica lembrando Cubismo e Futurismo, mas
já reagindo contra estes. Tudo joga e se contradiz num "non sens".

A sua obra apresenta um mundo progressivo de tensão dramática


com um crescimento de raiva. Este futurismo é implícito ao
dinamismo sintáctico da intelectualização futurista dos seus amigos
lisboetas.
A Obra de Amadeu é a realidade da chegada inédita ao
abstraccionismo de linha cubista com a proposta de um purismo "
avant-la-lettre" sem o apoio do grupo baseado na sua revolta
pessoal contra o destino.

Retirado de : http://www.jokerartgallery.com

(Manhufe, freguesia de Mancelos, Amarante, 14 de Novembro de


1887 — Espinho, 25 de Outubro de 1918) foi um pintor português,
precursor da arte moderna, prosseguindo o caminho traçado pelos
artistas de vanguarda da sua época. Embora tendo tido uma vida
curta, a sua obra tornou-se imortal.

A sua família era rica e influenciou-o a ingressar no curso de Direito


na Universidade de Coimbra. Depressa desistiu do curso e mudou-se
para o curso de Arquitectura na Academia de Belas Artes de Lisboa
em 1905. O curso não satisfaz o seu génio criativo, por isso parte
para Paris em 1906, instalando-se em Montparnasse com a intenção
de continuar a estudar. As suas primeiras experiências artísticas
conhecidas foram desenhos e caricaturas. Depois, dedicou-se à
pintura. Poder-se-á dizer que foi um pintor impressionista,
expressionista, cubista, futurista, mas sempre recusou qualquer
rótulo. Apesar das múltiplas influências, procurava a originalidade e a
criatividade na sua obra. Em 1908, instala-se no número catorze da
Cité de Falguière. Frequentou ateliers preparatórios para a Academia
das Beaux-Arts e a Academia Viti do pintor catalão Anglada Camarasa
mas, apesar disso, não chegou a ser admitido. Em 1910, esteve
alguns meses em Bruxelas e, em 1911, expôs trabalhos no Salon des
Indépendants, em Paris, aproximando-se progressivamente das
vanguardas e de artistas como Amedeo Modigliani, Constantin
Brancusi, Alexander Archipenko, Juan Gris e Robert Delaunay. Em
1912, publicou um álbum com vinte desenhos e, em seguida, copiou
o conto de Gustave Flaubert "La Légende de Saint Julien
l'Hospitalier", trabalhos ignorados pelos apreciadores de arte.

Depois de participar com oito trabalhos numa exposição realizada em


1913 no Armory Show (Estados Unidos da América), voltou a
Portugal, onde teve a ousadia de fazer duas exposições,
respectivamente no Porto e em Lisboa. Nesse ano, participou ainda
no Herbstsalon da Galeria Der Sturm, em Berlim. Em 1914, encontra-
se em Barcelona com Antoni Gaudí e parte para Madrid, onde é
surpreendido pelo início da I Guerra Mundial. Regressa então a
Portugal, onde inicia uma meteórica carreira na experimentação de
novas formas de expressão, tendo pintado com grande constância, ao
ponto de, em 1916, expor no Porto, sob o título "Abstraccionismo",
114 obras, que serão também expostas em Lisboa, num e noutro
caso com novidade e algum escândalo.

O cubismo em expansão por toda a Europa foi uma influência


marcante no seu cubismo analítico.

Amadeu de Sousa Cardoso explora o expressionismo e, nos seus


últimos trabalhos, experimenta novas formas e técnicas, como as
colagens e outras formas de expressão plástica.

Em 25 de Outubro de 1918, aos 31 anos de idade, morre


prematuramente em Espinho, vítima da "pneumónica" que grassava
em Portugal.

Saut du Lapin, 1911


Cabeça, 1913Entrada, 1917Pintura, 1917

[editar] Rescaldo

Em 1925, a França realizou uma retrospectiva do pintor, com 150


trabalhos, bem aceites pelo público e pela crítica. Dez anos depois,
em Portugal, foi criado um prémio para distinguir pintores
modernistas, que recebeu o nome de "Prémio Souza-Cardoso".

[editar] Obras
• Barcos
• Cabeça
• Canção Popular a Russa e o Fígaro
• Cozinha da Casa de Manhouce
• Entrada
• Les Cavaliers
• Menina dos Cravos
• Pintura
• Pintura (Brut 300 TSF)
• Procissão Corpus Christi
• Retrato de Francisco Cardoso
• Saut du Lapin

Amadeo nasceu a 14 de Novembro de 1887, no lugar de Manhufe, da freguesia de Mancelos, no


concelho de Amarante.
Foi filho de um abastado proprietário rural de seu nome José Emygdio de Souza Cardoso, que chegou a
ocupar o lugar de Presidente da Câmara Municipal de Amarante.

A infância passou-a Amadeo no ambiente calmo e rural de Manhufe.


Ver fotos de Manhufe

Há autores que divergem quanto à localidade em que terá feito os estudos liceais, sendo apontados
Penafiel e Coimbra como lugares onde os mesmos terão decorrido, até ao ano de 1905, em que, com 18
anos,
parte para Lisboa para seguir Arquitectura na Escola Superior de Belas-Artes.

Ao tempo, parece que a capital depressa deixou de lhe agradar e o cansou, apesar de lá contar com um
amigo e correligionário monárquico de seu pai, o conselheiro António Cândido. A qualidade do ensino
artístico também o terá decepcionado.

Pode ler-se em «Amadeo de Souza-Cardoso», da autoria de António José Queirós (Amarante, 1988, p.
9), em correspondência trocada com o seu grande amigo e médico de Espinho, Manuel Laranjeira, que o
nosso pintor achava a vida lisboeta demasiado limitada e fútil para as suas aspirações, o que decorre da
resposta que lhe fora remetida em carta pelo referido médico: «A impressão que a futilíssima vida
lisboeta lhe está causando a você é a impressão que ela causa a todos aqueles que, com um pouco de
saúde, para lá foram empurrados. Certo: Lisboa é boa para conselheiros, pelintras e todos os outros
mariolas. (...)Lisboa é um símbolo, o resumo da torpeza nacional: aos que não corrompe, enoja-os.»
Pouco tempo depois, em Novembro de 1906, Amadeo parte para Paris com a certeza do apoio da
abastada bolsa de seu pai.

A atracção por Paris vinha-lhe, certamente, das longas conversas com o seu tio Francisco Cardoso, que
por lá costumava passar férias, e da certeza que daquela cidade provinham os melhores arquitectos e
artistas que trabalhavam em Portugal. [1]

Na cidade-luz Amadeo instala-se em Montparnasse e convive com uma plêiade de outros artistas
portugueses e estrangeiros que virão igualmente a ganhar fama e lustre.
Amadeo desinteressa-se pela arquitectura e dedica-se à caricatura, campo em que já havia dado alguns
passos, mesmo antes da sua partida para Paris.
O contacto com outros artistas como Amadeo Modigliani, Emmerico Nunes, Sónia e Robert Delaunay,
Eduardo Vianna e outros ajudaram-no a cimentar o seu próprio caminho, a que parece também não ser
estranho o pintor espanhol Anglada Camarasa (1872-1959), cujas aulas acompanhou na Academia Viti.
Em 1910 faz uma estadia de 3 meses em Bruxelas, onde toma contacto e se deixa seduzir pela pintura
dos primitivos flamengos.
Em 1911 expõe alguns trabalhos no XXVII Salon des Indépendants em Paris.
Em 1912 publica um álbum intitulado XX Dessins par Amadeo de Souza Cardoso, expõe trabalhos de
pintura no XXVIII Salon des Indépendants e no Salon d'Automne.

Le Moulin, da série XX Dessins, c. 1912.

Em 1913 participa com oito quadros no Armory Show, que teve lugar nas cidades de Nova Iorque,
Chicago e Boston, nos EUA.
Em 1914 expõe no XXX Salon des Indépendants, em Paris, e ainda no London Salon para além de
galerias de Munique, Hamburgo e Colónia, na Alemanha.

Feira de Sevilha, óleo s/ madeira, c. 1909/10.


Nesse ano parte para Barcelona, demora-se em Madrid e finalmente regressa a Portugal, mais
exactamente à cidade do Porto, onde vem a casar com Lucia Pecetto (que conhecera em Paris).

Nesta cidade do Porto faz a primeira exposição dos seus trabalhos em Portugal, e se alguns dizem que a
mesma decorreu num terraço do Café Magestic outros apontam para o Salão de Festas do Jardim Passos
Manuel. Serão o mesmo lugar?

Nesta exposição apresentou 114 obras com o título genérico «Abstraccionismo».

A ousadia e vanguardismo de Amadeo estavam longe de agradar à provinciana sociedade burguesa do


Porto, e esta exposição foi considerada uma provocação, tendo Amadeo sido agredido, acabando por
receber tratamento no Hospital da Misericórdia.
A exposição que se seguiu, em Lisboa, na Liga Naval, não foi muito bem recebida pela crítica, mas há
que realçar o apoio que lhe foi dado por um já respeitado artista, Almada Negreiros, que sobre ele disse:
«Amadeo de Souza Cardoso é a primeira descoberta de Portugal na Europa do século XX!».

Excerto da crítica de Almada Negreiros à exposição de Amadeo na Liga Naval

Exilado no seu atelier da Casa do Ribeiro, em Manhufe, dedicou-se diariamente à pintura e ainda
planeou uma exposição em Nova Iorque.
Aspecto actual
da famosa Casa
do Ribeiro, o
atelier de
Amadeo em
Manhufe (em
cima), casario e
capela da rua
principal de
acesso (em
baixo).

Corriam contudo os anos decisivos da guerra que se arrastava desde 1914 e Amadeo já não deixa
Portugal como pretendia.
A 25 de Outubro de 1918 é surpreendido pela morte, em Espinho, para onde havia fugido à gripe
pneumónica que grassava na sua terra, que no entanto já o tinha atingido.

A sua arte definiu-a ela mesmo, em carta remetida de Paris para o seu amigo e confidente tio Francisco:
«...A arte, tal como a sinto, é um produto emotivo da natureza, a natureza fonte de vida, de
sensibilidade, de cor, de profundidade e de poder emotivo.»
Cavaquinho, óleo s/ tela, c. 1915

Bibliografia:
GOMES, Paulino (coord., s/d). Amarante—Uma Ponte entre a História e a Natureza.
Anégia Editores.
QUEIRÓS, António José (1988). Amadeo de Souza-Cardoso. Amarante.
MACEDO, Luís Van Zeller (s/d). Pequena História de Amarante.
SILVA, Armando Malheiro & DAMÁSIO, Luís Pimenta de Castro (s/d). António
Cândido, Sidónio Pais e a Elite Política Amarantina, 1850-1922.
Ainda documentação diversa publicada pela Câmara Municipal de Amarante no
cinquentenário da morte do pintor.

Nota:
[1] De referir a forte influência e apoio que este tio Francisco exerceu sobre Amadeo,
apoiando-o sempre nas suas opções, mesmo quando elas contrariavam as vontades do
pai José Emygdio. Este tio Francisco foi um homem muito viajado, tendo percorrido
vários países da Europa na década de 18(80) e ficado apaixonado por Paris. Era homem
de grande cultura e sensibilidade artística e literária, que estabeleceu muitas amizades
no mundo da política, das letras, das artes e até do espectáculo. Entre os seus amigos
contam-se o rei D. Carlos e o filho deste, D. Manuel II, António Cândido, Teixeira de
Pascoaes e família, D. António Barroso, bispo do Porto, e muito outros. Era também
amante da arte equestre e da caça.

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