You are on page 1of 14

PROJETO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS TIPO

“WETLAND” DO BAIRRO ARARAS DO BINO – PEDRA BELA / SP

Requerente:
Prefeitura Municipal de Pedra Bela

Localização:
Pedra Bela - SP

2010
SUMÁRIO

PÁGINA

1. Introdução.......................................................................................................................................1

2. Apresentação da ETE.....................................................................................................................1

3. Estação de Tratamento de Esgoto..................................................................................................1

4. Dimensionamento do Gradeamento..............................................................................................2

5. Dimensionamento do Desarenador...............................................................................................3

6. Tanque de Aeração........................................................................................................................4

7.Filtro Para Retenção de Sólidos....................................................................................................6

8. Sistema de Tratamento “Wetlands”.............................................................................................6

9. Dimensionamento da Desinfecção...............................................................................................8

10. Leito de Secagem........................................................................................................................8


1. INTRODUÇÃO

Conseqüência de constante investimento em pesquisa e tecnologia, a Estação de Tratamento de


Esgoto do tipo Wetland é resultado de todo um trabalho, onde foi desenvolvido um processo 100%
biológico, baseado na otimização dos processos naturais de decomposição da matéria orgânica por
microrganismos, preservando assim os ecossistemas naturais e, conseqüentemente, a saúde da
população.

2. APRESENTAÇÃO DA ETE

A ETE-Wetland é capaz de reduzir em torno de 90% da DQO (Demanda Química de Oxigênio) e


99% da poluição bacteriana.

A habilidade das áreas alagadas construídas (Wetlands) em tratar águas poluídas, através de suas
várias formas operacionais tem várias vantagens em relação a outros tipos de tratamento biológico: a
simplicidade de instalação, manutenção e consumo de energia elétrica.

3. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS

Entre as alternativas para tratamento do esgoto, em uso em alguns países desenvolvidos,


particularmente, em países europeus, vem ganhando força a concepção de se utilizar os mecanismos da
própria natureza como uma forma eficiente e relativamente barata de tratamento.

A opção pelo sistema de áreas alagadas “Wetlands”, foi devido a sua simplicidade construtiva,
simplicidade operacional e disponibilidade de área para a implantação do sistema de tratamento.

A “Wetland” foi desenvolvida para possibilitar que o esgoto gerado seja encaminhado através de
coletores para a unidade de tratamento, com capacidade para tratar todo o esgoto gerado pela
população local, após a equalização esse esgoto será depurado e biodigerido, de forma a atender os
padrões de emissão definidos pela Legislação vigente no estado, ou seja, eficiência no grau de
remoção de carga orgânica superior a 80%.

1
Após o tratamento biológico, o efluente tratado passará um tanque de desinfecção com cloro, sendo
lançado, por gravidade para o córrego próximo a estação de tratamento.

4. CALCULO DA VAZÃO

Parâmetros Valor Unidade


Residências 72 unidades
Escola 1 unidade
Contribuição per capita 250 L/d
População atendida 400 hab
k1 1,2
k2 1,5
k3 0,5
Taxa de infiltração 0,5 L/s.km
Comprimento da rede coletora 0,85 Km
Comprimento da rede emissária 0,4 km
Carga Orgânica 0,054 gr/hab

CÁLCULO DA TAXA DE INFILTRAÇÃO

Taxa de infiltração inicial: 0,85 x 0,5 + 0,4 x 0,5 = 0,62 L/s = 54 m³/dia

CÁLCULO DAS VAZÕES

Qmédia = (400 x 0,25) + 54,00 = 154 m³/dia = 1,78 L/s

Qmáx diária = (400 x 0,25 x 1,20) + 54,00 = 174 m³/dia = 2,01 L/s

Qmáx horária = (400 x 0,25 x 1,20 x 1,50) + 54,00 = 234 m³/dia = 2,71 L/s

2
Parâmetros Valor calculado (l/s) Valor calculado (m³/h)
Vazão máxima horária 2,71 234,00
Vazão maxima diária 2,01 174,00
Vazão média 1,78 154,00

CONTRIBUIÇÃO ORGÂNICA

Co = 400 x 0,054 = 21,60 kg/d

O sistema de tratamento será projetado para atender uma demanda de 400 habitantes e uma
vazão média diária de 3,0 l/s.

5. DIMENSIONAMENTO DO GRADEAMENTO

Adotada grade média com barras retangulares de 3/8” x 2” (10 x 50,0), com aberturas de a = 25
mm e inclinação de 45º.

a) – Eficiência da grade:

Grade média: a = 25 mm

E = a/(t+a) = 25 / (10 + 25) = 71% (ótima).

b) – Área útil necessária:

Adotando-se velocidade de passagem de 0,60 m/s

Au = Qmáx / vel = (0,003 / 0,60 = 0,005 m²

c) Seção no local da grade (m²)

S = Au / E = 0,005/ 0,71 = 0,0070 m²

d) – Largura do canal:

3
Com caixa de areia:

b = S / hmáx = 0,007 / 0,19 = 0,0368 m adoto, b = 50 cm. Pois a secção calculada inviabiliza a
construção, limpeza e operação por isso foi adotada uma secção mínima de trabalho de 50 cm.

e) – Quantidade de barras:

n = b / (t + a) = 250 / (10 + 25) = 7,14 adoto, 8 barras.

A grade é do tipo média com 8 barras paralelas retangulares (3/8” x 2”), espaçadas de 0,025m cm e
com ângulo de 45º de inclinação.

O canal de chegada terá a largura projetada e aqui adotada de 0,50 m.

6. DIMENSIONAMENTO DESARENADOR

Adotando velocidade escoamento v = 0,30 m/s e a altura da lâmina d’água como sendo h=0,25 m

Largura do canal:

b = Qmáx / (hmáx x v) = 0,003 / (0,25x 0,30) = 0,0055 m, b adotado = 0,50m, pois a secção
calculada inviabiliza a construção, limpeza e operação por isso foi adotada uma secção mínima de
trabalho de 50 cm.

Comprimento do canal:

Como as dimensões calculadas do canal seriam muito pequenas se pensarmos na operação do


sistema optou-se pela adoção de uma medida 3 metros de comprimento o que facilitaria a operação do
sistema e foi realizado a conferencia dos parâmetros para ver se os mesmos atendiam as normas
ABNT.

Verificação da taxa de escoamento superficial:

4
I = Qmáx / (B x L) = (0,003 x 3600 x 24) / (0,50 x 3,0) = 172,80 m³/m² x dia, apesar da ABNT
indicar uma taxa de aplicação de 600 ≤ I ≤ 1300 e nesse caso a taxa estar abaixo do indicado o
dimensionamento ainda é aceitável pois isso apenas vai acarretar em um aumento da eficiência do
desarenador.

Serão construídos conforme a indicação da ABNT dois canais, um em operação e outro reserva.
Todos os paramentos construtivos se encontram dentro do especificado pela ABNT ou seja velocidade
de escoamento transversal menor que 0,30m/s, Secção de acumulação de sólidos superior a 0,2m, para
remoção dos sólidos foi projetado no canal um sistema de remoção e o encaminhamento desses sólidos
a um leito de secagem.

Nota:

1 - Sobre o canal do gradeamento será instalado um cesto móvel em polipropileno este com fundo
perfurado, permitindo o escoamento de líquidos presentes nos materiais removidos da grade. Será
provido de alça para manuseio do operador da ETE.

7. TANQUE DE AERAÇÃO

A introdução de oxigênio na massa líquida, sob qualquer forma, traz benefícios para todos os tipos
de efluentes, sendo essa introdução uma ótima opção para que ocorra um aumento na matéria orgânica
disponível.

O objetivo do tanque de aeração é melhorar a oxigenação do esgoto bruto para que esse seja melhor
depurado no sistema wetland.

Nesta etapa do tratamento será adicionado ao sistema aguapé - (Eicchornia crassipes) macrófita
aquática flutuante. Nos sistemas com aguapés a maior parte dos sólidos em suspensão são removidos
por sedimentação ou adsorção no sistema radicular das plantas.

5
Segundo Wolverton et. al (1989), cargas elétricas em associação com as raízes do aguapé reagem
com partículas coloidais, ocorrendo a adsorção das mesmas, havendo a remoção destas partículas do
liquido, sendo decompostas por microorganismos associados a rizosfera das plantas. A eficiência dos
aguapés na remoção da DBO5 e produzir condições favoráveis a nitrificação esta relacionada a sua
capacidade de transportar O2 suas folhas para as suas raízes.

Dimensionamento do tanque de aeração

Dados Gerais:
Ref: ABNT NBR 12209/1992)
θc = 40 dias
Xv = 3.000 mg/L
Q = 3 L/s = 259,2 m3/dia
S0 = 300 mg/L
S = 5 mg/L
Y = 0,7
Kd = 0,09 d-1
fb’ = 0,8

Cálculo da Fração Biodegradável


fb '
fb = = 0,465
1 + (1 − f b ' ). K d .θc

Cálculo do Volume do Tanque


Y .θc .Q.( S 0 − S )
V = = 266 m³
X v.(1 + K d . f b .θc )

6
Tempo de Detenção Hidraulica
V
t= = 1,026 dias = 24h 37min
Q

Sistema de Aeração

Dados Gerais:
Temperatura: 21°C
Altitude: 1000 m
Concentração de OD a ser mantida: CL = 1,5 mg/L
Cs = 8,0 mg/L
Cs (20°C) = 8,2 mg/L
β = 0,95
α = 0,60
θ = 1024
TTOcampo = 60 KgO2/h

Calculo do fH (fator de correção da concentração de saturação pela Altitude)


altitude
f H =1 − = 0,894
9540

Calculo da Transferência de Oxigênio Padrão


TTO campo
TTO padrão = =
β. f H .C s − C L 171 KgO2/h
.α.θ T −20

C s (20 °C )
TTO campo
Ef = = 35%
TTO padrão

Segundo a ABNT a massa de oxigênio a ser fornecida para o sistema para uma DBO 5 de 300 mg/L
para que ocorra nitrificação é de 0,9 Kg/m³, como o volume de esgoto é de 259,2 m³/dia é necessário
aplicar 233,28 KgO2/dia. Adotando a massa especifica do ar como = 1,22 kg/m³, podemos calcular a
vazão de ar necessária.

Q g = N (334 ,08 .Ef .ρ) −1 = 1,64 m³/min ou 98,4 m³/hora

7
O lodo produzido na ETE deve ser retirado a uma freqüência média de 1 descarte de 6 a 12 meses e
submetido à estabilização e higienização com cal ou pasteurização, adquirindo características de um
lodo classe “A”, pois segundo os critérios da EPA (40 CFR Part 503 - 1993), não existe restrição
quanto ao uso do lodo classe A. A retirada do lodo será realizada pela bomba de recirculação que na
hora o descarte direcionará o lodo ao leito de secagem.

Para uma maior eficiência, recomenda-se que também seja adicionado aguapé nesse sistema para
que ocorra uma maior remoção de matéria organica.

8. FILTRO PARA RETENÇÃO DE SÓLIDOS

Para uma melhor e maior eficiência do processo, após o tanque de aeração foi projetado um filtro
para que esse retenha os sólidos não retidos pelo aguapé, não permitindo o seu encaminhamento para
os tanques de “wetland”, para que os tanques esses não entupam.

9. SISTEMA DE TRATAMENTO “WETLANDS”

Os principais componentes das áreas alagadas construídas (wetland) são: a variedade de substratos
(argila, areia, cascalho) que definem a condutividade hidráulica; as plantas aquáticas adaptadas a
substratos anaeróbios saturados por água; colunas d’água (fluindo internamente no substrato), a
presença de uma série de animais vertebrados e invertebrados; e comunidade microbiana adaptada ou
tolerante a condições aeróbias e/ou anaeróbias.

Este sistema apresenta várias funções dentro dos ecossistemas onde são inseridos e a degradação
dos poluentes se da:

Matéria Orgânica: A remoção ocorre por degradação biológica. Os microrganismos responsáveis


pela degradação se encontram associados ao lodo ou filme que são desenvolvidos na superfície das
partículas sólidas e na região das raízes da vegetação. Os mecanismos de degradação são oxidação,
digestão aeróbia e anaeróbia.

8
Nitrogênio: A transformação e remoção de nitrogênio em sistemas naturais envolvem um sistema
complexo de processos e reações. O nitrogênio amoniacal, geralmente presente, pode ser removido por
volatilização (<10%), ou adsorvido temporariamente através de reações de troca iônica no solo. A
amônia adsorvida está disponível para ser retirada pela vegetação e microrganismos ou para conversão
em nitrito e nitrato através de nitrificação biológica, sob condições aeróbias. Para alcançar remoção
real de nitrogênio, a vegetação deve ser colhida e removida do sistema, para evitar a volta do
nitrogênio ao sistema como nitrogênio orgânico.

Fósforo: O fósforo, que geralmente ocorre como ortofosfato, é adsorvido por argilas minerais e
certas frações orgânicas de solo. O fósforo é firmemente adsorvido e é resistente à lixiviação.

Metais Pesados: A remoção de metais pesados se dá principalmente por sorção e em menor


proporção, por captura pela planta. A capacidade de retenção para a maioria dos metais no solo e
sedimentos é geralmente muito alta, especialmente a pH acima de 6,5.

Devido a proximidade das casas o sistema de “wetland” indicado no local é o de fluxo


subsuperficial, que não permite a proliferação de moscas e mosquitos. A planta indicada para o plantio
nesses módulos é a taboa que possui um rápido crescimento e já se encontra na várzea do córrego
próximo a estação.

Dimensionamento do sistema

O dimensionamento do sistema de wetlands feito pela seguinte formula:

A=
Q C
.LN  O

.∆k =
( 3.3,6.24 ) .LN  21,6 .0,65 = 172 ,41m²
 
K .Hs  CS  12 .0,25  1 

Onde:
A = Area mínima de tratamento (m²)
Q = Vazão (m³/dia)

9
K = Decaimento da carga organica (m/dia) - KADLEC & KNIGHT – Treatment Wetlands – Boca
Raton Lewis Publishing – 1996.
Hs = Altura da camada de solo filtrante (m)
Co = Carga Organica de Entrada (Kg/dia)
Cs = Carga Organica de Saída (Kg/dia)
∆k = Fator de Permeabilidade do meio (m) LAPPALA at AL. Documentation of computer program
VS2D to solve the equations of fluid flow variably saturated porus media. U.S. Geologicalm Survey
Water Resouserces Investigations Report – 1987.

Calculado a área mínima de tratamento calcula-se a secção transversal do canteiro

Q 0,003
At = = −4 = 7,97 m ²
Ks .LN ( A.Hs ) 10 .LN (172 ,41 .0,25 )

Onde:
A = Area mínima de tratamento
At =Area da secção Tranversal
Hs = Altura da camada de solo filtrante
Q = Vazão (m³/s)

Serão 6 (seis) canteiros que devem operar em conjunto, onde acontecem diversos processos que
transformam e transferem o poluente para o solo, sedimentos, plantas ou para o ar.

O perfil do canteiro se compõe com as seguintes camadas: 40 cm de brita, 20 cm de areia grossa,


20 cm de areia fina e 25 cm de solo, totalizando uma altura de 1,05 m de leito.

A planta indicada para o plantio nesses módulos é a taboa, a taboa que possui um rápido
crescimento e já se encontra na várzea do córrego próxima a estação.

10. DIMENSIONAMENTO DA DESINFECÇÃO

De acordo com a literatura, os tempos de retenção neste sistema giram em torno de 30 minutos,
sendo então necessário um volume no tanque de polimento de pelo menos 5400 L. a mistura do
efluente tratado com o cloro ocorrerá pois o cloro vai ser dosado na tubulação de entrada do efluente
no tanque e contato

10
11. LEITO DE SECAGEM

Taxa de aplicação (kg SST/m².dia)

M
TX = = 12,23 kg SST/m².dia
A

Valor compatível como fixado pela Norma Brasileira (até 15 kg SST/m².dia)

Dimensões do leito

A área total do leito de secagem foi subdividida em duas câmaras, cada uma com a área de 27,6 m².

A camada drenante do leito de secagem, que deve promover a remoção do liquido intersticial, deve
ser constituída pelas seguintes partes:

Uma camada de areia com espessura de 10 cm, com diâmetro efetivo de 0,75 mm e coeficiente de
uniformidade igual a 3;

Sob a camada de areia, três camadas de brita, sendo a inferior de brita 4 (camada suporte), a
intermediarias de brita 3 e 4 com espessura de 25 cm e a superior de brita 1 e 2 com espessura de 12
cm;

Sobre a camada de areia devem ser colocados tijolos recozidos, com juntas de 2 cm tomadas com
areia da mesma granulometria da usada na camada de areia.

O fundo do leito de secagem deve ser plano e impermeável, com inclinação de 1% no sentido do
coletor principal de escoamento do líquido drenado. O liquido drenado será encaminhado poor
gravidade ao inicio do tratamento.

O dispositivo de entrada do lodo no leito de secagem seve permitir descarga em queda livre sobre
placa de proteção da superfície da camada de

11
Pedra Bela, 07 de Outubro de 2010

_____________________________________
PEDRO AUGUSTO NEGRI
ENGENHEIRO CIVIL – CREA 060.108.940.0

12

You might also like