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TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS – ISS. CASA DA MOEDA DO BRASIL. EMPRESA PÚBLICA
FEDERAL. FABRICAÇÃO DE SELOS FISCAIS, TÍQUETES DE LEITE, ALIMENTAÇÃO E CONSTRUÇÃO,
PASSAPORTE, CARTEIRAS DE IDENTIDADE E HABILITAÇÃO, ATESTADO DE BONS ANTECEDENTES.
INSTRUMENTOS DE REALIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS TÍPICOS DO ESTADO E DE POLÍTICAS
PÚBLICAS. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. SERVIÇOS DE IMPRESSÃO DE MEDALHAS POR ENCOMENDA.
SERVIÇOS GRÁFICOS DE FUNDIÇÃO. NÃO-INCIDÊNCIA. LISTA DE SERVIÇOS ANEXA À LEI COMPLEMENTAR
N.º 56/87, ITEM 77. TAXATIVIDADE. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS REDUZIDOS. ART. 20, §4o, DO CPC.
1. Pretende a parte autora a anulação do processo administrativo n.º 04/376.287/91, na parte consolidada
no item 3 da decisão do Conselho de Contribuintes, referente à incidência de ISS sobre a fabricação de selos
fiscais, tíquetes de leite, alimentação e construção, passaporte, carteiras de identidade e habilitação,
atestado de bons antecedentes e medalhas por encomenda.
2. A imunidade tributária recíproca das pessoas políticas encontra-se prevista no artigo 150, VI, “a”, da
Constituição da República de 1988. Tal imunidade se estende às autarquias e às fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, conforme determina o § 2º do citado artigo. Entretanto, de acordo com o §3o,
o princípio da imunidade recíproca não vale para a pessoa política e nem para as autarquias e fundações por
ela instituída e mantida, quando explorarem atividade econômica, porque estariam agindo como empresa
privada. Cumpre observar que as empresas públicas não foram mencionadas nos dispositivos referentes à
imunidade tributária. No entanto, se a empresa pública presta, por delegação, serviço público próprio da
entidade política que a criou, goza de imunidade a impostos, conforme preceitua o artigo 150, VI, “a”, da
Constituição de 1988. O Supremo Tribunal Federal entende que a Casa da Moeda do Brasil é uma empresa
pública por delegação de serviço público monopolizado, afastando-se do regime tributário aplicável às
empresas privadas (RE 94126/RJ, Rel. Min. Néri da Silveira).
3. A Casa da Moeda do Brasil, além de explorar eventualmente atividade econômica, presta serviços
públicos no exercício de suas atividades-fins, lapidadas no seu Estatuto Social, estando imune com relação a
tais serviços. Não resta dúvida, portanto, que os selos fiscais, passaportes, carteiras de identidade e de
habilitação e atestados de bons antecedentes, como destacou com acerto o MM. Juiz a quo, “constituem
objetos e instrumentos de realização de serviços públicos típicos do Estado”, enquanto os tíquetes de leite,
alimentação e de construção “constituem-se em instrumentos de realização de políticas públicas,
indissociáveis do Estado”. Entretanto, quanto às medalhas por encomendas, “não há que se pensar em
vinculá-las a uma atividade essencial do Estado; constituem-se em simples homenagens, seja a datas e
eventos, seja a pessoas que tenham contribuído de forma significativa para a comunidade; tais homenagens
tanto podem ter por origem um ente público, como uma pessoa privada”.
4. Por outro lado, quanto aos serviços de impressão de medalhas por encomenda, embora a Lista de
Serviços anexa à Lei Complementar n.º 56/87 contemple em seu item 77 os serviços de “composição
gráfica, fotocomposição, clicheria, zincografia, litografia e fotolitografia”, não há previsão de serviços
gráficos de fundição. Ressalte-se que a confecção das medalhas comemorativas resulta de um complexo
processo de transformação industrial, conforme constatado no laudo pericial. Somente os serviços
relacionados na Lei Complementar 56/87 podem sofrer a incidência do ISS, diante do reconhecimento de
sua taxatividade. Precedentes do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça. Dessa forma,
em relação à confecção das aludidas medalhas, a autora, na verdade, não é contribuinte de ISS.
5. Não se justifica honorários advocatícios fixados em 10% sobre R$ 3.230.984,01. Redução com fulcro no §
4º do art. 20 do CPC, eis que vencida a Fazenda Pública.
6. Remessa e apelo conhecidos e parcialmente providos.
(AC 199451010684847, Desembargador Federal JOSE NEIVA/no afast. Relator, TRF2 - TERCEIRA TURMA
ESPECIALIZADA, 23/10/2007)
“A diferença entre uma coisa e outra (serviço público e atividade privada ou econômica) é
óbvia. Se está em pauta atividade que o Texto Constitucional atribuiu aos particulares e não
atribuiu ao Poder Público, admitindo, apenas, que este, excepcionalmente, possa empresá-la
quando movidos por ímperativos de segurança nacional' ou acicatado por ínteresse público
relevante', como tais 'definidos em lei' (tudo consoante dispõe o art.173, da Lei Magna) , casos
em que operará, basicamente, na conformidade do Regime de Direito Privado, é evidente que,
em hipóteses quejandas não se estará perante atividade pública, e, portanto, não se estará
perante serviços públicos.
(...)
“A Carta Magna do País já indica, expressamente, alguns serviços antecipadamente propostos
como da alçada do Poder Público federal. É o que se passa com o serviço postal (...)
“A separação entre os dois campos- serviço público, como setor pertencente ao Estado, e
domínio econômico, como campo reservado aos particulares- é induvidosa e tem sido objeto de
atenção doutrinária, notadamente para fins de separar empresas estatais prestadoras de
serviço público das exploradoras de atividade econômica, ante a diversidade de seus regimes
jurídicos.
(...)
“Assim se verifica que os serviços correspondentes à exploração de atividade econômica não
são serviços públicos porque não competem ao poder público, a não ser supletivamente, e
mesmo assim basicamente sob a regência do Direito Privado, circunstâncias que os apartam
irremissivelmente da categoria de serviços públicos.
“A noção de ‘atividade econômica' certamente não é rigorosa; não se inclui entre os conceitos
chamados teoréticos, determinados. Antes, encarta-se entre os que são denominados conceitos
práticos, fluidos, elásticos, imprecisos ou indeterminados.”
(em CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO, 10 edição, Malheiros, pp.437ss.)
TRIBUNAIS SUPERIORES
O Supremo Tribunal Federal entende que a Casa da Moeda é uma empresa pública por delegação de
serviço público monopolizado, afastando-se do regime tributário aplicável às empresas privadas. Nesse
sentido, o julgado do STF, RE 94126/RJ, em voto do Ministro Néri da Silveira, assim ementado:
“ISS. OBRAS, DE CONSTRUÇÃO CIVIL, EXECUTADAS PARA A CASA DA MOEDA DO BRASIL, QUE E EMPRESA
PÚBLICA, "UT" LEI N. 5895/1933. ISENÇÃO DO ISS, COM BASE NO ART-11, DO DECRETO-LEI N. 406/1968,
NA REDAÇÃO INTRODUZIDA PELA LEI COMPLEMENTAR N. 22/1974. EMBORA EMPRESA PÚBLICA E NÃO
AUTARQUIA, A CASA DA MOEDA DO BRASIL EXECUTA SERVIÇOS PUBLICOS, COM CARÁTER DE
EXCLUSIVIDADE, DE ACORDO COM O ART-2., DA LEI N. 5895/1973, ENQUADRANDO-SE NA HIPÓTESE DE
APLICAÇÃO DO ART-11, DO DECRETO-LEI N. 406/1968. CONSTITUIÇÃO, ART-8., IX E XII. SITUAÇÃO
DIVERSA DA DECIDIDA PELO STF, NOS ERE 90810-RJ, QUANTO A CONSTRUÇÃO DE OLEODUTOS PARA A
PETROBRAS, NÃO BENEFICIADA COM A ISENÇÃO DO ART-11, DO DECRETO-LEI N. 406/1968.
CONSTITUIÇÃO, ART-170, PAR-3.. RECURSO EXTRAORDINÁRIO DO MUNICÍPIO NÃO CONHECIDO.”
CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. ISS. IPTU. IMUNIDADE DOS SERVIÇOS EXPLORADOS PELA EMPRESA
BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS (ECT). ART. 12 DO DECRETO-LEI 509/69. RECEPÇÃO PELA
CF/88. COMERCIALIZAÇÃO DE TÍTULOS DE CAPITALIZAÇÃO. ATIVIDADE NÃO COMPREENDIDA PELA
IMUNIDADE. IMPENHORABILIDADE DOS BENS DA ECT.
1. "As empresas públicas prestadoras de serviço público distinguem-se das que exercem atividade
econômica. A ECT - Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é prestadora de serviço público de
prestação obrigatória e exclusiva do Estado, motivo por que está abrangida pela imunidade tributária
recíproca: C.F., art. 22, X; C.F., art. 150, VI, a." (...) (RE nº 364202/RS, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ
28/10/2004, pág. 51, Segunda Turma, Decisão Unânime)
2. "Os serviços explorados pela ECT constituem serviços públicos de competência da União, além do que a
prestação deles não está sujeita ao ISS, uma vez que o artigo 150, inciso VI, alínea "a", da Constituição
Federal estabelece imunidade recíproca entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios no que
concerne à instituição de impostos sobre os serviços, uns dos outros. - No julgamento do RE 220.906-DF, o
Supremo Tribunal Federal proclamou a recepção do artigo 12 do Decreto-Lei 509/69 pela Constituição
Federal de 1988." (TRF - 5a Reg. AC 309767/CE, Primeira Turma, Rel. Des. Federal Jose Maria Lucena, DJ
14/02/2007 - Pág. 592, Decisão Unânime).
3. Não obstante, não se pode conceber que a imunidade em questão abranja a comercialização de títulos de
capitalização. Esse é o entendimento desta Corte: "O Imposto sobre Serviços - ISS, incide sobre a venda de
títulos de capitalização feita pela ECT, atividade que não está direta e especificamente correlacionada à que
é própria do monopólio postal." (AC 122.069 - CE, Rel. Des. Federal Geraldo Apoliano, DJ 22.06.2004)
4. Apelação parcialmente provida.
(AMS 200685000039336, Desembargador Federal Ubaldo Ataíde Cavalcante, TRF5 - Primeira Turma,
16/11/2007)
ALBERTO NOGUEIRA:
TRIBUTÁRIO. IPTU. EBCT. EMPRESA PÚBLICA PRESTADORA DE SERVIÇO. IMUNIDADE RECÍPROCA. ART.
150, INC VI, “A” DA CF. INEXIGIBILIDADE. ENTENDIMENTO FIRMADO PELO STF.
I - O Supremo Tribunal Federal, órgão jurisdicional ao qual a Constituição Federal designou a tarefa de
guarda da Constituição, já se manifestou reiteradas vezes no sentido de que há de ser feita distinção entre
empresas públicas que exercem atividade econômica, e aquelas prestadoras de serviço público de caráter
obrigatório para definir a abrangência da imunidade recíproca prevista no dispositivo legal
supramencionado.
II - No tocante especificamente à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, pessoa jurídica à qual se
delegou a atividade de prestação de serviço postal no país, a Corte Constitucional já consolidou o
entendimento de que a aludida empresa pública, prestadora de serviço público de caráter obrigatório e
exclusivo do Estado, resta alcançada pela imunidade recíproca.
III – A turma, por unanimidade deu provimento ao recurso.
(AGV 200502010049593, Desembargador Federal ALBERTO NOGUEIRA, TRF2 - QUARTA TURMA
ESPECIALIZADA, 26/02/2007)
LUIZ ANTÔNIO SOARES
EMBARGOS À EXECUÇÃO. ISS. ECT. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. LIQUIDEZ E CERTEZA DA CDA. FATO
GERADOR. DEFINIÇÃO EM LEI COMPLEMENTAR DA UNIÃO FEDERAL. IMPENHORABILIDADE DE BENS.
IMUNIDADE RECÍPROCA. SERVIÇOS EXCLUSIVAMENTE PÚBLICOS. ART. 173 DA CF. NULIDADE DA
CITAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA.
1-Nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, quando a declaração não é prestada pelo
contribuinte, ou por quem de direito, no prazo e na forma estabelecida na legislação tributária (como na
hipótese dos autos), o lançamento é realizado de ofício pela autoridade administrativa, conforme assim
preceitua o artigo 149 do CTN. Assim, levando-se em consideração que houve impugnação pelo contribuinte
e que o trânsito em julgado do processo administrativo ocorreu em março de 1998, não há que se apontar a
ocorrência de prescrição.
2-O título executivo está formalmente perfeito, com discriminação precisa do fundamento legal da obrigação
tributária e demais encargos legais, de modo que de sua análise se pode atribuir certeza e liquidez aos
créditos nela contidos, possibilitando, outrossim, o exercício do contraditório e da ampla defesa pelo
executado.
3-Conforme dispõe o art. 156, III, da Carta Magna, no âmbito do ISS inserem-se os serviços de qualquer
natureza não compreendidos na competência tributária estadual, definidos em lei complementar da União.
Não há que se apontar a necessidade de edição de lei complementar municipal para a instituição do tributo.
O fato gerador do ISS é definido pela lei municipal, embora sujeita aos limites fixados na lei complementar
da União Federal.
4-O Plenário do STF, no julgamento do RE 220906/DF, cujo relator foi o Ministro Maurício Corrêa,
reconheceu que o Decreto nº 509/69 foi recebido pela Constituição Federal de 1988, estendendo à ECT os
privilégios até então somente conferidos à Fazenda Pública, dentre os quais o da impenhorabilidade de seus
bens, rendas e serviços, de modo que a execução contra ela proposta deve obedecer ao rito previsto no art.
730 do CPC, citando-se a exeqüente para oposição de embargos, e não para pagamento do débito,
observando-se a partir daí a disposição contida no artigo 100 da Carta Magna.
4-Ainda que não reste dúvida à imunidade de que goza a ECT em relação aos impostos sobre os serviços
por ela prestados, inclusive diante da explicitação constante do artigo 12 do Decreto-Lei 509/69, entendo
que esta somente se aplica nos casos em que o serviço seja de prestação obrigatória e exclusiva da União,
no caso o serviço postal, conforme art. 21, X, da Carta Magna.
5-Os serviços tributados não podem ser enquadrados naqueles tidos como exclusivamente públicos.
Destarte, a regra constitucional da imunidade recíproca não pode ser estendida às empresas públicas
federais, quando pelos serviços por elas prestados haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas
pelo usuário ou quando configurem exploração de atividade econômica, a teor do que dispõe o art. 173 da
Constituição Federal.
6-A declaração de nulidade da citação não se mostra adequada. A teor do disposto no art. 213 do CPC,
citação é o ato de cientificação do sujeito passivo de que foi ajuizada em face dele uma demanda,
outorgando-lhe oportunidade para apresentar defesa. Se o executado foi devidamente citado e apresentou
embargos à execução não há que se apontar nulidade na citação. Não tendo sido comprovada a ocorrência
de qualquer tipo de prejuízo ao embargante em razão da utilização de procedimento executório diverso,
impõe-se o prosseguimento da execução, embora pelo rito especial previsto no art. 730 do CPC.
7- Apelação da ECT não provida. Apelação do Município do Rio de Janeiro parcialmente provida.
(AC 200151015256470, Desembargador Federal LUIZ ANTONIO SOARES, TRF2 - QUARTA TURMA
ESPECIALIZADA, 01/07/2009)
Trata-se de agravo de instrumento, com pedido de atribuição de efeito suspensivo, interposto por EMPRESA
BRASILEIRA DE INFRA-ESTRUTURA AEROPORTUÁRIA - INFRAERO, em face de decisão que indeferiu
exceção de pré-executividade e rejeitou bem nomeado à penhora pela agravante em execução
fiscal.Sustenta a agravante que há vedação constitucional à instituição de impostos sobre seu patrimônio,
renda e serviços, sendo que ela é constituída por capital integralmente da União. Alinhava que, no afã de
demonstrar sua boa-fé- ofereceu bem à penhora,garantindo a execução, os quais foram rejeitados sem
motivo plausível, havendo o juízo determinado a penhora sobre a sua renda, o que desfalcará seu capital e
determinará o comprometimento da qualidade dos seus serviços.Pretende ver extinta a execução fiscal.
Subsidiariamente, pretende ver aceito o bem que ofereceu em penhora como garantia da execução fiscal
que está sofrendo.É o relato do necessário. Passo a decidir sobre o pedido de atribuição de efeito
suspensivo.A agravante é empresa pública federal, constituída por capital da União Federal e do FND -
Fundo Nacional do Desenvolvimento - ente daadministração pública federal.Consultando o sítio , extrai-se,
daleitura do Estatuto Social dessa Empresa Pública Federal, publicadono DOU de 30.10.2003, seção 1, fls.
87/89, o seu objeto social:CAPÍTULO 2DO OBJETO SOCIALArt. 4º A INFRAERO tem por finalidade implantar,
administrar, operar, explorar industrial e comercialmente a infra-estrutura aero-portuária e de apoio à
navegação aérea, prestar consultoria e assessoramento em suas áreas de atuação e na construção de
aeroportos, bem como realizar quaisquer atividades correlatas ou afins, que lhe forem atribuídas pelo
Ministério da Defesa.Veja-se o que dispõe a Constituição Federal:Art. 21 Compete à União:XII- explorar,
diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:(...)c) a navegação aérea, aeroespacial e a
infra-estrutura aeroportuária;De se consignar que a exploração da administração aero-portuária é de
competência da União, que poderá prestá-la diretamente ou mediante delegação (autorização, concessão ou
permissão) a empresas públicas ou particulares. A INFRAERO, enquanto no exercíciode suas atividades-
fins, lapidadas no seu Estatuto Social, pratica serviço público, no sentido material, forte no comando
constitucional. Agindo assim, coloca-se como longa manus do Estado que, atendendoaos ditames de
conveniência e eficiência que pautam a administraçãopública, outorgou a terceiros a administração
aeroportuária, o que não implica substrair do seu jugo o imperativo constitucional. A jurisprudência é
acorde:PROCESSO CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. IMPROCEDÊNCIA. APELAÇÃO. EFEITOS
DEVOLUTIVO E SUSPENSIVO. IMPENHORABILIDADE DE BENS DA INFRAERO. EMPRESA PRESTADORA DE
SERVIÇO PÚBLICO.(...)II - Possibilidade de paralisação da execução em casos extremos,como o
caracterizado nos autos. Impenhorabilidade dos bens daINFRAERO. Empresa prestadora de serviço público.
G.n.(TRF3 - AG 132993, 4a T. , Rel. Therezinha Caserta, publicado no DJU 18.10.2002, pág.
506)Prosseguindo o raciocínio, dispõe o art. 150, VI, d, da Constituição Federal:Art. 150. Sem prejuízo de
outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao DistritoFederal e aos
Municípios:(...)VI - instituir impostos sobre:a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;(...)3º A
vedação do inciso VI, a, e do parágrafo anterior não se aplica ao patrimônio, àrenda e aos serviços,
relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos
privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário (...)Imunidade
é uma regra de estrutura, ou seja, dispõeacerca da construção de outras regras.Cuida-se ontologicamente
deuma classe finita e determinável de normas jurídicas, contidas no texto da Constituição Federal, e que
estabelecem, de modo expresso, aincompetência das pessoas políticas de direito constitucional interno para
expedir regras instituidoras de tributos que alcancem situações específicas e suficientemente caracterizadas.
É um prius em relação ao exercício da competência tributária, abarcando situações que normalmente
estariam incluídas no fato jurígeno tributário.Especificamente sobre a imunidade recíproca, disserta Sacha
Calmon Navarro Coelho (in Curso de Direito Tributário Brasileiro, 6a ed. Ed. Forense, RJ , 2001, pág.
264):"""As pessoas políticas não possuem capacidade contributiva. Ao revés, são dotadas de competência
para tributar,não porém umas às outras. De mais a mais, a questão entranha-se no intrico federativo. As
pessoas políticas que convivem na Federação estão voltadas, todas elas, ao bem comum. Não é admissível
que venhama se tributar mutuamente, estendendo-se a imunidade até as instrumentalidade dos Poderes
Públicos. Aliás, foi por aí que a cogitação daimunidade teve início nos EEUU. Entre nós a coisa é diferente,
habemus suprema lex, a habitat da imunidade é a Constituição."""Quid juris se o pretendente a gozar da
prefalada regra de competência negativa não é pessoa política, mas um ente pertencente à sua
Administração Indireta? Sacha Calmon (op. cit. pág. 291/292) novamente, com maestria, interpretando o
parágrafo 3º do art. 150 da CF, joga luzes:""""a Constituição não exclui expressamente as empresas
públicas sem fins lucrativos, delegatárias de serviços públicos da imunidade intergovernamental
recíproca, porquanto a menção isolada a preços e tarifas, como fatores excludentes, levaria ao absurdo de
se tributar as autarquias e fundações que os cobram (FGV, FIOCRUZ, OAB, CREA) e empresas públicas
que explorem, por delegação, serviço público em regime de mono ou semimonopólio, sem finalidade de
apropriação do lucro (EBCT e INFRAERO, v.g.), cujos resultados são direcionados estatutária e legalmente a
dois fins exclusivos: à melhoria do serviço público eaos cofres públicos."""Outra não deve ser a única
conclusão condutora sobre a cobrança de IPTU sobre imóveis da INFRAERO quando afetados ao serviço
público de administração da infra-estrutura aeroportuária: há óbice instransponível na Constituição Federal;
há infracão aoprincípio do federalismo fiscal.A melhor jurisprudência tem decidido dessa forma,
verbis:TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE FISCAL DA EMPRESA BRASILEIRA DE INFRA-ESTRUTURA
AEROPORTUÁRIA - INFRAERO. - O patrimônio, as rendas e os serviços da Empresa Brasileira de Infra-
estrutura Aeroportuária - INFRAERO são alcançados pela imunidade tributária recíproca estabelecida no
art. 150, VI, """a""", da CF/88, pois a estatal, embora tenha sido instituída sob a forma de empresa
pública, não exerce atividade econômica, prestando serviço público típico em regime monopolizado.(TRF4 -
AC 200404010472817/PR, 2a T., publicado no DJU16.02.2004, à pag. 391)PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS
À EXECUÇÃO FISCAL. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS. INFRAERO. EXPLORAÇÃO DE ATIVIDADE ECONÔMICA.
INEXISTÊNCIA. IMUNIDADE RECÍPROCA. (CF, ART. 150, VI, """a"""). DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO.1. A
INFRAERO é empresa pública que exerce serviço público federal monopolizado outorgado por lei, estando,
pois, abrangida pela imunidade recíproca prevista no art. 150, inciso VI, """a""", da CF/88.2. A exceção ao
princípio da imunidade recíproca contida no § 3º, do aludido dispositivo constitucional, dirige-se às
empresas que exploram atividades econômicas, o que não é o caso da INFRAERO.3. Os serviços prestados
por esta empresa pública não estão sujeitos à incidência do ISS.4. A sentença que julga improcedentes os
embargos à execução fiscal mantém a cobrança do débito inscrito em dívida ativa e, portanto, não está
sujeita ao duplo de jurisdição (CPC, art. 475, III).(TRF1 - AC 199701000156227, 2a T., Rel. SeleneAlmeida,
publicado no DJU de 25.09.2001, pág. 162)Uma única ressalva há de ser feita, a par do raciocínio até então
construído. A agravante gozará da imunidade recíproca desde que o aspecto objetivo aque o comando
constitucional fez menção - patrimônio, na presente hipótese - esteja vinculado à prestação do serviço
público delineado no art. 21, XII , """c""", da Constituição Republicana. Anote-se:EXECUÇÃO FISCAL -
EMBARGOS DO DEVEDOR - IMUNIDADE TRIBUTÁRIA - INFRAERO -NULIDADE DE CDAS1. O serviço
público que constitui atividade fim desta empresa pública está definido, conforme mencionou a sentença,
no art. 43 do Código Brasileiro do Ar. Qualquer atividade fora das ali mencionadas não tem caráter de
atividade pública delegada e constituem exploração econômica de iniciativa privada, o que em hipótese
alguma pode ser alcançado pela imunidade recíproca do art. 150, VI, """a""", da CF, sob pena de
infringirem as normas que regulam a ordem econômica do país.(TRF2 - AC 280098, 3a T., Rel. Chalu
Barbosa, publicado em 26.02.2004 no DJU, pág. 134)Compulsando as cópias das CDAS adunadas nos
autos, verifica-se que os imóveis alvejados não possuemdescrição sobre a que atividade estão adjudicados,
nem tampouco se estão adjudicados à prestação de serviço diretamente pela agravante ou cedidos a
terceiros.Impõe-se, então, por cautela, como condiçãode resolução definitiva desta questão, que tais fatos
se esclareçam.Ante o exposto, concedo efeito suspensivo ao agravo de instrumento, determinando o
sobrestamento da execução fiscal até decisão definitiva neste recurso.Comunique-se ao juízo """a
quo""".Esclareça a agravante a que atividades estão afetados os imóveis constantes às fls. 07/10. Intime-
se-a.Ao agravado para oferecer contraminuta e prestar informações sobre esses imóveis.Após, ao
MPF.P.I.C.
(AG 200602010072856, Desembargador Federal LUIZ ANTONIO SOARES, TRF2 - QUARTA TURMA
ESPECIALIZADA, 16/08/2006)
LANA REGUEIRA