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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

OS COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA:


LIÇÕES DA EXPERIÊNCIA DE MINAS GERAIS

Eliana Fortis Silveira Anjos

Orientador: Maria Augusta Almeida Bursztyn

Dissertação de Mestrado

Brasília-DF: Outubro / 2003


UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

OS COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA:


LIÇÕES DA EXPERIÊNCIA DE MINAS GERAIS

Eliana Fortis Silveira Anjos

Dissertação de Mestrado submetida ao Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de


Brasília, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Grau de Mestre em
Desenvolvimento Sustentável, área de concentração em Política e Gestão Ambiental, opção Acadêmica.

Aprovado por:

_____________________________________
Maria Augusta Almeida Bursztyn, Doutora em Ciências da Água (Universidade de Paris VI)
(Orientadora)

_____________________________________
Armando Caldeira Pires, Doutor em Engenharia Mecânica (Universidade Técnica de Lisboa)
Examinador Interno

_____________________________________
Demétrios Christofidis, Doutor em Política e Gestão Ambiental (CDS/UnB)
Examinador Externo

Brasília-DF, 15 de Outubro de 2003.


ANJOS, ELIANA FORTIS SILVEIRA

Os comitês de Bacia Hidrográfica: Lições da Experiência de Minas Gerais, 185 p., 297 mm,
(UnB-CDS, Mestre, Política e Gestão Ambiental, 2003).

Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília. Centro de Desenvolvimento Sustentável.

1. Comitê de Bacia Hidrográfica 2. Política Nacional de Recursos Hídricos

3. Mobilização Social 4. Descentralização e Participação

I. UnB-CDS II. Título (série)

É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação e emprestar ou
vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros
direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem a
autorização por escrito do autor.

______________________________
Eliana Fortis Silveira Anjos
DEDICATÓRIA

Aos meus pais (in memóriam) meu eterno agradecimento.

Aos meus filhos, Rodrigo, Patrícia, Marcelo, Viviane e


Fernanda razão principal da minha vida.

Ao Jair, companheiro de todas as horas.


AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Maria Augusta Almeida Bursztyn pela orientação segura e direcionada do
trabalho.

Aos amigos da Agência Nacional de Águas – ANA e da Secretaria de Recursos Hídricos –


SRH/MMA, pela inestimável disponibilidade de documentos oficiais.

Aos entrevistados, pela transferência de experiência e a paciência dispensada.

Aos membros da Banca Examinadora, Dr Armando Caldeira Pires e Dr Demetrios Christofidis,


com os meus agradecimentos por terem aceito o convite e pelas colaborações dadas e que muito
melhoraram o trabalho.

Ao Dr. Raymundo José Santos Garrido, pelo apoio profissional e institucional oferecido.

Ao Dr. Antônio Félix Domingues, pela solidariedade de apoio de dois anos ao meu programa de
trabalho.
RESUMO

Este estudo aborda temas relativos às políticas públicas de gestão dos recursos hídricos
em nível nacional e estadual com enfoque na formação e constituição dos comitês de bacias
hidrográficas federais e do estado de Minas Gerais.

Para tal, foram apresentadas informações sobre a problemática nacional, destacando a


evolução da questão hídrica e os principais problemas na formação dos comitês.

Os dispositivos da Lei nº 9.433, de 19 de janeiro de 1997, que preconiza a Política


Nacional de Recursos Hídricos e a interface do quadro institucional atual da gestão federal e
estadual dos recursos hídricos, foram analisados em face da perspectiva de implementação de
uma gestão descentralizada e participativa, que apesar de manter as responsabilidades dos níveis
federais e estaduais no tocante a proporcionar meios que possibilitem a adequada gestão dos
recursos hídricos, transfere para a comunidade, representada pelo seu comitê de bacia, a
responsabilidade pela tomada de decisão sobre o que fazer e que meios serão empregados para a
consecução dos objetivos.

Foi elaborada uma análise crítica da situação atual dos comitês, apresentando, a
problemática na sua formação e instalação, aspectos positivos, pontos críticos, deficiência de
corpo técnico e problemas de ordem institucional. Algumas recomendações também foram
apresentadas visando contribuir para uma melhor estruturação do órgão gestor e do processo de
mobilização.
ABSTRACT

This study deals with themes related to public policies in management of water resources
at national and state level with focus on formation and constitution of federal and Minas Gerais
state watershed committees.

For that, it was presented information about the national problematic with emphasis on
evolution in the water resources questions and in the main problems in committee formation.

The apparatus in law nº 9,433, from January 8 of 1997, which preconizes the National
Water Resource Policy and the interface about the institutional picture in the present federal and
state water resources management were analyzed in the perspective of implementation of a
decentralized and participative management that, in despite of, to maintain the responsibilities of
federal and state levels in respect to proportionate means which possibility an adequate water
resources management, transfer to the community, represented by the watershed committee, the
responsibility in deciding about what to do and what means will be used to the objectives
consecution.

It was elaborated a critical analysis about the present committees situation, presenting the
problematic in its formation and installation, positive aspects, critical points, personnel
deficiency and institutional problems. Some recommendations were also presented in order to
contribute to a better structuring in the management organism and to the mobilization process.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO________________________________________________________ 14

1 MARCO DE REFERÊNCIA CONCEITUAL ___________________________ 17

1.1 A gestão sustentável dos recursos naturais _______________________________ 17

1.2 Os valores ecológico e econômico da água ________________________________ 20

1.3 Gerenciamento de bacias hidrográficas __________________________________ 22

1.4 Fundamentos do processo decisório na gestão participativa _________________ 26

2 EVOLUÇÃO DA QUESTÃO HÍDRICA NO BRASIL_____________________ 32

3 QUADRO ATUAL _________________________________________________ 49

4 OS COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS_________________________ 64

4.1 Comitês de bacias hidrográficas de rios federais __________________________ 71

5 A GESTÃO DAS ÁGUAS EM MINAS GERAIS _________________________ 88

5.1 Comitês de bacia hidrográfica legalmente instituídos no estado de Minas Gerais _ 101

5.2 Análise crítica da formação e desempenho dos comitês_______________________ 120

CONCLUSÕES_______________________________________________________ 128

BIBLIOGRAFIA _____________________________________________________ 134

6. ANEXOS __________________________________________________________ 140

6.I - Lista de entrevistados e questionário ___________________________________

6. II - Legislação de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal __________

6.III - Relação dos Comitês de Bacias Hidrográficas do Brasil _________________

6. IV - Resoluções do CNRH (nºs 5, 18 e 24) ______________________________

6. V - Decreto nº 4.613, de 11 de Março de 2003 ___________________________


LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1- Arranjo institucional da lei nº 9.433/97. ________________________________________________ 52


Figura 3.2. Composição do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH. __________________________ 56
Figura 3.3 - Situação dos estados brasileiros com relação às suas respectivas leis de recursos hídricos. _______ 63
Figura 4.1 – Distribuição dos comitês por estados _________________________________________________ 64
Figura 4.2 - Diagrama com a distribuição de comitês por estado. _____________________________________ 65
Figura 4.3 – Comitês federais instalados no Brasil _________________________________________________ 72
Figura 5.1 - Mapa das Bacias Hidrográficas do estado de Minas Gerais ________________________________ 88
Figura 5.2 - Organograma da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. ________ 94
Figura 5.3 - Mapa do estágio atual dos Planos Diretores no estado de Minas Gerais ______________________ 95
Figura 5.4 – Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos – UPGRH _______________________ 96
Figura 6.1. comitês de bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais________________________________ 100
LISTA DE QUADROS

Quadro 3.1 - Estados brasileiros que editaram suas leis estaduais antes da promulgação da lei federal 9.433/97. 62
Quadro 3.2 - Estados brasileiros que editaram suas leis estaduais após a promulgação da lei federal 9.433/97__ 62
Quadro 6.1 - Composição do CBH Velhas ______________________________________________________ 102
Quadro 6.2 - Composição do CBH Mosquito _____________________________________________________ 104
Quadro 6.3 - Composição do CBH Araguari_____________________________________________________ 105
Quadro 6.4 - Composição do CBH Paracatu _____________________________________________________ 107
Quadro 6.5 - Composição do CBH Pará ________________________________________________________ 109
Quadro 6.6 - Composição do CBH Caratinga.____________________________________________________ 110
Quadro 6.7 - Composição do CBH Verde________________________________________________________ 111
Quadro 6.8 - Composição do CBH Paraopeba ___________________________________________________ 113
Quadro 6.9 - Composição do CBH Sapucaí. _____________________________________________________ 114
Quadro 6.10 - Composição do CBH Araçuaí _____________________________________________________ 115
Quadro 6.11 - Composição do CBH Piracicaba __________________________________________________ 117
Quadro 6.12 - Composição do CBH Mogi-Guaçu/Pardo____________________________________________ 119
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

ABAS - Associação Brasileira de Águas Subterrâneas

ABEMA - Associação Brasileira das Entidades de Meio Ambiente

ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABID - Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem

ABID - Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem

ABIQUIM - Associação Brasileira da Indústria Química e de Produtos Derivados

ABRH - Assembléia Geral Ordinária da Associação Brasileira de Recursos Hídricos

ABRH - Associação Brasileira de Recursos Hídricos

ABRH - Associação Brasileira de Recursos Hídricos

ABRH - Associação Brasileira de Recursos Hídricos

AEE/GO - Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de Goiás

AESBE - Associação das Empresas Estaduais de Saneamento Básico

ANA – Agência Nacional de Águas;

Art. - Artigo;

CBHs – Comitês de Bacias Hidrográficas.

CEEIBH - Comitê Especial de Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas

CEEIVAP - Comitê Executivo de Estudos Integrados da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do


Sul

CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina

CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CIRJ - Centro Industrial do Rio de Janeiro

CNI - Confederação Nacional da Indústria

CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico


CNRH – Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

CNUMAD - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

CTAP – Câmara Técnica de Análise de Projetos;

CTAS – Câmara Técnica de Águas Subterrâneas;

CTCOB – Câmara Técnica de Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos;

CTCT – Câmara Técnica de Ciência e Tecnologia;

CTGRHT – Câmara Técnica de Gestão de Recursos Hídricos Transfronteiriços;

CTIL – Câmara Técnica de Assuntos Legais e Institucionais;

CTPNRH – Câmara Técnica Plano Nacional de Recursos Hídricos;

CTPOAR – Câmara Técnica de Integração de Procedimentos, Ações de Outorga e Ações


Reguladoras;

DAEE/SP - Departamento de Águas e Energia Elétrica

Dec. - Decreto;

DNAEE - Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica

DNTA - Departamento Nacional de Transportes Aquaviários

ELETROBRAS - Centrais Elétricas Brasileiras

FIBRA - Federação das Indústrias de Brasília

FIRJAN - Comercial do Rio de Janeiro, Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

FUNDAP - Fundação do Desenvolvimento Administrativo

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IGAM – Instituto Mineiro de Gestão das Águas

ILAM - Instituto Latino- Americano

Inc. - Inciso;

ONG – Organização Não Governamental;

PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

SAE - Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República

SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente


SERLA - Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas do Estado do Rio de Janeiro

SNGRH - Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos

SUREHMA - Superintendência dos Recursos Hídricos e Meio Ambiente do Estado do Paraná.


INTRODUÇÃO

A água é vital e indispensável a todas as formas de vida, e é parte de quase todas as


atividades econômicas do homem. No entanto, esse recurso natural, que a humanidade supunha
infinito, vem a cada dia dando sinais de esgotamento.

A lei federal 9.433 de 1997 insere-se no longo processo de regulamentação dos recursos
hídricos brasileiros iniciado, há quase 70 anos,com a promulgação do Código de Águas. Durante
esse período, o País modificou-se em profundidade. A população cresceu significativamente, a
economia desenvolveu-se e a sociedade deixou de ser agrária, tornando-se industrial,
majoritariamente urbana. Essas mudanças resultaram em grande pressão sobre os recursos
hídricos disponíveis, devido ao aumento da demanda e às novas modalidades de uso.

Considerando que um dos maiores desafios que devemos enfrentar nas próximas décadas,
será com certeza a exploração racional dos recursos hídricos, é oportuno enfatizar que a
implementação de uma adequada política de gestão das águas torna-se uma medida de
indiscutível valor estratégico e, em conseqüência, um dever do poder público.

Várias unidades da federação, tendo em vista o fato de serem detentoras de domínio sobre
as águas estaduais, aprovaram suas respectivas leis de organização administrativa para o setor de
recursos hídricos, encontrando-se, alguns deles, em avançado estágio de regulamentação.

Tais políticas, amparadas pela lei federal, vêm norteando a gestão integrada dos recursos
hídricos, sendo que em muitos estados a lei já se encontra regulamentada e com alguns
instrumentos de gestão sendo implementados, tais como: outorga, planos de recursos hídricos,
enquadramento de corpos d’água e sistema de informações.

A proposta dessa nova política constituiu-se num marco institucional no país, por
incorporar fundamentos, instrumentos e um sistema nacional de gerenciamento de recursos
hídricos universalmente aceitos e praticados em muitos países. Destaca-se a gestão
descentralizada e a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

A carga significativa das competências do poder público, exigindo a sua alta dialogação e
presença em diferentes setores, tanto públicos como privados, levou o governo federal a propor a
instituição da Agência Nacional de Água – ANA, por força da lei nº 9.984 de 17 de julho de

14
2000, para implementação da política nacional de recursos hídricos, tendo em vista a necessidade
imediata de apoiar o setor de recursos hídricos.

Um dos elementos-chave para a adequada gestão de águas são os comitês de Bacias


Hidrográficas, com suas respectivas agências de águas, cujo papel é municiar os colegiados com
informações de qualidade e avaliações técnicas para a tomada de decisões e sua implementação.
O projeto de lei 1616, de 1999 que prevê a criação das agências, fixa dispositivos para a sua
criação e operação, prestando apoio técnico e administrativo, exercendo as funções de secretaria
executiva dos respectivos comitês.

O Brasil conta hoje com mais de 80 comitês de bacias criados em âmbito estadual e
federal e outros tantos em diferentes estágios de implantação. É preciso ter presente que a mera
multiplicação de comitês de Bacias, por si só, não garante uma efetiva ação e tampouco uma
participação eficiente. Ao contrário, caso não funcionem adequadamente, tais comitês podem
desgastar o processo participativo e gerar descrença por parte da sociedade.

Os comitês federais foram regulamentados pela Resolução CNRH nº 5, em 10 de abril de


2000 e posteriormente modificada pelas Resoluções nº 18, de 20/12/2001 e nº 24 de 24/05/2002.
São organizações inteiramente novas na realidade institucional brasileira, destinadas a atuar
como “parlamento das águas”, contando com a participação dos usuários, prefeituras, sociedade
civil organizada e dos níveis de governo estaduais e federal, funcionando como fórum de decisão
no âmbito de cada bacia hidrográfica.

Este estudo foi elaborado com o objetivo principal de apresentar os comitês de bacias
hidrográficas instalados no estado de Minas Gerais, visando detectar os avanços e impasses da
sua implementação. Estabeleceu-se como objetivos específicos:

i) Analisar a gestão dos recursos hídricos no Brasil enfocando a sua evolução


histórica e o quadro atual;

ii) Identificar os principais problemas na instalação dos comitês de bacias


hidrográficas enfatizando o processo de mobilização e participação social;

iii) Destacar os principais impasses no funcionamento dos comitês e avaliar os


avanços ocorridos após a sua implementação.

15
Para elaboração desta dissertação, foi realizado um vasto levantamento de dados da
evolução da gestão de recursos hídricos no Brasil, pesquisas bibliográficas abrangendo diversos
trabalhos sobre a formação e instalação de comitês de bacias hidrográficas, coleta de
informações sobre o estado da arte dos comitês federais e estaduais, com destaque ao estado de
Minas Gerais.

Nos últimos cinco anos participamos de reuniões de Câmaras Técnicas do Conselho


Nacional de Recursos Hídricos, de diversas consultas e audiências públicas na elaboração dos
Planos Diretores de Recursos Hídricos, no processo de criação de comitês de rios federais e em
eventos promovidos por órgãos gestores para promover a mobilização da sociedade civil,
usuários e municípios para formação de comitês.

Foram efetuadas entrevistas semi-estruturadas, com sete profissionais e gestores públicos


que atuam em cenário nacional e estadual na implementação de políticas públicas de recursos
hídricos, com questionário contendo oito perguntas básicas ao desenvolvimento da compreensão
do tema (Anexo I).

A dissertação está estruturada em cinco capítulos, além da Introdução e Conclusões. O


Capítulo I, é o marco de referência conceitual que enfoca a gestão sustentável dos recursos
naturais, com ênfase na gestão dos recursos hídricos e processo decisório.

O Capitulo II dedicou à evolução da questão hídrica no Brasil, abordando os antecedentes


legais da gestão de recursos hídricos no Brasil. O Capítulo III apresenta o quadro atual dos
recursos hídricos no Brasil incluindo a Política Nacional e Estaduais de Recursos Hídricos,
fazendo referência ao arranjo institucional federal e do estado de Minas Gerais.

O Capítulo IV apresenta os comitês de bacias hidrográficas no Brasil, dando destaque aos


comitês de bacias hidrográficas de rios federais.. O Capítulo V traz uma caracterização do estado
de Minas Gerais, unidade federada na qual se dará ênfase à formação dos comitês de bacias. Faz
referência ao processo de formação dos comitês criados no estado de Minas Gerais e aborda
também uma análise crítica do processo de criação e instalação dos comitês, apresentando
propostas, sugestões e ações julgadas necessárias para a efetiva e bem sucedida implementação
dos comitês de Bacias Hidrográficas no estado de Minas Gerais.

16
1. MARCO DE REFERÊNCIA CONCEITUAL

1.1 A gestão sustentável dos recursos naturais

Rico em recursos naturais, o Brasil é, também, exemplo de contrastes. A corrida pelo


desenvolvimento, alimentada pelas necessidades de uma população que cresce em número e
pobreza, tem justificado a exploração selvagem dos recursos naturais, gerando sérias
conseqüências ao meio ambiente.

As ações de desenvolvimento têm mostrado que é comum o uso abusivo de recursos


naturais, gerando conseqüências deletérias para uma complexa matriz de interações das
dimensões ecológicas, sociais e econômicas presentes na dinâmica das relações produtivas do
País. Contudo, o próprio conceito de sustentabilidade é ainda controverso. Em decorrência, as
diferentes facetas da sustentabilidade encontram dificuldade em se integrar, seja no âmbito
científico, na prática de campo ou na formulação de políticas públicas em geral.

Desenvolvimento sustentável deve, significar desenvolvimento social e econômico


estável e equilibrado, com mecanismos de distribuição das riquezas geradas e com capacidade de
considerar a fragilidade, a interdependência e as escalas de tempo próprias e específicas dos
elementos naturais. Significa, ainda, gerar riquezas utilizando os recursos naturais de modo
sustentável e respeitar a capacidade de recuperação e recomposição desses recursos, criando
mecanismos que permitam o acesso a esses recursos por toda a sociedade. Viabilizar esse
conceito na prática implica mudança de comportamento pessoal e social, além de transformações
nos processos de produção e de consumo. Para tanto, faz-se necessário o desencadeamento de
um processo de discussão e comprometimento de toda sociedade (LANNA, 1995).

Deve-se reconhecer que há evidentes dificuldades na determinação do limite de


sustentabilidade de cada recurso, principalmente ao serem consideradas as inter-relações e as
sinergias estabelecidas em suas respectivas cadeias reprodutivas e as pressões antrópicas a que
esses recursos estão sujeitos. Enquanto não se pode contar com todo o conhecimento necessário
à exploração adequada dos recursos naturais, deve-se reconhecer que a sustentabilidade do uso
desses recursos passa pela utilização racional, pelo planejamento e pela participação dos usuários
na definição de responsabilidades e na viabilização e perpetuação desses recursos paras as
gerações futuras.

17
Considerando que o modo como se dá o uso dos recursos naturais é determinante no
processo de construção de um desenvolvimento sustentável, em quaisquer de suas dimensões,
faz-se necessário que a sociedade, de modo geral, internalize a idéia segundo a qual os recursos
naturais apenas estarão disponíveis, para esta geração ou para as vindouras, se utilizados de
modo racional e em consonância com os respectivos tempos de regeneração e reposição. O fato é
que a observância a esses “tempos” muitas vezes não se adequa às necessidades de reprodução
do capital para o atendimento às necessidades associadas ao crescimento populacional, gerando
situações que ameaçam espécies e condições naturais em todo o planeta. A adequação das
atividades humanas a esses “tempos” é um dos grandes desafios do processo de desenvolvimento
sustentável.

Trata-se de entender não apenas as condições socioeconômicas e ecológicas que levam à


sobre exploração e ao empobrecimento dos recursos, como também identificar e entender as
condições que levam à sustentabilidade e à manutenção da diversidade biológica. Esses
conhecimentos podem conduzir a práticas de manejo sustentável dos recursos naturais, uma das
alternativas de solução dos atuais problemas dessa exploração. No entanto, sua implementação
impõe a existência de políticas públicas adequadas, assim como a definição e a promoção de
diretrizes e critérios que permitam julgar quando e como o uso de recursos naturais pode ser
empregado como instrumento de conservação da natureza.

Atualmente, parte significativa dos danos causados à base dos recursos naturais do
planeta é fruto do desconhecimento ou da negligência dos diferentes atores sociais em relação à
observância da capacidade–suporte dos ecossistemas. A questão central da conservação dos
recursos naturais está, portanto, no desafio de implementar meios de gestão que lhes garantam a
sustentabilidade.

A abordagem integrada do planejamento do uso e da gestão compartilhada dos recursos


naturais é prática necessária e inadiável. É possível reduzir os conflitos dessa utilização a um
patamar mínimo, promovendo alternâncias locacionais ou de recurso utilizado, para usos mais
eficientes. Além disso, a vinculação do desenvolvimento social e econômico à proteção e à
melhoria do meio ambiente pode contribuir decisivamente no atingimento dos objetivos do
desenvolvimento sustentável.

A essência dessa abordagem integrada se expressa na oportunidade de coordenação entre


as atividades de planejamento setorial e aquelas de natureza gerencial, relacionadas aos diversos
18
aspectos do uso da terra e dos recursos naturais. Por outro lado, a base da gestão compartilhada
consiste na responsabilidade dos diferentes atores sociais no processo de uso e conservação dos
recursos naturais.

A gestão sustentável dos recursos naturais requer posturas mais abrangentes do governo e
da sociedade como condições indispensáveis à sua implementação. A gestão dos recursos
naturais, somente poderá ser implementada com a participação dos diferentes atores sociais que,
direta ou indiretamente, atuam no processo de utilização dos recursos naturais. É essencial
estabelecer mecanismos que permitam essa participação, desde a definição do objeto da gestão
até a execução das atividades de monitoramento e fiscalização, passando pelos processos de
licenciamento e pelos critérios e limites a serem adotados. Para efetivação dessa participação, é
preciso que as informações derivadas do exercício da gestão possam ser adaptadas aos diferentes
públicos a que se destinam, criando as condições de comunicação necessárias ao entendimento
dos meios e dos objetivos da gestão pretendida.

A base do processo de gestão dos recursos naturais consiste na existência de instituições e


grupos, governamentais e não-governamentais, dotados de recursos humanos capacitados para
interagir com as populações na execução de planos de manejo, campanhas de monitoramento,
procedimentos licenciatórios, entre outros. É da capacidade institucional instalada que
dependerá, também, a percolação das ações por toda a sociedade. É sobre ela que estarão
centradas a tarefa de disseminação essencial à natureza da gestão e primordiais para a construção
de processos participativos.

A inserção da variável ambiental, muitas vezes predominantemente no processo de


concepção, avaliação e implementação de políticas públicas setoriais, é fundamental para a
viabilização da gestão dos recursos naturais e para a construção de um processo de
desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, toda e qualquer política pública que, direta ou
indiretamente, utilize recursos naturais deve estar comprometida com a proteção ambiental,
considerando os possíveis impactos ambientais e introduzindo procedimentos de prevenção de
possíveis danos.

Trata-se de permitir que agentes governamentais locais, com poder de decisão, assumam,
em conjunto com os agentes sociais, a construção de uma pauta de atividades que leve à gestão
sustentável dos recursos naturais.

19
1.2 Os valores ecológico e econômico da água

Ao fazer referência ao valor ecológico da água estamos buscando examinar as qualidades


que possui a água desde a perspectiva dos ecossistemas e avaliando o significado e alcance que
tem para os seres vivos, a flora e a fauna, em suma, para a vida, desde uma perspectiva
planetária, global e integradora.

A água representa um grande valor ecológico, uma vez que estabelece as bases para que
os diversos ecossistemas sejam eles aquáticos ou terrestres, tenham possibilidades de vida.

Vejamos alguns detalhes:

ƒ Quando as águas oceânicas evaporam, os vapores resultantes já não têm


sal, de maneira que nesse momento se realiza uma valiosa transformação
da água salgada em água doce, a qual é transportada posteriormente para
as superfícies continentais;

ƒ Os ecossistemas dependentes de fluxos de energias e de ciclos de


nutrientes essenciais são providos pela água graças a sua capacidade de
dissolvê-los e transportá-los. Sem água não funcionariam os ciclos
biológicos, geológicos, nem químicos que permitem a vida;

ƒ A presença da água equilibra o calor do nosso planeta ao transportar calor


de umas a outras latitudes e consegue que as variações térmicas sejam
menores.

Tudo isto destaca a enorme importância de manter um bom equilíbrio global da água, já
que todos os processos mencionados têm uma permanente interação e uma decisiva influência
mútua. Por exemplo, de nada serviria fazer a gestão dos recursos hídricos em uma pequena
localidade, de maneira isolada, se no seu entorno as atividades estão desequilibradas.

Por este motivo, é preciso que se respeite e cuide o ciclo da água em todo o planeta Terra
e que se considerem os elementos de suas diversas etapas para conseguir que continue sendo o
valioso motor e base da vida.

20
Smith1 desenvolveu o paradoxo do diamante e a água. Este paradoxo considera que
apesar de a água ser extremamente útil para os seres humanos e essenciais para a manutenção da
vida, entretanto, é depreciada e vendida excessivamente barata. Contraditoriamente, os
diamantes, cuja utilidade real para a vida é nula e servem unicamente em sua condição de jóia,
são vendidos a preços altíssimos.

A argumentação continua assim: as pessoas podem sobreviver sem diamantes, mas se


estivessem no meio do deserto durante três dias, valorizariam um copo de água mais do que
todos os diamantes do mundo. O que ocorre é que os diamantes têm preços elevados devido a
uma certa utilidade (ou satisfação) marginal alta que se relaciona com sua limitada reserva. A
utilidade total da água é maior, mas tem uma utilidade marginal inferior devido a sua abundância
relativa. A conclusão do paradoxo de Smith afirma: Se a exigência depende da utilidade do
produto, a água deveria ser mais valorizada.

Como estamos avançando nesse sentido? Tradicionalmente, se dá um valor econômico à


água ou se pensa em seus custos em função de seu papel nos processos produtivos quando a
indústria faz uso da água ou quando a agricultura a utiliza para a irrigação. Pensamos em preços
quando as empresas de água nos cobram por entregá-la em nossas casas ou quando é preciso
comprar água em garrafões porque não temos o serviço de abastecimento. Mas é necessária uma
visão mais ampla.

Em 1992, na Conferência Internacional sobre Água e Meio Ambiente, celebrada em


Dublin, foram aprovados quatro princípios básicos que expressavam elementos fundamentais da
relação da água com o ambiente, um dos quais considera explicitamente o valor econômico da
água. Vejamos quais são estes princípios: O Princípio nº 1 indica: “a água doce é um recurso
finito e vulnerável, essencial para manter a vida, o desenvolvimento e o meio ambiente”. Este
princípio aborda um tema muito importante, pois a idéia equivocada de que a água é abundante
nos tem levado a considerá-la como um bem que teremos para sempre. Mas à medida que nos
damos conta de que escasseia, sua valorização econômica começa a crescer e inclusive chega a
propiciar conflitos entre regiões e países. O ganhador do Prêmio Estocolmo de Água no ano
2000, o senhor Kader Asmal, assinalava: “A água tem que ser um instrumento de paz e não de
guerra”. Com efeito, a água deverá propiciar que os povos do mundo aprendam a compartilhar

1
Smith, Adam. Economista, “O paradoxo do diamante e a água” século XVIII.
21
seus escassos recursos e que atuem de maneira conjunta para preservar e recuperar aqueles
mananciais ameaçados ou degradados

O Princípio nº 2 destaca: “O aproveitamento e a gestão da água devem se basear na


participação dos usuários, dos planejadores e dos responsáveis pelas decisões em todos os
níveis”. De fato, a gestão da água, ligada diretamente com os processos econômicos e de
desenvolvimento, deve contar com a participação de todos os setores da população que estejam
interessados em melhorar suas condições de vida.

O Princípio nº 3 afirma: “A mulher desempenha um papel fundamental no abastecimento,


na gestão e na proteção da água”. Em todos os países das Américas, a experiência de trabalho
com as mulheres na gestão da água mostra o papel fundamental que desempenham em seu
manejo e proteção, assim como nas possibilidades de obter um melhor abastecimento. Promover
a ativa participação das mulheres neste campo é, sem dúvida, uma garantia de êxito e de
promoção do desenvolvimento.

Por último, o Princípio nº 4 indica de maneira contundente: “A água tem um valor


econômico em todos os diversos usos aos quais se destina e deveria ser reconhecida como um
bem econômico”. O reconhecimento do valor econômico da água leva em conta precisamente a
importância do serviço ambiental que presta este recursos. É reconhecido que os bens que a
natureza oferece, entre eles a água, têm sido subestimados a tal ponto que nos projetos de
desenvolvimento não se contempla como custo o valor de água. Em muitas ocasiões, projetos
prévios para a construção das hidroelétricas ou dos sistemas de água potável não incorporam os
custos referentes ao valor de água em si mesma e a sua regeneração nem se tratam de maneira
integrada os custos da conservação da bacia ou do tratamento das águas servidas.

1.3 Gerenciamento de bacias hidrográficas

O gerenciamento de bacia hidrográfica (GBH), pode ser considerado como um processo


de negociação social, sustentado por conhecimentos científicos e tecnológicos, que visa a
compatibilização das demandas e das oportunidades de desenvolvimento da sociedade com o
potencial existente e futuro do meio ambiente, na unidade espacial de intervenção da bacia
hidrográfica, no longo prazo.

22
Para uma melhor compreensão do conceito, definem-se abaixo alguns dos termos
abordados (Lanna,1995):

Negociação social - por processo de negociação social entende-se a articulação e


compatibilização de diversos pontos de vista da sociedade, relativos às decisões sobre
intervenções na bacia hidrográfica. Pode ser realizado de forma direta, através de negociação
com a participação dos interessados, ou de forma indireta, com a interveniência de seus
representantes políticos. Há uma tendência de se enfatizar a participação direta da sociedade
nessa negociação, através de um processo integrador, oportunizado pela criação de entidades
colegiadas de bacia.

Conhecimentos científicos e tecnológicos – o conhecimento de diversas disciplinas


deve fundamentar o Gerenciamento de Bacia Hidrográfica (GBH) na compreensão e projeção da
dinâmica ambiental, em toda a sua complexidade que envolve aspectos relacionados a:
disponibilidade dos recursos ambientais; sensibilidade e vulnerabilidade do ambiente; questões
econômicas e financeiras organizacionais e operacionais, educacionais e científicas, políticas e
legais, entre outras. Além do caráter multidisciplinar, a compreensão da dinâmica ambiental
exige a interdisciplinariedade.

Demandas de desenvolvimento da sociedade - As demandas da sociedade dizem


respeito ao atendimento de diversos tipos de necessidades atuais e futuras, oriundas de variados
segmentos sociais. Elas incluem desde as necessidades básicas da vida (tais como, comida,
abrigo, higiene, e, por conseqüência, saúde) até aquelas de usufruto da qualidade ambiental
(amenidades ambientais). Abrangem, também, as necessidades de ordem econômica que
possibilitam o desenvolvimento material da sociedade presente e das futuras gerações, através da
formação de uma infra-estrutura de capital. Com o mesmo grau de importância, devem ser
consideradas, ainda, as demandas de desenvolvimento social, político, educacional e cultural,
que buscam viabilizar cenários sociais mais equânimes.

Oportunidades de desenvolvimento da sociedade - As oportunidades de


desenvolvimento recorrem a formas alternativas, não-tradicionais, de uso do ambiente, que,
portanto, não são derivadas de demandas explícitas da sociedade. Via de regra, elas dizem
respeito à vocação do ambiente da bacia hidrográfica, deriva do valor de uso de seus recursos
ambientais. Por exemplo, as demandas sociais de uma bacia de uso predominantemente agrícola

23
podem ser relacionadas à conservação do solo como forma de promover a produtividade dos
cultivos tradicionais sazonais.

A unidade de intervenção bacia hidrográfica2 é uma das alternativas de estabelecimento


do sistema a ser gerenciado. Ela apresenta algumas vantagens e desvantagens. A vantagem é que
a rede de drenagem de uma bacia consiste num dos caminhos preferenciais de boa parte das
relações causa-efeito, particularmente aquelas que envolvem o meio hídrico. As desvantagens
são que nem sempre os limites municipais e estaduais respeitam os divisores da bacia e,
conseqüentemente, a dimensão espacial de algumas relações de causa-efeito de caráter
econômico e político. Além disso, em certas situações, a delimitação completa de uma bacia
poderá estabelecer uma unidade de intervenção demasiadamente grande para a negociação
social. Nesses casos, alguns esquemas de subdivisão de grandes bacias deverão ser adotados, em
conjunto com uma necessária articulação entre as partes.

O modelo sistêmico de integração participativa trata-se do modelo mais moderno de


Gerenciamento das Águas, objetivo estratégico de qualquer reformulação institucional e legal
bem conduzida. Ele se caracteriza pela criação de uma estrutura sistêmica, na forma de uma
matriz institucional de gerenciamento, responsável pela execução de funções gerenciais
específicas, e pela adoção de três instrumentos (Tonet e Lopes3,1994):

1. Instrumento 1. Planejamento estratégico por bacia hidrográfica – baseado no


estudo de cenários alternativos futuros, estabelecendo metas alternativas
específicas de desenvolvimento sustentável (crescimento econômico, equidade
social e sustentabilidade ambiental) no âmbito de uma bacia hidrográfica.

2. Instrumento 2. Tomada de decisão através de liberações multilaterais e


descentralizadas - implementação da negociação social, baseada na constituição

2
A bacia hidrográfica é o conjunto de terras drenadas por um rio principal, seus afluentes e subafluentes. A
idéia de bacia hidrográfica está associada à noção da existência de nascentes, divisores de águas e características dos
cursos de água, principais e secundários, denominados afluentes e subafluentes. Uma bacia hidrográfica evidencia a
hierarquização dos rios, ou seja, a organização natural por ordem de menor volume para os mais caudalosos, que vai
das partes mais altas para as mais baixas. As bacias podem se classificadas de acordo com sua importância, como
principais (as que abrigam os rios de maior porte), secundárias e terciárias; segundo sua localização, como litorâneas
ou interiores. Em bacias de inclinação acentuada como a do Rio Colorado, nos Estados Unidos, o processo de busca
do perfil de equilíbrio fluvial tende a estreitar a área da bacia. De forma contrária, bacias de inclinação baixa como a
do Rio Amazonas tendem a ser mais largas.(Rede das Águas).
3
Tonet, H.C., Lopes, R.G.F. Alternativas organizacionais mais adequadas para viabilizar o uso dos instrumentos de
avaliação de impactos ambientais e gerenciamento de bacia hidrográfica. IBAMA, Brasília.
24
de um comitê de Bacia Hidrográfica no qual participem representantes de
instituições públicas, privadas, usuários, comunidades e de classe políticas e
empresariais atuantes na bacia. Esse comitê tem a si assegurada a análise e
aprovação dos planos e programas de investimentos vinculados ao
desenvolvimento da bacia, permitindo o cotejo dos benefícios e custos
correspondentes às diferentes alternativas.

3. Instrumento 3. Estabelecimento de instrumentos legais e financeiros - Tendo


por base o planejamento estratégico e as decisões são estabelecidos os
instrumentos legais pertinentes e as formas de captação de recursos financeiros
necessários para implementação de planos e programas de investimentos.

A constituição do comitê de Bacia Hidrográfica visa a promoção de uma negociação


social através da formação de um fórum no qual todos os interessados possam expor seus
interesses e discuti-los; de forma transparente e inequívoca. Parte do pressuposto que o poder
público deve efetivamente assumir a propriedade dos recursos hídricos e estabelecer controles
sobre o seu uso, de acordo com o que dispõem a Constituição. No entanto, o Gerenciamento das
Águas é complexo e envolve diversos interesses conflitantes. Sendo assim, o poder público, sem
abdicar ao seu papel de gestor e coordenador, deve reconhecer a necessidade de promover uma
descentralização do gerenciamento, permitindo a interveniência dos representantes dos diversos
segmentos interessados. De acordo com Tonet e Lopes(1994) “as formas de participação têm
origem na crescente conscientização de que o direcionamento e a influência para a obtenção de
objetos comunitários depende da forma como o poder é utilizado e da maneira como são tratados
os conflitos de interesse. Surgem, de um lado, como aspiração democrática da sociedade, que aos
poucos vem acentuando suas práticas nesse sentido. De outro lado, surge como estratégia para
aumentar a eficácia e a efetividade na gerência. Isto porque, devido a permitir envolver os
interessados em todas as etapas do processo de busca de objetivo, tem maior probabilidade de
fazer ocorrer os resultados esperados e de atender as expectativas dos atores.”

Uma outra constatação surge de uma reflexão sobre as causas da falência dos modelos
historicamente adotados para o Gerenciamento das Águas. Uma delas é que, como é dito
popularmente “as leis muitas vezes não pegam” ou seja, apesar de existirem, nem sempre são
acatadas. Existem formas de corrigir este problema. Uma é reforçar o poder de polícia das
entidades responsáveis, o que exige grandes investimentos em pessoal e equipamentos, e a

25
tomada de medidas coercitivas impopulares e de difícil sustentação política. Outra, mais
racional, é fazer com que os agentes entendam as razões da existência das leis e de que forma
suas infrações poderão afetar o bem-estar das gerações presentes e futuras. A constituição de
um comitê com atribuições no Gerenciamento das Águas de uma bacia é uma das formas de
se obter este entendimento fazendo com que cada participante controle sua própria atuação,
impeça a atuação anti-social de outros, e reforce a atuação das entidades com atribuições de
controle, visando o bem comum dos interessados na bacia hidrográfica (Setti, 1999).

1.4 Fundamentos do processo decisório na gestão participativa

O Capítulo 23 da Agenda 21 – documento assinado por 170 países durante a Eco 92,
considerado o maior esforço conjunto de governos de todo mundo para identificar ações que
aliem o desenvolvimento à proteção ambiental – destaca o papel do cidadão na defesa do meio
ambiente.

Esse tratado internacional evidencia que a participação dos cidadãos é pré-requisito


fundamental para alcançar o desenvolvimento sustentável e prevê mecanismos para isso. Destaca
que a sociedade, os governos e os organismos internacionais devem criar meios para que as ongs
(organizações não-governamentais) sejam parceiras no desenvolvimento sustentável.

Toda pessoa é vocacionada para o exercício crítico do processo social. Participar


conscientemente neste processo é exercer a cidadania em suas diversas formas. A participação
tem dois aspectos: por um lado significa que a pessoa toma parte ativa e autônoma na construção
da sociedade e das sociedades, por outro é necessário que faça isto com a convicção teórico-
prática de que o indivíduo é parte de um todo.

A sociedade brasileira vem se mobilizando para participar da gestão das águas desde o
início das discussões em torno da elaboração do aparato legal da área de recursos hídricos. Essa
mobilização acontece tanto por meio de organizações civis não governamentais de âmbito
nacional, quanto por ações pontuais que ocorrem no meio escolar e municipal visando a
conservação e preservação da água. É crescente o número de atividades esparsas no país visando
a conscientização da sociedade a respeito dos problemas ambientais e, principalmente, da
necessidade de água de boa qualidade.

26
A crescente valorização da gestão participativa vem ao encontro dos estudos que
demonstram que apesar de grupos serem mais lentos do que indivíduos isolados na tomada de
decisões, a probabilidade de acertos aumenta. Ademais, as pessoas estão sempre mais dispostas a
aceitarem uma decisão que elas auxiliaram a tomar. Entretanto, obstáculos podem surgir em
nível de grupos decisórios, como o desequilíbrio de forças entre indivíduos ou setores
representados, indivíduos mal preparados e informados, indivíduos desinteressados, pouco
sensíveis ou com baixa competência interpessoal, além de processos de interação ineficientes.

Dentre os fatores que determinam o sucesso do processo decisório, está a quantidade e


qualidade das informações, fatores que lhes conferem confiança na formulação de cenários. A
maioria das decisões é tomada em um contexto de elevadas incertezas sobre o futuro,
principalmente considerando-se a escassez de informações. O comportamento ideal em um
processo decisório é a busca de informações até a obtenção das respostas do problema analisado.
Os decisores permanecem abertos a qualquer nova informação que possa auxiliar-lhes a melhor
compreender um problema e a encontrar uma solução. Em um país com escassez de bases de
dados e informações qualitativas e quantitativamente adequadas, qualquer informação pode
adquirir importância e relevância (LANNA, 1995).

A utilização das informações no processo decisório determina condições de riscos e


incertezas. Sob condições de riscos, os gestores contam com situações em que os resultados não
são totalmente conhecidos, mas cairão em uma série de alternativas ou probabilidades. As
condições de incertezas operam quando os decisores têm dificuldades de levantar as
probabilidades de ocorrência das alternativas, seja devido à falta de informações ou ausência de
conhecimentos sobre as alternativas. Nesse caso, pode haver muitas variáveis envolvidas, muitos
fatos desconhecidos, ou ambos, e portanto, os decisores não podem avaliar as alternativas com
adequado grau de confiança.

27
Segundo Lanna (1995) a gestão participativa deve estar inserida em uma rede de
decisões:

- Decisões independentes: não precisam de discussão, informação ou acordo do


grupo, sendo tomadas unilateralmente para acelerar o processo e resolver os
problemas.

- Decisões colaborativas ou consultivas: são tomadas por grupos aos quais foram
concedidas responsabilidades e autoridade, exigindo discussões, diálogo e
conscientização dos indivíduos.

- Decisões de grupos potencializados: são tomadas por grupos que receberam poderes
para decidir sem aprovação ou revisão de níveis hierárquicos superiores.

Cabe destacar o princípio cartesiano da exaustividade, segundo o qual o homem deve


compreender detalhadamente um objeto ou fato a partir da análise de todos os seus aspectos e
partes, assegurando-se de que nada foi omitido.

No caso dos CBH, parece consensual a incapacidade humana de compreender toda a


lógica da complexidade hídrica e ambiental. As águas existem em contextos distintos,
integrados, sistêmicos e mutuamente condicionados. O desdobramento e o conhecimento total
destes contextos pela mente humana é um desafio. Principalmente considerando as realidades de
escassez de informações, os decisores não têm como deixar de omitir certas dimensões do
conhecimento na gestão da água, devendo selecionar e agregar as informações mais relevantes.

O processo participativo de gestão da água envolve uma variedade e, portanto, uma


complexidade ambiental incompatível com qualquer visão reducionista (análise dos fatos por
meio de sua decomposição). A falta de uma abordagem adequada pode fazer com que a
complexidade do ambiente se torne uma barreira ao processo decisório, levando a um controle
dos decisores pelo sistema que os envolvem (inversão do processo). Este fato pode indicar
disfunções nos organismos decisórios, não pela complexidade ambiental em si, mas pela forma
com que o organismo trata tal complexidade.

A valorização da gestão descentralizada e participativa sem a consideração de seus riscos


potenciais pode gerar obstáculos à efetivação dos objetivos da Política Nacional de Recursos
Hídricos. A gestão da água nos CBH é particularmente complexa (compatibilização de idéias,

28
funções e objetivos entre diferentes atores de diferentes escalas de atuação) e vulnerável à
manipulação de interesses pessoais, territoriais e setoriais. A geração de novos “núcleos de poder
e decisão” sem a aplicação e o controle dos reais objetivos de defesa dos interessados comuns em
nível de bacia hidrográfica, pode atrasar ou mesmo retroceder a resolução de conflitos e
problemas ambientais.

Mesmo tendo em mente tais riscos, considera-se que um dos pilares da gestão racional da
água tem sido internacionalmente defendido como sendo a abertura dos sistemas nacionais à
participação dos atores locais e à aplicação do princípio da subsidiariedade (Magalhães, 2002).
Para isto, a viabilização dos CBH depende, dentre outros, da disponibilidade de dados ambientais
em escala, linguagem e apresentação compatível com a realidade dos decisores. No Brasil, a
carência de bases de dados e o mau aproveitamento das bases de dados existentes fazem parte do
histórico do processo de gestão ambiental nacional. Essa situação tem-se desenhado em função
de uma conjugação de fatores, dentre os quais, a efetivação de uma estrutura nacional integrada e
coerente de armazenamento e troca de dados sobre água em nível inter e intra-institucional (um
sistema nacional de informações sobre recursos hídricos) (Lima, 2001).

Um dos países com maior tradição de gestão participativa da água é a França, fato que se
verifica principalmente via organismos de bacia. As raízes do atual modelo de gestão remontam
a 1964, sendo atualmente marcado por um conjunto de vários níveis de intervenção integrados:
as unidades territoriais intrabacia, as bacias hidrográficas, as comunas, os departamentos, as
regiões e o Estado. Nessa estrutura descentralizada baseada na aplicação do princípio da
subsidiariedade, os comitês de bacia são considerados como “parlamento da água” nos quais a
gestão participativa e democrática é operacionalizada a partir da representação de todos os
setores da sociedade (coletividades territoriais, usuários da água, sociedade civil organizada,
poder público). Os comitês de bacia na França visam elaborar as orientações da gestão das bacias
e avaliar e aprovar os programas de ação qüinqüenais elaborados pelas Agências de água, seus
braços executores.

Mesmo países de antiga tradição “participativa” como a França, têm sofrido uma
intensificação de pressões sociais para uma maior abertura à participação social na gestão da
água, fato muitas vezes motivado pela crise de confiança dos usuários em relação à qualidade e à
transparência dos serviços públicos. No caso da França, as pressões sociais por mais
transparência e qualidade dos serviços prestados motivou as companhias operadoras à evoluir em

29
suas relações com a sociedade, passando da tradicional referência do cidadão-usuário para a
noção do cidadão-consumidor ou cliente. Nesse caso, os cidadãos deixam de ser vistos como
atores passivos do sistema, para serem valorizados como atores responsáveis pela existência dos
serviços e, portanto, com direito à informação e à opinião sobre o desempenho dos serviços.

De acordo com Lima (2001) o poder resulta de uma conquista a partir de uma relação de
forças construída com as autoridades (pressão), ou como resposta a uma proposição por
iniciativa das autoridades. O processo pode ocorrer sob variadas formas, incluindo o poder de
criação e difusão de informação, o poder de opinião e o poder de decisão, este último o grau mais
elaborado de cogestão. Estes poderes são, por sua vez, exercidos via diversos mecanismos
participativos, nos quais a liberdade de expressão é mais ou menos regulada.

O processo consultivo, no qual não é permitido aos cidadãos o poder deliberativo, é


geralmente realizado a partir de enquetes públicas de opinião ou de satisfação, estudo de impacto
ambiental, reuniões públicas e conferências. O sucesso da consulta depende da qualidade das
informações utilizadas antes e durante o processo. No processo de participação propriamente
dito, há uma eqüitativa de poderes entre os participantes, atingindo-se uma etapa de gestão
conjunta baseada em co-decisões, afirma Lima (2001).

As associações civis (consumidores, usuários, etc) se firmaram nos anos 90 dentre os


principais vetores de contato entre o poder público e a sociedade civil, em termos globais.
Engajadas na busca de abertura do processo decisório à participação, elas também sofrem os
riscos de se profissionalizarem e de se burocratizarem, em detrimento de uma democracia
interna, fato verificado em certos exemplos internacionais. Na busca de sua afirmação e do
reforço de seu poder de decisão, todas as instâncias participativas, incluindo não apenas as
associações não governamentais, mas também outras instâncias como os CBH, passam pelo
desafio de institucionalização coletiva, exigindo o desvio do antagonismo histórico entre Estado
e propriedade privada.

Este capítulo dedicou-se a apresentar a sustentabilidade dos recursos naturais, os valores


ecológicos e econômicos da água, gestão de recursos hídricos e processo decisório.

O próximo capítulo se ocupará da evolução da questão hídrica no Brasil, onde se fará


uma ampla abordagem da gestão dos recursos hídricos desde a edição do Código de Águas
brasileiro e a criação dos Comitês Especiais de Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas –

30
CEEIBH, que juntamente com o encaminhamento do Projeto de Lei federal 2249/91, que
resultou na lei federal 9.433/97, constituíram marco histórico no processo de gerenciamento dos
recursos hídricos no Brasil.

31
2. EVOLUÇÃO DA QUESTÃO HÍDRICA NO BRASIL

A disponibilidade hídrica do Brasil é de 177.900m³/s, se for considerada somente a


contribuição do território brasileiro e de 251.000m³/s se for levada em conta toda a vazão da
Bacia Amazônica, estimada em 202.000m³/s. Esse potencial hídrico corresponde a 53% do total
referente à América do Sul e a 12% do total mundial (Barth,1987).

Sempre tratamos a água como um recurso natural renovável e abundante. O Brasil é o


país mais rico em água doce, com 12% das reservas mundiais, mas isso é uma falácia no sentido
pragmático, isto porque a maior parte dessa água, cerca de 70% , está na bacia Amazônica onde
vivem 7% da população brasileira. A água não é abundante e os quantitativos que são renováveis
nem sempre atendem nos locais onde é requerida de forma a suprir com folga.

Os antecedentes legais da gestão de recursos hídricos no Brasil remontam às Ordenações


Filipinas, promulgadas em 1580, quando Portugal estava sob domínio espanhol. Essa abrangente
legislação, que regulava os mais diversos aspectos da sociedade da época, continha dispositivos
específicos sobre a gestão da água Nesse tema, refletia a situação de escassez vigente na maior
parte da Península Ibérica. Previa penalidades muito severas para os que degradassem ou a
utilizassem sem a devida autorização. Sob muitos aspectos, apresentava uma concepção atual da
gestão de recursos hídricos Aplicada em uma região com abundância relativa de água, não foi
observada.

Somente no inicio desse século as autoridades públicas passaram a se preocupar com a


formulação de um arcabouço legal para a gestão de recursos hídricos. O primeiro projeto de um
Código de Águas data de 1907. Encaminhado à apreciação do Congresso Nacional, não teve
prosseguimento, apesar de aprovado, nesse mesmo ano, em segunda discussão, pela Câmara dos
Deputados.

Passadas mais de duas décadas, a iniciativa foi retomada pelo Governo Provisório
instalado após a Revolução de 1930. Criou-se, no âmbito da Comissão legislativa desse governo,
uma Subcomissão do Código de Águas, encarregada de elaborar um novo projeto. Desta vez a
iniciativa prosperou e, em 10 de junho de 1934 o Código de Águas foi promulgado, poucos dias
antes da Constituição Federal de 1934.

32
O marco histórico do início do processo de gerenciamento dos recursos hídricos no Brasil
pode ser considerado como sendo a edição do Decreto Federal Nº 24.634/34, cuja concepção
tratava a água mais como um insumo industrial e fonte geradora de energia, do que como um
bem natural de utilidades múltiplas.

A concepção do Código de Águas (só alterada cinqüenta e quatro anos depois, com a
Constituição Federal de 1988), estabelecia o domínio da União, dos Estados, dos Municípios e
também o domínio privado sobre (“águas particulares”), que segundo o Art. 8º do Código,
seriam “as nascentes e todas as águas situadas em terrenos que também o sejam, quando as
mesmas não estiverem classificadas entre as águas comuns de todos, as águas públicas ou as
águas comuns”, acabou por se constituir na diretriz política básica do processo de utilização do
recurso natural água, ao longo desse período.

O Código de Águas brasileiro é considerado, internacionalmente, uma das mais


completas leis de águas produzidas. Diversos princípios seus foram seguidos em legislações de
diversos países. É pioneiro em diversas matérias objeto das atuais legislações ambientais. Seu
art. 109 dispõe que "a ninguém é licito conspurcar ou contaminar as águas que não consome,
com prejuízo de terceiros". O § 2º de seu art. 36 estabelece que "o uso comum das águas pode ser
gratuito ou retribuído, conforme as leis e regulamentar da circunscrição administrativa a que
pertencerem". Prevê a cobrança do uso dos recursos hídricos públicos e enuncia claramente o
princípio poluidor-pagador. O art. 110 determina que "os trabalhos para a salubridade das águas
serão executados à custa dos infratores, que, além da responsabilidade criminal, se houver,
responderão pelas perdas e danos que causarem pelas multas que lhes forem impostas nos
regulamentos administrativos" Isto tudo mais de trinta anos antes da existência das primeiras
legislações ambientais.

Com relação ao aproveitamento das águas públicas, o Código assegura "o uso gratuito de
qualquer corrente ou nascente de água, para as primeiras necessidades de vida" (art. 34) e
permite "a todos usar de quaisquer águas públicas conformando-se com os regulamentos
administrativos" (art. 36). Dispõe que "as águas públicas não podem ser derivadas para as
aplicações da agricultura, da indústria e da higiene, sem a existência de concessão administrativa,
no caso de utilidade pública e, não se verificando esta, de autorização administrativa, que será
dispensada, todavia, na hipótese de derivações insignificantes" (art 43) e que "a concessão para o
aproveitamento das águas que se destinem a um serviço público será feita mediante concorrência

33
pública, salvo nos casos em que as leis ou regulamentos a dispensem" (art. 44) Determina que,
quando o uso depender de derivação, terá "em qualquer hipótese para o abastecimento de
populações" (art. 36) e que "a concessão, como a autorização, deve ser feita sem prejuízo da
navegação, salvo" nos casos que prevê (art. 48). Estabelece que "em regulamento administrativo
se disporá sobre as condições de derivação, de modo a se conciliarem quanto possível os usos a
que as águas se prestam" (art. 51 "caput" combinado com a alínea a).

O Código de Águas dá ao aproveitamento dos potenciais de energia elétrica e à


regulamentação dos serviços de energia elétrica um tratamento mais aprofundado,
desproporcional ao que concede à gestão dos recursos hídricos, em geral. Essa assimetria
favoreceu a hipertrofia do setor de energia elétrica, gerando problemas muito graves. Acarretou a
implementação do Código de Águas sob a ótica da energia hidrelétrica. Os dispositivos que não
dissessem respeito a essa indústria, ou pudessem prejudicar seus interesses, não foram
regulamentados e deixaram de ser aplicados. Somente em 1986 o Poder Executivo encaminhou
ao Congresso Nacional um projeto de lei regulamentando as águas subterrâneas.

Aos quase setenta anos, o Código de Águas permanece válido, apesar de diversos
dispositivos seus não haverem sido regulamentados. Não se faz necessário um novo código,
como muitos argumentam, mas a "revisão, atualização e complementação" do atual, conforme
conclusão, em outubro de 1984, de Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos
Deputados destinada a examinar a utilização de recursos hídricos no Brasil. É preciso dividi-lo
em dois códigos, o de águas, propriamente dito, e o dos serviços de energia elétrica, acabando a
vinculação legal entre recursos hídricos e energia elétrica.

A regulamentação administrativa da gestão de recursos hídricos iniciou-se pela geração


de energia hidrelétrica e vinculou, desde cedo, a gestão da água à dos serviços de energia
elétrica. Em 1920, foi criada a Comissão de Estudos de Forças Hidráulicas, no Serviço
Geológico e Mineralógico do Brasil, do então Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio,
posteriormente, transformada no Serviço de Águas do Departamento Nacional da Produção
Mineral, sucessor do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil. Em 1934, o Código de Águas
estabeleceu que: "as concessões ou autorizações para derivação que não se destinem à produção
de energia hidrelétrica serão outorgadas pela União, pelos Estados ou pelos Municípios,
conforme o seu domínio sobre as águas a que se referir, ou conforme os serviços públicos a que
se destine a mesma derivação, de acordo com os dispositivos desse Código e as leis especiais

34
sobre os mesmos serviços" (art. 62); "as concessões ou autorizações para derivação que se
destine à produção de energia elétrica serão outorgadas pela União." (art. 63); e "o Serviço de
Águas do Departamento Nacional da Produção Mineral, do Ministério da Agricultura, é o órgão
competente do Governo Federal para: a) proceder ao estudo e avaliação da energia hidráulica do
território nacional; b) examinar e instruir técnica e administrativamente os pedidos de concessão
ou autorização para a utilização da energia hidráulica e para a produção, transmissão,
transformação e distribuição da energia elétrica; c) fiscalizar a produção, a transmissão, a
transformação e distribuição de energia elétrica; d) exercer todas as atribuições que lhe foram
conferidas por este Código e seu regulamento" (art. 144).

Desde seus primórdios, o Serviço de Águas, posteriormente Departamento Nacional de


Águas e Energia Elétrica - DNAEE, do Ministério de Minas e Energia, acumulou as funções de
gestão de recursos hídricos, no âmbito federal, e de gestão dos serviços de energia elétrica. Sua
estruturação e suas atividades priorizam o cumprimento das funções reguladoras dos serviços de
energia elétrica, em detrimento das funções de regulação dos recursos hídricos.

Essa realidade acarretou uma subordinação da gestão da água aos interesses dos serviços
de energia elétrica, em prejuízo dos outros setores usuários e da gestão integrada dos recursos
hídricos. As hidrelétricas, em sua grande maioria, foram construídas visando exclusivamente à
produção de energia, apesar de o Código de Águas dispor, em seu art. 143, que “em todos os
aproveitamentos de energia hidráulica serão satisfeitas exigências cauteladoras dos interesses
gerais”:

a) da alimentação e das necessidades das populações ribeirinhas;

b) da salubridade públicas;

c) da navegação;

d) da irrigação;

e) da proteção contra as inundações;

f) da conservação e livre circulação dos peixes;

g) do escoamento e rejeição das águas.

35
A regulamentação dada ao Código de Águas privilegiou os serviços de energia elétrica,
favorecendo seu desenvolvimento em nosso país e o aproveitamento de nosso abundante
potencial de energia hidráulica. O estabelecimento de regras claras para os serviços de
eletricidade possibilitou sua organização em bases empresariais, com gestão e suporte financeiro
adequados a essa atividade, que se caracteriza por investimentos de vulto, com longo prazo de
retorno.

Outros setores usuários de recursos hídricos aguardaram que a regulamentação do Código


de Águas se completasse e tardaram a se organizar em bases gerências adequadas. Saneamento,
controle de inundações, irrigação e, até mesmo, navegação foram geridos por agências
governamentais que priorizavam a componente social e serviços prestados e descuidavam-se de
sua viabilidade econômico - financeira. Quando finalmente se estruturam em bases
organizacionais adequadas, esses setores estavam contaminados por uma visão assistencialista de
seu negócio, impedindo uma boa gestão.

Um marco importante de integração intergovernamental e interinstitucional para o


gerenciamento de recursos hídricos no Brasil é a celebração do Acordo do Ministério das Minas
e Energia e Governo do Estado de São Paulo, em 1976, que objetivou atingir melhores condições
sanitárias nas bacias dos rios Tietê e Cubatão, o desenvolvimento de ações em situações críticas,
adequação de obras de saneamento, abastecimento de água e tratamento e disposição de esgotos.

Legislações correlatas passaram a ocupar-se de recursos hídricos. A Lei n0 6.662, de 25


de junho de 1979, que "dispõe sobre a Política Nacional de Irrigação e dá outras providências"
regulamenta os aspectos da gestão de recursos hídricos da irrigação, como se fosse possível
seccioná-los do todo. Algo semelhante propunha, em relação ao saneamento, o Projeto de Lei n0
53, de 1991, integralmente vetado por Sua Excelência o Presidente da República, após sua
aprovação pelo Congresso Nacional. A qualidade da água é objeto da legislação ambiental e
regulamentada por intermédio de resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente -
CONAMA.

Os bons resultados do Acordo MME/CESP, na sua primeira fase, motivou os Ministérios


de Minas e Energia e do Interior para a criação do Comitê Especial de Estudos Integrados de
Bacias Hidrográficas – CEEIBH, em 1978, com os objetivos principais de classificação dos

36
cursos de água da União e o estudo integrado e o acompanhamento da utilização racional dos
recursos hídricos.

Em diversas bacias hidrográficas de rios com águas de domínio da União foram criados
Comitês Executivos, vinculados ao CEEIBH. O apoio do DNAEE no processo, elaborando
estudos e diagnósticos que serviram de base para os trabalhos dos comitês, foi a razão do
importante impulso que receberam na sua fase inicial. O bom funcionamento dos comitês
dependeu, em grande parte, do apoio que receberam de entidades estaduais que suportaram a
presidência e a secretaria executiva. O comitê da Bacia do Rio Paraíba do Sul, por exemplo, teve
o apoio da SABESP inicialmente à presidência e depois a sua secretaria executiva ao longo de
quase 20 anos. A criação do comitê paulista do rio Paraíba do Sul, em 1994, colocou em questão
a existência do CEIVAP no modelo centralizador com que foi constituído em 1978, mas a sua
extinção somente ocorreu, de fato com o Decreto nº 1.842, de 22 de março de 1996, que instituiu
o Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul-CEIVAP. Pode-se dizer
que a razão foi a mesma do Comitê do Alto Tietê, do Acordo MME/CESP, isto é, falta de
representatividade política dos participantes.

A partir de 1983, por razões políticas, o Comitê do Alto Tietê entrou em declínio, que se
acentuou a partir da criação do Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos do
Estado de São Paulo, por lei, em 1991. A razão básica desse declínio e posterior extinção foram
de natureza política: criado em período de centralização e autoritarismo, foi objeto de rejeição a
partir da eleição direta do Governador do Estado, em 1983, rejeição essa que aumentou a partir
da criação do comitê paulista, visto como democrático e participativo.

Outro caso que pode ser citado é o do Comitê do Paranapanema, sustentado pela CESP
como estratégia da empresa para conciliar os conflitos entre essa empresa e o estado do Paraná,
tendo em vista as desapropriações de terras inundadas pelas usinas construídas por essa empresa.
Resolvido este problema, o comitê começou a declinar e foi extinto de fato, com a criação dos
comitês paulistas da bacia, entre 1996 e 1998. O Comitê do rio São Francisco-CEEIVASF, foi
inicialmente suportado pela CODEVASF e posteriormente pela CHESF. Além desse suporte,
contribuiu para a sua continuidade a atuação de sua presidência no sentido de descentralizar o
comitê, criando subcomitês e articulando-se com os municípios.

37
A Constituição de 1988 contém vários dispositivos sobre recursos hídricos de água doce.
Estão nos Capítulos II e III do Título III, que versam sobre a União e sobre os Estados
Federados, respectivamente, e no Capítulo I do Título VII, que estabelece os Princípios Gerais da
Atividade Econômica. Dispõem sobre o domínio das águas, seu aproveitamento e as
competências legislativa e administrativa das três esferas do Poder Público, nessa matéria.

Nossa última Constituição estendeu o domínio público a todas as águas, encerrando um


processo iniciado com a promulgação do Código de Águas. Preceitua que: "são bens da União os
lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais",art. 20 CF. Incluem-se entre os
bens dos Estados as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito,
ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União, art. 26, CF, "são bens
da União os potenciais de energia hidráulica", art. 20 e " os potenciais de energia hidráulica
constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e
pertencem a União...”,art. 176.

A Constituição de 1988 muda radicalmente essa concepção política, determinando o fim


da existência das águas particulares. O domínio municipal já havia sido retirado pela
Constituição de 1967. Estava estabelecida a primeira base política da mudança.

Com relação ao aproveitamento de recursos hídricos, suas disposições limitam-se aos


potenciais de energia hidráulica. Estatui que: "compete à União explorar, diretamente ou
mediante autorização concessão ou permissão o aproveitamento energético dos cursos de água,
em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos", art. 21, e “... o
aproveitamento dos potenciais somente poderão ser efetuados mediante autorização ou
concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa brasileira de capital
nacional na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se
desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas", art. 176.
Um único preceito refere-se á competência legislativa: "compete privativamente á
União legislar sobre..." art 22.

Quanto à competência administrativa, dispõem que: "compete à União instituir sistema


nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu
38
uso”, art. 21; "é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios registrar acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração
de recursos hídricos em seus territórios”, art. 23 e compete à União explorar, diretamente ou
mediante autorização, concessão ou permissão,... o aproveitamento energético dos cursos de
água, em articulação com os estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos" art. 21.

Nos últimos 20 anos, a necessidade de formulação de uma política nacional de recursos


hídricos e de alteração da modalidade vigente de seu gerenciamento sensibilizou vários
segmentos da nossa sociedade. Diversas iniciativas visando a estudar e debater a questão e a
encaminhar seu equacionamento foram realizadas. Marcos significativos desse processo foram o
Seminário Internacional sobre a Gestão de Recursos Hídricos, promovido, em março de 1983,
em Brasília, pelo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica -DNAEE, pela então
Secretaria Especial do Meio Ambiente -SEMA, pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico - CNPq e pelo Comitê Especial de Estudos Integrados de Bacias
Hidrográficas, evento que contou com a presença de especialistas da França, Alemanha e
Inglaterra; a Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados que, de setembro de
1983 a outubro de 1984, examinou a "utilização de recursos hídricos no Brasil"; os Encontros
Nacionais de Órgãos Gestores de Recursos Hídricos, realizados em São Paulo, Belo Horizonte,
Salvador, Porto Velho, Brasília e Porto Alegre, nos anos de 1984 a 1986; o Grupo de Trabalho
Interministerial criado pela Portaria no 661, de 5 de junho de 1986, do Ministro das Minas e
Energia, que contou com representantes das Unidades da Federação; a atribuição de competência
à União para instituição do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, pela
Constituição Federal de 1988; a apresentação do Projeto de Lei n0 1.895, de 1989, de autoria do
Deputado Koyo Iha; a Carta de Foz do lguaçu sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos,
aprovada pela Assembléia Geral Ordinária da Associação Brasileira de Recursos Hídricos -
ABRH, em 30 de novembro de 1989; o Seminário sobre Gerenciamento de Recursos Hídricos. A
Necessidade de Articulação com a União e Estados Vizinhos, promovido, em maio de 1990, em
São Paulo, pelo Instituto de Engenharia de São Paulo, o Sindicato dos Engenheiros do Estado de
São Paulo, a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas - ABAS, a Associação Brasileira de
Engenharia Sanitária e Ambiental ABES, a Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem -
ABID e a Associação Brasileira de Recursos Hídricos - ABRH; e, por fim, o Grupo de Trabalho
criado pelo Decreto n099.400, de 18 de julho de 1990, cujos resultados subsidiaram a elaboração
do Projeto de Lei.

39
Esse Grupo de Trabalho foi criado para: “(a) estudar o gerenciamento e a administração
dos recursos hídricos, em nível nacional, no que se refere ao uso, conservação, proteção e
controle de água e b) propor medidas visando ao estabelecimento da Política Nacional de
Recursos Hídricos e à instituição do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos".
Seus membros foram representantes dos Ministérios da Marinha, das Relações Exteriores, da
Saúde, da Economia, Fazenda e Planejamento, da Agricultura e Reforma Agrária, da Infra -
Estrutura e da Ação Social e das Secretarias da Ciência e Tecnologia, do Meio Ambiente, do
Desenvolvimento Regional e de Assuntos Estratégicos da Presidência da República - SAE. Sua
coordenação foi atribuída a esta Secretaria, que deveria solicitar, quando necessário, "a
colaboração de órgãos ou entidades da administração federal, das Unidades da Federação e da
sociedade para a realização dos trabalhos". A composição desse Grupo, com representação da
maioria dos órgãos do primeiro escalão da administração federal, e um bom indicativo das
abrangências multisetorial da questão dos recursos hídricos e da complexidade de seu
equacionamento.

No início de seus trabalhos, a fim de colher subsídios, o Grupo promoveu um Seminário


Técnico na Presidência da República. No desenrolar de suas atividades, diversos órgãos da
administração federal e dos Estados apresentaram contribuições, dentre eles as Secretarias
Nacionais de Vigilância Sanitária, de Irrigação e de Saneamento, o Departamento Nacional de
Transportes Aquaviários - DNTA, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA, a Centrais Elétricas Brasileiras -ELETROBRAS, em seu nome e
no de suas empresas controladas e ligadas, a Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do
Ceará, a Secretaria de Infra -Estrutura e Desenvolvimento Urbano do Estado de Pernambuco, a
Secretaria de Reforma Agrária e Recursos Hídricos do Estado da Bahia, a Fundação
Superintendência Estadual de Rios e Lagoas do Estado do Rio de Janeiro - SERLA, a
Superintendência dos Recursos Hídricos e Meio Ambiente do Estado do Paraná - SUREHMA, o
Conselho de Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Sul e o Departamento de Águas e
Energia Elétrica do Estado de Goiás AEE/GO. Entidades da comunidade técnica e científica e da
sociedade civil colaboraram de forma marcante e fundamental, principalmente na fase inicial dos
trabalhos, destacando-se a Associação das Empresas Estaduais de Saneamento Básico - AESBE,
a Associação Brasileira de Recursos Hídricos - ABRH, o Instituto de Engenharia de São Paulo, a
Confederação Nacional da Indústria - CNI e a Federação das Indústrias de Brasília - FIBRA.
Antes de encerrar suas atividades, o Grupo submeteu o resultado de seu trabalho à crítica de três

40
consultores nacionais, de renome internacional, e de um consultor da Comissão Econômica para
a América Latina - CEPAL, órgão das Nações Unidas.

O Grupo produziu dois importantes documentos:

a) uma minuta de projeto de lei disposto sobre a Política Nacional de Recursos


Hídricos, criando o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
instituindo o Plano Nacional de Recursos Hídricos e orientando a implementação
do Sistema e a elaboração do Plano;

b) consolidação do entendimento do Grupo sobre a estrutura do Sistema de


Gerenciamento, com alternativas para vincularão de sua Secretaria Executiva,
assunto em que não havia sido possível um consenso entre seus integrantes.

O Grupo teve o cuidado de recuperar o extenso conhecimento disponível sobre gestão de


recursos hídricos. Apesar de integrado apenas por representante da esfera federal do Poder
Público, conseguiu formar uma ampla visão do pensamento nacional sobre o assunto Com base
no resultado de seus trabalhos, o Poder Executivo estaria habilitado a produzir um projeto de lei
sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos e o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos que espelhasse o consenso possível entre os segmentos interessados da
sociedade brasileira.

Estava aberto também, o espaço jurídico-institucional para que os Estados brasileiros


concebessem sistemas estaduais de gerenciamento das águas de seu domínio, o que realmente
aconteceu. Já nas Constituições estaduais de 1989, em alguns estados aparecem artigos
específicos sobre o tema.

Na esteira dessas concepções que se consolidavam, o Estado do Rio Grande do Sul, por
exemplo, já em maio de 1981, instituía um Sistema Estadual de Recursos Hídricos, criando o
Conselho de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul e definindo os objetivos do Sistema. O
objetivo prioritário era a integração dos programas e atividades governamentais nas áreas de
abastecimento público, controle de cheias, irrigação e drenagem, pesca, transporte fluvial e
lacustre, aproveitamento hidrelétrico e meio ambiente, ou seja, tinha como foco a gerenciamento
dos usos. Ora, este tipo de objetivo também estava relacionado com as concepções e propostas

41
de planejamento integrado da ação pública, tão em moda na década de 80. Enfim, o
planejamento deixava de ser setorial e centralizador, mas permanecia tecnocrático.

Muito embora a pertinência da introdução dos procedimentos de articulação da ação das


políticas públicas no País, esse tipo de ação padecia da falta de continuidade administrativa
originada no hábito bem brasileiro de destruir o que foi realizado a cada novo governo, e deixava
de considerar o gerenciamento da oferta de água, ou seja, a democratização do acesso à água,
através da garantia da sua disponibilidade para todos que dela necessitam.

Era preciso por um lado, envolver os diferentes usuários da água no processo e, por outro,
permitir a participação de atores mais permanentes, de maneira a garantir a ação do Sistema de
Gerenciamento como um instrumento real de gestão da oferta da água, infra-estrutura
fundamental do desenvolvimento social e econômico, especialmente do que se convencionou
chamar desenvolvimento ambientalmente sustentável. Aí estava a segunda base política da
mudança.

O desenvolvimento sustentável, uma proposta político/conceitual moderna de


desenvolvimento social e econômico, surgido ainda no final da década de 80, alterou, ao mesmo
tempo, dois paradigmas; o do desenvolvimento a qualquer preço e o da preservação ambiental
apenas como discurso reativo ao crescimento econômico predador.

Enquanto isso no campo político, a democracia representativa começava a demonstrar sua


incapacidade de garantir a participação real do cidadão no processo decisório da construção e da
implementação de políticas públicas, muitas delas do seu interesse imediato ou, como na maioria
dos casos, políticas públicas cuja garantia de aplicabilidade e sucesso dependem diretamente da
participação cotidiana do cidadão.

Em abril de 1992, a Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias


desta Casa, em conjunto com o governo do Estado de São Paulo (por intermédio da Secretaria da
Administração e Modernização do Serviço Público, seu Departamento de Águas e Energia
Elétrica - DAEE/SP e sua Fundação do Desenvolvimento Administrativo -FNNDAP) e em
conjunto com a Associação Brasileira de Recursos Hídricos - ABRH, promoveu, em São Paulo,
o Seminário Técnico sobre o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, para
debate do Projeto e do Projeto de Lei n0 1.895, de 1989, de autoria do Deputado Koyulha, que
versa sobre o assunto.

42
Em dezembro de 1992, em Vitória, o Projeto foi objeto de um dia de debates, por ocasião
do 1 Encontro Nacional de Consórcios Intermunicipais, evento promovido pelo Consórcio
Intermunicipal para Recuperação Ambiental das Bacias dos Rios Santa Maria da Vitória e Jucu
(ES) e pelo Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba e Capivari (SP).

Em janeiro de 1993, em São Paulo, apesar de não ter sido o objeto principal do evento, o
Projeto foi novamente debatido no Seminário Qualidade e Gestão da Água - Busca de um
Modelo Integrado para a Cooperação Internacional, promovido pelo Ministério das Relações
Exteriores, pelo Instituto Latino- Americano - ILAM e pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento - PNUD, com a colaboração do Governo do Estado de São Paulo (por
intermédio de sua Secretaria de Energia e Saneamento, sua Secretaria do Meio Ambiente, seu
Departamento de Águas e Energia Elétrica -DAEE/SP e sua Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental - CETESB) e com o apoio da Associação Brasileira de Recursos
Hídricos - ABRH, da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas - ABAS, da Associação
Brasileira de Irrigação e Drenagem - ABID, da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental - ABES e da Associação Brasileira das Entidades de Meio Ambiente - ABEMA.

Encaminharam propostas de emenda ao Projeto as entidades mencionadas a seguir, na


ordem cronológicas em que as recebemos: Associação Brasileira da Indústria Química e de
Produtos Derivados - ABIQUIM; Comitê Executivo de Estudos Integrados da Bacia
Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul - CEEIVAP; Comercial do Rio de Janeiro, Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro - FIRJAN e Centro Industrial do Rio de Janeiro - CIRJ,
Comissão Interparlamentar para o Desenvolvimento Sustentado da Bacia do Rio São Francisco -
CIPE - São Francisco, integrada pelas Assembléias Legislativas dos Estados de Minas Gerais,
Bahia, Pernambuco, Magoas e Sergipe; e Secretaria de Estado para Assuntos do Meio Ambiente
- SEAMA, do Estado do Espírito Santo. Por intermédio do Coordenador de Recursos Hídricos da
Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Habitação do Estado da Bahia, foi encaminhado
um documento critico do Projeto elaborado por autoridades e técnicos em recursos hídricos dos
Estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe e Bahia.

Numerosas circulares encaminhando cópia do Projeto e solicitando sugestões,


comentários e outros subsídios, que pudessem auxiliar na elaboração do parecer, às Secretarias
de Estado de meio ambiente, ciência e tecnologia e agricultura, aos órgãos estaduais de recursos
hídricos e de meio ambiente às Prefeituras Municipais, às universidades filiadas ao Conselho de

43
Reitores das Universidades Brasileiras, às associações de profissionais ligados a recursos
hídricos, às instituições e associações científicas, aos sócios da Associação Brasileira de
Recursos Hídricos e a, aproximadamente, 1.700 organizações não-governamentais.

Nesse período, o debate e as iniciativas brasileiras a respeito dos recursos hídricos não se
limitaram à apreciação do Projeto. Merecem destaque: A Carta do Rio de Janeiro sobre Recursos
Hídricos e Meio Ambiente, aprovada pela Assembléia Geral Ordinária da Associação Brasileira
de Recursos Hídricos - ABRH, em 14 de novembro de 1991; a promulgação da Lei Estadual de
São Paulo n0 7.663, de 30 de dezembro de 1991, estabelecendo "normas de orientação à Política
Estadual de Recursos Hídricos bem como ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos
Hídricos", resultado de intenso debate na sociedade paulista; a promulgação da lei cearense sobre
recursos hídricos e as iniciativas legislativas dos Estados da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro
e Rio Grande do Sul.

Assim, a reforma da administração federal que lançou as bases necessárias para uma
gestão integrada de recursos hídricos possibilitou a transformação do Ministério do Meio
Ambiente e da Amazônia Legal em Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da
Amazônia Legal, com competência "para planejamento, coordenação, supervisão e controle das
ações relativas ao meio ambiente e aos recursos hídricos", e "preservação, conservação e uso
racional dos recursos naturais renováveis", foi o primeiro e fundamental passo nessa direção.
Igualmente importante foi a restrição das competências do Ministério de Minas e Energia, em
matéria de recursos hídricos, ao "aproveitamento da energia hidráulica".

O início dos trabalhos visando a montagem de uma base institucional em recursos


hídricos ocorreu com a Medida Provisória n0 813, de 1 de janeiro de 1995, que dispõe sobre a
organização da Presidência da República, insere a Secretaria dos Recursos Hídricos no âmbito do
Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal, transformado em Ministério do Meio
Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal.

Foi um ato inaugural do Governo Fernando Henrique Cardoso, alterando o nome do


Ministério e dando ênfase e destaque às questões relativas aos recursos hídricos.

A Medida Provisória n0 1549-31, de 13 de junho de 1997, que altera a MP 813, prevê as


seguintes competências designadas ao MMA, à época:

44
XIII - Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal:

a) Planejamento, coordenação, supervisão e controle das ações relativas ao meio


ambiente e aos recursos hídricos;

b) Formulação e execução da política nacional do meio ambiente e dos recursos


hídricos;

c) Preservação, conservação e uso racional dos recursos naturais renováveis;

d) Implementação de acordos internacionais na área ambiental;

e) Política integrada para a Amazônia Legal.

De conformidade com a MP 1549-31/97, integram a estrutura básica do Ministério do


Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal:

- Conselho Nacional dos Recursos Naturais Renováveis;

- Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

- Comitê do Fundo Nacional do Meio Ambiente;

- Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro;

- Conselho Nacional do Meio Ambiente;

- Conselho Nacional da Amazônia Legal;

- Secretaria de Coordenação dos Assuntos do Meio Ambiente;

- Secretaria de Coordenação dos Assuntos da Amazônia Legal;

- Secretaria de Coordenação dos Assuntos de Desenvolvimento Integrado;

- Secretaria de Recursos Hídricos.

45
A medida provisória n0 1794-8, de 31 de dezembro de 1998, altera o nome do Ministério
do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal para Ministério do Meio
Ambiente, constituindo áreas de competência deste Ministério os seguintes assuntos:

a) Política Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos;

b) Política de preservação, conservação e utilização sustentável de ecossistemas,


biodiversidade e florestas;

c) Proposição de estratégicas, mecanismos e instrumentos econômicos e sociais para


a melhoria de qualidade ambiental e do uso sustentável dos recursos naturais;

d) Políticas para integração do meio ambiente e produção;

e) Políticas e programas Integrados para a Amazônia Legal.

No nível estadual, a vinculação da gestão da água aos interesses dos serviços de energia
elétrica foi menos intensa do que no federal, apesar de diversos estados haverem copiado a
organização federal e criado seus Departamentos de Águas e Energia Elétrica, os DAEE. Essa
realidade decorre de nossa legislação atribuir exclusivamente à União competência para
regulamentar os serviços de energia elétrica. Alguns estados antecederam o Governo Federal no
processo de integração e coordenação da gestão de recursos hídricos.

O Paraná colocou sob um mesmo órgão a gestão ambiental e a da água. Ceará e


Pernambuco criaram empresas de recursos hídricos, distintas da de saneamento e da de
distribuição de eletricidade.

No nível local da bacia hidrográfica, surgiram recentemente consórcios e associações


intermunicipais, voltados para a gestão integrada dos recursos hídricos da bacia. São os
resultados de pressão exercida junto às autoridades municipais pelas respectivas comunidades,
cansadas de omissões das autoridades federal e estaduais, omissão essa que acarretou profunda
degradação das águas da respectiva bacia. Dentre os consórcios existentes, cabe mencionar, por
sua atuação e pioneirismo, os da bacia dos rios Piracicaba e Capivari, no Estado de São Paulo. e
da bacia dos rios Santa Maria da Vitória e Jucu, no Espírito Santo.

46
A velocidade das mudanças no campo social e político já não garantem que o voto
exercido a cada eleição como expressão máxima do exercício da cidadania seja suficiente. Então,
é preciso criar outras instâncias de participação onde o cidadão possa ser recolocado no processo
decisório de maneira mais amiúde. Está colocada a terceira base política da mudança.

Ao longo da tramitação do Projeto de Lei, negociações entre estados e governo federal,


permitiram a edição do Decreto Federal 1.842, de 22/03/96, criando o Comitê para Integração da
Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, sob um modelo diverso daqueles que existiam até
então. O comitê passa a ser composto por três representantes federais e 12 representantes de
cada um dos Estados que compõem a bacia hidrográfica, qual sejam: São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais. Além disso, o comitê prevê a participação de 50% de seus componentes para
entidades da sociedade civil e usuários de recursos hídricos e decisão por dois terços da
totalidade das representações estaduais. Com tal composição e regra de funcionamento, o comitê
passou a deliberar por consenso entre os estados, cabendo aos representantes da União o papel
fundamental de articulação e negociação. O desempenho desse papel à União marcou uma
mudança importante em direção à descentralização de todo o processo decisório.

Apesar de a Constituição Federal de 1988 atribuir privativamente à União competência


para legislar sobre águas, várias constituições estaduais apresentam dispositivos sobre recursos
hídricos. As dos Estados do Amapá, Amazonas, Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais, São
Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e a do Distrito
Federal prevêem a criação de sistemas estaduais de gerenciamento de recursos hídricos. As de
Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul
determinam a elaboração do Plano Estadual de Recursos Hídricos. As da Bahia e Sergipe, São
Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul contêm dispositivos sobre a cobrança do uso do
recurso e a do Rio Grande do Sul sobre critérios de outorga. As Constituições do Acre,
Rondônia, Roraima, Maranhão e Santa Catarina são as que menos se estendem sobre a matéria.

Legislações ordinárias instituindo a Política Estadual de Recursos Hídricos e criando o


Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, previstos em suas Constituições,
foram promulgadas pelos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e pelo Distrito
Federal. Legislações similares foram estabelecidas pelos Estados do Ceará e Santa Catarina,
embora suas Constituições não disponham sobre a matéria. O Estado da Bahia promulgou uma
lei sobre recursos hídricos que estabelece uma política, mas não cria sistema de gestão.

47
Este Capítulo proclamou os antecedentes e a evolução das questões hídricas no Brasil.
Tratamos aqui os principais marcos históricos que culminaram com a edição da lei 9.433/97 e no
arranjo institucional federal, alcançando, no que diz respeito aos recursos hídricos, a
configuração final para o setor.

O Capítulo 3 mostrará a situação atual dos estados brasileiros com relação às políticas
estaduais de recursos hídricos.

48
3. QUADRO ATUAL

A lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997 institui a Política Nacional de Recursos Hídricos


e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos dando execução ao disposto
no art. XIX da Constituição que atribui à União instituir o Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos Hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso. A Lei das Águas
culminou num longo processo de avaliação das experiências de gestão de recursos hídricos e de
formulação de propostas para a melhoria dessa gestão em nosso País. Inova, criando um novo
paradigma ao apontar na direção de uma gestão participativa, envolvendo todos os interessados
nos problemas da água, além de induzir a quebra da hegemonia setorialista (em termos de setor
usuário) sobre o geral e sobre os usos múltiplos da água (Calasans, 2002).

As principais inovações estabelecidas pela Lei são os princípios:

1 - da água como bem de domínio público;

2 - da água como um bem limitado, por vezes escasso, que passa, portanto, a ser
dotado de valor econômico;

3 - a gestão que sempre proporcione o uso múltiplo do recurso;

4 - da gestão descentralizada.

A água, que era tida res nullius – coisa sem dono, passível, conseqüentemente, de
apropriação individual – passa a ser considerada res communis, um patrimônio comum.
Revogou-se o art.8 do Dec. 24.643, de 10 de julho de 1934 (Código de Águas), que previa a
possibilidade de apropriação particular de determinada categoria de recursos hídricos (as
nascentes e todas as águas situadas em terrenos particulares, desde que não estivessem
classificadas entre as águas comuns de todos, as águas públicas ou as águas comuns).

Surge então o conceito de res communis: o bem ambiental pertence a todos; todos têm
responsabilidade sobre sua preservação4. O conceito de res communis implica, no entanto, na

4
a própria Constituição Federal reconhece que o meio ambiente é um bem de uso comum do povo, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (Art. 223.caput).

49
necessidade de uma regulamentação do recurso: é necessário prever uma organização para que
todos possam, dele, usufruir. Com relação à água, cabe lembrar que o art. L210-1 do Código
Francês de Meio Ambiente dispõe que esta faz parte do patrimônio comum da nação5.

Para que se tenha consciência do valor do recurso, da necessidade de sua preservação,


este passa a ser dotado de valor econômico: a partir daí, tanto sua utilização quanto degradação
podem ser mensuradas de um ponto de vista econômico, o que facilita a sua conservação e
preservação.

Com relação à previsão de uma gestão que sempre proporcione o uso múltiplo do recurso,
cabe ressaltar que isto significa que a água não deve ser destinada a um único fim – como a
diluição de efluentes/esgotos, a geração de energia elétrica ou o consumo humano - mas que sua
gestão deve assegurar o conjunto desses usos em um mesmo corpo d’água.

Para que atinja esses objetivos, a Lei forma a base legal para uma radical descentralização
da gestão: da sede do poder público para a esfera local da bacia hidrográfica. Trata-se da
implementação do princípio da subsidiariedade, já formalmente reconhecido em âmbito
internacional, pela União Européia, desde a sua inserção, pelo tratado de Maastricht, de 07 de
fevereiro de 1992, no Tratado de Roma, de 25 de março de 19576.

A nova Lei inscreve-se, desse modo, em tendência nacional e mundial de reformulação


do papel do Estado na gestão de bens e serviços públicos.

Tratando-se, portanto, de um recurso escasso, incumbe ao Poder Público regular a sua


utilização, assegurando que esta se faça preservando o interesse público. A regulação abrange
tanto o aspecto quantitativo quanto qualitativo do recurso, e concretiza-se por meio da
implementação de instrumentos específicos, algum deles já conhecidos e empregados em outros
países – a outorga de direito de uso e a cobrança pelo uso da água e outros ainda pouco

5
Artigo L210-1: L’eau fait partie du patrimoine commun de la nation. Sa protection, sa mise en valeur et le
développment de la ressource utilisable, dans le respect des équilibres naturels, sont d’intérêt général. L’usage de
l’eau appartient à tous dans le cadre des lois et règlements ainsi que des droits antérieurement établis.
6
De acordo com o Artigo 5º (ex-artigo 3º -B) do Tratado de Roma: A comunidade atuará nos limites das
atribuições que lhe são conferidas e dos objetivos que lhe são cometidos pelos do presente Tratado. Nos domínios
que não sejam das suas atribuições exclusivas, a Comunidade intervém apenas, de acordo com o princípio da
subsidiariedade, se e na medida em que os objetivos da ação encarada não possam ser suficientemente realizados
pelos Estados –Membros, e possam pois, devido à dimensão ou aos efeitos da ação prevista, ser melhor alcançados
ao nível comunitário. A ação da Comunidade não deve exceder o necessário para atingir os objetivos do presente
Tratado.
50
conhecidos e empregados a outorga para lançamento de cargas residuais, com a finalidade de
manutenção do enquadramento dos rios, e o mercado de títulos negociáveis.

Em se tratando de regular os usos da água: a expressão regular, stricto sensu, significa


assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de
qualidade adequados aos respectivos usos (Lei 9.433/97, art. 2º, inc. I) e em quantidade
suficiente. Deste modo, regular, em sentido estrito, significa exercer um controle sobre a
disponibilidade (quantidade) e a qualidade dos recursos hídricos.

Numa acepção mais ampla, latu sensu, regular significa também normatizar, isto é,
elaborar regras, normas legais e infralegais que assegurem a regulação strictu sensu.

Faz parte desta ação de regulação a instalação de capacidade institucional para o


funcionamento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, promovendo a
integração das políticas locais de saneamento, de uso, ocupação e conservação do solo e do meio
ambiente com as políticas federal e estaduais de recursos hídricos.

O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, estabelecido pela Lei 9.433,


deve cumprir os seguintes objetivos:

ƒ coordenar a gestão integrada das águas;

ƒ arbitrar administrativamente os conflitos ligados ao uso da água;

ƒ implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, por meio dos


Planos de Recursos Hídricos, enquadramento dos corpos de água em
classes, segundo os usos preponderantes da água, a outorga dos direitos
de uso de recursos hídricos, a cobrança pelo uso da água e o sistema de
informações sobre Recursos Hídricos;

ƒ planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos


recursos hídricos;

ƒ promover as condições para assegurar o reconhecimento da água como


bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor,
incentivar a racionalização do uso da água, obter recursos financeiros
para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos

51
planos de recursos hídricos, que segundo a Lei 9.433 serão alcançados
com a cobrança pelo uso da água.

O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos apresenta um arranjo


institucional que contém:

I. o Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

II. os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal;

III. os Comitês de Bacia Hidrográfica;

IV. os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais e municipais, em


conjunto com as organizações civis, cujas atividades se relacionem com
a gestão de recursos hídricos; e

V. as Agências de Água (bacia) (Figura 3.1);

Figura 3.1- Arranjo institucional da lei nº 9.433/97.


Fonte: Tese Doutorado – Olhares sobre a política de recursos hídricos no Brasil: O caso da bacia do rio São
Francisco. Demetrios Christofidis, 2001.

Outra característica importante do sistema é a importância dada à participação pública.


Garantiu-se a participação de usuários e da sociedade civil em todos os plenários por ele
constituídos, desde o Conselho Nacional de Recursos Hídricos até os Comitês de Bacia

52
Hidrográfica, como forma de legitimar a decisão e é também garantir sua implementação. Há que
se assinalar que os estados têm avançado na criação dos Comitês de Bacias Hidrográficas e
muitos deles apresentam Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, o que não garante que
estejam funcionando e atuando ativamente em prol da melhoria da gestão e do disciplinamento
dos recursos hídricos.

A implantação do sistema prosseguiu com a regulamentação do Conselho Nacional de


Recursos Hídricos (CNRH), que se concretizou através do Decreto Federal no. 2.612 de junho de
1998. Em novembro desse, mesmo ano, sob a presidência do então Ministro do Meio Ambiente,
Gustavo Krause, foi realizada sua primeira Reunião Ordinária. A Secretaria de Recursos Hídricos do
Ministério do Meio Ambiente exerce a função de Secretaria Executiva do CNRH, para prestar apoio
técnico, administrativo e financeiro ao Conselho. Seus primeiros trabalhos referiram-se à
organização do SNGRH, principalmente no que se refere à normatização do sistema e ao
estabelecimento de critérios gerais para a aplicação dos instrumentos de gestão criados pela Lei n.
9.433/97.

Dentre as principais inovações introduzidas pela Lei 9.433/97 está o estabelecimento claro,
quase didático, dos instrumentos que devem ser utilizados para viabilizar a implantação da Política
Nacional de Recursos Hídricos:

I. os Planos de Recursos Hídricos;

II. o enquadramento dos corpos de águas em classes de usos preponderantes;

III. a outorga de direitos de uso dos recursos hídricos;

IV. a cobrança pelo uso dos recursos hídricos;

V. sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

A Lei 9.433/97 é importante para a ordenação territorial do país, mas implica mudanças
importantes dos administradores públicos e dos usuários, já que requer receptividade ao processo
de constituição de parcerias.

Nesse sentido, a principal dificuldade observada nos anos subseqüentes à aprovação da Lei
9.433/97, referia-se ao arranjo institucional do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos, que
carecia de um órgão com a atribuição executiva de implantar a Política Nacional de Recursos

53
Hídricos. Concluiu-se que um sistema, baseado quase que exclusivamente na ação dos Comitês de
Bacia, não poderia se estruturar para atender atividades essencialmente técnicas como a concessão
de outorgas, ou mesmo para a implementação de sistemas complexos como a cobrança pelo uso da
água (Scardua,2003). As agências de bacia, braços executores dos comitês de bacias hidrográficas e
que efetuarão a cobrança pelo uso dos recursos hídricos, serão criadas por lei específica. O Projeto
de Lei 1616/99, que dispõe sobre a gestão administrativa e a organização institucional do sistema
nacional de gerenciamento de recursos hídricos, em particular dos contornos das agências de bacias
a serem criadas no resto do país, ainda não foi votado no Congresso Nacional.

O sistema criado potencializa a atuação da estrutura administrativa existente e cria


somente os organismos necessários à execução das novas atividades, as quais, por terem base
territorial diversa da divisão político-administrativa do país, não poderiam ser exercidas pelos
organismos existentes, que têm base municipal, estadual ou federal. As Agências têm como área
de atuação uma ou mais bacias hidrográficas e suas competências primordiais são o
planejamento dos recursos hídricos da bacia e a cobrança pelo uso da água.

A lei inicia o processo para uma radical descentralização da gestão: da sede do poder
público para a esfera local da bacia hidrográfica. Efetiva uma parceria do poder público com a
sociedade civil organizada. O poder público abre mão de parcela dos poderes que, por sua
natureza, podem ser compartilhados ou delegados. O poder decisório passa a ser compartilhado
nos Comitês de Bacia Hidrográfica e nos Conselhos Nacional ou Estaduais de Recursos
Hídricos. A lei possibilita a delegação às Agências de Água da cobrança pelo uso da água, mas
mantém com o poder público o poder de outorgar direitos de uso.

A lei busca assegurar viabilidade ao sistema: viabilidade financeira - (vf), ao destinar


parte dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso da água ao custeio dos organismos que
integram o sistema e à constituição dos financiamentos das intervenções identificadas pelo
processo de planejamento; viabilidade administrativa – (va), ao criar organismos de apoio
técnico, financeiro e administrativo aos colegiados do sistema e viabilidade executiva - (ve),
mantendo balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos, manter o cadastro de
usuários, elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do respectivo Comitê de Bacia
Hidrográfica e propor ao respectivo Comitê de bacia hidrográfica: a) o enquadramento dos
corpos de água nas classes de uso para encaminhamento ao respectivo CNRH ou CERH; b) os
valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos; c) o plano de aplicação dos recursos

54
arrecadados com a cobrança pelo uso de Recursos Hídricos; e d) o rateio de custo das obras de
uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.

Conselho Nacional de Recursos Hídricos

O Conselho Nacional de Recursos Hídricos é o órgão máximo normativo e deliberativo


com atribuições de: I - promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os
planejamentos nacional, regional, estaduais e dos setores usuários; II – arbitrar em última
instância administrativa, os conflitos existentes entre Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos;
III - deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos cujas repercussões extrapolem o
âmbito dos Estados em que serão implantados; acompanha; IV – deliberar sobre as questões que
lhe tenham sido encaminhadas pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos ou pelos
Comitês de Bacia Hidrográfica; V – Analisar propostas de alteração da legislação pertinente a
recursos hídricos e à Política Nacional de Recursos Hídricos; VI – estabelecer diretrizes
complementares para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, aplicação de
seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VII –
aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica e estabelecer critérios gerais
para a elaboração de seus regimentos; VIII – acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional
de Recursos Hídricos e determinar as providências necessárias ao cumprimento de suas metas;
RN); IX – estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos e
para a cobrança por seu uso.

A composição do Conselho foi assim estabelecida pela lei: representantes dos ministérios
e secretarias da Presidência da República com atuação no gerenciamento ou no uso de recursos
hídricos; representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos;
representantes dos usuários dos recursos hídricos, representantes das organizações civis de
recursos hídricos.

O número de representantes do Poder Executivo Federal não poderá exceder à metade


mais um do total dos membros do Conselho Nacional de Recursos Hídricos. Dentre as
organizações civis de recursos hídricos foram definidas: consórcios e associações
intermunicipais de bacias hidrográficas; associações regionais, locais ou setoriais de usuários de
recursos hídricos; organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de recursos
hídricos; organizações não-governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos e
coletivos da sociedade. A composição do Conselho Nacional de Recursos Hídricos-CNRH, é
55
gerido por um Presidente, que é o Ministro Titular do Ministério do Meio Ambiente, e por uma
Secretaria Executiva (Figura 3.2). O Decreto nº 4.613, de 11 de Março de 2003, regulamenta o
CNRH, alterando a sua composição conforme Anexo V.

Total de
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
PRESIDENTE DO CNRH representantes = 29
SECRETÁRIO DE RECURSOS MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
HÍDRICOS - SRH/MMA
SECRETÁRIO EXECUTIVO DO CNRH MINISTÉRIO DA FAZENDA

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, MINISTÉRIO DA DEFESA


PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, MINISTÉRIO DA SAÚDE
ORÇAMENTO E GESTÃO

MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES


EXTERIORES
MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO,
INDÚSTRIAS E COMÉRCIO EXTERIOR
GOVERNO FEDERAL MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS 50% + 1 + 15 REPRESENTANTES
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
PR - SECRETARIA ESPECIAL DE
DESENVOLVIMENTO URBANO

CINCO ORGANIZAÇÕES NÃO


REPRESENTANTES TRÊS GOVERNAMENTAIS
NORTE DOS ESTADUAIS DE RECURSOS HÍDRICOS REPRESENTANTES
(UM PARA CADA REGIÃO DO PAÍS) DAS ORGANIZAÇÕES CIVIS DE
RECURSOS HÍDRICOS
NORDESTE
ORGANIZAÇÕES
SUDESTE SEIS TÉCNICAS DE
REPRESENTANTES ENSINO E PESQUISA
SUL DOS USUÁRIOS
DE RECURSOS
CENTRO-OESTE HÍDRICOS ORGANIZAÇÕES
CONSÓRCIOS E ASSOCIAÇÕES
INTERMUNICIPAIS

PESCADORES
IRRIGANTES LAZER E TURISMO

INSTRUÇÕES DE ABASTECIMENTO DE
ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO INDÚSTRIAS

GERAÇÃO DE SETOR
ENERGIA HIDROVIÁRIO

Figura 3.2. Composição do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH.


Fonte: Tese Doutorado – Olhares sobre a política de recursos hídricos no Brasil: O caso da bacia do rio São
Francisco. Demetrios Christofidis, 2001.

A Secretaria Executiva do CNRH

A Secretaria de Recursos Hídricos exerce o papel de Secretaria Executiva do Conselho


Nacional de Recursos Hídricos. Compete à Secretaria Executiva do Conselho Nacional de
Recursos Hídricos: prestar apoio administrativo, técnico e financeiro ao Conselho Nacional de
Recursos Hídricos; coordenar a elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos e

56
encaminhá-lo à aprovação do Conselho Nacional de Recurso Hídricos; coordenar o Sistema
Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos.

Os Comitês de Bacias Hidrográficas

Os Comitês de Bacias Hidrográficas que podem ter como área de atuação: I) a totalidade
de uma bacia hidrográfica; II) sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal
da bacia, ou de tributário desse tributário; ou III) grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas
contíguas. exercem as atribuições principais de: I) promover o debate das questões relacionadas
a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes; II) arbitrar, em primeira
instância; III) aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia; IV) acompanhar a execução do
Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as providências necessárias ao cumprimento de
suas metas; V) propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos
as acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, para efeito de
isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de acordo com os
domínios destes; VI) estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e
sugerir os valores a serem cobrados; IX) estabelecer critérios e promover o rateio de custo das
obras de uso múltiplo de interesse comum ou coletivo.

Comporão os comitês de rios de domínio federal, representantes: da União, dos estados,


do Distrito Federal e dos municípios cujos territórios se situem, no todo ou em parte, na
respectiva bacia hidrográfica. Também participam os usuários de recursos hídricos e entidades
civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia.

É limitada a representação dos poderes executivos da União, Estados, Distrito Federal e


municípios à metade do total de membros.

Nos comitês de bacias de rios fronteiriços e transfronteiriços, a representação da União


deverá incluir o Ministério das Relações Exteriores e, naqueles cujos territórios abranjam terras
indígenas, representantes da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e das comunidades indígenas.

57
As Agências de Água

A Agência de Água terá a atuação de um ou mais comitês de Bacia Hidrográfica e a sua


criação dependerá de autorização do Conselho Nacional de Recursos, ou dos Conselhos
Estaduais de Recursos Hídricos, mediante solicitação de um ou mais Comitês de Bacia
Hidrográfica (Art. 44. Compete às Agências de Água, no âmbito de sua área de atuação: I)
manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos em sua área de atuação; II)
manter o cadastro de usuários de recursos hídricos; e III) efetuar, mediante delegação do
outorgante, a cobrança pelo uso de recursos hídricos).

As Agências de Água serão as responsáveis mediante delegação pela cobrança pelo uso
de recursos hídricos em sua jurisdição e exercerão a função de Secretaria Executiva do
respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica. A criação dessas agências está condicionada, em cada
bacia, à prévia existência do Comitê de Bacia Hidrográfica e à viabilidade financeira, que poderá
ser assegurada pela cobrança pelo uso de recursos hídricos.

De acordo com a lei federal, os consórcios e associações intermunicipais de bacias


hidrográficas poderão receber delegação do Conselho Nacional ou dos Conselhos Estaduais de
Recursos Hídricos, por prazo determinado, para o exercício de funções de competência das
Agências de Água, enquanto esses organismos não estiverem constituídos (Art. 51. Os
consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas mencionados no art. 47
poderão receber delegação do Conselho Nacional ou dos Conselhos Estaduais de Recursos
Hídricos, por prazo determinado, para o exercício de funções de competência das Agências de
Água, enquanto esses organismos não estiverem constituídos).

O Poder Executivo encaminhou ao Congresso Nacional no dia 02 de Setembro de 1999,


via Aviso nº 1.463/Casa Civil, o Projeto de Lei 1616 que dispõe sobre a gestão administrativa e a
organização institucional do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e
estabelece as normas gerais a serem observadas na criação de Agência de Bacia. Este Projeto de
Lei propõe que as agências de bacia sejam entidades de direito privado, sem fins lucrativos,
instituídas por comitês de bacia hidrográfica para atuar como suas secretarias executivas. As
agências de bacia, assim constituídas, estarão credenciadas para exercer as principais funções de
gerenciamento de recursos hídricos no âmbito da correspondente bacia hidrográfica, podendo
inclusive firmar contratos de gestão com órgãos e entidades estaduais que detenham poder de
outorga dos recursos hídricos.
58
De acordo com o PL 1616, os Comitês de Bacia Hidrográfica poderão: exercer o papel de
parlamento da respectiva bacia - Debater temas relacionados com o uso de recursos hídricos,
procurando conciliar interesses de segmentos distintos, como o de usuários dos recursos hídricos,
de organizações não governamentais voltadas para temas ambientais e os governamentais em
todos os níveis. Desta maneira, descentraliza-se a ação governamental sem subtrair do Governo
Federal a responsabilidade pela condução do fio de unidade nacional. Até a presente data o PL
ainda não obteve aprovação daquela casa, mas se aprovado, facilitará significativamente a
implementação do Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, que tem fortes
componentes democráticos e participativos.

A implementação de um sistema de gerenciamento é um processo que deve ser analisado


e observado ao longo de vários anos, mas já é possível perceber que em todo país esse processo
vem ocorrendo de forma sistemática, mas logicamente, com velocidade e características
distintas.

A Agência Nacional de Águas - ANA

Responsável pela execução da Política Nacional de Recursos Hídricos, a Agência


Nacional de Águas - ANA é uma autarquia sob regime especial, com autonomia administrativa e
financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. Cabe à ANA implementar o sistema
nacional de gerenciamento de recursos hídricos, previsto na Constituição Federal de 1988 e
regular o uso da água no país.

A ANA foi criada pela Lei nº 9.984, de 17 de Julho de 2000 com a finalidade de
implementar, em sua esfera de atribuições, a Política Nacional de Recursos Hídricos, integrando
o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Com a edição do Decreto n° 3.692,
de 19 de dezembro de 2000, regulamentou-se a Lei 9.984 e a Agência iniciou suas atividades
com a posse de sua primeira Diretoria, em 22 de dezembro do mesmo ano.

Trata-se de regular o uso do recurso natural pelos seguintes mecanismos: outorga, para
disciplinar a utilização dos corpos hídricos, tanto para captação de água quanto para lançamento
de efluentes; fiscalização, para assegurar que as outorgas sejam licenças efetivamente respeitadas
e não meros formalismos cartoriais; e cobrança, para assegurar que os corpos hídricos sejam
utilizados com parcimônia, além de possibilitar a geração dos recursos financeiros necessários à
recuperação e conservação dos rios e lagos. Estes três mecanismos devem ser implementados de

59
forma homogênea em cada bacia hidrográfica, o que impõe uma estreita articulação entre a ANA
e os órgãos e entidades gestoras de recursos hídricos dos governos estaduais (Art. 2º São
objetivos da Política de Recursos Hídricos: I) assegurar à atual e às futuras gerações a
necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;
II) a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário,
com vistas ao desenvolvimento sustentável; III) a prevenção e a defesa contra eventos
hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos
naturais) e (Art. 4º A União articular-se-á com os Estados tendo em vista o gerenciamento dos
recursos hídricos de interesse comu).

As Leis Estaduais de Recursos Hídricos

É prerrogativa do plano federal legislar sobre água, mas os estados estão avançando no
sentido de aprovar e regulamentar suas leis. Atualmente são 25 unidades federadas que já
dispõem de suas leis estaduais (Anexo II), restando os estados do Acre e Roraima a editarem
suas leis de recursos hídricos. Alguns começaram antes mesmo da aprovação da lei federal, mas
observando os parâmetros estabelecidos no projeto de lei que tramitava no Congresso. Todos os
demais estados se mobilizaram após a edição da lei 9.433/97, com uma articulação não só do
ponto de vista legal, mas também de formação de uma competência técnica e gerencial para essa
questão de água.

Como não poderia deixar de ser, na implantação dos sistemas de gerenciamento têm
ocorrido diferenças importantes, constatando-se que muitas vezes as leis não estão adequadas às
condições locais, suscitando ajustes e revisões. Isto ocorreu com alguns estados como Minas
Gerais que teve a lei nº 11.504, de 20/06/94 revogada pela lei nº 13.199, de 29/01/99, que
promoveu os ajustes necessários, seguindo orientações do dispositivo federal contidas na lei nº
9.433/97.

Destaque deve ser dado ao estado do Pará, que promulgou a lei nº 5.793, de 04/01/94,
sobre política mineraria, incluindo os recursos hídricos. Entretanto, a filosofia da gestão contida
nessa lei não é a mesma da União e dos demais estados não pertencentes à Região Norte. Esta lei
foi revogada pela lei nº 6.381, de 25/07/2001, que dispõe sobre a Política Estadual de Recursos
Hídricos e institui o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

60
O Distrito Federal apesar de ter sido a terceira Unidade Federada no Brasil a ter sua lei de
recursos hídricos sancionada, por intermédio da lei nº 512, de 29 de julho de 1993 e não teve até
agora nenhum dos seus artigos sido regulamentado.

As leis de recursos hídricos em muitos estados e no Distrito Federal já foram


regulamentadas e vários estados já apresentam seus respectivos Conselhos Estaduais e alguns
dos instrumentos já regulamentados (Scardua,2003).

Além de algumas distorções conceituais o arcabouço institucional preconizado pela lei


512/93 deixava muito a desejar, sobretudo com referência ao grau de participação da sociedade
civil, mormente na composição dos comitês de Bacias Hidrográficas. A nova lei (nº 2.725, de 13
de junho de 2001) ampliou significativamente a participação da sociedade nos comitês. As
questões de critérios e valores de multas previstas na lei 512/93 teriam que ser atualizadas, o que
se deu por intermédio da lei nº 2.725/01.

Ao estabelecerem suas políticas de recursos hídricos, os estados têm procurado instituir,


concomitantemente, seus respectivos sistemas de gerenciamento, os quais explicitam os arranjos
institucionais para implementar as ações concernentes à gestão dos recursos hídricos. A
formatação desses arranjos institucionais tem atendido às iniciativas e especificidades de cada
estado.

No caso de Minas Gerais, optou-se pela criação do Instituto Mineiro de Gestão das Águas
- IGAM, vinculado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
Na Bahia e em Sergipe, foram criadas Superintendências de Recursos Hídricos. Nos Estados de
Pernambuco e Alagoas os órgãos gestores são as Secretarias Estaduais de Recursos Hídricos. No
Distrito Federal, foi criada a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e no Estado de
Goiás, a Secretaria de Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Habitação.

O Quadro 3.1 mostra a situação dos estados brasileiros que tiveram suas leis estaduais de
recursos hídricos promulgadas antes da lei federal 9.433/97. Os estados do Pará, Minas Gerais e
o Distrito Federal tiveram suas leis reeditadas, para se adequarem aos preceitos da lei federal. O
Quadro 3.2 mostra os estados brasileiros que tiveram suas respectivas leis estaduais sancionadas
após a edição da lei 9.433/97 e, por esta razão tiveram seus dispositivos legais mais coerentes
com os preceitos da lei das águas.

61
Quadro 3.1 - Estados brasileiros que editaram suas leis estaduais antes da promulgação da lei
federal 9.433/97.

ESTADOS LEIS
SÃO PAULO 7.663, de 30 de dezembro de 1991
CEARÁ 11/996, de 24 de julho de 1992
DISTRITO FEDERAL 512. de 29 de julho de 1993 e 2.725, de 13 de junho de 2001
PARÁ 5.793, de 04 de janeiro de 1994 e 6.381, de 25 de julho de 2001
MINAS GERAIS 11.504, de 20 de junho de 1994 e 13.199 de 29 de janeiro de
1999
SANTA CATARINA 9.748 de 30 de novembro de 1994
RIO GRANDE DO SUL 10.350, de 30 de dezembro de 1994
BAHIA 6.885, de 12 de maio de 1995
RIO GRANDE DO NORTE 6.908, de 01 de julho de 1996
PARAÍBA 6.308, de 02 de julho de 1996

Quadro 3.2 - Estados brasileiros que editaram suas leis estaduais após a promulgação da lei
federal 9.433/97

ESTADO LEI
PERNAMBUCO 11.426, de 17 de janeiro de 1997
GOIÁS 13.123, de 16 de julho de 1997
SERGIPE 3.870, de 25 de setembro de 1997
MATO GROSSO 6.945, de 05 de novembro de 1997
MATO GROSSO DO SUL 2.406, de 29 de janeiro de 2002
ALAGOAS 5.965, de 10 de novembro de 1997
MARANHÃO 7.052, de 22 de dezembro de 1997
ESPÍRITO SANTO 5.818, de 30 de dezembro de 1998
RIO DE JANEIRO 3.239, de 02 e agosto de 1999
PARANÁ 12.239, de 02 de agosto de 1999
PIAUÍ 5.165, de 17 de agosto de 2000
AMAZONAS 2.712, de 28 de dezembro de 2001
RONDÔNIA Lei Complementar 255, de 25 de janeiro de 2002
TOCANTINS 1.307, de 22 de março de 2002
AMAPÁ 686, de 07 de junho de 2002

A seguir optou-se por, ilustrar a situação dos estados brasileiros que tiveram suas leis
sancionadas antes da lei 9.433 (SP, CE, DF, PA, MG, SC, RS, BA, RN e PA) e aqueles que
editaram suas respectivas leis após a lei federal (PE, GO, SE, MT, MS, AL, MA, ES, RJ, PR, PI,
AM, RO, TO, AP) e os estados que ainda não dispõem de legislação específica para o setor de
recursos hídricos (AC e RR) e aqueles que revisaram (Figura 3.3).

62
RR
AP

AM CE
PA MA RN
PB
PI PE
AC AL
TO SE
RO
BA
MT

GO
DF
MG

MS ES

ES
SP RJ

PR

SC

RS

Estados Brasileiros que editaram a Lei Estadual antes da promulgação da Lei Federal 9.433/97

Estados Brasileiros que editaram a Lei Estadual após a promulgação da Lei Federal 9.433/97

Estados Brasileiros que não possuem Lei de Recursos Hídricos

Figura 3.3 - Situação dos estados brasileiros com relação às suas respectivas leis de recursos
hídricos.
Fonte: Secretaria de Recursos Hídricos (SRH/MMA, 2002)

O capítulo 3 dedicou-se a apresentar o quadro atual dos estados brasileiros, mostrando os


avanços alcançados com a edição da lei federal e das leis estaduais de recursos hídricos.

O Capítulo 4 analisará a formação dos Comitês de Bacias Hidrográficas integrantes do


Sistema Nacional de Recursos Hídricos (Resolução CNRH nº 5) à luz da Resolução n° 5 do
CNRH e da alteração de alguns de seus dispositivos por força das Resoluções CNRH nºs 18 e 24.
O capítulo também abordará as competências dos comitês, a formação e seu funcionamento.

63
4. OS COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS

Os comitês de bacia hidrográfica são órgãos colegiados (Resolução nº 5 - CNRH, Art. 1º


§ 1), como “células” do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos onde a
presença da sociedade é expressiva. Em 2000 havia cerca de 40 comitês no país e em 2003 já são
cerca de 80 comitês de rios federais e estaduais abrangendo bacias de corpos de água nos estados
do Ceará, Pernambuco, Sergipe, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Anexo III). Além dos comitês, dependendo do processo de
implementação do sistema, a participação da sociedade civil acontece de outras maneiras. No
Rio Grande do Norte, por exemplo, optou-se por incentivar inicialmente a formação de
associações, hoje em número de 90, onde participam usuários da água e organizações não
governamentais.

A distribuição dos comitês por estado, está ilustrada no mapa do Brasil e na forma de
diagrama. Os dados mostrados referem-se ao ano de 2002, tendo como fonte a Secretaria de
Recursos Hídricos (Figura 4.1e Figura 4.2).

Estados que possuem Comitês formados

Figura 4.1 – Distribuição dos comitês por estados


Fonte: Secretaria de Recursos Hídricos – MMA (2002)

64
Figura 4.2 - Diagrama com a distribuição de comitês por estado.
Fonte: Secretaria de Recursos Hídricos – MMA (2002)

Houve também aumento substancial no número de consórcios intermunicipais de bacias


nos últimos dois anos, chegando a mais de 30 (até agosto de 2002), conforme dados disponíveis
no Sistema de Acompanhamento do Processo de Implementação da Política, SRH/MMA, 2002.

Os Comitês de Bacias Hidrográficas constituem a base dos sistemas nacional e estaduais


de gerenciamento, pois neles são promovidos os debates das questões relacionadas a recursos
hídricos da bacia, articulada a atuação das entidades intervenientes, e resolvidos, em primeira
instância, os conflitos relacionados com os recursos hídricos. São colegiados deliberativos e
consultivos e atuam na área de sua unidade de gerenciamento, ou seja, na sua bacia (Lei 9.433
(Art. 37 I,II,III), sendo estabelecidos em seu Decreto de instituição (Resolução nº 5 CNRH, Art.
5º). Como foram definidos em lei, todos são iguais e têm as mesmas responsabilidades. Uma das
principais atribuições dos CBHs é aprovar o Plano de Bacias, nos quais são definidas as
propostas de aplicação de recursos financeiros, os programas e ações que visam promover a
integração entre os usuários das águas, a manutenção e recuperação dos recursos hídricos. Para
cumprir seu papel, os comitês obedecem a seguinte estrutura:

65
¾ Cada comitê de bacia tem seu próprio estatuto, no qual são definidas as regras
e procedimentos para realização das assembléias deliberativas, formas de
participação, eleição e competências.

¾ Todos os cidadãos podem participar. As assembléias são públicas e os


representantes, eleitos para compor o colegiado como titulares e suplentes,
têm poder de voto. Os mandatos de todos os integrantes são de dois anos.
Todos podem se candidatar aos cargos da diretoria e câmaras técnicas,
respeitando sempre a característica tripartite.

Ressalta-se que o Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH, no exercício das


atribuições que lhe são conferidas pela Lei nº 9.433 (art. 35, VI), aprovou a Resolução nº5/2000
(Anexo IV) que estabelece diretrizes para a formação e funcionamento dos Comitês de Bacia
Hidrográfica. Essa resolução traduz o estágio em que se encontra a regulamentação da matéria na
esfera federal.

O Art. 7º desta Resolução atribuiu aos Comitês de Bacias Hidrográficas as seguintes


competências: I) arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos
recursos hídricos, inclusive os relativos aos comitês de bacias de cursos de água tributários; II)
aprovar o Plano de Recursos Hídricos da Bacia, respeitando as respectivas diretrizes; III) aprovar
as propostas da Agência de Água, que lhe forem submetidas; IV) compatibilizar os planos de
bacias hidrográficas de cursos de água de tributários, com o Plano de Recursos Hídricos da Bacia
Hidrográfica de sua jurisdição; V) submeter, obrigatoriamente, os planos de recursos hídricos da
bacia hidrográfica à audiência pública; VI) desenvolver e apoiar iniciativas em educação
ambiental em consonância com a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política
Nacional de Educação Ambiental; e VII) aprovar seu regimento interno, considerado o disposto
nesta Resolução.

No ano de 2001 a Resolução nº 5 foi alterada pela Resolução nº 18 (Anexo IV),


considerando, dentre outros aspectos: 1) a experiência adquirida com a instalação dos comitês de
bacia hidrográfica já instituídos; 2) que os rios de domínio da União envolvem geralmente mais
de um estado da federação, muitas vezes outros países; 3) a necessidade de se realizar um
trabalho maior de articulação institucional, assim como um processo mais amplo de mobilização
social e 4) os prazos estabelecidos pela Resolução nº 5 de CNRH, mostraram-se insuficientes

66
para viabilizar o processo de instalação dos comitês. Com essas considerações apresentadas foi
enriquecida e alterada a Resolução nº 5, no sentido de possibilitar a prorrogação do mandato da
Diretoria Provisória dos comitês de bacia hidrográfica, a critério do CNRH, com a seguinte
redação “Art. 12-A. O prazo de mandato a que se refere o § 1º do art.11, bem como os prazos no
§2º do art. 11 e no caput do art. 12 poderão ser prorrogados, por tempo determinado, pelo
Conselho Nacional de Recursos Hídricos, desde que tenha sido prévia e justificadamente
solicitado pelo Presidente Interino do comitê, quarenta dias antes do término de seu mandato.

A Resolução nº 24/2002 (Anexo IV), veio alterar também a Resolução nº 5, tendo em


vista o estágio atual de implementação dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos e os
requisitos legais e institucionais necessários para a emissão de outorga. Desta forma, os arts. 8º e
14º da Resolução nº 5, de 10 de abril de 2000, passam a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 8º... II)- número de representantes de entidades civis, proporcional à população residente
no território de cada Estado e do Distrito Federal, cujos territórios se situem, ainda que
parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação, com pelo menos, vinte por cento do total de
votos, garantida a participação de pelo menos um representante por Estado e do Distrito
Federal; III – número de representantes dos usuários dos recursos hídricos, obedecido quarenta
por cento do total de votos; e IV – o mandato dos representantes e critérios de renovação ou
substituição”. O Art. 14 dispõe: “Os usos sujeitos à outorga serão classificados pelo Conselho
Nacional de Recursos Hídricos, em conformidade com a vocação da bacia hidrográfica, entre os
seguintes setores usuários:...”.

As disposições sobre os comitês de bacia hidrográfica na lei 9.433/97 constam em seus


artigos 37 a 40, que destacamos abaixo:

Natureza Jurídica

A Lei 9.433 não dispõe sobre a natureza jurídica dos comitês.

A Resolução CNRH 5/2000 tampouco aborda a questão. Entretanto, dispõe em seu art.
1º, § 1º: “Os Comitês de Bacia Hidrográfica são órgãos colegiados com atribuições normativas,
deliberativas e consultivas a serem exercidas na bacia hidrográfica de sua jurisdição”. Os comitês
são órgãos similares aos conselhos, destes diferindo na abrangência territorial, estrutura de
composição e estratégia de atuação. Os comitês prestam serviço de interesse público, mas não
possuem personalidade jurídica. Sua proliferação e desenvolvimento poderá levá-los a assumir

67
personalidade jurídica, que permita identificar responsabilidades em sua atuação, o que seria
positivo para todo o Sistema de Gerenciamento.

Autonomia e vinculação

Das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica caberá recurso ao Conselho Nacional ou
aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com a esfera de competência (art. 38,
Parágrafo Único)

A autonomia dos comitês é fundamental para o pleno funcionamento do sistema. Não


obstante, sendo os conselhos as instâncias recursivas às decisões dos comitês, implícita está sua
vinculação aos primeiros. Esse preceito consta da Resolução CNRH 5/2000, em seu art.1º, §2º:
“Os Comitês de Bacia Hidrográfica, cujo curso de água principal seja de domínio da União,
serão vinculados ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos”. Aos Conselhos Estaduais
vinculam-se os Comitês Estaduais.

Área de atuação

Art. 37 – Os comitês terão como área de atuação: I – a totalidade de uma bacia


hidrográfica; II – sub-bacia de tributário do curso de água principal da bacia, ou de tributário
desse tributário; ou III – grupo de bacias ou sub-bacias contíguas.

Parágrafo Único. A instituição de comitês de Bacia Hidrográfica em rios com águas de


domínio da União será efetivada por ato do presidente da República.

O critério limita a possibilidade da criação discricionária de comitês, que poderia resultar


em uma expansão questionável dos agentes do sistema. Entretanto, o critério leva à discussão do
que é considerado “curso d’água principal”. Para efeito de aplicação do artigo 37, caberia uma
resolução do CNRH, identificando os cursos d’água principais. Nesse sentido, a Resolução nº 5
determina que a “área de atuação de cada comitê de bacia será estabelecida no decreto de sua
instituição, com base no disposto na lei 9.433/97, nesta Resolução e na Divisão Hidrográfica
Nacional, a ser incluída no Plano Nacional de Recursos Hídricos, onde deve constar a
caracterização das bacias hidrográficas brasileiras, seus níveis e vinculações”.

A possibilidade instituída de criação de vários comitês autônomos em uma mesma bacia


de rio principal, representa desafio ao funcionamento do sistema, principalmente quando se

68
considera o duplo domínio das águas e a aplicação dos instrumentos da política, pois tende a
restringir a atuação do comitê do rio principal à sua calha, uma vez que as questões referentes
aos tributários dos rios principais, ou aos tributários destes, seriam tratadas no comitê pertinente,
demandando compatibilizações nos comitês de abrangência territorial maior, o que põe em
questão o próprio conceito de comitê de bacia.

Assim, a Resolução 5 estabelece que “os planos de recursos hídricos e as decisões


tomadas por Comitês de Bacias Hidrográficas de sub-bacias deverão ser compatibilizados com
os planos e decisões referentes à respectiva bacia hidrográfica”.

Com esta determinação cria-se uma condição peculiar para os comitês instituídos para
rios não-principais, uma vez que estes não serão efetivamente autônomos, pois, na prática, suas
decisões que afetem a quantidade e qualidade da água no exutório das sub-bacias, dependeriam
de compatibilizações no âmbito do comitê do rio principal, perante o que cabe o questionamento
sobre a funcionalidade desse modelo.

Composição

Art. 39 – Os Comitês de Bacia Hidrográfica serão compostos por representantes:

I– da União;

II – dos Estados e do Distrito Federal cujos territórios se situem, ainda que


parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação;

III – dos Municípios, situados, todo ou em parte, em sua área de atuação;

IV – dos usuários das águas de sua área de atuação;

V - das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia.

§ 1º. O número de representantes de cada setor mencionado neste artigo, bem como os
critérios para sua indicação, serão estabelecidos nos regimentos dos comitês, limitada a
representação dos poderes executivos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios à metade
do total de membros.

69
§ 2º. Nos comitês de Bacia Hidrográfica de bacias de rios fronteiriços e transfronteiriços
de gestão compartilhada, a representação da União deverá incluir um representante do Ministério
das Relações Exteriores.

§ 3º. Nos comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras indígenas
devem ser incluídos representantes:

I– da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, como parte da representação da União;

II – das comunidades indígenas ali residentes ou com interesses na bacia.

§ 4º. A participação da União nos comitês de Bacia Hidrográfica com área de atuação restrita
a bacias de rios sob domínio estadual dar-se-á na forma estabelecida nos respectivos regimentos.

A limitação imposta no §1º da lei, para a representação do poder público (metade do total de
membros), não é observada em vários estados, principalmente naqueles que tiveram suas leis de
recursos hídricos promulgadas anteriormente à lei federal. Essa questão recebeu tratamento
avançado na Resolução 5/2000, ao limitar o número de votos dos representantes dos Poderes
Executivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a 40% do total de votos,
percentual este que foi efetivamente conferido à representação dos usuários cabendo à sociedade
civil pelo menos 20% do total de votos (art. 8º da Resolução 5/2000). Ou seja, pela resolução
somente os usuários terão assegurado a representação de 40% do total de votos, pois a do poder
público terá até 40%, o que implica em que a da sociedade civil terá pelo menos 20%. O avanço
consiste em que a representação do poder público é minoritária no comitê, fato novo com o qual a
sociedade se adapta, já que até pouco tempo o poder decisório sobre as questões hídricas era
inteiramente dos primeiros; e também, na destacada representação dos usuários (40%), categoria à
qual competirá o maior peso decisório na aplicação dos instrumentos da política na bacia,
principalmente a cobrança. Assim definido, o segmento sobre o qual recairá o maior ônus da
cobrança terá maior poder decisório na definição dos valores a serem cobrados, o que é
perfeitamente coerente e justo.

O fato da distribuição de poder no comitê não ser observada na maioria dos comitês de
bacias que envolva rios de domínio estadual, deve-se em parte à inexistência da regulamentação
federal. Entretanto, é comum o argumento, no âmbito dos gestores estaduais, de que as
representações dos usuários e da sociedade civil nos comitês estaduais ainda não estariam
suficientemente amadurecidas para assumir participação majoritária em relação ao estado, havendo,

70
inclusive, por parte desses setores, demanda pela presença majoritária da representação do poder
público no comitê, pelo menos até que haja maior amadurecimento de sua participação no
colegiado.

Direção

Os Comitês de Bacia Hidrográfica serão dirigidos por um Presidente e um secretário, eleitos


dentre seus membros. A Resolução 5/2000 estabelece que “os mandatos do Presidente e do Secretário serão
coincidentes, escolhidos pelo voto dos membros integrantes do respectivo comitê de bacia, podendo ser reeleitos uma única
vez (art.8º, § 1º). O critério estabelecido na lei tem sido observado nos comitês em geral, que em seus
estatutos definem sua organização, sendo comum a estrutura: plenário, secretaria executiva,
subcomitês e câmaras técnicas.

4.1 Comitês de bacias hidrográficas de rios com águas de domínio da União

A instalação dos comitês de bacias hidrográficas de rios de domínio da União, também


tem avançado, sendo esta uma das principais atribuições do Conselho Nacional de Recursos
Hídricos. Isto implica a necessidade de estreita articulação da Secretaria de Recursos Hídricos-
SRH/MMA com a Agência Nacional de Águas-ANA, uma vez que cabe a esta última, a
atividade de estimular e apoiar as iniciativas voltadas para a criação de Comitês de Bacias
Hidrográficas em rios que se constituem bens de domínio da União. A Figura 4.3 mostra os 6
comitês desta natureza já constituídos, que são: I) Paraíba do Sul; II) São Francisco; III)
Pomba/Muriaé; IV) Doce; V) Piracicaba; e VI) Paranaíba.

71
Figura 4.3 – Comitês federais instalados no Brasil

I - Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Sul - CEIVAP

Criado pelo Decreto Federal nº 1.842, de 22 de março de 1996, e instalado no dia 18 de


dezembro de 1997, o Comitê para integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul-
CEIVAP vem se firmando como fórum de debate e decisões sobre as questões do rio Paraíba. A
população da bacia é de 5 milhões e 62 mil habitantes, sendo 1.772.163 no estado de São Paulo;
2.142.288 no Rio de Janeiro e 1.148.012 em Minas Gerais. Cerca de 18% da população
fluminense reside na bacia Paraíba, 8% dos paulistas e apenas 5% dos mineiros( IBGE/2000).

72
Entre os principais usos da água estão a captação para uso doméstico; usos industrial; uso
agrícola; geração de energia elétrica.

A atividade pesqueira na bacia desenvolve-se principalmente no baixo curso dos rios


Paraíba do Sul, Muriaé e Dois Rios; a pesca esportiva é pratica em toda a bacia; a aqüicultura
vem-se expandido nos últimos anos. O uso da água para recreação ocorre principalmente nas
regiões serranas, nas nascentes de diversos cursos d’água, onde há cachoeiras e a canoagem é
bastante difundida; na bacia do Paraibuna (MG-RJ), principalmente nos municípios situados na
sub-bacia do rio Preto, as cachoeiras constituem o principal atrativo turístico; uma nova
modalidade de esporte, o rafting, vem sendo praticada no rio Paraibuna, entre o município de
Levy Gasparian (RJ) e a confluência com o rio Paraíba do sul, no município de Três Rios (RJ).

Ocupa uma área de 55.000 km², estendendo-se pelos estados de São Paulo (13.900 km²),
Rio de Janeiro (20.900 km²) e Minas Gerais (20.700 km²), abrangendo 180 municípios – 88 em
Minas Gerais, 53 no estado do Rio e 39 no estado de São Paulo. A área da bacia corresponde a
cerca de 0,7% da área do país e, aproximadamente, a 6% da região sudeste do Brasil. A extensão
do rio Paraíba do Sul é de 1.150 km e sua foz é na praia de Atafona, município de São João da
Barra – Rio de Janeiro/Oceano Atlântico.

O comitê está em pleno funcionamento. Em Junho/2002 o CEIVAP criou a Agência de


Água da Bacia, possibilitando o início da cobrança pelo uso da água e agilizar a execução de
ações para despoluir os rios da bacia. A implantação da cobrança pelo uso da água na bacia do
Paraíba do Sul em Novembro/2002 foi aprovada pelo Conselho Nacional de recursos Hídricos –
CNRH (Resolução nº 5), com os critérios e valores definidos pelo CEIVAP. O valor a ser
cobrado é de R$ 0,008 por metro cúbico (mil litros) de água captada e devolvida limpa, e R$
0,02 por metro cúbico de água captada e devolvida poluída. Ou seja, pagará mais quem poluir
mais. A arrecadação prevista inicialmente é em torno de R$ 14 milhões ao ano.

II - Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco

O comitê da bacia hidrográfica do rio São Francisco foi criado por Decreto Presidencial
em 5 de junho de 2001 e para a condução inicial dos trabalhos foi nomeada uma Diretoria
Provisória, conforme determina a Resolução nº 05 do CNRH, com a finalidade de coordenar a
instalação do CBH-SF. O Art. 1° estabelece “fica instituído o Comitê da Bacia Hidrográfica do
rio São Francisco, órgão colegiado, com atribuições normativas, deliberativas e consultivas, no

73
âmbito da respectiva bacia hidrográfica, vinculado ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos –
CNRH, nos termos da Resolução nº 5, de 10 de abril de 2000”.

A bacia hidrográfica do rio São Francisco tem grande importância para o país não apenas
pelo volume de água transportada em uma região semi-árida, mas, também pelo potencial hídrico
passível de aproveitamento e por sua contribuição histórica e econômica para a região. A bacia
hidrográfica do rio são Francisco abrange 639.219 km² de área de drenagem (7,5% do país) e
vazão média de 2.850 m³/s (2% do total do país). O rio São Francisco tem 2.700 km de extensão
e nasce na Serra da Canastra em Minas Gerais, escoando no sentido sul-norte pela Bahia e
Pernambuco, quando altera seu curso para este, chegando ao Oceano Atlântico através da divisa
entre Alagoas e Sergipe. Sete unidades da federação possuem superfícies na bacia Hidrográfica
do Rio São Francisco - Bahia (48,2%), Minas Gerais (36,8%), Pernambuco (10,9%), Alagoas
(2,2%), Sergipe (1,2%), Goiás (0,5%) e Distrito Federal(0,2%) – e compreendendo áreas de 504
municípios (cerca de 9% do total de municípios do país).

A Bacia do São Francisco contempla fragmentos dos biomas: floresta Atlântica, cerrado,
caatinga, costeiros e insulares. O cerrado cobre, praticamente, metade da área da bacia – de
Minas Gerais ao oeste e sul da Bahia, enquanto a caatinga predomina no nordeste da Bahia, onde
as condições climáticas são mais severas. Um exemplar da floresta Atlântica, devastada pelo uso
agrícola e pastagens, ocorre no Alto São Francisco, principalmente nas cabeceiras. Margeando os
rios, onde a umidade é mais elevada, observam-se regiões de Mata Seca.

Em termos quantitativos genéricos, pode-se estimar que a ação antrópica já atingia, em


1985, 24,8% da área da região. Deste total, as pastagens ocupavam 16,6%, agricultura 7%, o
reflorestamento 0,9% e os usos diversos 0,3%.

Localizado em parte da região, o polígono das secas é um território reconhecido pela


legislação como sujeito a períodos críticos de prolongadas estiagens, com várias zonas
geográficas e diferentes índices de aridez. Situa-se majoritariamente na região Nordeste, porém
estende-se até o norte de Minas Gerais. A Bacia do são Francisco possui 58% da área do
polígono além de 270 de seus municípios ali inscritos.

O rio São Francisco tem, entre rios, riachos, ribeirões, córregos e veredas, 168 afluentes,
dos quais 99 são perenes e 69 são intermitentes. Os mais importantes formadores com regime
perene são os rios: Paracatu, Urucuia, Carinhanha, Corrente e Grande, pela margem esquerda, e

74
das Velhas, Jequitaí e Verde Grande, pela margem direita. Os afluentes, situados no polígono das
secas a jusante do Rio Grande (Bahia), são intermitentes, caracterizados por secarem nos
períodos de pouca pluviosidade e apresentarem grandes torrentes na época das chuvas.

De modo geral, a bacia do rio são Francisco apresenta:

• Conflitos de interesses na gestão, principalmente entre os maiores usuários,


aproveitamento setorial não integrado e restrições de uso dos recursos
hídricos, em alguns trechos;

• Conflitos entre demandas para usos consuntivos e qualidade inadequada das


águas.

A situação atual da bacia hidrográfica do rio são Francisco apresenta alguns trabalhos
principais, entre os quais:

1) Definir estratégia que solucione conflitos entre os diversos usuários –


abastecimento urbano, aproveitamento energético, irrigação, navegação,
piscicultura, dessedentação de animais, lançamento de esgotos, resíduos
industriais e de mineradoras, lazer e turismo em toda bacia;

2) Implementar sistemas de tratamento de esgotos domésticos e industriais;

3) Racionalizar o uso da água para irrigação no Médio e Sub-mèdio São


Francisco;

4) Estabelecer estratégias de prevenção de cheias e proteção de áreas inundáveis;

5) Definir programas para uso e manejo adequado dos solos;

6) Compatibilizar os usos na geração de energia com os demais.

O comitê encontra-se em pleno funcionamento e suas primeiras atividades foram


iniciadas em Maio/2003, com a realização de uma Oficina de Planejamento Estratégico,
organizada para subsidiar a estruturação e funcionamento do comitê. Ainda no mês de Maio,

75
deste ano, procedeu-se à eleição de sua diretoria e à realização da Primeira Reunião Ordinária do
Comitê.

III - Comitê das Sub-bacias Hidrográficas dos Rios Pomba e Muriaé

O Comitê das Sub-bacias Hidrográficas dos Rios Pomba e Muriaé localizadas nos estados
de Minas Gerais e Rio de Janeiro, foi instituído pelo Decreto de 5 de junho de 2001. A área de
atuação do Comitê das Sub-bacias Hidrográficas dos Rios Pomba e Muriaé, tributários do rio
Paraíba do Sul, localizadas nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, é definida pelos limites
geográficos das bacias hidrográficas dos rios Pomba e Muriaé, de domínio da União, delimitada
pelas áreas de drenagem com seus exutórios.

A bacia do rio Pomba possui uma área de drenagem de cerca de 8.700 km² e
aproximadamente 280 km de extensão, em sua maior parte, em território mineiro. Suas nascentes
encontram-se na Serra da Mantiqueira, no estado de Minas Gerais, banhando os municípios de
Leopoldina, Cataguases, Ubá e Santos Dumont; e no território fluminense, Santo Antônio de
Pádua, Miracema, Aperibé e Cambuci, antes de desaguar no rio Paraíba do Sul. Há 35
municípios mineiros participando da área de bacia, totalizando uma população de 485.215
habitantes e apenas 4 municípios em território fluminense, com uma população de 88.444. O
total de habitantes em toda a bacia é de 573.659 habitantes (IBGE, 1999).

O rio Muriaé é formado pela confluência dos ribeirões Samambaia e Bonsucesso, que
ocorre nas proximidades da cidade de Mirai, no estado de Minas Gerais. Percorre, de sua
nascente até a foz no Paraíba do Sul, do qual é o seu afluente da margem esquerda,
aproximadamente 300 km de extensão, drenando uma área de 8.230 km². Em seu percurso pelo
estado de Minas Gerais tem em suas margens cidades do porte de Mirai, Muriaé e Carangola.
Seu principal afluente neste estado é o rio Glória. No território fluminense seu principal afluente
é o rio Carangola que banha Natividade e Porciúncula, consideradas cidades de médio porte. A
cidade de maior porte às margens do rio Muriaé, neste estado, é Itaperuna. Na bacia do rio
Muriaé estão contidos 18 municípios mineiros, com uma população de 236.642 habitantes e 10
municípios pertencentes ao estado do Rio de Janeiro com uma população de 171.847 habitantes,
totalizando 408.489 habitantes em toda a bacia.

O processo de formação do comitê das sub-bacias hidrográficas dos rios Pomba e Muriaé
– CEHIPOM teve início em maio de 1999 com o encaminhamento de ofício ao Secretário de

76
Recursos Hídricos do MMA, Secretário Executivo do CNRH, com assinaturas de representantes
dos Governos Estaduais e Municipais de Minas Gerais e Rio de Janeiro, de ONG’s e empresários
usuários solicitando a inclusão, em pauta da reunião do CNRH de junho/99, da solicitação de
aprovação de criação do Comitê Pomba e Muriaé. Este documento foi organizado em conjunto
pelos consórcios Pomba e Muriaé. Em reunião ordinária do CEIVAP ocorrida em setembro/99
na cidade de Muriaé, solicitação de criação do Comitê Pomba e Muriaé foi aprovada por
aclamação pelos membros do CEIVAP, com defesa do Secretário de Meio Ambiente do Estado
do Rio de Janeiro e então presidente do CEIVAP. Após ofício enviado pelo CEIVAP
comunicando a aprovação da criação do comitê, a solicitação entrou em pauta na 3ª Reunião
Ordinária do CNRH, e foi o primeiro comitê federal aprovado pelo CNRH.

A aprovação da ata da 3ª Reunião Ordinária do CNRH, ocorrida em 31 de maio de 2000,


estando oficialmente aprovada a formação e instalação do Comitê Pomba e Muriaé. O Decreto
de criação do comitê do Pomba e Muriaé foi assinado pelo Presidente da República em
junho/2001, no dia comemorativo ao dia Mundial de Meio Ambiente, passando a existir
oficialmente como Comitê das Sub-bacias hidrográficas dos rios Pomba e Muriaé. Não foram
encaminhadas à Secretaria Executiva do CNRH informações complementares relativas ao
registro em Cartório, do Regimento Interno, dos nomes de todos os representantes que fazem
parte da composição do comitê e do relatório da situação atual do comitê, com suas realizações.

IV - Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce

Instituído por Decreto Presidencial, de 25 de janeiro de 2002, o Comitê da Bacia do Rio


Doce é o quarto comitê federal legalmente instituído. Em fevereiro de 2002 foi aprovado o Plano
de Trabalho, para instalação do comitê, com metodologia de mobilização social que se constitui
de momentos diferenciados de divulgação, de mobilização e, inclusive, de efetivação de
procedimentos eleitorais, de forma a garantir ampla participação e publicidade dos eventos, bem
como, a condução e transparência de todo o processo.

O Doce é um rio interestadual. São 875 quilômetros de extensão desde a nascente em


Minas Gerais, até chegar ao Atlântico, em terras capixabas. Mas, a par de sua importância sócio-
econômica, o Doce enfrenta um problema comum a outros rios brasileiros: é um canal receptor e
transportador de rejeitos, efluentes industriais e dejetos de praticamente todos os municípios
cortados pelo seu leito e por seus afluentes.Um outro problema sério que a Bacia Hidrográfica

77
enfrenta relaciona-se com a vulnerabilidade de municípios quando acometidos de catástrofes
naturais.

Enchentes sucedem-se ano após ano, causando perdas materiais e humanas. No outro lado
da moeda, a pouca disponibilidade hídrica no Médio rio Doce, agravada com estiagens mais
prolongadas, causa escassez de água para consumo humano, irrigação e trato do gado, com
grandes danos a economia regional. Nunca houve uma preocupação quanto à forma de ocupação
de terras ou utilização de rios e córregos. O assoreamento é crescente. A Bacia Hidrográfica do
rio Doce está localizada na região Sudeste do Brasil, com uma área de drenagem de 83.400 km²,
sendo 86% em Minas Gerais e 14% no estado do Espírito. Abrange 201municípios no estado de
Minas Gerais e 26 no estado do Espírito Santo. Limita-se ao Norte com Serra Negra e Serra dos
Aimorés, a Oeste com a Serra do Espinhaço, a Sudoeste e Sul com a Serra da Mantiqueira, a
Sudeste com a Serra do Caparaó e Leste com o Oceano Atlântico.

Nasce na Serra da Mantiqueira no município de Ressaquinha-MG, a 1.200 metros de


altitude do nível do mar e possui mais de 1000 km de extensão. Principais rios formadores:
Xopotó, Piranga e Carmo. Recebe o nome de rio Doce no encontro dos Rios Carmo com
Piranga, abaixo da cidade de Ponte Nova – MG. Devido a sua localização na faixa tropical do
hemisfério sul, a Bacia Hidrográfica do rio Doce caracteriza-se pela sua não uniformidade
climática em toda a sua extensão devido a fatores geográficos que influenciam as massas de ar
tropical atlântica e polar que atuam durante todo o ano e as correntes de oeste presentes no final
da primavera e verão, o que causam diferentes variações da temperatura média anual em suas
mínimas e máximas. Influência litorânea até Baixo Gandu-ES, temperaturas mais elevadas em
Aimorés-MG, Governador Valadares-MG e mais amenas no alto rio Doce, ficando em torno de
16 a 35º graus.

Para uma região que até a década de 1910, possuía matas com 25 metros de altura, mata
esta que assustava os viajantes estrangeiros, com seus índios Botocudos, que eram temidos,
assim com o início da construção da Ferrovia Vitória a Minas, hoje a Bacia Hidrográfica
apresenta alguns locais em acelerado processo de desertificação. Sua economia exploratória
baseada na extração da madeira, da mica, do ouro, dos minérios, das pedras preciosas e
principalmente nos desmatamentos predatórios para a expansão da lavoura e do gado, deixou a
Bacia Hidrográfica com poucos locais remanescentes da Mata Atlântica, que de difícil acesso ou
por transformação em unidade de conservação, se matem preservadas. A região do Baixo Rio

78
Doce ainda possui algumas reservas devido a cultura do Café e do Cacau que dependiam das
matas para desenvolvimento, o médio Rio Doce, somente possui algumas unidades de
conservação e estudos técnicos comprovam que está em acelerado processo de desertificação e o
Alto Rio Doce ainda apresenta boa cobertura de topo de morro, por motivos da geografia
acentuada do local.

Devido ao desflorestamento de suas cabeceiras, o assoreamento do rio tem aumentado


diminuindo a profundidade média do rio e conseqüentemente provocando enchentes e perda da
lâmina de água. Grandes bancos de areia e surgimento de ilhas comprovam este fato, assim como
o aumento da turbidez das águas que transportam os sólidos em suspensão. Lixos urbanos e
esgotos da cidade são jogados in natura no rio, causando sua degradação e perda de qualidade
das águas. Outro problema que tem assustado a população em geral é a rápida diminuição do
volume de águas, comprovando o secamento das nascentes.

Os representantes eleitos do comitê do Rio Doce vêm promovendo Encontros Regionais


reunindo usuários de água, organizações da sociedade civil e representante do poder público
municipal. O objetivo é informar sobre as legislações federal e estadual de recursos hídricos, o
processo de instalação do comitê e, principalmente, divulgar as normas e procedimentos para a
escolha dos seus futuros membros.

V - Comitê da Bacia Hidrográfica dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí

No ano de 2001 a Superintendência de Gestão de Recursos Hídricos – SGR, analisou e


encaminhou ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH o processo de criação do
comitê dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, abrangendo os Estados de Minas Gerais e São
Paulo. Após aprovação pelo CNRH da criação do Comitê das Bacias dos rios Piracicaba,
Capivari e Jundiaí, abrangendo os Estados de Minas Gerais e São Paulo, em 2001, este comitê
foi criado por Decreto em 20 de maio de 2002 e teve sua Diretoria Provisória nomeada pela
Portaria do Presidente do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, sob o nº 6 publicada em 3 de
julho de 2002.

Sua área é definida pelos limites geográficos da bacia hidrográfica do rio Piracicaba, de
domínio da União, e dos rios Capivari e Jundiaí, de domínio do Estado de São Paulo, delimitada
pelas áreas de drenagem com seus exutórios. A bacia conjunta dos Rios Piracicaba, Capivari e
Jundiaí, estes últimos afluentes do Médio Tietê, com bacias que se desenvolvem paralelamente

79
no sentido leste/oeste, estende-se por 14.042,64 km², em território paulista, sendo 11.313,31 km²
correspondentes à Bacia do Rio Piracicaba,1.611,68 km² correspondentes à Bacia do Rio
Capivari e 1.117,65 km² correspondentes à Bacia do Rio Jundiaí..Acrescidos os 1.189 km² às
nascentes dos rios Jaguari e Camanducaia em território mineiro, a área de intervenção do comitê
federal é de 15.231 km².A área de atuação do comitê federal contém a área de atuação do Comitê
das Bacias Hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí – CBHPCJ, estadual, criado em
18 de novembro de 1993, conforme previsto na Lei Estadual nº 7.663/91. Ao todo são 75
municípios na bacia, sendo 70 paulistas e 5 mineiros.

A área de abrangência do comitê federal apresenta condições peculiares, que se


configuram em verdadeiros desafios à gestão dos recursos hídricos: as nascentes do rio Jaguari,
que após receber o rio Atibaia em território paulista passa a chamar-se Piracicaba, localizam-se
nos territórios municipais de Camanducaia, Extrema, Itapeva, Toledo e Sapucaí-Mirim em Minas
Gerais.Alguns quilômetros abaixo da referida confluência, já em território paulista, o rio Jaguari
é represado e compõe o chamado sistema “Cantareira”, construído para permitir a reversão de
água para a bacia do Alto Tietê, com reforço ao abastecimento da região Metropolitana de São
Paulo(RMSP) em aproximadamente 31m³/s. Desse montante, o rio Jaguari, ao entrar no estado
de São Paulo, concorre com aproximadamente 16m³/s.

Além disso, considerando-se a população dos 70 municípios que possuem território na


bacia,tem-se uma população de 4.887.453 habitantes no estado de São Paulo, e 57.794 habitantes
em Minas Gerais.Contabilizando-se somente os municípios com sede na bacia, tem-se uma
população de 4.322.073 habitantes na parte paulista e 52.339 habitantes na parte mineira.
Somente 1,2% da população reside nas cabeceiras do rio Jaguari/Camanducaia, em território
mineiro, mas em virtude do grau de preservação e ocupação da região que permite a oferta de
água em boas condições para os usuários a jusante, essa pequena participação relativa em termos
populacionais ganha relevância diante das condições de produção de água. Adicionando-se ao
grande contingente populacional em território paulista – com a grande maioria dos municípios
sem tratar seus esgotos – o grande número de indústrias dos ramos de papel e celulose,
alimentício, têxtil, couros, metalúrgico, químico, petroquímico e sucroalcooleiro, tem-se que os
corpos d’água apresentam-se em desconformidade com os seus enquadramentos nas diversas
classes.

80
O processo de instalação do comitê federal em área alta complexidade está sendo
conduzido pela ANA a partir da interlocução com representantes do comitê PCJ, estadual; com
representantes do Consórcio Intermunicipal das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba,
Capivari e Jundiaí; com representantes da indústria, comércio e sociedade civil. Os resultados
obtidos até o momento retratam o esforço de integração entre os diferentes segmentos de
usuários. Foram realizadas diversas reuniões: Extrema/MG, Jundiaí, Americana, Limeira e
seminários abertos ao público Rio Claro, Itatiba, Monte Verde/MG e Indaiatuba, ocasião em que
foram sendo discutidas a sistemática do processo eleitoral, a minuta do regimento do comitê, sua
composição, a sistemática de realização do pleito em março de 2003, a cobrança pelo uso da
água e as perspectivas advindas da aplicação dos recursos na própria bacia.

A partir da eleição dos membros do comitê estadual, será elaborada a Agenda do Comitê
Federal em consonância com a Agenda do Comitê Estadual, estando prevista a composição dos
dois Comitês com representantes comuns, visando maximizar os benefícios de uma gestão
integrada entre União e Estado. A diretoria provisória teve seu mandato prorrogado até
Setembro/2003, tendo sido acatado pelo Conselho Nacional em sua IX Reunião Extraordinária.

VI - Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba

O Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) aprovou no dia 24 de maio de 2002


a criação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba- COBARIPA. O comitê foi
instituído pelo Decreto de 16 de Julho de 2002 e publicado no Diário Oficial de 17 de Julho de
2002, com a função de definir as ações de gerenciamento das águas na região. A iniciativa ganha
importância devido aos problemas existentes na bacia. Com aproximadamente 1.160 quilômetros
de extensão, sendo que aproximadamente 680 km estão na divisa de Minas Gerais como os
estados de Goiás e Mato Grosso do Sul, o Rio Paranaíba sofre com a poluição causada pela
mineração de ouro, com a perfuração de poços artesianos nos arredores de nascentes e com a
escassez de água, que inviabiliza os usos múltiplos. A bacia do rio Paranaíba é considerada a
terceira maior do País, com uma área de 222 mil quilômetros quadrados. Inferior em área apenas
para a Amazônica e a do São Francisco. A área abrange 196 municípios, sendo 136 em Goiás
(65%), 55 em Minas Gerais (30%), quatro em Mato Grosso do Sul (2%) e o Distrito Federal
(3%).

81
Na totalidade dos municípios da bacia, residem aproximadamente sete milhões de
habitantes. Os rios Paraná e Paraguai formam a Bacia do rio do Prata, área de importância
estratégica para integração do Mercosul. Esta bacia apresenta deficiência de informação, quase
não há produção científica, indicativos estatísticos, planejamento ou manejo integrado da Bacia
como um todo. Só agora, através da iniciativa dos municípios e apoio do Governo Federal, a
Bacia, os rios, os vários usos da água e o planejamento estratégico para toda a região começam a
ser debatidos. É importante frisar que os principais mananciais de abastecimento do Distrito
Federal estão localizados nos rios Descoberto e previsto no rio São Bartolomeu, tributários
indiretos do rio Paranaíba.

Os principais usos da água identificados na bacia referem-se à geração de energia elétrica,


ao abastecimento público em Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal, à irrigação, ao turismo, ao
lazer e aos usos industriais, principalmente para produção de óleos vegetais e para utilização em
usinas de álcool. Para se ter idéia da importância do rio para a geração de energia elétrica, cerca
de 70% da energia consumida em Minas Gerais é garantida pelas águas do Paranaíba. O rio
Paranaíba possui quatro represas de grande porte em seu curso, sendo elas, de montante para
jusante:

ƒ Represa de Emborcação: localizada na divisa dos estados de Minas Gerais


e Goiás, com nível de água a 660,35m.

ƒ Represa de Itumbiara: também situada na divisa dos estados de Minas


Gerais e Goiás, com nível de água a 520 m.

ƒ Represa de Cachoeira Dourada: limitando os mesmos estados citados


anteriormente; seu nível de água atinge a 430 m. É a menor das quatro
barragens.

ƒ Represa de São Simão: trata-se da última da represa no rio Paranaíba, com


nível d’água igual a 401m.

Além das quatro represas citadas, após o eixo de São Simão, para jusante da confluência
do rio Paranaíba com o rio Verde, tem início o reservatório da usina de Ilha Solteira, cujo
barramento localiza-se no rio Paraná.

82
Com uma região de nascentes localizadas num planalto, o rio Paranaíba apresenta áreas
mais acidentadas nas encostas, passando, posteriormente, por uma área relativamente plana,
cerca de 120 km, até atingir as proximidades do município de Patos de Minas.

A partir de 1997, iniciaram-se os trabalhos de sensibilização e esclarecimento da


sociedade sobre os reais problemas que a Bacia do Rio Paranaíba começava a enfrentar. Foram
realizadas nove reuniões em municípios pólos, envolvendo centenas de pessoas nos estados de
Goiás e Minas Gerais conforme relação a seguir:

ƒ Minas Gerais: Araguari, Rio Paraíba, Coromandel e Patos de Minas.

ƒ Goiás: Goiatuba, Valparaíso, Rio Verde, Morrinhos e Três Ranchos.

Simultaneamente e com o apoio da SRH/MMA, foram também iniciados os estudos para


a elaboração do Plano de Bacia. Durante o cumprimento das diversas etapas de elaboração do
Plano de Bacias, foram realizadas também audiências públicas, juntamente com o processo de
mobilização desencadeado em 1997. Quando da mobilização, os organizadores houveram por
bem, em 23/08/97, na cidade de Goiatuba – Go, criar um Comitê Provisório da Bacia, que
recebeu o nome de COBARIPA, o qual a partir daquela data passou a liderar todo o processo.

Diante deste cenário de problemas que ensejou o desencadeamento de toda a mobilização


e educação ambiental, a criação do Comitê Provisório e o início da elaboração de estudos para
consolidar o Plano de Bacias, pode-se afirmar que a criação do comitê da bacia do rio Paranaíba
vem ao encontro dos anseios da sociedade dos estados de GO, MS, MG e DF. O comitê do
Paranaíba é o sexto criado em bacias de águas de rios de domínio da União.

A instalação do Comitê se deu via Decreto nº 16/07/2002 e teve sua publicação no Diário
Oficial da União em 17/07/2002.

Encontros Nacionais de Comitês de Bacias Hidrográficas

Foram realizados 4 (quatro) Encontros Nacionais de Comitês de Bacias Hidrográficas. O


I Encontro ocorreu na cidade de Ribeirão Preto/SP no período de 25 a 27 de outubro de 1999.
Teve como objetivos debater a proposta do Projeto de Lei sobre a criação da Agência Nacional
de Águas e trocar experiências sobre os Comitês de Bacia de todo o Brasil em torno de 3 eixos:
sistema de informações, outorga, licença ambiental e Plano de Bacia. O evento contou com a

83
participação de 307 pessoas de 13 estados brasileiros, representando os segmentos estadual,
municipal, federal e organizações da sociedade civil. Além desses eixos, foram discutidos outros
aspectos envolvendo os Comitês de Bacias: i) os estados colocaram as dificuldades de obterem
recursos, para implantação e manutenção dos Comitês de Bacias. Este Fórum recomendou que as
leis estaduais deveriam prever sempre esta questão;ii) a partir das dificuldades colocadas por
alguns Estados, foi recomendado que na implantação do Sistema de Gestão, foi recomendado,
que se intensifique o intercâmbio e o auxílio mútuo, através do Fórum Nacional dos comitês, no
sentido de trocarem e repassarem experiências; iii) foi levantada também, preocupação com
possíveis disputas entre os estados a partir de diferentes políticas de gestão da água e meio
ambiente, que possam resultar na transferência de empreendimentos ou investimentos, de um
estado para outro (por exemplo, quando houver diferenciação nos critérios de outorga e tarifação
de determinados usos, que possam estimular o usuário a transferir seu empreendimento). Como
conclusão, o I Fórum recomendou que o Ministério do Meio Ambiente convidasse os
representantes dos estados, a participarem da discussão para a regulamentação da Outorga e
fiscalização das águas de domínio da União efetivamente, em reuniões específicas para esse fim.

O II Encontro Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas ocorreu nos dias 25 a 28 de


junho de 2000, na cidade de Fortaleza/CE, onde estiveram presentes 450 pessoas representando
diversos Comitês, Consórcios e Organismos de Bacias de quase a totalidade dos Estados do País.
O foco maior do encontro foi a manutenção e fortalecimento do fórum nacional como elemento
importante na mobilização nacional dos órgãos e colegiados ligados aos Recursos Hídricos e
Meio Ambiente, trocar experiências e colocar diversos casos práticos sobre a formação de
comitês de Bacias, no Brasil. Dentre outros aspectos relevantes, o II Fórum apresentou as
seguintes considerações:

1. No tocante ao projeto de Lei 1617/99, que criou a ANA, traz em seu bojo diversos
conflitos e dúvidas no que tange a sintonia das ações desse organismo, dentro do
contido na lei 9.433, no relacionamento com a Secretaria de Recursos
Hídricos/MMA;

2. Com referência à Carta de Ribeirão Preto, decorrente do I Encontro o Fórum, em


sua avaliação, considerou que apesar dos esforços despendidos, não viu
contemplado no projeto da ANA, as proposições apresentadas por este colegiado
de Comitês de Bacias;

84
3. Para que se possa sensibilizar de fato, o Presidente da República, o Senado, a
Câmara Federal, os Órgãos de governo, este Fórum precisa ser melhor articulado,
com um canal de comunicação mais dinâmico e se não um órgão
institucionalmente organizado, com estatuto, que busque esta postura como órgão
de influência política, social e de representação de um segmento nacional que seja
forte, que funcione nos encontros e entre eles, sob pena de não ter reconhecimento
nas esferas do governo.

O III Encontro Nacional dos Comitês de Bacias Hidrográficas, denominado por


aclamação da Plenária Final “Eng° Flávio Terra Barth”, ocorreu na cidade de Belo Horizonte, no
período de 17 a 21 de junho de 2001. Considerado um importante mecanismo do processo de
gestão, foram levantados pela Sociedade Civil durante o III Fórum diversos pontos:

¾ Custeio das despesas básicas para efetiva participação da Sociedade Civil na


gestão das águas e de eventos promovidos na área;

¾ Melhoria no próximo Fórum Nacional dos Comitês de Bacias para além da


troca de informações, espaços para Fóruns de segmentos participantes da
Gestão das Águas, atividades culturais locais, entrega da relação dos
participantes do Fórum, efetivação de membros do Fórum da Sociedade Civil
na coordenação do Fórum dos Comitês de Bacias e uma melhor divulgação e
possibilidades de participação do segmento civil e usuários no Fórum;

¾ Recursos de financiamento para o funcionamento dos Comitês de Bacias;

¾ Criação do Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias


Hidrográficas, uma agenda de atividades anual e da rede civil de comunicação
eletrônica.;

¾ Prioridade para que os organismos de gestão das águas realizem obras de


preservação e recuperação da biodiversidade ambiental das bacias
hidrográficas; com proteção das nascentes dos cursos d’água, matas, fauna,
etc;

¾ Valorização e incentivos ao produtor rural como agente fundamental de


preservação ambiental da água;
85
¾ Compatibilização das leis das águas federais e estaduais para a melhoria no
processo de gestão;

¾ Urgência na ação de preservação dos ecossistemas naturais na gestão das


águas,

¾ Respeito e direitos iguais dos segmentos participantes dos comitês de bacias


hidrográficas;

¾ Debates em audiências públicas sobre a privatização dos serviços de


saneamento.

O IV Encontro Nacional dos Comitês de Bacias Hidrográficas foi realizado em Santa


Catarina, no Balneário Camboriú no período de 19 a 23 de maio de 2002. Alguns
questionamentos foram levantados no plenário:

¾ Houve manifestação quanto à falta de concretização dos planos de recursos


hídricos. Foi mencionado, a título de exemplo, o caso do Plano Emergencial
dos Mananciais da Grande São Paulo, que até o momento não se concretizou.
Posteriormente, foi elaborado o Plano da Billings, aprovado há 5 anos e
engavetado, tendo sido gastos R$ 5 milhões.

¾ Os técnicos formados pelas universidades públicas são pouco solidários com


as comunidades das bacias.

¾ Manifestação contrária aos Programas de Educação Ambiental elaborados em


gabinete, sem o envolvimento da sociedade.

¾ A população não conhece a figura do Comitê de Bacia, pois não há divulgação


sobre a sua importância e o seu papel na gestão das águas.

¾ As informações para a elaboração dos Planos, quando disponíveis, são pobres,


desarticuladas e desatualizadas. Foi destacado o fato de que o IBGE não
disponibiliza as informações da forma que interessa à gestão de recursos
hídricos.

86
¾ Solicitação de informação sobre como se dará a compatibilização dos comitês
de rios estaduais com os de rios federais.

A avaliação técnica dos 4 Encontros Nacionais concluiu que a implantação do Sistema


Nacional de Recursos Hídricos é cara, isto porque os recursos financeiros necessários para
formação dos comitês, implantação do sistema de informação, sistema de cobrança e a
montagem e operação de um sistema de outorga são extremamente elevados. A implantação do
sistema nos moldes da Lei 9.433 só se justifica nas bacias onde os benefícios dessa implantação
supere muito os custos de implementação. O que se discutiu nesses eventos, é que temos um
sistema ainda incompleto, isto porque ainda não foram criadas as Agências de bacia e a sua
inexistência é um grande obstáculo dentro do sistema. A cobrança pelo uso da água neste
primeiro momento talvez fosse suficiente para a criação e a manutenção de um quadro técnico
qualificado que pudesse apoiar o comitê, dando-lhe uma grande contribuição, conforme
avaliação dos participantes desses fóruns.

Outra conclusão dos integrantes desses fóruns é a necessidade de revisão da Resolução nº


5, isto porque o caminho legal é o mesmo na formação de comitês, não importando o número de
municípios e nem a extensão do rio. A documentação para se criar um comitê da dimensão do rio
São Francisco, que integra 503 municípios é a mesma para um comitê como o da bacia do rio
Mucuri (Minas Gerais e Bahia), que tem somente 17 municípios. O excesso de burocracia está
prejudicando o andamento dos processos e há grupos que aguardam há mais de um ano para
constituição do seu comitê.

Este capítulo mostrou os comitês de bacias hidrográficas com destaque aos comitês de
rios federais abordando também os quatro encontros nacionais de comitês de bacias
hidrográficas.

O Capítulo 5 se dedicará a apresentar a gestão das águas em Minas Gerais e dará ênfase
à formação dos comitês no estado de Minas Gerais, onde descreveremos todos os comitês já
constituídos e instalados. Neste Capítulo também abordaremos os principais problemas
enfrentados na formação dos comitês e no seu funcionamento e uma análise crítica da
estruturação e desempenho dos comitês.

87
5. A GESTÃO DAS ÁGUAS EM MINAS GERAIS

O estado de Minas Gerais possui uma superfície aproximada de 588.383,6 km2, com uma
população de mais de 16 milhões de habitantes. Equivalente a 6,9 % da área total do País e
engloba dezessete bacias hidrográficas, correspondentes às nascentes de alguns dos principais
rios federais. Situado a noroeste da região sudeste, tem como limites a Bahia(NE); Espírito Santo
(L); Rio de Janeiro (S e SE); São Paulo (S e SO); Mato Grosso do Sul (O); Goiás (O e NO)
conforme (Figura 5.1).

BA
GO

ES
MS
N
SP RJ
0 50 100 km

Figura 5.1 - Mapa das Bacias Hidrográficas do estado de Minas Gerais


Fonte: Instituto Mineiro de Gestão das Águas (2001)

88
O desbravamento da região teve início no século 16, por bandeirantes que buscavam ouro
e pedras preciosas. Em 1693, as primeiras descobertas importantes de ouro provocaram uma
corrida cheia de incidentes, sendo o mais grave a Guerra dos Emboabas (1707-10). Em 1709, foi
criada a Capitania de são Paulo e Minas de Ouro, que, em 1720, foi desmembrada em são Paulo
e Minas Gerais. Na primeira metade do século 18, a região tornou-se o centro econômico da
colônia, com rápido povoamento. No entanto, a produção aurífera começou a cair por volta de
1750, o que levou Portugal a buscar meios para aumentar a arrecadação de impostos, provocando
a revolta popular, que culminou na Inconfidência Mineira, em 1789. Em 1833, o
descontentamento com a regência provocou o Movimento Restaurador; já em 1842, os mineiros
uniram-se à Revolução Liberal. Em 1927, foi o primeiro Estado a instituir o voto secreto. No
século 20, Minas Gerais se firmou como uma das grandes forças políticas e econômicas do país.

A capital é Belo Horizonte e compreende 756 municípios. As cidades mais importantes


são: Belo Horizonte, Contagem, Juiz de Fora, Uberlândia, Montes Claros, Governador Valadares
e Uberaba. Minas Gerais é o Estado mais elevado do País, com 57% das terras acima dos 600
metros de altitude (serras da Mantiqueira e do Espinhaço), São Francisco, Jequitinhonha, Doce,
Grande, Paranaíba, Mucuri e Pardo são os rios principais. A economia se baseia na indústria
(têxtil, confecções, metalúrgica, material elétrico, construção civil, mineração, siderúrgica,
transformação de minerais não-metálicos, agroindústria), na pecuária e na agricultura.

A expansão das atividades agropecuárias, produção de matérias-primas e insumos de


origem vegetal, expansão urbana, infra-estrutura e produção mineral alteraram
significativamente a cobertura vegetal original e provocaram a degradação do solo e dos recursos
hídricos em grande parte do Estado.

Outro fator relevante que tem resultado em significativos impactos ambientais é a forte
dependência do setor industrial mineiro em relação à biomassa florestal. A predominância de
atividades siderúrgicas, cimenteiras, de calcinação, de cerâmica, de alimentos e de bebidas,
tradicionais consumidoras de lenha e carvão vegetal, resultou em grande desmatamento e perda
de habitats.

Na década de 70, a concessão de incentivos fiscais federais para o reflorestamento


estimulou a formação dos grandes maciços florestais plantados, parte deles destinada ao
suprimento do setor siderúrgico. Entretanto, a grande oferta de material lenhoso, os baixos custos
de extração, a inexistência de legislação adequada e a fragilidade dos sistemas de controle
89
permitiram que a utilização dos recursos nativos quase atingisse o limite da exaustão. O
esgotamento das reservas da Mata Atlântica do Vale do Rio Doce fez com que o desmatamento
avançasse sobre outras áreas de mata, principalmente dos vales dos rios Mucuri e Jequitinhonha,
e sobre áreas do Cerrado.

A despeito dos avanços na legislação ambiental mineira, o estado continua sofrendo


grandes transformações em seus ecossistemas, em função de um modelo que não prioriza as
questões ambientais. Dados levantados pela Fundação SOS Mata Atlântica demonstram que a
área originalmente coberta pela Mata Atlântica encontra-se reduzida a cerca de 4%, tendo sido
verificado um desmatamento em torno de 89.000 ha somente no período de 1990 a 1995.

A avaliação do mapa de cobertura vegetal realizada pelo IEF (1994) demonstra que a
situação do bioma Cerrado, também é crítica, assim como a situação da Caatinga e dos Campos
Rupestres mineiros.

Embora tenham sido criadas inúmeras Unidades de Conservação-UC estaduais de


proteção integral após 1996, duplicando-se a superfície protegida por Ucs dessa natureza, a
pressão antrópica sobre os biomas do Estado ainda responde por uma perda significativa da
biodiversidade.

O estado se caracteriza por uma grande diversidade cultural e ambiental, apresentando


desde regiões com expressivo potencial hídrico, até áreas nas quais a escassez de água, tanto sob
o aspecto da quantidade quanto da qualidade, vem acarretando significativos conflitos de uso. É
o caso do semi-árido mineiro, denominado Região Mineira do Nordeste, que engloba 83
municípios, em uma área de 174.605 km2 (FJP, 1999), correspondente a cerca de 29,8% da área
do Estado de Minas Gerais. Essa região, apresenta condições climáticas adversas e é
tradicionalmente deprimida sob o aspecto social e econômico, com uma significativa parcela de
população de baixa renda, fornecedora de mão-de-obra para outras áreas. Nesse aspecto, vale
destacar o valor do IDH de 0,458 para a região, bem inferior ao do Brasil, igual a 0,742, segundo
informações obtidas na Fundação João Pinheiro (FJP,1999). A porcentagem de pessoas com
renda insuficiente na região é de 79%, sendo 62% os valores registrados para Minas Gerais e
45% para o País.

90
A capacidade de geração de energia elétrica no estado é de 11.031.259 KW, dos quais
20,3% correspondem à energia hidrelétrica, respondendo por cerca de 19,3% do total de energia
hidrelétrica produzida, no país (Fundação João Pinheiro, 1998).

A par do uso energético, os recursos hídricos são demandados, simultaneamente, para


abastecimento humano, saneamento básico, irrigação, dessedentação de animais, recepção e
diluição de resíduos, lazer e turismo. A necessidade de compatibilização desses usos múltiplos e
de instituição de um gerenciamento descentralizado dos recursos hídricos, privilegiando a gestão
local, resultaram nos instrumentos jurídicos relacionados aos recursos hídricos já mencionados.

Nos últimos anos, o estado de Minas Gerais publicou uma série de novos instrumentos
para a conservação ambiental, a exemplo da lei que redefiniu a distribuição da cota-parte do
ICMS, incluindo a variável ambiental (Lei 12.040/95, Lei 12.428/96, Lei 12.581/97, Decreto
37.713/95, Resolução SEMAD 002/95, 003/96 e 004/96).

Outros mecanismos importantes para a conservação da biodiversidade estão sendo


implementados, como a criação das Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPNs –
estaduais.

Os múltiplos usos da água nos setores industrial, agropecuário e como fonte de geração
de energia, entre outras atividades, exigem um permanente monitoramento desse indispensável
recurso da natureza. Neste contexto, Minas Gerais ocupa um lugar de destaque. Além das
riquezas minerais existentes em seu subsolo e do potencial de suas terras para o desenvolvimento
da agropecuária, Minas dispõe de grandes mananciais. As terras das alterosas são conhecidas
como “caixa d’água do Brasil”, isto porque aqui se encontram as principais bacias hidrográficas
que abastecem de água e energia elétrica o nosso País. O volume de água que Minas Gerais que
escoam anualmente para outros estados é de cerca de 160 bilhões de metros cúbicos, recebendo
de outros estados no mesmo período, um total de apenas 1,57 bilhão de metros cúbicos, o que
representa uma cifra 100 vezes menor que o valor de sua contribuição.

Dessa riqueza hídrica que originá-se no estado de Minas Gerais dependem diretamente
diversos ecossistemas nos estados da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás,
Mato Grosso do Sul. Para ressaltar a importância de Minas Gerais no cenário das águas
nacionais, basta dizer que seu território contribui com 80% da vazão total do rio São Francisco,
na terça parte da bacia deste rio, compreendida entre as suas nascentes e a divisa com a Bahia.

91
Além disso, as bacias Paranaíba e Grande, formadoras do rio Paraná, levam águas de Minas
Gerais à Argentina e o Uruguai, na bacia do Prata. A utilização da água vem crescendo em ritmo
acelerado e, alguns casos, além da capacidade dos mananciais. Para agravar este quadro, somam-
se o desperdício e a contaminação dos mananciais pelos esgotos urbanos, resíduos industriais e
defensivos agrícolas.

Esta preocupação resultou na elaboração da Lei nº 11.504, que estabelece a política de


recursos hídricos, sancionada em 20 de junho de 1994 e reeditada em 29 de janeiro de 1999 pela
Lei nº 13.199, para promover os ajustes necessários, seguindo orientações do governo federal
contidas na lei 9.433/97.

O estado de Minas Gerais apresenta uma tradição de política ambiental aprimorada ao longo
das últimas décadas. O interesse e a preocupação com o uso racional das águas em Minas Gerais
surgiu em 1979, ano da criação do Comitê Estadual de Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas –
CEEIBH-MG, que deve ser considerado como o marco de um processo que evoluiu e culminou
com o embasamento legal existente hoje no estado.

Em 1993, foi realizado o Seminário Legislativo “Águas de Minas” que propiciou uma ampla
discussão da sociedade sobre temas relativos à gestão de recursos hídricos, resultando na
promulgação da primeira lei sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, Lei 11.504, de
20/06/94. Esta lei já estabelecia o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos de
Minas Gerais.

A Lei 11.504/94 passou por um processo de adequação, resultando na Lei 13.199,


sancionada em janeiro/99. Neste processo de adequação, a nova lei estadual ampliou as
competências dos Comitês de Bacia; foi contemplada a participação de novos organismos de bacia
como consórcios intermunicipais e associações de usuários reconhecidos pelo Conselho Estadual de
Recursos Hídricos-CERH e foram acrescentados instrumentos fundamentais de gestão de recursos
hídricos como os Planos Diretores, o Enquadramento dos Corpos de Água em Classes e o Sistema
Estadual de Informações.

Fica evidente que o estado possui tantos instrumentos legais, constantemente revistos e
atualizados, como um aparato institucional que integra o Sistema Estadual de Meio Ambiente-
SISEMA e o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SEGRH). Esses dois
sistemas têm proporcionado os elementos básicos para a colocação em prática de uma política

92
estadual de águas. O funcionamento do Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM)
desde 1977 ampliou e consolidou a formulação da política ambiental do estado, não se limitando
à atuação dos órgãos oficiais, mas com a participação de diversos segmentos da sociedade. O
SEGRH, por sua vez, está sendo construído de forma participativa, também com a atuação de
vários setores da sociedade, entretanto, o processo está lento, o que faz dele ainda um sistema
frágil.

O Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento das Bacias Hidrográficas do


Estado de Minas Gerais (FHIDRO) criado pela Lei 13.194/99, com o objetivo de dar suporte
financeiro a programas e projetos que promovam a racionalização do uso e a melhoria, nos
aspectos quantitativo e qualitativo dos recursos hídricos estaduais. O Instituto Mineiro de Gestão
das Águas – IGAM é o órgão responsável pelo planejamento e administração de todas as ações
direcionadas à preservação da quantidade e da qualidade dos recursos hídricos em Minas Gerais.
O IGAM tem por objetivo alavancar a implementação do SEGRH incentivando a criação de
Comitês de Bacia Hidrográfica em regiões do estado onde já existiam conflitos ou algum
problema relacionado ao uso da água. O IGAM resultou da transferência do Departamento de
Recursos Hídricos, vinculado à Secretaria Estadual de Minas e Energia, para a Secretaria
Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD, inaugurando uma
mudança política que desatrela a gestão da água do setor energético e a vincula à problemática
ambiental.

Cabe à SEMAD formular e coordenar a política estadual de proteção e conservação do


meio ambiente e de gerenciamento dos recursos hídricos e articular as políticas de gestão dos
recursos ambientais, visando ao desenvolvimento sustentável no Estado de Minas Gerais. A
SEMAD compõe o sistema Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável –
SISEMA de forma integrada com os órgãos vinculados, Instituto Mineiro de Gestão das Águas-
IGAM, Fundação Estadual de Meio Ambiente-FEAM, Instituto Estadual de Florestas-IEF e dos
Conselhos de Política Ambiental-COPAM e de Política de Recursos Hídricos-CERH (Figura
5.2).

93
Figura 5.2 - Organograma da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável.
Fonte: SENAD/Governo de Minas Gerais (2001)

O Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH) é o órgão máximo deliberativo do


SEGRH, criado em 1998. Embora ainda tímido já tem deliberado questões importantes para a
estruturação da política das águas em Minas Gerais, como a solicitação ao IGAM para elaborar
um estudo que orientasse a criação dos Comitês de Bacia. Cabe ressaltar que este estudo se
mostrou bastante operacional e vem sendo bem aceito pelas diversas regiões do estado.

O estado de Minas Gerais avançou muito na elaboração dos Planos Diretores de Recursos
Hídricos. Algumas bacias já possuem seus Planos Diretores concluídos, outras estão com os
planos diretores quase totalmente finalizados. A elaboração dos Planos Diretores dos rios Pardo e
Jequitinhonha se deu em período anterior à lei 9.433/97, não seguindo as orientações
estabelecidas na lei federal, que estabelece o conteúdo mínimo que deverá conter os Planos
Diretores e a Resolução nº 17, de 29/05/01, que dispõe sobre as normas para elaboração dos
Planos. Os Planos Diretores elaborados no estado de Minas são: Paracatu, Jequitinhonha e Pardo
concluído integralmente, Paranaíba com apenas 30% executado, Baixo Grande e Afluentes do
São Francisco com cerca de 90% executados e Bacias do Leste com 80% do plano elaborado. A
94
Figura 5.3 mostra o Estágio atual em que se encontram os planos diretores já iniciados no estado
de Minas Gerais, indicando os percentuais de sua elaboração.

Figura 5.3 - Mapa do estágio atual dos Planos Diretores no estado de Minas Gerais
Fonte: Instituto Mineiro de Gestão das Águas (2000)

As restrições ao desenvolvimento decorrente da degradação resultante dessa pressão e as


potencialidades ambientais em cada uma das bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais
impulsionaram a mobilização dos diversos segmentos sociais, na busca de um modelo de
planejamento que favorecesse a criação de fóruns onde os principais atores de uma região
pudessem participar de forma efetiva no processo de gestão de seus recursos hídricos. Uma das
conseqüências dessa mobilização foi a criação das legislações específicas, que se fundamentam
na gestão participativa e descentralizada. Isso tem motivado a sociedade a se organizar para uma
participação efetiva nas instâncias colegiadas previstas nos textos legais, existindo no estado de
Minas uma demanda crescente para a criação de comitês de bacias hidrográficas em diversas
regiões.
95
Para orientar o processo de planejamento de criação dos comitês, o estado foi organizado
em 34 Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos-UPGRH, (Figura 5.4) que
correspondem a unidades físico - territoriais, identificadas dentro das bacias hidrográficas,
apresentando uma identidade regional sintetizada por características físicas, sócio-culturais,
econômicas, políticas e ecológicas, e que passaram a reordenar e orientar, a partir de então, a
formação dos Comitês de Bacia Hidrográfica e a gestão das águas.

0 50 100 km

Figura 5.4 – Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos – UPGRH


Fonte: Instituto Mineiro de Gestão das Águas (2000)

Já existem em torno de 10 regiões correspondentes a estas Unidades se mobilizando para


a formação de novos comitês sinalizando, assim, uma demanda crescente do interesse da
sociedade em se organizar, para participar do gerenciamento das águas. A mobilização da
população está surgindo não só devido aos problemas relativos ao uso da água e à própria
evolução do Sistema Estadual de Gerenciamento, com todas suas possibilidades, mas também
pela movimentação gerada a partir da I Conferência Águas de Minas, realizada em Belo
Horizonte, em março de 2000.

96
Por meio de 31 pré-conferências nas áreas definidas como Unidades de Planejamento, das
quais participaram milhares de pessoas, de diferentes setores da sociedade, a conferência, além
de divulgar a Política Estadual de Recursos Hídricos e delimitar suas principais diretrizes,
sensibilizou e mobilizou a população do Estado, colocando o tema água como assunto em
evidência na política estadual. Entretanto, gerou uma demanda para a qual o IGAM não estava
totalmente estruturado.

O apoio aos comitês tem se concretizado com um projeto elaborado em 1999 e financiado
pelo Proágua – Programa do Ministério do Meio Ambiente financiado pelo Banco Mundial – que
tem como objetivo dar subsídios, através de apoio técnico e administrativo, aos comitês. O
projeto “Estruturação e Assessoria Técnica e Administrativa de Apoio aos Comitês de Bacia
Hidrográfica”, é o que de concreto surgiu como forma alternativa de fortalecimento institucional
dos Comitês de Bacia, com apoio da ANA.

Essa proposta surgiu a partir de uma avaliação crítica sobre a necessidade de apoiar essas
organizações já que enfrentam problemas, principalmente pela falta da regulamentação das leis,
que impossibilita a implantação da cobrança e a instituição das Agências. A consolidação de
planos de ações para as bacias, que deverão ser realizados de forma bem interativa com os
comitês e ainda observando todos os estudos já realizados naquelas regiões é uma das metas a ser
atingida pelo projeto. Este projeto vem atendendo os Comitês de Bacia Hidrográfica dos rios
Araguari, Mogi-Guaçu/Pardo, Sapucaí e Verde.

A participação da sociedade nesse processo tem variado muito. Um dos fatores


preponderantes é o nível de organização já existente na região, isto é, o capital social7 acumulado
pelos atores locais, principalmente no que toca a questões ambientais. É evidente, por exemplo,
que naquelas regiões cujos municípios possuem Conselhos Municipais de Desenvolvimento do
Meio Ambiente (CODEMAS), estes têm se mostrado um fator que impulsiona os comitês. Por
outro lado, a forma como os problemas relacionados com a qualidade das águas, como alta
poluição industrial e de esgotos domésticos, assim como as questões relativas à quantidade de
água, como secas ou mesmo enchentes, são percebidas pela população local também têm

7
O conceito de ‘capital social’ foi desenvolvido por Robert Putnam (1996) para explicar as diferenças no
desenvolvimento regional, considerando fatores como: os laços sociais, as redes horizontais e verticais de
cooperação, as regras de reciprocidade, a confiança e os sistemas de participação cívica. O resultado do conjunto
desses fatores é o capital social. Portanto, o capital social pode ser considerado como um indicador que demonstra o
nível de cooperação dos membros de determinada sociedade ou organização social
97
demonstrado serem fatores determinantes para a organização social e a participação nos comitês.
Sem dúvida, a atuação do Estado na mobilização da população, estimulando e mesmo
promovendo a organização também é um elemento fundamental nesse processo; às vezes
simplesmente viabilizar as reuniões torna-se um fator que muda as condições da região para a
formação do comitê.

Vale destacar, no entanto, que o nível de organização da sociedade civil ainda está muito
aquém da demanda que uma organização como o Comitê de Bacia Hidrográfica requer. É visível
a dificuldade que vários comitês enfrentaram para conseguir entidades para compô-lo, muitos
não conseguiram o número suficiente, de forma a que se equipare com os demais setores (poder
público estadual, municipal e usuários).

Outro problema na estruturação dos comitês é o recorte geográfico da bacia hidrográfica


que, como afirmado anteriormente, não corresponde a nenhuma das formas organizacionais
estabelecidas no país e no estado de Minas Gerais. Isso significa forçar a criação de uma
identidade que não existe previamente à formação dos comitês. A sociedade tem agora que se
organizar em torno de uma percepção nova do espaço, estabelecendo uma identidade em torno
da água, a qual se sobrepõe às formas tradicionais de definição de identidades sociais como o
município, a cultura, a homogeneidade ambiental, a região definida pela facilidade dos caminhos
viários, ou mesmo a regionalização administrativa das instituições.

Os Comitês de Bacia Hidrográfica de Minas Gerais são organismos de caráter


deliberativo e normativo que têm como objetivo exercer a gestão descentralizada e participativa
a que se refere à Lei 13.199/99, desempenhando um papel político importante para a definição
das ações a serem implementadas na Bacia. A composição destes organismos, segundo a lei
mineira, é quatripartite, ou seja, contempla a participação de quatro segmentos da sociedade:
poderes públicos estadual e municipal de forma paritária, e Usuários e Sociedade Civil de forma
paritária com o poder público. Nota-se, porém, uma tendência a que todos os segmentos sejam
paritários, ou seja, que a representatividade no comitê fique composta por 25% de participantes
de cada segmento.

O estado vem melhor orientando a composição desses comitês, definindo quais entidades
compõem os segmentos da ‘sociedade civil organizada’ e de ‘usuários’. O segmento ‘usuário’
denota primordialmente uma atividade econômico-produtiva. Assim, por exemplo, um sindicato
de Produtores Rurais, embora considerado uma entidade da sociedade civil em outras instâncias,
98
no caso de sua participação no comitê pode ser entendida como representando os interesses do
segmento de ‘usuários’. Isso não foi compreendido desta forma na instituição desses primeiros
comitês, como também pode ser observado nas composições apresentadas a seguir. A
aglutinação de órgãos representativos da bacia, a participação do setor ‘usuários’ exprimindo a
exata vocação econômica da região, a ampla participação dos municípios representando as
regiões do alto, médio e baixo curso do rio, e organizações da sociedade civil representando os
interesses dos diversos grupos locais, é fundamental para a representatividade e legitimidade do
comitê. Podemos observar algumas dessas tendências na composição dos comitês, assim como
também é visível interpretações variadas sobre o significado de ‘usuário’ e de ‘sociedade civil’,
que ainda não seguem o mesmo critério.

A lei estadual estabeleceu algumas competências para os Comitês:

ƒ promover o debate das questões relacionadas com recursos hídricos e articular a


atuação de órgãos e entidades intervenientes;

ƒ arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados com os


recursos hídricos; e

ƒ estabelecer critérios e normas e aprovar os valores propostos para cobrança pelo uso
de recursos hídricos.

O processo de formação dos Comitês de Bacia Hidrográfica em Minas Gerais tem sido
bem diversificado, pois existem comitês originados das diretrizes do Comitê Estadual de Estudos
Integrados de Bacias Hidrográficas – CEEIBH, no início da década de 80 (como o CBH Pará e
CBH Verde), que denominamos de ‘primeira fase’, ou seja, aqueles criados por incentivo
exclusivo do estado; e os comitês de ‘segunda fase’, formados a partir de demandas de setores
sociais das áreas das bacias. Atualmente, existem 12 comitês legalmente instituídos e em
funcionamento no estado, de um total de 32 previstos conforme as Unidades de Planejamento e
Gestão de Recursos Hídricos.

Destacamos os comitês estaduais em funcionamento e os que estão em processo de


formação/mobilização nas unidades de planejamento e gestão (Figura 5.).

99
ESTADO DE MINAS GERAIS
Secretaria Estadual do Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável
IGAM

COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA DO


ESTADO DE MINAS GERAIS

Legenda
Comitês de Rios Federais

Rio Paraíba do Sul


Rio Pomba e Muriaé
Rio São Francisco
Rio Docê
Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí

Comitê de Rio Federal com Processo de


Formação

Rio Verde Grande


Rio Mucuri
Rio Paranaíba

Comitês estaduais em funcionamento

SF-2 - CBH do Rio Pará


SF-3 - CBH do Rio Paraopeba
SF-5 - CBH do Rio das Velhas
SF-7 - CBH do Rio Paracatu
GD-3 - CBH - Entorno do Reservatório de
Furnas
GD-4 - CBH do Rio Verde
GD-5 - CBH do Rio Sapucaí
GD-6 - CBH dos afluentes mineiros dos Rios
Mogi-Guaçu/Pardo
GD-8 - CBH dos afluentes mineiros do Baixo
Rio Grande
PN-2 - CBH do Rio Araguari
PA-1 - CBH do Rio Mosquito
DO-2 - CBH do Rio Piracicaba
DO-5 - CBH do Rio Caratinga
JO-2 - CBH do Rio Araçual

Comitês aprovados no Conselho Estadual de


Recursos Hídricos - MG
CONVENÇÕES

GD-1 - CBH Afluentes Mineiros do Meio Rio Unidade de Planejamento


Grande
DO-3 - CBH do Rio Santo Antonio Bacias de Rios Federais
BF-1- CBH Afluentes Mineiros do Alto São
Francisco RioPiracicaba
Do1 - CBH do Piranga
BF-6 - CBH dos Rios Jequitaí/____ Rio Paranaíba

Rio Grande
Comitês em processo de formação
mobilização Rio São Francisco

J23 - CBH do Médio e Baixo Jequitinhonha Bacias do Leste


DO-4 - CBH Suaçuí - Grande
DO-5 - CBH Manuaçu Rio Doce
BF-4 - CBH dos Rios Abaeté/Borrachudo
SB-8 - CBH do Rio Urucuié Rio Paraíba do Sul
SF-9 - CBH dos Rios Panteiro e Caindá
SF-10 - CBH Afluentes Mineiros do Rio Verde Rio Pardo
Grande
Rio Jequitinhonha
PN-3 - CBH Afluentes Mineiros do Baixo
Paranaíba
GD-2 - CBH dos Rios das Mortes e Jericó
PN-1 - CBH Afluentes Mineiros do Alto
Paranaíba

Figura 5.5. comitês de bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais


Fonte: Instituto Mineiro de Gestão das Águas (2002)

Analisa-se a seguir o processo de formação de cada comitê dos rios estaduais e dos
principais problemas por eles enfrentados. Vale ressaltar que, entre as 10 novas regiões que estão
se mobilizando para a formação de comitês, o IGAM está trabalhando efetivamente em 8 delas,
nas quais o processo já está mais amadurecido, pois estão contando com mais apoio de
prefeituras, universidades e setor produtivo. Estas regiões estão em posição de vantagem, pois
têm agora, à disposição, as experiências dos comitês instituídos. O acesso a estas experiências
que não se restringe às condições propiciadas pelo órgão gestor nem se limita às informações por
ele acumuladas, mas também, através do Fórum Mineiro de Comitês, instância criada em

100
março/2001, espelhada no Fórum Nacional de Comitês, e que pode vir a se constituir em um
importante espaço de intercâmbio das experiências vivenciadas por todos os comitês e de
articulação entre essas organizações.

5.1 Comitês de bacia hidrográfica legalmente instituídos no estado de Minas Gerais

CBH Velhas

Entre os afluentes do rio São Francisco, a bacia do rio das Velhas é a de maior área.
Conta com uma população acima de 3 milhões e 100 mil pessoas, vivendo em 51 municípios, o
que lhe confere importância significativa, além de se constituir num dos principais mananciais e
sistema de drenagem da região metropolitana de Belo Horizonte. Nesta bacia localiza-se o maior
parque industrial do estado resultando em graves problemas hidroambientais.

A criação do CBH Velhas foi agilizada pela existência de condicionante no acordo de


Empréstimo do Banco Mundial no âmbito do PROSAM – Programa de Saneamento Ambiental
das Bacias dos Rios Arrudas e Onça. Para sua formação foram realizadas apenas quatro reuniões
preparatórias e uma reunião conclusiva onde foi estabelecida a composição do comitê. Por ter
sido o primeiro Comitê de Minas Gerais, e também pela agilidade que o processo relacionado ao
PROSAM exigiu, a mobilização da sociedade da bacia ficou inicialmente comprometida.

Porém, a criação do CBH Velhas alavancou todo o processo organizativo de várias


regiões do estado para a gestão dos recursos hídricos. Foi por meio dos estudos realizados no
âmbito do PROSAM que a Política Estadual de Recursos Hídricos foi discutida e aprimorada e
as primeiras discussões sobre a natureza jurídica da Agência de Bacia e sua viabilidade foi
aprofundada.

O comitê está trabalhando no sentido de criação de sua Agência de Bacia e já constituiu a


‘Unidade Técnica Transitória’ com a finalidade de ser o embrião da Agência, além de haver
priorizado ações relacionadas ao saneamento na bacia e estar realizando seminários visando à
capacitação dos membros. No entanto, é fundamental dar visibilidade do comitê e estabelecer
prioridades mais factíveis na bacia.

O CBH Velhas dispõe de Plano Diretor e Enquadramento do rio das Velhas e de seus
afluentes. As informações relativas ao Plano Diretor foram disponibilizadas aos 28 membros do

101
comitê (Quadro 5.1), e embora já tenham sido utilizadas como suporte para priorizar ações, com
destaque para o saneamento, esses instrumentos ainda não foram divulgados na bacia.

Quadro 5.1 - Composição do CBH Velhas

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DAS VELHAS - 28 Representantes


PODER PÚBLICO ESTADUAL PODER PÚBLICO MUNICIPAL
1. Secretaria Es. de Planejamento – SEPLAN 1. Titular - Pref. Mun. de Belo Horizonte
2. Instituto Mineiro de Gestão – IGAM 2. Titular - Pref. Mun. de Contagem
3. Secretaria do Estado da Saúde 3. Titular - Pref. Mun. de Nova Lima
4. Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural - 4. Titular - Pref. Mun. de Rio Acima
EMATER/MG 5. Titular - Pref. Mun. de Gouveia
5. Fundação Rural Mineira de Colonização e Desenvolvimento 6. Titular/Suplente – Pref. Mun. de Várzea da
Agrário – RURALMINAS Palma
6. Instituto Estatudal de Florestas – IEF 7. Titular/Suplente – Pref. Mun. de Lassance
7. Fundação Estadual do Meio Ambiente-FEAM
USUÁRIOS SOCIEDADE CIVIL
1. Cia de Saneamento de M/G - COPASA 1. Titular: Associação Mineira de Defesa do
2. Cia. Energética de MG – CEMIG Ambiente – AMDA
3. Federação da Agricultura de Est. MG -FAEMG 2. Titular: Associação Brasileira de Águas
4. Instituto Brasileiro de Mineração – IBRAM Subterrâneas – ABAS e Associação Brasileira de
5. Instituto Brasileiro de Siderurgia – IBS Recursos Hídricos – ABRH
6.Federação das Assoc. Comerciais, Industriais, Agropecuárias 3. Titular: Associação Comunitária Jardim Canadá
e de Serviços do Estado de M.G – FEDERAMINAS 4. Titular: Sociedade Mineira de Engenheiros
7. Associação Comercial da Serra do Cipó 5. Titular: Fundação de Desenvolvimento da
Pesquisa – FUNDEP
6. Titular: Federação dos Trabalhadores na
Agricultura do Estado de M.G – FETAEMG
7. Titular: Associação Brasileira de Engenharia
Sanitária – ABES
Fonte: IGAM (1998)

CBH Mosquito

O rio Mosquito é afluente do rio Pardo, na região do semi-árido, no nordeste de Minas


Gerais, próximo à fronteira com a Bahia. A Bacia do rio Mosquito conta com uma população em
torno de 20.000 habitantes, com uma economia essencialmente agropecuária. A motivação pela
formação do comitê foi a demanda da população da região em participar da operacionalização da
Barragem de Samambaia, único manancial superficial da região. O IGAM contatou a CEMIG –
Companhia Energética de Minas Gerais, executora e operadora da barragem e iniciou-se um
processo de negociação para a gestão parcitipativa das águas da barragem. A operacionalização
da barragem por parte apenas da CEMIG, gerava conflito na região, pois as lavouras dos
pequenos agricultores que moravam à jusante ficavam comprometidas.

102
O estado estimulou a formação deste comitê em 1996, e contou com o empenho e
participação de lideranças locais. O comprometimento e persistência de algumas lideranças
mantiveram o comitê ativo nos primeiros anos de funcionamento. Posteriormente, a bacia do rio
Mosquito foi contemplada com o projeto Proágua (Programa de Melhoria da Oferta de Água no
Semi-Árido Mineiro), onde estão sendo executadas obras de infra-estrutura de saneamento
básico do complexo denominado “Águas Vermelhas”, revitalização do rio Mosquito e trabalho
de educação sanitária relativo à esquistossomose. Apesar de o comitê não ter sido protagonista
na definição desse Projeto, o fato dele ser atuante na região e o apoio que representa foram
fundamentais para sua agilização.

Tudo o que os outros comitês buscam para suas bacias, de uma certa forma, o Proágua
possibilitou para a bacia do rio Mosquito. Entretanto, o comitê precisa resgatar sua identidade
como instância de decisão dos assuntos relacionados à gestão dos recursos hídricos na região e
trabalhar de maneira plena com o Proágua, já que se observa uma tendência a confundir os
papéis do Projeto do Proágua e do Comitê (Fonte IGAM).

Em termos comparativos, a bacia do rio Mosquito é a menor do estado que possui um


comitê, tendo um menor número de municípios. Essa dimensão se reflete na própria composição
do comitê, com um número de entidades bem inferior à média dos comitês mineiros (Quadro
5.2), o que pode gerar uma certa fragilidade, no sentido que exige muito dos poucos membros,
numa região que apresenta uma grande escassez de recursos. No entanto, o CBH Mosquito pode
vir a desempenhar um papel de impulsor da criação do comitê do rio Pardo, do qual o rio
Mosquito é afluente, e com isso aglutinar um maior número de entidades e poder potencializar
sua atuação.

O único instrumento de gestão que dispõe a bacia é o Plano Diretor dos Vales do
Jequitinhonha e Pardo-Planvale que não só é desconhecido pelo comitê, como se encontra
desatualizado, já que foi elaborado em 1994. Além disso, o Plano foi trabalhado numa escala em
um nível extremamente macro que dificilmente se adequará às necessidades da bacia.

103
Quadro 5.2 - Composição do CBH Mosquito

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MOSQUITO – 16 Representantes

PODER PÚBLICO ESTADUAL PODER PÚBLICO MUNICIPAL


1. Instituto Mineiro de Gestão das Águas- IGAM 1. Águas Vermelhas
2. Instituto Estadual de Florestas IEF 2. Curral de Dentro
3. Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural - 3. Divisa Alegre
EMATER/MG 4. Santa Cruz de Salinas
4. Polícia Florestal
USUÁRIOS SOCIEDADE CIVIL
1. Cia. Energética de MG – CEMIG 1. Sindicato dos Trabalhadores Rurais (1)
2. Cia de Saneamento de MG - COPASA 2. Associações Comunitárias
3. Irrigantes (1) 3. Associações Comunitárias
4. Mineradores (1) 4. Associações Comunitárias
Fonte: IGAM (1998)

CBH Araguari

O rio Araguari, situado na região conhecida como Triângulo Mineiro, é afluente do rio
Paranaíba, tem 475 km de extensão, nasce no município de São Roque de Minas, no Parque
Nacional da Serra da Canastra e atravessa cerca de 20 municípios mineiros. É uma das principais
sub-bacias da Bacia do rio Paranaíba com uma área de aproximadamente 21.856 km².

Os principais usos identificados na Bacia são a geração de energia elétrica e irrigação,


principalmente de café. O CBH Araguari surgiu devido aos conflitos relativos ao uso da água na
agricultura irrigada, falta de racionalização do uso da água, gerando redução de sua quantidade e
prejudicando usuários localizados a jusante de extensas áreas irrigadas.

A criação do comitê foi estimulada pelo estado, fundamentado em sua primeira Política
Estadual de Recursos Hídricos, a Lei 11.504/94. Sendo uma de suas primeiras iniciativas quanto
à formação de comitês, o estado não estava preparado o suficiente e não aprofundou
devidamente na região o papel do comitê, e a mobilização da sociedade concentrou-se muito na
sua simples criação. No processo de mobilização não foi observada a importância de se
estabelecer parcerias na região para garantir uma infra-estrutura mínima de apoio administrativo
e técnico para o comitê. As universidades e as próprias prefeituras, instituições importantes neste
processo, não estão participando de uma maneira efetiva, mas sim como espectadores. Na
ocasião do processo de formação do comitê, as Prefeituras participaram intensamente, como
pode ser verificado na própria composição do comitê, que mostra a articulação dos municípios

104
para dele participarem, porém numa avaliação rápida contata-se que esta participação se traduziu
em apenas presença

O CBH Araguari conta com o diagnóstico do Plano Diretor do rio Paranaíba, primeira
fase do Plano, mas tal instrumento de gestão ainda está incompleto e, portanto não conta com a
aprovação do Comitê composto por 36 membros (Quadro 5.3), no sentido de trazer informações
úteis para pautar suas ações.

Quadro 5.3 - Composição do CBH Araguari

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ARAGUARI – 36 Representantes


PODER PÚBLICO ESTADUAL (titular e suplente) PODER PÚBLICO MUNICIPAL
1. Instituto Mineiro de Gestão das Águas- IGAM - Titular e Suplente 1. Pref. Mun. São Roque de Minas-Tapira-
2. Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER/MG Sacramento -- Titular e Suplente
Titular e Suplente 2. Pref. Mun. Araguari -- Titular e Suplente
3. Instituto Estadual de Florestas – IEF - Titular e Suplente 3. Pref. Mun. Araxá- Campos Altos-Ibiá-Pratinha
4. Instituto Mineiro de Agropecuária –IMA - Titular e Suplente Titular e Suplente
5. Fundação Estadual de Meio Ambiente –FEAM - Titular e Suplente 4. Pref. Mun. Pedrinópolis-Perdizes-Santa Juliana
6. Fundação Rural Mineira de Colonização e Desenvolvimento Agrário – Titular e Suplente
RURALMINAS - Titular e Suplente 5. Pref. Mun. Indianópolis-Iraí de Minas-
7. Empresa Mineira de Turismo – TURMINAS - Titular e Suplente Nova Ponte -- Titular e Suplente
8. Cia. Polícia Florestal -- Titular e Suplente 6. Pref. Mun. Patrocínio-Serra do Salitre-
9. Sec. de Estado de Educação – SEE - Titular e Suplente Rio Paranaíba -- Titular e Suplente
7. Pref. Mun. Tupaciguara -- Titular e Suplente
8. Pref. Mun. Uberlândia -- Titular e Suplente
9. Empresas de Reflorestamento - Titular e Suplente
USUÁRIOS SOCIEDADE CIVIL
1. Cia. Energética de MG – CEMIG - Titular e Suplente 1. Assoc. Brasileira de Engenharia Sanitária e
2. Cia de Saneamento de MG – COPASA - Titular e Suplente Ambiental -ABES / MG -- Titular e Suplente
3. Cias Autônomas de Águas e Esgoto – SAEE - Uberaba e Sacramento -- Titular 2. ONGs Ambientalista -- Titular e Suplente
e Suplente 3. Federação da Agricultura de Est. MG –FAEMG -
4. Patrocínio e Ibiá -- Titular e Suplente Titular e Suplente
5. Uberlândia e Tupaciguara -- Titular e Suplente 4. Federação das Indústrias de MG –FIEMG
6. Araguari e Nova Ponte -- Titular e Suplente Titular e Suplente
7. Associação de Irrigantes -- Titular e Suplente 5. Instituições de Ensino Superior (02)
8. Associações Ligadas à Cultura do Café - Titular e Suplente 6. Universidade Federal de Uberlândia
9. Assoc. ligadas à Cultura de Hortifrutigranjeiros - Titular e Suplente Titular e Suplente
7. Universidade Federal de Uberaba ( UNIUBE)
Titular e Suplente
8. Representante de Mineradores - Titular e Suplente
9. Assoc. de Usuários do Setor de Lazer e Turismo --
Titular e Suplente

Fonte: IGAM (1998)

105
CBH Paracatu

A Bacia hidrográfica do rio Paracatu localiza-se quase integralmente no noroeste de


Minas Gerais, com uma pequena parcela no estado de Goiás e no Distrito Federal. Região
inserida no bioma Cerrado, tem sua economia ligada principalmente à pecuária extensiva, à
agricultura irrigada e à exploração mineral.

A descaracterização dos ambientes úmidos como várzeas e veredas pela agricultura


irrigada, os conflitos pelo uso da água surgida devido à irrigação e à exploração mineral
comprometendo a qualidade das águas da bacia levaram o estado a estimular e incentivar a
formação do comitê. Portanto, em 1996 iniciaram-se as primeiras reuniões com lideranças,
prefeituras, ONG’s e sindicato de produtores rurais para as discussões sobre a formação do
comitê.

O comitê foi instalado no final de 1998, apresenta 24 membros (Quadro 5.4) e teve uma
atuação precária até a presente data, devido ao pouco envolvimento dos membros do comitê e da
falta de parceria que pudesse contribuir para o apoio administrativo e técnico do comitê, Fonte
IGAM.

Percebe-se atualmente uma vontade dos membros de reunirem esforços para uma melhor
atuação do comitê. A existência do Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia do Rio
Paracatu, elaborado em 1996 pelo consórcio Magna/Dam/Eyser sob a coordenação da Fundação
Ruralminas/SEAPA-MG e Secretaria de Recursos Hídricos-SRH/MMA, coloca este comitê em
situação privilegiada, pois por meio dele o comitê já tem um grande instrumento que pode
possibilitar a captação de recursos e de um planejamento para as ações do comitê na bacia. Esse
Plano ainda não foi aprovado pelo comitê, o que impede sua utilização para o planejamento das
ações na bacia.

106
Quadro 5.4 - Composição do CBH Paracatu

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARACATU - 24 Representantes


PODER PÚBLICO ESTADUAL PODER PÚBLICO MUNICIPAL
1. Instituto Estadual de Florestas ( IEF) - Titular e Suplente 1. Pref. Mun. João Pinheiro - Titular e Suplente
2. Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural ( EMATER) 2. Pref. Mun. de Paracatu - Titular e Suplente
Titular e Suplente 3. Pref. Mun. Guarda-Mor - Titular e Suplente
3. Polícia Florestal – PMFLO - Titular e Suplente 4. Pref. Mun. de Brasilândia - Titular e Suplente
4. Inst. Mineiro de Gestão das Águas- IGAM - Titular e Suplente 5. Pref. Mun. de Lagamar - Titular e Suplente
5. Instituto Mineiro de Agropecuária – IMA - Titular e Suplente 6. Pref. Mun. de Dom Bosco - Titular
6. Fundação Rural Mineira - RURALMINAS - Titular e Suplente
USUÁRIOS SOCIEDADE CIVIL
1. Cia. Mineira de Metais Morro Agudo - Titular 1. Assoc. de Engenheiros Agrônomos de Paracatu -
2. Cia de Saneamento de MG (COPASA)- Titular Titular e Suplente
3. Assoc. Prod. Rurais Pinheirenses - Titular 2. Assoc. de Engenheiros Agrônomos de Unaí
4. Sindicato Rural de Paracatu – Titular Titular e Suplente
5. Sind. Prod. Rurais de João Pinheiro - Titular 3. Assoc. de Promoção Social e Meio Ambiente da
6. Assoc. Apoio Prod. Rurais AAPER - Titular Bacia do Rio Prata, Ruralminas e Adjacências –
ASPROM - Titular e Suplente
4. Movimento Verde de Paracatu – MOVER -
Titular e Suplente
5. Cond. Irrigação de Paracatu – Titular
6. Cia. Mineira de Metais – Reflorestamento –
Titular
Fonte: IGAM (1998).

CBH Pará

O rio Pará é um dos afluentes do alto rio São Francisco, nascendo nas serras do Galga e
da Cebola e desaguando no reservatório da CEMIG de Três Marias, com um curso de
aproximadamente 300 km. É uma região de tradição agrícola e industrial. Já abrigou um pólo
siderúrgico que encontra-se em decadência; hoje destacam-se a extração de minérios, a
metalurgia e as indústrias de produtos alimentícios e têxtil. Na produção agropecuária
sobressaem-se a criação de gado leiteiro, granjas e criação de suínos, e suas respectivas
indústrias de derivados, além da produção de diversos cultivos agrícolas sendo que o tomate é
predominante no sul da bacia. O esgoto urbano é um dos principais problemas, seguido da
contaminação proveniente dos dejetos industriais que são despejados nos rios; em algumas áreas,
como ao sul, a contaminação derivada do uso de agrotóxicos na agricultura já se encontra com
índices alarmantes.

O CBH Pará, um dos primeiros comitês instituídos no estado, originou-se em 1987 com a
mobilização de lideranças da região, as quais ainda hoje participam do comitê, sendo parte do

107
grupo constituído por 40 (quarenta) membros. A região possui uma tradição de lutas e esforços
em relação às questões ambientais e de recursos hídricos na bacia, o que se reflete na existência
de diversos Conselhos Municipais de Meio Ambiente (CODEMA) que estão presentes em
muitos dos municípios. Esse grupo inicial articulou com o do SEEIASF (Sub-Comitê de Estudos
Executivos Integrados do Alto São Francisco) e em 1998 se adequou às leis vigentes,
transformando-se no CBH Pará.

A forte liderança exercida pela atual diretoria do comitê tem conseguido a viabilização de
projetos e a captação de recursos para a bacia, elaborando-os através de parcerias com
universidades, e contando com o comprometimento financeiro dos órgãos e prefeituras que
fazem parte do comitê. Nesse sentido, foi aprovado o projeto “Sistema de Apoio à Gestão da
Bacia Hidrográfica do Rio Pará” pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA). O Projeto
está realizando um diagnóstico georreferenciado da bacia enfocando nos usos da água, com o
envolvimento dos órgãos estaduais e das Prefeituras; também está desenvolvendo um trabalho de
comunicação, onde se destaca a publicação de um jornal bimensal com ampla distribuição na
bacia (como escolas, órgãos municipais e estaduais, e empresas) e para instituições de fora. Este
projeto impulsionou o comitê legitimando-o como o organismo que trata dos interesses da
coletividade na região da bacia. As fundamentais parcerias que foram estabelecidas, a articulação
necessária com as instituições que atuam direta e indiretamente com os recursos hídricos e
usuários da água, além do imprescindível compromisso dos participantes estão propiciando o
apoio administrativo/técnico e o aprimoramento dos trabalhos do comitê.

Os instrumentos que possui são o Plano Diretor dos afluentes mineiros do rio São
Francisco e o enquadramento dos cursos de água (Deliberação Normativa nº 28 e 32/98). O
Plano Diretor, em fase de conclusão, já foi apresentado ao comitê e a principal crítica é que, além
de estar com dados defasados, as informações estão disponibilizadas numa escala inadequada a
uma utilização prática pelo comitê (Quadro 5.5).

108
Quadro 5.5 - Composição do CBH Pará

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARÁ – 40 Representantes

PODER PÚBLICO ESTADUAL PODER PÚBLICO MUNICIPAL


1. Inst. Mineiro de Gestão das Águas- IGAM - Titular e Suplente 1. Pref. Mun. Carmópolis de Minas – Titular
2. Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER 2. Pref. Mun. Carmo do Cajuru - Titular
Titular e Suplente 3. Pref. Mun. Itaúna – Titular
3. Instituto Mineiro de Agropecuária – IMA - Titular e Suplente 4. Pref. Mun. de Pará de Minas – Titular
4. FEAM - Titular e Suplente 5. Pref. Mun. Pitangui – Titular
5. Polícia Florestal – PMFLO - Titular e Suplente 6. Pref. Mun. de Carmo da Mata – Titular
6. Ministério Público – Titular e Suplente 7. Pref. Mun. Divinópolis – Titular
7. Superintendência Regional de Ensino - Titular e Suplente 8. Pref. Mun. Pedra do Indaiá – Titular
8. Diretoria Regional de Saúde – DRS - Titular e Suplente 9. Pref. Mun. de Nova Serrana – Titular
9. Instituto Estadual de Florestas – IEF - Titular e Suplente 10. Pref. Mun. de Bom Despacho – Titular
10. Departamento de Estradas de Rodagem – DER
Titular e Suplente
USUÁRIOS SOCIEDADE CIVIL
1. Cia Energética de Minas Gerais - CEMIG - Titular e Suplente 1. Comunidade Indígena Kaxixó - Titular e Suplente
2. Cia de Saneamento de MG – COPASA - Titular e Suplente 2. Conselho Reg. de Engenharia e Agronomia – CREA
3. Serviços Autônomos de Abastecimento de Água e Esgoto – SAAE - - Titular e Suplente
Titular e Suplente 3. Movimento Ambiental PANGEA – Titular
4. Federação da Agricultura do Est. de M.G - FAEMG -- Titular e 4. Assoc. Reg. Proteção Integração Ambiental –
Suplente ARPIA – Titular e Suplente
5. Federação das Indústrias do Est. de M.G - FIEMG -- Titular e 5. Sociedade Ecológica de Itapecerica – S.E.I
Suplente Titular e Suplente
6. Coop. Suinocultores Paraiminenses Ltda – COSUIPAM – Titular 6. Empresa de Pesquisa Agropecu[aria de MG –
7. Assoc. Comercial Industrial de Divinópolis – Titular EPAMIG (Escola Experimental de Agricultura de
8. Clube dos Pescadores Tangará - Titular e Suplente Pitangui )- Titular
9. Assoc. Sind. Rurais do Oeste Mineiro – ASROM -- Titular e Suplente 7. Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG
10. Assoc. de Avicultores de Minas Gerais – AVIMIG – Titular e Suplente – Titular
8. Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cláudio –
Titular
9. Ordem dos Advogados do Brasil -Titular e suplente
10. Assoc. dos Municípios da Micro região do Vale do
Itapecerica – Titular

Fonte: IGAM (1998).

CBH Caratinga

O rio Caratinga é tributário do rio Doce, abrangendo 16 municípios com uma população
de 210.000 habitantes, sendo que mais de 40% vive na zona rural. O relevo é montanhoso e a
região tem como principal fonte econômica a cultura de café e a pecuária.

A motivação pela formação do comitê foi devido ao avançado processo de assoreamento


do rio e conseqüente escassez de água, originados da erosão devida aos constantes
desmatamentos para o cultivo do café e as queimadas, práticas arraigadas na região.

A formação deste comitê, com 36 membros (Quadro 5.6), foi estimulada pelo Estado em
1996. Houve uma mobilização significativa na região com a presença dos setores ligados à
pecuária e agricultura, apoio da imprensa e das faculdades. Porém, no processo de formação não

109
foi aprofundado o papel do comitê com a necessária clareza e o funcionamento deste ficou
comprometido na fase inicial.

Foi realizado recentemente, por iniciativa e solicitação da Diretoria do comitê um


planejamento de ações e acredita-se que com os resultados deste planejamento haverá um
redirecionamento para a atuação do comitê. A Diretoria do comitê também está buscando
alternativas de suporte técnico junto às Prefeituras e universidades bem como a captação de
recursos por meio de projetos junto ao Ministério do Meio Ambiente.

Quadro 5.6 - Composição do CBH Caratinga.

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CARATINGA - 36 Representantes

PODER PÚBLICO ESTADUAL PODER PÚBLICO MUNICIPAL


1. Instituto Estadual de Florestas - IEF 1. Pref. Municipal Santa Rita de Minas
2. Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural - 2. Pref. Municipal de Caratinga
EMATER/MG 3. Pref. Municipal de Piedade De Caratinga
3. Assembléia Legislativa 4. Pref. Municipal de Ubaporanga
4. Polícia Militar de Minas Gerais 5. Pref. Municipal Inhapim
5. Polícia Florestal de Minas Gerais 6. Pref. Munic. Dom Cavati
6. Instituto Mineiro de Agropecuária – IMA 7. Pref. Munic. Tarumirim
7. Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM 8. Pref. Munic. Itanhomim
8. Superintendência Regional de Ensino 9. Pref. Munic. Conselheiro Pena
9. Ministério Público de Minas Gerais
USUÁRIOS SOCIEDADE CIVIL
1. União das Cooperativas de M.G - UNICOOP 1. Fundação Educacional de Caratinga – FUNEC
2. Cia. Energética de MG – CEMIG 2. SPEP- Sociedade Presbiteriana de Educação Pesquisa
3. Cia de Saneamento de MG – COPASA 3. EBC –Estação Biológica Caratinga
4. Assoc. Comercial e Industrial de Caratinga – ACIC 4. Associação de Defesa do Rio Caratinga – ADERC
5. Câmara Dirigentes Lojistas 5. Associação dos Amigos do Rio Caratinga – AARCA
6. Sind. Trab. Rurais 6. CLUBE DE SERVIÇOS – ORBIS
7. Sind. Rural Patronal 7. Lojas Maçônicas
8. Centrais de Abastecimento de M.G - CEASA 8. Associação das Câmaras de Vereadores do Meio Leste 9.
9. AMURC – Associação de Mulheres Rurais de Caratinga Mineiro – ACALEM
9. Imprensa
Fonte: IGAM (1999).

CBH Verde

A bacia do rio Verde está localizada no sul do estado, inserida na bacia do rio Grande que
integra a bacia platina. As principais atividades econômicas são a pecuária leiteira, a cultura do
café, milho, feijão e batata. Tem uma população estimada em 400.000 habitantes, englobando 31
municípios.

110
Este comitê, originado do CEEIBH, foi criado em 1987 com o nome de SCOBVER – Sub
Comitê Executivo de Estudos Integrados da Bacia do Rio Verde. Lideranças e técnicos da região
se uniram visando a organização da população, devido ao acelerado estado de poluição das águas
desta bacia. Em 1999 coube ao estado adequá-lo à lei 13.199/99 e tornou-se o CBH Verde.

O CBH Verde, sempre trabalhou no sentido de sensibilizar a população diante do


comprometimento da qualidade das águas da bacia e realizou trabalhos relevantes de
sensibilização junto a vários segmentos da bacia, destacando-se a efetiva participação de
educadores da região em articulação com o comitê (Quadro 5.7).

Quadro 5.7 - Composição do CBH Verde

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO VERDE - 48 Representantes

PODER PÚBLICO ESTADUAL PODER PÚBLICO MUNICIPAL


1. Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM 1. Caxambu
2. Dept. Estadual de Estradas de Rodagem - DER 2. Itanhandu
3. Polícia Florestal 3. Baependi
4. Instituto Estadual de Florestas – IEF 4. Cambuquira
5. Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural - 5. São Lourenço
EMATER/MG 6. Três Corações
6. Fundação Rural Mineira de Colonização e Desenvolvimento 7. Varginha
Agrário – RURALMINAS 8. São Tomé das Letras
7. Empresa Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – 9. Cruzília
EPAMIG 10. Conc. do Rio Verde
8. Fundação Estadual de Meio Ambiente – FEAM 11. Campanha
9. Instituto Mineiro de Agropecuária – IMA 12. Passa Quatro
10. Secretaria Est. de Educação
11. Secretaria Est. de Saúde
12. Ministério Público
USUÁRIOS SOCIEDADE CIVIL
1. Furnas Centrais Elétricas S.A 1. Assoc. Médica (Varginha)
2. Cia. Energética de MG – CEMIG 2. ABES – Assoc. Brasileira de Engª. Sanitária
3. Cia de Saneamento de MG – COPASA 3. Centro Universitário do Sul de Minas -
4. Serviço Autônomo de Águas e Esgoto – SAEE FEPESMIG
5. Superágua – Empresa de Águas Minerais S.A 4. UNINCOR – Universidade Vale do rio Verde
6. Federação da Agricultura de Est. MG -FAEMG 5. Soc. Mineira de Médicos Veterinários
7. Federação das Indústrias do Est. MG – FIEMG 6. Soc. Mineira de Eng. Agrônomos
8. Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Est. de MG 7. Ass. Amigos de Conceição do Rio Verde – 8.
– FETAEMG AMICON
9. Associação Comercial Industrial e Agropecuária de Varginha 9. Nova Cambuquira
- ACIV 10. Assoc. Ecológica Vertente
10. Companhia Mineradora de M.G - COMIG 11. Assoc. SOS Rio Verde
11. Sindicato dos Hotéis/Restaurantes e similares 12. Nascente Associação Ambiental
12. Coop. Central de Cafeicultores de M.G - COCCAMIG
Fonte: IGAM (1998).

111
CBH Paraopeba

O rio Paraopeba é um dos afluentes do alto rio São Francisco, responsável por grande
parte do abastecimento de água da região metropolitana de Belo Horizonte. Municípios como os
de Contagem e Betim, altamente industrializados e que abrigam uma grande população urbana,
situam-se na bacia do rio Paraopeba. O principal problema é a qualidade das águas, tanto pela
carga excessiva de esgoto como pela contaminação industrial.

A formação deste comitê foi demanda do Consórcio Intermunicipal da Bacia do Rio


Paraopeba – CIBAPAR, existente há 5 anos na bacia. O CIBAPAR foi a primeira entidade com
atuação na bacia hidrográfica de Minas Gerais, criado com o objetivo de revitalizar e preservar a
bacia hidrográfica. Porém, com o passar do tempo, as prefeituras não cumpriram com a idéia
inicial de contribuir financeiramente para os propósitos do Consórcio, devido a compromissos
mais urgentes nos municípios. Atualmente ele se mantém pelo esforço somente de poucas
prefeituras que acreditam na importância e nas possibilidades do Consórcio. O processo de
formação deste comitê com 34 representantes foi bastante participativo, inovando e aprimorando
os processos de comitês formados anteriormente. A atuação do CIBAPAR e sua parceria com o
IGAM foi decisiva para a criação do comitê que foi instalado em junho/2000.

O CBH Paraopeba dispõe de Plano Diretor dos Afluentes mineiros do Rio São Francisco,
com cerca de 90% já executado e enquadramento do rio Paraopeba e de seus afluentes conforme
Deliberação Normativa COPAM nº 016/96 (Quadro 5.8).

112
Quadro 5.8 - Composição do CBH Paraopeba

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAOPEBA – 34 Representantes

UNIÃO PODER PÚBLICO MUNICIPAL


1. Titular / Suplente : Inst. Brasileiro de meio Ambiente e Recursos 1. Titular -
Naturais Renováveis – IBAMA 2. Titular -
2. Titular / Suplente : Departamento Nacional de Produção Mineral – 3. Titular – Contagem
DNPM 4. Titular – Congonhas
PODER PÚBLICO ESTADUAL 5. Titular – Ibirité
6. Titular – Juatuba
1. Titular/Suplente - Secretaria Estadual de Meio Ambiente e 7. Titular - Mateus Leme
Desenvolvimento Sustentável 8. Titular - São Joaquim De Bicas
2. Titular/Suplente - Sec. Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento –
SEAPA
3. Titular/Suplente – Sec. Est. da Educação - SEE
4. Titular/Suplente – Sec. Est. da Saúde – SES
5. Titular/Suplente – Polícia Militar do Estado de Minas Gerais – PMMG
6. Titular/Suplente–Assembléia Legislativa
7. Titular/Suplente – Sec. de Estado do Planejamento e Coordenação Geral –
SEPLAN
8. Titular/Suplente – Fund. Centro Tecnológico de Minas Gerais - CETEC
USUÁRIOS SOCIEDADE CIVIL
1. Titular/Suplente: Cia de Saneamento de Minas Gerais – COPASA 1. Titular: Univ. Fed. de Ouro Preto - UFOP
2. Fed. Indústrias de Minas Gerais FIEMG 2. Titular: As. Bras. de Eng. Sanitária – ABES
Titular : Açominas 3. Titular: Soc. Mineira de Engenheiros – SME
Titular: ACIAPs (Assoc. Comercial, Industrial, Agropecuária e Prestação de 4. Titular: Sind Trab. Rurais Cons. Lafaiete
Serviço de Mateus Leme) 5. Titular: Sind. Trab. nas Indústrias de Purificação e
3. Titular/ Suplente: Fed. da Agricultura do Estado de Minas Gerais – Distribuição de Água e Serviços de Esgotos de Minas
FAEMG Gerais – SINDÁGUA
4. Instituto Mineiro de Mineração – IBRAM 6. Titular: Universidade Federal de MG – UFMG
Titular : Ferteco Mineração S/A 7. Titular: As.Com. do B. Fonte Gde. Contagem
5. Titular: Fed. Mineira de Pesca e Desportos Sub-Aquáticos 8. Titular : APHAA – BV ( Assoc. do Patrimônio Histórico,
6. Titular : Assoc. Mineira de Empresas de Turismo Rural AMETUR Artístico e Ambiental de Belo Vale)
7. Titular / Suplente : Cia Energética de Minas Gerais – CEMIG
8. Titular/Suplente: Consórcio Intermunicipal da Bacia Hid. do Rio
Paraopeba – CIBAPAR

Fonte: IGAM (1999).

CBH Sapucaí

A bacia do rio Sapucaí está inserida no sudoeste de Minas Gerais. Seu clima é
considerado úmido. Os terrenos da bacia são ocupados predominantemente por pastagens e as
declividades acentuadas não favorecem a prática da agricultura, que se restringe às várzeas de
alguns cursos d’água.

A motivação pela formação deste comitê foi devido às enchentes que ocorrem com certa
freqüência nesta bacia, apoiado pelo estado que estimulou a sua formação. Nem o estado e nem o
grupo que liderou a formação do comitê conseguiram uma mínima mobilização na bacia.
Entretanto o comitê acabou por ser constituído via Decreto nº 39.911, de 22 de setembro de 1998
atendendo solicitação de lideranças ligadas a ONG’s ambientalistas da bacia ao IGAM.

113
Nesta fase inicial, o comitê está buscando implementar a capacitação dos membros do
comitê bem como um planejamento de ações e atividades que poderão alavancar a atuação deste
comitê. A bacia hidrográfica do rio Sapucaí não conta com nenhum instrumento de gestão de
recursos hídricos (Quadro 5.9).

Quadro 5.9 - Composição do CBH Sapucaí.

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SAPUCAÍ - 28 Representantes


PODER PÚBLICO ESTADUAL PODER PÚBLICO MUNICIPAL
1. Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM 1. REGIÃO DO ALTO SAPUCAÍ (03)
2. Instituto Estadual de Florestas – IEF Titular/Suplente – Itajubá
3. Fundação Rural Mineira de Colonização e Desenvolvimento Titular/Suplente - Delfim Moreira
Agrário RURALMINAS Titular/Suplente – Brazópolis
4. Instituto Mineiro de Agropecuária – IMA
5. Polícia Florestal 4. REGIÃO DO MÉDIO SAPUCAÍ (03)
6. Fund. Estadual do Meio Ambiente - FEAM Titular – Cambuí
7. Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – Titular – Careaçu
EMATER Titular - Pouso Alegre
REGIÃO DO BAIXO SAPUCAÍ (01)
7. Titular – Machado

USUÁRIOS SOCIEDADE CIVIL


1. FURNAS 1. As. Bras. de Eng. Sanitária - ABES
2. Cia. Energética de MG – CEMIG 03 INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
3. Cia de Saneamento de MG – COPASA 2. Escola Agrotécnica Federal de Machado
4. Cias Autônomas de Águas e Esgoto – SAEE 3. Escola Federal de Engenharia de Itajubá
5. Federação das Indústrias do Est. MG – FIEMG 4. Faculdade de Engenharia de Itajubá
6. Federação da Agricultura de Est. MG –FAEMG 03 ONGs
7. Associação Brazopolense dos Criadores de Peixes – 5. Assoc. Ecológica Amigos do Rio Sapucaí
ASBRAPE de Itajubá - (AEARSI)
6. Assoc. dos Reflorestadores da Serra da
Mantiqueira – Delfim Moreira
7. Assoc. Ecológica Bordamatense – Borda da
Mata
Fonte: IGAM (1998).

CBH Araçuaí

O rio Araçuaí é o principal afluente do rio Jequitinhonha, na região do semi-árido, no


nordeste de Minas. A vegetação da região varia entre caatinga e cerrado, encontrando também
algumas partes de mata Atlântica. O principal problema da bacia é a seca, causando prejuízos na
produção agrícola e na condição de vida em geral. A seca está relacionada não só com o clima e
a ausência de chuvas, mas também com o forte desmatamento e assoreamento dos rios, o plantio
extensivo do eucalipto (a maior plantação do mundo encontra-se na região) e o mau uso do solo.
Essa situação leva a uma forte migração temporária, principalmente da população masculina
adulta.

114
A organização do comitê partiu de uma iniciativa da Universidade Federal de Ouro Preto,
que desenvolvia um trabalho na região, e que articulou junto a algumas organizações da
sociedade civil a mobilização para a criação do comitê. Nesse caso, o estado procurou aprimorar
o trabalho de mobilização, de acordo com experiências de formação dos outros comitês, isto é,
organizou reuniões regionais nas quais eram passadas informações a respeito da política estadual
de recursos hídricos, tendo promovido também o intercâmbio com outras experiências no estado.
Entretanto, dois problemas foram visíveis no processo de formação do comitê. Primeiro, a
articulação com as organizações da sociedade civil foi realizada de forma diferenciada, sem que
envolvessem os principais agentes interessados ao longo de todo o processo de organização, ou
seja, do planejamento à avaliação. Por outro lado, o ritmo imposto para a criação do comitê
seguiu o ritmo político do estado, e não o requerido por muitas organizações que demandavam
um tempo maior para mobilizar suas bases. No entanto, apesar de haver surgido conflitos nesse
processo, terminou-se com um acordo pela criação do comitê, que se deu via decreto nº 40.931,
de 16 de fevereiro de 2000 (Quadro 5.10).

Quadro 5.10 - Composição do CBH Araçuaí

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ARAÇUAÍ – 24 Representantes


PODER PÚBLICO ESTADUAL PODER PÚBLICO MUNICIPAL
1. Titular/ Suplente - Empresa de Assistência Técnica e ExtensãoRural - 1. MUNICÍPIO DO ALTO ARAÇUAÍ (01)
EMATER/MG Titular – Felício dos Santos
2. Titular/ Suplente - Instituto Mineiro de Gestão das Águas IGAM MUNICÍPIOS DO MÉDIO ARAÇUAÍ (03)
3. Titular/ Suplente - Instituto Estadual de Florestas IEF 2. Titular – Itamarandiba
4. Titular – Escola Estadual de Novo Cruzeiro 3. Titular – Minas Novas
5. Titular – Fundação Rural Mineira de Colonização e Desenvolvimento 4. Titular – Turmalina
Agrário RURALMINAS MUNICÍPIOS DO BAIXO ARAÇUAÍ (02)
6. Titular - Instituto Mineiro de Agropecuária - IMA (Capelinha) 5. Titular – Chapada do Norte
6. Titular – Araçuaí
USUÁRIOS SOCIEDADE CIVIL
1. Titular: Cia de Saneamento de MG – COPASA 1. Titular: Pólo Sindical Alto Jequitinhonha
(Capelinha) 2. Titular: Pólo Sindical do Médio Jequitinhonha
2. Titular: Suzano (Reflorestamento) 3. Suplente : Sindicato Rural de Novo Cruzeiro ?
Produtores Rurais 4. Titular: Campo Vale
3. 02 Rep. Médio Araçuaí 5. Titular: Cáritas Diocesana de Carbonita
4. Titular: 6. Titular/ Suplente: Banco Nacional de Agricultura Familiar –
5. Titular: Cons. Reg. Cafeicult. Chapada de Minas BNAF
6. 01 Representante do Alto Araçuaí 7. Titular: Centro de Agricultura Alternativa - CAV (Turmalina)
7. Titular: Trab. Rurais de Boa Esperança
8. 01 Representante do Baixo Araçuaí
9. Titular: Associação Frutaboa

Fonte: IGAM (2000).

115
CBH Piracicaba

A bacia hidrográfica do rio Piracicaba compreende uma área de drenagem de cerca de


6.300 km² onde estão localizados total ou parcialmente 20 municípios, abrigando uma população
estimada de 600.000 habitantes. O rio Piracicaba, com uma extensão de 241 km tem sua nascente
no município de Ouro Preto e sua foz na margem direita do rio Doce. A economia desta bacia
está ligada às atividades minerárias, reflorestamento e siderurgia. A região é bastante
industrializada e a recuperação da qualidade das águas na bacia foi o fator principal para a
criação deste comitê.

O CBH Piracicaba surgiu da própria demanda da região, que foi estimulada por
lideranças locais que já conheciam profundamente os aspectos legais da gestão de recursos
hídricos. O papel do estado foi o de esclarecer questões específicas para a formação do comitê e
divulgar amplamente a Política Estadual de Recursos Hídricos. Devido ao rico processo de
mobilização da região, a composição do comitê é bastante sólida, com entidades participantes e
ativas que contribuem de fato para a sua estruturação.

É um comitê onde a presença e a participação dos municípios é muito forte. O colegiado


compõe-se de vários técnicos de todos os segmentos. Todas as reuniões sempre têm quorum
suficiente para as deliberações (o que nem sempre ocorre nos demais comitês), ou seja, dois
terços de seus membros presentes, demonstrando total interesse do colegiado.

O segmento da sociedade civil é atuante, com entidades que já participavam de vários


movimentos, e que já tinham uma tradição de lutas pela questão ambiental da região. As
Prefeituras e o setor de usuários fortalecem o comitê fornecendo todo o apoio administrativo. A
formação de três grupos técnicos (capacitação, comunicação e levantamento de dados da bacia)
também demonstra o envolvimento dos membros nas ações do comitê. Sua sede funciona com
uma infra-estrutura muito boa em parceria com a AMEPI – Associação do Médio Piracicaba
(associação regional que reúne as prefeituras municipais).

O instrumento de gestão que dispõe o comitê é o enquadramento das águas do rio


Piracicaba e dos seus afluentes, que se deu via Deliberação Normativa COPAM nº 009/94. O
comitê, entretanto, ainda não analisou a proposta de enquadramento nem o submeteu a
aprovação do colegiado para sua efetivação.

116
O comitê com 36 representantes (Quadro 5.11), tem se mostrado auto-suficiente,
buscando apoio de várias parcerias e não tem contado com apoio financeiro do Estado. No
entanto, segundo o IGAM os diversos segmentos necessitam amadurecer no entendimento de
que o comitê é um espaço de negociação, e esses devem avançar no sentido de assegurar diálogo
em lugar de exercer uma improdutiva cobrança mútua de responsabilidades pela atual
degradação dos rios.

Quadro 5.11 - Composição do CBH Piracicaba

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PIRACICABA – 36 Representantes

PODER PÚBLICO ESTADUAL PODER PÚBLICO MUNICIPAL


1. Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM ALTO PIRACICABA
2. Secretária de Estado da Educação (24ª e 1ª SRE) 1. Titular – Mariana
3. Secretaria do Estado da Saúde 2. Titular - Santa Barbára
4. Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural - 3. Titular - Catas Altas
EMATER/MG MÉDIO PIRACICABA
5. Assembléia Legislativa 4. Titular – Itabira
6. Instituto Estadual de Florestas – IEF 5. Titular – João Monlevade
7. Departamento de Estradas de Rodagem –DER/MG 6. Titular – Rio Piracicaba
8. Polícia Florestal (4º Pelotão) BAIXO PIRACICABA
9. Instituto Mineiro de Agropecuária – IMA 7. Titular - Ipatinga
8. Titular – Cel. Fabriciano
9. Titular - Timóteo

USUÁRIOS SOCIEDADE CIVIL


1. 02 Mineradoras (Instituto Brasileiro de Mineração - ALTO PIRACICABA
IBRAM) 1. Titular - Comissão Pastoral da Terra (Catas
3. 02 Siderúrgicas (Instituto Brasileiro de Siderurgia - IBS) Altas)
5. 02 Companhias de Saneamento (Associação Serviços 2. Titular - Sind. Trab. Rurais ( Santa Bárbara)
Municipais de Água e Esgoto - ASSEMAE) 3. Titular – Associação Comunitária ( Brumal)
7. 01 Cia Reflorestamento (Associação Brasileira de MÉDIO PIRACICABA
Florestas Renováveis – ABRACAVE) 4. Titular – Assoc. Cult. Itabira Sec. XXI ( Itabira)
8. 01 Assoc. Comercial (Acita Itabira) 5. Titular- AESSE Assoc. Ecol. Serra do Seara
9. 01 Sindicato de Produtores Rurais (Mariana) (J.M.)
6. Titular – Nova Era com amor ( Nova Era)
BAIXO PIRACICABA
7. Titular - Assoc. Beneficência Popular (Ipatinga)
8. Titular- Sind.Trab.Rurais (Timóteo, Antônio
Dias)
9. Titular - Fund. Relictus (Ipatinga)
Fonte: IGAM (2000).

CBH Mogi-Guaçu/Pardo

Esta bacia, situada no sul de Minas, compreende uma área de drenagem em torno de
35.742 km quadrados (sendo 17% em Minas Gerais e 83% em São Paulo). A população estimada

117
da parte mineira é cerca de 500.000 habitantes e a atividade predominante na bacia é a
agropecuária. O uso de agrotóxico nas culturas da batata e morango e o parque industrial da
cidade de Poços de Caldas, incluindo o complexo industrial da Nuclebrás situado nas cabeceiras
do rio Pardo, são considerados os problemas mais críticos da região.

O estado estimulou a formação do comitê da parte mineira dessa bacia, motivado pela má
qualidade das águas comprometidas pelo uso abusivo e indiscriminado de agrotóxicos. A
proximidade com o estado de São Paulo também alavancou o processo, devido aos esforços e
avanços daquele Estado na gestão de Recursos hídricos.

O processo de formação teve início em junho de 1997 com a presença de representantes


dos governos estaduais e do governo federal em uma reunião no município de Poços de Caldas
com o objetivo de divulgar a Lei 9.433/97. Naquela época era grande a movimentação e o
interesse do governo federal em implementar os sistemas estaduais e federal de gestão de
recursos hídricos. Um grupo de técnicos atuantes no setor ambiental e de recursos hídricos levou
a frente o processo, em parceria com o IGAM. A presença de representantes de comitês do
Estado de São Paulo em várias reuniões realizadas nos municípios das bacias enriqueceu o
processo, pois as experiências vividas nestes comitês eram repassadas, bem como as discussões
sobre a importância do comitê e, principalmente, a necessidade da região em se organizar para a
gestão de recursos.

A mobilização da sociedade nesta região foi realizada no final de 1999, pouco tempo
antes da edição do Decreto nº 40.930, de 16 de fevereiro de 2000. Tal mobilização não foi
significativa no momento da formação do comitê com 40 representantes (Quadro 5.12), mas o
grupo que levou o processo adiante participou ativamente até a sua instalação e, posteriormente a
Diretoria do comitê trabalhou intensamente para dar visibilidade do comitê na região,
principalmente na mídia e nos municípios das bacias.

Os resultados deste trabalho inicial, somados à forte influência do estado de São Paulo,
ao envolvimento da diretoria do comitê da bacia hidrográfica Mogi-Guaçu/Pardo e dos grupos
técnicos já formados e atuantes, assim como à participação de vários setores da sociedade da
bacia como o poder público municipal, a mídia, as superintendências regionais de ensino e o
setor produtivo, estão apontando para um caminho que poderá trazer resultados rápidos na
atuação do comitê. Percebe-se ainda que este comitê, por ter feito um trabalho inicial de
articulação, já conta com apoio de usuários que manifestaram disposição para pagar pelo uso da
118
água, o que esbarra, entretanto, na morosidade da implementação do SEGRH, que ainda não
regulamentou a cobrança nem definiu a natureza jurídica das Agências de Bacia.

Em 2002 foram instituídos os Comitês das Bacias Hidrográficas do Entorno do


Reservatório de Furnas (Decreto nº 42.596); dos Afluentes Mineiros do Médio Rio Grande
(Decreto nº 42.594) e o Santo Antônio (Decreto 42.595). Esses comitês ainda não estão em
funcionamento. O comitê da bacia hidrográfica do rio Verde Grande (domínio federal) já está
aprovado pela Diretoria Colegiada da ANA, e será encaminhado para o Conselho Nacional de
Recursos Hídricos-CNRH, para análise e aprovação. O comitê da bacia hidrográfica do rio
Mucuri, já concluiu todo o processo de mobilização e está encaminhando a documentação
exigida pela Resolução nº 5 para a Agência Nacional de Águas-ANA, para posterior
encaminhamento ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos para aprovação e criação do
comitê. Outros comitês estão em processo de formação/mobilização no estado de Minas Gerais
(Baixo Rio Grande, Médio e Baixo Jequitinhonha, Suaçuí-Grande/Doce, Manhuaçu/Doce e
Bambuí/São Miguel/Machado, Abaeté/Borrachudo, Pacuí/Jequitaí, Urucuia, Pandeiros/Calindó,
Gorutuba na bacia do rio São Francisco).

Quadro 5.12 - Composição do CBH Mogi-Guaçu/Pardo

COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DOS RIOS MOGI-GUAÇU/PARDO


40 Representantes
PODER PÚBLICO ESTADUAL PODER PÚBLICO MUNICIPAL
1. Instituto Mineiro de Gestão das Águas - IGAM ( Titular e Suplente) 05 REPRESENTANTES DOS MUNICÍPIOS DA BACIA DO
2. Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – EMATER ( Titular e RIO PARDO/MG
Suplente ) 1. Poços de Caldas
3. Instituto Estadual de Florestas - IEF ( Titular e Suplente ) 2. Caldas
4. Instituto Mineiro de Agropecuária - IMA (Titular e Suplente ) 3. Guaranésia
5. Polícia Florestal ( Titular e Suplente ) 4. Ipuíuna
6. Fundação Estadual de Meio Ambiente - FEAM ( Titular e Suplente ) 5. Arceburgo
7. Sec. de Est. da Educação (Titular e Suplente) 05 REPRESENTANTES DOS MUNICÍPIOS DA BACIA DO
8. Sec. Estadual da Saúde (Titular e Suplente) RIO MOGI-GUAÇU/MG
9. Empresa Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG (Titular ) 6. Bom Repouso
10. Secretaria Estado Minas e Energia ( Titular) 7. Tocos do Mogi
8. Inconfidentes
9. Ouro Fino
10. Jacutinga
USUÁRIOS SOCIEDADE CIVIL
02 Representantes de Empresas de Saneamento: 1. 01 Representante da USAB- União Sociedade Amigos de
1. Companhia de Saneamento de Minas Gerais – COPASA (Titular e Bairro – Poços de Caldas
Suplente) 2. 01 Representante da Associação Sul Mineira de Engenharia,
2. Associação dos Serviços Municipais de Água e Esgoto - ASSEMAE Arquitetura e Agronomia – Poços Caldas
(Titular e Suplente) 3. 01 Representante da OAB – Poços de Caldas
02 Representantes de Empresas do Setor de Energia Elétrica: 4. 02 Representantes da PUC – Campus Poços de Caldas
3. Departamento Municipal de Eletricidade - D.M.E/POÇOS DE 04 Representantes de ONGs:
CALDAS (Titular e Suplente) 5. Associação Águas Claras (Caldas)
4. Companhia Energética de Minas Gerais - CEMIG ( Titular e 6. APRIMOF – Associação dos Amigos e Protetores do 7.
Suplente) Rio Mogi-Guaçu e seus Afluentes de Ouro Fino (Ouro Fino)
6. 02 Representantes da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais 8. Assistência Comunitária São José – ( Bom Repouso)
8. 02 Representantes das Empresas Mineradoras 9. Associação Cultural, Ecológica e Comunitária – ACECI (
10. 02 Representantes de Cooperativas e Associações Agropecuárias. Inconfidentes)
10. 01 Representante de Escola Agrotécnica (Inconfidentes)

Fonte: IGAM.

119
5.2 Análise crítica da formação e desempenho dos comitês

A administração pública, principalmente a mineira, tem já um bom amadurecimento no


trabalho com Conselhos deliberativos, formados por representantes da sociedade civil e com
forte atuação em suas áreas de competência. O maior exemplo dessa atuação, está no Conselho
de Política Ambiental – COPAM, que inclusive serviu de modelo para a criação do Conselho
Nacional de Meio Ambiente – CONAMA. Desde a sua criação, o COPAM tem formulado e
executado a política ambiental no estado de Minas Gerais, autorizando a implementação de
atividades que gerem algum impacto ambiental e formulando normas e padrões de qualidade
ambiental. O COPAM se constitui no primeiro passo, realmente revolucionário, para a garantia
da sociedade civil nos processos decisórios tipicamente reservados aos poderes públicos e
impingidos a toda sociedade.

Entretanto, a instituição dos Comitês de Bacias Hidrográficas, associados a Agências,


com independência técnica e administrativa, dando efetividade às decisões dos comitês, é um
avanço ainda maior da participação da sociedade em processos decisórios para a administração
de um bem público (garantia constitucional) a água.

Dentre os principais problemas identificados na constituição e funcionamento dos


comitês no estado de Minas Gerais podemos destacar os seguintes:

¾ Pouco envolvimento do poder público municipal e dos membros do comitê

¾ Falta de suporte técnico e de planejamento de ações

¾ Desconhecimento da existência do comitê na bacia

¾ Falta de estabelecimento de parcerias

¾ Falta de recursos financeiros

¾ Decisões centralizadas na diretoria do comitê

¾ Desconfiança das entidades da sociedade civil em relação ao setor de usuários

¾ Apreensão do setor de usuários em relação ao setor público

120
¾ Falta de um estudo preliminar ou diagnóstico de algumas bacias que venha
nortear as ações do comitê

Diante dos problemas que os comitês estão enfrentando, verifica-se que sua atuação fica
ainda mais comprometida quando ocorrem simultaneamente os seguintes fatores: dependência do
estado, decisões centralizadas na diretoria do comitê, pouco envolvimento dos membros e falta
de planejamento e ações práticas na bacia. A falta de recursos não é fator tão determinante para a
atuação do comitê nesta situação inicial, pois o que vem se mostrando é que por meio de
parcerias e articulando com outros órgãos ele pode conseguir viabilizar sua manutenção e
realizar ações na bacia.

A partir dessa análise da situação atual dos comitês em funcionamento em Minas Gerais
percebe-se que os fatores determinantes para um melhor desempenho desses colegiados são: a
organização existente, a articulação, a parceria, a informação e, sobretudo, o posicionamento de
comprometimento, de disponibilidade e de seriedade das pessoas que estão à frente dessas
iniciativas, como presidentes, secretários e membros mais envolvidos. A mobilização não é um
fator determinante no processo organizativo inicial, ela é, de fato, uma necessidade contínua,
avaliada a todo momento, pois é por meio dela que o comitê se fortalece.

Em relação ao papel do estado, a avaliação leva ao reconhecimento que este cumpriu com
o seu papel de estimular a formação dos comitês, iniciando a implementação do Sistema
Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, mesmo atuando de maneira incipiente, devido
à novidade do processo e a pouca estrutura existente.

Os objetivos do órgão gestor de recursos hídricos têm sido de estimular o processo


organizativo da bacia; coordenar, conforme a lei vigente, a formalização deste processo;
assegurar a participação da sociedade; promover a negociação dos interesses; proporcionar a
interação dos segmentos da sociedade e o avanço dos meios necessários à implementação da
gestão, quais sejam: a regulamentação da cobrança e definição da natureza jurídica da Agência
de Bacia. O estado tem agora o papel histórico de buscar alternativas para apoiar os comitês.

Deve cumprir, também, um papel ainda mais relevante e responsável que é o de


instrumentalizar os comitês com um aparato técnico. Ou seja, promover discussões sobre a
cobrança levando este tema ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos e estudar alternativas
para a criação de Agências de Bacia de comitês que estão localizados em áreas mais carentes do

121
estado e que dificilmente conseguirão viabilizar em suas áreas de atuação estas entidades
executivas. Além disso, deve-se trabalhar politicamente pela operacionalização do FHIDRO –
Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento das Bacias Hidrográficas do estado de
Minas Gerais-, proporcionando condições necessárias à atuação dos comitês. Enfim, cabe ao
estado propiciar uma condição que torne os comitês auto-sustentáveis e nesse aspecto,
entendemos que o Conselho Estadual de Recursos Hídricos tem um papel fundamental de
consolidar o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

Por outro lado, embora o órgão gestor tenha avançado tecnicamente em relação aos
instrumentos de gestão como outorga, enquadramento e planos diretores, todos estes
instrumentos se encontram desarticulados entre si e com os comitês de Bacia. São poucos os
comitês que se apropriaram dos instrumentos que dispõem e que estão utilizando-os nos seus
planos de ação. Além do mais, grande maioria dos Planos Diretores foi elaborada numa escala
macro, muito longe da escala de ação do comitê, e muitos deles encontram-se já defasados no
tempo.

Em Minas Gerais, o setor da agricultura irrigada é responsável por cerca de 70% das
outorgas concedidas pelo poder público. “O Brasil é perdulário com a água, afirma Willer Pós8”.
Para ele, a maioria dos produtores pratica o “molhamento” ou o “aguamento”, o que gera
impactos no meio ambiente. Minas é conhecida como a maior “caixa d’água” do Brasil. Cerca de
8,3% dos rios e lagos naturais e artificiais do país estão em solo mineiro, ocupando uma
superfície equivalente a 4.586 km² dos 55.457 km² existentes no Brasil.

Segundo Willer Pós, cada um dos comitês estaduais implementados em Minas Gerais tem
características diferentes. Os considerados mais estruturados são os comitês de bacia do Rio das
Velhas, essencialmente do setor siderúrgico e industrial, o do Pará e do Paraopeba, seguido pelo
de Araguari, de formação quase totalmente agrícola e o de Paracatu, considerado misto, com
participação dos setores mineral e agrícola. O da bacia do rio Doce é constituído especialmente
pelo setor siderúrgico. O comitê estadual mais antigo é o rio da Velhas, que possui plano diretor
e um estudo preliminar para a cobrança de tarifas. Além disso, é um comitê que já está
deliberando sobre processos de outorgas com previsão legal, depois de analisados pelo Igam.

8
Willer Hudson Pós. Diretor Geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM/2002. (Em entrevista
pessoal).

122
Nem todos os setores estão preparados para participar dos comitês, na opinião do diretor
presidente do Igam. “Considero o setor agrícola o menos preparado e com menor representação
nos comitês de bacia, apesar de ser o maior usuário da água”, afirma Willer Pós. Ele atribui o
fato às características de formação do setor, que conta com a participação de grupos familiares,
com baixa produção, descapitalizado, de difícil sustentabilidade e com pouco acesso à
informação.

Alguns comitês, com forte representação agrícola, como o de Araguari, que já foi
considerado “a menina dos olhos do Igam”, não conseguem deslanchar. Na opinião dos técnicos
da área, faltam-lhes subsídios importantes como um inventário ou um plano para a bacia
hidrográfica, o que lhes dariam mais suporte e o empurrão necessário pra uma atuação mais
ampla. A engenheira sanitarista Luiza de Marillac Camargos9 afirma que os comitês irão
realmente funcionar e mostrar resultados quando surgirem as agências de água. E, para haver as
agências, é preciso que haja a cobrança pelo uso da água. Ela acredita que a participação do setor
agrícola está em ritmo crescente e a possibilidade do início do processo de cobrança está
despertando preocupação e um maior interesse na participação. Ela considera importante o
estabelecimento de parcerias regionais para o fortalecimento dos comitês de bacia. “Os comitês
sofrem hoje as dificuldades de qualquer organização pioneira, funcionam dentro de sedes de
associações, de prefeituras municipais, de universidades. Mas o estado tem feito todo esforço
para fortalecê-los”, completa ela.

Um grande avanço na consolidação dos comitês será a regulamentação da cobrança pelo


uso de recursos hídricos cuja minuta de decreto para aprovação já se encontra no Conselho
Estadual de Recursos Hídricos-CERH. O decreto prevê: i) a cobrança pelo uso de recursos
hídricos é instrumento de gestão fundamental para a implementação do Sistema Estadual de
Gerenciamento de Recursos Hídricos SERGH-MG; ii) os usos de recursos hídricos superficiais
ou subterrâneos serão cobrados nos termos deste decreto; iii) a cobrança pelo uso da água será
implementada de forma gradativa e não recairá sobre os usos considerados insignificantes.

Com a regulamentação da cobrança no estado, avalia-se uma imediata criação das


Agências de Água, as quais podem ser organizações civis, de direito privado, com ampla
autonomia administrativa e financeira e que funcionarão como a secretaria executiva da gestão

9
Dra. Luiza de Marilac Moreira Camargos, Chefe da Divisão de Ordenamento de Bacias Hidrográficas do IGAM

123
dos recursos hídricos, preconizada pelos comitês. As Agências se constituem no braço técnico de
seus respectivos comitês, dando efetividade às deliberações emanadas desses. Sua
sustentabilidade é garantida pela cobrança pelo uso da água.

A Engª. Fátima Chagas10 considera que a garantia do uso dos recursos financeiros
oriundos da cobrança para a bacia é clara na lei estadual (lei 1.399): os recursos arrecadados com
a bacia serão revertidos para ela. O Conselho de Recursos Hídricos de Minas Gerais ainda não
deliberou sobre a cobrança da taxa pelo uso da água dos rios estaduais, mas suas reuniões estão
cada vez mais freqüentes e, brevemente, começará a contar com a atuação de comitês técnicos.
Entre seus feitos, o CERH contabiliza o decreto de regulamentação da Lei 1.399, sobre a Política
Estadual de Recursos Hídricos, a aprovação da divisão do Estado em unidades de planejamento e
gestão, além da deliberação para a formação dos comitês de bacia. “Minas é um estado interior,
em que as bacias são compartilhadas com a união. Temos que ter cuidado no trato das nossas
águas e do nosso território”, considera Fátima, referindo-se especialmente às bacias dos rios São
Francisco e Doce e á formação de seus comitês. A representatividade e a capilaridade dos
comitês de bacia existentes no estado é uma das atuais preocupações da Secretaria de Estado de
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais – SEMAD. Alguns deles são
extremamente dinâmicos, como o das Velhas, do Pará, do Paraopeba, do Caratinga e o do
Araguari. “O comitê das Velhas está discutindo a cobrança e uma forma de criar uma unidade
transitória que se transformará numa agência de bacia”, comenta Fátima. Como determina a
legislação, esses comitês têm uma formação paritária entre o poder público (estadual e
municipal) e a sociedade civil organizada e usuária, com o objetivo de constituir fóruns
democráticos, onde os interesses existentes dentro da bacia são discutidos e tirado um consenso
ou não. Na falta desse consenso, o assunto passa para outra instância, ou seja, o CERH.

“O poder público e as pessoas envolvidas na implementação prática do sistema de gestão


de recursos hídricos têm que buscar, rapidamente, mecanismos para aferir a eficiência do sistema
que está sendo colocado em prática através da Lei 1.399. São necessários indicadores e métodos

10
Dra. Fátima Chagas Dias Coelho. Secretária Adjunta da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais – SEMAD. (Em entrevista pessoal)

124
concretos, que saiam da subjetividade, para verificar se estão sendo atendidos os níveis de
representatividade e de capilaridade dos principais interessados”, defende a enga. Fátima Chagas.

No que toca à participação da sociedade, fica evidente que para o funcionamento dos
comitês se requer organização e participação. Nesse processo é fundamental contar com atores
comprometidos com os objetivos do comitê.

Para o eng. Júlio Thadeu11, os avanços que a formação dos comitês de bacias de rios
estaduais e federais trouxeram para o estado de Minas Gerais “foram no sentido de melhorar a
participação da sociedade organizada no processo de decisão e institucionalização do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos”. Já para Luiza de Marilac, os avanços foram
observados “na sensibilização e mobilização de várias regiões do estado em relação ao tema água
e maior conhecimento da Política Estadual de Recursos Hídricos”. Quanto à implementação dos
instrumentos de gestão, segundo Marilac “com a criação de comitês em Minas, os assuntos sobre
cobrança e o surgimento das futuras Agências de bacia estão sendo cada vez mais discutidos,
mas em relação à implementação dos instrumentos de gestão, têm-se poucas experiências. O
CBH-Pará e o CBH-Paraopeba estão avançando neste sentido, porque obtiveram apoio
institucional e financeiro para viabilizar a implementação dos instrumentos. O Igam iniciou a
discussão sobre o sistema de Informações, mas o projeto não avançou (dificuldades para captar
recursos financeiros), os planos diretores também estão paralisados. A outorga é ainda o nosso
instrumento que obteve maior avanço”. Acredita que isto aconteceu não tanto pela criação dos
comitês, mas um pouco pela sensibilização dos usuários e mais ainda porque todo processo de
empréstimo aos empreendimentos nos bancos financiadores exige a outorga.

Com relação à carência de recursos humanos capacitados para compor as equipes técnicas
dos comitês Maria de Lourdes Pereira dos Santos12, atribui à esta dificuldade o fato do quadro de
servidores do estado ser reduzido pelos baixos salários e poucas chances de crescimento
profissional, e por esta razão saírem de cena os técnicos com melhor capacitação. Dessa forma,
crê ser difícil para o estado conseguir equipes multidisciplinares, como devem ser, para o

11
Engº Júlio Thadeu Silva Kettelhut. Diretor de Programa de Implementação da Secretaria de Recursos
Hídricos do Ministério do Meio Ambiente. (Em entrevistas pessoal).
12
Dra. Maria de Lourdes Pereira dos Santos. Ex-Diretora de Desenvolvimento Hídrico do IGAM. (Em entrevista
pessoal).
125
atendimento aos comitês, já que os órgãos técnicos estaduais são extremamente carentes de
profissionais especializados. “O que se vê, comumente, é a cessão temporária de servidores dos
órgãos representados nos colegiados, para o suporte às suas atividades e ações. Sobre esta
matéria, comenta Luiza de Marilac: “O Igam ainda não tem uma estrutura formalizada de apoio
aos comitês, mas temos esta dificuldade sim, por se tratar de assunto novo e especialmente deste
trabalho possuir uma nova dinâmica (necessária interação e participação de técnicos com o
comitê para que este aproprie dos conhecimentos). O Igam tem um projeto de apoio aos comitês,
com recursos do PROÁGUA, que atendeu 4 comitês em 2002 e está previsto o apoio a mais 4
comitês em 2003”

No que diz respeito as questões referentes ao processo de implantação dos comitês


Patrícia Boson13 dá o seu depoimento: “O tamanho da bacia diz respeito à questão da
descentralização. Penso ser impossível aplicar o princípio da descentralização com eficácia em
uma área de 600 mil km². Outrossim, quando falamos em gestão participativa, não estamos
falando em gestão representativa. Portanto, a participação diz respeito à proximidade do agente
que participa com o problema e o tamanho da área dificulta essa efetiva participação”.

A pesquisadora considera também que a credibilidade é o fator chave do processo,


principalmente quando se trata da questão da cobrança pelo uso da água e sua aplicação pelo
comitê de bacia. “Penso que a questão da credibilidade é o ponto mais crítico de todos os citados
para a efetivação do comitê. Não tenho dúvidas que o primeiro gesto deve vir do setor público.
Cabe a ele, por intermédio de seus agentes, provar que a questão da descentralização não é uma
historia para enganar e que a cobrança não será mais uma CPMF. Pontos delicados em
andamento infelizmente têm dado provas do contrário. A aplicação dos recursos oriundos do
pagamento pelo uso da água pelas hidrelétricas, por exemplo, não seguem os ditames das leis
9.433 e 9.984. A priorização de formação de comitês do porte do São Francisco em detrimento
de um programa incisivo de fortalecimento dos Sistemas Estaduais, a forma agressiva com que
foram conduzidas as questões de implantação da cobrança no CEIVAP, os posicionamentos das
organizações ambientalistas da década de 70, sempre contra as empresas – capitalistas selvagens,
são pontos que quebram a necessária credibilidade para a implantação do Sistema”. A geóloga
Maria de Lourdes Pereira: “Acho que a principal dificuldade tanto nos comitês de rios de

13
Dra. Patrícia Gambogi Bóson. Pesquisadora da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais – CETEC. (Em
entrevista pessoal).
126
domínio federal quanto estaduais é o número reduzido de técnicos capacitados, no quadro dos
órgãos gestores das águas, para a devida mobilização na região da bacia hidrográfica. Outra
dificuldade é a escassez de recursos financeiros para o atendimento às demandas de viagens e
reuniões e o entrosamento com os outros estados e com a União além da adequação do que deve
ser realizado para o bem da bacia, aos interesses setoriais e institucionais de cada um, no caso
dos comitês de rios da União”.

Quanto aos critérios para priorização das bacias a serem apoiadas pelo órgão gestor com
vistas à formação do comitê, Luiza de Marilac afirma “Inicialmente houve uma priorização em
regiões onde já havia algum conflito relacionado a quantidade/qualidade da água. Assim
surgiram os primeiros comitês: Velhas, Mosquito, Araguari, Paracatu, Pará e Sapucaí com o
estado fazendo o papel de incentivar a formação. Posteriormente, a demanda por comitês surgiu
da própria sociedade da bacia”.

Em verdade, nem a sociedade civil e menos ainda o poder público do país, no seu
tradicional e histórico desejo administrativo centralizador, estão preparados para tal estrutura
apresentada pelo Sistema Nacional e Estadual de Gestão de Recursos Hídricos. Assim, vivemos
neste momento, em que alguns comitês já se instalam no Brasil e mais ainda em Minas Gerais,
um grande laboratório, onde tudo é aprendizado.

127
CONCLUSÕES

A constituição dos comitês no âmbito da Política, Nacional e Estadual, de Recursos


Hídricos segue, em verdade, o fenômeno do surgimento de uma nova ordem política,
consubstanciada pela participação direta, cada vez mais presente e forte, da sociedade civil
organizada na administração de temas, até então, exclusivamente públicos.

A instituição de Conselhos e comitês surge, no papel político, como um novo instrumento


de elaboração, decisão, implementação ou execução, monitoramento ou acompanhamento,
fiscalização, controle e avaliação de uma nova política ambiental e social. Refletindo uma
reforma política quando, através da instituição desses colegiados, cria-se o cenário propício para
a democratização da política, como condição para a democratização da sociedade e para a
conquista da cidadania política, como condição para a universalização da cidadania.

Por outro lado, os poderes públicos constituídos, temem que a descentralização venha
ferir suas competências e autonomia de ação como agentes reguladores de um bem público, no
caso a água, e não perderam a oportunidade, através do fomento a iniciativas locais, financiadas
por grandes programas e projetos governamentais, de exercerem um papel tutelar sobre os
comitês, com reflexos numa futura e providencial situação de dependência, portanto,
subordinação.

Estamos sem dúvida alguma diante de algo muito novo. Talvez por isso, não raro nos
deparamos com análises contrárias a esse formato da administração pública. Tais análises são
realizadas tendo, como base teórica e conceitual, velhos referenciais que até então foram
utilizados para interpretar a realidade social. Por isso não raro escutamos discursos no sentido de
que esses colegiados enfraquecem as instituições já tradicionalmente montadas para a solução
dos problemas públicos, mesmo que essas, de fato, não estejam resolvendo problema algum, ou
poucos e de forma muito precária.

A gestão de recursos hídricos no Brasil é uma questão relativamente nova para os setores
envolvidos e interessados na preservação ou recuperação de nossos aqüíferos superficiais e
subterrâneos. Os mecanismos dessa gestão ainda são incógnitas para aqueles que realmente
importam no processo, ou seja: a população. Mas é fácil verificar, pelos meios de comunicação
que, cada vez mais, a população pede por iniciativas que possam reverter a situação atual.

128
Em vários países, as legislações sobre o tema se consolidaram nos últimos trinta anos,
principalmente na França, cuja legislação foi utilizada como modelo para a elaboração dos
primeiros atos administrativos e legislativos que visam a estruturação do setor.

Existem no Brasil cerca de 80 comitês de bacia hidrográfica em atividade, a maioria


comitês estaduais, regidos pela Lei 9.433/97 e a correspondente lei de seu estado. Essa
duplicidade leva a estéreis debates sobre competência que não contribuem para o
desenvolvimento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, o qual na
funcionará adequadamente se prevalecer um caráter competitivo entre seus integrantes. Ao
contrário, a complexa gestão da água demanda ações coordenadas e cooperativas entre seus
agentes, sendo fundamental ao sistema que se estabeleçam níveis hierárquicos e
responsabilidades para os diversos agentes que o integram, condição essencial ao êxito do
processo.

Os comitês criados pelo Comitê Especial de Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas -


CEEIBH cumpriram papel histórico importante, qual seja o de consolidar, em nosso meio, a
importância de se tratar as questões referentes aos recursos hídricos em colegiados de decisão,
quebrando uma postura corporativa até então existente entre os órgãos e instituições
governamentais, intervenientes na administração da água. Esse foi um enorme avanço que
permitiu os aperfeiçoamentos subseqüentes, e que hoje estão consubstanciados na Política e
Sistema Nacionais de Recursos Hídricos. Os Comitês de Bacias Hidrográficas atuais contam
com participação crescente de representações dos usuários e da sociedade civil, fato de primeira
relevância no novo processo de gerenciamento hídricos que se implanta no Brasil. Além disso, as
Agências de Água (ou Agências de Bacia, como previsto no PL 1.616/99, e utilizado na maioria
das leis estaduais), irão traduzir quando forem criados os chamados “braço executivo do comitê”,
preenchendo lacuna apontada nos comitês do CEEIBH.

O desafio do aperfeiçoamento é permanente. Se, por um lado, os comitês criam espaços


cada vez maiores à participação dos usuários e à sociedade civil, cresce na mesma proporção a
responsabilidade desses segmentos no processo decisório. Daí a importância de se definir a
personalidade jurídica desses colegiados, de modo a caracterizar as responsabilidades de seus
integrantes. Acertos e equívocos das decisões sobre política hídrica, que no passado eram
creditados exclusivamente ao governo, hoje são compartilhados por todos os segmentos
representados no comitê e, portanto, a todos eles cabem as responsabilidades perante o cidadão.

129
Tem-se, hoje, no Brasil, uma lei que permite que a água tenha o seu uso cobrado. Do
primeiro projeto, de 1992 a 1997, houve um grande esforço para que isso ocorresse. Todavia, a
lei não resolve todos os problemas; há um enorme trabalho por realizar. Destaca-se, nesse
esforço que já vem sendo empreendido, a necessidade de cooperação entre cidadãos, entre
esferas de poder, entre estados, municípios e sociedade civil. Sem ela, a política pode estar
consubstanciada em inúmeras leis, em regulamentos, mas as idéias não saem do papel. Muito já
se conseguiu, com a edição da lei 9.433/97. Mas há muito que fazer. Cabe ressaltar a importância
do papel do Judiciário nesse processo, pois embora não participe da formulação das políticas
públicas, nem dos processos legislativos, é quem vai dar o contorno definitivo da política de
águas, ao tratar dos casos concretos. A interpretação da lei, nesse sentido, deve ser voltada à
proteção dos recursos hídricos, como condição de ordem social. Os princípios constitucionais
adotados devem ser os que congregam a proteção do meio ambiente nas atividades humanas.
Cabe ao Judiciário exigir que a lei seja cumprida, mesmo quando se tratar de infração cometida
pela Administração Pública. A independência dos poderes não pode sobrepor-se ao princípio da
legalidade, à qual encontra-se adstrito o Poder Público, por força constitucional.

Verifica-se, portanto que já existe uma base jurídica para o combate à degradação dos
recursos hídricos. Ocorre que, diante do cenário atual, principalmente nas áreas urbanas e em
especial nas regiões metropolitanas, a situação requer muito mais. Requer que sejam alocados
vultosos recursos para reverter a degradação.

Considerada a água como valor coletivo, abre-se a possibilidade de somar recursos


públicos aos arrecadados com a cobrança, para antecipar a realização das obras necessárias e
assim alcançar a universalização do saneamento.

É importante ressaltar que não basta realizar as obras necessárias se o processo de


degradação não for estagnado. É preciso envolver os setores usuários num processo em que cada
qual assuma compromisso com a recuperação e melhoria das condições existentes. Em outras
palavras, é preciso compartilhar responsabilidades e isso só é possível se também a gestão dos
recursos hídricos for compartilhada, ou seja, é necessário apostar no pleno funcionamento dos
comitês de bacia.

O sistema de gerenciamento de recursos hídricos, ao criar a figura dos colegiados


deliberativos, estabeleceu canais permanentes que institucionalizaram a participação da

130
sociedade de forma organizada. Mais do que permitir aos usuários o direito de voz nos fóruns
concedeu o direito de voto nas decisões.

A grande mudança foi a descentralização e a delegação do poder decisório.O Executivo


abre mão do seu poder discricionário de alocar recursos financeiros, a seu critério, para as obras
que julgava necessárias, e passa a compartilhar a competência para decidir quais as ações devem
ser prioritariamente executadas.

Hoje se discute em todo o país a questão do gerenciamento de recursos hídricos. Mais do


que isso: estão sendo implantados sistemas de gerenciamento de recursos hídricos em todos os
estados brasileiros. Em 25 deles, foram aprovadas as leis estaduais que regulamentam a matéria.
Paralelamente, a união está empenhada na implantação de comitês de bacias nos rios de seu
domínio, de forma articulada com as demais entidades e órgãos governamentais, buscando a
integração dos usuários e da sociedade civil organizada.

Para solucionar essa equação, somente a consolidação do sistema permitirá que se


consiga a integração efetiva das diferentes políticas setoriais públicas, em suas diferentes
instâncias (municipal, estadual e federal) com as atividades dos diversos segmentos produtivos.

A partir da experiência de Minas Gerais e não desconsiderando as particularidades


regionais, pode-se inferir que os problemas mais freqüentes com relação à criação, implantação e
funcionamento dos comitês de bacias hidrográficas são: conflitos de interesses, disputa pela
participação nos comitês, densidade demográfica, sensibilização dos segmentos para a
importância do comitê, distância entre os municípios, engajamento da comissão Pró-comitê,
entendimentos da legislação, viabilização de parcerias que mantenham minimamente uma infra-
estrutura para o comitê, falta de recursos e de capacitação dos membros do comitê.

Finalmente, é importante assinalar alguns pontos que são fundamentais para uma
adequada implementação da política de recursos hídricos no Brasil, tanto no âmbito federal
quanto estadual:

¾ O modelo composto pelos Comitês de Bacias, Agências de Água e cobrança


pelo uso é inovador, e a sua implantação implica em mudanças importantes
não só de leis preexistentes, mas também de postura e comportamento dos
administradores públicos que precisam ser receptivos a uma parceria como os
usuários de recursos hídricos e as comunidades.
131
¾ A implantação do gerenciamento de recursos hídricos deve ser visto como um
processo político, gradual, progressivo, em etapas sucessivas de
aperfeiçoamento, em consonância com as características e condições
brasileiras, respeitadas as peculiaridades de cada bacia ou região brasileira.

¾ Nas bacias e regiões em que os conflitos são mais sérios e que tenha havido
mobilização das comunidades e das entidades civis em torno do tema, são
mais factíveis as soluções inovadoras, que implicam em parcerias entre o
Poder Público e a sociedade.

¾ Nos estados em que isso não ocorrer, basicamente por questões políticas,
essas inovações são mais difíceis e deve procurar estágios intermediários de
gerenciamento de recursos hídricos, porém explicitando-se diretrizes de longo
prazo.

¾ As leis de caráter nacional devem permitir, ao mesmo tempo, soluções


diversificadas e progressivas, sem cercear iniciativas e, ao mesmo tempo, sem
obrigar a adoção de soluções incompatíveis com as condições econômicas,
políticas e sociais de cada estado ou região.

¾ Os municípios devem se envolver, participar e se comprometer com os


comitês. Para o fortalecimento, desenvolvimento e implantação de políticas
ambientais e de recursos hídricos dos municípios são necessárias políticas de
capacitação dos representantes nos comitês.

¾ A garantia da manutenção de estrutura paritária nos comitês de bacia (como


atual modelo quatripartite equilibrada) é fundamental no processo decisório;

¾ É fundamental assegurar a transparência e acesso público das informações


sobre a situação das águas, do ambiente e dos aspectos sanitários, sociais e
econômicos do desenvolvimento das bacias e do processo decisório.

¾ É através da cobrança pelo uso da água que se pode garantir a independência


política e administrativa dos comitês. A cobrança é um processo político
fundamentado no acordo social, no qual a confiança é o elemento de condução
e sustentação, requerendo, para sua implantação, uma negociação aberta e

132
transparente com o segmento no qual irá recair este instrumento de gestão, ou
seja, os usuários.

¾ A gestão das águas se enquadra num modelo de gestão adaptativa. Portanto


todas as etapas do processo devem ser reavaliadas no sentido de se garantir
que os objetivos de conservação e melhoria das condições de oferta e proteção
dos ecossistemas e uso integrado sustentável dos recursos hídricos sejam
atingidos.

133
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139
6. ANEXOS

140
ANEXO I

Lista de entrevistados e questionário

141
Engº Júlio Thadeu Silva Kettelhut, engenheiro civil, Diretor de Programa de
implementa;áo da Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, membro
titular do Conselho Nacional de Recursos Hídricos representando o Ministério do Meio
Ambiente e Presidente das Câmaras Técnicas de Assuntos Legais e Institucionais – CTIL e de
Análise de Projetos –CTAP.

Dr. Mauro Guilherme Jardim Arce, Secretario de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras
do Estado de São Paulo, membro titular do Conselho Nacional de Recursos Hídricos,
representando a Região Sudeste.

Dra. Luiza de Marilac Moreira Camargos, Engenheira Sanitária, Chefe da Divisão de


Ordenamento de Bacias Hidrográficas – IGAM, membro representante do IGAM nos Comitês de
Bacias Hidrográficas rio das Velhas, Paraopeba, Pará e Doce.

Dra. Patrícia Gambogi Boson, Engenheira Civil, Pesquisadora da Funda;ão Centro


Tecnológico de Minas Gerais – CETEC, Consultora de Recursos Hídricos da Federação das
Indústrias do Estado de Minas Gerais – FIEMG e Instituto Brasileiro de Mineração – IBRAM e
Membro da Câmara Técnica de Assuntos Legais e Institucionais – CTIL/CNRH apoiando a
representação da Confederação Nacional da Indústria – CNI.

Dra. Maria de Lourdes Pereira dos Santos, Geóloga e Engenheira de Minas, com pós-
graduação em hidrologia subterrânea. Ex-Assessora de Planejamento e Coordenação e Ex-
Diretora de Desenvolvimento Hídrico do IGAM e atualmente na Companhia do Vale do Rio
Doce, vinculada à Gestão Ambiental. Atuou como membro da Câmara Técnica de Assuntos
Legais – CTIL/CNRH.

Dra. Fátima Chagas Dias Coelho, Engenheira Civil, Secretária Adjunta da Secretaria de
Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais - SEMAD, Secretária
Executiva do Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERH.

Dr. Willer Hudson Pós, Químico Ambiental, Doutorado em Química Ambiental, Diretor
Geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM, da Secretaria de Meio Ambiente de
Desenvolvimento Sustentável – SEMAD.

142
1) Quais são os avanços na gestão de Recursos Hídricos no estado de Minas Gerais,
decorrentes da formação de comitês de bacias hidrográficas?

2) A criação de comitês no Estado de Minas Gerais acelerou a implementação dos


instrumentos de gestão e tem contribuído para a solução dos conflitos pelo uso da água?

3) Como se insere um Comitê Estadual de rio de 2ª ordem num Comitê Estadual de rio de 1ª
ordem ou mesmo um Comitê de rio de domínio do Estado num Comitê de rio de domínio
da União?

4) O estado tem encontrado dificuldade em identificar pessoas capacitadas pra compor as


equipes técnicas que darão suporte às atividades do Comitê? Qual é a estrutura de
funcionamento dos comitês?

5) Quais têm sido as maiores dificuldades encontradas na criação, implantação e


funcionamento dos comitês federais e estaduais?

6) No processo de implantação dos comitês, o tamanho da bacia, credibilidade e liderança,


cumprimento dos prazos estabelecidos na Resolução, falta de técnicos na bacia com
capacidade de atuar como elemento multiplicador em gestão de recursos hídricos têm se
constituído problema para o seu funcionamento?

7) É possível o funcionamento adequado do Comitê sem a existência de uma Agência de


Bacia ou de um Escritório Técnico que lhe dê suporte nas decisões técnicas?

8) Quais são os critérios para priorização das bacias a serem apoiadas pelo órgão gestor com
vistas à formação do Comitê de Bacia? Qual apoio financeiro que o Comitê tem recebido,
para apoiar despesas de mobilização e de sua implementação.

143
ANEXO II

Legislação Estadual e do Distrito Federal de Recursos Hídricos

144
145
LEGISLAÇÃO ESTADUAL E DO DISTRITO FEDERAL DE RECURSOS HÍDRICOS
LEI SOBRE POLÍTICA E ÁGUAS LEGISLAÇÃO DO ÓRGÃO
ÓRGÃO GESTOR DE RECURSOS
ESTADOS E DF SISTEMA DE REGULAMENTAÇÃO SUBTERRÂNEAS GESTOR DE RECURSOS
HÍDRICOS
GERENCIAMENTO HÍDRICOS
Decreto nº 37.784, de 22 de
Lei nº 6.126 de 16 de
Lei nº 5.965, de 10/11/97, outubro de 1998, publicado SECRETARIA DE ESTADO DE
dezembro de 1999 – Cria a
publicada em 11/11/97 - em 23 de outubro de 1998 – RECURSOS HÍDRICOS E
Secretaria de Estado de
Dispõe sobre a Política Regulamenta o Conselho IRRIGAÇÃO
Recursos Hídricos.
Estadual de Recursos Hídricos. Estadual de Recursos Hídricos. Endereço: Rua Cincinato Pinto 348 -
Lei nº 6.145, de 13 de
ALAGOAS institui o Sistema Estadual Centro
janeiro de 2000 – Dispõe
de Gerenciamento Integrado de Decreto nº 006, de 23 de Maceió – AL CEP: 57.020-050
sobre as diretrizes básicas
Recursos Hídricos e dá outras janeiro de 2001 – Fone: (82) 326-9907
para a reforma e
providências. Regulamenta a outorga de Fax: (82) 326-9936
organização do Poder
direito de uso de recursos e-mail: sip@seplan.al.gov.br
Executivo do Estado de
hídricos.
Alagoas.
INSTITUTO DE PROTEÇÃO
Lei nº 2.712, de 28 de
AMBIENTAL DO AMAZONAS -
dezembro de 2.001 –
IPAAM
Disciplina a Política Estadual
Endereço: Rua Recife nº 3280 -
de Recursos Hídricos,
AMAZONAS Bairro do Parque 10 de novembro
estabelece o Sistema Estadual
Manaus - AM CEP: 69.057-002
de Gerenciamento de Recursos
Fones: (92) 642-4848/642-7723
Hídricos e dá outras
Fax: (92) 642-4890/4778
providências.
E-mail: ippaan@ippaan.br
Site: www.ipaam.br
SECRETARIA DE ESTADO DE
MEIO AMBIENTE, CIÊNCIA E
Lei nº 686 de 07 de junho de TECNOLOGIA - SEMA
2002. Dispõe sobre a Política Endereço: Av. Mendonça Furtado, nº
AMAPÁ de Gerencia de Recursos 53 - Centro
Hídricos do estado e dá outras Macapá - AP CEP: 68.906-060
providências. Fone: (96) 212-5300/5301 - 223-
5771/212-5202: Fax: (96) 223-5731
e-mail: gabinete@sistema.ap.gov.br
Lei Nº 6.855, de 12/05/95 – Lei nº 8.194, de 21 de janeiro Dec nº 8.247, de 08 de SUPERINTENDÊNCIA DE
Dispõe sobre a Política, o de 2002. Dispõe sobre a maio de 2002. Aprova o RECURSOS HÍDRICOS
Gerenciamento e o Plano criação do Fundo Estadual de Regimento da Endereço: Av. 3 - Nº 390 Plataforma
BAHIA Estadual de Recursos Hídricos. Recursos Hídricos da Bahia - Superintendência de 04 – 1º andar - Ala Norte Centro
(publicada no DOE em 13 e FERHBA e a reorganização da Recursos Hídricos da Bahia Administrativo
14.05.1995) Superintendência de Recursos - SRH. Salvador – BA CEP: 41.746-900
Hídricos - SRH e do Conselho Lei nº 8.194, de 21 de Fones: (71) 370-6195 / 370-6170 /

146
LEI SOBRE POLÍTICA E ÁGUAS LEGISLAÇÃO DO ÓRGÃO
ÓRGÃO GESTOR DE RECURSOS
ESTADOS E DF SISTEMA DE REGULAMENTAÇÃO SUBTERRÂNEAS GESTOR DE RECURSOS
HÍDRICOS
GERENCIAMENTO HÍDRICOS
Estadual de Recursos Hídricos janeiro de 2002. Dispõe 6198
- CONERH. sobre a criação do Fundo Fax: (71) 370-6577
Estadual de Recursos E-mail: srh@srh.ba.gov.br
Lei nº 7.354, de 14 de Hídricos da Bahia - FERHBA http://www.srh.ba.gov.br
setembro de 1998. Cria o e a reorganização da
Superintendência de
Conselho Estadual de Recursos Hídricos - SRH e
Recursos Hídricos. do Conselho Estadual de
Recursos Hídricos -
CONERH.
Decreto nº 6.296 de Lei nº 7.435, de 30 de
21 março de 1997 - Dispõe dezembro de 1998. Dispõe
sobre a organização e
sobre a outorga de direito de estrutura da Administração
uso de recursos hídricos, Pública do Poder Executivo
Estadual.
infração e penalidades e dá Lei nº 6.812, de 18 de
outras providências. janeiro de 1995. Cria a
Superintendência de
Decreto nº 6.295, de 21 de Recursos Hídricos, entidade
março de 1997 – Institui o autárquica vinculada à
Sistema de Planejamento, Secretaria de Recursos
Coordenação e Implantação do Hídricos, Saneamento e
Projeto de Gerenciamento de Habitação.
Recursos Hídricos do Estado
da Bahia.

147
LEI SOBRE POLÍTICA E ÁGUAS LEGISLAÇÃO DO ÓRGÃO
ÓRGÃO GESTOR DE RECURSOS
ESTADOS E DF SISTEMA DE REGULAMENTAÇÃO SUBTERRÂNEAS GESTOR DE RECURSOS
HÍDRICOS
GERENCIAMENTO HÍDRICOS
Decreto nº 26.361, de 27 de Decreto nº Decreto nº 22.485, de 20 de
agosto de 2001.Altera 25.725, de 03 de janeiro abril de 1993. Aprova o
dispositivos do Decreto nº de 2000..Dispõe sobre a Regulamento da Secretaria
24.264, de 12 de novembro de finalidade, a estrutura dos Recursos Hídricos e dá
1996 e dá outras providências. organizacional e outras providências.
Decreto nº 25.443, de 28 de distribuição dos cargos
abril de 1999. Altera o prazo de assessoramento da
máximo de vigência da outorga Secretaria dos Recursos
de direito de uso de recursos Hídricos (SRH), e dá
hídricos. outras providências.
Decreto nº 25.391, de 01 de
março de 1999. Cria os
Comitês das Sub-bacias
Hidrográficas do Baixo e do
Médio Jaguaribe e institui seus SECRETARIA DOS RECURSOS
estatutos. HÍDRICOS
Lei Nº 11.996, de 24/07/92 -
Decreto nº 24.870, de 01 de Centro Adm. Governador Vírgilio
Dispõe sobre a Política
abril de 1998. Altera Távora - Ed. Seduc - Bloco C - 2º
Estadual de Recursos Hídricos,
dispositivos do Decreto nº Andar - Cambeba - Fortaleza -
institui o Sistema Integrado de
7. CEARÁ 24.264, de 12 de novembro de Ceará – CEP: 60819-900
Gestão de Recursos Hídricos -
1996 e dá outras providências. Fones: (85) 488 8503 / 8505
SIGERH e dá outras
(publicada em 08.04.98) Fax: (85) 488 8579
providências.
Decreto nº 24.264, de 12 de Email: srh@srh.ce.gov.br
novembro de 1996. http://www.srh.ce.gov.br/
Regulamenta o art. 7º, da Lei nº
11.996 de 24 de junho de 1992,
na parte referente à cobrança
pela utilização dos recursos
hídricos e dá outras
providências.
Decreto nº 23.068, de 9 de
fevereiro de 1994 –
Regulamenta o controle técnico
das obras de oferta hídrica e dá
outras providências.
Decreto nº 23.067, de 11 de
fevereiro de 1994.
Regulamenta o art. 4º da Lei nº
11.996, de 24 de julho de 1992,

148
LEI SOBRE POLÍTICA E ÁGUAS LEGISLAÇÃO DO ÓRGÃO
ÓRGÃO GESTOR DE RECURSOS
ESTADOS E DF SISTEMA DE REGULAMENTAÇÃO SUBTERRÂNEAS GESTOR DE RECURSOS
HÍDRICOS
GERENCIAMENTO HÍDRICOS
na parte referente à outorga de
direito de uso de recursos
hídricos, cria o Sistema de
Outorga para Uso da Água.
Decreto n° 23.047, de 03 de
fevereiro de 1994.
Regulamenta o Fundo Estadual
de Recursos Hídricos -
FUNORH, criado pela Lei
n°11.996, de 24 de julho de
1992, alterada pela Lei
n°12.245, de 30.12.93.
Decreto nº 23.039, de 01 de
fevereiro de 1994. Aprova o
Regimento Interno do Conselho
Estadual de Recursos Hídricos
– CONERH.
Decreto nº 14.535, de 2 de
julho de 1981. Dispõe sobre a
preservação e o controle dos
recursos hídricos,
regulamentando a Lei nº
10.148, de dezembro de 1977.
Decreto nº 22.356, de 31 de
Decreto nº
Lei nº 2725, de 13 de junho agosto de 2001.
22.358, de 31 de agosto SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE
de 2001. (publicada no DODF Regulamenta o Sistema de
de 2.001 - Dispõe sobre E DE RECURSOS HÍDRICOS -
nº 116 em 19.06.01). Institui a Informações sobre Recursos
a outorga de direito de Decreto n.º 21.410, de 02 SEMARH
Política de Recursos Hídricos Hídricos do Distrito Federal,
uso de água de agosto de 2000 - Dispõe Endereço: SEPN 511 – Bloco "A" -
do Distrito Federal, cria o e dá outras providências.
subterrânea no território sobre a estrutura orgânica Ed. Bittar II
DISTRITO Sistema de Gerenciamento de
do Distrito Federal de da Secretaria de Estado de Brasília – DF CEP: 70.750-901
FEDERAL Recursos Hídricos do Distrito Decreto n° 22.359, de 31 de
que trata o inciso II, do Meio Ambiente e Recursos Fone: (61) 340-3756 / 340-3792
Federal e dá outras agosto de 2001
artigo 12, da Lei n.º Hídricos. Fax: (61) 340-3785
providências. Dispõe sobre a outorga de
2.725 de 13 de junho de E-mail: semarh@semarh.df.gov.br
- Revoga a Lei nº 512, de 28 direito de uso de recursos
2001, e dá outras http://www.semarh.df.gov.br/
de julho de 1993. hídricos no território do distrito
providências.
federal e dá outras
providências.
Lei Nº 13.123, de 16/07/97 – Lei nº 13.025 de 13/01/97 que Lei nº 13.583, Lei nº. 12.603 de 07/04/95, SECRETARIA DO MEIO
GOIÁS
Dispõe sobre a Política dispõe sobre a pesca, de 11 de janeiro de que institui a Secretaria de AMBIENTE, DOS RECURSOS

149
LEI SOBRE POLÍTICA E ÁGUAS LEGISLAÇÃO DO ÓRGÃO
ÓRGÃO GESTOR DE RECURSOS
ESTADOS E DF SISTEMA DE REGULAMENTAÇÃO SUBTERRÂNEAS GESTOR DE RECURSOS
HÍDRICOS
GERENCIAMENTO HÍDRICOS
Estadual de Recursos Hídricos aqüicultura e proteção da fauna 2000, dispôs sobre a Meio Ambiente e dos HÍDRICOS E DA HABITAÇÃO -
e dá outras providências. aquática; conservação e proteção Recursos Hídricos, a SEMARH
ambiental dos depósitos SEMARH Endereço: Av. Laurício Pedro
Lei nº 13.040, de 20/03/97 que de água subterrânea no Lei nº 13.456, de 16 de Rasmussen nº 2.535 Vila Iate
aprova o Plano Estadual de Estado de Goiás. abril de 1999. Transforma a Goiânia – GO CEP: 74.015-080
Recursos Hídricos e Minerais Secretaria de Meio Fones: (62) 202-3300/ 202-3515 /
para o quadriênio 1995/1998; Ambiente e Recursos 223-8521 / 229-3758 / 565-1434
Hídricos em Secretaria de Fax: (62) 202-2366 / 212-5532
Lei nº 13.061 de 09/05/97 que Meio Ambiente, Recursos E-mail: semarh@sectec.gov.go.br
altera o referido Plano Estadual Hídricos e Habitação. site:
http://www.goias.gov.br/index.php
Decreto nº 4.468, de 19/06/95.
Dispõe sobre o Conselho
Estadual de Recursos Hídricos
– CERH.
Portaria nº 130 de 22/04/99 –
Regulamenta o Instrumento da
Outorga.
GERÊNCIA ADJUNTA DE MEIO
Lei nº 7.052, de 22/12/97 – Decreto nº 16.679, AMBIENTE E RECURSOS
Dispõe sobre a Política
Estadual de Recursos Hídricos, de 4 de janeiro de 1999. HÍDRICOS
Endereço: Av. Carlos Cunha s/nº -
institui o Sistema de Dispõe sobre a Calhau
MARANHÃO
Gerenciamento Integrado de
Recursos Hídricos e dá outras organização da Gerência São Luís – MA CEP: 65.076-820
Fones: (98) 246-5500 / 246-5298 /
providências. de Qualidade de Vida. 8429
Fax: (98) 246-7999
FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO
AMBIENTE – FEMA
Lei Nº 6.945 de 05/11/97 – Diretoria de Recursos Hídricos
Portaria FEMA- Decreto nº 393 de 12 de
Dispõe sobre a Lei de Política Decreto Estadual nº 3.952, de Endereço: Av. "D" s/nº - Palácio
MT nº 002, de agosto de 1999.
Estadual de Recursos Hídricos, 06.03.2002. Regulamenta o Paiaguás – Antigo Prédio do DOP -
25.04.2000. Organograma da Fundação
MATO GROSSO institui o Sistema Estadual de Conselho Estadual de Centro Político Administrativo
Normatização da Estadual do Meio Ambiente
Recursos Hídricos e dá outras Recursos Hídricos – CEHIDRO. Cuiabá – MT CEP: 78.050-970
construção de poços (FEMA-MT).
providências. Fones: (65) 644-4177 / 313-2054 /
tubulares
2850 / 231-6617
Fax: (65) 644-2566 / 313-2267
www.fema.mt.gov.br

150
LEI SOBRE POLÍTICA E ÁGUAS LEGISLAÇÃO DO ÓRGÃO
ÓRGÃO GESTOR DE RECURSOS
ESTADOS E DF SISTEMA DE REGULAMENTAÇÃO SUBTERRÂNEAS GESTOR DE RECURSOS
HÍDRICOS
GERENCIAMENTO HÍDRICOS
Lei n.º 2406, de 29 de
janeiro de 2002. Institui a
Política Estadual de Recursos SECRETARIA DE ESTADO DO
MEIO AMBIENTE CULTURA E
MATO GROSSO Hídricos, cria o Sistema TURISMO - SEMACT
DO SUL
Estadual de Gerenciamento Telefone: (67) 318.5600
Fax: (67) 318.5646
dos Recursos Hídricos e dá
outras providências.

Decreto nº 41.578, de 8 de Lei nº 13771,


março de 2001 Regulamenta a de 11.12.2000 - Dispõe
Lei nº 13.199, de 29 de janeiro sobre a administração,
de 1999, que dispõe sobre a a proteção e a
INSTITUTO MINEIRO DE GESTÃO
Política Estadual de conservação das águas
DAS ÁGUAS – IGAM
Recursos Hídricos. subterrâneas de domínio
Endereço: Rua Santa Catarina, 1354
Lei nº 13.199, de 29 de janeiro Decreto nº 40.057, de 16 de do Estado.
4º andar– Bairro de Lurdes
de 1999, publicada em 30 de novembro de 1998 - Dispõe
Belo Horizonte – MG CEP: 30.170-
janeiro de 1999 – Dispõe sobre a fiscalização e o
081
sobre a Política Estadual de controle da utilização dos Lei nº 12.584 de
Fones: (31) 3337-1819 / 3719
Recursos Hídricos e dá outras recursos hídricos no estado 17/07.1997. Altera a
Fax: (31) 3337-3283 / 8705
providências. pelo Instituto Mineiro de Gestão denominação do DRH para
e-mail
Lei nº 13.194, de 29 de janeiro das Águas – IGAM. IGAM.
diretoriageral@igam.mg.gov.br
MINAS GERAIS de 1999, publicada em 30 de Decreto n.º 40.055, de
site: http://www.igam.mg.gov.br/
janeiro de 1999 – Cria o Fundo Decreto nº 37.191 de 28 de 16.11.1998. Regulamento
de Recuperação, Proteção e agosto de 1995. Dispõe sobre do Instituto Mineiro de
O IGAM está vinculado à
Desenvolvimento Sustentável o Conselho Estadual de Gestão das Águas – IGAM.
SECRETARIA DE ESTADO DE
das Bacias Hidrográficas do Recursos Hídricos - CERH-MG
MEIO AMBIENTE E
Estado de Minas Gerais e dá - e dá outras providências.
DESENVOLVIMENTO
outras providências.
SUSTENTÁVEL - SEMAD
Deliberação Normativa CERH-
End. Av. Prudente de Moraes, 1671
MG Nº 03, de 10 de abril de
Belo Horizonte - MG.
2001 (Publicada no “Minas
Gerais” em 18 de abril de 2001)
Estabelece os critérios e
valores para indenização dos
custos de análise, publicações

151
LEI SOBRE POLÍTICA E ÁGUAS LEGISLAÇÃO DO ÓRGÃO
ÓRGÃO GESTOR DE RECURSOS
ESTADOS E DF SISTEMA DE REGULAMENTAÇÃO SUBTERRÂNEAS GESTOR DE RECURSOS
HÍDRICOS
GERENCIAMENTO HÍDRICOS
e vistoria dos processos de
outorga de direito de uso de
recursos hídricos no Estado de
Minas Gerais e dá outras
providências.
Portaria IGAM/nº 01 de 4 de
abril de 2000 – Dispõe sobre a
publicidade dos pedidos de
outorga de direito de uso de
recursos hídricos.
Portaria IGAM/nº 6 de 25 de
maio de 2000 - Acrescenta
parágrafo ao art. 12 e altera a
redação do art. 13 da Portaria
nº 030/93, de 7 de junho de
1993, com nova redação dada
pela Portaria nº 010/98, de 30
de dezembro de 1998 e
alterada pela
Portaria IGAM nº 007, de 19
de outubro de 1999. Altera a
redação do § 3º do Art. 8º da
Portaria nº 030/93, de 07 de
junho de 1993, com nova
redação dada pela Portaria nº
010/98, de 30 de dezembro de
1998, que regulamenta o
processo de outorga de direito
de uso de águas de domínio do
Estado.
8. Portaria
Administrativa Nº 010/98
(Publicada no “Minas
Gerais” em 23 de janeiro
de 1999.) Altera a
redação da Portaria Nº
030/93, de 07 de junho
de 1993.

152
LEI SOBRE POLÍTICA E ÁGUAS LEGISLAÇÃO DO ÓRGÃO
ÓRGÃO GESTOR DE RECURSOS
ESTADOS E DF SISTEMA DE REGULAMENTAÇÃO SUBTERRÂNEAS GESTOR DE RECURSOS
HÍDRICOS
GERENCIAMENTO HÍDRICOS
Lei nº 5457, de 11 de maio
de 1988 – Cria a Secretaria
SECRETARIA DE CIÊNCIA,
Lei nº 6.381, de 25 de julho de de Estado da Ciência,
TECNOLOGIA E MEIO AMBIENTE
2001, que dispõe sobre a Tecnologia e Meio Ambiente
– SECTAM
Política Estadual de Recursos e dá outras providências.
Endereço: Travessa Lomas
Hídricos, institui o Sistema Lei nº 5752, de 26 de julho
PARÁ Valentina, 2717 – Bairro Marco
Estadual de Gerenciamento de de 1993. Dispõe sobre a
Belém – PA CEP: 66.095-770
Recursos Hídricos e dá outras reorganização e cria cargos
Fones: (91) 276-1256 / 0731
providências. na Secretaria de Ciência,
Fax: (91) 276-8564
Tecnologia e Meio Ambiente
http://www.sectam.pa.gov.br/
– SECTAM e dá outras
providências.
Decreto nº 19.260, de 31 de Lei nº 7.033, de 29 de
outubro de 1997. novembro de 2001. Cria a
Regulamenta a outorga de Agência de Águas, Irrigação
direito de uso dos recursos e Saneamento do Estado da
hídricos e dá outras Paraíba – AAGISA, e dá
providências. outras providências.
Decreto nº 19.258 de 31.10.97.
Regulamenta o Controle
Técnico das Obras e Serviços
de Oferta Hídrica e dá
Lei nº 6.308 de 02.07.96, outras providências.
publicada em 03.07.1996. Decreto nº 19.257 de 31.10.97. Agência de Águas, Irrigação e
Institui a Política Estadual de Dá nova redação a dispositivos Saneamento do Estado da Paraíba
PARAÍBA
Recursos Hídricos, suas do Regimento Interno – AAGISA
diretrizes e dá outras do Conselho Estadual de Telefone: (83) 238.5255
providências. Recursos Hídricos, aprovado http://www.semarh.pb.gov.br/
pelo Decreto nº 18.824, de 02
de abril de 1997, e dá
outras providências.

Decreto nº 19.256 de 31.10.97.


Dá nova redação e revoga
dispositivos do Decreto
nº 18.823, de 02 de abril de
1997, que regulamenta o
Fundo Estadual de Recursos
Hídricos, e dá outras

153
LEI SOBRE POLÍTICA E ÁGUAS LEGISLAÇÃO DO ÓRGÃO
ÓRGÃO GESTOR DE RECURSOS
ESTADOS E DF SISTEMA DE REGULAMENTAÇÃO SUBTERRÂNEAS GESTOR DE RECURSOS
HÍDRICOS
GERENCIAMENTO HÍDRICOS
providências.

Decreto nº 18.824 de 02.04.97


- Aprova o Regimento Interno
do Conselho Estadual
dos Recursos Hídricos - CERH.
Decreto nº. Decreto nº Lei nº 11.352/96 – criação
5.361, de 4.646, de 31 de agosto da Superintendência de
março de de 2001. Dispõe sobre o Desenvolvimento, Recursos
2002, que regime de outorga de Hídricos e Saneamento
estabelece a direitos de uso de Ambiental (SUDERHSA)
cobrança pelo recursos hídricos.
uso das águas. Decreto nº 2.317,
Decreto nº 4.647, de 31 de publicado no Diário Oficial
agosto de 2001. Aprova o do Estado em 15.07.2001 –
regulamento do Fundo delegação de competências
Estadual de Recursos Hídricos. da Secretaria de Estado do
Decreto nº 4.646, de 31 de Meio Ambiente e Recursos
agosto de 2001. Hídricos - SEMA à
Lei nº 12.726, de 26 de
Dispõe sobre o regime de Superintendência de SUDERSHA - Superintendência de
novembro de 1999. Institui a
outorga de direitos de uso de Desenvolvimento de Desenvolvimento de Recursos
Política Estadual de Recursos
recursos hídricos. Recursos Hídricos e Hídricos e Saneamento Ambiental
Hídricos, cria o Sistema
PARANÁ Decreto nº 4.320 de 28 de Saneamento Ambiental - Rua Santo Antônio 239 Bairro
Estadual de Gerenciamento de
junho de 2001. SUDERHSA Rebouças
Recursos Hídricos e dá outras
Nomeia os Membros do Curitiba - PR CEP. 80.230-120
providências
Conselho Estadual de Fone: (41) 333-4774
Recursos Hídricos. Fax: (41) 333-4774 Ramal 2197
Decreto N.º 2.316, Publicado
no Diário Oficial do Estado
em 18/07/2000. Estabelece
normas, critérios e
procedimentos relativos à
participação de organizações
civis de recursos hídricos junto
ao Sistema Estadual de
Gerenciamento de Recursos
Hídricos.
Decreto N.º 2.315, publicado
no Diário Oficial do Estado

154
LEI SOBRE POLÍTICA E ÁGUAS LEGISLAÇÃO DO ÓRGÃO
ÓRGÃO GESTOR DE RECURSOS
ESTADOS E DF SISTEMA DE REGULAMENTAÇÃO SUBTERRÂNEAS GESTOR DE RECURSOS
HÍDRICOS
GERENCIAMENTO HÍDRICOS
de 18/07/2000. Estabelece
normas e critérios para a
instituição de comitês de bacia
hidrográfica
DECRETO N.º 2.314,
PUBLICADO NO DIÁRIO
OFICIAL DO ESTADO DE
18/07/2000. DISPÕE SOBRE
O CONSELHO ESTADUAL DE
RECURSOS HÍDRICOS.
Lei nº 11.427 Lei nº 11.629, de 28 de
de 17/01/97 – Dispõe janeiro de 1999. Dispõe
SECRETARIA DE RECURSOS
Lei nº 11.426 de 17/01/97 - 0 sobre a conservação e a sobre a estrutura
Decreto n 20.269 de 24 de HÍDRICOS
Dispõe sobre a Política proteção das águas organizacional do Poder
dezembro de 1997 – Dispõe Endereço: Rua Irmã Maria David,
Estadual de Recursos subterrâneas do Estado Executivo Estadual, cria e
sobre a Política Estadual de 180 – Casa Forte
Hídricos e o Plano Estadual de Pernambuco. extingue cargos e dá outras
Recursos Hídricos e o Plano 0 Recife – PE CEP: 52.061-070
de Recursos Hídricos, institui Decreto n providências.
PERNAMBUCO Estadual de Recursos Hídricos, Fones: (81) 3441-5636 / 1331 /
e Sistema Integrado de 20.423 de 26 de março
institui o Sistema Integrado de 3441-7525
Gerenciamento de Recursos de 1998. Regulamenta a Decreto nº 19.826, de 06 de
Gerenciamento de Recursos Fax: (81) 3441-7525
Hídricos e dá outras Lei nº 11.427, de 17 de junho de 1997. Aprova o
Hídricos. http://www.sectma.pe.gov.br/
providências. janeiro de 1997. Regulamento, Estrutura e
http://www.srh.pe.gov.br
Organograma da Secretaria
de Ciência, Tecnologia e
Meio Ambiente.
9. Decreto nº
27.208, de 2 de outubro FUNDAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA
Lei nº 3.239 de 02 de agosto
de 2000 - Dispõe sobre o ESTADUAL DE RIOS E LAGOAS –
de 1999, publicado no DOE
Conselho Estadual de SERLA
em 04/08/99. Institui a Política
Recursos Hídricos, e dá Endereço: Campo de São Cristovão,
Estadual de Recursos Hídricos,
outras providências. 138 – 3º andar – sala 301
cria o Sistema Estadual de
RIO DE JANEIRO Portaria nº 273, de 11 de Rio de Janeiro – RJ CEP: 20.921-
Gerenciamento de Recursos
dezembro de 2000. Estabelece 440
Hídricos, regulamenta a
os procedimentos técnicos e Fones: (21) 580-0048 / 580-4221 /
Constituição Estadual em seu
administrativos para a emissão 580-1198
artigo 261, § 1º, inciso VII, e dá
de outorga de direito de uso de Fax: (21) 580-0348 / 0548
outras providências.
recursos hídricos de domínio http://www.serla.rj.gov.br/
do Estado do Rio de Janeiro.

155
LEI SOBRE POLÍTICA E ÁGUAS LEGISLAÇÃO DO ÓRGÃO
ÓRGÃO GESTOR DE RECURSOS
ESTADOS E DF SISTEMA DE REGULAMENTAÇÃO SUBTERRÂNEAS GESTOR DE RECURSOS
HÍDRICOS
GERENCIAMENTO HÍDRICOS
Decreto nº 13.836, de Decreto nº 13.285 de 22 de
11/03/1998. Regulamenta o março de 1997, publicado
Fundo Estadual de Recursos em 25 de março de 1997.
Hídricos - FUNERH, criado pela Aprova o Regulamento da
Lei 6.908 de 01 de julho de Secretaria de Recursos
1996, e da outras providências. Hídricos do Estado do Rio
Lei nº 6.908 de 1º de julho de Decreto nº 13.283 de 22 de Grande do Norte.
Secretaria de Recursos Hídricos
1996, publicada em 3 de março de 1997, publicado em Lei n.º 8.086, de 15 de abril
do Estado do Rio Grande do Norte
julho de 1996 - Dispõe sobre 25 de março de 1997 – de 2002. Cria o Instituto de
Endereço: Av. Hermes da Fonseca,
a Política Estadual de Regulamenta o inciso III do art. Gestão das Águas do
1174 – Bairro Tirol
RIO GRANDE DO Recursos Hídricos, institui o 4º da Lei nº 6.908, de 1º de Estado do Rio Grande do
Natal – RN CEP: 59.015-001
NORTE Sistema Integradas de Gestão julho de 1996, que dispõe Norte IGARN, e dá outras
Fones: (84) 232-2410 / 2409 / 2420
de Recursos Hídricos - sobre a Política Estadual de providências.
Fax: (84) 232-2411 / 2419
SIGERH e dá outras Recursos Hídricos.
http;//www.serhid.rn.gov.br
providências. Decreto nº 13.284 de 22 de
março de 1997, publicado em
25 de março de 1997 –
Regulamenta o Sistema
Integrado de Gestão de
Recursos Hídricos – SIGERH e
dá outras providências.

Lei n.º 10.350, de 30 de Decreto nº 40.505, de 08 de Decreto nº


dezembro de 1994 - Institui o dezembro de 2000 42.047, de 26 de Lei nº 11.362, de 29 de
Sistema Estadual de Recursos Altera o Decreto nº 36.055, de dezembro de 2002. julho de 1999. Publicado no
Hídricos, regulamentando o 4 de julho de 1995, que trata Regulamenta DOE de 29/06/99. Introduz
artigo 171 da Constituição do do Conselho Estadual de disposições da Lei nº modificações na Lei nº SECRETARIA ESTADUAL DO
Estado do Rio Grande do Sul. Recursos Hídricos. 10.350, de 30 de 10.356, de 10 de janeiro de MEIO AMBIENTE - SEMA
Lei nº 11.560, de 22 de Decreto nº 37.033, de 21 de dezembro de 1994, com 1995, dispõe sobre a Endereço: Rua Carlos Chagas, 55,
dezembro de 2000. Introduz novembro de 1996 alterações, relativas ao Secretaria do Meio 9º andar - Centro
RIO GRANDE DO
alterações na Lei nº 10.350, de Regulamenta a outorga do gerenciamento e à Ambiente - SEMA e dá Porto Alegre - RS CEP: 90.030-020
SUL
30 de dezembro de 1994, que direito de uso da água no conservação das águas outras providências. Fone: (51) 286-2513 / 226-1503
instituiu o Sistema Estadual de estado do Rio Grande do Sul, subterrâneas e dos Fax: (51) 286-2349
Recursos Hídricos e na Lei nº prevista nos Artigos 29, 30 e 31 aqüíferos no Estado do http://www.sema.rs.gov.br/sema/
8.850, de 8 de maio de 1989 da Lei nº 10.350, de 30 de Rio Grande do Sul.
que criou o Fundo de dezembro de 1994.
Investimento em Recursos Decreto nº 37.034, de 21 de
Hídricos. novembro de 1996
Regulamenta o artigo 18 da Lei

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ESTADOS E DF SISTEMA DE REGULAMENTAÇÃO SUBTERRÂNEAS GESTOR DE RECURSOS
HÍDRICOS
GERENCIAMENTO HÍDRICOS
nº 10.350, de 30 de dezembro
de 1994, que instituiu o
Sistema Estadual de Recursos
Hídricos.
Decreto nº 36.055, de 04 de
julho de 1995
Regulamenta o artigo 7º da Lei
nº 10.350, de 30 de dezembro
de 1994, que instituiu o
Sistema Estadual de Recursos
Hídricos.
Decreto nº 81.351, de 17 de
fevereiro de 1978
Promulga o Tratado de
Cooperação para o
Aproveitamento dos Recursos
Naturais e o Desenvolvimento
da Bacia da Lagoa Mirim e o
Protocolo para o
Aproveitamento dos Recursos
Hídricos do Trecho Limítrofe do
Rio Jaguarão, anexo a esse
Tratado.
Resoluções do CRH/RS
001/1995 – Regulamenta a
operação experimental do
sistema de irrigação
Vacaraí/Canas no município de
São Gabriel, RS
001/1997 - Regulamenta os
usos da água que dispensam
de outorga.
002/1997 - Regulamenta a
alocação de recursos
financeiros do Fundo de
Investimentos em Recursos
Hídricos do Rio Grande do Sul,
visando a minimizar problemas
de drenagem urbana.

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ESTADOS E DF SISTEMA DE REGULAMENTAÇÃO SUBTERRÂNEAS GESTOR DE RECURSOS
HÍDRICOS
GERENCIAMENTO HÍDRICOS
003/1997 - Aprova a
composição do Comitê de
Gerenciamento da Bacia
Hidrográfica do Rio Taquari-
Antas.
004/1997 - Regulamenta a
administração e operação em
caráter experimental dos
sistemas de irrigação no
município de São Gabriel/RS
001/1998 - Aprova a nova
composição do Comitê de
Gerenciamento da Bacia
Hidrográfica do Rio Santa
Maria e aprova o seu
Regimento Interno.
002/1998 - Aprova a alteração
de nome do Comitê de
Gerenciamento da Bacia
Hidrográfica do Rio dos Sinos,
bem como aprova a sua nova
composição.
003/1998 – Oficializa a
Comissão Provisória do Lago
Guaíba.
004/1998 - Aprova a
composição do Comitê de
Gerenciamento da Bacia
Hidrográfica do Rio Caí.
005/1998 - Aprova a
composição do Comitê de
Gerenciamento da Bacia
Hidrográfica do Rio Pardo.
006/1998 - Aprova a nova
composição do Comitê de
Gerenciamento da Bacia
Hidrográfica do Rio Gravataí.
007/1998 - Aprova a
composição do Comitê de

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ESTADOS E DF SISTEMA DE REGULAMENTAÇÃO SUBTERRÂNEAS GESTOR DE RECURSOS
HÍDRICOS
GERENCIAMENTO HÍDRICOS
Gerenciamento da Bacia
Hidrográfica dos rios Vacacaí e
Vacacaí-Mirim.
008/1998 - Delega ao Instituto
Riograndense do Arroz - IRGA
a fiscalização da operação das
tomadas de água para irrigação
no arroio Velhaco e afluentes
no período da safra 1998/99.
009/1998 - Aprova a proposta
do Comitê de Gerenciamento
da Bacia Hidrográgica do Rio
Camaquã.
010/1998 - Aprova a proposta
do Comitê de Gerenciamento
da Bacia Hidrográfica do Rio
Tramandaí.
001/1999 - Aprova o Regimento
Interno do Comitê de
Gerenciamento da Bacia
Hidrográficado Rio Caí.
002/1999 - Delega ao Instituto
Riograndense do Arroz - IRGA
a continuidade na fiscalização
da operação das tomadas de
água para irrigação no arroio
Velhaco e afluentes no período
da safra 1999-2000.
003/1999 - Aprova o Regimento
Interno do Comitê
Gerenciamento da Bacia
Hidrográfica do Rio Pardo.
004/1999 - Aprova o Regimento
Interno do Comitê de
Gerenciamento da Bacia
Hidrográfica do Rio dos Sinos.
005/1999 - Aprova o Regimento
Interno do Comitê de
Gerenciamento da Bacia

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ÓRGÃO GESTOR DE RECURSOS
ESTADOS E DF SISTEMA DE REGULAMENTAÇÃO SUBTERRÂNEAS GESTOR DE RECURSOS
HÍDRICOS
GERENCIAMENTO HÍDRICOS
Hidrográfica do Lago Guaíba.
001/2000 - Aprova o Regimento
Interno do Comitê de
Gerenciamento da Bacia
Hidrográfica do Rio Gravataí.
002/2000 - Aprova o Regimento
Interno do Comitê de
Gerenciamento da Bacia
Hidrográfica dos rios Vacaraí e
Vacaraí-Mirim.
003/2000 - Delega ao Intituto
Rio Grandense do Arroz - IRGA
a continuidade na fiscalização a
operação da tomadas de água
para irrigação no arroio
Velhaco e afluentes, no período
da safra 2000-2001.
001/2001 - Aprova a proposta
de composição do Comitê de
Gerenciamento da Bacia
Hidrográfica do Alto Jacuí.
002/2001 - Aprova a proposta
de composição do Comitê de
Gerenciamento da Bacia
Hidrográfica do Rio Ijuí.
003/2001 - Discute e delibera
sobre o Projeto de Lei n.º
4.147/2000.
004/2001 - Delega ao IRGA a
fiscalização no Arroio Velhaco
e seus afluentes, no período da
safra 2001/2002.
005/2001 - Institui a Câmara
Técnica de Assessoramento
Permanente ao Conselho de
Recursos Hídricos.
006/2001 - Inicia o processo de
discussão para a criação das
Agências de Região

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ÓRGÃO GESTOR DE RECURSOS
ESTADOS E DF SISTEMA DE REGULAMENTAÇÃO SUBTERRÂNEAS GESTOR DE RECURSOS
HÍDRICOS
GERENCIAMENTO HÍDRICOS
Hidrográfica – ARH.
007/2001 - Instituição um
Grupo de Trabalho para tratar
de assuntos relativos ao
Programa Estadual Integrado
de Capacitação em Recursos
Hídricos, articulado ao
Programa de Gestão Ambiental
Compartilhada.
008/2001 - Aprova a proposta
de composição do Comitê de
Gerenciamento da Bacia
Hidrográfica dos Rios Turvo-
Santa Rosa-Santo Cristo.
009/2001 - Regulamenta o
Processo de Instalação dos
Comitês de Gerenciamento de
Bacias Hidrográficas do Rio
Grande do Sul.

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO
Lei Complementar nº 255, de AMBIENTAL – SEDAM
25 de janeiro de 2002. Institui Endereço: Estrada de Santo Antônio,
a Política Estadual de Recursos 900- Parque Cujubim Porto Velho -
RONDÔNIA
Hídricos e o Sistema Estadual RO CEP: 78.900-000
de Gerenciamento de Recursos Fone: PABX (69) 224-2220 / 7484 /
Hídricos. 2528 / 314.2110
Fax: (69) 224-2529 / 224 7466
SECRETARIA DE ESTADO DO
Lei nº 6.739, de 16 de
Lei nº 9.748 de 30/11/94 – DESENVOLVIMENTO URBANO E
dezembro de 1985 – Cria o
Dispõe sobre a Política MEIO AMBIENTE – SDM
Conselho Estadual de
Estadual de Recursos Hídricos Endereço: Av. Osmar Cunha, 183,
Recursos Hídricos
SANTA e dá outras providências. Ed. Ceisa Center, Bloco B, 5º andar
Lei Nº 10.644, de 07 de
CATARINA Lei nº 9.022 de 06/05/93 – Florianópolis – SC CEP 88.015-900
janeiro de 1998 - Dá nova
Dispõe sobre o Sistema Fone:(48) 224-3064/223 0400/224
redação ao art. 2º da Lei nº
Estadual de Gerenciamento de 6166 R- 202
6.739, de 16 de dezembro de
Recursos Hídricos Fax: (48) 222-9403/224 0471
1985, alterado pela Lei nº
http: //www.sdm.sc.gov.br
8.360, de 26 de setembro de

161
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ÓRGÃO GESTOR DE RECURSOS
ESTADOS E DF SISTEMA DE REGULAMENTAÇÃO SUBTERRÂNEAS GESTOR DE RECURSOS
HÍDRICOS
GERENCIAMENTO HÍDRICOS
1991, e nº 10.007, de 18 de
dezembro de 1995, que cria o
Conselho Estadual de
Recursos Hídricos - CERH.
Decreto nº 27.576 de 11 de
novembro de 1987 – Cria o Portaria DAEE Nº 712, de
Conselho Estadual de 28.06.2002. Cria a estrutura
Lei nº 10.020, de 3 de julho de
Recursos Hídricos. da Diretoria de
1998. Autoriza o Poder
Decreto nº 32.955, de 07 de Procedimentos de Outorga e
Executivo a participar da
fevereiro de 1991 – Lei nº 6.134, Fiscalização
constituição de Agência de
Regulamenta a Lei nº 6.134/88. de 02 de junho de 1988 LEI nº 8.275, de 29 de
Bacias.
Decreto nº 37.300 de 25 de – Dispõe sobre a março de 1993 (*) Cria a
Lei n.º 7.663, de 30/12/91 -
agosto de 1993 – preservação dos Secretaria de Estado de
Estabelece normas de
Regulamenta o Fundo Estadual depósitos naturais de Recursos Hídricos,
orientação à Política Estadual
de Recursos Hídricos – águas subterrâneas do Saneamento e Obras, altera
de Recursos Hídricos bem
FEHIDRO, criado pela Lei nº Estado de São Paulo. a denominação da
como ao Sistema Integrado de
7.663/91. Secretaria de Energia e DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E
Gerenciamento de Recursos
Decreto Estadual nº 41.258 de Decreto n° Saneamento e dá ENERGIA ELÉTRICA – DAEE
Hídricos.
31 de agosto de 1996. 32.955, de 7 de providências correlatas. Endereço: Rua Butantã, 285 – 5º
Lei nº 9034, de 27 de
Regulamenta a outorga de fevereiro de 1991 - DECRETO Nº 13.834, DE andar – Pinheiros
dezembro de 1994 – Dispõe
direitos de uso dos recursos regulamenta a Lei nº 27 DE AGOSTO DE 1979. São Paulo – SP CEP: 05424-140
sobre o Plano Estadual de
SÃO PAULO Hídricos e a fiscalização de 6.134, de 2 de junho de Dispõe sobre ampliação das Fone: (11) 3813-4145 / 3814-9011
Recursos Hídricos 1994/1995.
usos de recursos hídricos – 1988, que dispõe sobre atribuições do Departamento Fax: (11) 3814-9011 Ramal 2131 /
Lei nº 9866, de 28 de
artigos 9º a 13 da Lei nº a preservação dos de Águas e Energia Elétrica, 3815 - 9452
novembro de 1997 – Dispõe
7.663/91. depósitos naturais de contidas no Regulamento e-mail: sti@daee.sp.gov.br
sobre a proteção e recuperação
Decreto nº 43.022, de 7 de águas subterrâneas do baixado pelo Decreto n.o e-mail: drh@daee.sp.gov.br
de mananciais.
abril de 1998 – Regulamenta a Estado de São Paulo e 52.636, de 3 de fevereiro de http://www.daee.sp.gov.br/
Lei n.º 898, de 18 de
Lei nº 9.866/97. dá outras providências. 1971.
dezembro de 1975. Disciplina
Portaria DAEE nº 717, de 12
o uso do solo para a proteção
de dezembro de 1996. Aprova
dos mananciais, cursos e
a Norma e os Anexos que
reservatórios de água e demais
disciplinam o uso dos recursos
recursos hídricos de interesse
hídricos.
da Região Metropolitana da
Portaria DAEE nº 01, de 03 de
Grande São Paulo e dá
janeiro de 1998. Aprova a
providências correlatas.
Norma e os Anexos que
disciplinam a fiscalização, as
infrações e as penalidades.
Decreto nº 10.755, de 22 de

162
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ÓRGÃO GESTOR DE RECURSOS
ESTADOS E DF SISTEMA DE REGULAMENTAÇÃO SUBTERRÂNEAS GESTOR DE RECURSOS
HÍDRICOS
GERENCIAMENTO HÍDRICOS
novembro de 1977. Dispõe
sobre o enquadramento dos
corpos de água receptores na
classificação prevista no
decreto n. 8.468 (1), de 8 de
setembro de 1976, e dá
providências correlatas.
Decreto nº 18.099, de 26 de
março de 1998 – Dispõe sobre o
Conselho Estadual de Recursos
Hídricos – CONERH/SE, e dá
outras providências. SECRETARIA DE ESTADO DO
Lei nº 3.870 de 25 de Decreto nº 18.456, de 03 de PLANEJAMENTO E DA CIÊNCIA E
setembro de 1997 - Dispõe dezembro de 1999 - Regulamenta TECNOLOGIA – SEPLANTEC
sobre a Política Estadual de a outorga de direito de uso de Endereço: Rua Vila Cristina, 1051 -
Recursos Hídricos, e institui o recursos hídricos. Bairro São José
Decreto nº 18.931, de 3 de julho
SERGIPE Sistema Integrado de de 2000 – Corrige os valores de
Aracaju - SE CEP: 49.020-150
Gerenciamento de Recursos custos operacionais do Anexo Fone: (79) 214-4424/214-5177
Hídricos e dá outras único do Decreto nº 18.456, de 3 de Fax: (79) 211-9931
providências. dezembro de 1999, que E-mail: srh-se@prodase.com.br
regulamenta a outorga de direito de http://www.prodase.com.br/seplantec
uso de recursos hídricos. -srh
Decreto nº 19.079 de 5 de
setembro de 2000 – Regulamenta
o Fundo Estadual de Recursos
Hídricos – FUNERH.
SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E
Decreto nº 637, de 22 de julho de MEIO AMBIENTE – SEPLAN
o
Lei n 1.307, de 22 de março de 1998 – Cria o Conselho Estadual Endereço: Secretaria do Planejamento e
2002. Dispõe sobre a Política de Recursos Hídricos, e dá outras Meio Ambiente - ANNO - Esplanada das
Estadual de Recursos Hídricos, e providências. Secretarias – Centro - Palmas – TO CEP
TOCANTINS adota outras providências. Portaria nº 006, de 30 de janeiro 77.163.050 - Fone: (63) 218-1155 /1151
de 2001 – Dispõe sobre a outorga Geral:63 218.1141 - Fax:63 218-
de direito de uso de recursos 1158/1099
hídricos. e-mail: seplangb@zaz.com.br
http://www.seplan.to.gov.br/

163
ANEXO III

Relação dos Comitês de Bacias Hidrográficas do Brasil

164
RELAÇÃO DOS COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS DO BRASIL

Foz do Rio
Código Nome do Comitê Representante Legal Endereço Cidade Estado CEP Fone Fax E-mail/Site
Principal

Oceano CBH - Rua Marechal (51)3663


1 Milton Hack Osório RS 95.520-000 (51) 9971 1254 cmtramandai@aol.com
Atlântico TRAMANDAÍ Floriano, 1459 6494

Av. Capitão Noray


CBH - TIÊTE
2 Rio Tiête Aldo Benedito Pierri de Paula e Silva, Araraquara SP 14.807-060 (16) 232 2527 (16) 232 2527 comitetj@recursoshidricos.sp.gov.br
JACARÉ
135 – J. Panorama

Av. BPS, 1303


AV. BPS,1303 (35) 629
CBH - RIO Alexandre Augusto
3 Rio Grande Pinheirinho- Itajubá MG 37.500-000 1105/1106/1107/ (35) 622 3596 barbosa@iem.cfeu.br
SAPUCAÍ Barbosa
Campus Prof. José 1108
Rodrigues Seabra
UFP - CP 566 BR (54) 316 8101/
(54) 3311
4 Rio Jacuí CBH - ALTO JACUÍ Alfredo Castamann 285 Km171 bairro Passo Fundo RS 99.001-970 9981 5386 castamann@upf.tche.br
1307
São José (celular)
CBH - PARAÍBA Manuel Otoni Neiva
Rua Sarkis, 156 (24) 3355
5 Paraíba do Sul DO SUL (presidente em Resende RJ 27.510-100 (24) 3355 83 89 Ceivap@uol.com.br
Jardim Jalisco 8389
(CEIVAP) exercício)

CBH - RIO Antônio Reinaldo Rua Jaime Gomes, (34) 3242


6 Rio Paranaíba Araguari MG 38.440-000 (34) 3242 8888 cafeari@quantica.com.br
ARAGUARI Caetano 418 Centro 8888

Aprovado pelo
CNRH e instituído
7 Rio Doce CBH - DOCE
pelo Decreto de
25/01/2002

Rua getúlio
8 Rio Uruguaí CBH - RIO PEIXE Aristides Cimadon Vargas, 2125 - CP Joaçaba SC 89.600-000 (49) 551 2018 (49) 551 2004 peixe@unoescjba,rct-sc.br
542
Arthur Parada
CBH - BAIXADA Av. Getúlio (13) 3445 comitebs@recursoshidricos.sp.gov.b
9 Oceano Atlântico Prócida (Prefeito de Mongaguá SP 11.730-000 (13) 3421 1600
SANTISTA Vargas, 67 Centro 3063 r
Mongaguá)
Caixa Postal comitelagoa@guiafloripa.com.br /
Oceano CBH - LAGOA DA Alessio dos Passos (48) 232
10 10.100 Lagoa da Florianópolis SC 88.062-010 (48)232 0185 www.guiafloripa.combr/comitelagoa
Atlântico CONCEIÇÃO Santos 0515
Conceição da conceicao

Rio CBH - MÉDIO Benedito Mendes


11 Carlos Arruda Gams Marília SP 17.520-520 (14) 427 1017 (14) 427 1662 comitemp@recursos.sp.gov.br
Paranapanema PARANAPANEMA Faria. 40 A

Av. Marcolino
martins cabralk,
Oceano CBH - RIO
12 Carlos José Stüpp 1788 Ed. Minas Tubarão SC 88.705-000 (48) 626 6222 acit@acit-tubarao.com.br
Atlântico TUBARÃO
Center, 2º andar
CP 50
Rua Dr. Moreira
Carlos Magno Feijó
13 Rio Curu CBH - RIO CURU de Azevedo, 162 Pentecoste CE 62.640-000 (88) 352 1155
Campelo
Centro
CBH -
PIRACICABA, Claudio Antonio de Sede: Av. Estados
14 Rio Tiête Piracicaba SP 13.416-500 (19) 434 5111 (19) 434 5111 cbh-pcj@merconet.com.br
CAPIVARI E Mauro Unidos nº 988
JUNDIAÍ
Sede: Av.
Dionei Minuzzi Santa Cruz (51) 3717
15 Rio Jacuí CBH - PARDO-RS Independência , RS 96.815-900 (51) 3717 7460 dionei@proppex.unisc.br
Delevati do Sul 7470
2293
Rua Benedito
CBH - AGUAPEÍ E
16 Rio Paraná Elzio Stelato Júnior Mendes Faria, nº Marília SP 17520-520 (14) 427 1662 (18) 427 1662 daeebpp@terra.com.br
PEIXE
40 A
ULTRA -
CBH - BAIXO Cachoeira do (51) 3722
17 Rio Jacuí Fernando Bernal Martinho Lutero, RS 96.501-000 (51) 3722 4646 fhbernal@hotmail.com
JACUÍ Sul 3681
s/nº
Av. Otavio Pinto
CBH - TURVO Germano Hernandes São José do
18 Rio Grande César, nº 1400 SP 15.085-360 (17) 226 5302 (17) 227 2108 cimitetg@recursoshidricos.sp.gov.br
GRANDE Filho Rio Preto
Cidade Nova / cbhtg@terra.com.br

Oceano BR 116 km 400 - (51) 3671


19 CBH - CAMAQUÃ Gilberto Gonçalves Camaquã RS 96.180-000 comite@terra.com.br
Atlântico Trevo Acesso Sul 4001
Praça João
CBH - RIO Gutemberg (81) 3841
20 São Francisco Pereira Vale, 20 Sertânia PE 56.600-000 (81) 3841 1156
MOXOTÓ Granjeiro Maciel 1246
centro
Rua XV de
Oceano Novembro, 600
21 CBH - RIO ITAJAÍ Hans Prayon Blumenau SC 89.010-000 (47) 340 2414 comite@furb.br
Atlântico Edifício Mauá 2º
Andar
Rio Heirich Nikolaus Pça Rui Barbosa,
22 CBH - ARAÇUAÍ Araçuaí MG 39.600-000 (33) 3731 1570 pnasede@byalnet.com.br
Jequitinhonha Busselmann 26 Centro

166
Rua Raul
CBH - RIO Luiz Sergio Girão de Morada
23 Rio Jaguaribe Nogueira nº CE 62.940-000
BANABUIÚ Lima Nova
9(altos)
Rua Dona Maria
Homero de Carvalho (16) 682
24 Rio Grande CBH - RIO PARDO das Dores, 248 Serra Azul SP 14.30-000 (16) 682 1302 pfmazul@zaz.com.br
Freitas 1222/682 1221
Centro
Av. Mercúrio, s/nº (11) 3315
Hugo V. S. Marques
25 Rio Tiête CBH - ALTO TIÊTE Parque Dom São Paulo SP 03007-900 (11) 3315 9077 9083 / 3315 jconejo@sp.gov.br
de Resende
Pedro II 1309

Instituído pelo
Rio Paraíba do CBH - POMBA -
26 Decreto de 5 de
Sul MURIAE
junho de 2001

UCS - Francisco
CBH - RIO (54) 214 3492
27 Rio Taguari Isidoro Zorzi Getúlio Vargas, Caxias do Sul RS 95.070-560 (54) 212 1133 izorzi@ucs.tche.br
TAQUARI-ANTAS Ramal 2480
1130 CP 1352

(55) 422 4292 ivomello@pro.via-rs.com.br /


28 Rio Uruguaí CBH - RIO IBICUÍ Ivo Mello RS
(55) 9974 1353 comite_ibicui@pro.via-rs.com.br
Espirito
CBH - MOGI Praça Rio Branco
29 Rio Grande João Alborgheti Santo do SP 13.990-000 (19) 651 3707 (19) 651 5430 prefpinhal@uol.com.br
GUAÇU s/nº - Centro
Pinhal
CBH - RIBEIRA DE (15) 277
Oceano João Batista Rua Augusto comiterb@recursoshidricos.sp.gov.b
30 IGUAPE E Tapiraí SP 18.180-000 1133/1135 982 (15) 277 1314
Atlântico machado Moritz, 305 r
LITORAL SUL 3717 (celular)

Rio CBH - PONTAL DO José Alberto Mangas Rua Desbravador Presidente comitepp@recursoshidricos.sp.gov.b
31 SP 19.015-190 (18) 221 4350 (18) 221 4350
Paranapanema PARANAPANEMA Pereira Catarino Ceará, 438 Prudente r

CBH - MÉDIO Rua Doutor


José Aluísio (88) 518
32 Rio Jaguaribe BAIXO Queiroz Lima nº Solonópole CE 62.620-000
Cavalcante Pinheiro 1200/1351
JAGUARIBE 330
Setor Policial Sul
Oceano CBH - SÃO Área 5 Quadra 03
33 José C Carvalho Brasilia DF 70.610-200 (61) 445 5342 (61) 445 5362 dilma@ana.gov.br
Atlântico FRANCISCO Bloco L - SGR -
ANA
CBH - SÃO JOSÉ comitesjd@recursoshidricos.sp.gov.
34 Rio Paraná José Carlos Guisso Rua: Cinco, 2266 Jales SP 15.700-000 (17) 632 1726 (17) 632 4664
DOS DOURADOS br
CBH - RIO Rua do Príncipe,
Oceano José Mario Gomes
35 CUBATÃO 330, 9º andar, Joinville SC 89.201-700 (47) 435 3730 (47) 435 3730 cubatao@cubataojoinville.org.br
Atlântico Ribeiro
(NORTE) Conjunto 902

167
Rua Nossa (48) 248
Oceano CBH - RIO Senhora das 5797/337 0448 robsaito@yahoo.com.br /
36 José Y. Saito Florianópolis SC 88.070-620
Atlântico CUBATÃO Graças, 164 9983 5592 saiadm@matrix.com.br
Estreito (celular)

UNIJUÍ CP nº (55) 3332


37 Rio Uruguaí CBH - IJUÍ Lígia Cassol Pinto Ijuí RS 98.700-000 (55) 3332 0453 rhidrico@unijui.tche.br
560 0459

CBH - CORSAN - (55) 9987 9959


38 Rio Jacuí VACACAÍ/VACAC Loreno Côvolo Mauricio Sihotsky Santa Maria RS (celular) /3221
AÍ-MIRIM sobrinho, nº 333 2447

Praça Ministro (81) 3521 (81) 3521


Oceano CBH - RIO Cabo
39 Lúcio Monteiro André Cavalcati, PE 54.500-000 9720/3441 9933 1371/3268
Atlântico PIRAPAMA Agostinho
s/nº R. 24 1008

Rua Barão do
CBH - LAGO Luiz Antonio Timm
40 Lagoa dos Patos Cerro Largo, 600 Porto Alegre RS 90.850-110 (51) 3225 6636 grassilat@netmarket.com.br
GUAÍBA Grassi
Menino de Deus

Oceano CBH - LITORAL Luiz Roberto Numa Rua Cunhambebe, (12) 432 3816
41 Ubatuba SP 11.680-000 (12) 432 3816 comiteln@pratica.com.br
Atlântico NORTE de Oliveira 532– Centro Ramal 30

Avenida Dr.
CBH - SAPUCAÍ- Flávio Rocha, (16) 3724
42 Rio Grande Agliberto Gonçalves Franca SP 14.405-600 (16) 3724 5270 comitesmg@francanet.com.br
MIRIM GRANDE 4551 - Vila 5270
Exposição
CBH - BAIXO Marcos Martins comitebt@recursoshidricos.sp.gov.b
43 Rio Tiête Rua Silvares, 100 Birigui SP 16200-000 (18) 642 3655 (18) 642 3502
TIÊTE Villela r

Rio Pardo CBH - RIO Marilene Farias de Rua São Vicente Águas (33) 3755
44 MG 39.990-000
MG/BA MOSQUITO souza nº 154 Vermelhas 8129/3755 1204
Rua Gonçalves (31) 3337 2978 /
Belo
45 São Francisco CBH - PARAOPEBA Mauro da Costa Val Dias nº 2299/1007 MG 30.140-092 9108 9707 mcostaval@uol.com.br
Horizonte
Lourdes (celular)
CBH - RIO DAS Av. Afonso Pena, Belo
46 São Francisco Paulo Maciel Junior MG 31.130-003 (31) 3277 5182 dafma@pbh.gov.br
VELHAS 4000 Horizonte

CBH - RIO DOS


UNISINOS, 950, (51) 3590
47 Rio Jacuí SINOS Paulo Renato Paim São Leopoldo RS 93.022-000 (51) 3590 8508 cmtsinos@cirrus.unisinos.br
CP 275 8122
(COMITESINOS)

168
Paulo Roberto
CBH - BAIXO Fiatikoski (Prefeito Praça Martinico Morro (16) 3851
48 Rio Grande SP 14.640-000 (16) 3851 1400 pmagudo@netsite.com.br
PARDO GRANDE Munic. de Morro Prado, 1626 Agudo 1166
Agudo)

Av. Olegário
Pedro Paulo de Maciel, 544 - (33) 3329
49 Rio Doce CBH - CARATINGA Caratinga MG 35.300-047 (33) 3329 8029 beirario@prodatanet.com.br
Oliveira Martins Edifício horácio 8001
Valentim - 11
Samuel Pinto, 51
(81) 3227 3911 (81) 3227
50 São Francisco CBH - RIO PAJEÚ Rafael Silvio Nunes Edifício Tupy Boa Recife PE 50050-240
ramal 265 3519
Vista

Oceano CBH - RIO Raimundo Gonçalez Parque Ecológico Balneário


51 SC 88.330-000 (47) 363 7145 (47) 363 7145 rgmalta@terra.com.br
Atlântico CAMBORIÚ Malta Rio Camboriú Camboriú

CBH - BAIXO Raimundo José Reis Av. 22 de Janeiro, (88) 432


52 Rio Jaguaribe Icapuí CE 62810-000
JAGUARIBE Félix 3996 Centro 1194/432 1200

Rua Guapé nº 671/ (37) 344 (37) 3212


53 São Francisco CBH - PARÁ Regina Greco Divinópolis MG 35.501-271 regreco@uol.com.br
Belvedere 1142/344 9987 4066

Renato Amary Av. Américo de


CBH - SOROCABA
54 Rio Tiête (Prefeito Municipal Carvalho nº820 - Sorocaba SP 18.045-000 (15) 222 2065 (15) 222 2181 cbhmt@zaz.com.br
MÉDIO TIETÊ
de Sorocaba) Jd. Europa

M. Floriano
Roberto Carlos da S. Sebastião
55 Rio Jacuí CBH - RIO CAÍ Peixoto, 395 RS 95.760-000 (51) 3635 1550 comite@cpovo.net
Silva Alves do Caí
CP172

CBH - AFLUENTES Rua Sebastião


MINEIROS DOS Rodopiano Marques Thomás Oliveira, Poços de
56 Rio Grande MG 37.704-083 (35) 3697 2601
RIOS PARDO E Evangelista nº 260 Santa Caldas
MOGI GUAÇU Rosália

(38) 3671 5855


Praça JK, 423 (38) 3671
57 São Francisco CBH - PARACATU Rodrigo Vargas Paracatu MG 38.600-000 9962 6035
Centro 1366
(celular)
Sede:
COOP.TRITICO
CBH - SANTA Romeu Domingos Rosário do (55) 3231 cmtsmaria@rosulonline.com.br e
58 Rio Ibicuí LA Av. Miguel RS 97.590-000 (55) 3231 2480
MARIA Andreazza Sul 2957 cmtsmaria@pro.via-rs.com.br
Iron s/nº Santa
Rita

169
Rua Carlos
CBH - RIO (51) 3484 3488 comitegravataí@metroplan.rs.gov.b
59 Rio Jacuí Sérgio Cardoso Chagas,55/2 Porto Alegre RS 90.030-020
GRAVATAÍ 3288 6012 r/ada@metroplan.rs.gov.br
andar/sala 107

Toshio Toyota
CBH - RIO TIÊTE Praça Rio Branco, Novo comitetb@recursoshidricos.sp.gov.b
60 Rio Tiête (Prefeito Municipal SP 14.960-000 (17) 542 1144 (17) 542 1122
BATALHA 185 Horizonte r
de Novo Horizonte)

(Prefeitura
CBH - RIO Ubirajara Ferreira Municipal de (81) 3535 (81) 3535
61 Rio Capibaribe Moreno PE 54.800-000
JABOATÃO Paz Moreno) Sofrênio 1067/1197 1067
Portela, 375
Av. Amazonas nº
(35) 3229
62 Rio Grande CBH - RIO VERDE Valentim Calenzani 115 6º Andar - Varginha MG 37.310-000 (35) 3229 5614
5658
Centro
Rua Santa Lúcia,
CBH - RIO João (31) 3852
63 Rio Doce Vinicius Perdigão 291 bairro MG 35.930-117 cbhpiracicaba@robynet.com.br
PIRACICABA Montevade 1541
Aclimação
CBH - ALTO
Rio Walter Martins de Av. São Sebastião,
64 PARANAPANEMA Piraju SP 18.800-000 (14) 351 2599 (14) 351 2790 comitealpa@winf.com.br
Paranapanema Oliveira 125
(ALPA)

Walter Maurício Sede: Rua Manoel


Rio Paraíba do CBH - SERRA DA Campos do
65 Nogueira Barros Pereira Alves, 255 SP (12) 262 4122 (12) 262 4122
Sul MANTIQUEIRA Jordão
Vasconcelos – Vila Abernéssia

Oceano Wanderson Rogério Rua Adolpho Conceição da


66 CBH - ITAÚNAS ES 29.965-000 (27) 3251 8256
Atlântico Giacomim Serra nº3 Urbis Serra

CBH - ALTO Rua Máximo João


Yara Cristina
67 Rio Iguaçu IGUAÇU / ALTO Kopp nº274 bl. 1 Curitiba PR 80.630-900 (41) 333 4774 (41) 225-6454 yarabach@sepl.pr.gov.br
Eisembach
RIBEIRA /1º andar

Rua Prefeito nono@weg.com.br /


Oceano CBH - RIO Jardim
68 Ronaldo Klizke Waldemar SC 89.256-501 , (47) 370 7933 pmcorupa@netuno. com.br /
Atlântico ITAPOCU Centenário
Grubba nº 3.300 amvali@netuno.com.br
Rua Coronel
Oceano CBH - RIO
69 Adalto Gomes Buchelle nº 181 Tijucas SC 88.200-000 tannay@camaratijucas.com.br
Atlântico TIJUCAS
Centro

170
Av.Leoberto Leal
senseflora@baroni.com.br /
CBH - RIO Júlio bernardo da nº1904 Bairro
70 Rio Uruguaí SC (49) 221 0100 (49) 221 0102 juliofilho.silva@bol.com.br /
CANOAS silva Filho Universitário CP
adonismaccari@ig.com.br
225
Av. Getúlio
Oceano CBH - RIO (48) 522
71 Tadeu Santos Vargas nº 227 Sala Araranguá SC 88.802-001 pbarzan@casan.com.br
Atlântico ARARANGUÁ 0709/9954 5445
09 Centro
BR 277, Km 353
CBH - RIO Parque Municipal
72 Rio Iguaçu Mauro Battistelli Guarapuava PR 85030-230 (42) 624 2214 (42) 624 2214 semaflor@gol.psi.br
JORDÃO das Araucária
SEMAFLOR
Rua Padre
Reinaldo Gomes
73 Paranapanema CBH - RIO TIBAGI Votoriano Valente Ibiporã PR 86.200-000 (43) 258 5454 (43) 258 2377 imprensaibipora@onda.com.br
Ribeirete
nº 540
CBH - RIO Marcelo Déda Praça Olimpio nº
74 Rio Sergipe Aracaju SE 49.010-010
SERGIPE Chagas 180

CBH - ALTO Marcos André Lima Av. Aguanambi nº (85) 257


75 Rio Jaguaribe Fortaleza CE 60.055-402 andre@cogerh.com.br
JAGUARIBE da Cunha 1770 6538/272 9614
Rua Cel. Antônio
Pierre Maurice
76 Rio Jaguaribe CBH - SALGADO Luís nº989 Crato CE 63.100-000 (88) 523 2130
Gervaiseau
Pimenta
Rua Rômulo
CBH - RIO José Renato
77 Castelo nº 18 Serra Azul ES (27) 3251 8264 semma@serra.es.gov.br
JACARAÍPE Casagrande
Centro

Fonte: Agência Nacional de Águas – ANA (2002)

171
ANEXO IV

Resoluções CNRH nºs 5, 18 e 24

161
RESOLUÇÃO Nº 5, DE 10 DE ABRIL DE 2000
(Publicada no D.O.U de 11 de abril de 2000)
(Modificada pela Resolução nº18, de 20 de dezembro de 2001, e pela Resolução nº 24, de 24 de maio de 2002)

O Conselho Nacional de Recursos Hídricos, no uso de suas atribuições, tendo em vista o disposto na Lei nº
9.433, de 8 de janeiro de 1997, e no Decreto nº 2.612, de 3 de junho de 1998, e

Considerando a necessidade de estabelecer diretrizes para a formação e funcionamento dos Comitês de


Bacias Hidrográficas, de forma a implementar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
conforme estabelecido pela Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, resolve:

Art. 1º Os Comitês de Bacias Hidrográficas, integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de


Recursos Hídricos, serão instituídos, organizados e terão seu funcionamento em conformidade com disposto nos art.
37 a 40, da Lei nº 9433, de 1997, observados os critérios gerais estabelecidos nesta Resolução;

§ 1º Os Comitês de Bacia Hidrográfica são órgãos colegiados com atribuições normativas, deliberativas e
consultivas a serem exercidas na bacia hidrográfica de sua jurisdição.

§ 2º Os Comitês de Bacia Hidrográfica , cujo curso de água principal seja de domínio da União, serão vinculados ao
Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

§ 3º Os Comitês de Bacias Hidrográficas, deverão adequar a gestão de recursos hídricos às diversidades


físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais de sua área de abrangência.

Art. 2º As entidades mencionadas no art. 51 da Lei nº 9.433, de 1997, deverão, necessariamente, alterar seus
estatutos visando sua adequação ao disposto na Lei nº 9.433, de 1997, nesta Resolução e nas normas
complementares supervenientes.

Art.3º As ações dos Comitês de Bacia Hidrográfica em rios de domínio dos Estados, afluentes a rios de domínio da
União, serão desenvolvidas mediante articulação da União com os Estados, observados os critérios e as normas
estabelecidos pelo Conselho Nacional, Estaduais e Distrital de Recursos Hídricos.

Art.4º O Conselho Nacional de Recursos Hídricos só deverá intervir em Comitê da Bacia


Hidrográfica,quando houver manifesta transgressão ao disposto na Lei nº 9.433, de 1997, e nesta Resolução.

Parágrafo único. Será assegurada ampla defesa ao Comitê de Bacia Hidrográfica objeto da intervenção de
que trata este artigo.

Art. 5º A área de atuação de cada Comitê de Bacia será estabelecida no decreto de sua instituição, com base
no disposto na Lei nº 9.433, de 1997, nesta Resolução e na Divisão Hidrográfica Nacional, a ser incluída no Plano
Nacional de Recursos Hídricos, onde deve constar a caracterização das bacias hidrográficas brasileiras, seus níveis e
vinculações.

Parágrafo único. Enquanto não for aprovado o Plano Nacional de Recursos Hídricos, a Secretaria de
Recursos Hídricos elaborará a Divisão Hidrográfica Nacional Preliminar, a ser aprovada pelo Conselho Nacional de
Recursos Hídricos, tendo em vista a definição que trata o caput deste artigo.

Art.6º Os planos de recursos hídricos e as decisões tomadas por Comitês de Bacias Hidrográficas de sub-
bacias deverão ser compatibilizadas com os planos e decisões referentes à respectiva bacia hidrográfica.

Parágrafo único. A compatibilização a que se refere o caput, deste artigo, diz respeito às definições sobre o
regime das águas e os parâmetros quantitativos e qualitativos estabelecidos para o exutório da sub-bacia.

Art. 7º Cabe aos Comitês de Bacias Hidrográficas, além do disposto no art. 38, da Lei nº 9.433, de 1997, no
âmbito de sua área de atuação, observadas as deliberações emanadas, de acordo com as respectivas competências do
Conselho Nacional de Recursos Hídricos ou dos Conselho Estaduais, ou do Distrito Federal:

I - arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos, inclusive
os relativos aos Comitês de Bacias de cursos de água tributários;
162
II - aprovar o Plano de Recursos Hídricos da Bacia, respeitando as respectivas diretrizes:

a) do Comitê de Bacia de curso de água do qual é tributário, quando existente, para efeito do disposto no art. 6º desta
Resolução ou ;

b) do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, ou do Distrito Federal, ou ao Conselho Nacional de


Recursos Hídricos, conforme o colegiado que o instituir;

III - aprovar as propostas da Agência de Água, que lhe forem submetidas;

IV - compatibilizar os planos de bacias hidrográficas de cursos de água de tributários, com o Plano de Recursos
Hídricos da Bacia Hidrográfica de sua jurisdição;

V - submeter, obrigatoriamente, os planos de recursos hídricos da bacia hidrográfica à audiência pública;

VI - desenvolver e apoiar iniciativas em educação ambiental em consonância com a Lei nº 9.795, de 27 de


abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental; e

VII - aprovar seu regimento interno, considerado o disposto nesta Resolução.

Parágrafo único. Das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica caberá recurso aos Conselhos Nacional, Estaduais
ou Distrito Federal de Recursos Hídricos, de acordo com sua esfera de competência.

Art. 8º Deverá constar nos regimentos dos Comitês de Bacias Hidrográficas, o seguinte:

I - número de votos dos representantes dos poderes executivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, obedecido o limite de quarenta por cento do total de votos;

II - número de representantes de entidades civis, proporcional à população residente no território de cada


Estado e do Distrito Federal, cujos territórios se situem, ainda que parcialmente, em suas respectivas áreas de
atuação, com pelo menos, vinte por cento do total de votos, garantida a participação de pelo menos um representante
por Estado e do Distrito Federal;(NR) Resolução CNRH nº 24, de 24 de maio de 2002, artigo 1º

III – número de representantes dos usuários dos recursos hídricos, obedecido quarenta por cento do total de
votos; e (NR) Resolução CNRH nº 24, de 24 de maio de 2002, artigo 1º

IV - o mandato dos representantes e critérios de renovação ou substituição. (NR) Resolução CNRH nº 24,
de 24 de maio de 2002, artigo 1º

§ 1º Os mandatos do Presidente e do Secretário serão coincidentes, escolhidos pelo voto dos membros
integrantes do respectivo Comitê de Bacia, podendo ser reeleitos uma única vez.

§ 2º As reuniões e votações dos Comitês serão públicas, dando-se à sua convocação ampla divulgação, com
encaminhamento simultâneo, aos representantes, da documentação completa sobre os assuntos a serem objeto de
deliberação. (NR) Resolução CNRH nº 24, de 24 de maio de 2002, artigo 1º

§ 3º As alterações dos regimentos dos Comitês somente poderão ser votadas em reunião extraordinária,
convocada especialmente para esse fim, com antecedência mínima de trinta dias, e deverão ser aprovadas pelo voto
de dois terços dos membros dos respectivos Comitês. (NR) Resolução CNRH nº 24, de 24 de maio de 2002, artigo 1º

Art. 9º A proposta de instituição do Comitê de Bacia Hidrográfica, cujo rio principal é de domínio da
União, poderá ser encaminhada ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos se subscrita por pelo menos três das
seguintes categorias:

I - Secretários de Estado responsáveis pelo gerenciamento de recursos hídricos de, pelo menos, dois terços
dos Estados contidos na bacia hidrográfica respectiva considerado, quando for o caso, o Distrito Federal;

163
II- Prefeitos Municipais cujos municípios tenham território na bacia hidrográfica no percentual de pelo
menos quarenta por cento;

III- entidades representativas de usuários, legalmente constituídas, de pelo menos três dos usos indicados
nas letras “a” a “f ”, do art 14º desta Resolução com no mínimo cinco entidades; e

IV- entidades civis de recursos hídricos, com atuação comprovada na bacia, que poderão ser qualificadas como
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, legalmente constituídas, com no mínimo dez entidades,
podendo este número ser reduzido, à critério do Conselho, em função das características locais e justificativas
elaboradas por pelo menos três entidades civis.

Art. 10 Constará, obrigatoriamente da proposta a ser encaminhada ao Conselho Nacional de Recursos


Hídricos, de que trata o artigo anterior, a seguinte documentação:

I - justificativa circunstanciada da necessidade e oportunidade de criação do Comitê, com diagnóstico da


situação dos recursos hídricos na bacia hidrográfica, e quando couber identificação dos conflitos entre usos e
usuários, dos riscos de racionamento dos recursos hídricos ou de sua poluição e de degradação ambiental em razão
da má utilização desses recursos;

II - caracterização da bacia hidrográfica que permita propor a composição do respectivo Comitê de Bacia
Hidrográfica e identificação dos setores usuários de recursos hídricos, tendo em vista o que estabelece o art. 14 desta
Resolução;

III- indicação da Diretoria Provisória; e

IV - a proposta de que trata o art.9 o, desta resolução;

Art.11 A proposta de instituição do Comitê será submetida ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos e,
se aprovada, será efetivada mediante decreto do Presidente da Republica;

§ 1º Após a instituição do Comitê, caberá ao Secretário-Executivo do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, no


prazo de trinta dias, dar posse aos respectivos Presidente e Secretario Interinos, com mandato de até seis meses, com
incumbência exclusiva de coordenar a organização e instalação do Comitê;

§ 2º Em até cinco meses, contados a partir da data de sua nomeação, o Presidente Interino deverá realizar:

I - a articulação com os Poderes Públicos Federal, Estaduais e, quando for o caso, do Distrito Federal, a que
se refere o inciso I e II, do art. 39, da Lei nº 9.433, de 1997, para indicação de seus respectivos representantes;

II - a escolha, por seus pares, dos representantes dos Municípios, a que se refere o inciso III, do art.39, da
Lei nº 9.433, de 1997;

III - a escolha, por seus pares, dos representantes das entidades civis de recursos hídricos com atuação
comprovada na bacia, a que se refere o inciso V do art. 39, da Lei nº 9.433, de 1997, podendo as entidades civis
referenciadas, a serem qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público; e

IV - o credenciamento dos representantes dos usuários de recursos hídricos, a que se referem o art.14 desta
Resolução e inciso IV, do art.39, da Lei nº 9.433, de 1997;

§ 3º O processo de escolha e credenciamento dos representantes, a que se refere o parágrafo anterior deste
artigo, será público, com ampla e prévia divulgação;

Art.12 Em até seis meses, contados a partir da data de sua nomeação, o Presidente Interino deverá realizar:

I - aprovação do regimento do Comitê; e

II - eleição e posse do Presidente e do Secretário do Comitê.

164
Art. 12–A O prazo de mandato a que se refere o §1º do art. 11, bem como os prazos previstos no §2º do art.
11 e no caput do art. 12 poderão ser prorrogados, por tempo determinado, pelo Conselho Nacional de Recursos
Hídricos, desde que tenha sido prévia e justificadamente solicitado pelo Presidente Interino do Comitê, quarenta dias
antes do término de seu mandato. (AC) Resolução CNRH nº 18, de 20 de dezembro de 2001, artigo 1º

Art.13 O Presidente eleito do Comitê de Bacia deve registrar seu regimento no prazo máximo de sessenta dias,
contados à partir de sua aprovação.

Art. 14 Os usos sujeitos à outorga serão classificados pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, em
conformidade com a vocação da bacia hidrográfica, entre os seguintes setores usuários: (NR) Resolução CNRH nº
24, de 24 de maio de 2002, artigo 1º

a) abastecimento urbano, inclusive diluição de efluentes urbanos;

b) indústria, captação e diluição de efluentes industriais;

c) irrigação e uso agropecuário;

d) hidroeletricidade;

e) hidroviário;

f) pesca, turismo, lazer e outros usos não consuntivos.

I - cada usuário da água será classificado em um dos setores relacionados nas alíneas “a” a “f”, deste artigo;

II - a representação dos usuários nos Comitês será estabelecida em processo de negociação entre estes
agentes, levando em consideração:

a) vazão outorgada;

b) critério de cobrança pelo direito de usos das águas que vier a ser estabelecido e os encargos decorrentes
aos setores e a cada usuário;

c) a participação de, no mínimo, três dos setores usuários mencionados nas “a” a “f” do caput desse artigo,
e

d) outros critérios que vierem a ser consensados entre os próprios usuários, devidamente documentados e
justificados ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

Parágrafo único. O somatório de votos dos usuários, pertencentes a um determinado setor, considerado
relevante, na bacia hidrográfica conforme alíneas “a” a “f”, deste artigo, não poderá ser inferior a quatro por cento e
superior a vinte por cento.

Art.15 Os usuários das águas que demandam vazões ou volumes de água considerados insignificantes,
desde que integrem associações regionais, locais ou setoriais de usuários, em conformidade com o inciso II, do art.
47, da Lei nº 9.433, de 1997, serão representados no segmento previsto no inciso II, do art. 8º desta Resolução;

Art. 16 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

JOSÉ SARNEY FILHO RAYMUNDO JOSÉ SANTOS GARRIDO

Presidente do Conselho Secretário Executivo

165
RESOLUÇÃO Nº 18, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2001
(Publicada no D.O.U de 06 de março de 2002)

O Conselho Nacional de Recursos Hídricos, no uso das competências que lhe são conferidas pela Lei nº
9.433, de 8 de janeiro de 1997, com a redação dada pela Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, regulamentada pelo
Decreto nº 2.612, de 3 de junho de 1998, alterado pelo Decreto nº 3.978, de 22 de outubro de 2001, e tendo em vista
o disposto no seu Regimento Interno, aprovado pela Portaria MMA nº 407, de 23 de novembro de 1999, e

Considerando a experiência adquirida com a instalação dos comitês de bacia hidrográfica já instituídos;

Considerando que os rios de domínio da União envolvem geralmente mais de um estado da federação,
muitas vezes outros países;

Considerando a necessidade de se realizar um trabalho maior de articulação institucional, assim como um


processo mais amplo de mobilização social;

Considerando que os prazos estabelecidos pela Resolução nº 5 do CNRH, tem-se mostrado insuficientes
para viabilizar o processo de instalação dos comitês, resolve alterar esta Resolução, no sentido de possibilitar a
prorrogação do mandato da Diretoria Provisória dos Comitês de Bacia Hidrográfica, a critério do CNRH.

Art. 1º Acrescenta-se o art. 12-A, à Resolução CNRH nº 5, de 10 de abril de 2000, que possui a seguinte
redação:

,“Art. 12............................................................................."

“I..................................................................”

“II.................................................................”

“Art. 12–A. O prazo de mandato a que se refere o §1º do art. 11, bem como os prazos previstos no §2º do
art. 11 e no caput do art. 12 poderão ser prorrogados, por tempo determinado, pelo Conselho Nacional de Recursos
Hídricos, desde que tenha sido prévia e justificadamente solicitado pelo Presidente Interino do Comitê, quarenta dias
antes do término de seu mandato.”

Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

JOSÉ SARNEY FILHO RAYMUNDO JOSÉ SANTOS GARRIDO

Presidente do Conselho Secretário Executivo

166
RESOLUÇÃO Nº 24, DE 24 DE MAIO DE 2002
(Publicada no D.O.U de 16 de setembro de 2002)

O CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS, no uso das competências que lhe são
conferidas pela Lei n° 9.433, de 8 de janeiro de 1997, regulamentada pelo Decreto n° 2.612, de 3 de junho de 1998,
e tendo em vista o disposto no seu Regimento Interno, aprovado pela Portaria nº 407, de 23 de novembro de 1999, e

Considerando o estágio atual de implementação dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos; e

Considerando os requisitos legais e institucionais necessários para a emissão de outorga, resolve:

Art. 1º Os arts. 8º e 14 da Resolução nº 5, de 10 de abril de 2000, passam a vigorar com as seguintes


alterações:
“Art. 8º ....................................................................................................................................................................
II - número de representantes de entidades civis, proporcional à população residente no território de
cada Estado e do Distrito Federal, cujos territórios se situem, ainda que parcialmente, em suas
respectivas áreas de atuação, com pelo menos, vinte por cento do total de votos, garantida a
participação de pelo menos um representante por Estado e do Distrito Federal;

III – número de representantes dos usuários dos recursos hídricos, obedecido quarenta por cento do
total de votos; e

IV - o mandato dos representantes e critérios de renovação ou substituição.

..............................................................................

§ 2º As reuniões e votações dos Comitês serão públicas, dando-se à sua convocação ampla divulgação, com
encaminhamento simultâneo aos representantes, da documentação completa sobre os assuntos a serem objeto de
deliberação.

§ 3º As alterações dos regimentos dos Comitês somente poderão ser votadas em reunião extraordinária,
convocada especialmente para esse fim, com antecedência mínima de trinta dias, e deverão ser aprovadas pelo voto
de dois terços dos membros do respectivo Comitê.

...........................................................................(NR)"

“Art. 14 Os usos sujeitos à outorga serão classificados pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, em
conformidade com a vocação da bacia hidrográfica, entre os seguintes setores usuários:

...........................................................................(NR)”

Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

JOSÉ CARLOS CARVALHO RAYMUNDO JOSÉ SANTOS GARRIDO

Presidente do Conselho Secretário Executivo

167
ANEXO V

Decreto nº 4.613, de 11 de Março de 2003

168
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 4.613, DE 11 DE MARÇO DE 2003.

Regulamenta o Conselho Nacional de


Recursos Hídricos, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos
IV e VI, alínea "a", da Constituição, e tendo em vista o disposto nas Leis nos 9.433, de 8 de janeiro de
1997, e 9.984, de 17 de julho de 2000,

DECRETA:

Art. 1o O Conselho Nacional de Recursos Hídricos, órgão consultivo e deliberativo,


integrante da estrutura regimental do Ministério do Meio Ambiente, tem por competência:

I - promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos


nacional, regionais, estaduais e dos setores usuários;

II - arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos existentes entre Conselhos


Estaduais de Recursos Hídricos;

III - deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos, cujas repercussões


extrapolem o âmbito dos Estados em que serão implantados;

IV - deliberar sobre as questões que lhe tenham sido encaminhadas pelos Conselhos
Estaduais de Recursos Hídricos ou pelos Comitês de Bacia Hidrográfica;

V - analisar propostas de alteração da legislação pertinente a recursos hídricos e à Política


Nacional de Recursos Hídricos;

VI - estabelecer diretrizes complementares para implementação da Política Nacional de


Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos;

VII - aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacias Hidrográficas e estabelecer


critérios gerais para a elaboração de seus regimentos;

VIII - deliberar sobre os recursos administrativos que lhe forem interpostos;

IX - acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos e determinar


as providências necessárias ao cumprimento de suas metas;

169
X - estabelecer critérios gerais para outorga de direito de uso de recursos hídricos e para a
cobrança por seu uso;

XI - aprovar o enquadramento dos corpos de água em classes, em consonância com as


diretrizes do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA e de acordo com a classificação
estabelecida na legislação ambiental;

XII - formular a Política Nacional de Recursos Hídricos nos termos da Lei no 9.433, de 8 de
janeiro de 1997, e do art. 2º da Lei no 9.984, de 17 de julho de 2000;

XIII - manifestar-se sobre propostas encaminhadas pela Agência Nacional de Águas - ANA,
relativas ao estabelecimento de incentivos, inclusive financeiros, para a conservação qualitativa e
quantitativa de recursos hídricos, nos termos do inciso XVII do art. 4º da Lei no 9.984, de 2000;

XIV - definir os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos de domínio da
União, nos termos do inciso VI do art. 4º da Lei no 9.984, de 2000;

XV - definir, em articulação com os Comitês de Bacia Hidrográfica, as prioridades de


aplicação dos recursos a que se refere o caput do art. 22 da Lei no 9.433, de 1997, nos termos do § 4º
do art. 21 da Lei no 9.984, de 2000;

XVI - autorizar a criação das Agências de Água, nos termos do parágrafo único do art. 42 e
do art. 43 da Lei no 9.433, de 1997;

XVII - deliberar sobre as acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca


expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos
de domínio da União, nos termos do inciso V do art. 38 da Lei no 9.433, de 1997;

XVIII - manifestar-se sobre os pedidos de ampliação dos prazos para as outorgas de direito
de uso de recursos hídricos de domínio da União, estabelecidos nos incisos I e II do art. 5º e seu § 2º da
Lei no 9.984, de 2000;

XIX - delegar, quando couber, por prazo determinado, nos termos do art. 51 da Lei no 9.433,
de 1997, aos consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas, com autonomia
administrativa e financeira, o exercício de funções de competência das Agências de Água, enquanto
estas não estiverem constituídas.

Art. 2º O Conselho Nacional de Recursos Hídricos será presidido pelo Ministro de Estado
do Meio Ambiente e terá a seguinte composição:

I - um representante de cada um dos seguintes Ministérios:

a) da Fazenda;

b) do Planejamento, Orçamento e Gestão;

170
c) das Relações Exteriores;

d) dos Transportes;

e) da Educação;

f) da Justiça;

g) da Saúde;

h) da Cultura;

i) do Desenvolvimento Agrário;

j) do Turismo; e

l) das Cidades;

II - dois representantes de cada um dos seguintes Ministérios:

a) da Integração Nacional;

b) da Defesa;

c) do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;

d) da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e

e) da Ciência e Tecnologia;

III - três representantes de cada um dos seguintes Ministérios:

a) do Meio Ambiente; e

b) de Minas e Energia;

IV - um representante de cada uma das seguintes Secretarias Especiais da Presidência da


República:

a) de Aqüicultura e Pesca; e

b) de Políticas para as Mulheres;

V - dez representantes dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos;

VI - doze representantes de usuários de recursos hídricos; e

VII - seis representantes de organizações civis de recursos hídricos.

171
§ 1º Os representantes de que tratam os incisos I, II, III e IV do caput deste artigo e seus
suplentes, serão indicados pelos titulares dos respectivos órgãos e designados pelo Presidente do
Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

§ 2º Os representantes referidos no inciso V do caput deste artigo serão indicados pelos


Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos e seus suplentes deverão, obrigatoriamente, ser de outro
Estado.

§ 3º Os representantes mencionados no inciso VI do caput deste artigo, e seus suplentes,


serão indicados, respectivamente:

I - dois, pelos irrigantes;

II - dois, pelas instituições encarregadas da prestação de serviço público de abastecimento


de água e de esgotamento sanitário;

III - dois, pelas concessionárias e autorizadas de geração hidrelétrica;

IV - dois, pelo setor hidroviário, sendo um indicado pelo setor portuário;

V - três, pela indústria, sendo um indicado pelo setor minero-metalúrgico; e

VI - um, pelos pescadores e usuários de recursos hídricos com finalidade de lazer e


turismo.

§ 4º Os representantes referidos no inciso VII do caput deste artigo, e seus suplentes,


serão indicados, respectivamente:

I - dois, pelos comitês, consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas,


sendo um indicado pelos comitês de bacia hidrográfica e outro pelos consórcios e associações
intermunicipais;

II - dois, por organizações técnicas de ensino e pesquisa com interesse e atuação


comprovada na área de recursos hídricos, com mais de cinco anos de existência legal, sendo um
indicado pelas organizações técnicas e outro pelas entidades de ensino e de pesquisa; e

III - dois, por organizações não-governamentais com objetivos, interesses e atuação


comprovada na área de recursos hídricos, com mais de cinco anos de existência legal.

§ 5º Os representantes de que tratam os incisos V, VI e VII do caput deste artigo serão


designados pelo Presidente do Conselho Nacional de Recursos Hídricos e terão mandato de três anos.

§ 6º O titular da Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente será o


Secretário-Executivo do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

172
§ 7º O Presidente do Conselho Nacional de Recursos Hídricos será substituído, nas suas
faltas e impedimentos, pelo Secretário-Executivo do Conselho e, na ausência deste, pelo conselheiro
mais antigo, no âmbito do colegiado, dentre os representantes de que tratam os incisos I, II, III e IV do
caput deste artigo.

§ 8º A composição do Conselho Nacional de Recursos Hídricos poderá ser revista após


dois anos, contados a partir da publicação deste Decreto.

§ 9º O regimento interno do Conselho Nacional de Recursos Hídricos definirá a forma de


participação de instituições diretamente interessadas em assuntos que estejam sendo objeto de análise
pelo plenário.

Art. 3º Caberá à Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, sem


prejuízo das demais competências que lhe são conferidas, prover os serviços de Secretaria-Executiva do
Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

Art. 4º Compete à Secretaria-Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos:

I - prestar apoio administrativo, técnico e financeiro ao Conselho Nacional de Recursos


Hídricos;

II - instruir os expedientes provenientes dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos e


dos Comitês de Bacia Hidrográfica; e

III - elaborar seu programa de trabalho e respectiva proposta orçamentária anual e


submetê-los à aprovação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

Art. 5º O Conselho Nacional de Recursos Hídricos reunir-se-á em caráter ordinário a cada


seis meses, no Distrito Federal, e, extraordinariamente, sempre que convocado pelo Presidente, por
iniciativa própria ou a requerimento de um terço de seus membros.

§ 1º A convocação para a reunião ordinária será feita com trinta dias de antecedência e
para a reunião extraordinária, com quinze dias de antecedência.

§ 2º As reuniões extraordinárias poderão ser realizadas fora do Distrito Federal, sempre


que razões superiores assim o exigirem, por decisão do Presidente do Conselho Nacional de Recursos
Hídricos.

§ 3º O Conselho Nacional de Recursos Hídricos reunir-se-á em sessão pública, com a


presença da maioria absoluta de seus membros e deliberará por maioria simples.

§ 4º Em caso de empate nas decisões, o Presidente do Conselho Nacional de Recursos


Hídricos exercerá o direito do voto de qualidade.

173
§ 5º A participação dos membros do Conselho Nacional de Recursos Hídricos não enseja
qualquer tipo de remuneração e será considerada de relevante interesse público.

§ 6º Eventuais despesas com passagens e diárias serão custeadas pelos respectivos


órgãos e entidades representados no Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

Art. 6º O Conselho Nacional de Recursos Hídricos, mediante resolução, poderá constituir


câmaras técnicas, em caráter permanente ou temporário.

Art. 7º O regimento interno do Conselho Nacional de Recursos Hídricos será aprovado pela
maioria absoluta de seus membros.

Art. 8º A Secretaria-Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos promoverá a


realização de assembléias setoriais públicas, que terão por finalidade a indicação, pelos participantes,
dos representantes e respectivos suplentes de que tratam os incisos VI e VII do caput do art. 2o.

Art. 9º Os representantes de que tratam os incisos I, II, III, IV e V do caput do art. 2o, e
seus suplentes, deverão ser indicados no prazo de trinta dias, contados a partir da publicação deste
Decreto.

Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 11. Ficam revogados os Decretos nos 2.612, de 3 de junho de 1998, 3.978, de 22 de
outubro de 2001, e 4.174, de 25 de março de 2002.

Brasília, 11 de março de 2003; 182º da Independência e 115º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Marina Silva

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 12.3.2003

174

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