You are on page 1of 4

ACESSOS PARA HEMÓDIÁLISE

Podem-se utilizar vários tipos de acesso para hemodiálise, que genericamente se podem
dividir em duas categorias:

1- Acesso percutâneo, incluindo cateteres jugulares, subclávios e femurais, que


podem ser temporários ou permanentes
2- Fístulas arteriovenosas (FAV) e enxertos arteriovenosos.

Para indivíduos que sofrem de insuficiência renal terminal a FAV é o tipo de acesso
indicado, pois há evidencia de melhores taxas de fluxo e menores complicações.

Fístula arteriovenosa

A FAV é criada numa intervenção cirúrgica em que se faz a anastomose entre uma
artéria e uma veia.

A veia radial e a veia cefálica do antebraço não dominante, são normalmente as mais
usadas

Em consequência da anastomose, o sangue da artéria é forçado a fluir para a veia, onde


circula na em direcção retrógrada. O fluxo e a pressão elevadas causam o espessamento
e dilatação da veia.

Deve possibilitar-se a FAV maturar cerca de 8 semanas antes de puncionar, para


permitir a cicatrização da anastomose e algum desenvolvimento da veia.

As NKF-DOQI (National Kidney Foundation Dialysis Outcomes Quality Initiative


– 2006), preconizam a construção maioritária de FAV em detrimento das próteses
vasculares;

- Complicações da fístula arteriovenosa

Trombose

A trombose pode ocorrer no período pós-operatório imediato ou mais tarde, por vezes
após um episódio hipotensivo em diálise.

O tratamento indicado nestes casos é a trombectomia, ou então, uma angioplastia


percutânea com um cateter com balão.

Aneurisma

O aneurisma caracteriza-se por uma dilatação segmentar de um vaso sanguíneo


envolvendo toda a parede vascular.
O aneurisma pode ser causado pela punção repetida na mesma região. A pele acaba por
se tornar muito mais fina á medida que o aneurisma vai dilatando.

A punção do aneurisma deve ser evitada.

Infecção

O processo infeccioso do acesso vascular pode ser identificado através da presença de


aumento da temperatura local, rubor, edema, dor, febre e exsudado purulento.

A etiologia principal é a falta de assepsia/higiene no manuseio dos acessos vasculares.

Na infecção dos acessos com prótese ou cateter venoso central, o agente infeccioso mais
frequente é o Staphilococos aureos.

Mais de 30% dos doentes com IRC iniciam o tratamento por cateter, e nestes casos a
infecção é a complicação mais frequente levando muitas vezes à perda do acesso.

A evolução para sépsis ocorrer cerca de 10% dos casos, diagnosticados através de
hemoculturas e com isolamento do mesmo agente infeccioso na porção terminal do
cateter.

A prevenção é feita através da:


o Utilização de técnica asséptica em todos os procedimentos;
o Construção precoce de um acesso permanente;
o Vigilância e despiste de sinais e sintomas de infecção;

Nas próteses de PTFE e FAV é fundamental a promoção dos cuidados adequados de


higiene e assepsia na prevenção da infecção. A prótese de PTE trombosada e infectada
deve ser removida logo que possível

Estenose
A estenose de um acesso vascular provoca uma diminuição significativa do seu débito
sanguíneo, com a consequente diminuição da eficácia do tratamento dialítico e
potenciando o risco de trombose do acesso.

A etiologia das estenoses é diferente tratando-se de uma prótese de PTFE ou uma FAV.
o Nas próteses a hiperplasia da íntima na anastomose venosa é o factor
mais comum no desenvolvimento de estenoses.
o Nas FAV estes são mais numerosos: a fibrose (resultante de punções
frequentes no mesmo local); o desenvolvimento de abcessos e
pseudoaneurismas; o fluxo em turbilhão provocado por agulhas de lúmen
reduzido (aumento da pressão de entrada de sangue proveniente do
circuito extracorporal no acesso).

Os sinais clínicos que podem traduzir a presença de estenoses podem ser identificados
como: coagulação do circuito extracoporporal (CEC) – superior a 2 vezes por mês - ,
dificuldade na punção do acesso, dificuldade na heostase, edema do membro onde se
localiza o acesso e diminuição do Kt/V.

As características do acesso (pulso, frémito e deformações anatómicas) devem ser


frequentemente avaliadas numa perspectiva do despiste precoce de estenoses.

Uma perda de frémito contínuo e a consequente instalação de pulso traduz geralmente


compromisso circulatório a nível do acesso.

Síndrome de roubo de sangue

A Síndrome de Roubo está relacionada com a hiperperfusão a jusante do acesso


vascular, o doente pode queixar-se de dor, edema, sensação de frio ou de picada, devido
ao facto de ser “roubado” sangue à mão por causa da fístula.

Esta complicação, embora pouco frequente, é grave podendo mesmo levar à amputação
do membro

• Os sintomas são:
o Dor em repouso que se torna mais intensa durante a sessão de
hemodiálise;
o Arrefecimento e cianose da extremidade do membro;
o Lesão trófica podendo evoluir para úlcera necrótica;

Habitualmente torna-se necessária a correção cirúrgica para restabelecer o fluxo de


sangue para a mão, e com a subsequente perda de fluxo para a fístula.

Enxerto Arteriovenoso

Se os vasos periféricos não são adequados para a construção de uma FAV, o cirurgião
vascular pode decidir implantar um enxerto, entre uma artéria e uma veia, com uso de
um material sintético, o politetrafluoroetileno (PTFE), podendo ser configuradas em
linha recta ou em ansa.

As regiões habitualmente seleccionadas, são a região anterior do antebraço e braço;


região anterior da coxa e parede torácica.

Deve, preferencialmente ocorrer uma espera de 4 semanas, antes de permitir a punção


de uma prótese sintética.

You might also like