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Iluminação de Lojas

Destacar uma vitrine, a arquitetura da fachada, os produtos e a


decoração dos espaços internos tornando as lojas atraentes aos
olhos do público, já não é possível sem a elaboração de um bom
projeto de iluminação
(Por Sílvia A.Bigoni, Ladislao Szabo, Isac Roisenblatt)

Iluminar adequadamente um ambiente comercial, obedecendo sempre a


orientações técnicas, é fundamental em qualquer ponto de venda. Por isso, a
primeira preocupação do comerciante deve ser a fachada do estabelecimento,
usando um tipo de luz que permita, de imediato, o reconhecimento da empresa
pelo público. Em seguida, as atenções devem estar voltadas para o ambiente
interno, que requer uma iluminação que leve em conta a mercadoria
comercializada e o perfil do público alvo. Por exemplo: uma loja de roupas ou
de tecidos precisa de uma iluminação que valorize as cores e a textura do
produto. Já uma loja de móveis deve ter seu foco dirigido ao acabamento, um
dos primeiros itens a serem observados pelo consumidor, enquanto
estabelecimentos de jóias devem focalizar o brilho. Portanto, é um trabalho
bastante específico, que não pode ser executado por leigos, sob o risco de
obter um resultado oposto ao esperado.
Um projeto de iluminação leva em conta que 80% da percepção de
mundo que tem o ser humano se dá pela visão, tornando-se um aliado
extremamente importante nas vendas, e que vem sendo largamente utilizada
pelos empresários. Os supermercados foram um dos primeiros segmentos de
lojas a fazer uso da luz para valorizar os produtos, especialmente no setor de
carnes (com iluminação valorizando o vermelho) e no de frutas e verduras,
enfatizando o verde. Outro fator importante a ser ressaltado é que a alternância
da luz, direta ou indireta, pode determinar comportamentos diferenciados,
provocando maior ou menor satisfação do consumidor.

Os supermercados
foram um dos
primeiros
segmentos de lojas
a fazer uso da luz
para valorizar os
produtos,especialmente
nos setores de carnes,
de frutas e verduras.
Na foto, loja Aricanduva
do Wall Mart em
SãoPaulo (SP)
A iluminação deve
levar em conta
a mercadoria comercializada
e o perfil do público alvo.
Uma loja de roupas ou
de tecidos, por
exemplo, precisa de
um sistema de
iluminação que
valorize as cores e a
textura do produto

A IMPORTÂNCIA DO PROJETO
Destacar a vitrine, a arquitetura da fachada, os produtos, os expositores,
a decoração dos espaços internos, enfim, todos os detalhes que tornam uma
loja atraente aos olhos do público, já não é possível sem a elaboração de um
bom projeto de iluminação. Independentemente da localização da loja - no
shopping center ou na rua e do produto comercializado, qualquer
estabelecimento necessita de vários efeitos de luz capazes de realçá-Io entre
os demais e, principalmente, chamar a atenção do consumidor, o que trará
como conseqüência um incremento nas vendas.
O ideal é que o projeto de arquitetura inclua também a iluminação,
permitindo assim a criação de todos os recursos necessários para garantir
maior facilidade na hora da instalação. Afinal, quando a obra já está concluída,
muitas vezes é necessário iniciar novamente o desagradável quebra-quebra
para adaptar a iluminação desejada e eliminar eventuais falhas, tornando-a
compatível com a arquitetura já existente. É claro que este fato não inviabiliza a
correção da iluminação, pois no caso de lojas antigas sempre é possível contar
com as modernas soluções, mas será preciso contratar profissionais
especializados para assegurar a qualidade. Eles deverão ser habilidosos no
desenho, na parte técnica e na metodologia, ou seja, dominar perfeitamente a
arte de iluminar.

A MELHOR LUZ PARA CADA CASO

Alguns aspectos são fundamentais na hora de planejar um sistema de


iluminação para que se torne eficaz e alcance o resultado desejado. Um deles
é o conforto visual, tanto para quem está observando a loja do lado de fora
quanto para os funcionários e também os clientes que estão sendo atendidos lá
dentro. Lembre-se sempre de que o excesso de luz poderá acarretar um ofus-
camento na vista das pessoas, acabando por prejudicar a visualização dos
produtos expostos na vitrine. Por outro lado, a escassez de iluminação apre-
senta problemas similares. O consumidor poderá passar em frente a uma loja e
nem sequer notá-Ia. Então, o ideal é procurar atingir o equilíbrio, criando uma
iluminação que permita evidenciar o produto sem, no entanto, incomodar as
pessoas.
A ILUMINAÇÃO E O RESULTADO DO NEGÓCIO

De acordo com as modernas técnicas de marketing, o lojista, seja ele de


qual ramo for, tem algumas considerações que podem favorecer o incremento
das vendas quando atendidas. São elas: melhoria da imagem como fator de
diferenciação; criação de um ambiente adequado; despertar o interesse; atrair
os clientes; criar disposição de permanecer no ambiente; e criar a disposição
para o consumo na loja. Mas como a iluminação pode gerar estas situações? A
luz e seus efeitos têm tamanho poder que criam realmente facilidades para a
venda de um produto? A resposta é sim. Na tabela abaixo é possível verificar
como se pode atender às necessidades através da iluminação.
Ainda sob o aspecto do marketing e sua análise de mercado para o
desenvolvimento de estratégias de comercialização de produtos, algumas
características precisam ser definidas quando se vai desenvolver o projeto de
um ponto de venda. As características são: preço das mercadorias, projeto de
interiores, linha de produtos e estilo da loja.
Estes fatores devem ser tratados como determinantes também do
público alvo da loja, uma vez que sua combinação definirá qual o segmento
social o espaço vai atuar. Por exemplo, uma loja que trabalha com produtos de
alto valor agregado, com um projeto de interiores bastante apurado e
detalhado, uma linha de produtos pequena e com estilo personalizado, tende a
ser uma loja direcionada a classes sociais mais privilegiadas, enquanto lojas de
produtos baratos, com uma grande variedade e no estilo auto-atendimento,
tendem a ser direcionadas ao público de mais baixo poder aquisitivo.
Logicamente, as dimensões do estabelecimento e o tipo de produto e
atendimento podem e devem alterar as considerações acima, não propiciando
o estabelecimento de uma regra. A montagem de estabelecimento comercial
exige iluminação adequada a cada tipo de negócio.

Necessidade dos Logistas Requisitos de iluminação


Ambiente atrativo Aparência e temperatura da cor adequada
Objetos com aparência natural Qualidade na reprodução da cor
Níveis de iluminação adequados Fluxo e intensidade luminosa adequados
Contraste adequado Escolha do facho de luz (abertura)
Projeto atrativo Otimização do sistema

Confiabilidade Durabilidade e estabilidade

Conforto pessoal Aquecimento reduzido

Baixo custo Conservação de energia e pouca manutenção


A iluminação da fachada - seja a loja situada numa rua, seja num shopping center – é
especialmente importante, pois assume caráter de cartão de visitas da marca

MÉTODOS DE ILUMINAÇÃO

Iluminação Geral - Um sistema de iluminação geral, que segue um


padrão de distribuição ao longo de toda a área de vendas, é o mais comum em
grandes áreas de vendas onde não há uniformidade de layouts ou
interferências críticas, como gôndolas altas. A iluminação geral cria uma
visibilidade básica para prover quantidade apropriada e distribuição uniforme,
permitindo visualizar a mercadoria sem enfatizar um produto ou outro.
Iluminação Setorizada - A solução de iluminação setorizada, ou seja, o
sistema de iluminação instalado conforme certa distribuição de layout, através
de gôndolas, displays, racks, etc., é usado para enfatizar a mercadoria e
determinar áreas de exposição de produtos.
Sistema Flexível- Esta utilização se dá pela vantagem de flexibilidade
em determinados pontos da loja, tais como vitrines e displays, por permitir a
utilização de diferentes luminárias e lâmpadas, possibilitando criar efeitos
variados. É conseguido através de trilhos eletrificados com possibilidade de
divisão de circuitos.
Iluminação do provador e locais de prova e teste - Uma grande
atenção deve ser dada a locais de prova, pois geralmente após o cliente passar
por eles é que é decidida a compra. Não há uma regra a ser apresentada. O
correto, no entanto, é usar excelente reprodução de cor e temperatura de cor
igual à iluminação geral, pois os olhos do cliente já estão acostumados com a
luz geral da loja e não é conveniente que ele sinta nenhuma diferença em
relação ao local de prova e nível médio de luz. Nem sempre é conveniente
termos um nível alto de iluminação, pois em muitos casos o cliente acaba
vendo algo que ainda não havia enxergado, seja no produto, seja no próprio
corpo, o que pode criar algum desconforto e inviabilizar a venda. Em geral, nas
áreas administrativas, trabalha-se com uma luz de mesmo padrão do restante
da loja, porém normalmente com aparelhos de iluminação diferentes para gerar
um efeito diferencial naquele espaço.

ILUMINAÇÃO DAS FACHADAS

Quando a loja estiver situada na rua, a iluminação da fachada torna-se


especialmente importante, assumindo caráter de cartão de visitas da marca. O
principal é que os focos de luz incidam diretamente nas paredes da construção
e nunca nos vidros da vitrine, evitando reflexos indesejáveis e comprometendo
o efeito desejado.
Como a intenção é sempre fazer com que a loja sobressaia, convém
criar um contraste com as luzes da rua, onge comumente a iluminação é feita
através de lâmpadas de mercúrio (luz branca), ou de lâmpadas de sódio (luz
amarelada). Assim, se a loja apresentar uma luz de outra cor, o efeito será
bastante interessante.
Já as lojas instaladas em centros comerciais requerem outras formas de
iluminação. A começar pelas normas internas de administração de shopping
centers, que limitam a potência a ser empregada em cada loja, incluindo aí o
consumo com ar condicionado e luminosos externos, além, é claro, da
iluminação interna. Antes de definir por algum projeto de iluminação, deve-se
considerar que nos shoppings há a "guerra das estrelas", ou seja, disputas de
luzes entre os comerciantes, em que cada um quer ser a maior atração do local
e chamar mais a atenção do consumidor para a sua loja. Então, observe
atentamente as Iojas concorrentes e escolha uma proposta que o diferencie
dos demais, mesmo que não seja a mais escandalosamente iluminada.
Magazines - Em magazines, freqüentes alterações no sistema de
distribuição de exposições são efetuadas. A iluminação geral, muitas vezes
fixa, é similar à usada em escritórios panorâmicos, porém certo grau de
flexibilidade poderá ser obtido por meio de spots, que poderão ser deslocados
rápido e facilmente para acompanhar qualquer distribuição da mercadoria.
Lojas de auto-serviço e supermercados - Lojas de autoserviço e
supermercados geralmente têm um sistema de distribuição fixo de luminárias,
porém, diferentemente das lojas pequenas, os níveis de iluminâncias são altos
e uniformes. As fontes de luz geralmente são lâmpadas fluorescentes ou
lâmpadas de descarga de alta pressão. A iluminação local é somente usada
para destacar ofertas especiais. Spots sobre trilhos eletrificados geralmente
são usados para esta finalidade. Os estabelecimentos que comercializam
produtos perecíveis, como carnes e outros alimentos, devem dar atenção
especial à iluminação que, nestes casos, precisa ser um pouco diferenciada.
Primeiro porque luzes coloridas mascaram os produtos, o que significa enganar
o consumidor. Segundo porque a Secretaria da Saúde, órgão responsável pela
vigilância sanitária, proíbe o uso de luzes com excesso de tonalidade vermelha,
um recurso muito empregado nas casas de carnes para tornar o produto mais
atraente, com aparência de carne fresquinha. As multas, nestes casos, são
pesadas e o melhor é, portanto, cumprir a lei. Por outro lado, o comerciante
deste setor não pode lançar mão das luzes verdes e azuis. Imagine esta
tonalidade esverdeada iluminando uma carne cuja cor é vermelha. Aos olhos
ao público esta carne estará, no mínimo, estragada. Portanto, uma mercadoria
de qualidade corre o risco de parecer passada e ter sua comercialização
prejudicada. O melhor jeito, então, é procurar uma luz com temperatura de cor
de acordo com a cor do produto exposto, com baixo nível de produção de calor
e bom índice de fidelidade na reprodução das cores, como, por exemplo, as
fluorescentes de pós-trifósforo. Estas recomendações valem tanto para as
carnes como para qualquer tipo de alimento perecível. Vale lembrar que a
iluminação certa precisa oferecer também vida longa, facilidade de
manutenção, ausência de interferências e dispositivos de segurança (proteção
contra incêndio e curto-circuito). Há também a necessidade de utilizar
lâmpadas mais eficientes, que são as que fornecem mais luz com menor
consumo de energia.

Em magazines, freqüentes alterações


no sistema de distribuição de
exposições são efetuadas. Neste
caso, vale a flexibilidade
Artigo cedido pela Revista Câmara Informa - http://www.camaralnforma.com.br
Nota do edito utilizadas neste artigo são iIustratlvas e não foram definidas pelos autores

Revista Lumiere ano 5 setembro 2002 edição 53 páginas 86-90

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