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Holding Familiar: Tipo Societário e seu Regime

Tributário

1. Definição:

A expressão holding significa segurar, manter, controlar, guardar. Não


reflete a existência de um tipo de sociedade especificamente considerado na
legislação, apenas identifica a sociedade que tem por objeto participar de
outras sociedades, isto é, aquela que participa do capital de outras
sociedades em níveis suficientes para controlá-las.

Companhia holding é qualquer empresa que mantém ações de outras companhias


em quantidade suficiente para controlá-las e emitir certificados próprios. Em sua
forma mais pura, a companhia holding não opera partes de sua propriedade, mas
direta ou indiretamente controla as políticas operativas e habitualmente patrocina
todo o financiamento. (Walter E. Lagerquist).

Companhia holding é uma sociedade juridicamente independente que tem por


finalidade adquirir e manter ações de outras sociedades, juridicamente
independentes, com o objetivo de controlá-las, sem com isso praticar atividade
comercial ou industrial. (Oscar Hardy).

2. Base Legal:

A Constituição de 1988 veio enfatizar a necessidade de organização e


controle. Os Arts. 1º, 5º e 6º surpreendem pela clareza de mostrar uma
nova ordem social e um novo ambiente a atuar, novas diretrizes para as
estratégias dos anos 90 e os caminhos para os anos 2000. O Art. 170 da
Constituição estabelece, inequivocamente, as bases para novos
empreendimentos, e o Art. 226 veio mostrar o novo relacionamento
familiar. Quem leu e entendeu pôde ver quase dez anos antes as novas
oportunidades e nelas a holding tinha o seu lugar destacado no
planejamento e no estudo de viabilidades e investimentos em novos
negócios. Temas como a sucessão, impostos causa mortis, imposto fortuna,
doação são também temas mais fáceis de equacionar, abrigados sob a
proteção da holding.
Não se pode esquecer, no entanto, que para enfrentar a globalização e
viver ou conviver criativamente com ela é fundamental a instituição da
holding. Com o Novo Código Civil, Lei 10.406, de 10/1/02, consideramos
que a holding é a única possibilidade de proteger a família dos conflitos
latentes que há nessa lei. Quando ela fala em sociedade investidora ou
estabelece as regras da sucessão propriamente dita, torna-se confusa e, às
vezes, até injusta, como mostraremos ao longo deste trabalho.

Lei nº 6.404/1976, art. 2º, § 3º, prevê a existência das sociedades holding
estabelecendo que a companhia pode ter por objeto participar de outras
sociedades, e acrescenta: ainda que não prevista no estatuto, a participação
é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de
incentivos fiscais.

Apesar dessa previsão na Lei das S/A, nada impede que as sociedades
holding se revistam da forma de sociedade por quotas de responsabilidade
limitada, ou de outros tipos societários, pois, como já dissemos, a
expressão holding não reflete a existência de um tipo societário específico,
mas sim a propriedade de ações ou quotas que lhe assegure o poder de
controle de outra ou de outras sociedades.

Ainda, de modo não conceitual, mas indiretamente, a Lei das S/A


contempla as sociedades holding no capítulo em que trata das sociedades
coligadas, controladoras e controladas.

Controlada, conforme estabelece a Lei das S/A, é a sociedade na qual a


controladora, diretamente ou por meio de outras controladas (sistema
piramidal), possui direitos societários que lhe assegurem
permanentemente preponderância nas deliberações sociais e poder de
eleger a maioria dos administradores (Lei nº 6.404/1976, art. 243, § 2º).

A Lei estabelece, portanto, um critério básico de preponderância do capital


social para configurar a controladora, não cogitando de outras formas de
controle, como o domínio tecnológico, ou até por acordo de acionistas (ao
exigir direitos de sócios assegurados de modo permanente).

Rol da legislação pertinente:

- Lei das S/A 6.404/1976: arts. 2º, § 3º; 206 a 219; 243, § 2º.

- Lei 9.430/96: arts. 29 e 30.


- Regulamento do Imposto de Renda: arts. 223, § 1º, III, c; 225; 384; 519, §
1º, III, c; 521.

- Lei 10.833/2003: art. 1º, V.

- Lei 11.033/2004: art. 1º, V.

3. Espécies:

De forma geral, as empresas holding são classificadas como:

a) Holding Pura: quando de seu objetivo social conste somente a


participação no capital de outras sociedades, isto é, uma empresa que,
tendo como atividade única manter ações de outras companhias, as
controla sem distinção de local, podendo transferir sua sede social com
grande facilidade.

b) Holding Mista: quando, além da participação, ela exerce a exploração de


alguma atividade empresarial. Na visão brasileira, por questões fiscais e
administrativas, esse tipo do holding é a mais usada, prestando serviços
civis ou eventualmente comerciais, mas nunca industriais. Diante dessa
afirmação é necessário, como veremos adiante, estabelecer se a holding
deverá ser uma Sociedade Simples Limitada ou simplesmente uma
Limitada, porém só excepcionalmente uma Sociedade Anônima.

A doutrina aponta, ainda, outras classificações para as empresas holding


(tais como: holding administrativa, holding de controle, holding de
participação, holding familiar etc.)

Entre esses tipos é muito conhecido a holding familiar, que apresenta


grande utilidade na concentração patrimonial e facilita a sucessão
hereditária e a administração dos bens, garantindo a continuidade
sucessória.
4. Tipo Societário: Sociedade Limitada ou Sociedade Anônima.

O tipo societário deve ser definido tendo em vista os objetivos a serem


alcançados com a constituição da holding.

A forma social limitada é a mais adequada quando se pretende impedir que


terceiros estranhos à família participem da sociedade, no caso de holding
familiar.

Na prática, dá-se preferência em constituir uma sociedade empresária, em


virtude de maior simplicidade e menor custo do registro feito pela Junta
Comercial.

5. Regime Tributário:

Conforme mencionado, tem sido muito utilizada a chamada holding


familiar para concentrar patrimônio, com o objetivo de facilitar a
administração dos bens a sucessão hereditária. Vejamos o seu aspecto
fiscal:

5.1 Imposto de Renda:

Integralização de capital em bens:

Integralização por sócio ou acionista pessoa física:

É permitido às pessoas físicas transferir a pessoas jurídicas, a título de


integralização de capital, bens e direitos pelo valor constante da
Declaração de Bens ou pelo valor de mercado, observando-se o seguinte:

a) Se a entrega for feita pelo valor constante da Declaração de Bens, a


pessoa física deverá lançar nesta declaração as ações ou quotas subscritas
pelo mesmo valor dos bens ou direitos transferidos, não se lhes aplicando
as regras de distribuição disfarçada de lucros;

b) Se a transferência não se fizer pelo valor constante da Declaração de


Bens, a diferença a maior será tributável como ganho de capital.

Integralização por sócio ou acionista pessoa jurídica:

A transferência de bens do ativo de uma pessoa jurídica para outra pessoa


jurídica, a título de integralização de capital, poderá ser feita pelo valor
contábil ou pelo valor de mercado dos bens, observando-se que, nessa
segunda alternativa, diferencial a maior entre o valor contábil e o valor de
mercado dos bens constituirá um resultado tributável na empresa que os
tansfere.
Avaliação de investimentos pela equivalência patrimonial:

As pessoas jurídicas, qualquer que seja a sua forma societária deverão


avaliar pelo valor de patrimônio líquido os investimentos permanentes,
que sejam enquadrados como relevantes feitos em sociedades controladas,
bem como em sociedades coligadas sobre cuja administração tenham
influência ou de que participem com 20% ou mais do capital social,
observando-se, que para esse fim, consideram-se:

a) Coligadas as sociedades quando uma participa com 10% ou mais d


capital da outra, sem controlá-la;

b) Controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou por meio


de outras controladas é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de
modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de
eleger a maioria dos administradores;

c) Relevante o investimento:

c.1) em cadasociedade coligada ou controlada, se o valor contábil é igual


ou superior a 10% do valor do patrimônio líquido da pessoa jurídica
investidora;

c.2) no conjunto das sociedades coligadas e controladas, se o valor contábil


é igual ou superior a 15% do valor do patrimônio líquido da pessoa juídica
investidora.

Síntese da equivalência patrimonial:

A mecânica da avaliação, pela equivalência patrimonial, de investimentos


relevantes em sociedades controladas ou coligadas consiste no seuinte:

a) Procede-se a essa avaliação por ocasião da aquisição do investimento,


quando o valor pago deve ser desdobrado e contabilizando pela investidora
em contas ou subcontas distintas, representativas:

a.1) da parcela do patrimônio líquido da sociedade investida a que


correspondem as participações societárias adquiridas, obtida mediante a
aplicação, sobre o valor do patrimônio líquido da investida, da
porcentagem que as participações adquiridas representam sobre o capital
social dela;

a.2) do ágio ou deságio na aquisição, correspondente à diferença enre o


valor pago na aquisição e o valor da equivalência patrimonial do
investimento.
c) quando a sociedade investida distribuir lucros, a investidora os
contabilizará como diminuição do valor do seu investimento, sem
repercussão em conta de resultado.

Recebimento de lucros e dividendos pela holding:

Quando o investimento for avaliado pela equivalência patrimonial, os


lucros e dividendos distribuídos pela sociedade coligada ou controlada
devem ser contabilizads, na investidora, como diminuição do valor de
patrimônio líquido do investimento e não influenciarão as contas de
resultado. Todavia, excepciona-se dessa regra os lucros e dividendos
apurados pela coligada ou controlada em balanço levantado em data
posterior ao que serviu de base ara a última avaliação do investimento na
investidora, os quais devem ser reconhecidos em conta de resultado, mas
não serão tributáveis.

Tributação dos resultados apurados pela holding:

Para a espécie holding pura, ou seja, aquele cujo objeto social seja
exclusivamente a participação no capital de outras sociedades, releva
observar, em primeiro lugar, que a sua receita preponderante,
representada por lucros ou dividendos ou por resultado positivo da
avaliação de investimentos pela aquivalência patrimonial, não fica sujeita à
tributação pelo Imosto de Renda Pessoa Jurídica.

Entretanto, as receitas de outra natureza e os ganhos de capital na


alienação de bens são tributáveis segundo as regras aplicáveis a qualquer
empresa.

Distribuição de lucros ou dividendos pela holding:

Isenção do imposto sobre a distribuição do lucro presumido:

Os valores pagos a sócios ou acionistas ou a titular de empresa tributada


pelo lucro presumido, a título de lucros ou dividendos, ficam isentos do
imposto de renda, independentemente de apuração contábil, até o valor da
base de cálculo do imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ), deduzido do
IRPJ (inclusive o adicional, quando devido), da contribuição social sobre o
lucro, do PIS e da Cofins devidos, desde que a distribuição ocorra após o
encerramento do trimestre de apuração.

Apuração contábil de lucro líquido superior ao presumido - isenção na


distribuição:
Se a empresa mantiver escrituração contábil e apurar lucro líquido (após a
dedução do IRPJ devido) de valor suerior ao determinado na forma
anterior, a totalidade do ucro líquido cntábil poderá ser distribuída sem
incidência do imposto, observada a restrição informada.

Entretanto, se o lucro líquido apurado contabilmente for inferior ao valor


determinado de acordo com as regras focalizadas no item anterior,
prevalecerá a isenção sobre a distribuição de lucro presumido líquido do
imposto e das contribuições devidos.

Mútuos entre a holding e as controladas:

Uma das vantagens da holding é que ela possibilita a gestão financeira


unificada das empresas componentes do grupo, o que propicia a obtenção
de financiamentos a custos menores, em face de um maior poder de
barganha.

Todavia, se o repasse de recursos financeiros entre as empresas do grupo


for feito sem a cobrança de encargos ou com a cobrança de encargos
inferiores aos pagos pela mutuante para a obtenção dos recursos, Fisco
poderá considerar indedutíveis as despesas pagas pela mutuante, na parte
que exceder ao valor do encargo cobrado da mutuária, por enquadrá-las
como não necessárias.

Desde 1º.01.2005 a tributação elo imposto de renda nas operações de


mútuo passou a observar alíquotas escalonadas (portanto, não mais a
alíquta única de 20%) para residentes ou domiciliados no Brasil, observado
o prazo de contratação da operação. Essas alíquotas são:

a) 22,5%, em operações com prazo de até 180 dias;

b) 20%, em operações com prazo de181 dias até 360 dias;

c) 17,5%, em operações com prazo de 361 dias até 720 dias;

d) 15%, em operações com prazo acima de 720 dias;

No caso de operações existentes em 31.12.2004, os rendimentos


produzidos pelas operações de mútuo até essa data será tributado nos
termos da legislação então vigente.

Em relação aos prazos os mesmos são contados a partir:


- de 1º.07.2004, no caso de operação efetuada até 22.12.2004;

- da data da operação, no caso de operação efetuada após 22.12.2004.

Aluguéis recebidos pela holding familiar:

As receitas de aluguel auferidas pela holding são tributáveis normalmente


pelo imposto de renda e, se a holding optar pelo pagamento mensal do
imposto por estimativa ou pela apuração trimestral do imposto com base
no lucro presumido, serão computados na base de cálculo:

a) 32% dos aluguéis recebidos, se a locação dos bens fizer parte do objeto
social (vide nota);

b) Os ganhos de capital e demais receitas auferidas, exceto:

b.1) em qualquer caso, os rendimentos de participações societárias, e

b.2) no caso de opção pelo pagamento mensal do imposto por estimativa,


os rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa, submetidos ao
desconto de imposto na fonte, e os ganhos líquidos de operações
financeiras de renda variável, submetidos à tributação separadamente.

Se a locação de bens não fizer parte do objeto social da holding, as


receitas de aluguéis integram, por inteiro, a base de cálculo do
imposto mensal determinada por estimativa, bem como a base de
cálculo do imposto trimestral determinado com base no lucro
presumido ou arbitrado.

5.2 Contribuição Social sobre o Lucro:

Caso a holding se submeta ao pagamento mensal do imposto de renda por


estimativa ou pela apuração trimestral com base no lucro presumido,
devem ser computados na base de cálculo da contribuição social sobre o
lucro:

a) 32% dos aluguéis recebidos, quando a locação dos bens fizer parte do
objeto social da holding (vide nota), e

b) Os ganhos de capital e demais receitas auferidas, inclusive os


rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa e os ganhos líquidos de
operações de renda variável.

Se a locação de bens não fizer parte do objeto social da holding, as


receitas de aluguéis integram, por inteiro, a base de cálculo da
contribuição mensal determinada por estimativa, bem como a base
de cálculo da contribuição trimestral determinado com base no
lucro presumido ou arbitrado.

5.3 Cofins e PIS:

Sobre as receitas de aluguéis incidem, mensalmente, a Cofins e o PIS-


Pasep, sendo irrelevante se a locação de bens faz parte ou não do objeto
social da holding. Todavia, na base de cálculo dessas contribuições não se
incluem as receitas de participações societárias, representadas pelos
resultados positivos da avaliação de investimentos ela equivalência
patrimonial e pelos dividendos recebidos de participações societárias
avaliadas pelo custo de aquisição.

A partir de 01.02.1999, a base de cálculo das mencionadas contribuições


passou a abranger também outras receitas, tais como as receitas
financeiras e os aluguéis.

6. Objetivo:

Apresenta-se como uma medida preventiva e econômica, com o objetivo de


ser processada a antecipação da legítima, o controlador doará aos
herdeiros as suas quotas, da Holding Pessoal, gravadas com cláusula de
usufruto vitalício em favor do doador, além das cláusulas de
impenhorabilidade, incomunicabilidade, reversão e inalienabilidade.

Segundo dispõe o Código Civil, art. 1.171, "a doação dos pais aos filhos
importa adiantamento da legítima", dessa forma poderá o doador dispor de
50% de seus bens, sendo que os outros 50% pertencem a meação do
cônjuge (quando se tratar de casamento com comunhão parcial de bens,
somente constitui a meação os 50% dos bens adquiridos na constância do
casamento). Caso a vontade das partes seja doar todos os bens do casal,
faz-se necessária a anuência expressa de ambos.

Para viabilizar a doação será necessário respeitar os seguintes requisitos:

- Todos os herdeiros necessários (dois filhos do casal) devem receber


igualmente seus quinhões;

- Deverá ser estabelecida cláusula de usufruto vitalício para o doador, a fim


de preservar sua subsistência, bem como conservar seu poder de decisão
nos negócios;
- A doação não pode reduzir o doador ao estado de insolvência, o que
causaria prejuízo aos seus credores, que poderiam promover a anulação do
contrato de doação (fraude contra credores - art. 106 do Código Civil);
essa nulidade estaria ilidida com a reserva de usufruto para o doador;

- O doador pode estabelecer que os bens voltem ao seu patrimônio, se


sobrevier ao donatário - cláusula de reversão - (art. 1.174 do Código Civil);

- O doador pode estipular: cláusula de inalienabilidade - impedindo que o


herdeiro necessário disponha desses bens; cláusula de impenhorabilidade -
os bens não serão garantia das dívidas assumidas pelos herdeiros, no
entanto continuarão como garantia das obrigações assumidas pela holding;
cláusula de incomunicabilidade - os bens não serão comuns em razão de
posterior casamento dos herdeiros necessários.

Importa salientar, que qualquer nulidade da doação somente poderá ser


argüida por herdeiro necessário ou por terceiro, desde que prejudicado.

Essas medidas buscam evitar a eventual disputa familiar, que comumente


ocorre no futuro, no momento da partilha; proporcionar a continuidade
dos negócios, segregando as ingerências dos parentes; proteger o
patrimônio dos herdeiros e preservar os bens perante os negócios da
Sociedade.

Ademais, o planejamento sucessório quando utilizado para transmissão da


herança "em vida" por parte do empreendedor, tem como um dos seus
principais atrativos a eliminação da carga tributária que normalmente
incide quando da abertura da sucessão através da morte.

São as seguintes as incidências tributárias evitadas com o planejamento


sucessório:

- ITBI - 2% - não incidência quando efetuada mediante a integralização de


capital com bens e direitos.

- ITCMD - 4% inocorrência do fato gerador quando feito através de


doação de bens como antecipação da legítima.

- IRRF - 15% -incidência sobre o ganho de capital se a transferência dos


bens for processada pelo valor de mercado, ou seja, sobre o eventual ganho
de capital, representando pela diferença entre o custo de aquisição e o
valor de mercado.

- TAXA JUDICIÁRIA - 1% - não incidência em virtude da antecipação da


sucessão, evitando a propositura da ação judicial de inventário.
Além dos custos tributários acima indicados devem ser somados os gastos
com honorários advocatícios comumente cobrados sobre o montante do
espólio, que podem variar entre 10% a 20 %.

7. Razões para formar uma Holding:

A criação de uma holding pode ser interessante, principalmente, para o


aspecto fiscal e/ou societário, sendo esses um dos principais objetivos na
criação de empresas desse tipo. No aspecto fiscal, os empresários podem
estar interessados em uma redução da carga tributária, planejamento
sucessório, retorno de capital sob a forma de lucros e dividendos sem
tributação.

Já sob o aspecto societário, os objetivos podem ser descritos como,


crescimento do grupo, planejamento e controle, administração de todos os
investimentos, aumento de vendas e gerenciamento de interesses
societários internos.

Para que uma empresa se torne uma holding, esta deverá receber bens ou
direitos para formar o seu capital, e esta integralização poderá ocorrer de
duas formas, ou seja, sócio pessoa física e/ou sócio pessoa jurídica.

A holding visa solucionar problemas de sucessão administrativa, treinando


sucessores, como também profissionais de empresa, para alcançar cargos
de direção. A visão dela é generalista, contrapondo-se à visão de
especialista da operadora, possibilitando experiências mais profundas.

A holding objetiva solucionar problemas referentes à herança,


substituindo em parte declarações testamentárias, podendo indicar
especificamente os sucessores da sociedade, sem atrito ou litígios judiciais.
Vemos no Novo Código Civil tempestades que virão. A visão da holding é
fundamental nesses casos.

Tendo maior facilidade de administração, exerce a Holding maior controle


pelo menor custo.

Existem vantagens no aproveitamento da legislação fiscal vigente, apesar


dos controles mais rígidos sobre a holding. A maior vantagem nesse
campo está principalmente na coordenação empresarial da pessoa física.
Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, essas vantagens se
tornaram maiores e mais sutis.
Procura dar uma melhor administração de bens móveis e imóveis, visando
principalmente resguardar o patrimônio da operadora, finalidade hoje
muito procurada para evitar conflitos sucessórios.

Problemas pessoais ou familiares não afetam diretamente as operadoras.


Em caso de dissidências entre parentes ou espólios, será ela que decidirá
sobre as diretrizes a serem seguidas. Ela age como unidade jurídica e não
como pessoas físicas emocionadas.

Ela é substituta da pessoa física, agindo como sócia ou acionista de outra


empresa, evitando dessa maneira que a pessoa física fique exposta
inutilmente, evitando seqüestros, roubos e uma série de outros elementos
inconvenientes, desde que não haja ostentação de riqueza das pessoas
físicas envolvidas. Pode também ser sócia da própria pessoa física.

A holding será também uma prestadora de serviços, e sendo Sociedade


Simples Limitada não estará sujeita à lei de falência. Como a holding é
quase a própria pessoa de seus sócios, ela deverá agir como tal.

A holding precisa ser discreta e seu perfil deve ser aparentemente baixo.

A holding atende também a qualquer problema de ordem pessoal ou social,


podendo equacionar uma série de conveniências de seus criadores, tais
como: casamentos, desquites, separação de bens, comunhão de bens,
autorização do cônjuge em venda de imóveis, procurações, disposições de
última vontade, reconhecimento a funcionários de longa data, amparo a
filhos e empregados. A cada tipo de problema existe um tipo de holding,
aliada a outros documentos que poderão suprir necessidades humanas,
apresentando soluções legais em diversas formas societárias.

Acordos Societários: É a livre vontade de pessoas físicas ou grupos


familiares para exercerem o poder durante alguns anos predeterminados e
sob condições negociadas e registrados.

Sucessão: Facilitando as soluções referentes à herança, sucessão acionária,


sucessão profissional e outras disposições do acionista controlador, às
vezes substituindo o testamento e um inventário mais fácil.
Vantagens da holding familiar em relação aos inventários
Holding
Events Inventário
Familiar
1) Tributação da Herança e Doação 4% 4%
2) Tempo para criação ou tempo do 30 dias em 05 anos em
Inventário média. média
3) Tributação dos Rendimentos 12.00% 27.50%
4) Tributação da venda de Bens Imóveis 5.80% 27.50%
5) Sucessão conforme novo Código Civil
Cônjuge NÃO Cônjuge É
para casamentos com comunhão parcial
é herdeiro. herdeiro.
de bens

8. Conseqüências da formação de uma holding:


Hoje está em moda a constituição de holding para participação no capital
de sociedade, uns por entender que o empresário fica mais pomposo,
outros para fazer planejamento tributário, outros por entender que facilita
a sucessão hereditária etc., sem, no entanto, se preocupar com as
conseqüências tributárias futuras.

Vejamos algumas conseqüências que podem advir da constituição de


holding sem qualquer estudo preliminar.

8.1 Formação de deságio:

Na maioria das vezes de constituição de holding o investimento será


avaliável pela equivalência patrimonial da controlada ou coligada por
satisfazer cumulativamente os três requisitos necessários:

I - ter participação de 10% ou mais do capital da outra sociedade;

II - ter influência na administração ou participação de 20% ou mais do


capital da outra;

III - ter investimento relevante, isto é, o seu valor contábil é igual ou


superior a 10% do patrimônio líquido da investidora, sendo de 15% se tiver
mais de uma sociedade coligada ou controlada.
A constituição de holding que não tenha seu investimento avaliado pela
equivalência patrimonial é muito difícil de ocorrer. Com isso, a primeira
providência deverá ser a de comparar o valor da participação societária na
declaração de bens da pessoa física com o patrimônio líquido que será
atribuído na equivalência patrimonial do investimento.

Se, por exemplo, a pessoa física tem 60% do capital da empresa A


declarado por R$ 5.000.000,00 e o patrimônio líquido daquela empresa é
de R$ 10.000.000,00. Na constituição da holding B com aqueles valores,
esta registrará o investimento de R$ 6.000.000,00 na subconta Valor de
Patrimônio Líquido e R$ 1.000.000,00 na subconta Deságio porque o
custo pago foi de R$ 5.000.000,00. No futuro, qualquer que seja o motivo
da baixa do investimento, o deságio de R$ 1.000.000,00 será computado na
determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Se não quiser
formar o deságio, a pessoa física terá que pagar 15% de imposto sobre o
ganho de capital de R$ 1.000.000,00.

A tributação do ganho de capital na pessoa física é de 15%, mas na pessoa


jurídica o imposto de renda e o adicional são de 25% mais a CSLL de 9%.
Por causa da tributação o deságio poderá representar uma bomba de efeito
retardado.

Caso a sociedade A tenha em seu patrimônio líquido lucros acumulados ou


reservas de lucros gerados no período de 1989 a 1993 e a partir de 1996,
antes de constituir a holding deverá incorporar aqueles valores ao capital
social. Com isso, a pessoa física receberá bonificações em ações ou quotas
de capital que aumentam o custo de aquisição na declaração de bens e
como conseqüência haverá diminuição do valor do deságio na constituição
da holding.

8.2 Distribuição disfarçada de lucros:

Inúmeras pessoas físicas que no exercício financeiro de 1992, com base no


art. 96 da Lei nº 8.383/91, alteraram o valor dos bens constantes da
declaração de bens, atribuem esse valor na constituição de holding, sem
qualquer preocupação. Como o valor atribuído à participação societária era
várias vezes superior ao do patrimônio líquido da sociedade, na holding
surgirá enorme ágio.

Não importa se em 1992 foi elaborado laudo de avaliação dos bens da


empresa ou se a avaliação foi correta porque a Receita Federal já está
decaída do direito de examinar aquele exercício. O problema tributário,
todavia, surge no momento em que é constituída a holding mediante
atribuição à participação societária de valor bem superior ao percentual do
patrimônio líquido a que tem direito, sem qualquer laudo de avaliação dos
bens da empresa.

A jurisprudência do 1º Conselho de Contribuintes é mansa e pacífica no


sentido de que o valor de mercado das quotas de capital ou das ações de
sociedades de capital fechado é o patrimônio líquido. Com isso, na
constituição de holding se a pessoa física atribuir às ações ou quotas de
capital possuídas valor várias vezes superior ao do patrimônio líquido, sem
laudo de avaliação, incidirá na figura da distribuição disfarçada de lucros
porque estará adquirindo bens de pessoa ligada por valor notoriamente
superior ao de mercado, na forma do art. 464, inciso II, do RIR/99.

O laudo de avaliação, para afastar qualquer risco de autuação da Receita


Federal, terá que ser bem elaborado com avaliação ao valor de mercado de
todos os bens do ativo, líquido de tributos. A maioria das avaliações de
1992 levou em consideração somente os acréscimos de valor do ativo, sem
considerar os tributos incidentes sobre a mais valia. Atualmente o imposto
de renda e adicional de 25% mais a CSLL de 9% totalizam 34%. Com isso,
de cada 100 de mais valia do ativo permanente restará o ganho líquido de
66.

8.3 Juros sobre o capital próprio:

Uma das inconveniências da criação da holding é no pagamento de juros


sobre o capital próprio. Isso porque a sua dedutibilidade está limitada à
metade do lucro do próprio período de apuração ou metade da soma de
reservas de lucros e lucros acumulados. Além disso, o cálculo é feito com
base no montante do patrimônio líquido.

Chama-se a atenção para o fato de que esses juros são tributados ma fonte,
à alíquota de 15%. Se o beneficário for residente ou domiciliado em araíso
fiscal, o IRRF será devido á alíquta de 25%.

Se a holding não conseguir pagar ou creditar a totalidade de juros sobre o


capital recebido, sobre a diferença pagará o imposto de renda e a CSLL. A
empresa investida, por ter reservas de lucros, deduz R$ 1.000.000,00 de
juros sobre o capital próprio pagos para a holding. Esta se não tiver
patrimônio líquido suficiente para produzir juros sobre o capital próprio
naquele montante ou se não tiver reservas de lucros, lucros acumulados ou
contrapartida de ajuste da equivalência patrimonial do próprio período de
apuração corre o risco de não poder deduzir o valor de R$ 1.000.000,00
recebido da investida.
9. Principais cláusulas contratuais.

O modelo de contrato a seguir é o mais simples possível, mostrando que a


holding é mais uma filosofia de administração do que uma forma legal.

Os pontos mais importantes nesse contrato são:

- Definição da espécie de sociedade: limitada ou sociedade anônima;

- Elaboração do contrato social ou do estatuto social;

- Definição do valor do capital social e sua distribuição;

- Inscrições nos órgãos competentes: caso a holding tenha por objeto a


administração de bens próprios ou de terceiros, haverá a necessidade de
inscrição no CRA;

- Estabelecer um prazo para a duração da sociedade recomenda-se que seja


bem longo, pois, se o prazo for indeterminado, a qualquer tempo, algum ou
alguns dos sócios poderão retirar-se da sociedade com os seus haveres, o
que poderá acarretar a desestabilização da sociedade controlada;

- O empresário nomeia-se administrador da sociedade e que no ato da sua


constituição defina quais serão os seus administradores substitutos nas
hipóteses de morte, renúncia ou afastamento, definindo, assim, a linha
sucessória quanto a uma parte do poder, com a finalidade de perenizar a
boa gestão dos negócios e zela pela manutenção do patrimônio familiar;

- Resolver onde ficará a sede social e qual será sua razão social;

- Se o capital não estiver integralizado, cada sócio será responsável,


integralmente, pelo montante do capital social.

10. Dissolução da Holding:


A dissolução da holding, voluntariamente (por deliberação dos sócios),
pelo término do prazo de sua duração (quando determinado no estatuto ou
contrato social) ou por determinação judicial, submete- se às normas
comuns de dissolução de sociedades.

Importa observar que, tão logo dissolvida, a sociedade entra em processo


de liquidação, que é o conjunto de atos destinados a realizar o Ativo, pagar
o passivo e destinar o saldo que restar, mediante partilha, aos sócios ou
acionistas.
É possível, também, nas condições legalmente estabelecidas, que, depois de
pago ou garantido aos credores, o ativo remanescente seja partilhado entre
os sócios ou acionistas, com a atribuição de bens, pelo valor contábil ou de
mercado ou outro fixado (pela Assembléia Geral, no caso de S/A ou de
comum acordo pelos sócios, nas sociedades limitadas).

Na extinção de holding, se o valor do capital social for igual ao dos bens


do ativo, não há nenhuma tributação porque o art. 419 do RIR/99 dispõe o
seguinte:

Artigo. 419. Os bens e direitos do ativo da pessoa jurídica, que forem transferidos
ao titular ou a sócio ou acionista, a título de devolução de sua participação no
capital social, poderão ser avaliados pelo valor contábil ou de mercado.

A redução do capital antes de decorridos cinco anos contados da data de


capitalização de lucros apurados em 1994 e 1995 tem tributação na fonte
de 15%, mas é difícil uma holding estar nessa situação. A distribuição de
lucros apurados no período de 1989 a 1993 e a partir de 01-01-96 não tem
nenhuma tributação na fonte ou na declaração dos beneficiários.

Se a holding tiver deságio na conta de Investimentos, na extinção ocorrerá


a baixa do investimento com realização do deságio que será computado na
determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, ainda que tenha
sido amortizado na contabilidade.

11. Conclusão:

Em suma podemos concluir que:

É a solução da pessoa física, ou seja, a pessoa física é efêmera, a pessoa


jurídica transcende gerações. A pessoa física morre. A pessoa jurídica é
mal-administrada. Para a morte não há solução, mas para a má
administração mudam-se os administradores. A holding é a solução para
as transferências necessárias e a maior longevidade do grupo societário.

Diante dessa análise, salientamos que o sucesso da holding está ligado aos
recursos estratégicos compatíveis, encarar profissionalmente os fatos,
preocupar-se com os resultados internos e liderar apropriadamente o seu
grupo familiar, possibilitando assim a boa gestão empresarial, tudo isso é
mais que um conceito de holding, é a própria holding.
Diante disso, consideramos, então, a holding como uma solução mais
voltada para a pessoa física e uma complementação técnica e
administrativa para a pessoa jurídica.

Fonte de Pesquisa:

1. Imposto de renda e legislação societária: holding, alienação de imóveis...


- São Paulo: IOB Thomson, 2005. - (Coleção manual de procedimentos);

2. Rodrigues, Raphael José. Aspectos contábeis e fiscais de empresas


holding. Consultor Contábil, raphael@machadoc.com.br.

3. Hiromi, Higuchi. Imposto de Renda das Empresas, interpretação e


prática. IR Publicações Ltda, 30ª ed., 2005, São Paulo/SP.

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