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Doenças Psicossomáticas, uma linguagem corporal

Luise de Souza Cozzolino Soares

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Doenças Psicossomáticas, uma linguagem corporal

Inicialmente, cabe falarmos um pouco, sobre o que é a doença e


abordagem psicossomática.
A doença, qualquer que seja ela, vai estar “presa” ao corpo. Este
mesmo corpo que ao nascer, foi tratado (espera-se), com todo carinho e
atenção. Pensemos um pouco, que este alguém que se dedicou a nós quando
nascemos e também durante o nosso crescimento, nos deu carinho, afeição e
amor (na maioria das vezes, nossa mãe) deixou em nós marcas profundas e
que na certa, todos carregamos por toda a vida. Quando tais sentimentos,
não foram proporcionados pela mãe, certamente o foram por outra pessoa.
Toda criança desperta em nós bons sentimentos. Uma criança possui
uma força enorme, no sentido de mobilizar-nos emocionalmente; isso para
não irmos um pouco mais adiante e dizermos, lembrando que “a criança é o
pai do homem”.
Quando ficamos doentes, de certa maneira, voltamos ou tendemos
voltar à condição de crianças; numa linguagem mais técnica, regredimos;
ficamos mais “dengosos”, queremos atenção, consideração, cuidados, etc.
Com tudo isso, quer dizer que quando adoecemos “procuramos” nossa mãe.
Assim ,quando somos crianças, somos fortes, conseguimos
“seduzir adultos; temos um poder de persuasão muito maior do que quando
nos tornamos adultos. Aqui, quando adultos, a doença pode, e às vezes
assume as rédeas da sedução do outro. Quantas vezes, vemos pessoas
doentes, que se aproveitam dessas doenças para obterem pequenos favores
ou comodidades.
Quase sempre, “procuramos” as doenças das quais somos
portadores. Esse procurar, no entanto, não é claro nem explícito pois, ele se
mascara, escondendo-se atrás de sintomas, emoções e sentimentos.
Inúmeros são os sintomas que parecem ser de alguma doença
orgânica e que na realidade, correspondem a uma manifestação corporal de
depressão.
Conceitos e visões entrelaçam-se no conceito da doença. A visão
centrífuga durante muitos anos, deu conta de explicações que tentavam
justificar que o surgimento de uma doença é momentâneo e imediato e que
seus males se disseminam pelo corpo, cabendo, então, a extirpação imediata
da doença ou do órgão por ela afetado. Podem-se exemplificar inúmeras
doenças; entretanto, citaremos algumas: problemas cardíacos; gastrites e
úlceras. Neste tipo de visão de doença, uma gastrite tem seu início e eclosão
no próprio estômago ou órgãos desse sistema. Uma doença do coração, tem
seu foco de início no próprio órgão enquanto a úlcera tem como local de
origem o estômago ou duodeno.
A visão centrípeta sobre o conceito de doença, procura não
relacionar o órgão ou local onde a doença se mostra, como origem
necessária dessa doença. O local, órgão ou região onde surge a doença ou os
seus sintomas, se limitará apenas em ser o seu ponto de manifestação física.
O que isso significa ? Esta doença, ora manifestada num determinado órgão,
está sendo a expressão de situações ligadas a todo o contexto vivido pelo
seu portador. Estamos, sem dúvida, falando de contextos nos quais se ligam
emoções, sentimentos, afetos. Quando nos referimos o contexto vivido,
ligado a emoções, sentimentos e afetos o tempo passa a ter grande
significado. Estamos dizendo que esta determinada úlcera ou este problema
cardíaco ou até mesmo uma gastrite, pode ter se iniciado por sentimentos de
alguma perda afetiva, raivas reprimidas, enfim emoções que, no passado
deixaram de ser expressadas de forma natural, espontânea. Em tais
exemplos, cabe lembrar, não se encontra em questão, doença que
apresentam a hereditariedade como causa.
Muitos médicos, atualmente, têm começado uma busca nos sintomas
das doenças, através do Homem, da pessoa como um todo. Contudo, a
Medicina, ainda mantém uma tendência a visualizar o doente, como algo
passivo, como alguém que está ali para ser paciente, portanto, é a condição
daquele que é portador de um mal, uma doença.
A pessoa doente ou com alguma sintomatologia, não representa, na
visão psicossomática, uma pessoa inerte; em outras palavras, ela não é um
doente, e, sim, uma pessoa que tem alguma doença. Isso é diferente.
Enquanto alguém tem uma doença, significa que também tem coisas nele,
não doentes, enquanto, se este alguém é doente, fica implícito que é toda
doença.
Quanto a definição de psicossomática, é ao mesmo tempo uma
filosofia – porque envolve uma visão de ser humano, uma maneira de
definir o ser humano – é uma ciência que tem como objeto os mecanismos
de interação entre a dimensão mental e a dimensão corporal.
De certa forma a Psicossomática também é uma prática clínica, cujo
conjunto teórico muito se aproxima dos conteúdos das disciplinas Psicologia
Médica e Psicologia Hospitalar.
Passamos agora pelo doente, Mac Lean, considera que os doentes
psicossomáticos são incapazes de verbalização conveniente, pois suas
emoções não estão ligadas aos processos intelectuais, e, por esse motivo as
tensões se descarregam sobre o hipotálamo pelo sistema neurovegetativo,
provocando as psicossomatizações.
Nas biopatias, que segundo a Escola Européia de Orgonomia, tem
sua origem antes do nascimento. A emoção “medo” já está presente no
plano verbal, e quando não há nenhuma manifestação somática, a emoção
fica reprimida na consciência, mas presente no organismo. A evolução é
imprevisível e depende de fatores desencadeantes, como por exemplo, stress
físico ou emocional. Assim nas biopatias todo organismo está implicado, a
doença invade o corpo.
Estudos apontam para uma ligação entre o estado mental e doença,
com indícios convincentes de que o sistema imunológico poderia ser um
importante elo entre o cérebro e a saúde física.
Segundo Goleman. D, o sistema imunológico é o meio através do
qual o organismo se defende de doenças infecciosas e do câncer. Tem duas
tarefas primárias: distinguir entre células “próprias” e células “não
próprias” e, em seguida, destruir, neutralizar ou eliminar substâncias
estranhas identificadas como não próprias, que naturalmente não fazem
parte do organismo.
Inúmeras são as doenças que afligem o indivíduo, desencadeadas ou
não pelo seu emocional. After-me-ei em algumas, iniciando pelo CÂNCER.
Nos Estados Unidos, têm surgido há algum tempo, muitos
questionamentos que dão conta do Câncer enquanto doença cercada por
questões afetivo-emocionais. No organismo vivo, cada célula, ou melhor,
cada grupo celular específico, possui funções próprias, que são muito
específicas, para aquele tipo de função desempenhada por aquele órgão.
Como é de se esperar, todos os nossos sentimentos, afetos e emoções
impregnam essas células. Senão, vejamos: quando ficamos com raiva, nosso
organismo fica pronto ou para “fugir” ou para “lutar”, quando temos raiva,
contraímos; nossos músculos ficam tensos, enquanto quando sentimos
alegria, tranqüilidade, ocorre um abrandar dessas energias.
Existem Estudos que comprovam que pessoas mais fechadas, mais
tensas e chegadas ao isolamento, tendem mais a desenvolverem quadros de
tristezas, depressões e pessimismos. Seus corpos “sabem” o que as emoções
lhes pedem e respondem com “obediência” , dando como resposta, quem
sabe, uma cefaléia (dor de cabeça), uma gastrite (dor no estômago
produzida por inflamação) ou quem sabe, uma doença do coração.
Às vezes, o que o corpo executou, não foi suficiente para redimir a
pessoa da culpa, sobrevindo doenças mais graves, talvez, como uma
desordenada proliferação de células defeituosas. Aliás, já foram
comprovados em Estudos, que tais células sofrem um controle contínuo por
nosso Sistema de Defesa Imunológico, que tem como finalidade, impedir
uma produção desordenada de células anormais. Todos os componentes de
nosso Sistema de Defesa Imunológico, ao que parece, estão ligados às
emoções e sentimentos.
Um câncer, não se formou naquele momento, ou dias antes de ter
sido detectado. Muitas vezes, ou na maioria das vezes, o seu
desenvolvimento e evolução tiveram início muitos meses ou anos atrás,
momento em que, “enviamos uma mensagem” para nosso Sistema
Imunológico “ordenando” que algo deveria ser feito naquele sentido. Falta
de carinho, distanciamento de afetos, ou quem sabe, raivas “incubadas”
durante muitos anos, ocasionaram um proliferar desordenado de células ou
grupos celulares.
Em se tratando de CORAÇÃO, a questão parece mais clara. Não há
quem deixe de perceber seu coração acelera diante determinadas situações
emocionais, bem como de atribuir alguma representação simbólica a ele,
investindo-o, pois, de um significado subjetivo. Não obstante, os caminhos e
a maneira através dos quais as emoções repercutem no coração.
Situações de ansiedade estimulam através do hipotálamo – a
liberação de catecolaminas e corticosteróides, seja por ação direta do
sistema simpático, seja por ação indireta sobre as supra-renais. Algumas
dessas substâncias repercutem sobre o aparelho cardiovascular – elevação
de freqüência cardíaca, da pressão arterial, vaso constrição periférica e
outras reações.
Fazem também referência ao aparecimento de manifestações
cardiovasculares desencadeadas por fatores emocionais; entre elas a doença
coronariana e a hipertensão arterial, que são as mais comuns do mundo
moderno.
E DOENÇAS DE PELE, acontecem ? A pele é um órgão
particularmente fascinante, e as doenças de pele possa se enquadrar entre as
biopatias do sistema nervoso, pois o sistema nervoso origina-se no
ectoderma do embrião.
Ela é ao mesmo tempo intimamente privada e notavelmente pública,
é a interface final entre o eu e o outro – o nosso mundo interior e o mundo
externo. Acaba sendo o portal através do qual sentimos o mundo e pela
quais nossas primeiras sensações aconteceram – o TOQUE – ao nascermos.
Como o maior órgão do nosso corpo (esticada, tem cerca de 2 metros
quadrados), a pele é a primeira linha de defesa contra o ataque constante de
micróbios, traumas físicos e elementos ambientais irritantes.
Pode-se esperar que um órgão tão complexo, traduza problemas
emocionais em sintomas físicos ?
Os estudiosos tendem a afirmar que alguns problemas são causados
por estresse, conflitos concernentes a sentimentos e impulsos hostis –
agressivos, já que a hostilidade seria reprimida devido a sentimento de
culpa. Bem como, há situações em que o contato, a carícia forem
insuficientes, provocando uma erotização da pele.
As doenças dermatológicas consideradas biopatias primárias e que
tendem a ter forte componente emocional são: eczema constitucional,
psioríase, dermatite de herpes, alopecia (queda de cabelo em certas zonas),
línquem, liquitose (pele de peixe), causando em algumas situações muito
constrangimento à pessoa, desfavorecendo sua auto-imagem, até por ser
uma doença fisicamente visível.
Nesse momento não é somente primordial dissertarmos as inúmeras
doenças e suas causas, mas também termos consciência se contribuímos
para o desencadeamento delas, como ? estressados, insatisfeitos,
culpados ...Percebemos que o nosso organismo não está separado
de nossas experiências e que aquilo que vivemos - nossos pensamentos,
sentimentos, necessidades e crenças- tem uma repercussão no
funcionamento de nosso corpo.
A doença vem deflagrar algo a respeito de nós mesmos e de nossas
vidas

BIBLIOGRAFIA

Goleman, Daniel & Gurin, Joel, Equilíbrio Mente e Corpo, Editora


Campos, 1977, RJ
Lemgruber, V, Caderno de Psicopatologia, Dep. De Psicologia, PUC,
1997, RJ
Graeff, G, F & Brandão, L. M, Neurobiologia das Doenças Mentais
Keleman, S, Realidade Somática, Summus Editorial,
1994, SP.
Doenças Psicossomáticas

Doença psicossomática é quando problemas psicológicos se tornam fisícos. São


as manifestações das doenças orgânicas provocadas por problemas emocionais,
nervosismo, depressão, etc. A explicação seria que a mente não conseguiria
resolver o problema com os mecanismos de defesa então "jogaria" o "problema"
e/ou "ameaça" para o corpo excluir em forma de doença, sintomas. As doenças
psicossomáticas podem exercer ação na saúde do corpo de maneira intensa. O
corpo possui suas próprias defesas, ou seja, ele coloca para fora as emoções que
às vezes a pessoa tenta esconder por meio de tremor, dores de barriga, gestos e
travamento de dentes.
Os pacientes que geralmente manifestam
esse tipo de doenças apresentam as
seguintes características:
• alguma doença orgânica real;
• dificuldade para reconhecer e expressar os
seus próprios sentimentos;
• um ego bastante fraco ou frágil, com
escassos recursos psíquicos;
• relação entre o aparecimento da doença
orgânica e os conflitos, principalmente de alto
impacto emocional;
• escassa capacidade para tolerar fatores de estresse;
• escassa capacidade de simbolização.
Os sintomas psicossomáticos mais freqüentes são os relacionados com o
aparelho digestivo, o respiratório, os sistemas vascular, locomotor, endócrino e
cutâneo. Os sintomas mais freqüentes são: dor de cabeça, náuseas, vômitos, dor
abdominal, menstruações dolorosas, perda da consciência ou do desejo sexual.
A doença psicossomática geralmente permanece durante toda a vida, com
gravidade variável e períodos de remissão dos sintomas. Recomenda-se terapia,
para que o paciente obtenha melhores recursos para enfrentar os fatores de
estresse e possa identificar e expressar os seus sentimentos. Em alguns casos,
sugere-se tratar também a família, pois a crise psicossomática pode estar
indicando conflitos no relacionamento familiar.

Juliana do Carmo Saraiva - Psicóloga


E-mail: jucarmosaraiva@hotmail.com
Graduada em Psicologia (PUC - Campinas)
Pós -Graduação em Psicologia Hospitalar (Unisa - Universidade Santo Amaro)
Especialista em Psicologia da Saúde (Famerp - Faculdade de Medicina de Rio
Preto)

http://www.iaradocarmo.com.br/comportamento.php?artigo_id=31

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Psicossomática - A Linguagem do Corpo no Adoecer.


28 Mar 2006
Alaide Degani de Cantone

Para uma melhor compreensão de Psicossomática, citamos Luiz Miller de Paiva, em seu livro
Medicina Psicossomática, onde define: “Doença psicossomática é uma manifestação expressa
predominantemente pelo sistema vegetativo (simpático e parassimpático) ou pelos
hormônios (...). A doença psicossomática não é somente o intento de expressão de uma
emoção e sim uma resposta fisiológica das vísceras a constantes estados emocionais”.

Dessa forma, temos que psicossomática “é o estudo pormenorizado da correlação íntima


entre psiquismo e as manifestações orgânicas ou funcionais, incluindo reações individuais a
certas doenças assim como as implicações pessoais e a sua conduta social motivadas pela
doença.” (mesmo autor)

Os somaticistas são levados a considerar, de maneira cada vez mais explícita, o fato de que
um corpo, sadio ou doente, é sempre um corpo de relação com o meio, envolvido por
emoções, animado por movimentos afetivos, e que os psiquiatras, psicólogos ou
psicanalistas, tendem a ver, ao funcionamento somático e nos seus desequilíbrios, um dado
constantemente intrincado com a vida psíquica e indissociável da noção de equilíbrio psíquico
do indivíduo. Sugerem a importância em buscar na biografia de um paciente e no
conhecimento de sua organização psíquica, o apoio para alcançar uma compreensão mais
global de sua doença.

Assim, a psicossomática visa estender a compreensão dos fatores de morbidade à esfera


psíquica. Não se limita a oferecer ao profissional de saúde, armas suplementares para tratar
o corpo ou preservar a sua integridade. É muito mais que isso: a psicossomática valoriza o
papel das forças mentais na conservação ou perda do bem-estar de um indivíduo,
aumentando assim, o domínio que o homem pode subtrair, por sua própria vontade e livre
arbítrio, ao determinismo das leis da matéria; ela desmantela a tendência à repetição,
impede a submissão ao incurável, enfraquece o poder da morte.

Para Adolpho Menezes de Melo, psiquiatra, psicanalista, é impossível pensar na promoção da


saúde em uma abordagem não psicossomática; se assim ao fizermos, estaríamos estudando
um ser inexistente: o ser humano sem psique, sem alma.

Admite a Psicossomática como uma filosofia de trabalho, um plano de vida, uma postura, um
posicionamento do profissional diante do seu paciente e mais que isso, diante de pessoas
que não sejam seus pacientes. Vê a Psicossomática como uma filosofia de vida

Compreender os fenômenos psicossomáticos para ele implica necessariamente em que


reconheçamos o nosso lugar no universo; que percebamos o que sabemos e o que não
sabemos tendo a consciência que quanto mais sabemos, menos sabemos. Essa percepção do
que eu sei e do que eu não sei, implica em uma postura de humildade.

Aponta que somente na relação com o paciente, quando aceitamos as suas qualidades e as
suas dificuldades, é que podemos percebê-lo como uma pessoa em experiência na vida e
respeitá-lo nas suas atuais condições. É dessa forma que poderemos dar o primeiro passo
para tentar ajudá-lo.

Na próxima semana, estaremos continuando a nossa reflexão sobre Psicossomática - A


Linguagem do Corpo no Adoecer e suas implicações com a Psicologia Hospitalar e da Saúde.

“Toda pessoa carente de saúde é, antes de tudo,uma PESSOA, mesmo quando as suas
condições físicas e psíquicas o pareçam negar...”

(Mezomo – I Congresso Brasileiro de Humanização do


Hospital e da Saúde. SP, 1980)

Psicologia Hospitalar e Psicossomática


Dor e Psicossomática
02 Apr 2010

Alaide Degani de Cantone


Para a Psicossomática o adoecimento não é algo que vem de fora e se superpõe ao homem.
É um modo peculiar da pessoa de expressar em circunstâncias adversas. É, como suas
outras manifestações, um modo de existir, ou de coexistir, já que o homem não existe,
coexiste.

Entrevista Concedida à revista Saúde: Dor e Psicossomática


24/03/09

Alaide Degani de Cantone


Psicóloga de formação Clínica, Hospitalar e Psicossomática. Coordenadora do CEPPS – Centro
de Estudos e Pesquisas em Psicologia e Saúde Fone: 11 5054-3053 Site: www.cepps.com.br
E-mail: cepps@cepps.com.br

Na medicina tradicional, a dor está associada à lesão real ou potencial dos tecidos.
O que significa dor, na psicossomática?

Para a Psicossomática o adoecimento não é algo que vem de fora e se superpõe ao homem.
É um modo peculiar da pessoa de expressar em circunstâncias adversas. É, como suas
outras manifestações, um modo de existir, ou de coexistir, já que o homem não existe,
coexiste.A cada dia o ser humano se depara com situações que podem gerar sentimentos de
alegrias bem como dor, sofrimento, abandono, desamparo e angústia e, diante disso, cada
indivíduo vai se manifestar de forma peculiar diante da vida e do adoecer. Algumas dores
chamadas de dores psicossomáticas, apesar de doerem no corpo físico e de ser bem real em
termos físicos, nada têm a ver com o plano físico; pode até existir algum adoecimento no
corpo físico, no entanto, essa dor psicossomática não está no plano físico – está na alma - é
uma dor psicológica, emocional. Para delimitação do campo da psicossomática, torna-se
necessário que se fale em três grandes áreas: 1) acepção (significação) mais restritiva:
quando o distúrbio é acompanhado por alterações anatomoclínicas ou biológica objetiváveis
(ex.: asma brônquica); 2) acepção num sentido menos restrito: engloba as manifestações
puramente funcionais, sem lesão orgânica subjacente, resultante de distúrbios de certas
funções vitais (ex.: certas constipações crônicas ou de certas hipertensões arteriais lábeis);
3) num sentido mais amplo: abrange a expressão somática das emoções (como a angústia)
ou as manifestações somáticas dos distúrbios de humor.

Existe dor de alma?

O ser humano é uma unidade complexa onde seus aspectos físicos e mentais estão inseridos
em um estado de interação simbiótica. Essa interação já era descrita por Aristóteles: “psique
(alma) e corpo reagem um com outro, uma mudança no estado da psique produz uma
mudança no corpo e vice-versa”. Dessa forma, podemos dizer que todas as doenças têm
seus aspectos psicológicos; deve ser levado em consideração, não só a doença, mas todo o
processo do adoecer. A patologia passa então a ser interpretada como algo que não está
“funcionando bem’’ tanto em suas características físicas como mentais. Adoecer também é a
expressão de um estado psíquico atípico como se o sujeito expressa-se através do soma
(corpo) seus males psíquicos. As alterações emocionais estão presentes, antes e durante o
curso da patologia, podendo estas alterações emocionais ser dos mais diversos cunhos, seja
um sentimento de insegurança, retraimento social, dificuldade para expressar seus
sentimentos sensibilidade afetiva muito aumentada, e capacidade de lidar com perdas e
frustrações.Podemos assim então interpretar que a manifestação somática está interligada
de maneira muito próxima à tentativa de manter o prazer, resgatar algo que se perdeu, que
tem medo de perder ou na manutenção de algo em alguém que se quer para o
futuro.Angústia e ansiedade designam um sentimento penoso de espera ou um medo sem
objeto; constituem um estado afetivo doloroso, desencadeado por um perigo imaginário, ou
sinalizando-o, em geral inconsciente, o que distingue do medo, estado afetivo, diretamente
ligado à ameaça representada por um objeto ou situação definidos.A angústia comporta uma
modificação de uma ou várias funções vegetativas, segundo a predominância da excitação
do sistema nervoso simpático ou do parassimpático. Dependendo dos casos, pode
desencadear uma aceleração cardíaca, uma dispnéia, uma perturbação do trânsito intestinal,
uma variação das secreções sudoríparas, salivares ou gástricas, do surgimento de espasmos
musculares, etc.Mesmo quando a angústia é uma expressão essencialmente somática, ela
permanece um fenômeno de característica acima de tudo afetiva.

A ansiedade se exprime a nível mental, somático ou misto. Os concomitantes físicos são


mais ou menos ricos ou expressivos, dependendo de uma pré-disposição genética e de
reações reflexas influenciadas pelo condicionamento, assim como de influências de
elementos de natureza cultural e social.A capacidade de elaborar mentalmente um certo
grau de angústia e de suportar a insegurança imposta por um sentimento de ameaça
indefinível depende igualmente do modo de organização psíquica de cada indivíduo.Toda
pessoa tem um limiar de tolerância para o desconhecido e para o sentimento de falta,
correlativos da angústia, além do qual seus referenciais identificadores são abalados,
podendo, assim, repercutir sobre o seu sentimento de integridade e coerência.A angústia
leva, com efeito, à consciência dos órgãos ou funções, que se encontram habitualmente, em
harmonia silenciosa.

Emoção causa dor? Até que ponto? Se sim, como controlar as emoções para
extingui-la?

Nos perguntamos sempre por que um conflito em indivíduos diferentes, ou no mesmo


indivíduo, em momentos diversos de sua história, pode dar lugar tanto a modificações
comportamentais, a um sofrimento puramente psíquico ou, enfim, a uma desorganização
somática?Podemos dizer que o corpo expressa, “põe para fora” as emoções que por vezes
escondemos de nós mesmos. Nosso corpo fala através de gestos, mímicas, contraturas,
calor, tremor, dores de barriga, sustos, travamentos dos dentes, enfim, através de
demonstrações físicas. Toda pessoa tem um limiar de tolerância para o desconhecido e para
o sentimento de falta, correlativos da angústia, além do qual seus referenciais identificadores
são abalados, podendo, assim, repercutir sobre o seu sentimento de integridade e coerência.
A angústia leva, com efeito, à consciência dos órgãos ou funções, que se encontram
habitualmente, em harmonia silenciosa.Para Pierre Marty, a melhor defesa contra as doenças
para o organismo é o funcionamento mental, ou seja, os sujeitos que têm um bom
funcionamento mental, são e forte, estão menos sujeitos a doenças graves, enquanto que
aqueles que possuem um espírito negativista e um ego frágil, ou ainda que reprimem as
representações mentais, têm uma maior tendência a adoecer com doenças graves.

Há dores específicas causadas pela emoção?

O adoecer está intimamente ligado com a capacidade do sujeito lidar com suas emoções e
sentimentos, a manifestação dos sintomas é um sinal de que algo não vem fluindo bem há
algum tempo, esses sintomas a quebra dos seus limites em suportar e superar
adversidades.A saúde é o equilíbrio dinâmico entre os diversos sistemas que compõem o ser.
Qualquer alteração em um dos sistemas (psicológico, neurológico, endocrinológico ou
imunológico), acarreta um desequilíbrio em todas a partes do indivíduo. O estresse
continuado, ocasionado por um trauma não sobrepujado, mina o sistema imunológico
propiciando o descontrole de neuro-transmissores cerebrais (entre eles a serotonina e a
noradrenalina), causando depressão. As alterações emocionais estão presentes, antes e
durante o curso da patologia, podendo estas alterações emocionais ser dos mais diversos
cunhos, seja um sentimento de insegurança, retraimento social, dificuldade para expressar
seus sentimentos sensibilidade afetiva muito aumentada, e capacidade de lidar com perdas e
frustrações.Podemos assim então interpretar que a manifestação somática está interligada
de maneira muito próxima a tentativa de manter o prazer, resgatar algo que se perdeu, que
tem medo de perder ou na manutenção de algo em alguém que se quer para o futuro.

Dentre as sete dores que vamos detacar na reportagem (citadas acima), quais são
mais presentes na psicossomática? O que isso significa?

Sabemos, atualmente, que as pessoas mais propensas a desenvolver doenças em reação ao


estresse provavelmente são aquelas cujos sistemas imunológicos estão fragilizados em
decorrência da impossibilidade de lidarem com suas adversidades. No entanto, apesar de
cada vez mais atestarmos que as maiorias dos adoecimentos do corpo e da alma é gerada
por conflitos psíquicos, não podemos rotular todo adoecimento como sendo de origem
emocional. Com relação às dores de cabeça, garganta, peito, costas, abdominal, nas pernas
e dores subjetivas (dores no corpo causadas, por exemplo, por depressão), sabemos que na
maioria dos casos, essas dores decorrem diante de conflitos psíquicos, sentimentos de
impotência diante das adversidades, conflitos nas relações interpessoais e, acompanhadas de
sentimentos inicialmente há que ser feito o diagnóstico diferencial para afastar-se os
possíveis fatores externos / não psíquicos que poderiam causar tais tipos de dores.

Por que a dor se manifesta tanto e de maneiras tão diversas?

Na realidade, todos nós tendemos a responder através de sintoma somático quando, em


função de um traumatismo interno ou externo, o limiar de dor psíquica é ultrapassado, ou
seja, todos temos, na expressão de Joyce McDougall, uma “potencialidade
psicossomática.”Bion e Winnicott contribuem sobremaneira para a reflexão sobre o fenômeno
do adoecimento psicossomático na linha teórica psicanalítica.Essa potencialidade
psicossomática é apenas a confirmação de que todo o conflito psíquico estabelece um
contínuo em relação à esfera fisiológica, conceito já enunciado por Freud, em 1900, quando
afirmou que a mente é uma “efervescência” do corpo, e que toda atividade psíquica deriva,
em última instância, de estimulação somática.Problemas graves surgem quando os afetos
são radicalmente expelidos da mente e lançados no corpo, e a expressão psicossomática
substitui a capacidade de sentir.Nesses casos, o sintoma físico ocupa o lugar da dor psíquica.
Teremos, dessa forma, um indivíduo psiquicamente anestesiado ou desinformado sobre o
universo de seus afetos e doente física e/ou emocionalmente.

Existe como tratar a dor sem tratar o psicológico? Ou, nesse caso, o tratamento se
torna paliativo?

As emoções falam através do corpo e dos sintomas. Não adianta tratar apenas com remédios
uma série de sintomas inespecíficos enquanto o verdadeiro problema se encontrar no
inconsciente da pessoa. O estudo psicossomático é uma possibilidade de se conhecer o
paciente de forma integral, onde o sintoma é conseqüência de vários fatores, inclusive ou
talvez principalmente, emocional. O adoecimento do ser humano é uma das formas de
expressão quando ele se encontra no limiar do sofrimento. Cabe ao profissional da área da
Saúde, buscar compreender essa forma de linguagem. Foi a única maneira que o paciente
encontrou para dizer que ele não está absolutamente, conseguindo lidar, com um certo
equilíbrio, com as situações difíceis da sua vida.
Psicologia Hospitalar e Psicossomática: Psicóloga de formação Clínica, Hospitalar e
Psicossomática - UNIP (1994).
Pós-Graduada em Psicologia Hospitalar pela PUC/SP. Mestre em Psicologia pela Universidade
São Marcos. Fundadora e Coordenadora do CEPPS Centro de Estudos e Pesquisas em
Psicologia e Saúde/SP coordenando cursos de Psicologia Hospitalar e da Saúde em São
Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

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