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ACIDENTE DO TRABALHO

Conceito de Acidente de Trabalho

Acidente é por definição, o acontecimento que determina, fortuitamente, dano que poderá ser à coisa,
material, ou pessoa.

O artigo 19 da Lei 8.213/91, estabelece que acidente do trabalho é todo aquele decorrente do trabalho a
serviço da empresa que provoca lesão corporal ou perturbação funcional que causa a morte, perda ou
redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Por seu turno, os artigos 20 e 21 da
Lei em comento, trazem outras entidades mórbidas que também são consideradas para efeitos de acidente
de trabalho. O Decreto nº 2.172/97, em seus artigos 131 a 133, também regula sobre a matéria e, de modo
específico, o artigo 131 do referido decreto dispõe que acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício
do trabalho a serviço da empresa, ou ainda pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, e provoca
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade para o
trabalho, quer seja permanente, quer seja temporária.

Assim, acidente do trabalho compreende, para a legislação previdenciária, a doença profissional, a doença
do trabalho e aquelas equiparadas a acidente de trabalho.

Outrossim, destaca-se que o infortúnio pode ser classificado como típico ou atípico, o primeiro decorrente
de um acontecimento na prática do labor e o segundo proveniente de doença profissional relacionada a
determinado tipo de atividade. Oportuno mencionar que o acidente de trabalho pode ocorrer no trajeto
entre a residência do trabalhador e o local de trabalho, e vice-versa.

Ainda sob esta ótica, importante dizer que todos aqueles acidentes sofridos fora do local e horário de
trabalho, desde que o trabalhador esteja sob ordens da empresa também são considerados acidente de
trabalho. Muito embora exista esta diferenciação, o fato é que todos atingem a integridade do trabalhador,
quer seja física, quer seja psíquica.

A incidência do acidente do trabalho ocorre em 3 hipóteses:

• Quando ocorrer lesão corporal;

• Quando ocorrer perturbação funcional ou;

• Quando ocorrer doença.

Elementos do Acidente do Trabalho

Podem ser apontados os seguintes elementos caracterizadores do "infortúnio do trabalho";

A - A causalidade: o acidente do trabalho apresenta-se como um evento, acontece por acaso, não é
provocado.

B - A nocividade: o acidente deve acarretar uma lesão corporal, uma perturbação funcional física ou
mental.

C - a incapacitação: o trabalhador, em razão do acidente, deve ficar impedido de trabalhar e, em


conseqüência, sofrer a lesão patrimonial da perda do salário.
D - o nexo etiológico: é a relação direta ou indireta entre a lesão pessoal e o trabalho subordinado realizado
pela vítima.

Destes quatro elementos, vale a pena comentar um detalhe importante contido no último que é
pressuposto para se falar de acidente de trabalho: é a subordinação, já que protegido pelas regras de
acidente só serão aqueles que estejam em um sistema hierárquico. Assim sendo, o trabalhador eventual
que sofra uma lesão ao prestar serviço à dada empresa poderá ser ressarcido no âmbito civíl, já que a ele
não alcança o seguro acidentário.

Disso se extrai que fora do contrato de trabalho típico, não há acidente de trabalho, de acordo com a
legislação especifica.

Tendo ocorrido o infortúnio, a autarquia previdenciária, via perícia médica, e tão-somente após a
comunicação do acidente de trabalho (pela empresa, pelo trabalhador, por seus dependentes, pela
entidade sindical, pelo médico ou ainda, por autoridade pública), via Comunicação de Acidente de Trabalho
(CAT), é a responsável pela caracterização técnica, e esta se dá mediante a presença do nexo causal entre o
trabalho e o acidente. A Lei nº 8213/91, trata sobre esta comunicação no artigo 22, caput, e § 2º. Por sua
vez, o Decreto nº 2.172/97 dispõe, no artigo 134, caput, e § 3º, a respeito da comunicação do acidente.

Considera-se estabelecido o nexo entre o trabalho e o acidente quando se verificar nexo técnico
epidemiológico entre a atividade da empresa e a entidade mórbida motivadora da incapacidade, elencada
na Classificação Internacional de Doenças (CID).

Reconhecidos pela perícia médica do INSS a incapacidade para o trabalho e o nexo entre o trabalho e o
agravo, serão devidas as prestações acidentárias a que o beneficiário tenha direito, e uma indenização para
a reparação dos danos sofridos.

De outra banda, há que se dizer que, no intuito de prevenir acidentes laborais, as empresas adotam
medidas coletivas e individuais para a proteção e segurança do trabalhador, as quais, se forem inócuas
geram, via de consequência, aos empregadores, o dever de indenizar, vez que, o pagamento pelo Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), de prestações decorrentes do acidente do trabalho não exclui a
responsabilidade civil da empresa ou de terceiros, desde que, como já dito, haja o nexo causal entre o
acidente e o trabalho.

Ocorrido o acidente do trabalho, é possível, à vítima, interpor ações tanto na área previdenciária, como na
área trabalhista, visto que este infortúnio gera muitas consequências, não só para o trabalhador, mas
também para o empregador.

Assim, de acordo com a lei, face à relevância social do tema aqui abordado, possibilita a interposição de
ações relacionadas ao acidente do trabalho, quais sejam: ações acidentárias, trabalhistas e indenizatórias.

A primeira hipótese citada, qual seja, ação acidentária, tem por escopo lides que envolvam benefício
previdenciário. Mediante estas ações o empregado vítima do acidente do trabalho pleiteia o recebimento
de benefícios previdenciários, como o auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, auxílio-acidente, e
ainda, seguro contra acidentes do trabalho. Todas estas ações são ajuizadas face à Previdência Social, caso
a esfera administrativa não reconheça o benefício postulado.
Por sua vez, a Reclamação Trabalhista que tem por objeto questões afetas a relação de trabalho, inclusive
de natureza indenizatória (dano moral e material) e o foro competente é a Justiça do Trabalho, situação
essa já pacificada.

A ação acidentária tomará por base a responsabilidade civil, com fulcro tanto no artigo 7º., inciso XXVIII da
CF e os artigos 186, 187 e 927 e parágrafo único, todos do Código Civil, onde se verificará, conforme o caso,
a aplicação da teoria da responsabilidade subjetiva ou, quando a atividade exercida pelo trabalhador
implicar por sua natureza risco, a teoria objetiva.

Autor: Christie Danielle Sikorki, advogada, especialista em Direito Processual pela Unisul e professora
universitári

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A lei n. 8.213 de 1991, assim dispõe:

"Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo
exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal
ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho".

"Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades
mórbidas"

"Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:

I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente
para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão
que exija atenção médica para a sua recuperação;

II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de...

...
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:

...

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de
locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.

§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades
fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.

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A propósito, prescreve o artigo 167, II, do decreto n.º 77.077 de 24-01-1976 que "equipara-se ao
acidentado o trabalhador acometido de doença do trabalho.

As moléstias geradas pelo trabalho são divididas em dois grupos: doenças profissionais típicas ou
tecnopatias, que são conseqüência natural de certas profissões desenvolvidas em condições insálubres, e
que normalmente relacionadas pelo próprio legislador ( ver exemplo no apêndice) e as doenças
profissionais atípicas, ditas mesopatias, que não são peculiares determinados tipos de trabalho, mas que o
operário vem a contrair por fato eventualmente ocorrido no desempenho da atividade laboral.

Mesopatia pode decorrer do excessivo esforço, de posturas viciosas, de temperaturas extremas, etc...

A distinção é importante, porque nas doenças profissionais típicas o nexo etiológico com a atividade do
trabalhador é presumido pela lei, enquanto nas doenças atípicas inexiste qualquer presunção, cabendo, por
isso, à vitima, o ônus de provar que a enfermidade teve causa em evento provocado pelo desempenho do
contrato de trabalho.
É necessário frisar que as concausas geram efeitos, já que não há necessidade da causa única para a
configuração do acidente do trabalho. Isso significa que as concausas são igualadas às causas propriamente
ditas. É justa tal paridade porque no acidente poderemos ter reflexos no que toca ao estado anterior da
vítima, ou as suas eventuais superveniências mórbidas. O estado anterior principalmente: o ferimento no
diabético ou no hemofílico.

Uma vez porém, comprovado que a lesão súbita ou a doença se originaram do trabalho, o regime jurídico
do infortúnio é o mesmo ( Lei n.º 6.367/76 ).

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Risco Profissional

De acordo com Carnelutti, o trabalho, por si só não gera o acidente. É necessário que algo ocorra para que
se dê a sua concretização. E isso é o risco profissional. Quando se fala em risco tem-se a idéia de alguma
coisa em potencial que influirá ou não para o aparecimento do acidente, i. e., do dano na pessoa do
empregado, se nesse risco se verifiquem a presença de fatores capazes de produzirem aquele resultado, o
acidente. O empregado está sujeito a três modalidades de risco Como homem, expõe-se ao risco, o mesmo
a que se expõe todos os homens, o do risco genérico. Como empregado, expõe-se ao risco específico do
trabalho. Em determinadas circunstâncias, entretanto, o risco genérico poderá agravar-se em função do
trabalho executado . É o caso do telhadeiro, que passa o dia sobre o telhado, expondo-se, durante o verão,
ao risco genérico, provocado pelo calor e irradiações solares, mas agravado, de sofrer os efeitos da
insolação. Os fatores do risco profissional estão ai.

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A tese dominante da cumulatividade

O que o empregado recebe da Previdência Social nem sequer pode ser qualificado como indenização, pois
trata-se na verdade, de "um beneficio especial, de caráter alimentar, que lhe permite sobreviver enquanto
subsistir a causa incapacitante. "
Daí a jurisprudência atual do STF, seguida pela grande maioria dos tribunais locais, no sentido de que a
Súmula 229, que autoriza a cumulação da indenização acidentaria e da indenização de Direito comum, nos
casos de dolo ou culpa grave do patrão, "não só continua em vigor como tem ampliada a margem da sua
incidência."

O dolo ocorre quando o acidente deriva da intenção criminosa de lesar o operário; e a culpa grave consiste
na omissão das medidas de segurança do trabalho, com a consciência do grave risco a que se expõe o
trabalhador na empresa.

A cumulação é plena e não apenas complementar, dado que a causa jurídica de cada uma das reparações é
totalmente diversa da outra.

Ensina Maria Helena Diniz que "sendo o dano um pressuposto da responsabilidade civíl, será obrigado a
repará-lo aquele a quem a lei onerou com tal responsabilidade, salvo se ele puder provar alguma causa de
escusa.

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Como registrar os acidentes do trabalho e seus equivalentes na Previdência Social?

O instrumento formal de registro dos acidentes do trabalho seu equivalentes na Previdência Social é a
Comunicação do Acidente do Trabalho - C. A . T..

De posse da C.A .T. , o Trabalhador dirige-se ao Serviço de Urgência ou ao Serviço médico da Empresa,
quando esta é credenciada para realizar este tipo de atendimento. O verso da C. A . T. é preenchido pelo
médico que atende o acidentado.

O serviço que atendeu o acidentado/doente é responsável pelo encaminhamento da C. A . T. à Previdência


Social, onde ela será registrada. O trabalhador será então convocado pela perícia de acidente do trabalho,
caso necessite de tempo de afastamento do trabalho superior a 30 dias.

O decreto 611 de 21.07.1992 em seu artigo 142 estabelece que a empresa deve fornecer cópia da C. A . T.
ao acidentado ou dependentes, e ao sindicato da categoria do trabalhador. Além disso, prevê que, nos
casos em que a empresa não emitir a C. A . T., podem formalizar a comunicação do acidente o próprio
acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer
autoridade pública.

A caracterização do acidente de trabalho deve ser feita pelo INSS, conforme estabelece o artigo 143 do
Decreto 611/92:

Artigo 143. O acidente do trabalho deverá ser caracterizado:

I - administrativamente, através do setor de benefícios do INSS, que estabelecerá o nexo entre o trabalho
exercido e o acidente;

II - tecnicamente, através da Perícia Médica do INSS, que estabelecerá o nexo de causa e efeito entre:

a) o acidente e a lesão;

b) a doença e o trabalho

c) a "causa mortis" e o acidente.

O acesso aos benefícios do seguro de acidente do trabalho do INSS.

Os primeiros quinze dias de tratamento do acidente ou da doença profissional devem ser remunerados
integralmente pelo empregador - o que tem sido alegado como um dos motivos do sub-registro dos
acidentes leves. Se o afastamento do trabalho deve se prolongar por período superior a quinze dias, o
paciente terá que submeter-se à Perícia de Acidente do Trabalho, tendo-se comprovado o nexo causal, o
trabalhador terá acesso aos benefícios do Seguro de Acidente do Trabalho do INSS, que é financiado por
contribuição das empresas, num percentual sobre a folha de pagamento proporcional ao grau de risco da
atividade. (1a 3%).

Jurisprudência
Acidente de Trabalho

- Responsabilidade Civíl - art. 159 do Código Civíl

ementa - Embargos rejeitados. A quitação, recebida do acidentado em termos amplos, com a declaração de
que o indenizado nada mais reclamaria a qualquer titulo pelo evento, não exclui a promoção da
responsabilidade fundada no art. 159 do CC.

Acórdão

Relatados estes autos de recurso Extraordinário n. 50.297, da Guanabara, embargante Cia. Ferro Carril
Carioca e embargado João Cardoso Oliveira,

RESOLVE o Supremo Tribunal Federal, em sessão plena, desprezar dos embargos, unanimemente, ut notas
taquigráficas.

Custas ex lege.

Brasília, 10 de maio de 1963 - Lafayette de Andrada, Presidente - Vilas Boas, Relator

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Vilas Boas: Decidiu a 4.º Câmara Cível, relator o ilustre desembargador Aguiar Dias:

"responsabilidade civíl. Acidente do Trabalho. Cumulação de ações. A índole transacional da reparação por
acidente do trabalho exclui a sua cumulação com a indenização de Direito comum".

Resolve, porém a eg. 1º Turma, Relator o eminente Ministro Gonçalves de Oliveira:


"Acidente no trabalho. Ação de Direito comum. Cumulação permitida. Ao dolo se equipara a culpa do
patrão que, visando maiores ganhos, expõe o empregado ao perigo. Provimento do recurso para que,
afastada a prejudicial acolhida, julgue a Câmara a causa no seu merecimento, a saber, se ocorreu a culpa
equiparada ao dolo".

Embargos da Companhia ferro Carril Carioca, a fls. 152 e seguintes; impugnação do embargo, João Cardoso
de Oliveira, a fls. 159.

À Mesa.

VOTO

Para rejeitar os embargos, limito-me a reproduzir, com um pequeno acréscimo, o que disse o eminente
Ministro Hahnemann Guimarães, no rec. Extr. 19473 (fls 84.): "A responsabilidade, quea lei atribui ao
empregador nos acidentes do trabalho, não exclui a responsabilidade pela culpa, que obriga o empregador
a reparar o dano segundo o artigo 159 do Código Civíl"

O adendo é que não obsta à demanda a plena e rasa quitação, recebida do acidentado, com a declaração
de que nada mais reclamaria a qualquer titulo da empresa, pois é defesa, por ilícita, a cláusula que elimina
a prestação de que o dolo, ou a culpa lata equiparável ao dolo, seja causa.

Desprezo os embargos.

Embargante: Cia . Ferro Carril Carioca.

Embargado: João Cardosode Oliveira.

DECISÃO

Como consta da ata, a decisão foi a seguinte: rejeitaram os embargos. Unânime.

Presidencia do Exmo. Sr. Ministro Lafayette de Andrada.


Relator: Exmo.Sr. Ministro Vilas Boas.

Tomaram parte no julgamento os Exmos. Srs. Ministros Pedro Chaves, Victor Nunes, Gonçalves de Oliveira,
Vilas Boas, Candido Motta Filho e Ary Franco.

Impedido o Exmo. Sr. Ministro Hahnemann Guimarães.

Ausentes, por se acharem licenciados ,os Exmos. Srs. Ministros Luiz Gallotti, Ribeiro da Costa e Barros
Barreto.

Aud. Publ., 5.06.63

(STF, RE, 50.297, Pleno , ac de 10.05.63, in Jardel Noronha e Odaléa Martins, Referencias da Súmula do STF,
v 12 p. 49-50

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BIBLIOGRAFIA

BALERA, Wagner. Curso de Direito Previdenciário 2ºedição São Paulo editora LTr. Texto Trabalhado:
Anníbal Fernandes -pag 99 a 107.

CAMPOS, José Luiz Dias. Responsabilidade penal, civíl e acidentária do trabalho. Editora Ltr. 1996 5º edição
São Paulo SP.

Enciclopédia Saraiva de Direito páginas 89-97. "ACIDENTE DE TRABALHO"

ROCHA, Lys Esther. Isto é trabalho de gente? Vida, doença e trabalho no Brasil. Editora Vozes - SP - São
Paulo.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Acidente do Trabalho e Responsabilidade civíl comum. Editora Saraiva São
paulo SP 1987

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Acidente do trabalho durante o aviso prévio indenizado reintegra o Empregado

TRT-2ª Região - RO 01996200747102004, Rel. Juíza Lilian Lygia Ortega Mazzeu

julgado em 13/07/2008 - Fonte: Jornal Jurid (http://secure.jurid.com.br), em 13/08/2008

INTRODUÇÃO

Acidente de trabalho aquele que se verifique no local e no tempo de trabalho, produzindo lesão corporal,
perturbação funcional ou doença de que resulte redução na capacidade de trabalho, ou de ganho, ou a
morte. Considera-se também acidente de trabalho, o ocorrido:

1. No trajeto, normalmente utilizado e durante o período ininterrupto habitualmente gasto, de ida e de


regresso entre:

a)o local de residência e o local de trabalho;

b) quaisquer dos locais já referidos e o local de pagamento da retribuição, ou o local onde deva ser
prestado assistência ou tratamento decorrente de acidente de trabalho;

c) o local de trabalho e o de refeição;


d) o local onde, por determinação da entidade empregadora, o trabalhador presta qualquer serviço
relacionado com o seu trabalho e as instalações que constituem o seu local de trabalho habitual;

2. Quando o trajeto normal tenha sofrido interrupções ou desvios determinados pela satisfação de
necessidades atendíveis do trabalhador, bem como por motivo de força maior ou caso fortuito;

ACIDENTE DO TRABALHO

RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E LEGAL DO EMPREGADOR.

Incorre em culpa o empregador que altera o contrato de trabalho de empregado (desvio de função) para
deslocá-lo para exercer a função de vigia em canteiro de obras, sem observar a exigência de prévia
qualificação para o exercício desta atividade. Sobrevindo a morte do empregado (homicídio) no exercício
da função, deve o empregador indenizá-lo, nos termos do inciso XXVIII do art. 7º/CF. Apelo provido para
condenar o recorrido a pagar a recorrentes danos morais e materiais, tudo sem prejuízo da constituição de
um capital, que deve ser depositado em conta judicial com correção monetária e à disposição do juízo, para
garantir o pagamento da pensão mensal alimentícia decretada neste juízo, na eventualidade de
inadimplência. DANOS PROVENIENTES DE ACIDENTE DO TRABALHO - INCISO XXVIII DO ART. 7º/CF - MORTE
- HOMICÍDIO CONSUMADO POR TERCEIRO DURANTE A JORNADA LABORAL - RESPONSABILIDADE
CONTRATUAL E LEGAL DO EMPREGADOR PERANTE O INFORTÚNIO - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E
MATERIAIS. (TRT-RO-6106/00 - 4ª T. - Rel. Juiz Antônio Álvares da Silva - Publ. MG. 07.10.00)

CONTRATO DE SAFRA - ESTABILIDADE PROVISÓRIA.

Se o acidente do trabalho ocorreu na vigência de contrato de safra, que constitui modalidade de contrato a
termo, impossível a hipótese de "despedida obstativa" ao gozo da estabilidade provisória do art. 118 da Lei
n. 8.213/91, garantia de emprego aplicável somente aos contratos por prazo indeterminado. Entender de
outro modo seria dar guarida à insegurança e à incerteza nas relações jurídicas, pois os efeitos legais dos
contratos por prazo determinado seriam idênticos para os contratos por prazo indeterminado, o que
distorceria em demasiado a lei e inviabilizaria o instituto da CLT, art. 443, § 2º, "b", que se aplica às
empresas que contratam mão-de-obra agrícola em época de safra. ACIDENTE DO TRABALHO - CONTRATO
DE SAFRA - PRAZO DETERMINADO - ESTABILIDADE PROVISÓRIA - IMPOSSIBILIDADE. (TRT-RO-3465/01 - 4ª
T. - Rel. Juiz Antônio Álvares da Silva - Publ. MG. 19.05.01)

CAT – COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO


Na ocorrência do acidente de trabalho o empregado deve levar o fato ao conhecimento
da empresa. Esta por sua vez deve comunicar o fato à Previdência Social
através da CAT (Comunicação de Acidente do Trabalho).
A comunicação gera o processo administrativo com a finalidade de proteger o
empregado, que apurará as causas e conseqüências do fato, liberando o benefício
adequado ao acidentado.
A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o 1 o
dia útil da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente,
sob pena de multa.
As CAT’s são documentos úteis para se conhecer a história dos acidentes na empresa.
As informações das CAT’s permitem, por exemplo, selecionar os acidentes
por ordem de importância, de tipo, de gravidade da lesão ou localizá-los no tempo,
além de possibilitar o resgate das atas da CIPA com as investigações e informações
complementares referentes aos acidentes.

O acidente de trabalho não requer, necessariamente, para sua configuração, a


existência de vínculo de emprego. Com base neste entendimento, os
Desembargadores da 7ª Turma do TRT-RS condenaram uma empresa a pagar
indenização por danos materiais e morais, no valor de R$ 40 mil, a trabalhador
autônomo que sofreu acidente. O contratado, ao realizar o conserto de um
telhado no estabelecimento da empresa, sem equipamento de proteção, sofreu
queda de cerca de 7 metros de altura, fraturando o tornozelo direito e a coluna
vertebral, ficando com sequelas irreversíveis e incapacidade de exercer a
profissão de pedreiro

“EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL. CONTRATAÇÃO DE PRESTAÇÃO


DE SERVIÇO. AUSÊNCIA DE EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA.
RESPONSABILIDADE DO CONTRATANTE PELO EVENTO DANOSO.
VERIFICADA. AUSÊNCIA DE FISCALIZAÇÃO E VIGILÂNCIA NA
EXECUÇÃO DA TAREFA. CULPA CONCORRENTE VERIFICADA.
PENSIONAMENTO. DEVIDO. DANO MORAL PURO. CONFIGURADO.
QUANTUM. CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO. MAJORAÇÃO. Mostra-se
responsável a tomadora de serviço por danos sofridos pelos prestador,
quando autorizado – tacitamente que seja- a executar tarefa sem
equipamentos mínimos de segurança. Caso em que a ausência de
fiscalização e vigilância da execução do trabalho acarretou a queda do
prestador de serviço, que culminou com sua posterior morte. De igual
sorte, concorre com culpa o prestador de serviço que não adota
condutas mínimas de segurança no desempenho de sua atividade, razão
pela qual se impõe reconhecer a concorrência de culpa no caso em tela.
O pensionamento é devido aos familiares, descontado 1/5, relativamente
às despesas pessoais da vítima. Outrossim, é de ser abatido da cifra o
percentual de culpa da vítima par a implementação do sinistro. À viúva a
pensão é garantida até que essa contraia novas núpcias, ou até quando
a vítima completaria 72,5 anos de idade, média de tempo de vida da
população gaúcha. Os filhos, em contrapartida, têm garantido o
pensionamento até completarem a idade de 25 anos. Configurado dano
moral puro que, por conseguinte, prescinde da investigação dos
prejuízos, pois presumíveis. Outrossim, na mensuração do dano, não
havendo no sistema brasileiro, critérios fixos e objetivos para tanto,
mister que o juiz considere aspectos subjetivos dos envolvidos. Assim,
características como a condição social, a cultural, a condição
financeira, bem como o abalo psíquico suportado, hão de ser ponderadas
para adequada e justa quantificação da cifra reparatória-pedagógica.
Quantum majorado. DERAM PARCIAL PROVIMENTO A TODOS OS
APELOS” (Apelação Cível n. 70018321190, 5ª Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Paulo Sérgio Scarparo, julgado em 07.03.07).

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