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V. Exª. defende com frequência pontos de vista que são habitualmente sustentados ainda
que nem sempre sustentáveis. É o que acontece neste caso. A única declaração acertada
que faz - na nota abaixo reproduzida - acerca do pouco que sobra para a "geração
parva", chamemos-lhe assim em honra ao novo "hino" dos Deolinda, é aquela que refere
o facto de serem tão discrepantes as reformas que hoje se recebem daquelas que o
Estado - provavelmente (sim, porque daqui até lá muita coisa pode e deve mudar,
espero que para melhor ainda que tenha dúvidas) - virá a atribuir aos futuros velhos
deste país. Afirmação correcta, ainda que incompleta: faltou clarificar que desde a época
em que foram atribuídas as pensões generalizadas o problema era já de todos conhecido
mas que nenhum político até ao presente foi capaz de alterar.
Aceito e concordo que na actual situação o Governo deveria mesmo ter diminuído os
rendimentos dos reformados dos mais altos escalões mas também estou em crer que a
diminuição salarial aplicada aos funcionários públicos é profundamente injusta devendo
esta ser antes aplicada a todos os portugueses - a dívida do país é tanto do médico que
trabalha no centro de saúde quanto da rapariguinha do shopping.
É vê-los por aí, sem dinheiro, mas a falar ao telemóvel que obtiveram sem esforço e que
é pago pelos pais. É vê-los por aí a circular de automóvel, sem dinheiro, mas a passear
uns e outros com a viatura, a gasolina e a manutenção pagas pelos pais, é vê-los por aí
nas lojas de marca a comprar vestuário, calçado, acessórios e outros mais, sem dinheiro,
mas a comprar os itens que obtiveram sem esforço e que são pagos pelos pais...
Não para voltar atrás, nem isso seria possível, mas para melhorar as condições em que
as pessoas vivem. E isso, estou em crer, só se conseguirá se e quando os Estados
voltarem a ter força e poder - ainda que seja só um, como no caso da Europa.
Não faz sentido continuarmos a falar destes problemas como se apenas acontecessem
em Portugal, como se apenas se aplicassem aos jovens portugueses ou que vivem no
nosso país. Essa é uma mentira, redonda, das grandes, que se lhes vende.
Nota de José Manuel Fernandes publicada no Facebook:
http://www.facebook.com/note.php?note_id=10150104369774208&id=246899992587
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Para uns terem “direitos adquiridos” para sempre, outros ficaram sem direitos nenhuns:
os mais novos, os nossos filhos
Quando o FMI chegou pela segunda vez a Portugal, em 1983, eu tinha 26 anos. Num
daqueles dias de ambiente pesado, quando havia bandeiras pretas hasteadas nos portões
das fábricas da periferia de Lisboa, quando nos admirávamos com ser possível continuar
a viver e a trabalhar com meses e meses de salários em atraso, almocei com um
incorrigível optimista no Martinho da Arcada. Nunca mais me esqueci de uma sua
observação singela: “Já reparaste como, apesar de todos os actuais problemas, a nossa
geração vive melhor do que as dos nossos pais? Tenta lembrar-te de como era quando
eras miúdo…”
Era verdade: a minha geração viveu e vive muito melhor do que a dos seus pais. E eles
já viveram melhor do que os pais deles. Mas quando olho para a geração dos meus
filhos, e dos que são mais novos do que eles, sinto, sei, que já não vai ser assim. E não
vai ser assim porque nós estragámos tudo – ou ajudámos a estragar tudo. Talvez aqueles
que são um bocadinho mais velhos do que eu, os verdadeiros herdeiros da “geração de
60”, os que ocuparam o grosso dos lugares do poder nas últimas três décadas, tenham
um bocado mais de responsabilidade. Mas ninguém duvide que o futuro que estamos a
deixar aos mais novos é muito pouco apetecível. E que o seu presente já é, em muitos
aspectos, insuportável.
Começámos por lhes chamar a “geração 500 euros”, pois eram licenciados e muitos não
conseguiam empregos senão no limiar do salário mínimo. Agora é ainda pior. Quase um
em cada quatro pura e simplesmente não encontram emprego (mais de 30 por cento se
tiverem um curso superior). Dos que encontram, muitos estão em “call centers”, em
caixas de supermercados, ao volante de táxis, até com uma esfregona e um balde nas
mãos apesar de terem andado pela Universidade e terem um “canudo”. Pagam-lhes
contra recibos verdes e, agora, o Estado ainda lhes vai aplicar uma taxa maior sobre esse
muito pouco que recebem. Vão ficando por casa dos pais, adiando vidas, saltitando por
aqui e por ali com medo de compromissos.
Quisemos tudo: bons salários, sempre a subir, e segurança no emprego; casa própria e
casa de férias; um automóvel para todos os membros da família; o telemóvel e o
plasma; menos horas de trabalho e a reforma o mais cedo possível. Pensámos que tudo
isso era possível e, quando nos avisaram que não era, fizemos como as lapas numa
rocha batida pelas ondas: enquistámos nas posições que tínhamos alcançado.
Começámos a falar de “direitos adquiridos”. Exigimos cada vez mais o impossível sem
muita disposição para darmos qualquer contrapartida. Eram as “conquistas de Abril”.
Veja-se agora o país que deixamos aos mais novos. Se quiserem casa, têm de comprá-la,
pois passaram-se décadas sem sermos capazes de ter uma lei das rendas decente:
continuamos com os centros das cidades cheios de velhos e atiramos os mais novos para
as periferias. Se quiserem emprego, mesmo quando são mais capazes, mesmo quando
têm muito mais formação, ficam à porta porque há demasiada gente instalada em
empregos que tomaram para a vida. Andaram pelas Universidades mas sabem que,
nelas, os quadros estão praticamente fechados. Quando têm oportunidade num instituto
de investigação, dão logo nas vistas, mas são poucas as oportunidades para tanta
procura. Pensaram ser professores mas foram traídos pela dinâmica demográfica e pela
diminuição do número de alunos. Sonharam com um carreira na advocacia, mas agora
até a sua Ordem se lhes fecha. Que lhes sobra? As noites de sexta-feira e pensarem que
amanhã é outro dia…
E observe-se como lhes roubámos as pensões a que, teoricamente, um dia teriam direito:
a reforma Vieira da Silva manteve com poucas alterações o valor das reformas para os
que estão quase a reformar-se ao mesmo tempo que estabelecia fórmulas de cálculo que
darão aos jovens de hoje reformas que corresponderão, na melhor das hipóteses, a
metade daquelas a que a geração mais velha ainda tem direito. Eles nem deram por isso.
Afinal como poderia a “geração ‘casinha dos pais’” pensar hoje no que lhe acontecerá
daqui a 30 ou 40 anos?
Esta geração nunca se revoltará, como a geração de 60, por estar “aborrecida”, ou
“entediada”, com o progresso “burguês”. Esta geração também não se mobilizará
porque… “talvez foder”. Mas esta geração, que foi perdendo as ilusões no Estado
protector – ela sabe muito bem como está desprotegida no desemprego, por exemplo…
–, habituou-se também a mudar, a testar, a arriscar e, sobretudo, a desconfiar dos
“instalados”.
Esta geração talvez já tenha percebido que não terá uma vida melhor do que a dos seus
pais, pelo menos na escala que eles tiveram relativamente aos seus avós. Por isso esta
geração não segue discursos políticos gastos, nem se deixa encantar com retóricas
repetitivas, nem acredita nos que há muito prometem o paraíso.
Por isso esta geração pode ser mobilizada para o gigantesco processo de mudança por
que Portugal tem de passar – mais do que um processo de mudança, um processo de
reinvenção. Portugal tem de deixar de ser uma sociedade fechada e espartilhada por
interesses e capelinhas, tem de se abrir aos seus e, entre estes, aos que têm mais
ambição, mais imaginação e mais vontade. E esses são os da geração “qualquer coisa”
que só quer ser “alguma coisa”. Até porque parvoíce verdadeira é não mudar, e isso eles
também já perceberam…
Tiago Ferreira
Caro Fernando Silva Discordo com a sua opinião quanto ao Cavaco ter
sido o mais despesista...O Engº Guterres(PS), (quem não se lembra da
famosa frase do Durão Barroso(Deixaram o País de Tanga) é que não
soube aproveitar a contração do nosso... juro com a entrada na EU e
engordou o Estado fazendo com que o País ficasse sem margem para um
aumento do Juro...E aí está o resultado...Um Estado que em vez de
fomentar a economia está a anordaça-la e os cidadões pensam que andam
a trabalhar para pagar as mordomias de uma elite...parabéns Por este
texto que faz o retrato exacto daquilo que estamos a viver...Ver mais
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07 de fevereiro às 09:08 · CurtirCurtir (desfazer) ·
o
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07 de fevereiro às 11:27 · CurtirCurtir (desfazer) ·
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07 de fevereiro às 12:28 · CurtirCurtir (desfazer) ·
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07 de fevereiro às 15:05 · CurtirCurtir (desfazer) ·
Diogo Breda Pq sou produto de uma geração que conseguiu viver até aos
23 à custa dos pais e a partir daí à custa dos filhos e das gerações
seguintes.
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07 de fevereiro às 17:36 · CurtirCurtir (desfazer) ·
Jorge Monteiro
Neste país quem tenta ser empreendedor é visto como louco, como
alguem que não está bom do juizo e que todos deitam abaixo e a quem
dizem: "tu devias era arranjar um emprego!", mas não há empregos.
Já dizia o Luis Figo: "quando quiser ter problemas volto para Portugal!"
Mas empregos justos, sem patrões incompetentes que muitas das vezes
humilham os empregados e os tratam como escravos ou objectos que
movem a seu belo prazer. Como costumo dizer muitos patrões nem para
tirar a 4ª classe têm aptidão quanto mais para gerir pessoas e empresas.
É uma justiça onde os pedófilos têm leis feitas à medida, onde depois de
serem condenados passeiam-se e pavoneiam-se como inocentes
impolutos. São convidados para a televisão para as revistas onde choram
e se fazem de santinhos e se queixam da justiça que não os mete lá
dentro.
Onde ministros têm 7 motoristas e ninguem diz nada, e que levam meses
negociar submarinos ,gastando mais 300 milhoes de euros pela demora,
ou que nem um helicoptero para uma fragata sabem comprar.
Os que antes eram maus, passaram a ser bons por decretos leis e
absolvições.
É assim que somos, não temos educação para a liberdade que nos deram.
Temos nós proprios a mudar primeiro para que depois possamos mudar o
qVer mais
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07 de fevereiro às 21:27 · CurtirCurtir (desfazer) ·
o
Jorge Monteiro Temos nós proprios a mudar primeiro para que depois
possamos mudar o que nos rodeia de forma justa e humana!
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07 de fevereiro às 21:28 · CurtirCurtir (desfazer) ·
Submit
o
Pedro Costa
Eduardo Cachim
Teresa Azevedo Porque raramente vejo uma análise tão lúcida, vou
partilhar pois devemos pensar todos na nossa quota parte de
responsabilidade!
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07 de fevereiro às 23:46 · CurtirCurtir (desfazer) ·
Rui Colaço
Obrigada!Ver mais
Rui Colaço
e mais: ainda bem que alguém espoliou o que pode, porque senão agora,
pra onde se virava a geração espoliada?
pra onde se vão virar os filhos deles, que já vão ter avós sem reforma?
e a alternativa aos direitos adquiridos é qual: abrir mão d...o emprego aos
50? despedirem-se profes catedráticos pra dar lugar a investigadores? mt
bem, é boa ideia: e pra onde vão os 50tões?
mas por essa ordem de ideias, pra onde vão os putos espoliados de agora
daqui a 30 anos, a manter-se a situação actual?
...
vejo discursos inflamatórios.
continuo a não ver ideias.
"vamos fechar os cursos que não têm saída profissional".
"vamos investir nos cursos técnicos".
"vamos voltar a apostar no sectores primário e secundário".
"vamos mudar os centros de investigação - e os tais ladrões dos
professores ... - de dentro das univs pra dentro das unidades fabris".
etc etc etc.
vejo 0 disto.
já demagogia barata, é a potes...Ver mais
o
Jorge Monteiro
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08 de fevereiro às 07:53 · CurtirCurtir (desfazer) ·
Reimenino Martir
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08 de fevereiro às 09:34 · CurtirCurtir (desfazer) ·
o
Jorge Monteiro
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08 de fevereiro às 10:14 · CurtirCurtir (desfazer) ·
"Afinal como poderia a “geração ‘casinha dos pais’” pensar hoje no que
lhe acontecerá daqui a 30 ou 40 anos?"
Tenho 30 e dependo dos meus país. Após 10 anos em trabalhos
temporarios e recibos verdes,e nunca ter tido nada que durasse mais de...
1 ano seguido, identifico me com isto e sinto me triste com como o meu
pais me trataVer mais
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08 de fevereiro às 12:12 · CurtirCurtir (desfazer) ·
Rui Barreiros
(Peço desculpa por erros ortográficos, não gosto de os dar, mas foi
escrito durante o almoço com alguma pressa para voltar ao trabalho)Ver
mais
Daniel Martins A triste realidade deste país que todos, de uma forma ou
de outra já vamos sentindo. A ideia de esta geração ser uma geração de
mudança seria uma boa ideia, não fossemos nós jovens, fartos de
sistemas instalados e ricos e políticos omnipotentes, fugir do país nos
próximos anos. Preparem-se para a debandada gente. Vão os bons, ficam
os assim-assim ;)
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08 de fevereiro às 14:22 · CurtirCurtir (desfazer) ·
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08 de fevereiro às 16:36 · CurtirCurtir (desfazer) ·
Luis Saraiva Muito bem e realista. Sinto pena do País que vou deixar aos
meus filhos e netos. A classe política é uma autêntica desgraça. Falta
gente com um projecto e sério para endireitar este País. Mas já eramos
assim no fim do 1800, principio de 1900. Conhecidos por indisciplinados
e desorganizados. Somos um País de pobres recursos mas com hábitos de
ricos. Isto anda a precisar de uma grande vassourada.
Rui Simões
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08 de fevereiro às 19:18 · CurtirCurtir (desfazer) ·
Inês Valentim
Caro JMF, há cerca de doze anos, fui sua aluna na ESCS. Nunca tive
grandes ilusões relativamente ao percurso sinuoso do mundo laboral.
Sabia que não teria emprego de mão beijada, mas nunca pensei que teria
de pagar para trabalhar como acont...eceu durante os anos em que tive a
recibos verdes, sem horários (como é normal no mundo jornalístico) e
sem direitos. Passado quase dez anos, num emprego "estável" na área das
RP continuo a pertencer à geração dos 500 euros, aquela mesma geração
a quem prometerem emprego, boas remunerações e estabilidade. E não
há plano B. É lutar e seguir em frente... Grata pela excelente crónica.
InêsVer mais
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08 de fevereiro às 21:47 · CurtirCurtir (desfazer) ·
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08 de fevereiro às 21:56 · CurtirCurtir (desfazer) ·
Nuno Afonso
Carlos Afonso vendo o lado positivo: Afinal nós, a nossa geração, tem
aqui uma bela oportunidade para fazer a sua revolução, uma revolução
diferente, nossa, das nossas condições, do nosso tempo, uma revolução
da/na democracia que herdamos e a da/na sociedade que agora somos!
Portanto bem hajam (até é de agradecer a herança que nos deixaram) e
mãos à obra!:)
Carlos Afonso
... e para aqueles que também acham que já está finalmente na hora de
ARREBITAR e meter as mãos à obra para mudar isto, aqui fica o link
para a melhor ideia que conheço actualmente para mudar Portugal:
http://www.facebook.com/group.php?gid=...246936858817Ver mais
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09 de fevereiro às 03:59 · CurtirCurtir (desfazer) ·
o
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09 de fevereiro às 10:54 · CurtirCurtir (desfazer) ·
Pinheiro Luis
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09 de fevereiro às 14:18 · CurtirCurtir (desfazer) ·
Caetano Moreira
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09 de fevereiro às 16:48 · CurtirCurtir (desfazer) ·
o
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09 de fevereiro às 18:54 · CurtirCurtir (desfazer) ·
(fico contente de o ter encontrado por aqui, creio que se lembra das
discussões que tivemos naquele belo fórum)Ver mais
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09 de fevereiro às 19:35 · CurtirCurtir (desfazer) ·
José Pedro Sousa (bem, só agora é que vi a dimensão desta sua página,
certamente que não vai ler este post, e visto que o politicamente.org
fechou, ficará para outra altura, a discussão)
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09 de fevereiro às 19:39 · CurtirCurtir (desfazer) ·
Helena Maria Marques Aliás, para a geração mais nova que tenha um
apelido sonante, uma cunha aqui ou acolá há sempre um emprego à
espera e bem remunerado.
Os jovens não têm trabalho, e eu tenho dois filhos um que faz 23 anos
para o mês que vem e uma menina com 17 que vai entrar na faculdade
em Outubro. Mas vejo-os a eles e à maioria da juventud...e muito
conformada e queixinhas. A revolução podia ser feita por eles.
Que ainda têm saude e não têm encargos, mas os bens materiais ocupam
o lugar cimeiro.
Creio que não o ofendi, se o fiz peço desculpa, passo noites sem dormir.
Um abraçoVer mais
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quinta às 12:10 · CurtirCurtir (desfazer) ·
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quinta às 12:11 · CurtirCurtir (desfazer) ·
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quinta às 22:28 · CurtirCurtir (desfazer) ·
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sexta às 16:38 · CurtirCurtir (desfazer) ·
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