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A sociedade é composta por indivíduos e estes constituem a sociedade, devido a isso é

necessário centrar-se no individuo, levando em conta sua socialização e a interação


estabelecida entre ele e seu meio, para que se possa fazer uma análise sociológica. Neste
sentido, o presente texto tem por objetivo analisar sociologicamente o caso de Maria,
mulher de 74 anos residente na região serrana do Rio de Janeiro. A situação em que esta se
encontra nos permite identificar alguns aspectos sociais, como: o conservadorismo, a
valorização da família, a agricultura de subsistência, pobreza, etc. A analise deste aspectos
nos ajudará a responder à questão: De que forma os aspectos do comportamento de Maria
pode influenciar na adaptação da mesma frente à nova realidade?
Para responder à questão supracitada faz-se necessário ressaltar o conceito de
sociedade, que pode ser entendida como uma forma de garantir a existência, a proteção e a
prosperidade, por meio de um conglomerado de indivíduos e suas instituições inter-
relacionados. Bottomore a define como sendo “uma rede de relações entre indivíduos, entre
grupos sociais e entre instituições”.
A sociedade pode ser de dois tipos: tradicional e moderna. Na primeira, são cultuados
valores conservadores, em que a religião, os costumes e a família são muito valorizados. Já
a moderna é marcada pelo aumento do uso de tecnologia e ao culto ao individualismo, que
deixa para trás as relações tradicionais. Assim como afirma Shapin (apud), "modernidade é
nada mais nada menos que predomínio da objetividade sobre a subjetividade, do
individual, sobre o institucional".
A procura do entendimento entre tais diferenciações e implicações estão as ciências
sociais que, como afirma Costa:

"Procuram redefinir as múltiplas relações que emergem na


sociedade, em meio às quais fica cada vez mais difícil definir quem
sou eu e quem é o outro, o que é tradicional ou efetivamente
moderno, aquilo que é globalizado e o que é regional"(COSTA
apud , 2007, p. 11)

As palavras de Costa trazem o principal aspecto do caso de Maria: a interação entre a


sociedade tradicional e a moderna. Este fato demonstra uma peculiaridade da sociedade, em
que se pode ter realidades distintas interagindo.
Ao comparar as características da sociedade tradicional e da moderna aos do caso pode-
se concluir que Maria pertence à sociedade tradicional, apesar de viver em meio à
modernidade. Sua postura conservadora, seu apego à família e à vida coletiva demonstram
traços da sociedade tradicional. Em contrapartida, pode-se concluir que Maria vivia em
uma sociedade moderna, pois além de desfrutar do Bolsa-família e da assistência social, o
seu domicilio é uma marca forte desta sociedade, pois é fruto da urbanização desenfreada
das cidades.
É necessário ressaltar que, nem sempre a interação entre realidades distintas acontece de
forma harmônica, pois como coexistem pensamentos distintos a relação estabelecida pode
apresentar conflitos como os que podem acontecer no caso de Maria.
Maria foi socializada em um meio em que prepondera a agricultura de subsistência, que
era praticada por toda família. Esta forma de vida ainda era a mais praticada por ela, mesmo
que a modernidade já atingisse alguns aspectos de sua vida, como por exemplo: sua
situação financeira (aposentadoria e Bolsa-família) e sua moradia. Maria só foi "forçada" a
encarar verdadeiramente a realidade moderna quando a tragédia aconteceu, pois sem sua
família e, por medida de segurança, sem seu domicilio, ela se vê inserida diretamente na
modernidade.
Acontece então um conflito entre à realidade em que Maria foi socializada e à nova
realidade.

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