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2.

2 AÇÃO PENAL ( ARTIGOS 24 A 62 DO CPP)

1. CONCEITO DE AÇÃO PENAL

Ação penal é o direito de pedir ao Estado-Juiz, a aplicação do direito penal objetivo a um


caso concreto. È também o direito público subjetivo do Estado-Administração, único titular do
poder-dever de punir, de pleitear ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo, com a
conseqüente satisfação da pretensão punitiva.

2. ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL

A ação penal pode ser:

a) Pública incondicionada - Exercida pelo Ministério Público;

b) Pública condicionada - Exercida também pelo Ministério Público, mas só mediante


representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça;

c) Privada exclusiva - Exercida por queixa, pelo ofendido ou seu representante legal, ou por
sucessor relacionado no art. 100, parágrafo 4º, do CP;

d) Privada subsidiária da pública - É a única exceção, prevista na própria CF, à regra da


titularidade exclusiva do MP sobre a ação penal pública. É exercida por queixa, pelo ofendido, no
caso de o Ministério Público não oferecer denúncia no prazo legal (art. 29 do CPP) e art. 5º, LIX,
da CF.

O prazo decadencial para a propositura desta ação é de 6 meses, contados, do dia em que se
esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia (art. 38, CPP).

Só é admitida a subsidiaridade em caso de inércia do MP, jamais na hipótese de arquivamento.

e) Privada personalíssima - Só pode ser exercida pelo próprio interessado, mediante queixa, e
não por algum dos sucessores, como, por exemplo, no crime de adultério (art. 240 e 236,
parágrafo único, ambos do CP).
ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL

1) PÚBLICA:
a) Incondicionada
b) Condicionada: a representação do ofendido ou à requisição do Ministro da Justiça.

2) PRIVADA:
a) exclusiva
b) subsidiária
c) personalíssima

3. REPRESENTAÇÃO

É a autorização do ofendido para que em alguns crimes de ação pública, a ação penal possa
ser iniciada.

De acordo com o disposto no art. 88 da lei 9099/95 (Lei dos Juizados Especiais Cíveis e
Criminais), os crimes de lesões corporais leves e lesões culposas, que eram de ação pública
incondicionada, passaram a depender de representação do ofendido, ou do seu representante
legal. Ver art. 91 da lei 9099/95.

A representação deve ser oferecida no prazo do art. 38 do CPP.


Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no
direito de queixa ou representação, se não o exercer no prazo de 6 (seis) meses, contado do dia
em que vier, a saber, quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar
o prazo para o oferecimento da denúncia.

Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de queixa poderá ser
exercido por ele ou por seu representante legal.

SUM 594 STF: Os direitos de queixa ou representação podem ser exercidos,


independentemente, pelo ofendido ou por seu representante legal.

Art. 29, CPP. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer
denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova,
interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como
parte principal.

Os artigos: 102 do CP e 25 do CPP, falam da irretratabilidade da representação, depois do


oferecimento da denúncia. Portanto, antes do oferecimento da denúncia, ela é retratável.

Não se exige forma especial para a representação, mas se ela for feita oralmente, deve ser
reduzida a escrito.

4. REQUISIÇÃO

A requisição é ato de natureza política através do qual o Ministro da Justiça autoriza a


propositura da ação penal por parte do Ministério Público em determinados delitos. Os crimes
cuja persecução depende de requisição estão previstos no Código Penal, na Lei de Segurança
Nacional e na Lei de Imprensa. Dentre eles podemos citar:

a) Os crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (CP, art. 7º, parágrafo
3º, b);

b) Os crimes de injúria praticados contra o Presidente da República (CP, art. 141, I, c/c o
parágrafo único do art. 145 do CP e art. 26 da Lei de Segurança Nacional);

c) Nos crimes contra a honra cometidos pela imprensa contra Ministro de Estado ( art. 23, I,
c/c o art. 40, I, a, da Lei de Imprensa).

A requisição pode ser feita a qualquer tempo enquanto não estiver extinta a punibilidade do
delito. Quanto a seus efeitos, a requisição não vincula o Ministério Público no sentido da
obrigatoriedade da propositura da ação. Mesmo havendo requisição, compete ao Ministério
Público o exame da presença dos requisitos necessários ao oferecimento da denúncia.

Por ser ato de natureza política, no qual prepondera um Juízo de conveniência política, a
requisição pode ser revogada (Celso Delmanto). Tourinho Filho e Mirabete, fundados em que a
retratabilidade é prevista expressamente apenas para a representação, sustentam a
irretratabilidade da requisição.

5. PRINCÍPIOS

5.1. Regem a ação penal pública e a privada, os princípios da: Instrumentalidade, iniciativa da
parte e da indivisibilidade.

5.2. Regem apenas a ação penal pública, os princípios da: Obrigatoriedade, indisponibilidade e
oficialidade.

5.3. Regem apenas a ação penal privada, os princípios da: Oportunidade, disponibilidade, e não-
oficialidade.

6. DENÚNCIA

O Processo penal inicia-se pelo recebimento da denúncia ou queixa, com a descrição dos fatos,
a imputação da autoria, a classificação do crime e o rol de testemunhas. conforme dispõe o art.
41 do CPP: "A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo,
a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas".

A denúncia é a peça com a qual o Promotor de Justiça formula uma acusação contra alguém,
imputando-lhe a prática de um crime e requerendo ao juiz que tal pessoa seja processada e
condenada.

Somente o Promotor de Justiça poderá oferecer a denúncia.

As omissões da denúncia poderão ser supridas a todo tempo, mediante aditamento, antes
da sentença (art. 569, CPP). Poderá dar-se também o aditamento no caso de reclassificação do
delito (art. 384, parágrafo único, CPP).

O Juiz não está obrigado a aceitar a denúncia, podendo rejeitá-la, nos casos do art. 43 do
CPP.

Art. 43. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:

I - o fato narrado evidentemente não constituir crime;

II - já estiver extinta a punibilidade, pela prescrição ou outra causa;

III - for manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar condição exigida pela lei para o exercício
da ação penal.

Parágrafo único. Nos casos do nº III, a rejeição da denúncia ou queixa não obstará ao
exercício da ação penal, desde que promovida por parte legítima ou satisfeita a condição.

A denúncia ou queixa será rejeitada quando:

I - for manifestamente inepta;

II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou

III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

Parágrafo único. (Revogado).” (NR)

6.1. PRAZO PARA OFERECIMENTO DA DENÚNCIA

O Prazo para o oferecimento da denúncia é de 15 dias quando o réu estiver solto e de 5 dias se
o réu estiver preso.

Se o promotor perder o prazo, nada impede que ele apresente a denúncia fora do prazo.

O ofendido ou o seu representante legal, poderão propor a ação penal privada subsidiária
da pública, se o Ministério público não oferecê-la, no prazo legal (artigos 29 e 38 do CPP).

7. QUEIXA CRIME

A Queixa-Crime é uma petição inicial, com a qual se dá início à ação penal privada. Equivale à
denúncia e como esta deve ser formulada, juntando-se o inquérito policial ou outro elemento
informativo. É subscrita por advogado, devendo a procuração conter poderes especiais e
menção expressa ao fato criminoso.

O Ministério Público intervém em todos os termos do processo. Na ação privativa do ofendido


pode ele aditar a queixa, suprindo eventuais incorreções (art. 45 do CPP). Na ação privada
subsidiária pode não só aditar a queixa, mas também repudiá-la e oferecer denuncia substitutiva
(art. 29 do CPP).

Pelo princípio da indivisivilidade, havendo dois ou mais querelados, o processo contra um obriga
ao processo contra todos. A renúncia ao direito de queixa com relação a um estende-se a todos.
O perdão dada a um aproveita a todos (artigos: 48, 49 e 51 do CPP).

A queixa crime só pode ser apresentada por intermédio de advogado, com procuração especial
do ofendido.

A mulher casada não necessita do consentimento do marido para oferecer queixa crime
( Lei 9520/97, revogou expressamente o art. 35 do CPP). Vide art. 226, parágrafo 5º da CF.

7.1. PRAZO PARA OFERECIMENTO DA QUEIXA CRIME

O ofendido (ou seu representante legal) poderão propor a ação penal privada em:

a) até 6 meses contados da data em que ele soube quem foi o autor do crime;

b) em um mês no caso de adultério ( art. 240 CP);

c) em três meses da data da publicação nos crimes da Lei de imprensa;

d) Em 30 dias, a partir do despacho que homologou o laudo, no Crime contra Privilégio de


Invenção (art. 529 do CPP).

7.2. RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA

As ações penais públicas são obrigatórias, portanto, irrenunciáveis.

A Renúncia (desde que antes do início da ação penal) ao direito de queixa, pode ser expressa
ou tácita, conforme dispõe, o art. 104 do CP:

Art. 104. O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente.

Parágrafo único - Importa renuncia tácita, ao direito de queixa a prática de ato incompatível com
a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do
dano causado pelo crime.

7.3. PERDÃO DO OFENDIDO

O Perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediante queixa, obsta ao
prosseguimento da ação. (art. 105 do CP).

Art. 106, CPP. O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:


I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita;

II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito de outros;

III - se o querelado o recusa, não produz efeito.

Parágrafo 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade de
prosseguir na ação.

Parágrafo 2º- Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória.

8. PEREMPÇÃO

Na ação penal privada, se o querelante não promover o andamento do processo durante 30 dias
seguidos, ou deixar de comparecer a qualquer ato do processo, ou ainda deixar de formular o
pedido de condenação nas alegações finais, ocorrerá a perempção (ar. 60 do CPP).

A perempção é a perda do direito de ação do querelante, devido à inobservância no disposto no


artigo 60 do CPP.

Não ocorrerá a perempção nas ações penais públicas, vez que, nestas vige os princípios da
indisponibilidade e da obrigatoriedade.

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