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RICARDO J.

FERREIRA
AUDITORIA INDEPENDENTE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

CAPITULO 1

AUDITORIA INDEPENDENTE DAS


DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

1.1 CONCEITUAÇÃO E OBJETIVOS DA AUDITORIA INDEPENDENTE

A auditoria independente é a técnica contábil por meio da qual um especialista em contabilidade, o


auditor independente, examina atividades desempenhadas por profissionais das diversas áreas de
uma organização empresarial, de acordo com a finalidade estabelecida no contrato de prestação
de serviços de auditoria. O auditor independente pode ser contratado por uma sociedade, sem
vínculo empregatício, com diversas finalidades. São exemplos:

1- dar um parecer sobre as demonstrações contábeis exigidas por lei;


2- realizar auditoria operacional com vistas à avaliação do desempenho da administração;
3- verificar irregularidades nas contas a pagar ou a receber;
4- identificar fraudes;
5- avaliar determinado componente patrimonial.

Na prática, o que tem levado as entidades a contratar auditores independentes é a exigência legal.
A Lei das Sociedades por Ações (Lei n° 6.404/76), em seu art. 177, § 3°, estabelece que as
companhias abertas devem ser auditadas por auditores independentes registrados na CVM. Por
determinação do Banco Central do Brasil, as instituições financeiras estão sujeitas a auditoria
realizada por auditores independentes. Nos casos em que é exigida por lei, a auditoria
independente tem como finalidade a emissão de um parecer sobre as demonstrações contábeis.
Nada impede, porém, que uma entidade, mesmo não estando obrigada por lei, contrate auditores
independentes para executarem auditoria em áreas contábeis ou operacionais.

1.2 FINALIDADE DA AUDITORIA INDEPENDENTE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

A auditoria independente das demonstrações contábeis tem por finalidade a emissão de um


parecer (uma opinião), pelo auditor independente, no sentido de as demonstrações contábeis
traduzirem ou não, em todos os seus aspectos relevantes, a situação do patrimônio da entidade
em uma determinada data, o resultado das suas operações, as mutações de seu patrimônio líquido
(ou os lucros ou prejuízos acumulados) e as origens e aplicações de seus recursos no período
auditado, de acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade, aplicados com
uniformidade em relação ao exercício anterior. Devem ser observadas as Normas Brasileiras de
Contabilidade, editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade, além da legislação específica que
rege o ramo de atividades da entidade auditada, se for o caso.
Conforme a Resolução CFC n° 820/97, a auditoria das demonstrações contábeis constitui o
conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão de parecer sobre a adequação
das demonstrações contábeis, de acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade, com
as Normas Brasileiras de Contabilidade e, no que for pertinente, com a legislação específica. As
instituições financeiras, por exemplo, estão sujeitas à observância de legislação específica, editada
pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil.
Os Princípios Fundamentais de Contabilidade foram estabelecidos pelo Conselho Federal de
Contabilidade por intermédio da Resolução n° 750/93, num total de sete:

1 - Princípio da Entidade;

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2- Princípio da Continuidade;
3- Princípio da Oportunidade;
4- Princípio do Registro pelo Valor Original;
5- Princípio da Atualização Monetária;
6- Princípio da Competência;
7- Princípio da Prudência.

A Resolução CFC n° 774/94 aprovou um apêndice à Resolução CFC n° 750/93, esclarecendo os


Princípios Fundamentais de Contabilidade.
Na auditoria das companhias abertas, devem, também, ser observadas as normas da Comissão de
Valores Mobiliários. É o caso da Instrução CVM N° 308/99, que dispõe sobre o registro e o
exercício da atividade de auditoria independente no âmbito do Mercado de Valores Mobiliários,
além de definir os deveres e responsabilidades dos auditores independentes.
Ainda no âmbito da Comissão de Valores Mobiliários, aplica-se a Deliberação CVM n° 29/86, que
estabelece Postulados, Princípios e Convenções Contábeis, sendo de observância obrigatória
pelas companhias de capital aberto.
As normas da CVM devem ser aplicadas de forma restritiva, uma vez que, nos termos da Lei n°
6.404/76 e da Lei n° 6.385/76, obrigam apenas as companhias abertas.
Na ausência de disposições específicas, prevalecem as práticas já consagradas pela Profissão
Contábil, formalizadas ou não pelos seus organismos próprios.

1.3 OBJETO DA AUDITORIA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

A auditoria independente das demonstrações contábeis tem como objeto as demonstrações


contábeis. O objeto é o assunto tratado. É a matéria envolvida. O objeto do trabalho do auditor, se
for contratado para dar um parecer, são as demonstrações contábeis.

1.4 CONTEÚDO E FORMA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

As demonstrações contábeis devem conter os elementos que expressem a situação do patrimônio


da entidade, como é o caso do balanço patrimonial, e os elementos indicativos de suas variações,
como, por exemplo, a demonstração do resultado do exercício. Assim, se o balanço patrimonial
não apresentar elementos que integram o patrimônio da entidade, registrados de acordo com os
Princípios Fundamentais de Contabilidade, estará incorreto em termos de conteúdo. Também
representa incorreção em termos de conteúdo a falta de indicação de determinada receita ou
despesa na demonstração do resultado do exercício.
A forma de apresentação das demonstrações contábeis é a estabelecida pela Lei n° 6.404/76. A
disposição deve dar-se por meio de grupos, subgrupos, contas. Os elementos que representam o
patrimônio e suas variações podem estar contidos nas demonstrações contábeis, mas ser
apresentados de forma inadequada. É o caso de uma conta disposta no balanço patrimonial em
grupo incorreto.
Se vier a detectar qualquer incorreção quanto ao conteúdo e/ou forma das demonstrações
contábeis que comprometam de maneira relevante a exposição da situação do patrimônio da
entidade e de suas variações, o auditor deve mencioná-la em seu parecer.
Salvo declaração expressa em contrário, constante do parecer, entende-se que o auditor considera
adequadas e suficientes, para o entendimento dos usuários, as informações divulgadas nas
demonstrações contábeis, tanto em termos de conteúdo quanto de forma.

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1.5 PARECER

Com o parecer, o auditor apresenta sua opinião a respeito de as demonstrações contábeis


traduzirem ou não, em termos de conteúdo e forma, a situação do patrimônio da entidade e suas
variações no período auditado.
O parecer não deve ser confundido com atestado ou certificado. Na realidade, o auditor nada
atesta ou certifica. Apenas apresenta sua opinião. Desse modo, o parecer do auditor pode ser
inadequado, ainda que traduza a visão de um profissional perito em matéria contábil.
Se o auditor foi contratado para dar uma opinião a respeito da adequação das demonstrações
contábeis aos Princípios Fundamentais de Contabilidade, não se pode esperar que ele apresente
em seu parecer apreciações a respeito da eficácia com que a administração está gerindo o
patrimônio (se as metas foram alcançadas, se o resultado é satisfatório, se há desperdícios etc.) ou
sobre a viabilidade futura dos negócios da entidade auditada. Mas isso não exclui o dever de o
auditor efetuar sugestões, para o aprimoramento do sistema contábil e de controles internos da
entidade, decorrentes de constatações feitas no decorrer do seu trabalho. Muito embora a auditoria
das demonstrações contábeis não tenha por objeto a análise da eficácia da administração na
conduta dos negócios, em sua execução, o auditor faz constatações que podem ser úteis à
administração no aprimoramento do sistema contábil e de controles internos. Em razão disso, o
auditor é obrigado a efetuar recomendações à administração, que tenham por objetivo o
aprimoramento do sistema contábil e de controles internos da entidade. Cabe à administração
decidir se irá adotar ou não as sugestões do auditor.
O parecer do auditor independente tem por limite os próprios objetivos da auditoria das
demonstrações contábeis e não representa, portanto, garantia de viabilidade futura da entidade ou
algum tipo de atestado de eficácia da administração na gestão dos negócios.

1.6 CONTINUIDADE NORMAL DAS ATIVIDADESDA ENTIDADE

Apesar de o parecer não representar garantia de viabilidade futura da entidade, o auditor, por
determinação das Normas Brasileiras de Contabilidade, é obrigado a evidenciar a normalidade das
operações da empresa auditada pelo prazo mínimo de 1 ano.
De acordo com a Resolução CFC n° 820/97, item 11.2.8.1, a continuidade normal das atividades
da entidade deve merecer especial atenção do auditor, quando do planejamento dos seus
trabalhos, ao analisar os riscos de auditoria, e deve ser complementada quando da execução de
seus exames.
A evidência de normalidade pelo prazo de um ano após a data das demonstrações contábeis é
suficiente para a caracterização dessa continuidade. Assim, ao auditar as demonstrações do
exercício social encerrado em 31.12.X1, o auditor é obrigado a avaliar se existe risco de as
atividades da entidade auditada serem encerradas durante o exercício de X2. A análise deve ser
feita com base nos indicadores patrimoniais, econômicos e financeiros, extraídos das
demonstrações contábeis; nos indicadores das operações desenvolvidas pela entidade e em
outros indicadores dos quais o auditor disponha.
Caso, no decorrer dos trabalhos, sejam apresentados indícios que ponham em dúvida a
continuidade das atividades normais da entidade, o auditor deve aplicar os procedimentos
adicionais que julgar necessários para a formação de juízo embasado e definitivo sobre a matéria.
Os indícios de descontinuidade das atividades podem, inclusive, decorrer de evento posterior ao
exercício que está sendo objeto da auditoria. Se, após o encerramento do exercício, por exemplo,
ocorrerem mudanças na política governamental, com o cancelamento de contratos que o Poder
Público mantinha com a entidade auditada, isso pode afetar a continuidade desta.
Na hipótese de o auditor concluir que há evidências de riscos na continuidade normal das
atividades da entidade, ele deve avaliar os possíveis efeitos nas demonstrações contábeis,
especialmente quanto à realização dos ativos.
Os ativos de uma entidade normalmente sofrem efeitos negativos em função de sua
descontinuidade. Se uma companhia entra em liquidação, para ser extinta, normalmente o valor

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apurado por seus ativos é significativamente menor do que o valor de mercado, em virtude das
circunstâncias em que são vendidos.
O passivo exigível é afetado em menor grau que o ativo pela descontinuidade da entidade. Esse é
o motivo de a preocupação principal do auditor ser com a realização dos ativos.
Quando constatar que há evidências de riscos na continuidade normal das atividades da entidade,
o auditor independente deverá, em seu parecer, mencionar, em parágrafo de ênfase, os efeitos
que tal situação poderá determinar na continuidade operacional da entidade, de modo que os
usuários tenham informações adequadas sobre essa continuidade.
A Resolução CFC n° 820/97, item 11.2.8.6, apresenta uma listagem exemplificativa dos
pressupostos que devem ser considerados pelo auditor na análise da continuidade da entidade
auditada:

a) Indicadores Econômicos:

1 - passivo a descoberto (ativo menor que passivo exigível);


2 - posição negativa do capital circulante líquido (ativo circulante menor que passivo circulante);
3 - empréstimos com prazo fixo e vencimentos imediatos, sem possibilidade de renovação pelos
credores;
4 - excessiva participação de empréstimos de curto prazo, sem a possibilidade de alongamento
das dívidas ou capacidade de amortização;
5 - índices financeiros adversos de forma contínua;
6 - prejuízos substanciais de operação e de forma contínua;
7 - retração ou descontinuidade na distribuição de resultados (dividendos);
8 - incapacidade de devedores na data do vencimento (devedores que se encontram em
dificuldades de pagamento dos créditos da entidade auditada);
9 - dificuldade de acertos com credores;
10 - alterações ou renegociações com credores;
11 - incapacidade de obter financiamentos para desenvolvimento de novos negócios ou produtos e
inversões para aumento da capacidade produtiva.

b) Indicadores de Operação:

1 - perda de elementos-chave na administração sem modificações ou substituições imediatas;


2 - perda de mercado, franquia, licença, fornecedor essencial ou financiador estratégico;
3 - dificuldades de manter mão-de-obra essencial para a manutenção da atividade.

c) Outros Indicadores:

1 - não-cumprimento de normas legais, regulamentares e estatutárias;


2 - contingências capazes de não serem cumpridas pela entidade (riscos envolvendo ações
judiciais, processos administrativos etc.);
3 - mudança das políticas governamentais que afetam a entidade.

1.7 RESPONSABILIDADE PELO PARECER

De acordo com a Resolução CFC n° 820/97, o parecer é de exclusiva responsabilidade de


contador registrado no Conselho Regional de Contabilidade, denominado auditor independente ou
auditor externo. A auditoria independente só pode ser exercida por contador, sendo vedado o seu
exercício aos técnicos em contabilidade. O contador é o profissional graduado em Ciências
Contábeis que exerce atividades na área contábil. O técnico em contabilidade é profissional de
nível técnico, que pode normalmente desempenhar quase todas as atividades exercidas pelo
contador. A auditoria independente, a auditoria interna e a perícia contábil são exceções a esta
regra.
Nesse aspecto, a redação da Resolução CFC n° 820/97 não é das mais adequada, uma vez que a
auditoria independente pode ser desempenhada por pessoa física ou jurídica. A rigor, o auditor

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independente contador é o auditor pessoa física. Em se tratando de pessoa jurídica, contadores


são os seus sócios. Neste caso, o parecer é assinado por um responsável-técnico da pessoa
jurídica, nele devendo constar o número de registro cadastral da empresa no Conselho Regional
de Contabilidade, além do número de registro do responsável-técnico. No estudo das sociedades,
verificamos que a responsabilidade da pessoa jurídica não se confunde com a responsabilidade de
seus sócios.
Para a auditoria independente, de um modo geral, é necessário apenas o registro no Conselho
Regional de Contabilidade na categoria de contador. Em casos específicos, outras exigências
podem ser feitas. Para a auditoria das demonstrações de companhias abertas, por exemplo, é
exigido do auditor, pessoa física ou jurídica, o registro na Comissão de Valores Mobiliários.

1.8 PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA

Os procedimentos de auditoria são o conjunto de técnicas que permitem ao auditor obter


evidências ou provas suficientes e adequadas para fundamentar sua opinião sobre as
demonstrações contábeis auditadas. Os procedimentos de auditoria possibilitam ao auditor a
obtenção de elementos de convicção necessários à elaboração do parecer.
Para emitir seu parecer a respeito das demonstrações contábeis, o auditor precisa de elementos
que o ajudem na formação de sua opinião. Com esse objetivo, o auditor avalia os controles
internos, examina livros e documentos, confronta os registros da entidade com as informações
obtidas de clientes e fornecedores desta etc., colhendo provas e/ou evidências.
Os procedimentos de auditoria abrangem testes de observância e testes substantivos.

1.9 TESTES DE OBSERVÂNCIA (OU EXAMES DE ADERÊNCIA)

O trabalho do auditor deve ser concluído num período curto de tempo, em razão dos
compromissos da entidade auditada quanto à divulgação do parecer. Outro fator que contribui para
a curta duração dos trabalhos do auditor independente são os custos elevados da remuneração
dos serviços de auditoria. Isso faz com que o auditor não disponha de tempo para examinar todas
as transações contábeis ocorridas no período auditado. As evidências ou provas suficientes são
obtidas por meio de testes, ou seja, pelo exame de parte das operações vinculadas às
demonstrações contábeis.
Os testes de observância, ou exames de aderência, visam à obtenção de razoável segurança de
que os procedimentos de controles internos estabelecidos pela administração estão em efetivo
funcionamento e cumprimento.
De acordo com a Resolução CFC n° 820/97, item 11.2.5.1, o sistema contábil e de controles
internos compreende o plano de organização e o conjunto integrado de métodos e procedimentos
adotados pela entidade na proteção de seu patrimônio, promoção da confiabilidade e
tempestividade dos seus registros e demonstrações contábeis e na promoção da sua eficácia
operacional (eficácia na gestão do patrimônio).
Se o auditor puder confiar nos controles internos da entidade auditada, o grau de confiança que ele
terá nas informações constantes das demonstrações contábeis auditadas será maior. Se não
puder confiar nos controles internos da entidade, a quantidade de transações e saldos contábeis
que o auditor deverá examinar aumentará consideravelmente, uma vez que, nesse caso, a
possibilidade de erros e fraudes com reflexos nas demonstrações é muito maior.
O auditor deve verificar a existência, efetividade e continuidade dos controles internos. Os
cuidados devem ser no sentido de constatar se os controles previstos estão funcionando de fato ou
se constam apenas em manuais, sem que haja a sua efetiva aplicação. Também deve ser
observado se os controles internos funcionam de forma contínua, inclusive quando o auditor não
está presente.

Os testes de observância ou exames de aderência podem ser divididos em:

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1 - flagrantes - quando os testes de observância dos procedimentos de controles internos são


realizados no momento da ocorrência do fato que se deseja comprovar;
2 - retrospectivos - quando os testes de observância dos procedimentos de controles internos
são realizados após a ocorrência do fato que se deseja comprovar.

Se o auditor deseja constatar se a empresa está emitindo nota fiscal regularmente, isso é possível
por meio de teste de observância flagrante. Pode-se verificar, no momento da saída da mercadoria
do estabelecimento, se a operação é efetuada com a emissão do documento fiscal.
Se o auditor, durante a avaliação dos controles internos, quer comprovar a cobrança de juros de
mora nos pagamentos que os clientes efetuam em atraso, ele pode verificar, nos documentos nos
quais foi dada a quitação, se o valor pago inclui juros, no caso de atraso (teste de observância
retrospectivo). Neste caso, o auditor não precisa estar presente no momento em que o cliente
efetua o pagamento.

1.10 TESTES SUBSTANTIVOS

Os testes substantivos visam à obtenção de evidência quanto à suficiência, exatidão e validade


dos dados produzidos pelo sistema contábil da entidade.
Por intermédio dos testes substantivos, o auditor apura se os saldos das contas indicam
adequadamente a situação do patrimônio e suas variações, procurando identificar se há contas
com saldos subavaliados ou superavaliados.

Os testes substantivos são divididos em:

1 - testes de transações e saldos;


2 - procedimentos de revisão analítica.

Nos testes de transações e saldos, o auditor verifica se os fatos contábeis foram adequadamente
registrados, de forma que as contas apresentem uma avaliação correta dos elementos patrimoniais
e de suas variações no período considerado. Com a adoção dessa medida, o auditor poderá
indicar no parecer se as informações divulgadas nas demonstrações contábeis são adequadas
quanto ao conteúdo.
A quantidade de transações e saldos que o auditor examinará depende da avaliação que ele tenha
feito dos controles internos, durante os testes de observância. Se os controles internos forem ruins,
a quantidade de testes substantivos será maior. Caso os controles internos sejam bons, a
quantidade de testes substantivos será menor.

1.11 SUPERAVALIAÇÃO E SUBAVALIAÇÃO DE SALDOS

Ao examinar se o saldo de uma conta está super ou subavaliado, o auditor, indiretamente, estará
verificando a super ou subavaliação do saldo de outra conta. Se o saldo da conta mercadorias
estiver subavaliado em função da falta do registro de compras a prazo, o saldo da conta
fornecedores também estará subavaliado, uma vez que os registros são feitos de acordo com o
método das partidas dobradas. Se o registro das despesas de conservação de imóveis foi feito a
débito da conta Edificações, a conta Despesa de Conservação de Imóveis estará subavaliada e a
conta Edificações, superavaliada.
Normalmente, os testes para superavaliação são feitos nas contas de natureza devedora (ativo e
despesa) e os testes para subavaliação são executados nas contas de natureza credora (passivo
exigível, patrimônio líquido e receita).
Mediante os procedimentos de revisão analítica, o auditor efetua a verificação do comportamento
de valores significativos, valendo-se da análise das informações contábeis. Por meio de índices,
quocientes, quantidades, variações absolutas etc., o auditor busca identificar situações ou
tendências atípicas, para as quais possa direcionar o seu trabalho. Exemplificando, numa
companhia em que as despesas de salários tenham valores significativos, o auditor pode listá-las

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por mês de competência e verificar se há períodos com variações mais acentuadas.


Posteriormente, deve procurar as justificativas para as variações atípicas encontradas. Uma
variação acentuada nas despesas de salários pode ser indício da inclusão de funcionários de
forma irregular na folha de pagamentos.

EXERCÍCIOS

01- (AFRF/2002/ESAF) De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade, a continuidade


normal das atividades da entidade auditada compreende o período de um ano após

a) a data da assembléia de acionistas.


b) a emissão do parecer dos auditores.
c) a publicação das demonstrações contábeis.
d) a data das demonstrações contábeis.
e) o último dia da visita dos auditores.

02- (AFRF/2002/ESAF) Os testes substantivos de auditoria dividem-se nas seguintes categorias:

a) testes de eventos subseqüentes e testes de transações e saldos


b) testes de observância e testes de circularização de saldos
c) testes de amostragem estatística e procedimentos de revisão analítica
d) testes de observância e testes de amostragem estatística
e) testes de transações e saldos e procedimentos de revisão analítica

03- (AFRF/2002/ESAF) O auditor independente foi contratado apenas para opinar sobre o balanço
patrimonial da empresa "ABC". O auditor não encontrou nenhuma restrição ao acesso de
informações e registros, e todos os procedimentos julgados necessários foram efetuados.
Nesse caso, o trabalho do auditor caracteriza-se

a) pela extensão limitada de seu objetivo.


b) pelo objetivo limitado de seu trabalho.
c) pela abstenção de outros demonstrativos.
d) por uma ressalva de escopo.
e) pela limitação de escopo.

04- (AFRF/2001/ESAF) O Conselho Federal de Contabilidade entende que a continuidade normal


das atividades da entidade auditada fica evidente:

a) 6 meses após a data das demonstrações contábeis.


b) 6 meses após a data da emissão do parecer.
c) 1 ano após a data das demonstrações contábeis.
d) 1 ano após a data da emissão do parecer.
e) 1 mês após a data da assembléia de acionistas.

05- (AFRF/2001/ESAF) A conclusão quanto à ocorrência efetiva de uma transação contábil é um


dos objetivos do auditor para a aplicação dos:

a) testes de cálculos
b) testes de observância
c) testes de abrangência
d) testes substantivos
e) testes de procedimentos

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06- (AFRF/2001/ESAF) Para verificar a existência, efetividade e continuidade dos controles


internos da entidade, o auditor independente de demonstrações contábeis aplica:

a) Testes substantivos
b) Testes de observância
c) Testes de revisão analítica
d) Testes de abrangência
e) Testes de conferência de cálculos

07- (ISS/NATAL/2001/ESAF) A auditoria independente das demonstrações contábeis constitui o


conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão de parecer sobre a
adequação destas, consoante as(os)

a) Normas e Práticas da Legislação Fiscal.


b) Princípios de Auditoria Geralmente Aceitos.
c) Princípios Contábeis da Legislação Fiscal.
d) Normas Brasileiras de Auditoria Independente.
e) Princípios Fundamentais de Contabilidade.

08- (ISS/NATAL/2001/ESAF) Indique, nas opções abaixo, a entidade que emitiu e aprovou, através
os
das Resoluções n 820/97 e 821/97, respectivamente, a NBC-T-11 – Normas de Auditoria
Independente das Demonstrações Contábeis e NBC-P-1 – Normas Profissionais de Auditor
Independente:

a) Instituto Brasileiro dos Auditores Independentes – IBRACON


b) Conselho Federal de Contabilidade – CFC
c) Comissão de Valores Mobiliários – CVM
d) Banco Central do Brasil – BACEN
e) Superintendência de Seguros Privados – SUSEP

09- (ISS/NATAL/2001/ESAF) A posição negativa do capital circulante líquido pode indicar que a
empresa tem risco de continuidade operacional. Essa situação ocorre quando o

a) Ativo Circulante é maior do que o Passivo Circulante.


b) Ativo Circulante e o Realizável a Longo Prazo são inferiores ao Passivo Total.
c) Ativo Circulante, deduzido dos Estoques, é superior ao Passivo Circulante.
d) Ativo Circulante é menor do que o Passivo Circulante.
e) Ativo Circulante é menor do que o Ativo Fixo.

10- (ISS/NATAL/2001/ESAF) Um dos indicadores de riscos de continuidade operacional citado pelas


normas de auditoria independente de demonstrações contábeis é a existência de passivo a
descoberto, ou seja, quando o(a)

a) Ativo Total é superior ao Passivo Total.


b) Ativo Total é inferior à soma do Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo.
c) Ativo Total é superior ao Patrimônio Líquido.
d) Passivo Circulante é superior ao Patrimônio Líquido.
e) soma do Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo é superior ao Patrimônio Líquido.

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11- (ISS/NATAL/2001/ESAF) Os testes substantivos de auditoria dividem-se nas seguintes


categorias:

a) testes de transações e saldos e procedimentos de revisão analítica


b) testes de observância e testes de transações e saldos
c) testes de observância e testes de investigação e confirmação
d) testes de inspeção física e testes de observação de tangíveis
e) testes de transações subseqüentes e testes de inspeção física

12- (ISS/NATAL/2001/ESAF) As informações obtidas pelo auditor independente, para chegar às


conclusões em que se baseia sua opinião sobre as demonstrações contábeis, são
denominadas:

a) avaliação de risco de controle


b) cartas de circularização
c) evidências de auditoria
d) avaliação do risco inerente
e) relatório de auditoria

13- (AFC/SFC/2000/ESAF) Os procedimentos de revisão analítica pertencem ao conjunto de:

a) testes de observância
b) testes substantivos
c) testes de transações e saldos
d) testes de controle interno
e) testes de inventários físicos

14- (AFTN/1998/ESAF) Os procedimentos de auditoria que têm por finalidade obter evidências
quanto à suficiência, exatidão e validade dos dados gerados pelo sistema de contabilidade da
entidade são denominados testes

a) de observância
b) de controle
c) substantivos
d) de aderência
e) de existência

15- (AFTN/1998/ESAF) A conclusão sobre a adequada mensuração, apresentação e divulgação


das transações econômico-financeiras, em consonância com os Princípios Fundamentais de
Contabilidade, é um dos objetivos dos

a) testes de observância
b) testes de procedimentos
c) procedimentos de confirmação
d) testes substantivos
e) procedimentos de inspeção

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16- (AFTN/1998/ESAF) No exame das demonstrações contábeis de uma entidade, o risco de


continuidade normal das atividades desta deve ser objeto de atenção dos auditores
independentes. Assinale a opção que não representa indicadores deste tipo de risco.

a) empréstimos e financiamentos de curto prazo


b) índices financeiros adversos de forma contínua
c) incapacidade de devedores na data do vencimento
d) dificuldades de acertos com credores
e) passivo a descoberto

17- (ISS/FORTALEZA/1998/ESAF) Assinale a opção que não representa um objetivo dos testes
o
substantivos, conforme a Resolução CFC n 700/91.

a) Constatar a existência de um componente patrimonial em certa data.


b) Comprovar que todas as transações do período estão registradas.
c) Verificar a existência, efetividade e continuidade dos controles internos.
d) Certificar que os itens estão apresentados e divulgados adequadamente.
e) Verificar se as transações estão registradas pelos montantes corretos.

18- (AFTN/1996/ESAF) A principal finalidade de uma auditoria contábil é:

a) elaboração de demonstrativos contábeis


b) confirmação dos registros e demonstrações contábeis
c) conferência física dos elementos do ativo
d) elaboração e avaliação dos registros contábeis
e) apuração correta do lucro do exercício

19- (AFTN/1996/ESAF) Procedimentos de auditoria são o conjunto de técnicas que permitem ao


auditor obter evidência ou provas suficientes e adequadas para fundamentar sua opinião sobre
as demonstrações contábeis auditadas e abrangem:

a) testes de observância e procedimentos de revisão analítica.


b) testes de transações e saldos e testes substantivos.
c) testes de observância e testes substantivos.
d) testes de transações e procedimentos de revisão analítica.
e) testes substantiva e procedimentos de revisão analítica.

GABARITO

01 - D 06 - B 11 - A 16 - A
02 - E 07 - E 12 - C 17 - C
03 - B 08 - B 13 - B 18 - B
04 - C 09 - D 14 - C 19 - C
05 - D 10 - B 15 - D

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