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FERREIRA
AUDITORIA INDEPENDENTE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
CAPITULO 1
Na prática, o que tem levado as entidades a contratar auditores independentes é a exigência legal.
A Lei das Sociedades por Ações (Lei n° 6.404/76), em seu art. 177, § 3°, estabelece que as
companhias abertas devem ser auditadas por auditores independentes registrados na CVM. Por
determinação do Banco Central do Brasil, as instituições financeiras estão sujeitas a auditoria
realizada por auditores independentes. Nos casos em que é exigida por lei, a auditoria
independente tem como finalidade a emissão de um parecer sobre as demonstrações contábeis.
Nada impede, porém, que uma entidade, mesmo não estando obrigada por lei, contrate auditores
independentes para executarem auditoria em áreas contábeis ou operacionais.
1 - Princípio da Entidade;
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2- Princípio da Continuidade;
3- Princípio da Oportunidade;
4- Princípio do Registro pelo Valor Original;
5- Princípio da Atualização Monetária;
6- Princípio da Competência;
7- Princípio da Prudência.
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1.5 PARECER
Apesar de o parecer não representar garantia de viabilidade futura da entidade, o auditor, por
determinação das Normas Brasileiras de Contabilidade, é obrigado a evidenciar a normalidade das
operações da empresa auditada pelo prazo mínimo de 1 ano.
De acordo com a Resolução CFC n° 820/97, item 11.2.8.1, a continuidade normal das atividades
da entidade deve merecer especial atenção do auditor, quando do planejamento dos seus
trabalhos, ao analisar os riscos de auditoria, e deve ser complementada quando da execução de
seus exames.
A evidência de normalidade pelo prazo de um ano após a data das demonstrações contábeis é
suficiente para a caracterização dessa continuidade. Assim, ao auditar as demonstrações do
exercício social encerrado em 31.12.X1, o auditor é obrigado a avaliar se existe risco de as
atividades da entidade auditada serem encerradas durante o exercício de X2. A análise deve ser
feita com base nos indicadores patrimoniais, econômicos e financeiros, extraídos das
demonstrações contábeis; nos indicadores das operações desenvolvidas pela entidade e em
outros indicadores dos quais o auditor disponha.
Caso, no decorrer dos trabalhos, sejam apresentados indícios que ponham em dúvida a
continuidade das atividades normais da entidade, o auditor deve aplicar os procedimentos
adicionais que julgar necessários para a formação de juízo embasado e definitivo sobre a matéria.
Os indícios de descontinuidade das atividades podem, inclusive, decorrer de evento posterior ao
exercício que está sendo objeto da auditoria. Se, após o encerramento do exercício, por exemplo,
ocorrerem mudanças na política governamental, com o cancelamento de contratos que o Poder
Público mantinha com a entidade auditada, isso pode afetar a continuidade desta.
Na hipótese de o auditor concluir que há evidências de riscos na continuidade normal das
atividades da entidade, ele deve avaliar os possíveis efeitos nas demonstrações contábeis,
especialmente quanto à realização dos ativos.
Os ativos de uma entidade normalmente sofrem efeitos negativos em função de sua
descontinuidade. Se uma companhia entra em liquidação, para ser extinta, normalmente o valor
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apurado por seus ativos é significativamente menor do que o valor de mercado, em virtude das
circunstâncias em que são vendidos.
O passivo exigível é afetado em menor grau que o ativo pela descontinuidade da entidade. Esse é
o motivo de a preocupação principal do auditor ser com a realização dos ativos.
Quando constatar que há evidências de riscos na continuidade normal das atividades da entidade,
o auditor independente deverá, em seu parecer, mencionar, em parágrafo de ênfase, os efeitos
que tal situação poderá determinar na continuidade operacional da entidade, de modo que os
usuários tenham informações adequadas sobre essa continuidade.
A Resolução CFC n° 820/97, item 11.2.8.6, apresenta uma listagem exemplificativa dos
pressupostos que devem ser considerados pelo auditor na análise da continuidade da entidade
auditada:
a) Indicadores Econômicos:
b) Indicadores de Operação:
c) Outros Indicadores:
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O trabalho do auditor deve ser concluído num período curto de tempo, em razão dos
compromissos da entidade auditada quanto à divulgação do parecer. Outro fator que contribui para
a curta duração dos trabalhos do auditor independente são os custos elevados da remuneração
dos serviços de auditoria. Isso faz com que o auditor não disponha de tempo para examinar todas
as transações contábeis ocorridas no período auditado. As evidências ou provas suficientes são
obtidas por meio de testes, ou seja, pelo exame de parte das operações vinculadas às
demonstrações contábeis.
Os testes de observância, ou exames de aderência, visam à obtenção de razoável segurança de
que os procedimentos de controles internos estabelecidos pela administração estão em efetivo
funcionamento e cumprimento.
De acordo com a Resolução CFC n° 820/97, item 11.2.5.1, o sistema contábil e de controles
internos compreende o plano de organização e o conjunto integrado de métodos e procedimentos
adotados pela entidade na proteção de seu patrimônio, promoção da confiabilidade e
tempestividade dos seus registros e demonstrações contábeis e na promoção da sua eficácia
operacional (eficácia na gestão do patrimônio).
Se o auditor puder confiar nos controles internos da entidade auditada, o grau de confiança que ele
terá nas informações constantes das demonstrações contábeis auditadas será maior. Se não
puder confiar nos controles internos da entidade, a quantidade de transações e saldos contábeis
que o auditor deverá examinar aumentará consideravelmente, uma vez que, nesse caso, a
possibilidade de erros e fraudes com reflexos nas demonstrações é muito maior.
O auditor deve verificar a existência, efetividade e continuidade dos controles internos. Os
cuidados devem ser no sentido de constatar se os controles previstos estão funcionando de fato ou
se constam apenas em manuais, sem que haja a sua efetiva aplicação. Também deve ser
observado se os controles internos funcionam de forma contínua, inclusive quando o auditor não
está presente.
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Se o auditor deseja constatar se a empresa está emitindo nota fiscal regularmente, isso é possível
por meio de teste de observância flagrante. Pode-se verificar, no momento da saída da mercadoria
do estabelecimento, se a operação é efetuada com a emissão do documento fiscal.
Se o auditor, durante a avaliação dos controles internos, quer comprovar a cobrança de juros de
mora nos pagamentos que os clientes efetuam em atraso, ele pode verificar, nos documentos nos
quais foi dada a quitação, se o valor pago inclui juros, no caso de atraso (teste de observância
retrospectivo). Neste caso, o auditor não precisa estar presente no momento em que o cliente
efetua o pagamento.
Nos testes de transações e saldos, o auditor verifica se os fatos contábeis foram adequadamente
registrados, de forma que as contas apresentem uma avaliação correta dos elementos patrimoniais
e de suas variações no período considerado. Com a adoção dessa medida, o auditor poderá
indicar no parecer se as informações divulgadas nas demonstrações contábeis são adequadas
quanto ao conteúdo.
A quantidade de transações e saldos que o auditor examinará depende da avaliação que ele tenha
feito dos controles internos, durante os testes de observância. Se os controles internos forem ruins,
a quantidade de testes substantivos será maior. Caso os controles internos sejam bons, a
quantidade de testes substantivos será menor.
Ao examinar se o saldo de uma conta está super ou subavaliado, o auditor, indiretamente, estará
verificando a super ou subavaliação do saldo de outra conta. Se o saldo da conta mercadorias
estiver subavaliado em função da falta do registro de compras a prazo, o saldo da conta
fornecedores também estará subavaliado, uma vez que os registros são feitos de acordo com o
método das partidas dobradas. Se o registro das despesas de conservação de imóveis foi feito a
débito da conta Edificações, a conta Despesa de Conservação de Imóveis estará subavaliada e a
conta Edificações, superavaliada.
Normalmente, os testes para superavaliação são feitos nas contas de natureza devedora (ativo e
despesa) e os testes para subavaliação são executados nas contas de natureza credora (passivo
exigível, patrimônio líquido e receita).
Mediante os procedimentos de revisão analítica, o auditor efetua a verificação do comportamento
de valores significativos, valendo-se da análise das informações contábeis. Por meio de índices,
quocientes, quantidades, variações absolutas etc., o auditor busca identificar situações ou
tendências atípicas, para as quais possa direcionar o seu trabalho. Exemplificando, numa
companhia em que as despesas de salários tenham valores significativos, o auditor pode listá-las
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EXERCÍCIOS
03- (AFRF/2002/ESAF) O auditor independente foi contratado apenas para opinar sobre o balanço
patrimonial da empresa "ABC". O auditor não encontrou nenhuma restrição ao acesso de
informações e registros, e todos os procedimentos julgados necessários foram efetuados.
Nesse caso, o trabalho do auditor caracteriza-se
a) testes de cálculos
b) testes de observância
c) testes de abrangência
d) testes substantivos
e) testes de procedimentos
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a) Testes substantivos
b) Testes de observância
c) Testes de revisão analítica
d) Testes de abrangência
e) Testes de conferência de cálculos
08- (ISS/NATAL/2001/ESAF) Indique, nas opções abaixo, a entidade que emitiu e aprovou, através
os
das Resoluções n 820/97 e 821/97, respectivamente, a NBC-T-11 – Normas de Auditoria
Independente das Demonstrações Contábeis e NBC-P-1 – Normas Profissionais de Auditor
Independente:
09- (ISS/NATAL/2001/ESAF) A posição negativa do capital circulante líquido pode indicar que a
empresa tem risco de continuidade operacional. Essa situação ocorre quando o
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a) testes de observância
b) testes substantivos
c) testes de transações e saldos
d) testes de controle interno
e) testes de inventários físicos
14- (AFTN/1998/ESAF) Os procedimentos de auditoria que têm por finalidade obter evidências
quanto à suficiência, exatidão e validade dos dados gerados pelo sistema de contabilidade da
entidade são denominados testes
a) de observância
b) de controle
c) substantivos
d) de aderência
e) de existência
a) testes de observância
b) testes de procedimentos
c) procedimentos de confirmação
d) testes substantivos
e) procedimentos de inspeção
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17- (ISS/FORTALEZA/1998/ESAF) Assinale a opção que não representa um objetivo dos testes
o
substantivos, conforme a Resolução CFC n 700/91.
GABARITO
01 - D 06 - B 11 - A 16 - A
02 - E 07 - E 12 - C 17 - C
03 - B 08 - B 13 - B 18 - B
04 - C 09 - D 14 - C 19 - C
05 - D 10 - B 15 - D
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