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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA


CAMPUS DE ARAÇATUBA

PRODUÇÃO DE SILAGEM E FENAÇÃO

Cecilio Viega Soares Filho, Eng. Agr.


Doutor em Produção animal

Araçatuba - SP
1. INTRODUÇÃO

A utilização de forragens pelo gado, através de pastoreio, dentre os sistemas de


produção animal, o mais econômico para alimentação dos rebanhos. Entretanto, ocorre
que a disponibilidade de forragem durante o ano é desuniforme, principalmente por
influência de fatores climáticos, desde que em qualquer tipo de manejo haverá sempre
um período de produção abundante (verão úmido) e outro de escassez (inverno seco).
No período das chuvas (verão úmido) que corresponde a 5-6 meses do ano, as forragens
produzem 80% de seu potencial anual e, no período seco, os 5-6 meses restante, apenas
20%, por isso, no inverno é indispensável contar com suplementos tais com silagem,
feno, forrageiras de inverno e capineiras.
Vale também ressaltar que estas alternativas não são concorrentes e, sim,
complementares; quanto mais opções tivermos, melhor.
A silagem tem recebido maior ênfase por parte dos produtores, por exigir uma
tecnologia simples, e apresentar excelentes resultados; e sua confecção não é tão
limitada pelos fatores climáticos e topográficos, como acontece com a fenação.
A falta de tradição concorre para a resistência do pecuarista em utilizar o feno
como reserva forrageira de alta qualidade. Esta situação, entretanto, tende a mudar esta
opnião, e será mais acentuada à medida que o produtor ver o resultado desta técnica.
Dentre os efeitos benéficos de utilização de suplementação alimentar para o
rebanho em épocas críticas, podemos citar: diminuição de mortalidade, aumento de
natalidade, manutenção do peso animal na entressafra, maior rapidez, no giro de capital,
carne de melhor qualidade, menor utilização de rações industrializadas, aumento da
lotação animal por área.
2. SILAGEM

Silagem é a forragem verde e suculenta armazenada, na ausência de ar em


depósito próprio chamado silo, no qual é conservada mediante fermentação. Ao
conjunto de operações necessárias à confecção da silagem, chamamos de ensilagem
(corte, transporte, picagem, carregamento, compactação e vedação).
A ensilagem não exige tecnologia sofisticada, mas cuidados são necessários para
reduzir perdas de valor nutritivo no material ensilado, razão pela qual devemos observar
alguns detalhes da produção deste tipo de volumoso.

2.1. FORRAGEIRAS PARA ENSILAR

Dois são os princípios básicos para a conservação do material ensilado,


paralização da respiração, pela ausência de ar e inibição de fermentação pelo
abaixamento do pH; as bactérias atuam sobre os carboidratos solúveis (açúcares),
transformando-os em ácidos, principalmente ácidos lático e acético que baixam o pH
impedindo que as bactérias indesejáveis continuem a fermentação, pois, estas não
resistem à acidez elevada (pH baixo). O material é ensilado com pH 5,5 a 6,0 e a
estabilização (conservação) ocorre em pH 3,5 a 4,2. Este trabalho é feito pelas bactérias,
e ocorre mais facilmente se a planta ensilada possuir carboidratos solúveis suficientes
para formar os ácidos, que é uma das condições básicas na escolha da forrageira. O ideal
seria que estas plantas possuíssem acima de 15% de carboidratos solúveis, condição
satisfeita pelo milho e sorgo, quando cortados com 33 a 35% de matéria seca.
Outro fator relevante na escolha da forrageira é que esta apresente alto
rendimento de massa verde por hectare, o que reduz gastos com a ensilagem.
No caso de usarmos capineiras para ensilar, torna-se necessário a adição de
outros produtos - os aditivos - sobre os quais comentaremos posteriormente num tópico
à parte. Isto é necessário porque estes capins não apresentam teores de carboidratos
solúveis, suficientes ao bom trabalho das bactérias.
Nos capins de menor porte e leguminosas usadas em pastagens os teores de
carboidratos são ainda mais reduzidos, dificultando bastante a conservação,
principalmente as leguminosas quando ensiladas pura, pois estas além de pobres em

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carboidratos solúveis, são ricos em cálcio, elemento mineral que forma complexo com
os ácidos formados dificultando o abaixamento de pH.
Dentre as opções existentes, milho, sorgo, girassol, milheto, aveia, alfafa ou
capim, sem o uso de recursos adicionais, o milho e o sorgo são os que produzem a
melhor silagem. Porém, o sorgo tem sido uma opção vantajosa em regiões mais secas,
onde o milho não produz bem. a silagem de capim elefante, tem merecido bastante
atenção por parte dos pecuaristas, isto em função do alto preço do milho. Outra opção
que tem sido usada é a mistura destas forrageiras, o que em alguns casos é viável e em
outros não vale a pena.
O potencial de produção das culturas para ensilar, predominantes entre nós, é
elevado, como mostram os dados resumidos no quadro abaixo. Entretanto, nas
propriedades, os rendimentos obtidos são frequentemente baixos e irregulares, fato esse
que encarece sobremaneira o custo do alimento preservado e reduz consideravelmente a
disponibilidade de volumoso para o rebanho.

Potencial de produção das culturas forrageiras usadas.


Planta forrageira tonelada de matéria seca por hectare
Milho 9 a 16
Sorgo 9 a 25
Capim elefante 10 a 40
Girassol 5a8
Milheto 10 a 15
Alfafa 15 a 20

Considere-se que a fertilidade do solo seja um dos principais fatores


responsáveis pela baixa produtividade das áreas cultivadas para a produção de silagem.
Esse fato ocorre porque, quando é colhida para a ensilagem, a planta promove uma
extração muito grande de nutrientes do solo, já que toda a parte aérea é removida.

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2.2. ADUBAÇÃO DAS CULTURAS PARA ENSILAR

A capacidade extrativa de silagens de milho, de sorgo e de capins tropicais são


elevadas, portanto requer utilizar uma adubação diferenciada das plantas forrageiras
para a ensilagem. No caso do milho e do sorgo, têm sido obtidos bons resultados, no
Estado de São Paulo, adotando-se a adubação de plantio com 350 a 450 kg/ha de 4-28-
16 + Zn e adubação de cobertura com 400 a 500 kg/ha de 20-00-20.
Para o caso do corte de capim, a reposição de nutrientes também é de
importância fundamental para a manutenção do stand e de elevada capacidade de
produção. É recomendável que após cada corte do capim-elefantge, apliquem-se por
hectare: 40 kg de N, 20 de P2O5 e 60 kg de K2O. Deve-se dar ênfase ao fato de que a
colocação de adubos nas capineiras deve ser realizada imediatamente depois da retirada
da forragem, já que evidências experimentais, mostram que em gramíneas tropicais há
uma concentração da emissão de perfilhos em um curto período de tempo após o corte
da planta, fato esse que parece não depender da fertilidade, umidade ou luminosidade.
Dentre os nutrientes removidos, o potássio carece de atenção especial porque,
quantitativamente, sua extração é muito grande. Todas as gramíneas forrageiras são
ricas em potássio e, com elevadas produções de matéria seca por área, o problema pode
ser crítico. Deficiências de potássio, além de reduzir a produção, podem ser um dos
fatores responsáveis pelo acamamento de culturas, um entrave sério a colheita mecânica.
Além desse aspecto, haverá também um ressecamento precoce das folhas mais velhas,
fato esse que, associado com outras deficiências minerais, pode ser responsável pela
tendência da colheita do milho e do sorgo antes do ponto recomendado.
A importância da reposição de matéria orgânica e elementos minerais nas área
cultivadas intensamente para a produção de silagem é recomendada e reconhecida há
muito tempo por agricultores de regiões desenvolvidas. O emprego da rotação de
culturas com adubo verde ou o uso de esterco tem sido recomendado há muitos anos. O
esterco desenvolverá ao solo grande parte dos nutrientes contidos nas plantas forrageiras
e assim contribuirá para melhorar o efeito da extração intensa. Admite-se que, havendo
incorporação, somente 1/3 do nitrogênio contido no esterco de gado pode ficar
disponível para a planta, mas praticamente todo o fósforo e o potássio estarão em
disponibilidade. Deve-se também considerar que, sendo o esterco mais rico em potássio

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que em cálcio e magnésio, haverá necessidade de aplicação de calcário para ajustar a
relação e repor esses elementos que também são extraídos com intensidade.

2.3. POPULAÇÃO DE PLANTAS EM CULTIVOS PARA ENSILAR

A baixa produção das culturas forrageiras pode ser também consequência da


pequena densidade de plantas estabelecidas por unidade de área. Para a região do Estado
de São Paulo, tem-se considerado que nas áreas sujeitas a deficiência hídricas a
população de plantas de milho deve ser de 40 mil por hectare, mas, nas que apresenta
condições mais propicias de umidade, o stand deverá ter 60 a 70 mil por hectare. Para o
caso do sorgo, recomenda-se o estabelecimento de cerca de 200 mil plantas por hectare,
o que pode ser obtido pela implantação de 18 a 20 sementes por metro e espaçamento de
0,70 m entre linhas.

2.4. COLHEITA DA FORRAGEIRA PARA ENSILAR

O milho deve ser cortado para ensilar quando apresentar de 33 a 35% de matéria
seca, ou seja, no ponto em que os grãos estiverem no chamado estágio farináceo-duro,
sendo o tempo disponível para a colheita de 12 a 15 dias, dependendo das condições de
clima. Essa situação é geralmente alcançada depois de 100 a 110 dias de crescimento
vegetativo, possibilitando a obtenção de uma maior produção de matéria seca por
unidade de área. Além dos aspectos mencionados, trabalhos experimentais têm
mostrado que neste ponto se obtém o melhor valor nutritivo da silagem, como
consequência de uma maior consumo voluntário de matéria seca com maior quantidade
de grãos.
Recomenda-se colher o sorgo quando este apresentar de 28 a 30% de matéria
seca, num estágio muito semelhante ao do milho, ou seja, quando os grãos estiverem no
ponto farináceo. Para o caso do capim elefante, as recomendações são para cortes entre
50 a 80 dias de crescimento vegetativo, ponto onde se consegue aliar boa produção de
matéria seca e valor nutritivo, estando as plantas com cerca de 1,6 a 2,0 metros de
altura.
Ao ensilar o milho, ou sorgo, não existe necessidade de aditivos para o estimulo
da fermentação, pois, o ponto de colheita, com teor de matéria seca de mais ou menos

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de 30% inibe os processos fermentativos, principalmente as fermentações indesejáveis.
Porém, o uso de produtos que visem a melhora do valor alimentar destas forragens, pode
ser interessante.
A colheita de plantas para ensilar normalmente exige o tráfego de máquinas
sobre o campo de cultivo, e este fato promoverá a compactação do solo. Observações
experimentais indicaram que, como consequência da compactação, poderá haver
redução de 50% na produção de milho, 40% na aveia e de 78% na dos capins que
rebrotam na faixa compactada. Assim sendo, torna-se importante a verificação da
existência de compactação nos campos de cultivo, e a adoção de práticas para corrigir
este problema.

2.5. TRANSPORTE, PICAGEM, CARREGAMENTO E COMPACTAÇÃO

O transporte pode ser feito com a forrageira inteira, que foi cortada manualmente
usando-se facão, enxada, etc., em seguida é picada por uma ensiladeira que deverá estar
colocada ao local de armazenamento de forma, ao ser picado, o material caia em
condições de ser compactado. Pode-se também transportar a massa verde já picada
utilizando-se máquinas estacionárias ou especiais de tração mecânica que cortam, picam
e jogam na carreta. Observa-se que para a colheita totalmente mecânica do milho ou do
sorgo escolhem-se variedades resistentes ao tombamento, medidas estas que facilitarão
este tipo de colheita.
Umas das práticas indispensáveis para produção de uma boa silagem é picar a
forragem em pedaços pequenos de 2 a 3 cm. Neste caso, facilita a compactação,
eliminado maior quantidade de ar e as bactérias tem maior contato com os elementos
constituintes da forragem ensilada, melhorando a fermentação e conservação do
produto.
Quanto mais comprimida a massa no interior do silo, melhor será a qualidade da
silagem. a compactação pode ser feita pelo pisoteamento por homens (silo aéreo e
cisterna) animais e tratores (silo trincheira e de superfície).
Considera-se de grande importância para o processo de ensilar alcançar e manter
condições anaeróbicas no enchimento de silos. o carregamento lendo, a coloração de
camadas diárias finas, a falta de compactação e o atraso na vedação são procedimentos
que concorrem para aerar a massa e promover perdas no processo de fermentação.

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2.6. TIPOS DE SILOS

2.6.1. SILO TRINCHEIRA

Como o próprio nome indica, este silo caracteriza-se por uma vala aberta no
solo, construído, aproveitando-se um desnível próximo ao local de trato dos animais. É
um tipo de silo de construção mais barata do que os tipos aéreo, cisterna ou aéreo de
encosta.

2.6.2. SILO CISTERNA OU POÇO

Este tipo de silo é aberto a semelhança de uma cisterna de grandes proporções.

2.6.3. SILO AÉREO

É um tipo de silo construído de alvenaria, acima do nível do solo, de elevado


custo, sendo praticamente desaconselhável para a situação atual. Outro problema é o
carregamento que só é possível com o emprego de ensiladeiras elevadoras. Em
contrapartida a estas desvantagens, tem a vantagem de ser fácil de descarregar e
apresentar baixa perda de material.

2.6.4. SILO DE SUPERFÍCIE

Este tipo de silo já usado em muitos países da Europa, vem sendo difundido no
Brasil por apresentar a vantagem de eliminar gastos de construção. Escolhe-se uma área
plana e próxima ao local de tratar dos animais; sobre esta área coloca-se uma camada
uniforme (20 - 30 cm de uma palhada qualquer, palha de milho, bagaço de cana, casca
de arroz) com a finalidade de eliminar o contato do material com a terra (rica em
bactérias indesejáveis), em seguida coloca-se a forrageira picada em camadas com lona
plástica toda a extensão da massa. Deve ser utilizando um artifício para impedir a
entrada de ar e umidade, como por exemplo, a colocação de peso sobre a lona (areia,
capim, pneu, etc), e a construção de duas valetas: sendo uma para prender os lados da
lona plástica e a outra para impedir a entrada de água.

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Nos silos horizontais do tipo superfície, a ausência de paredes laterais para
possibilitar uma compactação mais intensa, cria condições favoráveis a uma maior
penetração do ar, e consequentemente, perdas mais pronunciadas, principalmente se a
forragem tiver matéria seca elevada. A adoção de silos de superfície do tipo bunker
(paredes laterais de madeira ou alvenaria) pode minorar os efeitos desfavoráveis do ar
durante o enchimento e o armazenamento, favorecendo a compactação. A simples
colocação de toras de madeira dos lados do silo, para iniciar o carregamento, já auxilia
na compactação e diminui perdas.

2.7. VEDAÇÃO OU FECHAMENTO DO SILO

Como última tarefa na ensilagem, temos a vedação da entrada de ar que, quando


bem feita, garante a conservação da silagem por muito tempo. Nesta operação o melhor
é colocar sobre a massa uma lona plástica. Alguns agricultores adotam a prática de
colocar uma camada de 20 cm de capim, em seguida, coloca-se uma camada de terra,
espessura de 30 cm. Em silo cisterna pode-se colocar areia sobre lona, o que facilita a
abertura do silo, porque a areia é mais fácil do que a terra.
A quantidade de ar que penetra na silagem durante o período de armazenamento
tem influência negativa sobre a qualidade e concorre para aumentar as perdas. Por esse
motivo, recomenda-se depois da vedação, aplicar sobre o plástico algum peso (terra,
sacos de areia, pneus velhos, palha, etc), já que, se a compactação da superfície for
inadequada, haverá grande penetração de ar.

2.8. USO DA SILAGEM

As transformações bioquímicas na massa ensilada atingem o fim dentro de


poucos dias após o carregamento do silo, podendo por conseguinte ser utilizada pelos
animais. De modo geral, recomenda-se abrir os silos 30 dias após o fechamento.
A silagem deve ser retirada diariamente, em camadas mínimas de 15 cm em toda
extensão de massa exposta ao ar (silo trincheira), iniciando o fornecimento aos animais
de maneira gradativa, para que estes se habituem a esta alimentação. Um animal adulto
consome, em média, cerca de 25 kg/dia de silagem de milho e, se for silagem de capim,
este consumo pode chegar a 35 kg/dia.

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Quando o silo é aberto, o ambiente anaeróbico, responsável pela conservação,
passa a ser aeróbico, nessas condições, os microorganismos, que estavam em dormência
na ausência de oxigênio, multiplicam-se rapidamente, promovendo a deterioração da
silagem depois que se inicia a descarga, paralizações acarretam perdas de valor nutritivo
da silagem. Na fazenda, esse fenômeno manifesta-se através da elevação acentuada da
temperatura e do aparecimento na massa ensilada.
Considera-se que o método mais efetivo de diminuir perdas seria a remoção e
fornecimento imediato da silagem aos animais, através da retirada de camadas de toda a
superfície e com espessura de no mínimo 15 cm/dia.

2.9. PERDAS NA ENSILAGEM

Para maior êxito em todas as operações descritas, torna-se necessário rapidez no


enchimento do silo (sem paralização).
Apesar de todas as precauções, haverá sempre perdas de silagem que serão
maiores ou menores, de acordo com a observação ou não dos cuidados no carregamento,
podendo chegar a decomposição de até 50% da matéria seca.
Evidências experimentais têm mostrado que a alta susceptibilidade das silagens
a deterioração, após a abertura do silo, está relacionada com: tempo prolongado de
enchimento, aeração da massa na ensilagem, teor elevado de matéria seca, menor
compactação e densidade da massa e temperatura ambientes elevadas. Admite-se que as
perdas por aeração podem atingir valores de 30%, tornando-se então maiores que as
relacionadas com a fermentação. A remoção de silagem deve ser realizada sem
promover perturbações nas camadas remanescentes. O uso de pás carregadeiras frontais,
facilitam a descarga em grandes silos, provocam maiores perdas por afetarem as
camadas remanescentes.
Haverá também perdas por drenagem, quando o material for ensilado muito
úmido, chegando a 15% da matéria seca. E, finalmente, existem perdas gasosas devido a
respiração da planta e atividades bacterianas, podendo atingir de 2 a 5% da matéria seca.
Estas perdas não são totalmente evitadas, mas podem ser bastante diminuidas quando o
trabalho é criterioso.

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2.10. ADITIVOS

Aditivos são produtos que podem ser acionados à massa verde, com finalidade
de maelhorar a fermentação e conservação do valor nutritivo, aceitabilidade e
digestibilidade da silagem.
A aplicação de aditivos propriamente dito, serve para garantir uma boa
fermentação, principalmente quando se ensila forrageiras com baixos teores de
príncipios necessários para a formação de boa silagem, como é o caso dos capins do
grupo elefante que tem baixo teor de carboidratos e no momento de ensilar, apresentam-
se com umidade elevada para a realização desta prática. Por exemplo os tipos de
aditivos são: fubá de milho, farelo de trigo, farelo de arroz, melaço, cana, inoculantes
bacterianos, etc.

2.11. SILAGEM BEM FERMENTADA

Caracteriza-se por apresentar pequenas perdas no seu valor nutritivo,


apresentando grande aceitação pelo animal, possui textura firme, sendo difícil
desprender os tecidos das folhas, apresenta odor agradável, semelhante ao do vinagre;
sua coloração recorda o material original; clara, com tons esverdeados, variando do
amarelo esverdeado ao marrom esverdeado (cor de azeitona verde), sabor forte e
picante.
Uma boa silagem é a que não apresenta mofos, pouco ou nenhum ácido butírico
(ranço), alto teor de ácido lático (7%), baixo teor de ácido acético (3%), pH de 3,8 a 4,2
e nitrogênio volátil na proporção de 12 a 15% do nitrogênio total da silagem.

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3. FENAÇÃO

A fenação ocupa importante papel no manejo das pastagens, permitindo o


apreveitamento do excedentes de forragem ocorridos em períodos de crescimento
acelerados de forrageiras, visto que o controle do consumo de forragem através de
alterações de carga animal geralmente é difícil de ser realizado.

3.1. TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

O feno é obtido basicamente pela ceifa e secagem parcial de plantas forrageiras,


procurando manter-se a qualidade e o valor das mesmas.
Quando o pecuarista escolhe o feno como opção para armazenamento de
forragem conservada, ele utilizará os recursos que já existem em disponibilidade na
propriedade. A tecnologia empregada atualmente tem sido no sentido de utilizar mais
intensamente, ás áreas de pastagens para a fenação. Assim, os pastos são cortados para
produzir feno, pelo menos uma vez durante a estação de crescimento.
Um fator que normalmente provoca uma certa resistência do agricultor em
adotar a planta fenada como alimento para os animais é o pequeno consumo que se
observa quando o produto é oferecido aos bovinos. Este fato, que a primeira vista,
parece desfavorável, ocorre porque 1 kg de feno equivale de 3 kg de silagem e, assim,
quando começa a ser usado, dá a impressão de não estar sendo bem aceito pelos
animais.

3.2. ÉPOCA PARA FENAR

O período mais indicado para a prática de fenar, em grande parte do estado de


São Paulo, é de dezembro a junho, quando ocorre maior produção aliada ao alto valor
nutritivo das forrageiras.
A idéia de que a melhor época para a produção de feno seja a do início da seca é
altamente rejeitada, pois o valor nutritivo das forrageiras decresce sensivelmente até este
período, tornando-se impróprias para a fenação.
As chuvas que ocorrem de outubro a março não chegam a impedir a elaboração
do feno, tendo, entretanto, que ser aproveitados os dias de céu aberto e quentes que

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ocorrem nesta época, geralmente agrupados em número de dois ou mais, suficientes
para a prática de fenação que leva, em média, de 10 a 48 horas. o aproveitamento desta
condição torna-se mais viável a medida que se observam as previsões dadas pelos
serviços de metereologia na região em que se pretende elaborar o feno e se utilizem
forrageiras que perdem água mais facilmente.
A idade da planta também contribui para a determinação da época de corte e,
neste caso, deve ser levada em consideração a idade fisiológica da planta para obter altas
produções de bom feno e a frequência dos cortes, de maneira a garantir alguma reserva
para as rebrotas. Desta forma, o corte pode ser feito no período que antecede a floração
ou mesmo durante esta. Este princípio não é básico para forrageiras que florescem
apenas uma vez por ano e proporcionam mais de um corte econômico.

3.3. PROCESSO DE FENAR

Consiste basicamente na desidratação da forragem verde com 65 - 85% de


umidade para 10 a 20%. a desidratação é mais acentuada logo após o corte, diminuindo
a medida que atinge valores abaixo de 65% de umidade, até o ponto ideal. A rapidez
com que o ponto de feno é atingido, concorre para menores perdas de princípios
nutritivos nesta fase.
A experiência obtida com a produção de feno de gramíneas no Estado de São
Paulo, tem mostrado que para produções elevadas de feno por área, cerca de 24 a 36
horas são suficientes para a completa desidratação da planta.
Quando a espécie forrageira cortada apresentar baixa produção e as condições
climáticas forem favoráveis, o tempo necessário para a fenação pode ser reduzido para
aproximadamente 10 horas. Qualquer ampliação no tempo de secagem aumentará os
riscos de perdas parciais ou totais por ocorrência de chuvas sobre a planta cortada e por
tempo prolongado de permanência do material no campo em consequente demora na
paralização das atividades metabólicas das plantas, que cessa apenas quando a umidade
cai a níveis de cerca de 30%.
Sabe-se que a temperatura é um fator do meio ambiente que afeta
consideravelmente a dissecação, e que a taxa de perda de água aumenta com a elevação
da temperatura do ar. Por outro lado, quando o ar apresenta uma umidade relativa mais

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elevada, existe a necessidade de se contar com temperaturas também mais elevadas para
que continue havendo perda de umidade por parte da planta forrageira.
Para que o feno atinja um teor de umidade de 12-13%, quando pode ser
armazenado, a umidade relativa do ar deve estar ao redor de 60 a 70%.
Após o corte, a planta continua viva, podendo inclusive dar prosseguimento à
fotossíntese por um período de tempo relativamente longo. A respiração também ocorre
até que a umidade atinja valores próximos de 30% ou até que a temperatura alcance
níveis de 45 oC, quando as células vegetais morrem.
O ritmo de desidratação a campo pode ser acelerado de três a quatro vezes, nas
etapas iniciais, se a forragem for submetida a tratamento para afofar e virar, permitindo
a entrada de ar, vento e raios solares, reduzindo a quantidade mínimas as perdas nesta
fase. a viragem do material deve iniciar logo após o corte e ser repetida tantas vezes
quanto possível. Pode ser feita manualmente ou com o uso de ancinhos de tração
mecânica de vários tipos que, dependendo da regulagem, podem realizar também as
práticas de enleiramento e esparramação.
Se o material permanecer no campo por mais de um dia, este deverá ser
enleirado a tarde e esparramado no dia seguinte, evitando, assim, o efeito do orvalho e
melhorando a homogeneidade da desidratação. Ocorrendo chuva durante o dia, o
material também deverá estar enleirado, voltando ao processo de viragem após enxugar
os espaços entre as leiras, onde o material é espalhado novamente. A desidratação final
é feita em pequenas leiras, proporcionando a obtenção da umidade desejada mais
uniforme e facilitando o recolhimento do material pelas enfardadeiras.
A determinação do final da desidratação “ponto de feno” pode ser feita por
equipamentos adequados ou por maneiras práticas, sendo que a umidade final deverá
estar entre 12-14%. Dentre as maneiras práticas de verificação podemos citar o processo
de torcer um feixe de forragem e observar: se surgir umidade e, ao soltar, o material
voltar a posição inicial rapidamente, ainda não está no ponto, se houver rompimento das
hastes, passou o ponto de feno e, se não eliminar umidade, e, ao soltar-se o material
voltar lentamente a posição inicial, sem rompimento de hastes, está no ponto.
Existem outros meios de verificação prática do ponto de feno, porém, uma
pessoa que tenha vivência com esta fase de fenação pode determinar a hora de
armazenar, apenas observando o aspecto da forragem. A umidade ao final da
desidratação é responsável pelo êxito ou fracasso da fenação, sendo que os efeitos

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químicos, bioquímicos e microbiológicos mais importantes, verificados no material
armazenado com mais de 20% de umidade, são: redução dos teores de açúcares
solúveis, proteína digestível, digestibilidade da matéria seca e aparecimento de fungos,
bactérias e actinomecetos. Em alguns casos ocorre também grande elevação de
temperatura que pode chegar até a combustão espontânea.
O feno que não desidratou o suficiente tem o risco de intoxicar os animais que o
consomem, devido à ingestão de fungos patogênicos, tais como: Aspergillus glacus,
Aspergillus flavus, Aspergillus fumigatus, actinomicetos e tomactinomicetos, que
causam transtornos digestivos e aborto nos animais. Desta maneira, há quem diga que é
preferível perder por secagem excessiva do que por umidade excessiva.
A secagem artificial leva a obtenção de feno de qualidade superior e com perdas
bastante baixas, podendo ser feita através de ventilação forçada ou utilizando ar quente
em secadores especiais, porém estes processos somente isolados.
A secagem excessiva de leguminosas é prejudicial, pois, nestas condições, o
desprendimento de folhas seria muito intenso, mas no caso das gramíneas, não correrão
prejuízos de queda de folhas havendo uma descoloração do feno, com efeitos negativos
sobre a aceitabilidade de forragem pelo animal.

3.4. CORTE DA FORRAGEM

Pode ser manual ou mecânico, sendo que o corte mecânico, quando possível de
ser empregado, é preferido porque proporciona maior rendimento. O corte nas primeiras
horas da manhã possibilita maior desidratação ao final do dia, em relação a forragem em
torno de 9 - 10 horas, mesmo que no início da manhã a forrageira esteja orvalhada. A
quantidade de material a ser cortado depende da capacidade de processamento,
observada a disponibilidade de máquina e/ou mão-de-obra. o corte manual pode ser
feito empregando-se alfange ou segadeira de motor costal. Pode-se também utilizar
segadeiras de tração animal.
O corte mecânico propriamente dito é feito com ceifadeiras ou segadeiras
acionadas por trator, acopladas ao hidráulico ou arrastado. Tem altura de corte
regulável, largura de corte variável de acorde com o modelo e rendimento médio em
torno de 2 ha por dia. Existem também as segadeiras-condicionadoras que, ao cortarem,

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racham os nós e entrenós da forrageira, proporcionando secagem rápida e uniforme com
menores riscos de perdas de folhas, e diminui o tempo de secagem.
As roçadeiras também podem ser empregadas no corte do material, mas podem
dificultar o enleiramento, enfardamento e aumentar as perdas de material no campo. As
roçadeiras repicam muito a forragem cortada.
Outro tipo de implemento que pode ser empregado é a colhedeira de forragem
tipo faca-boba, principalmente quando vai fenar leguminosas ou gramíneas de talos
grossos, desidratação mais rápida e uniforme. O incoveniente na utilização desta
máquina é que os colmos das gramíneas que permanecem nas touceiras ficam rachados,
comprometendo a rebrota futura, sendo, portanto, recomendado o uso desta máquina
apenas uma vez ao ano. Outro aspecto negativo é que a forragem cortada, assim, fica
difícil de ser manuseada, por ser reduzida a frações, pequenas, em relação a planta
ceifada.

3.5. CARACTERISTICAS DE PLANTAS PARA FENAÇÃO

3.5.1. VALOR NUTRITIVO

Ao escolher a forrageira a ser fenada, deve-se observar o seu valor nutritivo,


normalmente avaliado em termos de sua composição química, destacando-se os teores
de fósforo, cálcio e a digestibilidade da matéria seca. O valor nutritivo varia com a
espécie botânica, idade da planta, fertilidade do solo. O valor nutritivo varia com a
espécie botânica, idade da planta, fertilidade do solo. Em geral, as leguminosas são mais
ricas em proteína e cálcio que as gramíneas. A medida que a planta se desenvolve,
ocorre queda do valor nutritivo em função da diminuição das percentagens de proteína,
fósforo, digestibilidade e consequentemente, do consumo.
A influência da fertilidade do solo reflete-se nos teores de proteína, fósforo,
potássio, digestibilidade e consumo, sendo importante a sua manutenção que, além
disso, garante maior produtividade por unidade de área.

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3.5.2. FACILIDADE DE CORTE

Algumas plantas dificultam o trabalho da segadeira, graças às características de


seus cipós ou pegajosidade. Neste caso, são mais fáceis de serem cortadas as plantas
cespitosas, quando comparadas as estoloníferas e decumbentes. No entanto os capins
cespitosos não apresentam persistência quando cortados rente ao solo.

3.5.3. POTENCIAL DE PRODUÇÃO

O potencial de produção talvez seja o fator mais importante a ser considerado na


escolha da espécie forrageira. Ess fato pode ter influência na diminuição dos custos de
produção, visto que na mesma área pode-se obter um maior quantidade de feno.

3.5.4. FACILIDADE DE DESIDRATAÇÃO

A facilidade de secagem é influenciada pela relação caule-folha, serosidade das


folhas, teor de umidade ao tempo de corte, número e abertura dos estômatos. Em geral,
forrageiras mais folhosas são mais fáceis de serem fenadas. No entanto, quando não é
possível a utilização destas, a solução para uma rápida secagem consiste no uso de
segadeira condicionadora.

3.5.5. CAPACIDADE DE REBROTA

A rebrota depende das condições de fertilidade e umidade do solo, bem como do


grau de tolerância das forrageiras ao corte. Um fator de extrema importância na
determinação da capacidade de rebrota refere-se a precocidade do alongamento do caule
da forrageira (gramínea), que é dado pela elevação do meristema apical acima do solo,
tornando-se exposto à eliminação. Gramíneas cespitosas, que têm elevação rápida do
meristema apical, tem menor velocidade de rebrota após o corte, isto é, em relação a
gramíneas estoloníferas, porém mais fáceis de serem cortadas.

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3.5.6. PLANTAS A UTILIZAR

De maneira geral, pode ser empregado na forma de feno um grande número de


gramíneas, sendo, portanto, as mais fáceis de serem fenadas: coast-cross n. 1, tiftons,
florakirk, transvala, estrelas, Rhodes, aveia e azevém. Dentre as leguminosas podemos
citar a soja perene, alfafa, amendoim forrageiro e outras, geralmente de porte rasteiro e
hastes finas.
O consórcio gramíneas-leguminosas para fenar é praticamente inviável, em
função das diferenças morfológicas e fisiológicas entre estas forrageiras, uma vez que
possuem velocidade de desidratação diferentes, dificultando a obtenção do ponto de
feno.

Potencial de produção de algumas gramíneas e leguminosas tropicais.


Espécies forrageiras kg de matéria seca/ha/ano
Transvala 19.000
Coast-cross n. 1 26.000
Tifton-85 30.000
Florakirk 28.000
Grama estrela 18.000
Rhodes 16.000
Braquiária decumbens 12.000
Braquiarão 14.000
Alfafa 20.000
Soja perene 6.000
Aveia forrageira 6.000

3.5.7. QUALIDADE E VALOR NUTRITIVO DOS FENOS

Dentre os fatores que influem na qualidade e valor nutritivo dos fenos, podemos
citar: espécie forrageira, estágio fisiológico da planta, rapidez na desidratação, processo
adotado na fenação, umidade na ocasião do armazenamento, forma de armazenamento,

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fertilidade do solo para produção da forrageira e condições climáticas na ocasião da
fenação.
um bom feno deve possuir coloração esverdeada, cheiro agradável, ter boa
percentagem de folhas, ser macio, livre de impurezas e elementos tóxicos e ter boa
digestibilidade.

3.5.8. ARMAZENAMENTO

O feno pode ser armazenado solto ou enfardado, em locais ventilados e livres de


umidade. Podem ser aproveitadas as construções já existentes ou construir galpões
rústicos no campo, levando-se em consideração as facilidades encontradas na
propriedade e o tempo que o feno deverá permanecer armazenado.

CECILIO VIEGA SOARES FILHO


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