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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ

Sessão: 031.1.54.O Data: 03/03/2011

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Concedo a palavra ao nobre Deputado

Paes Landim, pelo Bloco Parlamentar PSB/PTB/PCdoB.

O SR. PAES LANDIM (Bloco/PTB-PI. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

faleceu, na quinta-feira passada, em Teresina, um cidadão muito querido na minha

cidade, respeitado no Estado: Elpídio Cronemberger.

Filho de uma família tradicional, seu pai, descendente de alemães, criou seus

filhos todos tementes a Deus. Era uma família imensa, de um modo geral, de

agropecuaristas. Eram, sobretudo, homens de bem, homens de luta, independentes e

bons pais de família.

Elpídio Cronemberger foi Vereador da minha cidade, Vice-Prefeito, Prefeito

interino, candidato a Prefeito, candidato a Deputado Estadual. Pautou sempre a sua

conduta pelo respeito a todas as pessoas. Mesmo no auge da sua militância política,

tratava a todos com respeito e atenção, indistintamente, fossem ou não correligionários.

Nunca falou mal de ninguém, nunca foi capaz de falar mal de alguma pessoa.

Homem educado, como eu disse, profundamente católico, exemplo de marido, casado

com uma senhora exemplar, modelo de esposa, D. Eliete. Criou seus filhos, sobretudo

suas filhas — teve um filho e várias filhas —, todos educados com distinção, com senso

de responsabilidade e dedicação à família.

Tive a satisfação, quando criança, adolescente e ainda rapaz, de ter como vizinhos

Elpídio e D. Eliete, um casal distinto. No auge da política, nos anos de 1945 a 1960,

quando UDN e PSD se digladiavam nos velhos sertões do Piauí, mesmo em lados

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opostos, tínhamos uma afeição mútua de respeito. Era um vizinho exemplar.

Frequentávamos as casas uns dos outros.

Posso dizer que Elpídio Cronemberger seria o tipo do político modelar, pelo seu

senso de honestidade, homem altamente escrupuloso, dedicado à família e preocupado

com os destinos de sua comunidade.

Lamento muito que, por força das circunstâncias da vida e do atropelo da atividade

política, vivendo mais em Brasília do que no Piauí, eu tenha perdido ultimamente a

oportunidade de conversar com Elpídio. Encontrava-o raramente ou, através das filhas,

mandava-lhe recados e abraços. Sabendo de sua idade avançada, não imaginava que

ele viesse a desaparecer, embora a perda da sua companheira, querida D. Eliete, há

quatro anos, com certeza, veio a abatê-lo profundamente.

Lamento muito que não tenha ocupado a Câmara ainda em vida para que

registrássemos os seus 90 anos, talvez por uma falha da minha assessoria. Nas minhas

reminiscências de adolescente e de jovem rapaz, poucas pessoas da minha cidade me

deram tanto sentido de vida e de exemplo como Elpídio Cronemberger, da mesma

maneira que criou seus filhos, sobretudo as filhas. Homem correto, decente, exemplar,

educado e, como disse há poucos instantes, incapaz de maledicência ou o quer que seja.

Elpídio era um homem bom por natureza, era um “verry good man”, como diz a

expressão usual dos americanos. Nasceu para fazer o bem. Aliás, a tradição dos seus

familiares, de um modo geral, é de serem todos religiosos. Deixa ainda o irmão mais

velho, grande médico, possivelmente um dos primeiros médicos da minha cidade, Almir

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Cronemberger, que mora no Rio de Janeiro, de quem Elpidio foi se despedir no ano

passado. Salvo engano, foi visitar o irmão querido, mais velho que ele.

Exatamente essas figuras humanas, os Cronembergers, todos eles de um modo

geral, são pessoas respeitadas pelo caráter religioso, pela postura particular e pública

que sempre tiveram em suas vidas e, acima de tudo, por serem bons cidadãos,

exemplares chefes de família.

Registro aqui, Sr. Presidente, com muita saudade a perda de Elpídio

Cronemberger.

Também registro que uma senhora destemida, uma senhora que sempre foi, de

um modo geral, digamos assim, uma adversária de nosso grupo político de São João, do

meu velho pai, Francisco Antonio Paes Landim, mas que sempre mereceu de nossa parte

o respeito pela sua coragem, pelo seu destemor e bravura, veio a falecer também no

decorrer desta semana: Dona Tersina Oliveira Damasceno, esposa do Sr. José

Damasceno dos Santos, também pais de enorme prole, toda ela dedicada ao estudo e ao

trabalho. Enfim, ela criou os filhos todos com grande senso de responsabilidade da vida.

Dona Tersina, além de sobrinha, foi criada por uma figura humana singular da

minha infância, da minha adolescência e da minha mocidade, a quem presto aqui minha

saudosa homenagem: Joaquim Balbino Alves, grande amigo do meu pai em todos os

momentos e em todas as horas. Dona Tersina foi exemplo de mãe de família.

Quero também deixar registrado na Câmara dos Deputados todo o meu apreço,

todo o respeito e a consideração que dona Tercina sempre mereceu, apesar de, ao longo

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dos tempos da vida pública minha e do meu pai, ter sido uma ferrenha adversária. Uma

adversário digna, que só fazia honrar aqueles dos quais ela discordava.

Portanto, Sr. Presidente, nesta tarde registrei aqui o falecimento de duas pessoas

humanas que minha cidade sempre aprendeu a respeitar, que foram Elpídio

Cronemberger e Dona Tersina Damasceno.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Durante o discurso do Sr. Paes Landim, assumem

sucessivamente a Presidência os Srs. Domingos Dutra, § 2º

do art. 18 do Regimento Interno, e José Augusto Maia, § 2º do

art. 18 do Regimento Interno.

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