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Compra de aviões particulares dobra

no Brasil em três anos


Queda de 35% no preço dos aviões usados e desvalorização
cambial resultam no melhor ano dessa indústria no País

Marina Gazzoni e Klinger Portella, iG São Paulo | 25/03/2011 05:37

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O que o advogado Cássio Telles, de Pato Branco, cidade de 70 mil habitantes no interior
do Paraná, tem em comum com os empresários Michael Klein, dono da Casas Bahia, Eike
Batista, do grupo EBX, e Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza? Um avião particular a
sua disposição. A frota de empresas e pessoas físicas no Brasil aumentou em 652 novas
aeronaves no ano passado, o dobro do registrado em 2008, de acordo com dados da
Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Ao todo, o País conta hoje com 7.837
aeronaves particulares.

Telles é apaixonado por aviação desde criança. Em vez de brincar de carrinho, ele gostava
de miniaturas de avião. O sonho de pilotar se tornou realidade no ano 2000, quando tirou o
brevê. Dois anos depois, o advogado comprou o seu primeiro avião. De lá para cá, trocou
de modelo duas vezes e hoje é dono de um monomotor RV-7, da fabricante americana
Van’s.

Leia também:
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• INFOGRÁFICO: como funciona uma turbina de avião

Se não tivesse seu monomotor, Telles não poderia viajar apenas de avião. A cidade onde
vive tem aeroporto, mas não recebe voos comerciais. Apesar de usar seu avião
principalmente como hobby, o advogado viaja a trabalho ao menos uma vez por mês com
o avião. Pelo ar, ele economiza quase quatro horas para chegar até a capital Curitiba, por
exemplo. “Se o clima colaborar, vou de avião sempre”, afirma Telles.

Agilidade e flexibilidade nas viagens a trabalho são as principais razões para empresas e
pessoas físicas comprarem uma aeronave, de acordo com revendedores consultados pelo
iG. A maioria dos proprietários costuma fazer viagens constantes até cidades onde não há
rotas diárias. O custo-benefício de não enfrentar a espera por check-in e a fila de
embarque nos aeroportos também entra na conta. “Eles precisam chegar e sair rápido de
lugares em que nem sempre há voos regulares”, afirma Leonardo Fiuza, diretor comercial
da TAM Aviação Executiva. Hoje, as companhias aéreas voam para cerca de 130 cidades,
mas há cerca de 3.000 pistas homologadas para pousos e decolagens.

“Existem cidades que recebem um voo por dia, uma vez por semana. Quem faz uma
reunião e precisa esperar até o dia seguinte para voltar tem muitas horas improdutivas. O
tomador de decisões não dispõe desse tempo para ficar ocioso em uma conexão
desnecessária”, diz Francisco Lyra, presidente da Associação Brasileira de Aviação Geral
(Abag).

Os aviões particulares também ganham força entre as companhias que atuam em diversas
cidades ao longo do território brasileiro, como varejistas e bancos. Com mais de 500 lojas
espalhadas em dez Estados do País, a Casas Bahia foi uma das empresas que investiu
em frota própria. A empresa tem dois hangares no aeroporto Campo de Marte, em São
Paulo, com pelo menos três aviões – entre eles um jato executivo Challenger 605 -, além
de três helicópteros.

A lista de companhias que contam com aeronaves particulares é extensa. Segundo


revendedores consultados pelo iG, empresas como Pernambucanas, Riachuelo, AmBev,
Marfrig, Friboi, Petrobras, Brasil Foods, Odebrecht, Vale, Camargo Corrêa, Bradesco e
Itaú contam com as facilidades de jatos e helicópteros como meio de transporte para seus
executivos.

Para Cássio Polli, diretor da Aerie Aviação Executiva, cerca de 95% das aeronaves
particulares compradas hoje no Brasil têm como foco o uso para negócios. Seu mais novo
cliente fechou a compra de um jato Hawker 850 XP, que tem capacidade de transportar
até nove passageiros, por US$ 8 milhões. “Ele tem uma rede de 400 lojas no Brasil e
chega a visitar seis cidades em um único dia. Com esse jato, ele poderá sair do Nordeste
e ir até Porto Alegre, Rio Branco e Boa Vista sem fazer escalas”, diz Polli, que prefere
manter em sigilo o nome do comprador.

Foto: Divulgação Ampliar


Polli, da Aerie: 2011 deve ser o melhor ano para a companhia

Frota particular é maior do que a das companhias aéreas

Os números mostram que o crescimento da aviação executiva no País é uma realidade.


Entre 2008 e 2010, os novos registros de aeronaves TPP – prefixo usado para os modelos
de uso privado (que vão de helicópteros a jatos) – cresceram 76%, segundo dados da
Agência Anac. Entre 2009 e 2010, a expansão foi um pouco menor, mas ainda impõe
respeito: de 50%.

Somente no ano passado, 652 aeronaves foram registradas para uso privado no País. O
número de 2010 já supera o total de aeronaves das tradicionais companhias aéreas
brasileiras, cuja frota é de 619 aviões, segundo a Anac.

As perspectivas para o mercado brasileiro no médio prazo também são otimistas.


Segundo representantes do setor, a indústria mundial de aeronaves deve produzir cerca
de 11 mil aviões nos próximos 10 anos, sendo que 4% da demanda mundial deve ser
concentrada no Brasil.

Quando consideradas as aeronaves das companhias de táxi aéreo e fretadas, o


crescimento da aviação executiva é ainda maior: em 2010, foram 75 novos aviões
registrados, com frota total de 1534 aeronaves. “Se fossemos uma companhia aérea,
seríamos a maior do Brasil”, diz Lyra, da Abag.
Para este ano, as revendedoras estão otimistas. A Aerie Aviação Executiva espera fechar
a venda de 15 aviões em 2011, crescimento de praticamente 100% com relação ao ano
passado. Caso o número se confirme, será o melhor ano em volume de vendas para a
companhia, superando o patamar de 14 aeronaves alcançado em 2008.

“O mercado retomou o crescimento no fim do ano para cá, no período pós-eleição”, explica
Polli. Ele diz que a demanda por novas aeronaves estava represada pela crise mundial –
estourada, nos Estados Unidos, em setembro de 2008 - e pelas indefinições com relação
às eleições. “Muitos empresários seguraram a intenção de compra nesse período”, afirma.

Importação de modelos usados

Foto: Divulgação/Glenio Campregher Ampliar


Hangar da Algar Aviation: mercado promissor no Brasil

A compra de aeronaves por brasileiros ficou mais fácil nos últimos anos pela
desvalorização do dólar, moeda que baliza os contratos, e por reflexos da crise econômica
internacional. Em uma pesquisa no site de classificados FlightMarket é possível encontrar
90 modelos anunciados, com preços entre R$ 105 mil e R$ 8,1 milhões.

Os modelos usados ganharam relevância no setor brasileiro. Muitas empresas


estrangeiras tiveram que se desfazer de ativos para enfrentar a crise e passaram a
oferecer aviões seminovos por preços competitivos.

O percentual de aeronaves usadas vendidas na TAM Aviação Executiva, por exemplo,


pulou de 15% para 40% nesse período, segundo Fiuza. A companhia vende, em média, 70
unidades de aviões e helicópteros por ano. O deságio de um modelo com um ano de uso
chega a 35% atualmente, o triplo do desconto oferecido por um avião com a mesma idade
antes da crise econômica.

A chegada das aeronaves usadas ao Brasil aquece os serviços de manutenção. Enquanto


as áreas de vendas e fretamentos de aviões da Algar Aviation sofreram quedas nas
vendas com a crise, a unidade de manutenção continuou a crescer. “Ninguém voa em uma
aeronave usada sem antes fazer uma revisão. E a cada 150 horas de voos precisa fazer
uma manutenção”, Rogério Montalvão, diretor-presidente da holding Algar.

Uma alternativa

Para os empresários que não dispõem de recursos para comprar uma aeronave – ou não
consideram a compra vantajosa no plano de negócios -, o mercado oferece outras opções
à aviação comercial: os voos fretados.

O perfil do cliente do fretado é o mesmo dos compradores de aviões: empresas que


querem comodidade e agilidade nas viagens de seus executivos. “A diferença é que essas
companhias, em geral, não estão dispostas a imobilizar recursos para comprar um avião”,
afirma Montalvão.

Os preços dos fretamentos foram favorecidos pela queda do dólar e do barril de petróleo
no ano passado. O custo para fretar um jato é de cerca de R$ 15 por quilômetro. Assim, o
trecho de Uberlândia para Belo Horizonte, por exemplo, sai por R$ 16 mil. Com o
aquecimento a economia brasileira, a Algar Aviation espera uma elevação de 20% nos
fretamentos e uma estabilidade nos preços, exceto se a cotação do barril de petróleo
disparar. “Aí os preços vão subir em todo o mercado”, diz Montalvão.

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