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Debora Midori Kajita
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Orientadora: Prof.ª Vanessa Ishikawa Rasoto
RESUMO
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Acadêmica do curso de Ciências Contábeis da UNIFAE - Centro Universitário Franciscano. dekajita@pop.com.br
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Professora de graduação e pós-graduação da UNIFAE - Centro Universitário Franciscano e da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR. vrasoto@hotmail.com
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INTRODUÇÃO
1 ANÁLISE DINÂMICA
Conforme Brasil & Brasil (1997), o capital de giro (CDG) é calculado por meio das
contas permanentes de longo prazo vinculadas à operação.
Na opinião de Martins e Neto (1985), capital de giro representa o valor total dos
recursos aplicados pela empresa para financiar seu ciclo operacional.
Segundo HOJI (2000), em seu conceito econômico, capital de giro é o que deve ser
investido para garantir o funcionamento das operações da empresa (para cobrir o ciclo
operacional).
Para Fleuriet et al. (2003, p.12), o capital de giro, de uma maneira econômica e
financeira, constitui uma fonte de fundos permanentes utilizada para financiar a necessidade de
capital de giro (NCG).
Gitman (2003, p.400) demonstra que o ciclo operacional é o tempo necessário para
que retorne ao início da operação, isto é, inicia-se no desembolso para começar o processo de
produção (compra MP) e finaliza-se no retorno desse desembolso mediante o recebimento da
venda do produto acabado.
Fleuriet et al. (2003, p.6) indicam que a necessidade de capital de giro ocorre quando,
no ciclo financeiro, as saídas de caixa acontecem antes das entradas, ocasionando uma
necessidade de aplicação permanente de fundos.
De acordo com Brasil & Brasil (1997) e Matarazzo (1998), a necessidade de capital de
giro é calculada pela diferença entre as contas cíclicas do ativo e as contas cíclicas do passivo.
Demonstra a defasagem de tempo e de valor entre as operações que as contas representam.
Contas cíclicas: São contas que estão sempre girando, portanto, com reposição
automática e que acompanha o ritmo do negócio.
Consoante Brasil & Brasil (1997), o saldo de tesouraria é calculado pelas contas
erráticas de curto ou curtíssimo prazo, lembrando que contas erráticas são contas de curto e
curtíssimo prazo não relacionadas com o processo produtivo e não estratégicas como no caso
das contas de longo prazo.
Matarazzo (1998) defende que os índices de liquidez não podem ser confundidos com
a capacidade de pagamento, pois não são extraídos do fluxo de caixa que compara as
entradas e saídas de dinheiro.
Para Martins e Neto (1985), os índices desse grupo são um sinalizador da sua
capacidade de pagamento, demonstrando a situação financeira da empresa. Mostram a
relação entre o caixa e outros ativos em comparação com os seus passivos em uma
associação lógica.
A composição desse grupo será mencionada a seguir, de acordo com ambos os
autores.
a) Liquidez imediata
É a relação existente entre o disponível e o passivo circulante e serve para verificar o
nível de caixa da empresa e não tem valor isoladamente.
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DISPONÍVEL
LIQUIDEZ IMEDIATA =
PASSIVO CIRCULANTE
b) Liquidez corrente
Indica a extensão pela qual os passivos circulantes serão cobertos pelos ativos que se
espera converter em caixa no próximo exercício. Serve para verificar se há recursos em giro
suficientes para o resgate dos compromissos de curto prazo.
Quanto maior a diferença com a liquidez seca, maior a dependência da venda de
estoques.
ATIVO CIRCULANTE
LIQUIDEZ CORRENTE =
PASSIVO CIRCULANTE
c) Liquidez seca
Serve para verificar até que ponto uma retração nas vendas afeta a capacidade de
pagamento da empresa.
Se houver uma queda acentuada em relação à liquidez corrente, denota-se alto grau
de dependência de estoques.
d) Liquidez geral
É a medida que se presta à análise financeira de longo prazo, pois leva em
consideração não só os valores componentes do ativo circulante, como também os valores
vinculados ao realizável em longo prazo e as obrigações exigíveis por terceiros.
Para Martins e Neto (1985), são utilizados para verificar a composição das fontes
passivas de recursos de uma empresa, mostrando a utilização dos recursos de terceiros e sua
participação em relação ao capital próprio (grau de comprometimento).
Matarazzo (1998) aponta que serve para medir a proporção de recursos próprios
investidos no ativo permanente, isto é, o quanto a empresa aplicou no ativo permanente para
cada $100 de Patrimônio Líquido. Quanto menor, melhor, pois verifica se a aplicação de
recursos em valores não circulantes está afetando a solvência da empresa e indica o grau de
financiamento do ativo permanente pelos capitais próprios.
Em princípio, o ativo permanente deve ser financiado pelo PL, com prioridade, e
quando insuficiente, complementado por recursos de terceiros, mas amortizáveis em longo
prazo.
PERMANENTE X 100
IMOB. CAP. PRÓPRIO =
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Para Martins e Neto (1985) e Matarazzo (1998), indica fundos permanentes de longo
prazo que financiam as imobilizações, demonstrando se a empresa utiliza capital de terceiro de
curto prazo para financiar seus bens permanentes, comprometendo, muitas vezes, a
capacidade de pagamento de curto prazo.
PERMANENTE X 100
IMOB. REC. PERMANENTE =
PATRIMÔNIO LÍQUIDO + PELP
EXIGÍVEL TOTAL
CAP. TERC./CAP. PRÓPRIO =
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
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EXIGÍVEL TOTAL
CAP. TERC./PASSIVO TOTAL =
PASSIVO TOTAL
Matarazzo (1998) e Martins e Neto (1985) apontam que esse índice mostra qual a taxa
de rendimento do capital próprio, isto é, o retorno dos recursos aplicados na empresa pelos
seus proprietários.
Para Matarazzo (1998), essa taxa pode ser comparada com outros rendimentos
alternativos proporcionados pelo mercado, para se concluir se estão ou não satisfatórios.
LUCRO LÍQUIDO
RETORNO SOBRE O PL =
PL MÉDIO
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Como afirmado por Martins e Neto (1985) e Matarazzo (1998), a lucratividade das
vendas indica o quanto a empresa tem de retorno a cada venda realizada, isto é, a eficiência
da empresa em produzir lucro por meio de suas vendas.
Conforme Martins e Neto (1985) e Matarazzo (1998), o retorno sobre as vendas pode
ser apurado em termos líquidos (Margem líquida):
LUCRO LÍQUIDO
MARGEM LÍQUIDA =
VENDAS LÍQUIDAS
LUCRO OPERACIONAL
MARGEM OPERACIONAL =
VENDAS LÍQUIDAS
O prazo médio de pagamento das compras indica a média de quantos dias a empresa
leva para pagar seus fornecedores.
Para um exercício de um ano calendário, é calculado da seguinte maneira:
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O prazo médio de rotação dos estoques indica a média de quantos dias os produtos
ficam armazenados na empresa enquanto não são vendidos.
Para um exercício de um ano calendário, é calculado da seguinte maneira:
4 GRAU DE ALAVANCAGEM
RSPL
GAF=
RSA
Conforme Brasil & Brasil (1997), a alavancagem financeira demonstra a ligação entre o
lucro gerado do patrimônio líquido antes do imposto de renda e o seu rendimento econômico
ligado às suas operações.
Segundo Hoji (2000), ocorre quando o capital de terceiros de longo prazo produz efeitos
sobre o patrimônio líquido. Gitman (2003, p.197) afirma que alavancagem financeira é a “ampliação
do retorno e risco obtido por meio do uso de financiamento de custo fixo”. O retorno e o risco
esperados serão maiores quando houver uma maior utilização de dívidas de custo fixo.
Para Martins e Neto (1985), quanto mais distante a empresa estiver de seu ponto de
equilíbrio, menor será o seu grau de alavancagem operacional, pois menor será o impacto
(percentualmente) sobre o lucro da variação proveniente da alteração no volume de atividade.
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ANÁLISE DINÂMICA
Em R$/Mil
ANÁLISE DINÂMICA 2002 2001 2000
Nos três anos de análise, a empresa não tem fontes de recursos de longo prazo
suficientes para o financiamento das aplicações de recursos de longo prazo e ainda necessita
de capital de giro para financiar sua atividade operacional resultando em tesouraria negativa
om evidente falta de liquidez.
ÍNDICES DE LIQUIDEZ
O retorno sobre o ativo demonstra que, nos períodos de 2000 e 2001, a empresa
gerava sobre as aplicações realizadas em seus ativos 6%. Já em 2002 passou a ser de –4%.
O retorno sobre o patrimônio líquido, ou seja, a rentabilidade do capital próprio, a qual
consiste no retorno dos recursos aplicados na empresa pelos seus proprietários, indica que
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havia 10% de lucro de cada valor aplicado em 2000 e 9% em 2001. Em 2002 ocorreu uma
grande queda para -7%.
A lucratividade das vendas, que demonstra a eficiência de uma empresa em produzir
lucro por meio de suas vendas, mostra que, nos períodos de 2000 e 2001, a lucratividade
operacional foi de 21%, mas, em 2002, sofreu uma relevante queda para –12%.
A lucratividade líquida, em uma mesma situação foi de 28% em 2000 e 29% em 2001
para –13% em 2002.
GRAU DE ALAVANCAGEM
O grau de alavancagem financeira aumentou de 1,51 do ano de 2000 para 1,81 para o
ano de 2002, evidenciando um aumento de utilização de capital de terceiros pela empresa.
Esse aumento, no ano de 2000, para o ano 2001 é considerado favorável. No ano de 2002, a
alavancagem financeira foi considerada desfavorável por não trazer retorno ao acionista.
Relatório da Análise
Para fins de análise financeira, observam-se, com maior ênfase, para se chegar a uma
conclusão os seguintes pontos:
Rentabilidade:
nos anos de 2000 e 2001, apresentou 9% e 10%, respectivamente de rentabilidade
sobre o patrimônio líquido. Analisando-se, como investidor, nota-se que existiam
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aplicações financeiras com um retorno maior que aquele, pois a média do setor era
de 30,871%;
em 2002, a empresa obteve resultados insatisfatórios em todos os índices de
rentabilidade e lucratividade, pois, além de estarem abaixo da média do setor,
demonstram-se com prejuízo.
Estrutura de capitais:
a empresa demonstrou uma estabilidade da proporção de seu endividamento, isto
é, em 2001 e 2002, a representatividade percentual do capital próprio foi de 45%, e
a do capital de terceiros, de 55%;
com referência à imobilização de capital próprio e de recursos permanentes,
demonstra-se que, em 2002, afetou-se a solvência e a capacidade de pagamento
da empresa.
Capacidade de pagamento:
nos períodos analisados, a empresa não apresentou capacidade suficiente de
pagamento das suas dividas de curto e longo prazo, mas houve uma melhora
gradativa no decorrer dos períodos e, mantendo-se esse mesmo ritmo observado
em 2002, pode-se ter uma expectativa de melhora da liquidez geral.
Parecer Geral
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.
BRASIL, Haroldo Vinagre; BRASIL, Haroldo Guimarães. Gestão financeira. 4.ed. Qualitymark, 1997.
FLEURIET, Michel; KEHDY, Ricardo; BLANC, Georges. A dinâmica financeira das empresas
brasileiras: um método de análise, orçamento e planejamento financeiro. 3.ed. São Paulo:
Campus, 2003.
GITMAN, Lawrence J.; MADURA, Jeff. Administração financeira: uma abordagem gerencial. São
Paulo: Pearson Addison Wesley, 2003.
MARTINS, Eliseu; NETO, Alexandre Assaf. Administração financeira. 1.ed. São Paulo: Atlas, 1985.
MATARAZZO, Dante. Análise financeira de balanços. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1998.
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MONTGOMERY, Cynthia A.; PORTER, Michael E. (Org.) Estratégia. 3.ed. Rio de Janeiro:
Campus, 1998.
NASCIMENTO, Auster Moreira. Uma contribuição para o estudo dos custos de oportunidade.
Dissertação (Mestrado em Contabilidade) – Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1998.
PEREIRA, José da Silva. Análise financeira das empresas. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2000.
PETER, J. Paul; CERTO, Samuel C. Administração estratégica. São Paulo: Makron Books, 1993.