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CONHECENDO O NOSSO LIXO

Atividades humanas geram lixo. Esteja onde estiver, o ser humano produz
resíduos: em casa, nas indústrias, nos estabelecimentos comerciais, nas
escolas, nos hospitais ou no campo, cultivando alimentos ou criando animais.
Nos últimos séculos, o desenvolvimento de novas tecnologias e a adoção de
um modelo econômico baseado na produção e no consumo em grande escala
incrementaram a produção de lixo. Ao lado disso, as áreas disponíveis para
deposição do lixo tornaram-se escassas e a sujeira acumulada tem aumentado
a poluição do solo, das águas e do ar, além de piorar as condições de saúde
das populações. Não é à toa, portanto, que esse é um grave problema da
atualidade. Se você quiser conhecê-lo melhor, clique em cada um dos títulos
do roteiro proposto:

O que é lixo

Em suas diversas atividades, os seres humanos produzem grande quantidade


de resíduos. Nas indústrias, são produzidos gases e partículas que se
espalham na atmosfera, podendo também se misturar às águas de rios, lagos e
mares. As atividades domiciliares geram grandes quantidades de resíduos
provenientes de embalagens, sobras de alimentos, papel utilizado em higiene.
Esgotos e águas contendo detergentes e outros produtos químicos também
saem das residências. Entre os diferentes tipos de resíduos que os seres
humanos produzem, chama-se lixo os restos que se apresentam em estado
sólido, semi-sólido, pastoso ou semi-líquido, isto é, com conteúdo líquido
insuficiente para que o material possa fluir sem ser pressionado. Uma
característica marcante do lixo é o fato de que, por ser sólido, semi-sólido ou
semi-líquido, ocupa muito espaço, provocando enormes problemas quando
deve ser armazenado. Grande parte dos resíduos produzidos diariamente não
se decompõe quando deixada em qualquer local. Frutos do avanço
tecnológico, embalagens descartáveis e demais produtos industrializados
demoram meses e até anos para desaparecer. Um simples filtro de cigarro ou
um chiclete já representam um desafio extenuante para a natureza, demorando
até cinco anos para serem totalmente decompostos, enquanto outros materiais,
como plásticos e latas de alumínio chegam a permanecer intactos no ambiente
por séculos a fio.

Tempo necessário para a decomposição natural de alguns materiais

Papel - 3 meses, no mínimo

Madeira - 6 meses

Matéria orgânica - 2 a 12 meses

Cigarro - 1 a 2 anos

Chiclete - 5 anos
Latas de aço - 10 anos

Embalagem longa vida - mais de 100 anos

Plásticos - mais de 100 anos

Pneus - mais de 100 anos

Latas de alumínio - mais de 1.000 anos

Vidro - mais de 10.000 anos

O que sobra das atividades humanas e que é descartado em forma de lixo


deve ser considerado público ou privado? Aquilo que uma pessoa joga na
lixeira continua sendo de sua propriedade? Sendo público ou privado, o
material descartado deve ter uma destinação adequada que busque a
preservação do meio ambiente. Os efeitos produzidos pelo lixo não têm um
alcance apenas no âmbito privado. O modo como é feito o processo de
descarte, coleta, tratamento e deposição final dos resíduos afeta a vida de toda
a coletividade e, portanto, a preocupação com a questão do lixo deve ser
pública e de todos.

Pensar a questão do lixo do ponto de vista educativo significa considerar


diversos aspectos:

A produção de lixo na sociedade: como o lixo é produzido; como as principais


fontes geradoras de lixo têm origem em nossas atividades econômicas, pensar
a produção de lixo é pensar o próprio processo produtivo como um todo.O
destino dado ao lixo na sociedade: como o lixo é coletado, transportado,
tratado e depositado, nos mais diferentes tipos de ambientes. As políticas
públicas existentes com relação à produção, destino e tratamento de todos os
tipos de lixo. Por exemplo, o trabalho relacionado com a diminuição da
produção de lixo, a questão da coleta seletiva e da preocupação com a
reciclagem e a reutilização de materiais. A responsabilidade de cada indivíduo
pelo tipo e quantidade de lixo que produz: desde a necessidade de adotar
condutas conscientes e responsáveis pelo consumo de produtos que gerem
pouco lixo até a participação em mobilizações que visem a aprimorar
processos de produção com o propósito de gerar menor quantidade de lixo ou
de gerar lixo que seja menos prejudicial ao ambiente, mais fácil de armazenar
ou transformar em outros materiais úteis.

Tipos de lixo

O lixo pode ser classificado de várias formas, dependendo do aspecto que está
sendo considerado. As classificações mais utilizadas para o lixo são aquelas
que levam em conta sua origem, composição química e periculosidade.

1. Classificação pela origem


Domiciliar

É constituído por restos de alimentos da vida cotidiana das habitações,


produtos deteriorados, jornais e revistas, embalagens em geral, papel
higiênico, dejetos, entre outros itens.

Comercial

Composto por grande quantidade de papel, plásticos, embalagens, além de


resíduos de asseio, como papel toalha e papel higiênico, produzidos por
diferentes tipos de estabelecimentos comerciais e de serviços.

Industrial

Proveniente das atividades industriais (metalurgia, química, petroquímica,


papeleira, alimentícia etc.). O lixo industrial é variado, podendo se constituir de
cinzas, lodo, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira,
fibras, borracha, metal, vidros, entre outros. Muito do lixo considerado tóxico é
produzido pelas indústrias.

Público

Originado de limpeza pública urbana e da limpeza de áreas de feiras livres.

Serviços de saúde e hospitalar

São os chamados resíduos sépticos, que contêm germes patogênicos -


organismos capazes de provocar doenças - e que são descartados por
estabelecimentos de saúde, tais como hospitais, clínicas, laboratórios,
farmácias, postos de saúde e clínicas veterinárias.

Portos, aeroportos, estações rodoviárias e ferroviárias

Materiais de higiene pessoal e restos de alimentos desses locais que podem


veicular doenças provenientes de outras localidades.

Agrícola

São resíduos sólidos das atividades agrícolas e da pecuária, como embalagens


de adubos, defensivos agrícolas, ração ou restos de colheita. As embalagens
de agroquímicos devem ser tratadas de forma especial, pois geralmente
carregam resíduos altamente tóxicos.

Entulhos

São os resíduos da construção civil, como materiais de demolição, restos de


obras e solos de escavações.

Atômico
É o material que resulta da queima de combustível nuclear, em reatores
nucleares existentes em centros universitários de pesquisa ou nas usinas
termonucleares de geração de energia elétrica (como as usinas Angra I e
Angra II, existentes no Rio de Janeiro).

2. Classificação por composição química

A classificação do lixo quanto à composição química considera apenas a


diferença entre o lixo composto por materiais orgânicos e o lixo composto por
materiais inorgânicos.

O lixo orgânico é aquele formado principalmente por restos de comida e outros


materiais biodegradáveis. Já o lixo inorgânico é formado por materiais como
metais, vidros, borracha, plásticos e outros materiais cuja decomposição por
processos naturais envolve períodos de tempo superiores a décadas ou
séculos. Independentemente de sua origem, o lixo orgânico necessita de
transporte e armazenamento muito diferentes dos usados com o lixo
inorgânico.

3. Classificação quanto à sua periculosidade

O lixo pode ser classificado em função dos riscos potenciais que pode causar
ao meio ambiente, incluindo aí os seres vivos, particularmente os seres
humanos. Os perigos associados ao lixo podem ser devidos à presença de
alguma substância venenosa ou potencialmente transmissora de doenças. É o
caso dos chamados lixos tóxicos, de atividades industriais (restos de tintas e
vernizes, por exemplo), de atividades hospitalares (restos de curativos
contaminados, agulhas hipodérmicas usadas), ou mesmo de atividades
agrícolas (venenos e suas embalagens, por exemplo). Outro tipo de lixo
perigoso é o atômico, resultante da atividade de usinas nucleares. O perigo
desses materiais está no fato de que são radioativos e essa radioatividade
pode provocar doenças como queimaduras na pele e câncer. Algumas
atividades hospitalares fazem uso de materiais radioativos para tratamento de
doenças específicas. Esses materiais, quando não são mais utilizados,
precisam ser armazenados com cuidado para evitar contaminação radioativa
do ambiente ou mesmo de pessoas que possam vir a manipular esse material
depois de descartado. Pilhas e baterias (principalmente aquelas recarregáveis)
constituem-se lixo tóxico de grande periculosidade. Tanto é assim, que já
existem leis que obrigam os fabricantes de pilhas e baterias recarregáveis a se
responsabilizarem por aquelas que não são mais utilizadas, dando a elas um
destino seguro.

Conseqüências das destinações dadas ao lixo

O lixo é um assunto que diz respeito a todo ser humano, tanto no plano
individual como no coletivo. Vivendo em qualquer espaço – rural ou urbano,
grande ou pequeno –, todos nós geramos lixo. Ações locais podem ter
conseqüências globais. Os resíduos produzidos em um determinado lugar e
lançados em um curso d’água ou no seu entorno, por exemplo, podem
contaminar outros locais, pois um rio geralmente corta mais de uma cidade. Da
mesma forma, queimar lixo libera gases tóxicos que atingem a atmosfera e se
espalham pelo planeta, produzindo alterações climáticas e doenças
respiratórias e cutâneas.

Considerações sobre os componentes potencialmente perigosos no lixo


domiciliar

O império da sujeira

Um solo contaminado, ao ser lavado pelas chuvas, pode acabar atingindo o


lençol freático. É capaz também de poluir rios e tornar a água de várias
localidades imprópria para o consumo. Não é sem motivos, portanto, que os
dejetos decorrentes de atividades humanas precisam ter um destino.

Possíveis destinações do lixo

O destino do lixo - seja urbano, agrícola, industrial ou mesmo atômico -


representa um dos graves problemas do mundo contemporâneo. Muitas vezes
o lixo recolhido por caminhões é lançado nos arredores da cidade, nos
chamados lixões, para onde são destinados cerca de 75% dos resíduos
produzidos pelos municípios brasileiros. Esse é o pior destino que se pode dar
ao lixo, pois os resíduos permanecem a céu aberto, sem medidas de proteção
ao ambiente ou à saúde pública. Favorece também a disseminação de
doenças por meio de insetos e ratos, gera mau cheiro e, principalmente,
contamina o solo e as águas.

Felizmente, existem soluções para dispor o lixo de maneira mais adequada,


porém essas soluções dependem do engajamento das pessoas e de políticas
públicas que garantam o correto destino e tratamento do lixo. Veja alguns
destinos e tratamentos possíveis para o lixo:

Aterro sanitário

Aterros sanitários são grandes terrenos onde o lixo é depositado de modo


adequado, procurando-se minimizar ao máximo os problemas ambientais e de
saúde pública decorrentes dessa armazenagem. São feitos sobre terreno
impermeabilizado para evitar infiltração de materiais tóxicos no solo e lençóis
freáticos. As camadas de lixo depositadas são cobertas com terra e outros
materiais inertes, evitando mau cheiro, presença de moscas e outros animais.
Desde que corretamente construídos e distantes das zonas residenciais, os
aterros sanitários são uma alternativa ambientalmente adequada para a
destinação do lixo. Mas têm como desvantagem não permitir o
reaproveitamento de materiais úteis, como o vidro, o metal, o papel e o
plástico, e, nas grandes cidades, esgotam-se rapidamente por receber
enormes quantidades de lixo.
Solo impermeabilizado para evitar a contaminação do solo freático.

Lixo compactado (cerca de 1 m de espessura) por máquinas.

Camada de terra (30 cm) cobrindo o lixo compactado, para evitar a proliferação
de ratos e insetos.

Por meio destas canaletas, o chorume – líquido escuro e malcheiroso que


escorre dos sacos de lixo – escoa para lagoas impermeabilizadas, construídas
para esse fim.

Nas lagoas, o chorume é tratado e acaba se transformando em adubo.

Por chaminés com filtros, os gases liberados pela decomposição do lixo


encontram saída, podendo também ser aproveitados como combustível
(biogás).

Alguns anos após a conclusão do aterro sanitário, o terreno pode ser utilizado
como área de lazer.

Usina de compostagem

Esse pode ser o destino de grandes quantidades de lixo domiciliar. A


compostagem é um processo de decomposição biológica da matéria orgânica
presente no lixo, por meio da ação de microorganismos existentes nos
resíduos, em condições adequadas de aeração (processo de renovação do ar
de um ambiente; ventilação), umidade e temperatura. O resultado desse
processo é o composto orgânico. Uma tonelada (1.000 Kg) de lixo doméstico
rende cerca de 500 Kg de composto orgânico.

1ª etapa: o lixo é transportado até uma mesa, na qual se realiza a separação


manual de plásticos, papéis, tecidos, vidros e metais. Esses materiais são
vendidos para indústrias de reciclagem ou oficinas de reutilização.

2ª etapa: o que restou da primeira separação é levado para o separador


magnético. Por meio de um eletroímã, objetos de ferro e aço são retirados
nessa etapa.

3ª etapa: o lixo restante segue para a câmara de fermentação aeróbica, um


local fechado onde correntes de ar revolvem os dejetos. Parte da energia
liberada nesse processo se converte em calor, atingindo a temperatura de 70º
C, o que provoca a morte da maioria dos microrganismos patogênicos que se
desenvolvem no lixo.

4ª etapa: após a fermentação, a mistura é peneirada nesta máquina. Os


pedaços maiores (pedras, galhos) ficam retidos e levados para um aterro
sanitário. A porção que passou pela peneira é o composto orgânico cru. Este
composto passa pela cura: fica ao ar livre por cerca de 60 dias. Depois, pode
ser usado em hortas, jardins e pomares. A produção de adubo orgânico
também pode ser realizada em casa.

Reciclagem e reutilização

A superprodução de lixo e o descarte prematuro de materiais que ainda


cumprem a sua finalidade ou que são passíveis de reutilização ou reciclagem
podem refletir uma atitude marcada pelo desperdício. Reutilizar significa
aproveitar novamente um objeto para alguma finalidade, em vez de jogá-lo
fora, como usar latas de cerveja como porta-lápis ou garrafas de vidro como
base de abajur. Reciclar significa aproveitar o material de que é feito um objeto
para transformá-lo em um novo. Por exemplo, restos de alimento geram adubo
ou papel usado e limpo dá lugar a papel reciclado.

Política dos três Rs: reduzir o desperdício, reutilizar o que for possível e
reciclar

Catadores de lata transformam o Brasil no líder de reciclagem no mundo

Também é importante pensar no modo como descartamos nossos resíduos, na


necessidade de agrupá-los por categorias (papel, plástico, metal, vidro, lixo
orgânico e pilhas, baterias e celulares) conforme o tipo de destinação que
podem ter, visando a sua coleta seletiva. Como a grande maioria das cidades
não tem coleta seletiva, é preciso dar uma destinação a cada tipo de lixo. As
escolas, outras instituições da sociedade civil e a comunidade mobilizadas
podem exigir do poder público ações adequadas à destinação do lixo como a
coleta seletiva. Contudo, alguns materiais são mais difíceis de serem
reaproveitados, a exemplo das pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes.

Incineração

Este é o destino mais adequado para o lixo hospitalar, já que o grau de


contaminação desse tipo de resíduo é bastante grande. Os contaminantes
biológicos – como vírus, bactérias e fungos –, que podem trazer graves
conseqüências à saúde pública caso o lixo tenha qualquer outro destino, são
eliminados em incineradores. A cinza resultante da queima do lixo é estéril – ou
seja, não está contaminada, e representa 10% do volume inicial dos dejetos.
Pode ser levada para um aterro sanitário. A tecnologia em uso só apresenta
um problema: a poluição atmosférica causada pelos gases tóxicos liberados
durante a queima do lixo. Para evitá-la, é indispensável colocar filtros nos
incineradores.

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