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Justificativa:
Entre grupos sociais existem diferenças marcantes no sofrer ou no modo de reagir às
doenças. Quadros patológicos que dominam uma época, como a peste no século XIV e a
tuberculose no século XIX, regridem em outro momento, enquanto se aproximam e prevalecem
outras patologias, como atualmente os tumores e as doenças cardiocirculatórias e, mais
recentemente, a Aids. Além disso, as nações, as classes sociais, os indivíduos são atingidos pela
doença de forma muito diferente.
Existe uma historicidade nas doenças ligada a todos os acontecimentos do ser humano,
porquanto a doença não é tão somente um conjunto de sinais e sintomas que nos leva a procurar
um médico, mas também um acontecimento que ameaça e modifica nossa existência, seja
individual ou coletivamente, muitas vezes com graves conseqüências.
Objetivos:
A disciplina tem por finalidade problematizar a doença como um objeto de estudo da História,
possibilitando o entendimento da doença como um fato social, cujo significado é construído de
forma particular por cada cultura. Pretende, portanto, afirmar a historicidade dos fenômenos
mórbidos, estabelecendo nexos entre a condições biológicas e a ordem social.
Dinâmica do curso:
Avaliação:
Este módulo pretende, a partir de leituras de textos teóricos e metodológicos que adotam
perspectivas diversas, discutir as possibilidades de questões reveladas em um estudo de história
de doenças. Pretende-se ainda analisar e discutir a dinâmica nosográfica e nosológica que implica
questões culturais e estágio da biomedicina.
Aula 1: Painel Geral: A doença como experiência individual e coletiva
HERZLICH, Claudine. “Saúde e doença no início do século XXI: entre a experiência privada e a
esfera pública”. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Vol.14, nº 2, 2004.
SONTAG, Susan, A doença como metáfora, trad. Márcio Ramalho, Rio de Janeiro, Graal,
1984.
CUETO, Marcos, El Regreso de las Epidemias: salud y sociedad en el Perú del siglo XX,
Lima, IEP, 1997.
ROSEMBERG, Charles E., Explaining Epidemics and other studies in the History of
Medicine, Cambridge University Press, Cambridge, 1995.
ELIAS, Nobert. A solidão dos moribundos, trad. Plínio Dentzien, Rio de Janeiro, Jorge Zahar
Editor, 2001, 1987.
HERZLICH, Claudine. Os encargos da morte, trad. Jane Dutra Sayd, Rio de Janeiro, IMS/Uerj,
1993, Série Estudos em Saúde Coletiva n? 52.
Este módulo pretende discutir a diversidade de fontes possíveis para um estudo histórico de
doenças, privilegiando a imprensa, a iconografia e os depoimentos orais.
BEVILACQUA, Paula Dias et al. “Leishmaniose visceral: história jornalística de uma epidemia
em Belo Horizonte”. Interface – comunicação, saúde, educação, v.4, n.7, , Botucatu,
SP: Fundação UNI, 2000, pp 83-103
HERZLICH, Claudine, “Uma doença no espaço público”, trad. Cláudia Corbisier, Physis:
Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, IMS/Uerj, Relume Dumará, vol. 2, nº 1, 1992,
pp.7-36.
HOCHMAN, Gilberto, MELLO, Maria Teresa Bandeira de e SANTOS, Paulo Roberto Elian
dos. “A Malária em foto: imagens de campanhas e ações no Brasil da primeira metade do
século XX”. História, Ciências, Saúde: Manguinhos, 9(suplemento): 233- 273, 2002.
NASCIMENTO, Dilene R., “A face visível da Aids”, História, Ciências, Saúde - Manguinhos,
vol.IV, nº 1, jun.1997, pp.169-84.
MACIEL, Laurinda Rosa. “A solução de um mal que é um flagelo”. Notas históricas sobre a
hanseníase no Brasil do século XX. In: NASCIMENTO, Dilene R. e CARVALHO, Diana
Maul (orgs). Uma história brasileira das doenças. Brasília, Paralelo 15, 2004, pp.109-
125.
Aula 8: Sífilis
CARRARA, Sérgio. Estratégias anticoloniais: sífilis, raça e identidade nacional no Brasil do entre-
guerras. In: Hochman, Gilberto e ARMUS, Diego. Cuidar, Controlar e Curar: ensaios
históricos sobre saúde e doença na América Latina e Caribe. Rio de Janeiro, Editora
Fiocruz, 2004, pp.427-454.
MARQUES, Vera Beltrão. A espécie em risco: Sífilis em Curitiba nos anos 1920. In:
NASCIMENTO, Dilene R. e CARVALHO, Diana Maul (orgs). Uma história brasileira
das doenças. Brasília, Paralelo 15, 2004, pp.277-294.
Aula 9: Loucura
SANTOS, Nádia Maria Weber. Histórias de vidas ausentes: a tênue fronteira entre a saúde e
a doença mental. Passo Fundo, Ed.Universidade de Passo Fundo, 2005
ENGEL, Magali. Os Delírios Da Razão: Médicos, Loucos e Hospícios (Rio de Janeiro, 1830-
1930).. Rio de Janeiro, Editora Fiocruz, 2001.
TRONCA, Ítalo. As máscaras do medo: lepra e aids. Campinas, São Paulo: Editora da
Unicamp, 2000.
BRITO, Nara. “La dansarina: A gripe espanhola e o cotidiano na cidade do Rio de Janeiro”.
História, Ciências e Saúde: Manguinhos, IV (1): 11-30, jun.1997
TEIXEIRA, Luiz Antonio. “Alastrim, varíola é?” História, Ciências e Saúde: Manguinhos, VII
(1): 47-72, março-junho, 2000.
CAMPOS, André Luiz, NASCIMENTO, Dilene R. e MARANHÃO, Eduardo. “A história da
poliomielite no Brasil e seu controle por imunização”. História, Ciências e Saúde:
Manguinhos, vol.10 – suplemento 2, 2003, pp.573-600.
ROGERS, Naomi. Dirt and disease: poliomylites before FDR. New Brunswick, Rutders
University Press, 1996.
CASTRO SANTOS, Luiz Antonio de. “Um século de cólera: itinerário do medo. Physis, Vol.4,
nº 1, 1994.
BRIGGS, Charles e BRIGGS, Clara Mantini. Introducción: Muerte en el Delta. In: BRIGGS,
Charles e BRIGGS, Clara Mantini. Las historias en los tiempos del cólera. Nueva
Sociedad, Caracas, 2004, pp.29-49.
PIMENTA, Tânia Salgado. Doses infinitesimais contra a epidemia de cólera no Rio de Janeiro
em 1855. In: NASCIMENTO, Dilene R. e CARVALHO, Diana Maul (orgs). Uma
história brasileira das doenças. Brasília, Paralelo 15, 2004, pp. 31-51.
Aula 14: Gênero e raça: doenças próprias?
MARQUES, Rita de Cássia. A imagem social do médico de senhoras no século XX. Belo
Horizonte, Coopmed, 2005.