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Fundação Oswaldo Cruz

Casa de Oswaldo Cruz


Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde

Disciplina: História das Doenças


C ÓDIGO: COC – 008M
COC – 023D
C URSO: MESTRADO E DOUTORADO
STATUS: Eletiva
Professor Responsável: Dilene Raimundo do Nascimento
Horário: 4ª feira – 13:30 às 17:00 h.
Créditos: 04

Justificativa:
Entre grupos sociais existem diferenças marcantes no sofrer ou no modo de reagir às
doenças. Quadros patológicos que dominam uma época, como a peste no século XIV e a
tuberculose no século XIX, regridem em outro momento, enquanto se aproximam e prevalecem
outras patologias, como atualmente os tumores e as doenças cardiocirculatórias e, mais
recentemente, a Aids. Além disso, as nações, as classes sociais, os indivíduos são atingidos pela
doença de forma muito diferente.

Existe uma historicidade nas doenças ligada a todos os acontecimentos do ser humano,
porquanto a doença não é tão somente um conjunto de sinais e sintomas que nos leva a procurar
um médico, mas também um acontecimento que ameaça e modifica nossa existência, seja
individual ou coletivamente, muitas vezes com graves conseqüências.

Consideramos as doenças como realidades dependentes, tanto do espaço e do tempo,


como das características dos indivíduos e dos grupos atingidos. Assim, devemos percebê-las
como realidades que têm dimensões sociais. A utilidade, por exemplo, da representação social no
campo da doença, nos mostra que qualquer que seja a importância da medicina moderna, a
doença é sempre um fenômeno que a ultrapassa e que a representação não é apenas um esforço
de formulação mais ou menos coerente de um saber, mas também interpretação e questão de
sentido. A interpretação coletiva dos estados do corpo coloca em questão a ordem social,
revela-nos as relações existentes entre o biológico e o social.

Objetivos:

A disciplina tem por finalidade problematizar a doença como um objeto de estudo da História,
possibilitando o entendimento da doença como um fato social, cujo significado é construído de
forma particular por cada cultura. Pretende, portanto, afirmar a historicidade dos fenômenos
mórbidos, estabelecendo nexos entre a condições biológicas e a ordem social.

Dinâmica do curso:

A cada sessão discutiremos o tema proposto com base na bibliografia indicada. A


discussão será iniciada com a exposição do assunto pelo professor, seguida de um debate com a
turma, guiado por um ou dois alunos, responsáveis pela apresentação da bibliografia.

Avaliação:

A avaliação se constituirá da discussão de textos durante o curso, da discussão das


propostas de trabalho final e de um trabalho final com temática relacionada a algum tópico da
ementa, a ser entregue 30 dias após o término do curso. À nota do trabalho será somada uma
nota referente à participação do aluno em sala e aula.

O curso está dividido em 3 módulos, com 15 aulas ao todo, a saber:

Módulo 1: A doença como objeto da história

Este módulo pretende, a partir de leituras de textos teóricos e metodológicos que adotam
perspectivas diversas, discutir as possibilidades de questões reveladas em um estudo de história
de doenças. Pretende-se ainda analisar e discutir a dinâmica nosográfica e nosológica que implica
questões culturais e estágio da biomedicina.
Aula 1: Painel Geral: A doença como experiência individual e coletiva

HERZLICH, Claudine. “Saúde e doença no início do século XXI: entre a experiência privada e a
esfera pública”. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Vol.14, nº 2, 2004.

Aula 2: História das Doenças: multiplicidade de perspectivas I

SONTAG, Susan, A doença como metáfora, trad. Márcio Ramalho, Rio de Janeiro, Graal,
1984.

SILVEIRA, Anny Jackeline Torres e NASCIMENTO, Dilene R. A doença revelando a história.


Uma historiografia das doenças. In: NASCIMENTO, Dilene R. e CARVALHO, Diana
Maul (orgs). Uma história brasileira das doenças. Brasília, Paralelo 15, 2004, pp.13-30.

Aula 3: História das Doenças: multiplicidade de perspectivas II

CUETO, Marcos, El Regreso de las Epidemias: salud y sociedad en el Perú del siglo XX,
Lima, IEP, 1997.

ROSEMBERG, Charles E., Explaining Epidemics and other studies in the History of
Medicine, Cambridge University Press, Cambridge, 1995.

Aula 4 : Doença e morte: suas representações

ELIAS, Nobert. A solidão dos moribundos, trad. Plínio Dentzien, Rio de Janeiro, Jorge Zahar
Editor, 2001, 1987.

HERZLICH, Claudine. Os encargos da morte, trad. Jane Dutra Sayd, Rio de Janeiro, IMS/Uerj,
1993, Série Estudos em Saúde Coletiva n? 52.

Aula 5: Nosografias, nosologias e classificação de doenças

LAST, J.M. Nosography: conceptual, epidemiological ande statistical implications. IN:


International Conference on Health Statistics for the Year 2000. Rockefeller Foundation
& World Health Organization. Budapest, Statistical Publishing House, 1984.p.34-48.

LAURENTI, R. Análise da informação em Saúde: 1893-1993, cem anos da Classificação


Internacional de Doenças.Revista de Saúde Pública, vol.25, no.6, São Paulo, Dec.1991.
Professores convidados: Eduardo Maranhão e Fernando Verani
Módulo 2: Fontes para uma história das doenças

Este módulo pretende discutir a diversidade de fontes possíveis para um estudo histórico de
doenças, privilegiando a imprensa, a iconografia e os depoimentos orais.

Aula 6: Os jornais informam

BEVILACQUA, Paula Dias et al. “Leishmaniose visceral: história jornalística de uma epidemia
em Belo Horizonte”. Interface – comunicação, saúde, educação, v.4, n.7, , Botucatu,
SP: Fundação UNI, 2000, pp 83-103

BARBOSA, Francisco Carlos Jacinto. As doenças viram notícia: imprensa e epidemias na


segunda metade do século XIX. In: NASCIMENTO, Dilene R. e CARVALHO, Diana
Maul (orgs). Uma história brasileira das doenças. Brasília, Paralelo 15, 2004, pp. 76-
90.

HERZLICH, Claudine, “Uma doença no espaço público”, trad. Cláudia Corbisier, Physis:
Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, IMS/Uerj, Relume Dumará, vol. 2, nº 1, 1992,
pp.7-36.

Aula 7: A face estampada e a narrada da doença

HOCHMAN, Gilberto, MELLO, Maria Teresa Bandeira de e SANTOS, Paulo Roberto Elian
dos. “A Malária em foto: imagens de campanhas e ações no Brasil da primeira metade do
século XX”. História, Ciências, Saúde: Manguinhos, 9(suplemento): 233- 273, 2002.

NASCIMENTO, Dilene R., “A face visível da Aids”, História, Ciências, Saúde - Manguinhos,
vol.IV, nº 1, jun.1997, pp.169-84.

NASCIMENTO, Dilene R. Um caminho positivo: enfrentando o estigma da Aids. In:


NASCIMENTO, Dilene R. e CARVALHO, Diana Maul (orgs). Uma história brasileira
das doenças. Brasília, Paralelo 15, 2004, pp.323-335.

MACIEL, Laurinda Rosa. “A solução de um mal que é um flagelo”. Notas históricas sobre a
hanseníase no Brasil do século XX. In: NASCIMENTO, Dilene R. e CARVALHO, Diana
Maul (orgs). Uma história brasileira das doenças. Brasília, Paralelo 15, 2004, pp.109-
125.

Módulo 3: A doença revelando a história


Este módulo pretende trabalhar com as doenças especificamente, isto é, discutir os textos cujas
análises tomam como objeto uma determinada doença, preferencialmente no contexto brasileiro.

Aula 8: Sífilis

CARRARA, Sérgio. Estratégias anticoloniais: sífilis, raça e identidade nacional no Brasil do entre-
guerras. In: Hochman, Gilberto e ARMUS, Diego. Cuidar, Controlar e Curar: ensaios
históricos sobre saúde e doença na América Latina e Caribe. Rio de Janeiro, Editora
Fiocruz, 2004, pp.427-454.

MARQUES, Vera Beltrão. A espécie em risco: Sífilis em Curitiba nos anos 1920. In:
NASCIMENTO, Dilene R. e CARVALHO, Diana Maul (orgs). Uma história brasileira
das doenças. Brasília, Paralelo 15, 2004, pp.277-294.

Aula 9: Loucura

SANTOS, Nádia Maria Weber. Histórias de vidas ausentes: a tênue fronteira entre a saúde e
a doença mental. Passo Fundo, Ed.Universidade de Passo Fundo, 2005

ENGEL, Magali. A loucura, o hospício e a psiquiatria em Lima Barreto. In: CHALHOUB,


Sidney et al (org). Artes e ofícios de curar no Brasil: capítulos de história social. Campinas,
Editora da Unicamp, 2003, pp.57-100.

ENGEL, Magali. Os Delírios Da Razão: Médicos, Loucos e Hospícios (Rio de Janeiro, 1830-
1930).. Rio de Janeiro, Editora Fiocruz, 2001.

Aula 10: Hanseníase e Aids

TRONCA, Ítalo. As máscaras do medo: lepra e aids. Campinas, São Paulo: Editora da
Unicamp, 2000.

NASCIMENTO, Dilene R. As pestes do século XX: tuberculose e Aids no Brasil - uma


história comparada, Rio de Janeiro, Editora Fiocruz, 2005.
SONTAG, Susan. A Aids e suas metáforas. Trad. Paulo Henrique Brito. São Paulo, Companhia
das Letras, 1989

Aula 11: Gripe Espanhola

BERTUCCI-MARTINS, L. M. “Remédios, charlatanices... e curandeirices. Práticas de cura no


período da gripe espanhola em São Paulo”. In: CHALHOUB, Sidney et al (Orgs.). Artes
e ofícios de curar no Brasil. Campinas, 2003, p. 197-227.

BRITO, Nara. “La dansarina: A gripe espanhola e o cotidiano na cidade do Rio de Janeiro”.
História, Ciências e Saúde: Manguinhos, IV (1): 11-30, jun.1997

Aula 12: Varíola e Poliomielite

FERNANDES, Tânia M. Dias. Varíola: doença e erradicação. In: NASCIMENTO, Dilene R. e


CARVALHO, Diana Maul (orgs). Uma história brasileira das doenças. Brasília,
Paralelo 15, 2004, pp. 211-228.

TEIXEIRA, Luiz Antonio. “Alastrim, varíola é?” História, Ciências e Saúde: Manguinhos, VII
(1): 47-72, março-junho, 2000.
CAMPOS, André Luiz, NASCIMENTO, Dilene R. e MARANHÃO, Eduardo. “A história da
poliomielite no Brasil e seu controle por imunização”. História, Ciências e Saúde:
Manguinhos, vol.10 – suplemento 2, 2003, pp.573-600.

ROGERS, Naomi. Dirt and disease: poliomylites before FDR. New Brunswick, Rutders
University Press, 1996.

Aula 13: Cólera

CASTRO SANTOS, Luiz Antonio de. “Um século de cólera: itinerário do medo. Physis, Vol.4,
nº 1, 1994.

BRIGGS, Charles e BRIGGS, Clara Mantini. Introducción: Muerte en el Delta. In: BRIGGS,
Charles e BRIGGS, Clara Mantini. Las historias en los tiempos del cólera. Nueva
Sociedad, Caracas, 2004, pp.29-49.

PIMENTA, Tânia Salgado. Doses infinitesimais contra a epidemia de cólera no Rio de Janeiro
em 1855. In: NASCIMENTO, Dilene R. e CARVALHO, Diana Maul (orgs). Uma
história brasileira das doenças. Brasília, Paralelo 15, 2004, pp. 31-51.
Aula 14: Gênero e raça: doenças próprias?

MARQUES, Rita de Cássia. A imagem social do médico de senhoras no século XX. Belo
Horizonte, Coopmed, 2005.

FRY, P. H. “O significado da anemia falciforme no contexto da ‘política racial’ do governo


brasileiro 1995-2004”. História, Ciências e Saúde – Manguinhos, v.12, n.2, pp.347-70,
maio-ago, 2005.

Aula 15: Discussão das propostas de trabalho final

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