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LUCIMAR BATISTELLA

Advogada OAB/MT. 9.279

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA _____VARA CÍVIL DA


COMARCA DE RONDONÓPOLIS – ESTADO DE MATO GROSSO.

GILMAR FORTES BARBOZA, brasileiro, casado, empresaria,


inscrita no RG nº 3199155 SSP/GO e no CPF nº 621.276.911-72, residente e
domiciliado na Av. Nain Charafedini nº 620, Bairro Residencial Oasis, nesta cidade,
vem por intermédio de sua procuradora que abaixo assina, com endereço
profissional na Rua João Pessoa nº 1.649, Centro, CEP 78700-080, cidade de
Rondonópolis/MT, onde recebe intimações e correspondências, à presença de
Vossa Excelência propor:

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO COM PEDIDO


LIMINAR DE TUTELA ANTECIPADA

Contra banco PANAMERICANO ARRENDAMENTO


MERCANTIL S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº
02.682.287/0001-02, com sede estabelecida na Av. Paulista, nº 2.240, 13º Andar,
Bairro Cerqueira César, na cidade de São Paulo-SP, pelos motivos que passa a
expor:
ANTECIPAÇÃO DA TUTELA – LIMINARMENTE:

Rua João Pessoa, nº 1.649, Salas 03 e 04 - Rondonópolis MT.- Fone: (66) 9984 0303
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Requer-se, inaudita altera parts, seja concedida a


ANTECIPAÇÃO DA TUTELA, para que o banco requerido se abstenha de incluir o
nome do autor em qualquer órgão de crédito, (SPC/SERASA) frente ao litígio
estabelecido, impondo-se, como medida de coerção, caso haja o desrespeito à
ordem judicial, a aplicação de multa diária.

Seja o bem mantido na posse do requerente, em razão do


pedido de revisão contratual, até final julgamento da lide, pois se trata de veículo
de uso domestico, ou seja, o bem é instrumento para uso familiar do autor.

“Se o autor parte mais frágil da relação contratual, e por isso


tutelado pelo Código de Defesa do Consumidor, quer efetuar o pagamento das
parcelas no valor que entende devido, é cautela que previne a mora e merece
deferimento”. E o que se requer.

DOS FATOS E DOS DIREITOS

O requerente contratou com o banco requerido um crédito de


bens móveis, na espécie de financiamento mercantil recaindo sob veículo
automóvel VW Pólo Sedan, Placa NFL 8335, Chassi nº 9BWJB09N85P014939,
ano/modelo 2004/2005, respectivamente, cor Verde, cujo valor da operação em
espécie totalizou a quantia de R$ 33.063,84 (trinta e três mil sessenta e três reais
e oitenta e quatro centavos).

O requerente não possui o contrato do financiamento, pois, a


financeira não lhe enviou cópias. Apenas lhe enviou o carnê com os valores das
contra prestações.

O Contrato de Adesão firmado estipula as contraprestações


em 48 parcelas mensais no valor de R$ 688,83 (seiscentos e oitenta e oito reais e
oitenta e três centavos). As taxas abusivas estão presentes desde o início do
contrato

O Autor com muita dificuldade pagou 7 parcelas do mesmo


financiamento, como consta em comprovante de pagamento anexo, porém
atualmente se vê em uma situação de difícil estabilidade econômica, pelo que se
nota em todo o ramo de transporte, principalmente no de transporte de grão, vez
que o frete tem sofrido diversos desgastes de preço, sendo de onde o mesmo
retira seu sustento. Todavia no momento em que foi firmado o contrato o mesmo
estava regular e com bons rendimentos e no atual momento estando em débitos
com diversos credores.

Ocorre que o banco clausulou os juros e as taxas abusivas,


principalmente o VGR (Valor Referencial de Garantia), já que o requerente não
podia intervir e necessitava do bem, então aceitou. Assim o requerente começou
a fazer a quitação como tem feito até o momento, de modo que não consta
nenhuma parcela em atraso.

É certo que por diversas vezes o autor não contava com o


valor total para pagamento na data marcada, desta forma acabava por atrasar os
pagamentos, fazendo com que passasse a pagar as prestações excessivamente

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mais onerosas do que o de costume, pelo abusivo valor dos juros de mora cobrado
e demais encargos.

O que é pior é que há previsão de cobrança de multa e mora,


todas cumuladas com comissão de permanência e juros. Juntamente com o VRG
(valor residual de garantia) adiantado e com tarifa bancária de juros praticados
acima do valor de mercado, normalmente usados.

O VRG, (Valor Referencial de Garantia), que é pago


independentemente do valor das prestações mensais e dos juros se constitui em
uma garantia especialíssima, em favor da empresa arrendadora, para a
eventualidade do "arrendatário" não exercer sua opção de compra e, neste caso,
o bem seria leiloado para terceiros, vendido pela melhor oferta sem avaliação
prévia e sem preço mínimo, e o VRG serviria para garantir a lucratividade e para
extirpar qualquer possibilidade de risco empresarial no negócio.

O certo, inequívoco, é que a operação exige uma parcela


financeira como entrada, que é registrada como antecipação do VRG, e ainda, que
durante o prazo do arrendamento o "arrendatário" continua pagando parcelas que
não são de arrendamento, mas de complemento do preço do bem, que constam
também como antecipação mensal do VRG.

E ainda pode ser facilmente observado no carnê de


pagamento, onde o próprio banco descrimina que o valor do VGR é bem superior
ao valor da contra prestação de quitação do bem, deixando claro que seu
interesse maior não é concluir a quitação, mas sim retirar o quanto puder da parte
mais fraca no contrato.

Assim, claro como o dia, a operação preponderante no


negócio de leasing é a de venda, e se houver qualquer falha durante o prazo do
arrendamento, a operação preponderante terá sido a de financiamento e as
relações jurídicas deverão ser examinadas e derivadas destas modalidades
negociais, e não deverá jamais ser considerado como mera locação o período em
que o arrendatário manteve o bem e pagou seus compromissos, porque este
entendimento é que resultará na possibilidade de perda total das parcelas pagas
quando e se ocorrer à rescisão do contrato de financiamento por qualquer motivo.

Não se pode desviar da realidade de que qualquer


antecipação do valor residual, quando não tem a função de retornar para o
"arrendatário" na hipótese de rescisão no negócio, se transforma em recurso
destinado a quitar parte de pagamento, mudando substancialmente a relação
jurídica para compra e venda e financiamento ainda que formalmente se use a
expressão leasing ou arrendamento.

ILEGALIDADE DA COBRANÇA DA COMISSÃO DE


PERMANÊNCIA CUMULADA COM A CORREÇÃO MONETÁRIA, MULTA E
JUROS:

A Resolução nº 1.129, de 15.05.1986, do Banco Central do


Brasil, emitida com esteio na Lei da Reforma Bancária (nº 4.595/64), que facultou

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aos estabelecimentos de crédito cobrar, de seus devedores, o encargo financeiro


denominado “comissão de permanência”, que incide por dia de atraso e à mesma
base dos juros remuneratórios do contrato ou à maior taxa de mercado do dia do
pagamento, sem prejuízo dos juros moratórios, encerra uma evidente
potestatividade, vedada pelo artigo 122 do Código Civil (aplicação com maior
razão nas relações de consumo ante a hipossuficiência formal e material do
consumidor). De fato, a sua taxa é variável, quase que dia-a-dia, segundo as leis
de mercado. O cliente-bancário não participa da sua fixação e nem ao menos
adere a uma taxa previamente conhecida.

Comissão de Permanência, pois constitui, na verdade, um


ônus financeiro de cunho compensatório e ao mesmo tempo moratório, daí
porque não pode ser admitida, pois os juros compensatórios somente são devidos
na fase de vigência do contrato e os juros moratórios, por sua vez, por ocasião da
inadimplência, sob pena de ocorrência do vedado bis in idem.

Qualquer cláusula nesse sentido deverá ser considerar ilegal.


A justificativa de que uma cláusula nesse sentido seria válida, desde que
pactuada, não tem razão de ser, pois é cediço que as instituições financeiras
apresentam aos seus creditados um verdadeiro contrato de adesão, calculando a
citada comissão conforme seus critérios, de forma unilateral, não permitindo
nenhuma forma de discussão a respeito das vantagens e desvantagens ou
impossibilitando qualquer maneira de modificação de seu conteúdo.

Portanto, não podemos afirmar que houve um efetivo acordo


de vontades entre os celebrantes, pois geralmente as pessoas aderem às
cláusulas contratuais até por mera ignorância, devendo estas ser interpretadas
sempre de maneira mais favorável à parte mais fraca da relação contratual. Há,
então, uma verdadeira afronta ao Princípio da Transparência, consagrado no
artigo 52 do Código de Defesa do Consumidor.

Ademais, a comissão de permanência corresponde à própria


atualização do débito, ou seja, a correção do valor da moeda. Assim, se ocorrer a
sua cumulação com a correção monetária, multa e outro encargo implicará em
dupla valoração, representando um enriquecimento sem causa, devendo, pois, ser
evitada.

A cumulação da comissão de permanência com multa ou


com juros moratórios não pode ser admitida.

Torna-se patente, por conseguinte, a ilegalidade das


cláusulas que estipulam a aplicação da taxa referencial como índice de correção
monetária e a cobrança de comissão de permanência, devendo ser consideradas
nulas de pleno direito, de acordo com os ditames do Código de Defesa do
Consumidor.

Essa questão também já foi até sumulada, "in litteris" :

"A comissão de permanência e a correção monetária


são inacumuláveis" (Súmula 30 do STJ).

A matéria se espraia por numerosos dispositivos legais. Eles


são encontrados no Código de Proteção ao Consumidor, já alhures citados e no
Código Civil Brasileiro, nos dispositivos:

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Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção


nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.

Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme


a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.

Paulo Luiz Netto Lobo, em esclarecedora lição acerca do


princípio da função social do contrato, apresenta oportunas considerações sobre o
artigo 112 do Código Civil Brasileiro, dentre outros, como se extrai de fragmento
de seu trabalho doutrinário:

“O princípio da função social é a mais importante inovação do


direito contratual comum brasileiro e, talvez, a de todo o novo
Código Civil. Os contratos que não são protegidos pelo direito do
consumidor devem ser interpretados no sentido que melhor
contemple o interesse social, que inclui a tutela da parte mais fraca
no contrato, ainda que não configure contrato de adesão. Segundo
o modelo do direito constitucional, o contrato deve ser interpretado
em conformidade com o princípio da função social.

O princípio da função social do contrato harmoniza-se com a


modificação substancial relativa à regra básica de
interpretação dos negócios jurídicos introduzida pelo art.
112 do novo Código Civil, que abandonou a investigação da
intenção subjetiva dos figurantes em favor da declaração objetiva,
socialmente aferível, ainda que contrarie aquela”.

Noutro giro, Artur Garrastazu Gomes Ferreira, invocando


regras do Código de Proteção ao Consumidor que tratam da onerosidade
excessiva e nulidade de cláusula, aponta, de forma objetiva, caminho para o
questionamento dos juros com base no descompasso da taxa praticada pelo
banco ou instituição financeira com aquelas praticadas no mercado, o que permite
ao julgador intervir na relação contratual para reconduzi-la ao devido equilíbrio
contratual:

"O Código de Defesa do Consumidor impõe a nulidade da cláusula


contratual que se mostre excessivamente onerosa, considerando-se
como tal a natureza do contrato e outras circunstâncias peculiares
ao caso”.

À mesma linha, em esclarecedora e fundamentada lição, as


considerações elucidativas de Pedro Monteiro Dória:

“A despeito das garantias dispostas no citado código a relação entre


os bancos e seus usuários vem se desgastando no decorrer dos
anos, taxas claramente abusivas são a estes impostas, criando-se
no país um batalhão de inadimplentes, marginalizados dentro de
um sistema onde o crédito é condição básica de cidadania. (...).

Com isso, não se está pretendendo aniquilar o princípio da


autonomia da vontade, mas apenas, temperá-lo, tornando-o mais vocacionado ao
bem-estar comum sem prejuízo do progresso patrimonial pretendido pelos
contratantes.

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Registre-se antes de tudo, por certo, que o CDC por sua vez,
no seu art. 6°, inciso V, declara o direito básico do consumidor à modificação de
cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais. É vedado,
ainda, ao fornecedor de serviços bancários e creditícios, práticas consideradas
abusivas, tais como exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva
(art. 39). Além disso, são consideradas nulas as cláusulas contratuais que
estabeleçam obrigações consideradas abusivas (art. 51).

O diploma, em vários dispositivos, protege o consumidor,


diante do sistema bancário que, em razão do monopólio, impõe sua vontade no
momento de contratar.

Quando a requerente celebrou com o banco indigitado


contrato, acreditou ser corretos os encargos financeiros que lhe estavam sendo
exigidos, certo de que a Instituição financeira o fazia em fases estritamente
legais. Foi, porém, induzida em erro.

É este o caso típico de error juris, que, afetando a


manifestação de vontade, traduz-se em vício do consentimento. Não busca a
requerente se evadir ao cumprimento de sua parte na avença, busca, apenas,
pela autorização que a própria lei lhe confere, corrigir tanto o excesso quanto o
desvio da finalidade contratual, urdidos na supressão de sua autonomia volitava.

Verdade é que as contraprestações embutem taxas de juros


e encargos elevadíssimos, tanto pêlos índices quanto pelo cálculo composto. A
invocação de existência de cláusula contratual, como suposto autorizativo para a
cobrança de juros além dos permitidos legalmente, taxas e demais encargos
cumulativos é insubsistente; cuida-se ai não de jus dispositivum, mas de direito
cogente.

Razão pela qual, vem ao judiciário, requer a revisão


contratual.

Impõe-se, pois, a revisão da relação contratual, com o


conseqüente ajuste do pactuado aos moldes legais, declarando se a nulidade e a
conseqüente inexigibilidade de quanto sobeje ao valor efetivamente devido pela
autora ao banco credor.

Também decorre a constatação de que a manutenção dos


pagamentos dos valores cobrados indiscriminadamente pela demandante, já tão
espoliada na relação jurídica colocada sub judice, ampliará o dano a si causado
pelo banco e tornando dificílima a sua reparação.

DOS PEDIDOS:

Diante do exposto, requer-se, inaudita altera parts, seja


concedida a ANTECIPAÇÃO DA TUTELA, para que o banco requerido se abstenha
de incluir o nome da autora do SPC/SERASA ou qualquer órgão de crédito, frente
ao litígio estabelecido, impondo-se, como medida de coerção, caso haja o
desrespeito à ordem judicial, a aplicação de multa diária;

O autor propugna que seja julgada totalmente procedente a


demanda, conforme os argumentos já declinados, no sentido de determinar a
revisão contratual entre as partes, como medida de justiça na relação

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banco/consumidor, e assim poder dar quitação ao crédito adquirido nos moldes de


sua condição financeira atual.

Requer-se ainda seja permitida a produção de todo o gênero


de prova em direito admitido, invertendo-se o ônus probatório para que o banco
traga aos autos planilha e cópia do contrato com os índices e encargos que foram
aplicados desde o contratado, levando-se em consideração que são provas de
difícil produção pela autora.

A citação do banco para, querendo, responder à ação no


prazo legal.

Dá-se à causa, o valor de R$ 33.063,84 (trinta e três mil


sessenta e três reais e oitenta e quatro centavos).

Termos em que pede e,


Espera deferimento.

Rondonópolis, 02 de março de 2010.

Dra. Lucimar Batistella


OAB/MT 9.279

Samuel P. de Souza
Estagiário

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