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UNIVERSIDADE SALVADOR – UNIFACS

ASSÉDIO SEXUAL

IVANILTON JUNIOR
JULLIANA BRITO
TÂMARA DUPLAT
(Acadêmicos do 5º ano de
Direito_Unifacs)

SALVADOR
2005
2

ASSÉDIO SEXUAL

Sumário: 1- Introdução; 2 - A criminalização do assédio sexual no


direito pátrio; 3 – Conceito e caracterização; 3.1 – Bem jurídico
tutelado; 3.2 – sujeitos; 3.3 – A conduta de constranger; 3.4 –
Elemento subjetivo; 3.5 – Consumação; 3.6 – Classificação
dortrinária; 3.7 – A pena; 3.8 – Ação penal; 3.9 Prova; 4 –
Abrangência da norma incriminadora; 5- O assédio sexual na
legislação internacional; 6 – Diferenças entre assédio sexual, assédio
ambiental e assédio moral; 7 – A necessidade de se incluir no crime de
Assédio Sexual outras relações que não as laborais ; 8 – Críticas e
propostas de mudança na tipificação atual; 9 – conclusão; Referências.

1- INTRODUÇÃO

O presente estudo se propõe a examinar as circunstâncias que envolvem o crime de


assédio sexual na legislação pátria visto que, são graves as incertezas no tocante a sua
configuração.
3

Pretende-se questionar a eficácia da norma nas condições em que se apresenta e


propor modificações tanto na tipologia como na fixação da pena.

O artigo traz dados verídicos que fundamentam a precariedade da tipificação e a


incidência em elevado grau no meio social.

As conseqüências para quem sofre este tipo de abuso são drásticas e merece uma
maior atenção por parte do legislador.

2- A CRIMINALIZAÇÃO DO ASSÉDIO SEXUAL NO DIREITO PÁTRIO

A tutela penal torna-se legítima a partir do momento em que se mostra socialmente


necessária para assegurar e proteger os bens jurídicos mais relevantes, sendo que apenas serão
defendidos penalmente em face de agressões consideradas intoleráveis socialmente. Como
bem expõe Luiz Regis Prado, "somente as ações ou omissões mais graves endereçadas contra
bens valiosos podem ser objeto de criminalização".1

Não cabe ao Direito Penal tutelar a totalidade dos bens jurídicos existentes, mas
somente os bens jurídicos mais relevantes, os direitos mais importantes e fundamentais, e
apenas em face de uma violação inaceitável. Paralelamente a isso, entendemos ser função da
norma penal, assim como do Direito como um todo, proteger os valores sociais.

Muito se discutiu sobre a necessidade de criminalização do assédio sexual, sendo


flagrante o dissenso entre os juristas pátrios e, ainda hoje, são inúmeros os doutrinadores que
entendem ser a criminalização algo desnecessário. Alegam para tanto, que a incriminação é
um fator de aculturação, que possui caráter moralista, que este delito poderia ser facilmente
enquadrado na legislação existente e que deveria ser tratado na seara extra penal2.

Em posicionamento contrário, Luiza Nagib Eluf expôs de forma coerente e brilhante,


que há muito se faz necessária a criminalização do assédio sexual, pois se trata de medida que

1
Prado, Luiz Regis & Bitencourt, Cezar Roberto, Código penal anotado e legislação complementar. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 1998.
2
Assim entendem Rômulo de Andrade Moreira, Assédio Sexual: um enfoque criminal. In.
www.direitocriminal.com.br,3-4-2001
SILVEIRA, Renato de Mello Jorge. O assédio sexual como fato criminoso, Boletim IBCCrim, n. 89, abr.
2000, p.11.
4

pode evitar um mal maior já que, inúmeros dos crimes de caráter sexual iniciam-se com o
assédio e terminam no estupro.3

Para que ocorra a incriminação de uma conduta deve-se verificar três questões: o
merecimento, a necessidade e a adequação da tutela penal. É preciso analisar o valor do bem
jurídico perante a sociedade, se existem outras formas de proteção ao bem jurídico que torne
desnecessária a proteção penal e, por fim, “se a medida utilizada possui, abstratamente,
aptidão para cumprir com as finalidades a que foi instituída".4

Analisaremos, portanto, tais questões.

A conduta é reprovável, e apesar de ser muitas vezes subvalorizada pelos juristas,


não há dúvidas de que os bens jurídicos tutelados no assédio sexual devem sim encontrar
pouso na seara penal. Estamos falando em liberdade sexual, em honra e dignidade pessoais, o
que, por si só justifica a necessidade de uma maior proteção jurídica.

O merecimento mostra-se inquestionável, pois que todos os bens jurídicos tutelados


no assédio sexual possuem elevado valor e a ofensa a qualquer desses bens é
indiscutivelmente grave.

Quanto à necessidade, vejamos.

A subsidiariedade do Direito Penal revela-se onde a proteção dos outros ramos do


direito esteja ausente, falho ou insuficiente e, se a exposição a perigo ou lesão ao bem jurídico
for grave e relevante pode o legislador, como ultima ratio regum, lançar mão do Direito Penal
como meio de controle.

Concordamos que o Direito Penal possui natureza subsidiária e que deve ser utilizada
como ultima ratio. Mas dizer que o assédio não merece proteção penal, por esta estar
resguardada apenas para situações limite, e, contudo o assédio não é uma situação limite nos
parece absurdo.

De acordo com o princípio da intervenção mínima deve-se esgotar todos os tentames


de obtenção das condutas desejadas através dos meios extrapenais de controle e, somente se
todos falharem é que se deve apelar ao Direito Penal.

3
Crimes contra os costumes e assédio sexual: doutrina e jurisprudência. São Paulo: Jurídica Brasileira, 1999.
4
Bianchini, Alice.A legitimação do processo de incriminação do assédio sexual. Assédio sexual. São Paulo:
Saraiva-2002.
5

É inegável que existem outras formas de controle, porém, no caso do assédio, eles
mostraram-se ao longo da história absolutamente ineficientes.

Antes da vigência da lei nº 10.224/2002, o assédio era enquadrado na legislação


penal brasileira nas seguintes figuras típicas: constrangimento ilegal ameaça, importunação
ofensiva ao pudor, perturbação da tranqüilidade, injúria e ato obsceno.

No constrangimento ilegal existe a exigência da violência ou grave ameaça o que, a


nosso ver, descaracteriza o assédio. As elementares do tipo são diferentes assim como os bens
jurídicos tutelados: as liberdades tuteladas são distintas.

Na ameaça há a exigência de uma qualidade (a gravidade) que nem sempre subsiste


no assédio. Quanto a importunação ofensiva ao pudor observa-se que os bens jurídicos
protegidos são diferentes. Aqui se protege os costumes, no assédio tutela-se a liberdade
sexual. Ademais na grande maioria das vezes o assédio ocorre entre quatro paredes,
diferentemente do que exige o tipo em questão. O crime de perturbação a tranqüilidade não
engloba a totalidade de bens tutelados no assédio, ademais é extremamente genérico no
tocante a tipificação. No caso da Injúria existe a ofensa, mas não há o cerceamento da
liberdade sexual. Em relação ao ato obsceno, mais uma vez percebe-se que a tutela mostra-se
incompleta.

Além da esfera penal, existiam previsões na esfera cível e trabalhista. Percebe-se,


porém, que em todos estes casos a tutela não se mostrava completa.

O correto é que não havia no ordenamento jurídico brasileiro a exata previsão do


crime ora tratado, diante disso, percebe-se que a necessidade mostra-se evidente no sentido de
que é preciso que exista uma tutela específica que delimitasse o âmbito do injusto.

3 - CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO

Há muito tempo as leis e, antes destas, as regras sociais, criam meios de proteger
as mulheres de ofensas de ordem sexual. Justamente por isso a incriminação do assédio é de
extrema importância, sendo reconhecida em praticamente todo o mundo.
6

Tal conduta já era tratada, não nos termos utilizados atualmente, em Roma desde 138
a.C. no Acordo do Povo. O termo utilizado nos dias atuais vem do inglês “sexual
harassment”, que é uma expressão cunhada nos tribunais americanos para identificar um
fenômeno que sabemos ser tão antigo quanto à história da humanidade.

Em 1887 a comissão européia publicou o primeiro relatório sobre a questão,


definindo o assédio como uma conduta verbal ou física de natureza sexual na qual o autor
sabe ou deveria saber que é ofensiva para a vítima. Comentários a este relatório e as origens
do assedio encontram-se muito bem expostos no Dicionário crítico do feminismo, em que a
autora, Carme Alemany, faz um relato histórico das origens da violência contra a mulher.5

O crime em questão é de difícil conceituação, portanto, é necessário que se afirme o


que não é assédio sexual.

Assim, não é assédio o flerte, a mera cantada, os comentários desrespeitosos e


inconvenientes, além de outras condutas corriqueiras, assim como a perseguição do superior
em relação ao inferior hierárquico.

De acordo com o texto legal o assédio sexual é o constrangimento (ilegal) praticado


em determinadas circunstâncias laborais e subordinado a uma finalidade especial (sexual).

Encontramos três características básicas nesse delito:

1-Ação de constranger: no caso do assédio, constranger não tem a qualidade de


compelir, obrigar, uma vez que este crime não afasta a possibilidade de estupro. Constranger
aqui significa abusar da condição de superior hierárquico, valer-se desta condição.

2-Especial fim: é o elemento subjetivo especial do injusto. Consiste no intuito de


obter vantagem ou favorecimento sexual para si ou para outrem.

3-Abuso de uma condição de superioridade hierárquica ou ascendência: o


constrangimento deve estar diretamente relacionado com o abuso das condições acima
citadas. As duas exigências devem apresentar-se concomitantemente. E deve-se observar que
a ascendência e superioridade devem ser inerentes a cargo, emprego ou função.

Este é um ponto com o qual não concordamos, visto que revela certa tendência a
supervalorização da hierarquia funcional, pois, embora tal tipo penal esteja restrito em lei a
atividade laboral, entendemos que este delito poderá ocorrer em outras searas da relação
5
Alemany, Carme, Dicionário crítico do feminismo. Paris, PUF, 2000.
7

social, sendo exemplos didáticos o meio acadêmico (entre professor e aluno), o hospitalar
(entre médicos e pacientes) e o religioso (entre sacerdotes e fiéis), porém tal assunto será
melhor tratado posteriormente.

3.1 – BEM JURÍDICO TUTELADO

O bem jurídico tutelado pela norma é a tutela da liberdade sexual, consistente na


possibilidade de opção por vida sexual ativa e escolha de parceiro 6. A liberdade sexual afeta
diretamente a própria honra pessoal e possui caráter absoluto. Porém abrange outros bens
jurídicos, direta ou indiretamente, sendo, portanto, um delito pluriofensivo. A honra e a
dignidade pessoal também se encontram tutelados, pois a conduta que caracteriza o assédio
afeta a relação da vítima consigo mesma. Da mesma forma encontram-se protegidas a
liberdade no exercício do trabalho, à autodeterminação no trabalho, à não-discriminação no
trabalho e a não discriminação nas relações educacionais, como assinalam Damásio de Jesus e
Alice Bianchini.7

3.2 - SUJEITOS

O sujeito ativo poderá ser homem ou mulher, homossexual ou não. É o superior


hierárquico, ou aquele que dispõe de ascendência no emprego, cargo ou função. Por ser um
crime próprio exige-se uma especial qualidade do sujeito ativo que no caso vem a ser a
“condição de superior hierárquico ou ascendência”. Essa qualidade de superioridade
hierárquica se comunica, portanto pode haver o cometimento deste crime por quem é inferior
hierárquico ou mesmo por pessoa estranha a empresa, desde que em concurso de agentes. Se
não existir, no Direito Brasileiro, o vínculo funcional ou empregatício, não restará
caracterizada a conduta.

O sujeito passivo é a vítima do constrangimento, mulher ou homem. Exige-se uma


especialidade do sujeito passivo, pois este tem que ser inferior hierárquico ou sujeito a uma

6
Costa Jr.,Paulo José da. Comentários ao Código Penal. Saraiva, 1999
7
Damásio de Jesus e Alice Bianchini. Assédio Sexual agora é crime.Boletim do IBCCrim,n.105,ago. 2001.
8

ascendência. Não havendo subordinação, não há delito. Com isso chega-se a conclusão que no
Brasil não se encontra prevista a figura do assédio ambiental, diferentemente do que ocorre no
Direito Espanhol.

3.3 – A CONDUTA DE CONSTRANGER

O núcleo do tipo é “constranger”. O constrangimento implica em uma violação na


faculdade de determinar-se livremente.

Tal constrangimento possui uma finalidade especial que é a obtenção de “vantagem


ou favorecimento sexual”.

O legislador não estabeleceu o meio de execução do crime, daí por que se trata de
delito de forma livre. Assim, de acordo com o texto legal, qualquer meio poderá ser utilizado
para o constrangimento, inclusive a violência ou ameaça.

Entendemos, todavia, que apesar de ser delito de forma livre, a violência não pode
ser a física assim como a ameaça não pode ser grave, pois ao utilizar a expressão “vantagem
ou favorecimento sexual” tem-se afastada a idéia de violência. Na vantagem e no
favorecimento o agente se utiliza de determinada situação ,tem-se afastada a idéia de força,
na violência, ao contrário, anulada-se a vontade da vítima.

Deve-se também chamar a atenção para o fato de que o uso da violência ou grave
ameaça podem caracterizar outros delitos como o estupro e o atentado violento ao pudor, e
não mais o assédio sexual.

Verifica-se, portanto, que a descrição da conduta não adotou a melhor técnica, já que
as locuções “vantagem ou favorecimento sexual” são indeterminadas e vagas, ferindo o
princípio da taxatividade e também o princípio da legalidade.8

Desta forma, restaram sem a tutela penal correspondente outras relações nas quais é
freqüente a prática do assédio. Neste sentido, o tipo penal, além de falho tecnicamente, não

8
Costa Jr., Paulo José da. Comentários ao Código Penal.Saraiva, 1999.
9

propicia a tutela da liberdade sexual a que se propôs, deixando descobertas uma série de
condutas igualmente lesivas ao bem jurídico.9

3.4 - ELEMENTO SUBJETIVO

O elemento subjetivo é o dolo, ou seja, a consciência dos requisitos objetivos do tipo.

Agrega-se ao dolo genérico, que consiste na livre vontade e consciência de


constranger alguém, o dolo específico, representado pelo especial fim de obter a vantagem ou
o favorecimento sexual, que poderá ocorrer de inúmeras formas desde que tenham cunho
sexual.

Não há previsão da modalidade culposa.

3.5 – CONSUMAÇÃO

O delito se consumará com o constrangimento, que possui forma livre. Não é


necessário para a consumação do delito a intenção efetiva do favor sexual, daí por que a
realização do ato sexual caracteriza pos facto não punível.

Entendemos que por ser crime unisubsistente não há que se falar em tentativa.
Porém, alguns doutrinadores como Cezar Roberto Bitencourt e Damásio E. de Jesus
contemplam tal possibilidade.

3.6- CLASSIFICACÃO DOUTRINÁRIA

9
Costa Jr., Paulo José da. Op.cit.,p 724
10

É crime próprio, pois que exige uma qualidade especial; doloso, sendo que não foi
prevista a modalidade culposa; unisubsistente; pluriofensivo, posto que engloba vários bens
jurídicos; comissivo; formal; e instantâneo, por não se alongar no tempo.

3.7 – A PENA

A pena prevista é a de detenção, de um a dois anos. Poderá ocorrer suspensão condicional do


processo na pena mínima, prevista no art. 89 da Lei n. 9.099/95, desde que estejam presentes os

requisitos legais. O crime também é afiançável e suscetível de liberdade provisória.

Ao instituir a pena de 1 a 2 anos de detenção o legislador brasileiro feriu princípios


penais fundamentais.

O princípio da proporcionalidade da pena sofreu uma clara violação visto que deve
existir obrigatoriamente uma medida entre a gravidade do fato praticado e a sanção imposta.
A pena deverá ser proporcional ao desvalor do ilícito praticado.

No caso do assédio percebe-se que houve exagero punitivo tendo em vista que a
ofensa a alguns bens jurídicos notadamente mais relevantes possui a mesma penalização. A
pena não pode ultrapassar a medida da culpabilidade do fato, a medida do justo, como
também não poderá o legislador desviar-se da sua real finalidade e determinar pena
incompatível com a gravidade da lesão ao bem jurídico tão só para atender politicamente os
reclames da sociedade. Necessário que fique claro que a elevação da pena não soluciona o
problema, não impede que ele ocorra.

Observa-se que a exígua margem entre o mínimo e o máximo legal não se mostra
adequada à correta individualização da pena.

O princípio da intervenção mínima deve orientar o legislador na cominação das


penas, tanto no que diz respeito a sua tipologia, quanto a sua quantidade. Assim, a pena
privativa de liberdade, em vista dos deletérios resultados que seu cumprimento impõe ao
condenado, deve ser a última a ser cominada e reservada apenas para os crimes de maior
gravidade, bem como para os criminosos de maior periculosidade.
11

Em decorrência disso, acreditamos que seria infinitamente mais útil que a pena, em
sendo de prisão, não ultrapassasse o limite de 1 ano, para que fosse caracterizado como
crime de menor potencial ofensivo, pois assim seria possível soluções consensuadas nos
Juizados Especiais Criminais.

2.8 - AÇÃO PENAL

Possui o mesmo regramento dos crimes contra os costumes, seguindo os mesmos os


princípios e critérios orientadores das ações penais dos demais crimes contra a liberdade
sexual. Em regra a ação penal é de exclusiva iniciativa privada, procedendo-se mediante
queixa, mas existem exceções.

A ação penal dependerá de representação quando a vítima ou seus pais não puderem
prover as despesas processuais. Neste caso, leva-se em conta a miserabilidade da vítima (art.
225, I) e a ação penal será pública condicionada.

Entendemos que a ação penal deveria ser pública incondicionada justamente pela
natureza do delito. A vítima, por encontrar-se em relação de inferioridade ao assediador, fica
sob pressão direta deste, o que torna altamente improvável que esta venha a denunciá-lo
criminalmente. Se de alguma forma o autor tem o poder de constranger a vítima a fazer algo,
nada impede que ele venha a compeli-la para que esta nada faça para incriminá-lo. Bem
como, pode a vítima exigir, mediante chantagem, que o assediador pague pela não propositura
da ação. Outro aspecto que muitas vezes impede a mulher de tomar uma atitude frente ao
assédio sexual e realizar a denúncia, está vinculada a humilhação a que está exposta.

Ressaltamos que os bens jurídicos fundamentais por estarem expressamente


protegidos pela Lei Maior devem se sobrepor à liberdade de escolha da vítima em denunciar
ou não a agressão a tais bens.

3.9 - PROVA
12

A obrigação de provar é de quem alega. Aqui não há inversão do ônus da prova.


Todos os meios lícitos de prova são admitidos.

Todo crime sexual possui natureza eminentemente clandestina, pelo que difícil será a
sua comprovação por meio de testemunhas. Nesses casos é induvidoso que a palavra da
vítima adquire relevo especial, pois "se assim não fosse, dificilmente alguém seria condenado
como sedutor, corruptor, estuprador etc., vez que a natureza mesma dessas infrações está a
indicar não poderem ser praticadas à vista de outrem”.10

O assédio é crime que, no geral, é praticado às escondidas e, portanto a palavra da


vítima ganha maior relevância e prevalência com relação à do acusado, possuindo relativo
valor probante.

Não se pode exigir prova testemunhal, vez que em tais casos inexiste prova direta.

4 - ABRANGÊNCIA DA NORMA INCRIMINADORA

Ao conceituar o assédio sexual como o fato de “constranger alguém com o intuito de


obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se de sua condição de superior
hierárquico ou ascendência inerente ao exercício de emprego, cargo ou função”, o legislador
brasileiro restringiu o tipo apenas as relações empregatícias.

Percebe-se, todavia, que a problemática do assédio é infinitamente mais ampla do


que a forma conceituada e criminalizada no Brasil. Na prática, existem inúmeras formas de
superioridade que são exercidas como forma de pressão psicológica que podem ser mais sutis
e perigosas, por envolver os mais diversos setores da sociedade. Assim, é inadmissível que
esteja limitado a área trabalhista.

O assédio poderá ocorrer sempre que alguém se utilize de uma situação privilegiada
para imprimir ,através de sua autoridade ou abuso de poder, constrangimento de ordem sexual
à vítima.11

10
Tourinho Filho, Fernando da Costa, Processo Penal, vol. III São Paulo: Saraiva, 1998, 20.ed. , p. 294.
11
Duarte, Liza Bastos. Assédio sexual sob a perspectiva do direito de gênero. Revista Síntese, ano I, n 5, dez.
2001.
13

A limitação do assédio sexual à chantagem sexual praticada por empregadores ou


seus agentes acarreta alguns problemas fundamentais, como a exclusão da conduta inaceitável
do assédio entre docentes e discentes, dentre outras, tão prejudicial quanto à do superior
hierárquico visto que, além de criar um ambiente hostil, pode trazer conseqüências físicas,
psíquicas e emocionais. E, ademais, possibilita que a vítima tenha uma conduta de aceitação
decorrente do temor, e por conta disso, reste descaracterizado o assédio.

Contudo, concordamos que na esfera trabalhista é indiscutível a gravidade da


conduta. É inegável que além de ser um atentado a dignidade da pessoa humana o assédio, é
uma agressão às relações trabalhistas por pressupor que, negando-se a vítima a anuir aos
propósitos sexuais do autor, tal negativa poderá e certamente implicará em uma possível
demissão ou perda de possibilidades de ascensão e aperfeiçoamento na carreira.

Mas, de maneira alguma se coarcta a conduta supra citada apenas aos vínculos
empregatícios, como estipula o legislador brasileiro.

Antes de tudo deve-se ter em mente que o tipo em questão é uma violação aos
princípios da intimidade, da igualdade e da dignidade da pessoa humana. Tais garantias
encontram-se expressas no art.1o e 5º, I, II da Constituição Federal.

Entendido como a imposição de favores sexuais indesejados o assédio, é fruto dos


padrões culturais arraigados em nossa sociedade que estabelece modelos, papéis e formas de
comportamento para homens e mulheres. Por este motivo, são as mulheres quem mais sofrem
com o assédio12 pois, é notório que somos frutos de uma cultura historicamente machista e
patriarcal, que continua a existir, e que faz perpetuar as mesmas noções sexistas, tratando
desigualmente homens e mulheres, e submetendo as mulheres a diversas formas de
discriminação e violência. Ao longo da existência, a mulher vem sendo subjugada nos seus
pensamentos, interesses e vontades. Durante séculos foi obrigada a um comportamento que a
violava no seu livre arbítrio, sempre a mercê de um comando machista e patriarcal, sob a
égide de um falso moralismo.

Juridicamente, o assédio sexual é o exercício indevido de constrangimento exercido


por pessoa em condição de superioridade hierárquica ou ascendência com o especial fim de
obter favores de natureza sexual como condição para criar ou conservar direitos.

12
GONZALES, Elpidio. In: acoso sexual. Ediciones Depolma, Buenos Aires, 1996.
14

Por estar, o assédio sexual, visceralmente ligado a idéia de poder entendemos por
requisito essencial para a caracterização do tipo a relação de poder existente entre o assediante
e o assediado.

O assédio deve ser visto como um abuso de poder. Abuso este que existe em todas as
formas de relações sociais em que há discrepância de poder.

O poder decorre da sujeição que se encontra a vítima, mesmo que


momentaneamente, o que não lhe permite, em determinadas circunstâncias, negar-se a realizar
a conduta a que está sendo constrangida sem que sobre ela recaia um grande prejuízo.

A imprescindibilidade da relação de poder no assédio sexual por chantagem, único


existente na seara jurídica brasileira, está ligada a uma subordinação hierárquica que justifique
o receio da vítima pela eventual retaliação no caso da recusa à proposta feita pelo assediante.

Todavia, a relação de poder envolve toda uma rede de vínculos interpessoais e não
somente o vínculo trabalhista.

E, justamente pelo que foi exposto acima, como bem expõe Foucalt, “o poder não
pode ser visto como um posto, um bem possível de ser apropriado, mas como uma relação
que nasce e subsiste mesmo que numa simples interação entre duas pessoas”.

Pensar de maneira diversa significa adotar uma definição inflexível do que vem a ser
o poder o que, por certo, resultará numa interpretação míope da lei.

Por ser uma conseqüência imediata de uma posição de poder do qual o assediador é
o detentor, é absurdo admitir-se que uma diarista não possa ser, em relação ao seu patrão,
vítima de assédio sexual. Que o pai não possa ser assediador do filho. Que em caso de
hierarquia religiosa, coabitação e hospitalidade não esteja caracterizado o crime em questão.

Tais situações, apesar de gritante gravidade, continuam sendo apenas uma questão
moral condenada somente pela possível consciência ética existente em cada ser humano.
15

Alega-se que tanto nestes casos como na relação de docência13 (que trataremos
posteriormente) não resta caracterizado o assédio por ser inadmissível interpretação extensiva
da norma no âmbito penal e que, tal abrangência comprometeria o princípio da taxatividade.

Reprovável tal alegação, pois a relação de ascendência encontra-se vinculada a


qualquer situação de superioridade. E, por conta disso poder-se-ia abranger perfeitamente as
inúmeras formas de condutas que, apesar de não se enquadrar na tipificação legal,
caracterizam o assédio sexual.

É evidente que há uma relação de poder nestes casos, pois o que se deve levar em
conta é se houve ou não a forma impositiva de propostas sexuais bem como, o real poder de
cumprir a ameaça proferida, e não se há ou não atividade inerente ao cargo, emprego ou
função.

A abrangência do crime em questão é mínima visto que remanescem sem a tutela


penal correspondente as inúmeras relações não laborais, mas nas quais é habitual a prática
deste crime.

Por fim, concluímos que no Brasil o que se denomina Assédio Sexual bem poderia
chamar-se Assédio laboral, pois, lamentavelmente, somente existe nas relações de trabalho.14

5 – O ASSÉDIO SEXUAL NA LEGISLACÃO INTERNACIONAL

A revolução industrial e o nascimento do capitalismo foram marcos na história


mundial e possibilitaram uma modificação brusca nas relações de emprego. A elevada carga
horária de trabalho e o fluxo de mulheres nas fábricas iniciaram a formação de verdadeiros
haréns onde o empregador abusava das trabalhadoras que, na maioria das vezes, submetiam-
se aos seus caprichos por medo de perder o emprego. Tal fato, presumidamente, ocasionou o
aparecimento do assédio sexual nas relações laborais, pois é patente que o abuso de poder
existe desde o princípio dos tempos.

13
Damásio E. de Jesus contempla a possibilidade de existência do assédio em casos que envolvam a relação
docente e discente, desde que a conduta seja inerente ao exercício de cargo, emprego ou função.
14
Gomes, Luiz Flávio. Lei do assédio sexual (10.224/01): Primeiras notas interpretativas. In
www.direitocriminal.com.br, 2001.
16

No início dos anos 70 as feministas americanas da universidade de Cornell


designaram sob o nome de assédio sexual as práticas discriminatórias advindas do quadro das
relações de trabalho. A partir de 1975 este conceito disseminou-se nos países anglo-saxãos.

Em 1983 incluiu-se o assédio sexual na ata dos Direitos Humanos. Antes disso, em
1981, o código canadense de Ontário fez menção ao assédio.

Somente em 1985 a Conferência Internacional do Trabalho- OIT- reconheceu que o


Assédio Sexual no local de trabalho deteriora as condições de trabalho do empregado bem
como suas perspectivas de emprego e promoção. A partir de então passou a defender a
incorporação de medidas efetivas para combatê-lo e evitá-lo.

A plataforma de ação da Conferência Mundial da Mulher - da Organização das


Nações Unidas -, realizada em Pequim (China), em 1995, considerou o assédio sexual como
uma discriminação e, principalmente, como uma afronta à dignidade da trabalhadora, o que
vem a impedir que as mulheres façam uma contribuição correspondente às suas habilidades
profissionais.

No âmbito internacional não existe nenhuma convenção vinculante acerca do assédio


sexual; entretanto, órgãos supervisores relevantes da OIT e Nações Unidas concluíram que há
que entendê-lo como uma forma de discriminação em razão de sexo. Assim, uma comissão de
especialistas da OIT condenou o Assédio Sexual em virtude do convênio n 111 sobre a
discriminação.

Mundialmente, um considerável número de países adotou algum tipo de legislação


relativa ao assédio sexual. Muitos deles, baseados na violação de leis referentes a outros
temas, que não o assédio, tais como os direitos humanos, a despedida improcedente, a
legislação contratual, os contratos fraudulentos e a conduta criminal.

É importante que se encontre uma definição internacional básica que possa ser
aplicada na maioria dos países e regiões, respeitadas as características locais. Essa definição
tem de ser adequada aos diversos valores e normas culturais das mais diversas partes do
mundo.

O assédio sexual foi introduzido no Brasil pela Lei 10.224 em 2001, portanto,
bastante recente, devido à grande resistência por parte dos doutrinadores em incluí-la na seara
penal.
17

Muitos doutrinadores entendem não serem relevantes, os bens jurídicos tutelados, o


suficiente para reclamar tutela do direito penal, que deve ser subsidiário; porém, chegou-se à
conclusão da real necessidade de regulá-lo, seja por causa da evolução histórica, ou por conta
da ampla incidência de casos, que tem afetado diretamente as relações sociais como um todo.

A realidade norte-americana contribuiu incisiva e negativamente na demora da


aprovação da legislação ora em vigor, devido à forma exagerada com que trata do assunto.
Embora a cultura brasileira, muitas vezes, tenda a reproduzir experiências dos Estados
Unidos, especialmente no caso do assédio sexual, ocorreu diferentemente, se inspirando muito
mais em questionamentos feitos pela OIT (Organização Internacional do Trabalho)15, do que
na moral puritana dos EUA.

Em comparação às demais legislações, nos parece a lei brasileira muito tímida, tendo
em vista que taxativamente inclui no crime de assédio sexual apenas as relações de trabalho.
Não aceitando sequer os casos nos quais as causas tenham sido decorrentes de ocasiões
geradas por conta das relações de emprego.

Nos últimos anos o problema do assédio tem sido reconhecido pela grande maioria
dos países, fato que se traduziu pela elaboração e adoção de textos legislativos na Bélgica,
França, Alemanha, Itália, Irlanda, Países Baixos, Áustria e Espanha, bem como por
convenções coletivas em certos setores da Espanha, Reino Unido, Países Baixos e Dinamarca.

A Alemanha e a Áustria possuem uma acepção ampla do que vem a ser assédio
sexual, incluindo todas as alusões sexistas, enquanto que outros países como a França
possuem uma visão mais restritiva, exigindo a superioridade hierárquica como elemento
caracterizador essencial.

A França foi o primeiro país da Europa a incluir o assédio sexual em seu texto legal,
sendo que possui tipificação penal e trabalhista para o referido delito. Em tal país, este crime é
visto muito mais como uma violação à dignidade da pessoa humana do que a liberdade
sexual. A França adotou o conceito de assédio sexual por chantagem, considerando-o forma
de agressão sexual, porém menos grave do que a violência sexual. A legislação francesa
define o assédio sexual no art. 122-46 do Código do Trabalho, como "o ato do empregador, de
um superior hierárquico ou de toda a pessoa que, abusando da autoridade que lhe conferem

15
A OIT exige para a configuração do assédio a presença de ao menos uma das seguintes características:
1-Ser claramente uma condição para dar ou manter o emprego.
2-Influir nas promoções ou carreira do assediado.
3-Prejudicar o rendimento profissional, humilhar, insultar ou intimidar a vítima.
18

suas funções, dá ordens, exerce pressão de qualquer natureza sobre um empregado ou


empregada, com o fim de obter favores de índole sexual, para si mesmo ou para uma terceira
pessoa".

Uma de suas características consiste no fato de não ser ele desejado pela vítima,
sendo desnecessária sua repetição, pois um só ato grave poderá traduzir abuso de autoridade.
O conceito permite, entretanto, estender o texto a todos os que têm uma autoridade dentro da
empresa, seja funcional ou de fato. A condição é que o autor possa exercer, de fato, essa
autoridade.

A definição da legislação francesa é bastante restrita, limitando -se ao abuso de


poder, por superior hierárquico, destinado a obtenção de favores sexuais. A penalização,
porém é a que consideramos a ideal, pois cumulativamente com a pena prisão, de no máximo
1 ano, instituiu-se a multa de 100 mil francos .

A lei francesa diz em seu Art. 222-33:

Le fait de haceler autruir (L.n. 98-468 du 17 juin 1998) “en donnant des ordres,
profèrent des menaces, imposant des contraintes ou exerçant des pressions
graves” dans le but d’obtenir des faveurs de nature sexualle, par une personne
abusant de l’autorité que lui confèrent ses fonctions, est puni d’un na
d’emprisonnement et de 100.000 F d’ amende.

À semelhança da França, a Argentina também se limitou a adotar o conceito de


assédio sexual por chantagem, no serviço público.

A matéria é disciplinada pelo Decreto 2.385, de 18 de novembro de 1983, onde se


define o assédio sexual como uma conduta reprovável capaz de manifestar-se no local de
trabalho, dentro ou fora da Administração Pública, afetando homens e mulheres.

Segundo o disposto no art. 1º, do Decreto 2.385, de 1993, o assédio sexual configura-
se pela coação, assim considerada a ação de um funcionário que, no exercício de suas
funções, se aproveite de uma relação hierárquica induzindo outrem a ceder às suas
solicitações sexuais. As denúncias ou ações fundadas na configuração desta conduta poderão
19

exercitar-se na forma do procedimento geral em vigor ou, por opção do agente, perante o
responsável pela área de recursos humanos da respectiva jurisdição.

O Canadá, Estados Unidos e Austrália destacam-se pelo maior compromisso na


aplicação prática de princípios que resguardam as suas populações de possíveis condutas
sexualmente lesivas.

A lei canadense define o assédio sexual como “o comportamento ou propósito, gesto


ou contato de ordem sexual suscetível de desagradar ou humilhar o empregado ou plausível
de ser interpretado pelo empregado como condições de ordem sexual para manter o emprego,
ou ter oportunidades de aprimoramento ou promoção”.

Pela definição percebe-se que no Canadá, o assédio é essencialmente laboral.

Na Austrália, vigora no âmbito federal, desde 1984 a ata de discriminação de sexo


que é aplicada pela comissão de direitos humanos e igualdade de oportunidades.16

Nos Estados Unidos, a ata dos direitos civis de 1964 em seu título VII, considerou o
assédio sexual como uma discriminação em bases sexuais, sendo que tal conceito é seguido
por inúmeros estados, que proíbem a conduta em seus textos legais.

Porém, apesar do avanço de sua legislação o Estado Americano peca ao permitir a


aplicação indiscriminada do crime de assédio sexual, tendo em vista que se chegou ao absurdo
de punir um garoto de 6 (seis) anos de idade por ter dado um beijo em uma colega de escola
.Ademais, desde 1993, devido à interpretação da Suprema Corte, as supostas vítimas não
precisam provar que sofreram os abusos para ter direito à indenização, o que levou ao
surgimento do que atualmente chama-se de indústria do assédio.

É uma lástima que a referida legislação tenha se perdido da proposta inicial, de


resguardar sua população, e direcionado para o exagero. É fundamental que se encontre a
métrica perfeita entre o reconhecimento dos direitos individuais violados pela prática do
assédio e o bom senso de saber discernir o que é apenas um cortejo mais ousado.

No Japão, o assédio é conceituado como “qualquer ato ou palavra que possa ferir a
intimidade e dignidade da pessoa, prejudicando o ambiente de trabalho”, podendo ser
caracterizado de duas formas: pela compensação, quando o chefe ou algum superior se
aproveita de seu cargo para promover alguém em troca de favores sexuais e, o que se

16
Eluf, Luiza Nagib. Crimes contra os costumes e assédio sexual.São Paulo: Jurídica Brasileira, 1999.
20

denomina assédio ambiental, quando não há prejuízo econômico, mas que com sua repetição,
atrapalha o trabalho.

A Costa Rica, em 1995, publicou a Lei n. º 7.476, sobre o assédio sexual,


conceituando-o como "toda a conduta sexual indesejada por quem a recebe de forma reiterada
e provocadora de efeitos prejudiciais no que tange às condições materiais de emprego ou de
docência, ao desempenho e cumprimento laboral ou educativo e estado geral de bem-estar".
Tal lei ainda considera, como assédio sexual, "a conduta grave que, embora tenha ocorrido
uma única vez, prejudique a vítima em quaisquer dos aspectos indicados".

Na Costa Rica o assédio poderá manifestar-se por meio dos seguintes


comportamentos: requerimentos de favores sexuais que impliquem promessa de tratamento
especial; ameaça física ou moral, de danos ou castigos referentes a situação atual ou futura de
emprego ou de estudo de quem as receba ou exigência de uma conduta, cuja sujeição seja
condição para o emprego ou estudo. O assédio manifesta-se também pelo uso de palavras de
natureza sexual, escritas ou verbais, que resultem hostis, humilhantes ou ofensivas e por
condutas físicas de natureza sexual, indesejadas ou ofensivas para quem as receba.

A lei costarriquenha, além de dispor sobre medidas preventivas, prevê, ainda,


responsabilidade das partes, garantias e sanções; estas últimas se aplicam segundo a gravidade
do fato.

A Lei espanhola diz no Art. 184:

1. El que solicite favores de natureza sexual, para sí o para un


tercero, en el ámbito de una relacion laboral, docente o de
prestación de servicios, continuada o habitual, y com tal
comportamiento provocare a la víctima una situación objetivay
gravemente intidatoria, hostil o humillante, será castigado, como
autor de acoso sexual, con la pena de arresto de seis a doce fines
de semana o multa de tres a seis meses.

2. Si el culpable de acoso sexual hubiera cometido el hecho


preveliéndose de una situación de superioridad laboral, docente o
21

jerárquica, o con el anucio expreso o tácito de causara la víctima


un mal relacionado con las legítimas expectetivas que aquélla
pueda tener en el ámbito de la indicada relación, la pena será de
arresto de doce a veinticuatro fines de semana o multa de seis a
doce meses.

3. Cuando la vítima sea especialmente vulnerable, por razón de su


edad, enfermedad o situación, la pena será de arresto doce a
veinticuatro fines de semana o multa de seis a doce meses en los
supuestos previstos en el apartado 2 del presente artículo.

A lei portuguesa diz no seu Art. 164, n. 2:

1. Quem tiver cópula com mulher, por meio de violência, ameaça


grave, ou depois de, para realizar a cópula, a ter tornado
inconsciente ou posto na impossibilidade de resistir, ou, ainda,
pelos mesmos meios, a constranger tê-la com terceiro, é punido
com pena de prisão de 3 a 10 anos.

2. Quem, abusando de autoridade resultante de uma relação de


dependência hierárquica, económica ou de trabalho, constranger
outra pessoa, por meio de ordem ou ameaça não compreendida no
número anterior a sofrer ou praticar cópula, coito anal ou oral,
consigo ou com outrem, é punido com prisão até 3 anos.

A Lei n.º 77, de 1987, da Nova Zelândia, é uma das mais completas sobre a matéria,
e, em seu art. 212, considera que um trabalhador foi vítima de assédio sexual quando seu
empregador lhe solicitar relações sexuais, contato sexual ou qualquer outra forma de
atividade sexual que compreenda: uma promessa implícita ou expressa ao trabalhador de
outorgar-lhe um tratamento preferencial,prejudicial em seu emprego;; uma ameaça implícita
ou expressa ao trabalhador quanto à situação presente ou futura em matéria de emprego.

O assédio configura-se, ainda, pela utilização de palavras de conteúdo sexual ou por


um comportamento físico de natureza sexual que implique conduta indesejável ou ofensiva,
22

de caráter repetitivo ou de natureza significativa, com efeito prejudicial ao emprego. A


referida lei dispõe que o assediador tanto poderá ser o empregador, um colega de trabalho ou
cliente da empresa.

Pode-se perceber que na maioria das legislações internacionais, além das relações de
emprego a lei abrange a relação docente ou qualquer outra relação de superioridade, incidindo
assim no crime de assédio sexual.

6 – DIFERENÇAS ENTRE ASSÉDIO SEXUAL, ASSÉDIO AMBIENTAL E


ASSÉDIO MORAL

O assédio sexual, em termos gerais, é o abuso de uma posição de superioridade do


assediante face ao assediado, com finalidade sexual.

O assédio ambiental e o assédio moral não foram contemplados pela legislação penal
brasileira.

O assédio moral é reconhecido como delito em países como a França, Alemanha,


Itália, Suécia, Estados Unidos e Austrália.

A França foi o primeiro país da Europa a criminalizar este crime e tal criminalizacão
sofreu grande influência do impacto causado pelo livro Le harcèlement moral, la violence
perverse au quotidien, de Marie-France Hirigoyen, que revela de forma clara e contundente
um retrato deste tipo de violência que atinge silenciosamente milhares, senão milhões, de
vítimas em todo o mundo.

A melhor definição deste crime encontra-se no citado livro:

"Assédio moral no trabalho consiste em quaisquer condutas abusivas


que pelo seu caráter sistemático lesem a dignidade ou integridade psíquica ou
física de uma pessoa pondo em perigo o seu emprego ou degradando o clima de
trabalho"17.

17
Hirigoyn,Marie-France.Le harcèlement moral, la violence perverse au quotidien.Syron, 1998.
23

Assédio moral é a perseguição realizada pelo empregador em relação ao empregado.


O que se pretende aqui é eliminar a autodeterminação do empregado, constrangê-lo
moralmente. A intenção é transformá-lo em um robô18.

No Brasil este crime não se encontra previsto na esfera penal, mas sim no âmbito
trabalhista. E esta é a principal diferença entre o assédio moral e o assédio sexual, pois o
último, diferentemente do primeiro, é uma ilicitude penal.

Tal delito pode levar a eliminação da auto-estima, a perda da autoconfiança, a


depressão e conseqüentemente a destruição do emprego.

O assédio ambiental, previsto na legislação espanhola, nada mais é do que um


comportamento de natureza sexual que visa produzir um ambiente de trabalho hostil,
humilhante e negativo para o trabalhador, podendo ser cometido entre pessoas do mesmo grau
de hierarquia ou não. Na Espanha, a superioridade é tida apenas como causa de aumento de
pena. O elemento poder aqui é irrelevante.

Apesar de não estar tipificada no ordenamento jurídico brasileiro, sua ilicitude é


latente e deve ser combatida, não na seara penal, mas sim na trabalhista.

Não vislumbramos a necessidade da tutela penal neste caso por estar ausente o
elemento que nos parece o mais grave na caracterização do assédio sexual, que é o abuso da
relação de poder.

7 - A NECESSIDADE DE SE INCLUIR NO CRIME DE ASSÉDIO SEXUAL


OUTRAS RELAÇÕES QUE NÃO AS LABORAIS

Entendemos que muito mais que uma atitude antiética, o assédio é uma forma de
violência e discriminação contra a mulher, e exatamente por isso, merece não só a proteção
penal mas também uma maior amplitude na sua conceituação.

As situações ainda hoje vivenciadas pelas mulheres de inúmeros lugares do mundo


refletem a desigualdade, a ofensa à dignidade da pessoa humana e a falta de liberdade a que

Gomes, Luiz Flávio. Lei do assédio sexual (10.224/01): Primeiras notas interpretativas.
18

www.direitocriminal.com.br, 6-6-2001.
24

elas são submetidas. Tais situações poderão acontecer nas mais diversas áreas das relações
sociais. Assim, o assédio sexual poderá ocorrer sempre que o autor se prevalecer de uma
situação de privilégio, para imprimir, por conta de sua autoridade constrangimento de ordem
sexual a vítima.19

O Brasil deu um salto enorme ao incriminar o assédio, porém é indubitável que a


conduta em questão infelizmente não se restringe às relações empregatícias.

Negar isto é tapar os olhos e negar a realidade. É hora de adaptar os valores e,


conseqüentemente, as leis aos novos tempos.

Apesar de sabermos claramente da existência do assédio nas mais diversas relações


sociais, o legislador apenas o contemplou nas relações laborais.

Alega-se que a redação da lei não admite a possibilidade de existência do assédio em


casos que envolvam a relação aluno-professor, contudo, no estado do Amapá a Promotoria de
Direitos Humanos do Ministério Público está investigando inúmeros professores de escolas
públicas sob a alegação de assédio sexual. Em média 6 casos chegam por mês ao Ministério
Público. Consta que em troca de favores sexuais muitos professores propõem às suas alunas
aprovação escolar, melhores notas e concessão de bolsas de estudo, porém, se houver negativa
por parte delas, há a ameaça de que percam notas e oportunidades.

Recentemente um secretário escolar de Serra do Navio (Amapá), foi denunciado por


assédio sexual. A acusação consiste no fato de ter o referido secretário proposto sexo a uma
das suas alunas em troca da manutenção de sua bolsa trabalho, um programa de governo que
auxilia estudantes de baixa renda. E, o próprio diretor da escola está sendo acusado pelos
colegas de acobertá-lo.

Este não é um caso isolado. O professor Alberto Limonta, que leciona física e
matemática no Colégio Cordeiro de Farias, escola pública da capital paraense, foi acusado e
preso por exigir que três alunas o acompanhassem a um motel como condição para aprová-las
em exames de recuperação. Tudo foi gravado com uma microcâmera de TV por uma das
vítimas do suposto assédio. Na gravação, Limonta diz que outras alunas já haviam mantido
relações sexuais em troca de notas.

19
Duarte, Liza Bastos. Assédio sexual sob a perspectiva do direito de gênero. Revista Síntese, Ano I, n 5, Dez-
Jan, 2001.
25

Não estamos falando em mercancia de interesses, o que estes professores fazem é


“sugerir” que suas vontades libidinosas sejam satisfeitas, e para isso oferecem “prendas”;
porém, se as alunas não se submeterem ao que eles querem, perdem algum direito.

Porém, a problemática do assédio ultrapassa as relações de docência. Incontáveis são


os casos em que conselheiros espirituais abusam da confiança de seus seguidores com o
intuito de obter vantagens sexuais bem como, inúmeros “profissionais” das mais diversas
ordens, aproveitam-se da fragilidade de seus clientes para obter algum proveito sexual.

Da mesma forma, há ocorrências de assédio dentro do próprio vínculo familiar.

Deve o assédio sexual englobar as relações pedagógicas, domésticas, laborais,


religiosas, de confiança, bem como as relações profissionais nas mais diversas formas, desde
que o autor se prevaleça da posição de superioridade, autoridade ou ascendência em que se
encontra, abusando do poder que possui para obter favores sexuais.

Não se pode ficar insensível a uma realidade que, apesar de absurda, existe e cresce
dia após dia, fazendo milhares de vítimas.

8 - CRÍTICAS E PROPOSTAS DE MUDANÇA NA TIPIFICAÇÃO ATUAL

São inúmeras as críticas que o art. 216 A tem recebido por parte da doutrina em
virtude de suas imperfeições, a começar pelas imperfeições lingüísticas.

A redução e lamentável equivalência do assédio sexual ao assédio laboral é uma


incongruência do texto legal.

O tema poderia, deveria e merecia ter uma regulamentação jurídica mais vasta,
metódica e congruente.

Conforme expomos no item anterior a situação atual é gritante e, a abrangência da


tipificação às inúmeras relações de poder existentes é uma necessidade dos dias atuais.

No que tange a tipicidade o artigo 216 – A, do Código Penal, é extremamente


confuso, motivo pelo qual entendemos que o tipo deveria ter sido cimentado com razões mais
precisas para que se elevasse o nível de segurança jurídica, pois ao deixar de conferir clareza
26

ao texto legal criou-se inúmeras lacunas que dificultam a sanção do assediador frente ao
direito penal, criando assim inúmeras distorções que precisam ser urgentemente elucidadas.

Em respeito ao princípio da taxatividade, ao definir um crime a lei deve ser precisa


determinando estritamente o comportamento que será punido. Não poderão ser aceitas,
portanto, leis imprecisas que não delimitem a conduta que se pretende incriminar (os tipos
penais abertos), sob o fundamento de estar-se ferindo o princípio da legalidade.

É postulado indeclinável do Estado de Direito material que a lei penal deverá ser
suficientemente clara e precisa na formulação do conteúdo do tipo legal, bem como no
estabelecimento da sanção, para que exista real segurança jurídica.

Indubitavelmente o ponto que merece as mais ferrenhas críticas é o que diz respeito
ao veto presidencial.

Inicialmente, o projeto de lei continha um parágrafo único que estabelecia que


também cometeria o crime aquele que agisse prevalecendo-se de relações domésticas, de
hospitalidade ou coabitação bem como, o que agisse com abuso ou violação de dever inerente
a ofício ou ministério.

Este, porém, foi vetado. E foi, o veto, um erro alvar.

A justificativa para o veto foi de que o parágrafo único se permanecesse, beneficiaria


o agente, pois nesse caso não incidiria o artigo 226 do Código Penal.20

O que se percebe é que houve uma limitação na incriminação. E, ao vetar o parágrafo


único sob a fundamentação de que este beneficiaria o agressor, pois tal parágrafo iria colidir
com uma das regras gerais dos crimes contra os costumes (art.226), o que fez o Presidente foi
justamente beneficiá-lo, pois restringiu a abrangência da norma criminalizadora à relação
laboral quando deveria ter, ao contrário, ampliado-a também às relações domésticas,
provenientes de coabitação, hospitalidade ou de abuso inerente e a ofício ou a ministério.
20
Razões do veto
“No tocante ao parágrafo único projetado para o art. 216-A, cumpre observar que a norma que dele consta, ao
sancionar com a mesma pena do caput o crime de assédio sexual cometido nas situações que descreve, implica
inegável quebra do sistema punitivo adotado pelo Código Penal, e indevido benefício que se institui em favor do
agente ativo daquele delito.
É que o art. 226 do Código Penal institui, de forma expressa, causas especiais de aumento de pena, aplicáveis
genericamente a todos os crimes contra os costumes, dentre as quais constam as situações descritas nos incisos
do parágrafo único projetado para o art. 216-A.
Assim, no caso de o parágrafo único projetado vir a integrar o ordenamento jurídico, o assédio sexual praticado
nas situações nele previstas não poderia receber o aumento de pena do art. 226, hipótese que evidentemente
contraria o interesse público, em face da maior gravidade daquele delito, quando praticado por agente que se
prevalece de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade”.
27

Não poderá, portanto, incidir neste crime a regra constante no art. 226, inciso II, pois
restaria caracterizado Bis In Idem.

Tais condutas, se praticadas hoje, são atípicas, mas deveriam estar inseridas no tipo,
pois nestes casos o assediador transforma em agressão o que deveria ser assistência, violando
assim a confiança natural que a vítima depositou-lhe, diminuindo-lhe a defesa e facilitando a
execução da ação criminosa.

Quanto a punição entendemos que a pena de prisão é censurável. O correto seria


inserir o crime de assédio sexual no âmbito das infrações de menor potencial ofensivo.

Além disso, a lei deveria atingir também a esfera cível e não apenas a criminal,
estipulando uma indenização por danos morais, como acontece em outros países. Com certeza
a multa pecuniária cumulativa com danos morais intimidaria e seria infinitamente mais eficaz.

E a ação penal, conforme expomos no ponto 2.8 deveria ser pública incondicionada.

O verbo constranger é bitransitivo, quem constrange, constrange alguém a alguma


coisa. Contudo, o Código Penal não respeitou esta regra gramatical ao estabelecer
“constranger alguém com o intuito de…”, diante disso entende-se que a intenção do
legislador ao utilizar tal verbo foi de constranger alguém com finalidade de alguma coisa.

Ao empregar o termo “constranger” sem a devida complementação e sem mencionar


os meios executórios o legislador admitiu a forma livre, ou seja, pode-se dar de qualquer
forma, o que exige uma interpretação teleológica da lei, na qual pretende-se encontrar o
significado da norma. Falta, portanto, clareza na norma.

É defeso ao legislador o uso de expressões ambíguas, vagas, que possam demandar


interpretações contrastantes. É necessário que a lei penal seja uma lex certa.

Ao admitir a forma livre criou-se um problema de adequação típica. Na prática é


extremamente difícil a adequação do fato concreto ao modelo legal, o que torna complicada a
distinção entre o assédio sexual e os outros delitos e por isso a conceituação deste crime se faz
por exclusão.

O texto legal mostra-se impreciso e obscuro também ao deixar de especificar qual é a


conduta desejável em relação à vítima.
28

Alguns doutrinadores entendem que é necessário que a vítima reprove e sinta-se


constrangida com as propostas do autor e que estas, de alguma forma afetem a dignidade ou
qualquer outro direito da vítima.

Entendemos que o consentimento da vítima afasta a tipicidade do crime. Mas, o


simples fato de a vítima atender aos apelos do autor do fato não quer dizer que haja
consentimento do ofendido. O consentimento, para afastar a tipicidade, deve ser válido. E
para que o consentimento seja considerado válido, o sujeito passivo tem que,
obrigatoriamente, obter algum proveito.

Outra grande dificuldade do tipo analisado é a expressão “vantagem ou


favorecimento sexual”. Mais uma vez, estamos diante de um tipo penal aberto, diferentemente
do que deseja o princípio da taxatividade da norma penal incriminadora.

Vantagem nos remete a idéia de lucro, ganho patrimonial, e não a ganhos de natureza
sexual.

Restringir o assédio apenas às questões laborais é minimizar um problema que atinge


proporções absurdas. Necessário, portanto, que a abrangência se torne mais vasta.

É da mais absoluta necessidade um maior rigor nos delitos que envolvam condutas
sexuais, justamente por provocarem prejuízos não só de ordem financeira, mas sim, e o que é
pior, de natureza psicológica.

9 – CONCLUSÃO

Em face do que foi exposto concluímos que a legislação contribuiu e contribuirá


ainda mais se for ampliada, na intimidação à prática do crime ora tratado, mas o tema não
pode ficar restrito à eficácia da norma.

É primordial que se faça um trabalho conjunto de abordagem da existência do


assédio sexual nas empresas, escolas e locais que atinjam um maior número de pessoas
possível. Através de sindicatos, ONG’s, organismos governamentais e organização de
29

empregadores. Isso pode ser feito com distribuição de códigos de conduta, materiais de
orientação, declarações políticas e programas de conscientização pública.

O grau em que as iniciativas voluntárias a respeito do assédio sexual foram


assumidas pelas pessoas e órgãos sociais formaram diversas nuances inclusive dentro de um
mesmo país, dentre as diversas tendências uma foi a conclusão de que uma das medidas
importantes ao combate do assédio sexual é muito mais uma cooperação do que um conflito
nas relações trabalhistas. A outra é a necessidade de se chegar a um consenso de termos gerais
de políticas referentes ao assunto.

Não se esquecendo também de que o crime deveria ser inserido no âmbito das
infrações de menor potencial ofensivo como também atingir a esfera civil através da
estipulação de uma indenização por danos morais.

Certamente as medidas acima elencadas juntamente como a multa pecuniária de


danos morais, agregando-se a isso o fato de ação penal ser pública incondicionada, estaríamos
muito mais protegidos da prática do tão humilhante crime de assédio sexual.
30

REFERÊNCIAS

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