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EIA da Abertura da Barra de Saquarema

14. IMPACTOS DA BARRA FRANCA

14.1. Aspectos gerais

A abertura definitiva da barra de saquarema, a priori é uma ação que tem por objetivo
melhorar a qualidade das águas da Lagoa de Saquarema, remediando os vários processos
antrópicos que vêm causando a degradação acelerada do ecossistema. Visa também aumentar
a diversidade biológica da laguna pela instensificação das trocas de água entre o sistema e o
mar.
Existe uma unanimidade de opiniões da população favoráveis à abertura definitiva da
barra que imagina-se vai aumentar a piscosidade da laguna melhorar as condições de
navegabilidade e de turismo e lazer da região, e com; isto aumentando também a renda desta
população. Contudo, cabe a nós pesquisadores avaliar os verdadeiros impactos da abertura da
barra e verificar se as modificações vão realmente surtir os efeitos esperados.
A Lagoa de Saquarema tem vivido um processo de abertura e fechamento constantes de
sua barra. Em fevereiro deste ano a barra foi aberta com auxílio de equipamento de
terraplanagem. Pode-se constatar que este eventos de abertura (mesmo forçada) periódicos
não têm provocado grandes impactos negativos no sistema. Isto é uma garantia de que os
efeitos da abertura, principalmente na biota deve ser muito pequeno. Outro aspecto
tranquilizador é a previsão de modificação da salinidade (veja a parte de modelagem), que não
deve ser muito alta. Na verdade, as variações causadas pelas oscilações pluviométricas
certamente são muito mais significativos. O fator de estresse causado por este prâmetro no
ecossistema deve ser muito pequeno. Prevê-se que a modificação mais significativa seria o
declínio de uma pequena parte dos bancos de Typha dominguensis e de Acrosticum sp. Um
acompanhamento detalhado do declínio destes bancos deve ser realizado e um programa de
substituição deste bancos por manguezais deve ser realizado. Embora este bancos de
macrófitas tenham grande importância ecológica como abrigo de aves, répteis e outro
animais, esta vegetação vem sofrendo uma pressão muito grande da população que
anualmente queima grandes faixas dos bancos (Figura 14.1), considerados muito incômodos
pois dificultam o acesso à laguna.
Outro aspecto importante da abertura da barra, é a altura da laguna. Com a barra
definitivamente aberta e sem a ponte do Jardim que restringe a entrada de água nos sacos mais
internos, o nível da laguna oscilará muito mais que atualmente e algumas situações extremas
foram avaliadas com atenção neste trabalho. A conjugação de marés de sizígia com marés de
tempestade (entrada de frente fria) pode ser considerada uma situação extrema (veja parte de
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modelização para maiores detalhes). Nesta situação o nível da laguna deve subir de maneira
significativa )até 60 cm acima do nível observado atualmente (1,05 m acima do datum). Sob
estas condições, é possível que alguns moradores das margens (principalmente aqueles que
construiram na faixa de preservação marginal) tenham a ingrata surpresa de ter suas casa
alagadas. É importante frisar que esta é uma probabilidade que infelizmente não pudemos
quantificar, pois não foi feito estudo topográfico detalhado de toda a margem. Os locais onde
as medidas puderam ser feitas (à margens da lagoa Jardim, vila de pescadores) não
apresentaram tal risco. A Figura 14.2 apresenta a configuração da lagoa em situação extrema
de alagamento
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Figura 14.1. Observa-se ao fundo da Lagoa de Saquarema (saco de Mombaça)


alguns focos de queimada dos bancos de macrófitas.

Figura 14.2: Área estimada de alagamento da laguna em situação extrema de maré de sizígia e
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maré de tempestade (recorrência do evento, 2 vezes ao ano)

O aumento médio da altura da laguna também poderia desequilibrar ecologicamente a


biota que se desenvolve às margens da laguna, contudo, ficou constatado um aumento médio
de apenas alguns centímetros que não deve causar nenhum impacto significativo nesta
vegetação.
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14.2. Alterações da flora e fauna

Com base na Modelagem Matemática utilizada, espera-se que a abertura da BARRA


FRANCA na laguna de Saquarema proporcione um aumento da salinidade, ficando a Laguna
de Fora com o nível oscilando entorno de 35 UPS, com dois ciclos de marés diárias.
Provavelmente a vegetação da Laguna de Fora, principalmente a Typha dominguensis, sentirá
gradativamente o efeito da salinidade, acontecendo o mesmo com toda fauna acompanhante.
Espera-se que ocorra um substituição gradativa destes bancos de taboa por manguezais
As alterações em ecossistemas estuarinos (lagunas) decorrentes da abertura de barras,
principalmente no que diz respeito aos impactos diretos, são inicialmente negativos, mesmo
que esse ecossistema já se encontre impactado. As mudanças na biodiversidade de suas
biocenoses devem-se à grande complexibilidade da cadeia alimentar em sistemas lagunares, o
que torna preocupante qualquer interferência neste ecossistema, pois diversos fatores
contribuem para a diversidade da fauna e flora lagunar, dos quais, os mais importantes são a
sobreposição de nichos, reprodução, competição e relações tróficas das espécies.
Por outro lado, mesmo que haja uma perda da vegetação no entorno da laguna de
Fora e consequentemente da biota acompanhante, este impacto poderá ser revertido, já que a
abertura da barra criará uma melhora das condições gerais da laguna de Saquarema em termos
da eutrofização, salubridade da água, aumento da produtividade íctia, etc. Estes fatores
poderão, inclusive, contribuir para um provável restabelecimento, no seu devido tempo, do
equilíbrio deste ecossistema.

14.3. Engorda de peixes

A laguna de Fora, aonde será realizada a obra hidraúlica BARRA FRANCA,


provavelmente sentirá nos primeiros meses da abertura uma substituição ou diminuição das
espécies mais dominantes citadas neste estudo. A variabilidade da temperatura e da salinidade
diária (entradas e saídas de marés) vão impor um caráter mais marinho onde as espécies que
ocorreram em menor abundância e domínio poderão se aproveitar dessas variáveis.
Provavelmete haverá um rearranjo das comunidades íctias da laguna de Fora e, certamente,
haverá uma pressão maior nas lagunas de Boqueirão, Jardim e Urussanga pelas espécies íctias
que se utilizam desta laguna para reprodução, principalmente da família Ariidae residentes,
onde haverá uma maior competição por espaço favoráveis para alimentação e reprodução.
Outro fato esperado, é que as espécies de maior interesse econômico da laguna, Bagres,
Carapebas, Tainhas e Corvinas, disponíveis espaço-temporalmente na laguna com a barra
fechada, não mais fiquem retidas na laguna. Porém, podem transitar livremente pela Barra
(Zona Costieira / Laguna), mediante suas necessidades biológicas.
A área de Influência direta da obra, com certeza será basicamente sobre a laguna de
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Fora e indiretamente se estenderá para as lagunas de Boqueirão, Jardim e Urussanga em


menor intensidade até que se mantenha um novo equilíbrio no Ecossistema lagunar de
Saquarema. Nestas condiçõesexistegrande possibilidade de termos ecossistemas com
diversidade biológica muito maior, peixes maiores e mais saudáveis e menos contaminados
por patogênicos. Por outro lado, diminui-se o risco de mortandades na laguna, processo muito
comum nas lagunas da região.
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14.4. Hidrodinâmica

Os aspectos mais relevantes em relação às alterações na circulação do sistema lagunar


estão associados à introdução de uma forçante oceânica que intensifica o termo da força do
gradiente horizontal de pressão. Com a barra fechada, esta força é causada pelo empilhamento
da água devido à tensão de cisalhamento do vento que causa desníveis da ordem de 0,05 m
(velocidade do vento igual a 5 ms-1) da margem a barlavento até a margem a sotavento,
podendo chegar a 0,20 m, para ventos com velocidade de 8 ms-1. Os desníveis causados pela
maré chegam a valores duas vezes maiores de um extremo a outro, do sistema lagunar. Isto
determina um campo de velocidades regido, notadamente, pela influência oceânica. Em
termos bidimensionais em planta, o padrão de dois vórtices principais em cada corpo lagunar
com um fluxo médio contra o vento na porção central, para a situação com a barra fechada, é
substituído por um padrão de correntes alternadas (enchente e vazante). Naturalmente, na
Lagoa mais interior (Mombaça), a circulação na porção central ainda apresenta o padrão de
vórtices, posto que, nesta região, as correntes de maré são de baixa intensidade (prancha
11.31). Em relação aos poluentes dissolvidos bem misturados na coluna d’água, pode-se
afirmar que seguirão as trocas de volume com o oceano diminuindo sua concentração atual.
No canal, protegido pelo guia-corrente, as correntes serão alternadas com velocidades
máximas de 1,5 ms-1 (pranchas 32 e 33). É importante chamar a atenção para a necessidade
de sinalização alertando para estas velocidades, notadamente na vazante, o que configura
risco aos banhistas que tentarem atravessar o canal a nado.

14.5. Impacto no lençol freático

O impacto que pode ocorrer é a salinização da água subterrânea, contudo, tendo em


vista a reduzida modificação da salinidade e da altura média da laguna (os eventos
excepcionais não influenciam de maneira significativa), este impacto deve ser pequeno. O
impacto será naturalmente mais intenso naqueles poços rasos que ficam próximos à laguna.
Trata-se de poços que não fornecem água potável, já que pelo fato de serem rasos encontram-
se muito misturados com águas de escoamento, muitas vezes contaminadas com esgotos
oriundos de fossas sépticas.

14.6. Impacto na hidroquímica da água da laguna

A avaliação das características físico-químicas das águas do sistema lagunar de


Saquarema foi executada entre 02 Abril de 2000. Compreendeu a coleta de amostras de água
de superfície num total de quinze (15) estações, incluindo sete (7) na lagoa, duas (2) no mar e
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seis (6) nos rios principais do sistema. Os parâmetros analisados foram temperatura (T),
condutividade (C), transparência (Zm), pH, oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica
de oxigênio (DBO), nitrato NO3-N), nitrito (NO2-N), amônio (NH4-N), ortofosfato (PO4-P),
fósforo total (PT), carbono orgânico particulado (COP), clorofila a (Chl.a), feopigmentos
(Phaeo) e sólidos totais em suspensão (STS).
Dois dos seis rios analisados apresentam qualidade da água precária pelo impacto de
efluentes domésticos. As águas dos sistema lagunar apresentam variação espacial dos
parâmetros físico-químicos em função da compartimentação geomorfológica e a influência do
canal de maré da lagoa. A Lagoa de Urussanga é mesohalina e apresenta concentrações de
matéria orgânica particulada duas vezes mais elevadas que a Lagoa de Fora polihalina. O
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sistema lagunar permanece em estado eutrófico. Os prerequisitos para a mitigação do


processo de eutrofização são o manejo da bacia de drenagem, incluindo a eliminação do
lançamento de efluentes domésticos nos rios e na lagoa, e abertura do canal para assegurar
maior diluição das águas pelo mar.

14.7. Impacto na hidroquímica da água do mar

Os impactos da abertura da barra na praia de Itaúna só podem ser avaliados à luz da


modelagem. Os resultados tanto de concentração de nutrientes quanto de colimetria indicam
que a praia de Itaúna apresenta boa qualidade. Contudo um estudo da FEEMA estima que a
qualidade da água para 1988 (trata-se de uma previsão) nas praias de Jaconé, Saquarema
(Vila) e Itaúna, classifica as duas primeiras como próprias e a terceira como imprópria.
Programas de monitoramento da colimetria e dos parâmetros físico-químicos como os que são
feitos para a baía de Guanabara e para as praias da zona Sul do Rio de Janeiro devem ser
desenvolvido para toda a região. Com a abertura da Barra a qualidade da água na praia de
Itaúna tende a decrescer, já que a água da laguna é contaminada por esgotos. Este problema só
pode ser solucionado com o desenvolvimento de um programa de saneamento básico para
toda a região, o que teria um custo muito elevado. Por outro lado, não é possível deixar a
lagoa receber toda a poluição da região sem fazê-la dilui-se no mar.

14.8. Tempo de residência da água da laguna

O tempo de residência das ,aguas da laguna pode ser calculado com base nos valores de
troca de água entre laguna e oceano já determinados no capítulo relativo à modelagem.
Considerando que os valores de entrada de água doce no sistema são muito pequenos (86,4 m3
dia-1) comparativamente ao volume da laguna (20 x106 m3). Por outro lado os valores de troca
de água com o mar são muito elevados (em sizígia chegam a 8 x 106 m3 dia-1) podemos
negligenciar o primeiro valor e utilizar apenas o segundo, chegando a um tempo de residência
(T50%) de 30 horas. Este valor trata a lagoa como um compartimento úmico e homogêneo,
este valor pode ser bem menor para o saco de Fora e bem maior para a Lagoa de Mombaça
(cálculos segundo Wasserman, 1999).

14.9. Alterações na dinâmica sedimentar de Itaúna e Estabilidade


do Canal

Em vista do baixo valor do índice de impacto de promontórios, fica evidente a


fragilidade potencial da praia aos efeitos da compartimentação provocada pelos mesmos. Não
obstante, a praia vem mantendo o seu estoque de areia não aparentando apresentar uma
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tendência de erosão. A construção de uma guia corrente irá, teóricamente, aumentar o efeito
de embaiamento, no entanto com uma largura de apenas 80 m (6% do comprimento do arco
praial) este efeito será provavelmente desprezível.
Um segundo aspecto a merecer atenção é o efeito de retenção de sedimentos pela
embocadura do canal. Localizado em profundidades de 5 m a 10 m, onde é eficiente a
mobilização e transporte de sedimentos por ação combinada de ondas e correntes
unidirecionais. Conforme ressaltado acima não há indicação clara da existência de um
transporte significativo no sentido paralelo ao litoral, sendo que a praia, propriamente dita,
deve sofrer um transporte principalmente no sentido perpendicular à mesma. Não há também
indicação morfológica de acumulação sedimentar em uma ou outra extremidade do arco praial
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de Itaúna o que permitiria deduzir uma direção residual de transporte. Esta questão somente
poderá ser respondida através de estudos adicionais. No caso de retenção sedimentar por
efeito do guia corrente, a boa prática é fazer com que as areias dragadas do futuro canal sejam
reincorporadas ao prisma praial.
Em resumo, apesar de permanecer algumas incertezas quanto aos efeitos da construção
de um guia corrente sobre a morfodinâmica da praia de Itaúna, é de esperar que, pela pequena
dimensão da obra e sua posição paralela a uma das extremidades do arco praial, seus efeitos,
em termos de erosão ou progradação da linha de praia, sejam desprezíveis.
Com relação à estabilidade do canal, Rosman, (1996) apresenta um estudo de
viabilização da obra da Barra Franca em que estabelece uma largura ideal de 100 m por 4
metros de profundidade (400 m2 de área hidráulica). Contudo o custo de tal obra certamente
inviabilizaria o projeto. Assim este autor calcula uma área mínima em que o canal ainda fosse
estável. Este autor cita: ”…fica patente que o Canal da Barra com área hidráulica mínima de 160 m² é
estável. Entretanto, por ter uma seção hidráulica aquém da curva de máxima capacidade de resposta para
algumas situações de maré, o canal teria pouca margem de segurança para manter-se desobstruído apenas pela
ação hidrodinâmica. Entretanto, isso não é problema se considerarmos a construção do guia-correntes, como
ilustra a Figura 6.1. O guia correntes por impedir a maior parte do possível aporte de sedimentos à
embocadura, devida aos processos litorâneos na praia de Saquarema, garante uma razão entre o volume do
prisma de maré e o volume anual de sedimentos transportados defronte à desembocadura suficientemente
confortável para garantir a estabilidade do canal para qualquer amplitude de maré.”

14.10. Sedimentação no sistema lagunar

Os processos de sedimentação na laguna foram determinados a partir da modelagem da


tensão de cisalhamento resultante do campo de velocidade.
Observou-se que nas constricções, ocorrerá um nítido aumento das velocidades e,
portanto, das tensões de cisalhamento. Estes resultados indicam a intensificação da
capacidade de transporte, do material particulado. Estes contribuintes dos processos de
assoreamento da lagoa, terão seu tempo de permanência, no sistema lagunar, diminuído. Além
disso, será aumentada a capacidade de ressuspensão de material já depositado, mas não
consolidado. Assim, a tendência de fechamento destas ligações entre as lagoas tende a ser
interrompida.
A comparação entre mapas de batimetria recente e antiga permitiram o cálculo mesmo
que grosseiro da taxa de sedimentação na laguna nos último 40 anos que é de 1,25 cm ano-1.
Este dados indicam que se a laguna for mantida fechada, sua completa colmata ocorrerá em
no máximo 40 anos. Sua abertura retardará este processo de maneira significativa.

14.11. Impactos na atividade econômica

A construção da Barra Franca deve causar maior impacto em dois tipos de atividade, na
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pesca e no turismo. No tocante ao turismo, existe uma certa preocupação relacionada com a
queda da qualidade da água na praia de Itaúna. A configuração do guia-correntes prevê o
lançamento das águas da laguna a uma distância considerável da praia, tornando pouco
provável o retorno imediato desta água para a orla. O retorno pode ocorrer, mas após um
período relativamente elevado e forte diluição. O modelo hidrodinâmico confirma este
comportamento. Em contra-partida a cidade ganha uma lagoa relativamente limpa e saudável,
com grande potencial de se tornar atrativo turístico.
A atividade pesqueira deve ganhar muito com a Barra Franca. Muitas espécies de mar
devem voltar a frequentar a laguna, aumentando seu potencial pesqueiro. Uma estimativa
quantitativa do aumento é difícil pois trata-se de um parâmetro dfícil de modelisar. Pode-se
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dizer ainda que a abertura da laguna deve provocar aumento no potencial pesqueiro de toda a
região, inclusive em mar aberto, já que muitas espécies de mar vão encontrar na laguna as
condições ideais para sua reprodução. Além disto, as águas produtivas da laguna ao se
misturarem com as águas do mar devem constituir fonte de alimento para um aumento da
produtividade piscícola.

14.12. Impactos nos ecossistemas lagunares

Como dito anteriormente, o principal impacto da abertura da barra será uma pequena
redução da ocupação de macrófitas das margens da laguna. Não é possível estimar qual a
dimensão da área afetada, mas, tendo em vista as pequenas modificações na salinidade,
certamente esta área é pequena. Na verdade, se não existisse ação humana nas margens
(queimadas, aterros, etc.) os bancos de macrófitas seriam substituidos por manguezais. O
problema é que as macrófitas são plantas anuais e os manguezais demoram muito mais a se
estabelecer, assim alguns anos passariam entre a decadência das macrófitas e o
desenvolvimento dos manguezais. Neste período, em que a margem ficaria desocupada
(talvez com crescimento de gramíneas como as Espartinas, pode ocorrer a ocupação. Afim de
se evitar este período intermediário, é sugerido que seja desenvolvido um programa de plantio
de árvores de manguezal.

14.13. Risco de acidentes

O único risco de acidentes introduzido pela construção da Barra Franca é o de


afogamento no próprio canal, já que as correntes alí serão relativamente elevadas (1,5 m s-1) e
pessoas sem capacidade de nadar grandes distâncias estariam sujeitas a serem levadas para
mar aberto na maré vazante. Assim sugere-se que sejam colocadas placas de proibição de
natação no interior do canal. Existe ainda um pequeno risco de erosão das margens do canal,
principalmente do lado do centro da cidade. Segundo observações in situ, esta área já sofreu
problema de erosão pois uma pequena mureta foi construída (Figura 14.3).

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Figura 14.3: Mureta de proteção ao lado do estacionamento da


Igreja de Nossa Senhora de Nazaré

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