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DIREITO E ODONTOLOGIA

CONHEÇA A RESPONSABILIDADE CIVIL ODONTOLÓGICA

Dr. Edwin Despinoy


Advogado e Cirurgião Dentista
Diretor Jurídico do SOMGE
despinoy@gmail.com

Responsabilidade civil é a obrigação que pode incumbir uma pessoa a


reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou por fato de pessoas ou coisas que
dela dependam.

Quando o Cirurgião Dentista assume prestar determinado serviço


profissional a seu paciente, está assumindo uma obrigação. O não cumprimento de tal
obrigação, violando assim o dever jurídico, faz nascer a responsabilidade, por meio da
qual, estará, obrigado a recompor o dano eventualmente decorrente desse
descumprimento obrigacional.

Como vemos, não poderá haver responsabilidade sem correspondente


obrigação. Por conseqüência, depreende-se a impossibilidade de que alguém seja
responsabilizado, sem que tenha violado a sua obrigação, previamente existente.
Portanto para que se possa identificar o responsável, se faz imprescindível apontar o
dever jurídico violado, assim como o autor de sua violação.

Analisaremos duas formas de responsabilidade civil que podem atingir a


Odontologia: a Responsabilidade Subjetiva e a Responsabilidade Objetiva.

No exercício da Odontologia o Cirurgião Dentista, na qualidade de


profissional liberal, é tratado pelo o Código do Consumidor como exceção à regra geral da
responsabilidade objetiva, o que significa que a responsabilidade do mesmo como agente
causador do dano, só se pode dizer configurada se agiu culposamente. Assim sendo, a
prova da culpa, do agente causador do dano, é indispensável para que surja o dever de
indenizar. Sendo a responsabilidade dependente da conduta do sujeito, é chamada
responsabilidade subjetiva. Essa responsabilidade subjetiva por que responde o
profissional liberal, é menos gravosa que a responsabilidade objetiva, como se verá
adiante.

Já no caso da responsabilidade objetiva, a atitude culposa do agente


causador do dano não assume relevância, pois basta a existência da relação de
causalidade entre o dano experimentado pela vítima e o ato do seu agente, para que surja
o dever de indenizar, tendo agido ou não, o agente causador do dano, com culpa. Essa
responsabilidade objetiva, segundo o Código do Consumidor, é a responsabilidade por
que responde todo aquele fornecedor de serviços que não é profissional liberal, como por
exemplo uma clínica (pessoa jurídica). Presente apenas a relação de causa e efeito entre
o ato do agente e o dano sofrido pela vítima, está configurado o dever de indenizar,
mesmo sem que haja culpa do fornecedor de serviços. Na prática, o paciente que aciona
o fornecedor de serviços odontológicos terá maior facilidade de obter a sua condenação
se acionar uma pessoa jurídica, uma clínica por exemplo, do que se acionar um
profissional liberal, pois no caso da pessoa jurídica não terá que provar a existência de
culpa pelo dano ocorrido.

Por tal motivo, antes do Cirurgião Dentista, profissional liberal, constituir uma
pessoa jurídica, deverá analisar essa forma de responsabilidade civil mais gravosa, por
que poderá vir a responder, no caso de uma demanda judicial.

Para que se configure a Responsabilidade Civil do Profissional Liberal


(responsabilidade subjetiva), deve ter sido praticada, pelo mesmo, uma conduta culposa
configurada por ação ou omissão voluntária, fundada em negligência ou imprudência ou
imperícia, e somada à ocorrência de um dano, que tenha nexo causal com a referida
conduta.

A negligência caracteriza-se pela inação, descuido, indolência, inércia,


passividade. Imprudência, no caso, se configura nas atitudes não justificadas,
precipitadas, sem o uso da devida cautela ou prudência. Já a imperícia é a falta de
observação das normas, deficiência de conhecimentos técnicos da profissão, despreparo
prático. Também a caracteriza, a incapacidade para o exercício de determinado ofício, por
falta de habilidade ou ausência dos conhecimentos necessários, rudimentares, essenciais
ao exercício da profissão.

Tem-se observado atualmente, uma tendência do Cirurgião Dentista


constituir Pessoa Jurídica, sem qualquer análise mais detalhada dos prós e contras.
Muitos convênios ou credenciamentos tem feito a exigência de que o Cirurgião Dentista
se transforme em Pessoa Jurídica, para que possa se manter ou entrar para o quadro de
conveniados ou credenciados. Essa é uma exigência, que por muitos outros motivos é
benéfica à instituição, empresa ou plano de saúde, que necessita do trabalho do Cirurgião
Dentista, mas nem sempre pode ser considerada conveniente para o mesmo, que na
verdade continua atuando da mesma forma anterior, quando era profissional liberal
autônomo, mas agora assumindo responsabilidades mais gravosas, próprias de Pessoa
Jurídica.

Dr. Edwin Despinoy - despinoy@gmail.com

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