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QUARTO ESCURO

Do meu quarto s quero a escurido


E a gaveta da minha escrivaninha
Com as cartinhas e versos de amores guardados.
No quero ver esse rosto de hoje,
Ele angustia. Vou quebrar os espelhos da casa.
E quero a porta sempre fechada.
Quero um dia com nuvens e uma noite chuvosa;
O sol incomoda, e que o choro da chuva se misture
ao meu.
Ah, como eu quero um sorriso novo
e um corao de criana ou de lata
Fechem a porta e apaguem as luzes
Tragam meu lenol e uma lanterna
Quero cobrir-me dos ps a cabea
Ler as cartinhas e versos que me deixam
mais triste.
E quando eu adormecer
S me acordem depois de ontem bem
cedo
JOEL CANABRAVA
Mas me deixem continuar no quarto
ESTANTE DE LIVROS

Tenho algumas grandes


E outras pequenas posses;
Mas nenhuma considero o meu tesouro
Como minha estante de livros.
No so muitos, Umas poucas dezenas
Adquiridas entre investimentos, doaes
E alguns (tolerveis) e inocentes convites.
No sinto vergonha desses ltimos,
Afinal que bom leitor nunca tivera vontade de faz-lo.
Eu fiz! No me arrependo!
No sei se tirei conhecimento de algum;
Mas acho que comigo esto bem.
Eu ficaria muito triste se um dia
Acordasse e no os visse.
Eles so o meu ego, meu tesouro e minha luxria.
Alis, meus dois luxos so:
A boemia e os livros....
Ambos me deixam brios. JOEL CANABRAVA
Achei...

Achei que eu no gostasse mais


De um simples banho de rio
De uma rede e um assovio
E de dormir tarde em paz.

Achei que no era mais to gostoso


Ficar embaixo duma mangueira,
Curtindo a sombra tarde inteira,
Comendo um fruto bem saboroso.

Achei que a chuva era s tristeza


E que as lgrimas, nunca de alegria,
Fossem sempre a monotonia!

Achei... E hoje tenho a certeza


Que do meu lado a tua companhia
Aquela tristeza jamais existiria.
JOEL CANABRAVA

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