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IMPOSTO DE RENDA - PESSOAS FÍSICAS

Professor:
Eduardo Secchi Munhoz
IMPOSTO DE RENDA - PESSOAS FÍSICAS

1. Formas de Apuração e Recolhimento do IRPF:


- Imposto sobre a Renda na Fonte por Antecipação - IRF-A;
- Imposto sobre a Renda na Fonte Exclusivo - IRF-E;
- Imposto sobre a Renda por Alíquota Fixa;
- Recolhimento Mensal Obrigatório - RMO;
- Complementação Anual Obrigatória - CAO;
- Recolhimento Complementar Facultativo - RCF.
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1.1 Imposto sobre a Renda na Fonte por Antecipação (IRF-A):


- a fonte pagadora tem a obrigação de calcular e descontar
o valor do imposto;
- em regra, aplica-se aos pagamentos efetuados por pessoa
jurídica a pessoa física:

(Pagamento)
Pessoa Jurídica Pessoa Física

IRF-A
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- deduções permitidas para apuração:
- contribuição previdenciária oficial, dependentes,
pensão judicial;
- em caso de aluguel: impostos, condomínio,
despesa de cobrança e sublocação, se
suportados pelo locador.

- IRF-A é compensado com o imposto devido na


declaração de ajuste anual (CAO).
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1.2 Imposto sobre a Renda na Fonte - Tributação


Exclusiva (IRF-E):
- incide, de forma definitiva, sobre rendimentos pagos
à pessoa física, estando sob responsabilidade da fonte
pagadora a apuração, desconto e recolhimento do
imposto devido;
- rendimentos sujeitos a esta forma de tributação:
aplicações financeiras, rendimentos pagos a
residentes ou domiciliados no exterior, 13º salário,
etc.
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- rendimentos excluídos desta forma de tributação:
- rendimentos de cadernetas de poupança, DER e
juros de letras hipotecárias;
- juros produzidos por Bônus do Tesouro
Nacional e Notas do Tesouro Nacional;
- rendimentos produzidos pelos Títulos da Dívida
Agrária;
- rendimentos do Fundo Nacional de
Desenvolvimento.
- o IRF-E não é compensado com o imposto devido na
declaração de ajuste anual (CAO).
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1.3 Imposto sobre a Renda por Alíquota Fixa (tributação


definitiva):

- incide, de forma geral, sobre ganhos de capital e sobre


ganhos em aplicações de renda variável, sendo sua
apuração e recolhimento de responsabilidade do
próprio contribuinte que aufere a renda.
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- alíquotas aplicáveis:
- nos ganhos de capital: 15%;
- nos ganhos auferidos em bolsa (renda variável):
- operações à vista: 20%;
- operações a termo: 20%.
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1.4 Recolhimento Mensal Obrigatório - RMO (Carnê-Leão):


- incide sobre:
- rendimentos recebidos de pessoas físicas;
- rendimentos provenientes de fontes no exterior;
- acréscimos patrimoniais não justificados por
outros rendimentos.

(Rendimento)
Pessoa Física Pessoa Física

RMO (Carnê-Leão)
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- a apuração é feita da mesma forma utilizada para


apuração do IRF-A, com a diferença de que a
responsabilidade pela apuração e recolhimento é do
próprio contribuinte, e não da fonte pagadora.

- o RMO é compensado com o imposto devido na


declaração de ajuste anual (CAO).
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1.5 Complementação Anual Obrigatória - CAO


(Declaração de Ajuste Anual):
- anualmente, o contribuinte deve entregar à Secretaria
da Receita Federal (SRF) sua declaração de ajuste
anual, na qual é apurado o imposto sobre a renda
devido, no ano, por ele, decorrendo desta apuração:
- valor complementar de imposto a pagar
(complementação anual obrigatória); ou
- valor de imposto pago a maior, que será
restituído ao contribuinte.
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- está obrigado à entrega da declaração de ajuste anual


(no ano 2000 - exercício de 1999) o contribuinte que,
no ano-calendário:

- recebeu rendimentos tributáveis em montante


superior a R$ 12.696,00;

- recebeu rendimentos isentos, não-tributáveis


ou com tributação exclusiva na fonte em
montante superior a ...........;
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- deteve participação societária em empresa,


como sócio ou titular;

- realizou ganho de capital na alienação de bens


ou direitos;

- realizou operações em bolsas de valores,


mercadorias, de futuros e assemelhadas.
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- teve a posse de bens ou direitos cujo valor seja


superior a R$ 80.000,00;

- passou à condição de residente no Brasil;

- obteve receita bruta decorrente da atividade


rural superior a R$ 54.000,00; e

- deseja compensar prejuízos decorrentes da


atividade rural, apurados em anos-calendários
anteriores.
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Tabela Progressiva Anual

Base de Cálculo Alíquota Parcela a Deduzir

até R$ 12.696,00 Isento ----

R$12696,01 a R$25380,00 15,0% R$1.904,40

acima de R$25.380,00 27,5% R$ 5.076,90


Casos de Planejamento Tributário:
Compra e venda de empresas

Eduardo Secchi Munhoz


Caso 1: Sucessão tributária
• Art. 133, CTN:
– “A pessoa natural ou jurídica de direito privado que
adquirir de outra, por qualquer título, fundo de
comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou
profissional, e continuar a respectiva exploração sob a
mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome
individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo
ou estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato:
– I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do
comércio, indústria ou atividade;
– II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir
na exploração ou iniciar dentro de 6 meses, a contar da
data da alienação, nova atividade no mesmo ou em
outro ramo de comércio, indústria ou profissão”
Sucessão tributária
• Caso 1:
– Uma rede de supermercados (rede A) pretende adquirir
uma outra rede de supermercados (rede B), com
diversas lojas espalhadas por todo o Brasil. Algumas
das lojas localizam-se em imóveis de propriedade da
rede de supermercados da rede B e outras lojas se
situam em imóveis locados pela rede B (imóveis de
propriedade de terceiros).
– A rede B é uma sociedade anônima que tem débitos de
tributos federais (IR, Cofins e PIS) e estaduais (ICMS)
em valores expressivos. O valor da dívida é maior do
que o próprio valor da empresa.
Sucessão tributária
• A rede A não está interessada em manter a “marca” da
rede B, pois pretende utilizar a sua própria marca nas lojas.
Está interessada, porém, nos pontos comerciais da rede B.
• De que maneira a rede A poderia realizar o negócio sem
tornar-se sucessora das dívidas fiscais da rede B?
Hipóteses para discussão:
Sucessão tributária
• Hipótese 1:
– A rede A adquire as ações da rede B de propriedade dos
seus sócios anteriores, tornando-se a sua acionista
controladora.
– Nesse caso, as dívidas fiscais da sociedade B atingiriam
a sociedade A? Por que?
• Hipótese 2:
– A rede A adquire os estabelecimentos comerciais
(imóveis e instalações) da rede B. No caso dos imóveis
locados, é cedido à rede A o contrato de locação
respectivo.

Sucessão tributária
• Hipótese 3:

– A rede A loca os estabelecimentos comerciais da rede


B.
– Nesse caso, as dívidas fiscais da sociedade B atingiriam
a sociedade A? Por que?
– Ficaria caracterizada: a) fraude; b) simulação; ou c)
abuso de direito ou de forma?
– A norma antielisiva (art. 116, par. único, CTN) poderia
ser aplicada ao caso?
Sucessão tributária

• Secretaria da Receita Federal, Parecer


Normativo nº 02, 1972::
– “(...) Não sendo a locação meio hábil à aquisição de
bens, a pessoa natural ou jurídica que figurar como
locatário de máquinas ou mesmo de estabelecimento
comercial ou fundo de comércio não se subroga nas
obrigações tributárias do locador, ainda que, em
decorrência da inatividade deste, sua clientela passe a
ser atendida pela locatária”.
Sucessão tributária
• Acórdão do Conselho de Contribuintes/MF
– “(...) a locação de prédio onde funcionava
estabelecimento comercial, para desenvolvimento da
mesma atividade não sub-roga o novo locatário nas
obrigações tributárias em decorrência da inatividade
do locatário anterior, mesmo que a sua clientela passe
a ser atendida pela pessoa jurídica que passe a
explorar o negócio” (Acórdão nº 103-16.792/95).
Sucessão tributária
• Superior Tribunal de Justiça:

– “Tributário. Responsabilidade por Sucessão. Não


ocorrência. A responsabilidade prevista no artigo
133 do Código Tributário Nacional só se manifesta
quando uma pessoa natural ou jurídica adquire de
outra o fundo de comércio ou o estabelecimento
comercial, industrial ou profissional; a
circunstância de que se tenha instalado em prédio
antes alugado à devedora, não transforma quem
veio a ocupá-lo posteriormente, também por força
de locação, em sucessor para os efeitos
tributários.Recurso especial não conhecido”
(Recurso Especial nº 108.873-SP, Rel. Min. Ari
Pargendler, j. em 04.03.99, DJ 12.4.99).
Caso 2: Venda de empresas: IR
incidente sobre a operação
• Caso 2:
– Uma sociedade que se dedica à indústria eletroeletrônica
(sociedade A) pretende adquirir uma de suas principais
concorrentes (sociedade B).
– A forma mais simples de realizar o negócio seria a sociedade A,
ou os seus sócios, adquirem as ações da sociedade B de
propriedade do seus sócios originais.
– Contudo, as pessoas físicas, sócias da sociedade B, têm as ações
declaradas por um valor muito baixo em seu imposto de renda.
Assim, no momento da venda, a diferença entre o valor da venda e
o valor das ações apontado na DIPF seria tributada pelo IR à
alíquota de 15%.
– De que forma esse “custo” tributário, que oneraria demais a
operação, poderia ser evitado?
Venda de empresas: IR incidente
sobre a operação
• Alternativas para a realização da operação
(venda das ações da sociedade B para a
sociedade A):

– (i) venda direta pelos proprietários;

– (ii) constituição de nova sociedade, com ágio, e


posterior cisão.
Caso 2
• Venda direta pelos proprietários:
– Ações da sociedade B estão no DIPF no valor
de R$ 10 milhões.
– Preço negociado com a sociedade A é de R$
500 milhões.
– Valor do IR devido pelos vendedores (ganho de
capital):
• 15% (500 - 10), ou seja, R$ 73,5 milhões.
– Essa operação não envolveria risco tributário.
Caso 2
• Constituição de nova sociedade, com ágio, e
posterior cisão:
– Passo 1 - as pessoas físicas (sócias de B) constituem
uma nova sociedade (X), integralizando as ações da
sociedade B pelo preço de custo;

– Passo 2 - a sociedade A torna-se sócia de X, aportando


o preço de compra das ações ao caixa de X (R$ 500
milhões). Parte deste valor será destinado à conta
“Capital Social”, sendo emitidas as ações respectivas, e
parte à conta “Ágio”;
Caso 2
– Passo 3 - X é cindida, sendo constituída a
sociedade Y com o acervo cindido.
– Assim, X, detida pelas pessoas físicas, terá um
único ativo, o “caixa”, representado pelos R$
500 milhões aportados pela sociedade A; e
– Y, detida apenas pela sociedade A, será a
proprietária das ações da sociedade B.
Caso 2

• Constituição de nova sociedade com ágio e


posterior cisão:
– Passo 1:
Pessoas Físicas
X
(Ações Sociedade B
+
R$ 10 milhões)
Caso 2

• Constituição de nova sociedade com ágio e


posterior cisão:
– Passo 2: Sociedade A

Pessoas X
Físicas Ações Sociedade B
+
R$ 500 milhões
Caso 2

• Constituição de nova sociedade com ágio e


posterior cisão:
– Passo 3:
Y X
(R$ 10 milhões)

Pessoas físicas Sociedade A


Caso 2

• O custo tributário da operação é zero para


as pessoas físicas. Ou seja, economia de R$
73,5 milhões.
• Há riscos nessa operação? Por que?
• Há fraude?
• Há simulação?
• Há abuso de forma?
• O Fisco pode desconsiderar a operação?
Caso 2
• PN 46/87:
– "A realização de operações simuladas, com o objetivo
de elidir o surgimento da obrigação tributária principal
ou de gerar maiores vantagens fiscais, não inibe a
aplicação de preceitos específicos da legislação de
regência, bastando que, pela finalidade do ato ou
negócio, sejam obtidos rendimentos ou ganhos de
capital submetidos à incidência do imposto de renda,
qualquer que seja a denominação que lhe seja dada."
Caso 2
• San Thiago Dantas (in Programa de Direito Civil. Rio de
Janeiro, Editora Rio, 1977 pág. 281):
– “A parte sabe o que quer, tem representação precisa do negócio jurídico que
está na sua mente, mas na hora de fazer a declaração de sua vontade, declara
coisa diversa daquela que está no seu espírito, não por engano, nem por
inexatidão na declaração da vontade, mas, porque, de fato, o seu propósito é
declarar uma vontade diversa, isto é, aparentar uma situação jurídica diversa
daquela que realmente lhe interessa.(...)

– Tem-se, então um ato simulado, isto é, um caso em que a uma vontade


dirigida para a simulação de um certo ato corresponde uma declaração em
desacordo fundamental com essa vontade.

– (...) Muitos casos levam à simulação dos atos jurídicos. Simula-se, às vezes, o
ato jurídico para fraudar a lei, quando o negócio desejado não pode se realizar
por algum motivo ou acarreta certas conseqüências jurídicas que se querem
evitar. Dá-se, então, aspecto aparentemente diverso, para que a lei não
constitua obstáculo ao que se quer. Quer-se apenas evitar o pagamento de
certo imposto: quer-se economizar certa despesa fiscal, ou, então se tem
mesmo em vista um ato qualquer lesivo de terceiro, ou mesmo um motivo
inocente.”

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