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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - UFPB

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - CCSA


DEPARTAMENTO DE FINANÇAS E CONTABILIDADE - DFC
Campus Universitário - João Pessoa – PB

CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA I
Aula 3 – ICMS – Aspectos Gerais
Prof. Dr. Robério Dantas de França
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA I
Aula 3 – ICMS: Aspectos Gerais

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

É um imposto estadual e, em geral, é embutido no preço dos bens e


serviços, cobrado mediante o fenômeno jurídico da repercussão. Seu valor
vem destacado no documento fiscal, sendo o melhor exemplo de imposto
sobre consumo, pois seu valor está integrado no preço do produto/serviço
cobrado.
No Brasil, é o imposto com maior arrecadação, tendo arrematado R$ 396,5
bilhões em 2015, ou 21% do total de tributos cobrados por aqui.
Além disso, 25% da arrecadação desse tributo são repassados aos
Municípios com base nos índices de participação apurado pela Secretaria
de Estado, de acordo com a Legislação Estadual e Constituição Federal.
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Aula 3 – ICMS: Aspectos Gerais

Arrecadação por Categoria – impostos sobre consumo – Brasil – até 26/07/2018

https://impostometro.com.br/#arrecadacaoCategoria
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Aula 3 – ICMS: Aspectos Gerais

Legislação aplicável

• Constituição Federal de 1988 (Art. 155)


• Lei Complementar 87/96 (Lei Kandir)
• Lei Complementar 24/75 – ICMS Benefícios Fiscais
• Lei Complementar 116/03 – ISS
• Decreto 18.930/97 – RICMS-PB
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Aula 3 – ICMS: Aspectos Gerais

ICMS – evolução histórica


• Antes  Imposto de Vendas e Consignações (IVC)
• EC 18/65 – ICM
• CF 88 – ICMS (competência Estadual)
• Fato gerador complexo (fusão de 6 tributos)
• Critério de seletividade (opcional)
• Repasse % aos municípios (aumento para 25%)

Art. 155 da CF; LC 87/96 (Lei Kandir)


CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA I
Aula 3 – ICMS: Aspectos Gerais

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

Art. 1º Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir o imposto sobre


operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação,
ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior.

Art. 155 da CF; LC 87/96 (Lei Kandir)


CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA I
Aula 3 – ICMS: Aspectos Gerais

Algumas características do ICMS

• Competência: Estadual
• Imposto indireto: o contribuinte de fato (consumidor final) é
diferente do contribuinte de direito (produtor e comerciante).
• Tipo de alíquota: ad-valorem
• Imposto não-progressivo: não existem alíquotas gradativas em
função da base de cálculo.
• Imposto não-cumulativo: compensado em cada operação.
• Imposto incidente sobre fatos econômicos (“coisas”)
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Aula 3 – ICMS: Aspectos Gerais

ICMS – princípios constitucionais


• Não cumulatividade
Art. 155 - § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada
operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços
com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou
pelo Distrito Federal.
• Seletividade
III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e
dos serviços.

Art. 155, § 2º, inciso I e III da CF


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Aula 3 – ICMS: Aspectos Gerais

Não cumulatividade – quadro exemplificativo


Considerando a alíquota de 18%.

Valor da
Venda Compra Mercadoria (em Débito Crédito ICMS a Recolher
R$)
A B 100.000 18.000 – 18.000
B C 200.000 36.000 18.000 18.000
C D 300.000 54.000 36.000 18.000
Totais 600.000 108.000 54.000 54.000

Fabretti, 2016
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Aula 3 – ICMS: Aspectos Gerais

Não cumulatividade – quadro exemplificativo


Note-se no exemplo que o valor recolhido de fato foi 18% sobre o valor agregado em cada
operação:

Venda Valores em R$ Valor agregado ICMS pago


A vendeu por 100.000 100.000 18.000
B revendeu por 200.000 100.000 18.000
C revendeu por 300.000 100.000 18.000
Totais 600.000 300.000 54.000

Fabretti, 2016
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Fato Gerador

O ICMS tem como fato gerador as operações relativas à circulação de


mercadorias e as prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se
iniciem no exterior.

RICMS/PB
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Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento:


I - da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para
outro estabelecimento do mesmo titular;
II - do fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias por qualquer
estabelecimento;
III - da transmissão a terceiro de mercadoria depositada em armazém geral ou em
depósito fechado, no Estado do transmitente;
IV - da transmissão de propriedade de mercadoria, ou de título que a represente,
quando a mercadoria não tiver transitado pelo estabelecimento transmitente;
V - do início da prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal,
de qualquer natureza;
VI - do ato final do transporte iniciado no exterior;
Lei Kandir
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Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento:

VIII - do fornecimento de mercadoria com prestação de serviços:


a) não compreendidos na competência tributária dos Municípios;
b) compreendidos na competência tributária dos Municípios e com
indicação expressa de incidência do imposto de competência estadual, como
definido na lei complementar aplicável;

XI – da aquisição em licitação pública de mercadorias ou bens importados do


exterior e apreendidos ou abandonados (Lei nº 7.334/03);

RICMS/PB
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Conflito entre ISS e ICMS


No fornecimento de mercadorias com prestação de serviço que não esteja
previsto na Lei Complementar no 116/03, a base do ICMS será o preço total,
incluindo o serviço.
Já nos casos em que a lista de serviços do ISS faz previsão do serviço sem ressalva,
não há que se falar em cobrança do ICMS sobre o fornecimento das mercadorias
utilizadas na prestação do serviço, que no caso se sujeita apenas à incidência do
imposto municipal.
Contudo, quando a referida lista mencionar expressamente que as mercadorias
fornecidas na prestação dos serviços ficam sujeitas ao ICMS, a operação estará
sujeita aos dois impostos: ICMS, sobre o valor das mercadorias; e ISS, que incidirá
sobre o valor dos serviços.
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Conflito entre ISS e ICMS

Exemplo:
Nos serviços de manutenção de veículos, por exemplo, o prestador de serviços
deverá separar o valor das mercadorias do valor da mão de obra, que no caso
representa o serviço prestado.
Assim,
a) as mercadorias vendidas têm cobrança de ICMS;
b) sobre o valor da mão de obra será cobrado ISS.
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Art. 2º O imposto incide sobre:


I - operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de
alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares;
II - prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer
via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores;
III - prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive
a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a
ampliação de comunicação de qualquer natureza;
IV - fornecimento de mercadorias com prestações de serviços não compreendidos
na competência tributária dos Municípios;
V - fornecimento de mercadorias com prestações de serviços sujeitos ao Imposto
sobre Serviços de competência dos Municípios, quando a Lei Complementar
aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual.
RICMS/PB
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Art. 2º, § 1º O imposto incide também:


I – sobre a entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, por pessoa
física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer
que seja a sua finalidade (Lei nº 7.334/03);
II - sobre o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no
exterior;
IV - sobre a entrada, no estabelecimento do contribuinte, de mercadoria ou bem
oriundos de outra unidade da Federação, destinados a uso, consumo ou ativo
imobilizado (Lei nº 11.031/17).

RICMS/PB
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O imposto não incide sobre:


I – operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão;
Nota: Em votação unânime, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu
que livros eletrônicos e os suportes próprios para sua leitura são alcançados pela
imunidade tributária do artigo 150, inciso VI, alínea “d”, da Constituição Federal,
portanto, não estão sujeitos ao ICMS
II – operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive
produtos primários e produtos industrializados semi-elaborados, ou serviços;
II – operações interestaduais relativas a energia elétrica e petróleo, inclusive
lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, quando destinados
à industrialização ou à comercialização;
IV – operações com ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou
instrumento cambial;
Lei Kandir
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Aula 3 – ICMS: Aspectos Gerais

ICMS – crédito – regra geral


Para creditar-se do ICMS, é necessário que este esteja destacado em documento
fiscal hábil emitido por contribuinte em situação regular perante o Fisco.
O direito a esse crédito está condicionado também à escrituração do respectivo
documento fiscal no livro Registro de Entradas.
O direito ao crédito extinguir-se-á após cinco anos contados da data da emissão
do documento fiscal (parágrafo único do art. 23 da LC 87/1996).
Ressalte-se que só podem gerar crédito:
a) as entradas de mercadorias destinadas à revenda;
b) as entradas de insumos (matéria-prima, material de embalagem,
produtos intermediários etc.) utilizados na elaboração de produto destinado à
venda, cujas saídas sejam tributadas.
Fabretti, 2016
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ICMS – crédito – regra geral


Como regra geral, se a saída for isenta ou não tributada, o crédito pela entrada
deverá ser anulado por lançamento de estorno.
Entretanto, em casos especiais, é permitida a manutenção do crédito do ICMS
mesmo em saída isenta ou não tributada.
Exemplo: Lei Complementar no 87/96 (Lei Kandir).
Art. 21. O sujeito passivo deverá efetuar o estorno do imposto de que se tiver
creditado sempre que o serviço tomado ou a mercadoria entrada no
estabelecimento:
(...)
§ 2o Não se estornam créditos referentes a mercadorias e serviços que venham a
ser objeto de operações ou prestações destinadas ao exterior.
Fabretti, 2016
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ICMS – crédito – regra geral


Liquidação das obrigações
As obrigações consideram-se liquidadas por compensação até o montante dos
créditos escriturados no mesmo período mais o saldo credor de períodos ou
períodos anteriores, se for o caso.
Exemplo: Contribuinte apurou débito total de ICMS no período de R$ 100.000,00. Tinha
um saldo credor acumulado, do período anterior, de R$ 10.000,00. No período de
apuração, teve R$ 50.000,00 de créditos.
Débito Total no Período de Apuração R$ 100.000,00
(-) Saldo Credor do Período Anterior R$ 10.000,00
(-) Créditos do Período de Apuração R$ 50.000,00
(=) Saldo a Pagar do ICMS R$ 40.000,00
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ICMS – crédito – regra geral


Liquidação das obrigações

• Se o montante dos créditos superar os dos débitos, a diferença será


transportada para o período seguinte.

• A Lei estadual poderá, nos casos de saldos credores acumulados, permitir que:
I – sejam imputados pelo sujeito passivo a qualquer estabelecimento seu
no Estado;
II – sejam transferidos, nas condições que definir, a outros contribuintes do
mesmo Estado.
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Em suma:
ICMS - Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços
Fato Gerador Base de cálculo Alíquota Sujeito Passivo Competência
Circulação de O valor da operação; o Internas (17% a Pessoas que pratiquem Estadual
mercadorias ou preço do serviço; valor 18%), interestaduais operações relativas a
prestação de serviço da mercadoria ou bem (7% Norte, Nordeste, circularização de
interestadual ou importado. Centro-Oeste e mercadorias, importadores
intermunicipal de Espirito Santo; 12% de bens, prestadores de
transporte e Sul e Sudeste, 17% ou serviço (comunicação e
comunicação 18% produtos transporte interestadual e
importados) intermunicipal)
Fonte: (SABBAG, 2014)
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Aula 3 – ICMS: Aspectos Gerais

ICMS – Regime de Substituição Tributária - ST


CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA I
Aula 3 – ICMS: Aspectos Gerais

ICMS – Regime de Substituição Tributária - ST

É o regime pelo qual a responsabilidade pelo ICMS devido em relação às


operações ou prestações de serviços é atribuída a outro contribuinte.

A lei elege uma terceira pessoa para cumprimento da obrigação tributária, em


lugar do contribuinte natural.

Previsão legal:
• Art. 150, § 7º da CF/88.
• Lei 87/96 (Lei Kandir) – Art. 9 – autoriza os Estados o recolhimento a terceiros.
• Convênios e Protocolos (Conselho Nacional de Política Fazendária -CONFAZ)
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ICMS – Regime de Substituição Tributária - ST


• Margem de Valor Agregado – MVA
• CFOP interno e interestadual (5.401, 5.403, 5.405, 6.401, 6.403, 6.405)
• CEST – Código Especificador da Substituição Tributária
• Os dois primeiros dígitos correspondem a segmento do bem/mercadoria
• Os três dígitos seguintes correspondem ao item de um segmento do
bem/mercadoria; e,
• Os dois últimos dígitos correspondem à especificação do item.
• Ver Convênio 52/2017 do CONFAZ.
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ICMS – Regime de Substituição Tributária - ST


Contribuinte substituto
É o responsável pela retenção e recolhimento do imposto incidente em operações
ou prestações antecedentes, concomitantes ou subsequentes. Em regra geral, o
substituto será o fabricante ou importador no que se refere às operações
subsequentes .
Contribuinte substituído
É aquele que tem o imposto devido relativo às operações e prestações de serviços
pago pelo contribuinte substituto.
Responsável
O contribuinte que receber, de dentro ou de fora do Estado, mercadoria sujeita à
substituição tributária, sem que tenha sido feita a retenção total na operação
anterior, fica solidariamente responsável pelo recolhimento do imposto que
deveria ter sido retido.
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ICMS – Regime de Substituição Tributária - ST


O regime ST está previsto na CF/88, artigo 150, § 7º, o qual estabelece que a
lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de
responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador
deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial
restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido.

A lei elege uma terceira pessoa para cumprimento da obrigação tributária,


em lugar do contribuinte natural.
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ICMS – Regime de Substituição Tributária - ST


A ST facilita a fiscalização dos tributos “plurifásicos”.
Tributos Plurifásicos  tributos que incidem várias vezes no decorrer
da cadeia de circulação de uma determinada mercadoria ou serviço.
Pelo sistema de substituição tributária, o tributo plurifásico passa a ser
recolhido de uma só vez, como se o tributo fosse monofásico.

A ST foi criada com o objetivo de facilitar a cobrança de tributos,


centralizando a cobrança nas industrias e importadores, reduzindo o
número de contribuintes envolvido no processo.
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ICMS – Regime de Substituição Tributária – ST


Exemplo  na venda de mercadoria sujeita ao ST efetuada por industrial ao
distribuidor, o industrial deverá reter e recolher o ICMS que será gerado nas
operações subsequentes com esta mercadoria, ou seja, deverá ser retido o ICMS
que será devido na venda do distribuidor para o varejista e na venda do varejista
para o consumidor final.

Produtor / Atacadista Varejista Consumidor final


Importador
Substituto Substituído Substituído Substituído

ICMS ICMS 0% ICMS 0% ICMS 0%


(Próprio e ST) (Antecipado (Antecipado (Antecipado
anteriormente) anteriormente) anteriormente)
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ICMS – Regime de Substituição Tributária – ST


Tipos de ST:
• Substituição para frente: o tributo relativo a fatos geradores que deverão
ocorrer posteriormente é arrecadado de maneira antecipada, sobre uma
base de cálculo presumida.
• Substituição para trás: a última pessoa que participa da cadeia de
circulação da mercadoria é que paga o tributo, de maneira integral, inclusive
relativamente às operações anteriormente praticadas e/ou seus resultados.
• Substituição: o contribuinte em determinada operação ou prestação é
substituído por outro que participa do mesmo negócio jurídico. Ex. o industrial
que paga o tributo devido pelo prestador que lhe provém o serviço de transporte.
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ICMS – Regime de Substituição Tributária – ST


Não se aplica ao regime ST:
a) às operações que destinem mercadorias a sujeito passivo por
substituição da mesma mercadoria. Ex.: saída de fabricante de lâmpada para outra
indústria de lâmpada;
b) às transferências para outro estabelecimento, exceto varejista, do
sujeito passivo por substituição, hipótese em que a responsabilidade pela
retenção e recolhimento do imposto recairá sobre o estabelecimento que
promover a saída da mercadoria com destino a empresa diversa;
c) à operação que destinar mercadoria para utilização em processo de
industrialização.
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ICMS – Regime de Substituição Tributária – ST


O contribuinte substituto para cálculo e recolhimento do ICMS-ST observará as
normas da legislação da unidade da Federação de destino da mercadoria.

Exemplo:
Empresa situada no estado do PR, remetendo mercadorias sujeitas à substituição
tributária para SP, deverá observar às disposições da legislação paulista, no que se
refere à alíquota, base de cálculo, margem de valor agregado e demais normas
aplicáveis ao recolhimento do ICMS-ST. Para sintetizar podemos resumir
assumindo que o imposto é do Estado de São Paulo, razão pela qual há que se
seguir as suas normas tributárias.
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ICMS – Regime de Substituição Tributária – ST


Aplicação
O regime ST aplica-se nas operações internas e interestaduais em relação às
operações subsequentes a serem realizadas pelos contribuintes substituídos.
Ressalte-se que, nas operações interestaduais, em relação a algumas mercadorias,
a sujeição ocorre, também, quanto às entradas para uso e consumo ou ativo
imobilizado desde que o destinatário das mercadorias seja contribuinte do ICMS e
nestes casos não incidirá na operação a margem presumida, pré-definida pelo
Governo, na base de cálculo do regime da ST (Artigos 6º e 9º, parágrafo 2º, da Lei
Complementar 87/1996).
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ICMS – Regime de Substituição Tributária – ST


Restituição
É assegurado ao contribuinte substituído o direito à restituição do valor do
imposto pago por força da substituição tributária, correspondente ao fato
gerador presumido que não se realizar, o que vem sendo entendido pelo
fisco como situações em que a mercadoria não der saída do
estabelecimento como no caso de furtos ou perecimentos, por exemplo.
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ICMS – Regime de Substituição Tributária – ST


Tributação Única
Em relação às operações subsequentes, em razão da sistemática substitutiva do
ICMS, as posteriores operações e prestações internas realizadas pelos
contribuintes substituídos não mais terão recolhimento do ICMS, encerrando-se o
ciclo de tributação.
Também não cabe restituição ou cobrança complementar do imposto quando a
operação ou a prestação subsequente à cobrança do ICMS se realizar com valor
inferior ou superior àquele estabelecido – desde que a operação seja realizada
dentro do próprio estado do contribuinte substituído.
Observe que, se a mercadoria for objeto de nova saída interestadual, haverá
necessidade de calcular novamente o ICMS-ST - desde que o Estado destinatário
das mercadorias exija tal procedimento.
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ICMS – Regime de Substituição Tributária – ST


Decisão polêmica do STF pode revolucionar o modelo de ST
Foi concluído no final de OUT/16 o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do
Recurso Extraordinário no 593.849 (Repercussão Geral), que discute o direito à restituição
do ICMS pago no sistema de substituição tributária.
Finalizado o julgamento, por maioria de votos, o plenário do STF definiu que os estados
devem restituir o ICMS ST pago a maior, quando comprovado que o preço final de venda
da mercadoria foi inferior à base de cálculo presumida pelo regime da substituição
tributária.
Quanto aos efeitos da decisão, o plenário decidiu que o direito de restituição só se aplica
aos fatos geradores posteriores à data do julgamento (19/OUT/16). Em relação aos fatos
geradores passados, só terão direito à restituição os contribuintes que já possuem ações
em curso discutindo o tema, que não tenham transitado em julgado.
Na prática, a decisão do STF praticamente põe fim ao modelo atual de substituição
tributária do ICMS.
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Como calcular o ICMS-ST?


O primeiro passo é apurar o ICMS próprio, ou seja, aquele ICMS que o
estabelecimento emissor da NF recolheria. No cálculo do ICMS ST, o ICMS próprio
é mais conhecido como ICMS Inter.
Etapa 1  Calcular o ICMS Inter:

Base do ICMS Inter = (Valor do produto + Frete + Seguro + Outras Despesas


Acessórias – Descontos)

Valor do ICMS Inter = Base ICMS Inter * (Alíquota ICMS Inter / 100)
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Como calcular o ICMS-ST?


Etapa 2  Encontrar a Base do ICMS-ST.
Base do ICMS ST = (Valor do produto + Valor do IPI + Frete + Seguro + Outras
Despesas Acessórias – Descontos) * (1+(%MVA / 100))

• Nesta etapa incluímos o valor do IPI, caso exista.


• MVA (Margem de Valor Agregado)  é a margem de lucro que o governo estima
ser aplicada desde o momento que a mercadoria saiu da indústria, contando
com a margem do distribuidor e também de quem venderá para o consumidor
final.
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Como calcular o ICMS-ST?


Etapa 3  Calcular o Valor do ICMS ST.

Valor do ICMS ST = (Base do ICMS ST * (Alíquota do ICMS Intra / 100)) – Valor do


ICMS Inter

A alíquota do ICMS Intra é a alíquota de ICMS aplicada dentro do estado de


destino. É a alíquota na qual a empresa que está comprando a mercadoria usaria
para vender dentro de seu próprio estado.
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Como calcular o ICMS-ST?


Exemplo numérico numa operação interna:
Produto: cimento
MVA interna: 20%
Valor total do produto: $ 1.400 (com ICMS embutido)

Industria  comércio  consumidor final


18% 18%
ICMS inter: $ 252 ($ 1.400 x 18%)
BC ICMS ST: $ 1.680 ($ 1.400 + MVA)
ICMS ST: $ 50,40 ($ 1.680 x 18% subtraído do crédito tributário de $ 252)
No valor total da NF é acrescido o ICMS-ST (1.400 + 50,40)
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ICMS e IPI – Base de Cálculo– Inclusão do IPI


CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA I
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IPI, frete, seguros, descontos e o cálculo do ICMS


A base de cálculo do ICMS inclui os valores pagos a título de seguros, juros e demais
importâncias pagas, recebidas ou debitadas, além de deduzir os descontos
incondicionais concedidos.
Os descontos incondicionais ou comerciais são aquelas parcelas que reduzem o
preço de compra e venda de mercadorias, constando na nota fiscal ou fatura de
serviço, sem dependência de evento posterior à emissão desses documentos. Não
se confundem com os descontos condicionais ou financeiros, que dependem de
evento posterior e normalmente são dados para pagamentos antecipados.
O cálculo do ICMS na venda realizada para contribuintes do imposto em operações
para comercialização e industrialização não considera o IPI.

(PÊGAS, 2017)
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IPI, frete, seguros, descontos e o cálculo do ICMS


• Uma indústria, ao vender certa mercadoria para uma loja comercial por R$ 1.100,
com IPI de R$ 100 incluído na nota, terá o ICMS calculado sobre R$ 1.000, sem
considerar o imposto federal;
• Já se a mesma venda fosse feita diretamente para o consumidor final, a base de
cálculo do ICMS seria de R$ 1.100, incluindo o IPI.
Para calcular o ICMS nas operações de venda, a indústria deve saber para qual
contribuinte está vendendo e o fim da venda que está realizando.
Já a base do IPI será o valor da nota, sem considerar o desconto incondicional, mas
considerando frete, seguros e demais despesas acessórias (Decreto no 4.544/02, art.
131).
(PÊGAS, 2017)
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA I
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Exemplo numérico com ICMS e IPI

Suponha que a Cia. Valença (indústria) efetue a venda para uma empresa comercial de
500 unidades de um produto por R$ 10 cada, com frete de R$ 250 e seguro de R$ 50,
cobrados na nota fiscal. Além disso, foi dado um desconto comercial de R$ 1 por
unidade do produto. Para fins de simplificação, suponha uma alíquota de ICMS de
18% e alíquota de IPI de 10%.
Considerando que a compra do produto foi para posterior revenda, a base do ICMS
será encontrada com o seguinte cálculo:

(PÊGAS, 2017)
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Exemplo numérico com ICMS e IPI

(+) VALOR DA MERCADORIA (SEM IPI) R$ 5.000


(+) FRETE COBRADO PELO VENDEDOR R$ 250

(+) SEGURO COBRADO PELO VENDEDOR R$ 50


(–) DESCONTO INCONDICIONAL R$ 500
BASE DE CÁLCULO = R$ 4.800
ICMS DESTACADO NA NOTA FISCAL (18%) = R$ 864

(PÊGAS, 2017)
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Exemplo numérico com ICMS e IPI


Já a base do IPI será encontrada com o seguinte cálculo:
(+) VALOR DA MERCADORIA (COM ICMS) R$ 5.000
(+) FRETE COBRADO PELO VENDEDOR R$ 250
(+) SEGURO COBRADO PELO VENDEDOR R$ 50
BASE DE CÁLCULO = R$ 5.300
IPI DESTACADO NA NOTA FISCAL (10%) = R$ 530

(PÊGAS, 2017)
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA I
Aula 3 – ICMS: Aspectos Gerais

ICMS e IPI - Base de Cálculo com Substituição Tributária - ST


A Lei Complementar 87/1996, em seu artigo 8º, inciso 2º, trata a questão nos
seguintes termos:
A base de cálculo, para fins de substituição tributária, será:
II - em relação às operações ou prestações subsequentes, obtida pelo somatório das
parcelas seguintes:
a) o valor da operação ou prestação própria realizada pelo substituto tributário ou pelo
substituído intermediário;
b) o montante dos valores de seguro, de frete e de outros encargos cobrados ou
transferíveis aos adquirentes ou tomadores de serviço;
c) a margem de valor agregado, inclusive lucro, relativa às operações ou prestações
subsequentes.
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA I
Aula 3 – ICMS: Aspectos Gerais

ICMS e IPI - Base de Cálculo com Substituição Tributária - ST


Portanto, a base de cálculo do ICMS-ST será o valor correspondente ao preço de
venda a consumidor acrescido do valor do frete, IPI e demais despesas debitadas ao
estabelecimento destinatário, bem como a parcela resultante da aplicação (sobre
esse total) do percentual de valor agregado (margem de lucro).
Esse percentual é estabelecido em cada caso de acordo com as peculiaridades de
cada mercadoria.

BC = (Valor mercadoria + frete + IPI + outras despesas) x margem de lucro.


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Aula 3 – ICMS: Aspectos Gerais

ICMS – Base de Cálculo – Inclusão do IPI


Não compreenderá, na base de cálculo do ICMS, o montante do imposto sobre
produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e
relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure
fato gerador dos dois impostos (ICMS e IPI).

Base legal: Constituição Federal, artigo 155, § 2º, XI e artigo 13, parágrafo 2º da
Lei Complementar 87/96 (Lei Kandir).

Art. 13, § 2º da Lei 87/96 “Não integra a base de cálculo do imposto o montante
do Imposto sobre Produtos Industrializados, quando a operação, realizada entre
contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à
comercialização, configurar fato gerador de ambos os impostos”
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA I
Aula 3 – ICMS: Aspectos Gerais

ICMS – Base de Cálculo – Inclusão do IPI


Situações em que o ICMS incidirá sobre o IPI:

1) a operação não for realizada entre contribuintes;


2) o objeto da operação for produto não destinado à industrialização ou à
comercialização; e
3) a operação não configurar fato gerador de ambos os impostos.
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA I
Aula 3 – ICMS: Aspectos Gerais

ICMS – Base de Cálculo – Inclusão do IPI


Cálculo - fórmula
Para determinar o valor da operação, levando-se em consideração a inclusão do IPI
na base de cálculo do ICMS, teremos que aplicar a equação abaixo sobre o preço
líquido do produto visando nos proporcionar um coeficiente conforme as alíquotas
de ICMS e IPI aplicadas em cada operação.

Coeficiente = 1/1-[% ICMS/100 x (1 + % IPI/100)]


CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA I
Aula 3 – ICMS: Aspectos Gerais

ICMS – Base de Cálculo – Inclusão do IPI


Exemplo:
Operação cujas alíquotas do ICMS e IPI sejam 25% e 10%, respectivamente, teremos o seguinte
coeficiente:
Coeficiente = 1/1-[0,25 x (1 + 0,10)]
Coeficiente = 1/0,725
Coeficiente = 1,37931
Prova real:
A – Preço do produto sem o ICMS embutido (líquido) : R$ 7.500,00
B – Coeficiente para determinação do preço do produto com o ICMS embutido = 1,37931
C – Preço do produto com o ICMS embutido (1,37931 x R$ 7.500,00) ..... R$ 10.344,82
D – IPI (10%) ............................................................................................... R$ 1.034,48
E – Valor total (C + D) ................................................................................. R$ 11.379,30
F – Valor do ICMS (25% x R$ 11.379,30) .................................................... R$ 2.844,82
Subtraindo-se C de A, encontramos o valor de R$ 2.844,82, que é exatamente o que deve ser
destacado no documento fiscal a titulo de ICMS.
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Aula 3 – ICMS: Aspectos Gerais

ICMS – Base de Cálculo – Inclusão do IPI


Em suma
Em relação ao IPI na base de cálculo do ICMS:

• Mercadoria para consumidor final  IPI faz parte da BC do ICMS


• Mercadoria para revenda ou industrialização  IPI não faz parte da BC do ICMS
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Aula 3 – ICMS

Referências

BRASIL. Constituição Federal de 1988.


FABRETTI, Láudio Camargo. Contabilidade Tributária, 16 ed. Atlas, 2016.
PÊGAS, P. H. Manual de Contabilidade Tributária. 9 ed. Atlas, 2017.
Portal Tributário (www.portaltributario.com.br)

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