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AMBIENTE, SEGURANÇA, HIGIENE

E SAÚDE NO TRABALHO

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Formadora: Rute Mota

Duração: 25 horas
AMBIENTE

PRINCIPAIS PROBLEMAS
AMBIENTAIS DA ATUALIDADE
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Nunca se falou tanto em meio ambiente e em problemas ambientais
como no momento. Mas, afinal quais são esses problemas que tanto
ameaçam o futuro do planeta? O desmatamento, o acúmulo de lixo, o
aquecimento global e tantos outros problemas têm mudado radicalmente
o clima e as condições do planeta.

Uma grande preocupação é que esses problemas acabem tornando


impossível a vida humana no planeta nos próximos anos. Várias
espécies da fauna e flora já se despediram da face da terra e se
continuarmos nesse ritmo um dia pode ser o ser humano a não poder
mais viver nesse planeta. Saiba um pouco mais sobre os maiores
problemas ambientais da atualidade e como eles afetam o planeta.
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 Crescimento Demográfico Acelerado

O crescimento demográfico acelerado juntamente com o


desenvolvimento tecnológico causa uma grande pressão sobre os
sistemas e os recursos naturais acarretando em impactos ambientais
sem precedentes.

A taxa de fecundidade das mulheres tem diminuído nos países


desenvolvidos, porém, mesmo assim o crescimento demográfico nunca
esteve tão acelerado. Além de tudo isso aconteceu um grande aumento
na produção industrial que acompanha os novos padrões de consumo.

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5
 Urbanização Acelerada

A partir do momento que o crescimento demográfico acontece de forma


acelerada aumenta também a quantidade de pessoas aglomeradas em
áreas urbanas. Para se ter uma ideia existem centros urbanos com mais
de 15 milhões de habitantes.

Os centros com alta densidade populacional necessitam de mais


recursos, mais infra-estrutura e mais energia. Essa procura exponencial
por recursos cria complexos problemas para o meio ambiente bem como
problemas económicos e sociais.

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 Desmatamento

O desmatamento, em especial de áreas de floresta tropical, gera diversos


problemas como a redução da produtividade dos solos, erosão, assoreamento,
perda de biodiversidade, entre outros. Além disso, quanto mais se desmata mais
se deixa o planeta sem condições de lutar contra o aquecimento global devido a
redução da vegetação.

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 Poluição Marinha

Muito se fala sobre a poluição causada pelos gases emitidos por carros na
atmosfera, porém, é importante falar também sobre a poluição marinha que vem
se tornando cada vez mais grave. Em grande parte essa poluição acontece pela
descarga de esgotos domésticos e industriais por meio de emissários
submarinos.

Existem também os desastres ecológicos de grande proporção como, por


exemplo, o naufrágio de petroleiros. Esse tipo de poluição causa a perda de
biodiversidade como, por exemplo, espécies de corais que são mais frágeis. O
acúmulo de metal pesado nas regiões costeiras e estuários também é um
grande problema.

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 Poluição Do Ar e Do Solo

Um dos tipos de poluição mais comentados pelos media é também um dos


maiores problemas ambientais da atualidade. A poluição do ar e do solo é
causada na maioria dos casos por indústrias, agro-indústrias e por automóveis.
Estes agentes de poluição chegam ao ar e ao solo através de emissões
atmosféricas das indústrias, resíduos industriais, disposição inadequada de
resíduos como o lixo, por exemplo.

O uso de produtos aerossóis contribui para o acúmulo de poluição na atmosfera.


O solo em especial pode ser contaminado pelo uso indiscriminado de herbicidas
e pesticidas.

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 Poluição e Eutrofização De Águas Interiores

A poluição de rios, lagos e represas representa uma grande preocupação


ambiental. Dentre as causas mais comuns da poluição das águas estão os
resíduos orgânicos que tem a sua origem nos centros urbanos e as atividades
agropecuárias que exercem diversos efeitos sobre os recursos hídricos
continentais.

O mais grave disso é que esses recursos hídricos são necessários para o
abastecimento das populações, ou seja, as pessoas acabam por perder água
potável. A qualidade da água passa por uma grande deterioração que é causada
pelo fenómeno da eutrofização que consiste no acúmulo de metais pesados no
sedimento. As consequências desse problema são mudanças na lógica das
populações de peixes que mudam o ritmo de pesca e também a inviabilização
11
da água para diversos usos.
 Perda De Biodiversidade

A biodiversidade do planeta está a diminuir devido a questões como o


desmatamento e outros tipos de problemas ambientais. Isso significa que
espécies de fauna e flora estão a ser extintas. Além da gravidade que isso
representa para o meio ambiente em geral devemos lembrar que quando se
perde biodiversidade está-se a perder diversidade genética que é fundamental
para o desenvolvimento tecnológico.

 Grandes Obras

A realização de grandes obras de construção civil como a de usinas


hidroeléctricas, canais e portos causa inúmeros danos ao meio ambiente. É até
difícil mensurar quantos danos ambientais uma construção de porte grandioso
pode causar nos ecossistemas aquáticos e terrestres que a cercam.
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 Aquecimento Global

O mais famoso entre os problemas enfrentados pelo meio ambiente


atualmente é também um dos mais graves, pois afeta diretamente a
possibilidade de continuidade da vida humana no planeta. A elevação
das temperaturas deve-se principalmente à concentração dos gases do
efeito estufa na troposfera terrestre (primeira camada da atmosfera).

Ajudando a potencializar esse efeito de aquecimento global existem


ainda as partículas poluentes. O aquecimento global é resumidamente o
aumento da temperatura do planeta que acontece devido a uma retenção
maior da radiação infravermelha térmica que está presente na atmosfera.

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Para se ter uma ideia da gravidade é importante dizer que cada um dos
graus Celsius que aumentam na temperatura da terra acarretam
consequências diferentes que acabam tornando-se cumulativas. De
acordo com o 2º relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (IPCC) apenas 1°C já será capaz de atuar sobre o
derretimento dos glaciares.

Quanto mais o nível do mar sobe, devido ao degelo, mais ameaça


representa para cidades costeiras do mundo todo. O aumento de
temperatura ainda pode acarretar outros problemas igualmente graves
como o comprometimento do abastecimento de água, por exemplo
(vídeo).
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 Aumento Da Necessidade Energética

O crescimento da população criou um aumento da procura energética o


que está a trazer consequências catastróficas para o meio ambiente.
Para conseguir produzir mais energia em larga escala é necessário
construir mais usinas (centrais eléctricas) hidroeléctricas e
termoeléctrica, usinas nucleares entre outros.

A utilização de combustíveis fósseis é outro ponto que gera preocupação


uma vez que não são recursos renováveis e que contribuem para uma
produção ainda maior de gases do efeito estufa que atuam no
aquecimento global (vídeo).

15
AMBIENTE

RESÍDUOS

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Em Portugal, a definição de Resíduo Urbano tem evoluído no que se refere à sua
abrangência. Assim o Decreto-Lei n.º 239/97 de 9 setembro apenas considerava
como resíduos urbanos “os resíduos domésticos ou outros resíduos semelhantes,
em razão da sua natureza ou composição, nomeadamente os provenientes do
sector de serviços ou de estabelecimentos comerciais ou industriais e de unidades
prestadoras de cuidados de saúde, desde que, em qualquer dos casos, a produção
diária não exceda 1100 l por produtor”.

Entretanto, o atual Regime Geral de Gestão de Resíduos (RGGR), consubstanciado


no Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, prevê um conceito mais alargado,
abrangendo todos os resíduos semelhantes aos resíduos domésticos,
independentemente dos quantitativos diários produzidos. A definição atualmente em
vigor é a seguinte: "resíduo proveniente de habitações, bem como outro resíduo
que, pela sua natureza ou composição, seja semelhante ao resíduo 17
proveniente de habitações".
Assim, são considerados resíduos urbanos os resíduos produzidos:

 pelos agregados familiares (resíduos domésticos)

 por pequenos produtores de resíduos semelhantes (produção diária


inferior a 1.100 l)

 por grandes produtores de resíduos semelhantes (produção diária igual


ou superior a 1.100 l)

Assim, apenas existe diferenciação no que diz respeito à


responsabilidade de gestão, cabendo a mesma aos municípios no caso
de produções diárias inferior a 1100 litros e aos respetivos produtores
nos restantes casos (normalmente designados por "grandes
produtores"). 18
A caracterização física de resíduos urbanos é efetuada de acordo com o
previsto na Portaria n.º 851/2009 que entrou em vigor a 8 de Agosto. Este
documento estabelece as especificações técnicas aplicáveis, a periodicidade de
amostragens, e inclusive a aplicação do agravamento da TGR previsto no
RGGR (aos resíduos recicláveis depositados em aterro, incinerados ou co-
incinerados), bem como o modo de reporte da informação à Autoridade Nacional
de Resíduos.

A classificação dos resíduos urbanos é sempre efetuada de acordo com a Lista


Europeia de Resíduos (LER), publicada através da Decisão 2014/955/UE, que
altera a Decisão 2000/532/CE, referida no artigo 7.º da Diretiva 2008/98/CE.

Assim, consideram-se “resíduos urbanos” os resíduos constantes no capítulo 20


- Resíduos urbanos e equiparados (resíduos domésticos, do comércio, indústria
19
e serviços), incluindo as frações recolhidas seletivamente.
Podem também ser classificados como resíduos urbanos os resíduos
constantes no capítulo 15 01 - Resíduos de embalagens/ Embalagens (incluindo
resíduos urbanos e equiparados de embalagens, recolhidos
separadamente), desde que sejam provenientes dos agregados familiares
(resíduos domésticos) ou semelhantes a estes, provenientes dos sectores dos
serviços, industria ou estabelecimentos comerciais.

Os fluxos de resíduos abrangidos por legislação específica classificados com os


códigos da LER do capítulo 20 integram também a definição de resíduos
urbanos:

 Resíduos de embalagens (ERE) (incluem todos os resíduos classificados na


LER 15 01)

 Pilhas portáteis (LER 20 01 33 e 20 01 34*)


20
 Resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos (REEE) (LER 20 01 21*, 20
01 23*, 20 01 35* e 20 01 36)

 Óleos alimentares usados (OAU) (LER 20 01 25)

Considera-se que os veículos em fim de vida (VFV), os óleos usados (OU), os


pneus usados, as baterias e os resíduos de construção e demolição (RCD) não
apresentam enquadramento nos resíduos urbanos. Não obstante, associado ao
setor da construção há lugar à produção de resíduos semelhantes aos urbanos,
como sejam os resíduos provenientes de escritórios localizados nas obras.

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A produção de resíduos está presente em todas as atividades do nosso dia-a-
dia. A elevada produção de resíduos, tem-se feito sentir nos últimos anos, não
só pelo estilo de vida de todos nós mas também pela própria utilização
inadequada dos materiais. Em Portugal, cada habitante produz, em média,
1.4Kg de resíduos por dia, o que corresponde a uma produção média anual de
511Kg (Fonte: Relatório Caraterização da Situação dos Resíduos Urbanos em
Portugal Continental em 2009 – Agência Portuguesa do Ambiente 06-08-2010).

É urgente desenvolver atitudes conscientes quanto à utilização e


encaminhamento dos resíduos produzidos. A crescente utilização dos recursos
naturais e matérias-primas põe em causa a sustentabilidade dos nossos
ecossistemas. Deste modo, a redução e reaproveitamento dos resíduos
produzidos é uma medida fundamental para a conservação e protecção do meio
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ambiente e seus recursos naturais.
Principais Tipos de Resíduos:

 Os resíduos podem ser classificados, de acordo com a sua origem:


Resíduos Urbanos (RU) – Resíduos provenientes de habitações bem
como outros resíduos que pela sua natureza e composição, seja
semelhante aos resíduos provenientes de habitações, tais como:
restaurantes, escritórios e outros estabelecimentos (Decreto-Lei
n.º178/2006, de 5 de Setembro).

 Resíduos Industriais (RI) – Resíduos gerados em processos industriais,


bom como os que resultem das atividades de produção e distribuição de
electricidade, gás e água (Decreto-Lei n.º178/2006, de 5 de Setembro).

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 Resíduos Hospitalares (RH) – Resíduos resultantes de atividades
médicas desenvolvidas em unidades de prestação de cuidados de
saúde, em atividades de prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação
e investigação, relacionada com seres humanos ou animais (Decreto-Lei
n.º178/2006, de 5 de Setembro).

 Resíduos Agrícolas (RA) – Resíduos provenientes de explorações


agrícolas e ou pecuárias ou similares (Decreto-Lei n.º178/2006, de 5 de
Setembro).

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Na primeira metade da década de 2000, vários tipos de resíduos foram inseridos
em fluxos especiais para serem encaminhados para a reciclagem ou outras
formas de valorização. A gestão destes fluxos está delegada a uma ou várias
entidades gestoras que devem realizar os esforços necessários para dar
cumprimento às metas europeias de recolha, reutilização, reciclagem e
valorização de resíduos. Na primeira metade da década de 2000 foram criadas
diversas entidades gestoras de fluxos específicos de resíduos, em resultado da
transposição da legislação comunitária. Devido às suas características e/ou
produção em grande escala, vários tipos de resíduos foram inseridos em fluxos
especiais cuja gestão é delegada a uma ou várias entidades gestoras. Estas
entidades devem realizar os esforços necessários para dar cumprimento às
metas europeias de recolha, reutilização, reciclagem e valorização de resíduos.
25
Os diplomas legais que regulam os fluxos específicos de resíduos
responsabilizam todos os intervenientes no ciclo de vida e gestão do resíduo,
desde o produtor do bem ao consumidor final. Os produtores do bem são
responsáveis pela gestão dos seus produtos quando atingem o fim de vida, ou
seja, quando se tornam resíduos. Desta forma, devem assegurar a recolha e o
encaminhamento destes resíduos para instalações de valorização autorizadas,
responsabilidade que pode ser assumida pelo próprio produtor ou delegada a
um sistema integrado, mediante o pagamento de um valor monetário (Ecovalor)
por cada produto colocado no mercado. Estes sistemas integrados são geridos
por entidades gestoras próprias que se tratam de associações sem fins
lucrativos. Pretende-se com este mecanismo estimular a realização de
alterações na concepção do produto que maximizem a poupança de matérias-
26
primas e minimizem a produção de resíduos.
Embalagens e resíduos de embalagens

Segundo a legislação comunitária, todos as embalagens colocadas no mercado


europeu devem ser reutilizáveis e ou recuperáveis. O peso, volume e utilização
de produtos perigosos devem ser minimizados até ao máximo possível sem
perder os níveis de segurança, higiene e aceitação adequados para o
consumidor. Portugal como Estado-Membro está sujeito a esta legislação, o que
inclui o cumprimento de metas de recolha e valorização de embalagens.

Nas embalagens estão normalmente associados dois tipos de sistemas:

 Sistema integrado no qual o consumidor é informado através de um símbolo na


embalagem que deve colocar a embalagem usada em local próprio.

 Sistema de consignação no qual o consumidor da embalagem paga um


determinado valor de depósito no acto da compra, valor que lhe é devolvido 27

quando entrega a embalagem usada.


Para a gestão das embalagens e resíduos de embalagens, encontram-se
licenciadas três entidades gestoras:

 Sociedade Ponto Verde (SPV), responsável pelo Sistema integrado de Gestão


de Resíduos de Embalagens (SIGRE). Este sistema inclui as embalagens de
plástico, metal, vidro, papel e madeira.

 Valormed, responsável pelo sistema Integrado de Gestão de Resíduos de


Embalagens de Medicamentos (SIGREM).

 Sociedade SIGERU (Sistema Integrado de Gestão de Embalagens e Resíduos


em Agricultura), responsável pelo sistema Valorfito que abrande as embalagens
primárias dos produtos fitofarmacêuticos com uma capacidade inferior a
250L/kg.

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Veículos em fim de vida (VFV)

Todos os anos são gerados na União Europeia entre oito a nove milhões de
toneladas de resíduos de VFV. De forma a limitar a produção destes resíduos e
aumentar a sua reutilização, reciclagem e outras formas de valorização, a
legislação comunitária obriga os fabricantes a conceber veículos fáceis de
reciclar, a limitar o uso de substâncias perigosas na sua concepção e a
promover a utilização de materiais reciclados.

No tratamento dos VFV deve ser privilegiada a reutilização e a valorização


(reciclagem, recuperação e regeneração) dos componentes dos veículos. Os
fabricantes devem desenhar os veículos a pensar na fase de desmantelamento
no fim do seu ciclo de vida, por exemplo, usando uma grande percentagem de
materiais potencialmente recicláveis ou recuperáveis.
29
Os Estados-Membros devem certificar-se de que os produtores utilizam normas
de codificação de componentes e materiais que permitam a sua identificação
por parte dos desmanteladores. Para que estas metas sejam cumpridas, devem
ser implementados sistemas de recolha dos resíduos provenientes dos veículos
e seu encaminhamento para instalações de tratamento autorizadas. Em
Portugal, a Valorcar é a entidade responsável por estes resíduos.

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Resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos (REEE)

Os equipamentos eléctricos e electrónicos (EEE) estão divididos em dez categorias: i)


grandes electrodomésticos, ii) pequenos electrodomésticos, iii) equipamentos
informáticos e de telecomunicações, iv) equipamentos de consumo, v) equipamentos de
iluminação, vi) ferramentas eléctricas e electrónicas (com excepção de ferramentas
industriais fixas e de grandes dimensões), vii) brinquedos e equipamentos de desporto e
lazer, viii) aparelhos médicos (com excepção de todos os produtos implantados e
infectados), ix) instrumentos de monitorização e controlo e x) distribuidores automáticos.

Para cada novo tipo de equipamento eléctrico e electrónico (EEE) colocado no mercado,
os produtores têm que fornecer informação sobre os componentes e materiais presentes
no equipamento e a localização de substâncias e misturas perigosas para os centros de
reutilização e reciclagem. Desta forma, os produtores são encorajados a pensar em todo
o ciclo de vida do produto, logo na fase de concepção.
31
A directiva comunitária também prevê a necessidade de informar a população
sobre o esquema de reciclagem montado, para que os cidadãos enquanto
produtores de resíduos tenham o conhecimento necessário para separar e
eliminar de forma correcta os seus REEE. Os consumidores devem conhecer o
símbolo que identifica os EEE que devem ser reciclados e que é obrigatório
estar em todos os equipamentos colocados no mercado comunitário. Portugal
está obrigado a manter um registo dos produtores e importadores de
equipamentos eléctricos e electrónicos e das quantidades destes produtos
colocados no mercado nacional. Para manter este registo foi constituída a
Associação Nacional para o Registo de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos
(ANREEE). A gestão do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de
Equipamentos Eléctricos e Electrónicos (SIGREE) está a cargo de duas
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entidades gestoras: Amb3E e ERP Portugal.
Resíduos de pilhas e acumuladores (P&A)

Todos os anos, milhares de toneladas de baterias portáteis e acumuladores são


colocados no mercado comunitário. As pilhas estão divididas em três grupos: i)
pilhas e acumuladores portáteis, ii) pilhas ou acumuladores industriais e iii)
pilhas ou acumuladores para veículos automóveis. Todos devem ser
identificadas com o mesmo símbolo afixado nos EEE. Também os produtores de
P&A devem estar registados.

Por conterem metais pesados, a eliminação destes resíduos através de


incineração polui a atmosfera e a sua deposição em aterros contamina os solos.
Estes metais são valiosos o que faz com que a recolha selectiva e reciclagem
destes resíduos tenham impactes económicos e ambientais positivos bastante
significativos.
33
A legislação comunitária prevê a redução da utilização de mercúrio, cádmio e
chumbo nas P&A e os metais que são utilizados devem ser tratados e
recuperados.

Actualmente estão licenciadas três entidades de registo de P&A (ANREEE,


Ecopilhas e Valorcar) e cinco entidades gestoras para este fluxo de resíduos
(Amb3E, ERP, Ecopilhas, GBV, Valorcar).

 Baterias ou acumuladores para veículos automóveis: Autosil (caso de um


produtor que efectua a recolha e o encaminhamento dos seus próprios resíduos
– designado “sistema individual”), GVB e Valorcar

 Baterias ou acumuladores industriais: Autosil, GVB, Valorcar, Ecopilhas, Amb3E


e ERP

 Pilhas e Acumuladores portáteis: Ecopilhas, Amb3E e ERP 34


Óleos lubrificantes usados (OLU)

Os óleos lubrificantes usados são quaisquer óleos usados de motores de


combustão e dos sistemas de transmissão e os óleos usados para turbinas e
sistemas hidráulicos que se tenham tornado impróprios para o uso a que
estavam inicialmente destinados. Estão excluídos deste fluxo os óleos que
contenham PCB (sob regime jurídico próprio). Para a gestão destes resíduos foi
criado o Sistema Integrado de Gestão de Óleos Usados (SIGOU) que tem como
objectivo prioritário a prevenção da produção de OLU, em quantidade e
toxicidade, seguida pela sua regeneração (operação de reciclagem que permita
produzir óleos de base mediante a refinação de OLU) e de outras formas de
reciclagem ou valorização. A SOGILUB – Sociedade de Gestão Integrada de
Óleos Lubrificantes Usados, Lda. é a entidade responsável pelo Sistema
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Integrado de Gestão de Óleos Usados (SIGOU).
Pneus Usados

A gestão dos pneus usados não está regulamentada por nenhuma directiva
comunitária específica. Apenas é referida a proibição de deposição de pneus
usados em aterros, expressa na directiva que regula estas infra-estruturas. Para
dar cumprimento a esta obrigação, foi publicada em Portugal legislação própria
para este tipo de resíduos o que originou a criação do Sistema Integrado de
Gestão de Pneus Usados (SIGPU) gerido pelaValorpneu.

Segundo a legislação nacional, deve-se prevenir a produção destes resíduos, a


recauchutagem, a reciclagem e outras formas de valorização com o objectivo
final de reduzir a quantidade de resíduos que são eliminados sem qualquer tipo
de valorização.

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Resíduos de construção e demolição (RCD)

Estima-se que na União Europeia sejam produzidos anualmente 100 milhões de


toneladas de RCD o que constitui uma fracção significativa da totalidade de
resíduos. A gestão dos RCD é complexa devido à dispersão espacial, carácter
temporário da sua produção e à sua constituição multimaterial, com diferentes
níveis de perigosidade.

A deposição não controlada conduz a situações ambientalmente indesejáveis e


incompatíveis com os objectivos nacionais e comunitários em matéria de
desempenho ambiental pelo que foi necessário preparar legislação específica
para o fluxo dos RCD. Estão agora previstos a prevenção e reutilização destes
resíduos assim como as suas operações de recolha, transporte, armazenagem,
tratamento, valorização e eliminação.
37
Tanto as câmaras municipais, como empreiteiros e donos de obra são
responsáveis pela gestão dos resíduos de construção e demolição. Nas obras é
obrigatório a aplicação de um processo de triagem e/ou encaminhamento para
um operador de gestão de resíduos licenciado. Ao condicionar a deposição de
RCD em aterro a uma triagem prévia, pretende-se contribuir para um aumento
da valorização de RCD.

Também nestes resíduos a sua gestão resulta de uma iniciativa nacional uma
vez que a União Europeia não publicou legislação específica. Contudo estipula
que até 2020, 70% destes resíduos devem ser encaminhados para reutilização,
reciclagem e valorização.

38
Óleos alimentares usados (OAU)

Em 2005 foi criado o Sistema de Gestão de Óleos Alimentares Usados com


carácter voluntário e em 2009 foi publicado o primeiro diploma que regula este
sistema. Neste fluxo estão incluídos os OAU produzidos pelos sectores
industrial, hoteleiro, de restauração (HORECA) e doméstico, excluindo-se do
âmbito da sua aplicação os resíduos da utilização das gorduras alimentares
animais e vegetais, das margarinas, dos cremes para barrar e do azeite.

Para a recolha de OAU de uso doméstico foi atribuído um papel de relevo aos
municípios. Adicionalmente, os operadores do sector da distribuição
responsáveis por grandes superfícies comerciais também devem disponibilizar
locais adequados para a colocação dos pontos de recolha selectiva de OAU.

39
É proibida a deposição destes resíduos em aterro e a sua eliminação através
dos sistemas de drenagem de águas residuais (esgoto). No que respeita à
reciclagem destes resíduos é proibida a introdução de OAU ou de substâncias
recuperadas na cadeia alimentar.

Para além da APA - Agência Portuguesa do Ambiente que apresenta no seu


portal online uma rede de pontos de recolha de OAU, também a AMI -
Assistência Médica Internacional, vários municípios e quartéis dos bombeiros
um pouco por todo o país promovem a sua recolha.

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Fluxos emergentes

Existem ainda outros resíduos, como as fraldas descartáveis e os consumíveis


informáticos, para os quais está a ser estuda a viabilidade de se constituírem
fluxos específicos próprios.

É importante frisar que não é somente o produtor dos bens quem é responsável
pelo bom funcionamento dos esquemas de reciclagem. A reciclagem de
resíduos só é possível se os cidadãos separarem e depositarem activamente os
seus resíduos nos pontos de recolha adequados.

41
Devido à natureza dos materiais que usamos diariamente em nossas casas, a
grande percentagem dos resíduos que produzimos é passível de ser valorizada.

De uma forma geral, mais de 35% dos resíduos sólidos urbanos (RSU)
consistem em material orgânico (ex.: restos de comida, resíduos verdes de
jardim, etc.); o papel e cartão têm uma fatia de 23,7%; 13,5% são embalagens
de plástico e metal; e o vidro ocupa 5,6% sendo o restante, têxteis, finos,
madeira e outros resíduos (Fonte: Agência Portuguesa do Ambiente).

Os resíduos representam uma enorme perda de recursos, sob a forma de


materiais e de energia. Ora, ao valorizarmos adequadamente os materiais,
estaremos a aumentar o seu tempo de vida no circuito de consumo.

Basta observar os intervalos de tempo (aproximados) dos diferentes materiais


que usamos todos os dias.
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Material Tempo de degradação

Papel 3 meses

50 a 450 anos (dependendo do tipo de


Plástico
plástico)

50 (lata de ferro) a 500 anos (lata de


Metal
alumínio)

Vidro 4 mil a 1 milhão de anos

Pilha 100 a 500 anos

Outros:

Filtro de cigarro e pastilhas elásticas Cerca de 5 anos

Madeira pintada 13 anos

Fio de nylon 30 anos 43

Borracha Tempo indeterminado


O Plano Estratégico de Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU) define a estratégia
de gestão dos resíduos sólidos urbanos, a nível nacional. Estabelece as
prioridades no domínio da gestão dos RSU, as metas a atingir e as acções a
implementar, e as regras orientadoras dos planos de acção nesta matéria. A sua
primeira versão publicada em 1997, o PERSU I, determinou o encerramento de
mais de trezentas “lixeiras” existentes em Portugal, o lançamento da recolha
selectiva e a promoção da reciclagem através da instalação de ecopontos e
ecocentros, a valorização da compostagem e a construção de infra-estruturas
de valorização (as centrais de valorização energética) e eliminação (os aterros
sanitários controlados). O PERSU I forneceu ainda linhas de orientação geral
para a criação de fluxos especiais de resíduos (veículos em fim de vida,
resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos, pneus, óleos alimentares
44
usados, pilhas, etc.), abrindo caminho para a valorização destes resíduos.
A segunda versão, o PERSU II, aprovada em 2007, apresenta metas ainda mais
ambiciosas para o decénio 2007-2017, dando continuidade à política de gestão de
resíduos, tendo em conta o cumprimento da legislação nacional e comunitária nesta
matéria. Enquanto cidadãos, devemos aplicar na prática a Política dos 3R’s:
Reduzir, Reutilizar e Reciclar. De acordo com esta política traçada no PERSU, é
desejável que, prioritariamente, se reduza a produção de resíduos em casa, na escola e
no local de trabalho; em segundo lugar, que se reutilize, i.e. que se use um produto mais
do que uma vez, para o mesmo fim ou para outro para o qual foi criado e, também que
contribuamos para a reciclagem dos resíduos, i.e. a valorização dos componentes dos
RSU, através da qual se recuperam e regeneram diferentes materiais de modo a originar
novos produtos (saiba como, em Conselhos ao Munícipe). A reutilização dos resíduos
pode ser "convencional", em que os produtos são pensados para a sua reutilização
posterior (ex. embalagens, recauchutagem de pneus, etc.); ou "artesanal", quando são
encontrados novos usos para os produtos (ex. utilização de frascos de vidro para outros 45

fins, etc.).
Se também contribuirmos para a reciclagem, estaremos a:

 Economizar energia;

 Poupar matérias-primas e preservar os recursos naturais;

 Reduzir a quantidade de resíduos sólidos urbanos que vão para aterros sanitários,
prolongando o tempo de vida útil destas infra-estruturas.

Boas Práticas Ambientais

☺ SIM – Minimize os consumos de energia. A produção de electricidade está associada à


emissão de poluentes para a atmosfera. Sempre que possível, prefira a iluminação
natural.

☻NÃO – Não deixe as luzes acesas depois de abandonar o local de trabalho / casa.

☺SIM – Prefira lâmpadas de baixo consumo.

☻NÃO – Evite utilizar mais do que uma lâmpada: duas lâmpadas de 50W produzem menos
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luz e consomem mais 25% de electricidade do que uma de 100W.
☺ SIM – Programe o monitor do seu computador para modo standby .

☻ NÃO – Não deixe o computador ligado depois de terminar o dia de trabalho.

☺ SIM – Mantenha o ar condicionado ligado apenas quando estiver no local.

☻ NÃO – Não utilize o aparelho de climatização com as portas abertas.

☺ SIM – Minimize os consumos de água: só 0,6% da água existente no Planeta está


disponível para utilização directa. Verifique se os autoclismos ficam bem fechados
após a utilização (sem fugas de água).

☻ NÃO – Não deixe a torneira a pingar após a utilização. Em caso de fuga de água,
assegure a sua reparação.

☺ SIM – Invista em equipamentos eficientes para regar (rega por gota-a-gota,


aspersão, etc.).

☻ NÃO – Não deixe as fugas de água por resolver e efectue a manutenção dos 47
sistemas de rega.
☺ SIM – Regue em dias secos e sem vento.

☻ NÃO – Não regue entre as 8:00 e as 18:00: evite o desperdício de água por evaporação.

☺SIM – Adeqúe a técnica de rega ao tipo de solo e às necessidades de água de cada tipo de
planta.

☻NÃO – Evite a formação de poças, enquanto rega. Distribua a água no terreno de uma forma
uniforme.

☺SIM – Minimize os consumos de papel: a produção de papel implica a destruição de recursos


naturais, o aumento dos resíduos e da poluição. Reutilize as embalagens de cartão e
envelopes de circulação interna.

☻NÃO – Não inutilize folhas que apenas foram usadas de um dos lados. Utilize o verso para
tirar apontamentos e anotações.

☺SIM – Imprima versões provisórias numa escala reduzida (mais do que uma página por folha).

☻NÃO – Evite imprimir e fotocopiar apenas num dos lados da folha. Seleccione a opção de
48
impressão nas duas páginas da folha (duplex).
☺ SIM – Utilize, sempre que possível, papel reciclado: cada tonelada deste tipo de papel
evita o corte de 15 a 20 árvores, poupa 400 m3 de água e 500 kWh de electricidade.

☻ NÃO – Evite desperdiçar papel: as suas fibras não são inesgotáveis, podendo apenas
ser recicladas um número limitado de vezes.

☺ SIM – Utilize preferencialmente o suporte informático como forma de enviar e analisar


documentos.

☻ NÃO – Não envie o papel para reciclar com agrafos, clips ou elásticos.

☺ Substâncias Químicas: NÃO – Em caso de derrame, não deixe o produto escoar para
águas superficiais ou subterrâneas, fechando os acessos aos sistemas de drenagem e
esgotos com meios de retenção adequados.

☻ SIM – Em caso de derrame, deve enxugar ou limitar o produto derramado com


absorvente; recolher o produto e a área contaminada para recipientes devidamente
rotulados e contactar o gestor de resíduos para recolha dos resíduos. 49
☻ NÃO – Não misture óleos ou solventes usados com características diferentes. Desta
forma facilita a sua valorização em condições ambientalmente adequadas,
nomeadamente para fins de regeneração. Utilize os produtos, sempre que possível, em
locais bem ventilados, longe de fontes de ignição e de calor, evitando a inalação de
vapores e o contacto com a pele e os olhos.

☺ SIM – Quando manusear óleos, utilize aparadeiras, plásticos, mantas absorventes e


tinas de retenção de modo a prevenir derrames. Execute as operações com os cuidados
necessários para evitar o derrame no solo ou o escoamento do produto para linhas de
água.

☻ NÃO – É proibido por lei fazer qualquer descarga de óleos usados na água, incluindo
sistemas de drenagem de águas residuais, bem como fazer qualquer depósito e/ou
descarga de óleos usados no solo.

☺ SIM – Utilize equipamentos de protecção (EPI’s) adequados ao manuseamento dos


produtos. Consulte as Fichas Técnicas de Segurança de cada um dos produtos,
50
disponíveis no local de trabalho.
☻NÃO – Não deixe os recipientes abertos quando não estão em utilização nem os
armazene perto de fontes de ignição ou de calor.

☺SIM – Mantenha os recipientes bem acondicionados sobre paletas retentoras. Não


abandone as substâncias químicas sem um meio de contentorização adequado: na
sua maioria não são facilmente biodegradáveis podendo provocar efeitos nefastos a
longo prazo no ambiente.

☻NÃO – Não inicie a sua actividade na instalação sem consultar os planos de


emergência internos. Há fichas específicas sobre a actuação em caso de derrame
de substâncias no solo e na água.

☺SIM – Tome todas as precauções necessárias para evitar qualquer risco de incêndio,
nomeadamente não faça lume e não fume no local. Assegure-se de que dispõe no
local de meios de extinção de incêndio adequados.
51
☻ Herbicidas: NÃO – Não use sistematicamente a mesma substância activa, de modo a
evitar fenómenos de resistência.

☺ SIM – Utilize apenas produtos homologados pelo Ministério da Agricultura e do tipo


orgânico. Seleccione herbicidas adequados a zonas não cultivadas e ao estado de
desenvolvimento das infestantes (antes da emergência/após emergência).

☻ NÃO – Não aplique herbicidas quando está vento, devido ao perigo de arrastamento
para culturas vizinhas e aos riscos para a pessoa que está efectuar a aplicação dos
herbicidas. A aplicação também não deve ser feita nas horas de maior calor.

☺ SIM – Seleccione, de entre os diversos produtos com a mesma forma de actuação, o que
for menos tóxico para o homem e apresentar o menor risco para os animais domésticos
e o ambiente (de acordo com as Fichas Técnicas de Segurança dos produtos).

☻ NÃO – Não utilize herbicidas, sob coberto, nas culturas em floração e em épocas em que
ocorra nidificação de aves. Não os utilize num raio de 15 metros de poços, furos,
52
nascentes, rios e ribeiras, valas ou condutas de drenagem.
☺ SIM – Cumpra as condições indicadas no rótulo de cada produto, nomeadamente as
precauções ecotoxicológicas, as restrições de uso e as condições de aplicação (doses,
concentrações, número de tratamentos e intervalo entre tratamentos). Quando o
herbicida for tóxico para animais domésticos, restrinja a sua utilização ao interior das
instalações.

☻ NÃO – Não faça a descarga dos eventuais excedentes de calda e da lavagem de


equipamentos nos sistemas de drenagem. É proibido. Estes excedentes, depois de
diluídos, devem ser aplicados até ao seu esgotamento em terreno com cobertura vegetal,
beneficiando, assim, da retenção por parte das plantas.

☺ SIM – Prepare volumes de calda adequados à dimensão das áreas a tratar, de forma a
reduzir os excedentes e a necessidade da sua eliminação.

☻ Ecologia: NÃO – Não abandone, no final dos trabalhos, resíduos, recipientes ou


qualquer tipo de embalagem. Coloque-os num contentor adequado para posterior
recolha. Uma garrafa de plástico pode levar 1 milhão de anos para decompor-se e uma 53
lata de alumínio entre 80 a 100 anos.
☺SIM – Minimize o ruído e não perturbe aves ou qualquer outra vida selvagem.

☻NÃO – Não corte madeira para fogueiras nem colha plantas ou vegetação. É proibido por
lei fazer fogo de qualquer espécie, incluindo fumar, no interior das matas e nas vias que
as atravessam.

☺SIM – Sempre que possível, evite abrir novos caminhos. Utilize os acessos existentes
para aceder aos locais de trabalho, procurando fazê-lo pelo mesmo caminho de entrada
e saída. Fora das áreas urbanas, mantenha-se nos trilhos pré determinados. Os atalhos
favorecem a erosão e a destruição das raízes e das plantas.

☻NÃO – Não arranque ou corte, total ou parcialmente, espécies protegidas, como oliveiras,
sobreiros ou azinheiras e azevinho espontâneo. Esta actividade só pode ser efectuada
se estiver licenciada.

☺SIM – Antes de proceder à transferência de ninhos de cegonha, assegure-se de que


dispõe da autorização prévia do Instituto de Conservação da Natureza.
54
☺SIM – Cumpra todos os requisitos legais constantes na legislação nacional, comunitária e
internacional, bem como as disposições legais aplicáveis a países terceiros no caso de transporte
transfronteiriço de resíduos.

☻ NÃO – É proibido por lei o abandono de resíduos, bem como a sua recolha, transporte,
armazenamento, tratamento, valorização ou eliminação por entidades ou em instalações não
autorizadas.

☺SIM – Efectue a segregação dos resíduos de acordo com as suas características físicas e químicas,
e tendo em conta a classificação dos resíduos que consta da Lista Europeia de Resíduos (códigos
LER).

☻NÃO – Não misture resíduos diferentes nos contentores.

☺SIM – O local de armazenamento temporário, escolhido para cada tipo de resíduo, deverá ser
devidamente sinalizado por intermédio de fichas de identificação de resíduos disponibilizadas pela
REN.
55
☻NÃO – Não abandone resíduos sem um método adequado de contentorização. O armazenamento
temporário de resíduos deverá ser efectuado em local apropriado, devendo ser previstos os
meios de contenção/retenção de eventuais derrames de substâncias perigosas de forma a
minimizar o risco de contaminação de solos e aquíferos.

☺SIM – O armazenamento deve ser efectuado de forma a evitar a possibilidade de derrame,


incêndio ou explosão, devendo ser respeitadas as condições de segurança relativas às
características que conferem perigosidade aos resíduos.

☻NÃO – Não efectue o armazenamento temporário de resíduos perigosos de forma a provocar


danos para o ambiente ou para a saúde humana.

☺ SIM – Caso o transporte de resíduos seja feito de locais em obras cuja degradação do pavimento
seja evidente, devem ser lavados os rodados do veículo à saída da instalação.

☻NÃO – Não transporte resíduos industriais sem o acompanhamento de uma Guia Modelo A. Os
resíduos devem estar acondicionados em recipientes próprios e rotulados com a ficha de
56
identificação de resíduos.
☺ SIM – Separe os resíduos de acordo com as indicações descritas nos contentores. A maior parte
dos resíduos pode ser reaproveitado, transformando-se em novos produtos ou matéria-prima sem
perder as propriedades: o vidro, por exemplo, pode ser reciclado infinitas vezes.

☻ NÃO – Não misture os diferentes tipos de resíduos. Coloque-os nos contentores adequados: a
energia poupada com a reciclagem de uma garrafa de vidro de litro é suficiente para manter
acesa uma lâmpada de 100 W durante 4 horas.

☻ Frota: NÃO – Evite as viagens de automóvel desnecessárias. Desta forma, está a contribuir para
reduzir a poluição atmosférica provocada pela emissão de, por exemplo, monóxido de carbono.

☺ SIM – Utilize os transportes colectivos ou, quando possível, partilhe o seu veículo.

☺ Ruído: SIM – Verifique se os equipamentos e máquinas a utilizar não ultrapassam os níveis de


ruído permitidos por lei (marcação CE por parte do fornecedor).

☻ NÃO – Não desrespeite os níveis sonoros definidos por lei: Nível sonoro admissível nas Zonas
Sensíveis: período diurno ≤ 55 dB(A); Período nocturno ≤ 45 dB(A); Nível sonoro admissível nas
57
Zonas Mistas: período diurno ≤ 65 dB(A); Período nocturno ≤ 55 dB(A).
☺SIM – O trajecto das viaturas pesadas no centro das localidades, caso seja inevitável, deve ser o
mais curto possível e efectuado a velocidade reduzida ao máximo, com o intuito de diminuir as
emissões sonoras destes veículos.

☻NÃO – Não realize actividades ruidosas permanentes nos dias úteis entre as 22 e as 7 horas, aos
sábados, domingos e feriados sem licença da Câmara Municipal territorialmente competente.

☺ SIM – Efectue o controlo de ruído na fonte através da: utilização de máquinas com baixos níveis
de ruído; evitando impactos de metal sobre metal; efectuando um amortecimento tendo em vista
a redução do ruído ou isolamento de peças vibratórias; instalando silenciadores.

☻NÃO – Não deixe de realizar a manutenção preventiva dos equipamento, já que os níveis de ruído
podem alterar-se à medida que as peças se vão desgastando. Aplique as medidas correctivas
necessárias para minimizar o ruído, com especial atenção para os trabalhos a realizar nas
proximidades de áreas urbanas.

58
SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE
NO TRABALHO

CONCEITOS BÁSICOS RELACIONADOS


COM A SHST

59
 Trabalho: é um fator econômico. Usualmente os economistas medem o trabalho em
termos de horas dedicadas (tempo), salário ou eficiência.

 Segurança no Trabalho - Conjunto das intervenções que objetivam o controlo dos


riscos profissionais e a promoção da segurança e saúde dos trabalhadores da
organização ou outros (incluindo trabalhadores temporários, prestadores de
serviços e trabalhadores por conta própria), visitantes ou qualquer outro indivíduo
no local de trabalho.

 Higiene no Trabalho - Conjunto de metodologias não médicas necessárias à


prevenção das doenças profissionais, tendo como principal campo de ação o
controlo da exposição aos agentes físicos, químicos e biológicos presentes nos
componentes materiais do trabalho. Esta abordagem assenta fundamentalmente
em técnicas e medidas que incidem sobre o ambiente de trabalho. 60
 Saúde no Trabalho – Abordagem que integra além da vigilância médica, o controlo
dos elementos físicos, sociais e mentais que possam afetar a saúde dos
trabalhadores.

 Medicina do trabalho é a especialidade médica que lida com as relações entre


homens e mulheres trabalhadores e seu trabalho, visando não somente a
prevenção dos acidentes e das doenças do trabalho, mas a promoção da saúde e
da qualidade de vida. Tem por objetivo assegurar ou facilitar aos indivíduos e ao
coletivo de trabalhadores a melhoria contínua das condições de saúde, nas
dimensões física e mental, e a interação saudável entre as pessoas e, estas, com
seu ambiente social e o trabalho. O médico do trabalho avalia a capacidade do
candidato a determinado trabalho e realiza reavaliações periódicas de sua saúde
dando ênfase aos riscos ocupacionais aos quais este trabalhador fica exposto. 61
 Ergonomia (ou "fatores humanos") é a disciplina científica relacionada ao
entendimento das interações entre seres humanos e outros elementos de um
sistema, e também é a profissão que aplica teoria, princípios, dados e métodos
para projetar a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho geral de um
sistema. Os ergonomistas contribuem para o projeto e avaliação de tarefas,
trabalhos, produtos, ambientes e sistemas, a fim de torná-los compatíveis com as
necessidades, habilidades e limitações das pessoas.

 Psicossociologia: ciência que estuda a vida nas suas manifestações sociais ou os


aspetos da vida psíquica que resultam da influência de uns indivíduos sobre os
outros. Entende-se ainda por Psicossociologia a abordagem de determinada
temática que privilegia as aquisições teóricas e conceptuais do léxico da Psicologia
e da Sociologia, por exemplo: Psicossociologia das organizações, Psicossociologia
62
da comunicação, Psicossociologia da educação, etc.
 Perigo: Fonte ou situação com potencial para provocar danos em termos de lesão,
doença, dano à propriedade, meio ambiente, local de trabalho ou a combinação
destes.

 Risco: Combinação da probabilidade de ocorrência e da consequência de um


determinado evento perigoso. Perigo é a fonte geradora e o Risco é a exposição a
esta fonte.

 Avaliação de riscos é uma análise sistemática de todos os aspectos do trabalho,


que identifica: aquilo que é susceptível de causar lesões ou danos; a possibilidade
de os perigos serem eliminados e, se tal não for o caso; as medidas de prevenção
ou protecção que existem, ou deveriam existir, para controlar os riscos.

 Prevenção: Ato de se antecipar às consequencias de uma ação, no intuito de


previnir seu resultado, corrigindo-o e redirecionando-o por segurança. 63
SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE
NO TRABALHO

ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO NACIONAL DA


SHST - OBRIGAÇÕES GERAIS DO EMPREGADOR
E DO TRABALHADOR
64
Empregador - a pessoa singular ou coletiva com um ou mais trabalhadores ao seu
serviço e responsável pela empresa ou estabelecimento ou, quando se trate de
organismos sem fins lucrativos, que detenha competência para a contratação de
trabalhadores (artigo n.º 4, anexo da Lei n.º3/2014 - Procede à segunda alteração à
Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, que aprova o regime jurídico da promoção da
segurança e saúde no trabalho). De acordo com o anexo da Lei n.º 3/2014, artigo 15.º,
o empregador tem as seguintes obrigações:

 Assegurar ao trabalhador condições de segurança e de saúde em todos os


aspetos do seu trabalho.

 Zelar permanentemente, pelo exercício da atividade em condições de segurança e


saúde para o trabalhador, tendo em conta os seguintes princípios gerais de
prevenção. 65
 Prestar informação, formação e consulta dos trabalhadores;

 Ter em consideração se os trabalhadores têm conhecimentos e aptidões em


matérias de segurança e saúde no trabalho que lhes permitam exercer com
segurança as tarefas de que os incumbir;

 Ter em conta, que além dos trabalhadores, também terceiros poderão ser
abrangidos pelos riscos da realização dos trabalhos, quer nas instalações, quer no
exterior;

 Estabelecer em matéria de primeiros socorros, de combate a incêndios e de


evacuação as medidas que devem ser adotadas e a identificação dos trabalhadores
responsáveis pela sua aplicação;

 Assegurar a vigilância adequada da saúde dos trabalhadores.


66
SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE
NO TRABALHO

ACIDENTES DE TRABALHO

67
Acidente de trabalho é “aquele que se verifique no local e no tempo de trabalho e
produza direita ou indiretamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença de
que resulte redução na capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte” (artigo 8.º da
Lei n.º 98/2009 de 4 de Setembro - Regulamenta o regime de reparação de acidentes
de trabalho e de doenças profissionais).

É também acidente de trabalho o ocorrido:

o No trajeto de ida para o local de trabalho ou de regresso deste;

o Entre qualquer dos seus locais de trabalho, no caso de ter mais de um emprego;
Entre a sua residência habitual ou ocasional e as instalações que constituem o seu
local de trabalho;

o Entre qualquer dos locais referidos no ponto precedente e o local do pagamento da


retribuição; 68
 Entre qualquer dos locais referidos nos pontos anteriores e o local onde ao
trabalhador deva ser prestada qualquer forma de assistência ou tratamento por
virtude de anterior acidente;

 Entre o local de trabalho e o local da refeição;

 Entre o local onde, por determinação do empregador, presta qualquer serviço


relacionado com o seu trabalho e as instalações que constituem o seu local de
trabalho habitual ou a sua residência habitual ou ocasional;

 Na execução de serviços espontaneamente prestados e de que possa resultar


proveito económico para o empregador;

 No local de trabalho e fora deste, quando no exercício do direito de reunião ou de


atividade de representante dos trabalhadores, nos termos previstos no Código do
Trabalho; 69
 No local de trabalho, quando em frequência de curso de formação profissional ou,
fora do local de trabalho, quando exista autorização expressa do empregador para tal
frequência;

 No local de pagamento da retribuição, enquanto o trabalhador aí permanecer para tal


efeito;

 No local onde o trabalhador deva receber qualquer forma de assistência ou


tratamento em virtude de anterior acidente e enquanto aí permanecer para esse
efeito;

 Em atividade de procura de emprego durante o crédito de horas para tal concedido


por lei aos trabalhadores com processo de cessação do contrato de trabalho em
curso;

 Fora do local ou tempo de trabalho, quando verificado na execução de serviços


70

determinados pelo empregador ou por ele consentidos.


As causas de acidente de trabalho, geralmente associam-se a:
Fatores Pessoais Causas Imediatas Atos inseguros, como
causas imediatas dos
acidentes
- Falta de conhecimento ou - Máquinas e ferramentas; - Falta de cumprimento de
destreza; - Instalações mal protegidas; ordens;
- Falta de motivação; - Instalações não protegidas; - Atuar sem autorização ou
- Problemas físicos ou - Defeito de fabrico - sem avisar;
mentais; ferramenta e/ou - Não utilizar ou neutralizar
- Condições inadequadas de equipamento em mau os dispositivos de
trabalho; estado; segurança;
- Condições de organização; - Não utilizar o equipamento
- Disposição errada dos de proteção individual
equipamentos; previsto.
- Falta de proteção individual - Maus hábitos de trabalho:
eficaz. - Trabalhar a um ritmo
- Condições de ambiente anormal;
físico; - Utilizar ferramentas de uma
maneira errada;
71
Dos acidentes de trabalho podem resultar diferentes tipos de incapacidades:

 Incapacidade temporária absoluta – perda da capacidade para o trabalho por um


período limitado de tempo, após o qual o trabalhador retorna às atividades normais;

 Incapacidade permanente parcial – diminuição, para toda a vida, de parte da


capacidade total para o trabalho. Por exemplo, quando ocorre a perda de um dedo
ou de uma vista;

 Incapacidade permanente absoluta – invalidez incurável para o trabalho.

Principais consequências dos acidentes no trabalho - Um acidente de trabalho é


determinado por múltiplos fatores, e aquando da sua ocorrência, dá origem a
consequências vastas, de diversa ordem, com efeitos induzidos aos mais variados
níveis. Do ponto de vista humano e material, os acidentes de trabalho acarretam as
seguintes consequências, que se apresentam na seguinte tabela: 72
Plano Humano Plano Material

Acidentado Sofrimento físico; Perda de salário (e prémio);


Sofrimento moral; Baixa do seu potencial profissional.
Diminuição do seu potencial.

Família Sofrimento moral; Preocupações. Dificuldades económicas;

Colegas de Mal-estar; Inquietação/Pânico. Perda de tempo (e prémio);


Trabalho Excesso de Trabalho.

Empresa Baixa do clima psicológico; Má Paragem de máquina (s);


reputação para a empresa. Perda de produção/atrasos no fabrico;
Formação de um substituto; Prémio de seguro
maior.

País Baixa de potencial humano. Perda de produção;


Recuperação do acidentado/Reformas. 73
Os custos dos acidentes de trabalho e doenças profissionais, para a maioria dos países,
estão compreendidos entre os 2,6% e os 3,8% do PIB - representa a soma (em valores
monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer
sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano
etc). Os acidentes de trabalho resultam em custos elevados para as empresas,
trabalhadores e a sociedade em geral. Afetam decisivamente a qualidade de vida dos
trabalhadores e refletem-se na economia nacional. Os custos dos acidentes de trabalho
sempre foi uma preocupação, já na década de 30, H. W. Heinrich ensaiava a quantificação
dos custos dos acidentes a partir de uma análise económica da sinistralidade laboral.
Construiu a famosa teoria do “Iceberg”, demonstrando que o custo dos acidentes de
trabalho é superior ao valor pago pela seguradora ao sinistrado, tendo defendido que os
custos indiretos seriam quatro vezes superiores aos custos diretos, ou seja, a empresa
suporta diretamente um custo quatro vezes superior ao valor pago pela seguradora74ao
sinistrado.
Heinrich considerou também que os custos dos acidentes de trabalho se dividiam em

dois grupos: custos diretos (o montante total de indemnizações e pensões pagas pela

seguradora) e custos indiretos (valor assumido diretamente pela empresa).

 Custos diretos: Prémio de seguro e agravamento; Remuneração e subsídios


devidos ao acidente; Diferença de retribuição ao trabalhador; Transportes;
Assistência médica e medicamentosa.

 Custos indiretos: Custos salariais; Perdas de materiais; Perdas da eficiência e da


produtividade; Custos diversos; Etc.

Prevenção dos acidentes de trabalho: A melhor forma de prevenção de acidentes de


trabalho é a informação, a consciencialização e a formação dos trabalhadores no local
de trabalho, a que acresce a aplicação de todas as medidas de segurança coletiva e
75
individual inerente à atividade desenvolvida.
SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE
NO TRABALHO

DOENÇAS PROFISSIONAIS

76
“Doença incluída na lista das doenças profissionais de que esteja afetado um trabalhador
que tenha estado exposto ao respetivo risco pela natureza da indústria, atividade ou
condições, ambiente e técnicas do trabalho habitual”. (artigo 94º da Lei n.º 98/2009).
Existe uma Lista de Doenças Profissionais, aprovadas através do Decreto Regulamentar
n.º 76/2007, de 17 de Julho, embora a Lei também considera que a lesão corporal, a
perturbação funcional ou a doença não incluídas na lista serão indemnizáveis, desde que
se provem serem consequência, necessária e directa, da actividade exercida e não
representem normal desgaste do organismo (Código do Trabalho, n.º 2 do art. 310).
Qualquer médico, perante uma suspeita fundamentada de doença profissional –
diagnóstico de presunção –, tem obrigação de notificar o Centro Nacional de Protecção
contra Riscos Profissionais (CNPRP), mediante o envio da Participação Obrigatória
devidamente preenchida. O CNPRP irá estudar a situação e avaliar se se trata, ou não, de
doença profissional, mediante solicitação do próprio trabalhador afectado. 77
No caso de a doença estar confirmada, tem direito à reparação do dano, tanto em
espécie (prestações de natureza médica, cirúrgica, farmacêutica, hospitalar, etc.), como
em dinheiro (indemnização pecuniária por incapacidade temporária para o trabalho ou
redução da capacidade de trabalho ou ganho em caso de incapacidade permanente,
etc.), entre outras. Existem vários factores de risco que podem conduzir ao aparecimento
das doenças profissionais:

 De causa ergonómica: Movimentos repetitivos que requerem aplicação de força;


Choque mecânico; Força de preensão e carga palmar; Carga externa e muscular
estática; Stress mecânico; Vibrações e temperaturas extremas; Posições
desadequadas que podem decorrer do equipamento mal desenhado, das ferramentas
ou do posto de trabalho.

 De risco individual: Tabagismo; Ingestão de bebidas alcoólicas em excesso;


78
Obesidade.
 De causa organizacional: Horas e ritmo de trabalho excessivos; Trabalho com ritmo
externo imposto – por exemplo, linhas de montagem; Pausas e descanso
insuficientes; Insegurança ou insatisfação laboral; Monitorização excessiva, por
exemplo, com câmaras de vídeo.

Para além dos referidos, e segundo o Decreto Regulamentar n.º 76/2007, de 17 de


Julho, as doenças profissionais podem ainda ser causadas por:

1. Doenças provocadas por agentes químicos: Causadas por tóxicos inorgânicos


Causadas por tóxicos orgânicos (decompoêm-se naturalmente);

2. Doenças do aparelho respiratório: Pneumoconioses por poeiras minerais;


Granulomatoses pulmonares extrínsecas provocadas por poeiras ou aerossóis com
acção imunoalérgica; Broncopneumopatias provocadas por poeiras ou aerossóis
com acção imunoalérgica e ou irritante.
79
3. Doenças cutâneas: Causadas por produtos industriais; Causadas por
medicamentos; Causadas por produtos químicos e biológicos; Causadas por
fungos.

4. Doenças provocadas por agentes físicos: Causadas por radiações; Causadas por
ruído; Causadas por pressão superior à atmosférica; Causadas por vibrações;
Causadas por agentes mecânicos.

5. Doenças infecciosas e parasitárias: Causadas por bactérias e afins; Causadas


por vírus; Causadas por parasitas; Causadas por fungos, Agentes biológicos
causadores de doenças tropicais.

80
SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE
NO TRABALHO

PRINCIPAIS RISCOS PROFISSIONAIS

81
RISCOS BIOLÓGICOS
O que são agentes biológicos?

São seres vivos de dimensões microscópicas, bem como todas as substâncias


derivadas dos mesmos que, estando presentes nos locais de trabalho, podem provocar
efeitos negativos na saúde dos trabalhadores em situações de exposição por parte
destes. Resumindo, são micro organismos (bactérias, vírus, fungos), incluindo os
geneticamente modificados, as culturas das células e os endoparasitas humanos,
susceptíveis de provocar infecções, alergias e intoxicações. Os agentes biológicos
estão presentes em todo o meio que nos rodeia e coabitam com todos os seres vivos.
Todavia, apenas uma pequena porção destes micro organismos que abundam na
natureza provocam doença no ser humano. Os micro organismos patogénicos
conseguem vencer as defesas do organismo humano e infectar os tecidos de uma
82
pessoa saudável. A patogenia é a capacidade de desencadear uma doença.
Como se classificam os agentes biológicos?

São classificados em quatro grupos conforme o seu nível de risco infeccioso:

83
Risco de exposição

Os trabalhadores correm o risco de exposição quando, estando em contacto com o agente


biológico, este puder causar um dano na saúde. Os meios de transmissão possível são: a
água, o ar, o solo, os animais e as matérias primas. Tipos de exposição:

 Exposição relacionada com actividades em que se utilizam e manipulam


deliberadamente agentes biológicos; Ex: certos laboratórios de investigação, indústria
farmacêutica (enzimas, antibióticos, vacinas), indústria biotecnológica, etc.

 Exposição relacionada com actividades em que não manipulação, contacto directo e


utilização deliberadas do agente biológico, ou seja, em que o risco de exposição é
potencial. Ex: trabalho agrícola, contacto com animais ou produtos de origem animal,
trabalhos com águas residuais, laboratórios de análises, etc;

 Exposição que não depende da própria actividade; Ex: o trabalhador que sofre infecção
84
respiratória contagiado por outro.
Protecção dos trabalhadores: o que fazer?

É obrigação do empregador implementar medidas de prevenção e promover a saúde


dos trabalhadores, nomeadamente: Prevenção técnica; Prevenção médica; Formação
e informação dos trabalhadores.

 Prevenção técnica

Identificação e avaliação dos riscos:

Identificação teórica dos riscos com base numa recolha geral de informação: natureza
e grupos dos agentes biológicos, modos de transmissão, vias de entrada no
organismo, quantidade do agente no material que se manipula. As características dos
agentes biológicos, sua virulência, forma de entrada no organismo e sua interacção
com as defesas do ser humano vão ser determinantes no aparecimento da doença.
85
Identificam-se três tipos de vias de entrada dos agentes biológicos no organismo:

 Via respiratória: é a principal via de entrada dos agentes biológicos, mas também a
mais dissimulada, nomedamente, por inalação de aerossóis;

 Via cutâneo-mucosa: lesão na pele (picada, corte acidental), ou através das


mucosas;

 Via digestiva: sempre que não são cumpridas as medidas de higiene individual
antes da ingestão de alimentos (ex: lavagem de mãos), ou são cometidos erros
técnicos (ex: pipetagem à boca);

- Avaliação dos riscos dos trabalhadores expostos nos respectivos postos de trabalho,
a qual implica: Descrição do posto de trabalho; Frequência e duração da exposição;
Organização e procedimentos de trabalho; Conhecimento dos possíveis riscos por
parte do trabalhador; Implementação de medidas preventivas e seu acompanhamento.
86
A avaliação dos riscos deve identificar os trabalhadores que podem necessitar da
medidas especiais de protecção, por exemplo: trabalhadores grávidas, lactantes,
trabalhadores com sensibilização a determinados produtos (a utilização de luvas
de latex pode provocar dermatites alérgicas e irritativas). A avaliação deve ser
repetida periodicamente e/ou sempre que se verifiquem alterações nas condições
de exposição dos trabalhadores aos agentes biológicos ou ainda sempre que o
médico do trabalho considere necessário.

Redução dos riscos de exposição

Se existir, como resultado da avaliação, um risco para os trabalhadores, este deve


evitar-se, se possível, ou reduzir-se ao mais baixo nível. Para tal, devem
implementar-se as seguintes medidas:
87
 Estabelecer procedimentos de trabalho adequados a utilizar medidas técnicas
apropriadas para evitar ou minimizar a libertação de agentes biológicos;

 Reduzir ao mínimo possível os trabalhadores expostos;

 Adoptar medidas de protecção colectiva complementadas com medidas de


protecção individual quando a exposição não puder ser evitada por outros meios;

 Adoptar medidas seguras para a recepção, manipulação e transporte de agentes


biológicos;

 Utilizar meios seguros para a recolha, armazenamento e eliminação de resíduos,


incluindo recipientes seguros e rotulados, e o seu tratamento prévio;

 Sinalizar adequadamente os locais (perigo biológico, proibição de fumar, etc)

 Estabelecer planos de emergência para fazer face a à libertação acidental de


88
agentes biológicos.
89
Medidas higiénicas: A utilização de medidas de higiene que evitem ou dificultem a
dispersão de agentes biológicos fora do local de trabalho incluem:

 Proibição de comer, beber ou fumar nos locais de trabalho;

 Fornecimento de vestuário de protecção adequado;

 Instalações sanitárias e vestiários adequados;

 Existência de colírios e antissépticos;

 Correcta armazenagem, manutenção e limpeza de EPI;

 Destruição, se necessário, do vestuário de protecção e EPI contaminados;

 Interdição de levar para casa vestuário de protecção e EPI contaminados;

 Definição de procedimentos para recolha, manipulação e tratamento de amostras de


origem animal ou humana;
90
 Descontaminação e limpeza de instalações.
 Prevenção médica - Vigilância da saúde

Exames da saúde de admissão (avaliação do estado imunitário e de algum tipo e


sensibilidade alérgica), periódicos (dependentes do agente, das características da
exposição, da actividade profissional e do próprio trabalhador – idade, sexo, gravidez)
e ocasionais (sempre que o médico o entenda, na sequência do aparecimento de uma
infecção num trabalhador); Procedimentos individuais de saúde: registo da história
clínica e profissional, avaliação individual do estado de saúde, vigilância biológica,
rastreio de efeitos precoces e reversíveis; Os registos relativos à vigilância da saúde
dos trabalhadores devem: constar de ficha médica individual, à qual o trabalhador
deve ter acesso; ser arquivados e mantidos actualizados; ser entregues ao
trabalhador aquando da cessação do contrato de trabalho. Vacinação: Prever a
vacinação gratuita dos trabalhadores e Informar das vantagens e inconvenientes.
91
 Formação e informação dos trabalhadores

Aos trabalhadores deve ser assegurada formação e informação adequadas sobre:


Riscos potenciais para a saúde; Precauções a tomar para evitar a exposição aos
riscos existentes; Normas de higiene; Utilização de equipamentos e do vestuário de
protecção; Medidas de actuação em caso de incidentes e acidentes.

Na forma de: Instruções escritas: procedimentos de boas práticas, nomeadamente


actuação em cas de acidentes ou incidentes graves; Afixação de cartazes; Formação
em sala. Os trabalhadores ou seus representantes têm o direito de conhecer as
informações contidas no relatório anual que o empregador tem de elaborar,
nomeadamente: trabalhadores expostos, medidas de prevenção e protecção
adoptadas e, plano de emergência para agentes dos grupos 3 e 4.

92
RISCOS FÍSICOS
AMBIENTE TÉRMICO

No trabalho quer executado no interior de edifícios quer com exposição ao


ambiente exterior, o homem realiza trocas de calor com a sua envolvente
ambiental.

As trocas podem ser perdas ou ganhos de “calor”, que o organismo regula, par
manter a homotermia (manutenção da temperatura interior).

A temperatura interior tem limites de variação bem definidos: 43º C – Morte; 42º C
- Agitação, convulsões, delírio, coma; 39º C - Máximo permissível por curto tempo;
38ºC - Limite aceitável; 37–37,5ºC - Temperatura normal; 34,5ºC - Limite para a
capacidade homeotérmica; 29,5ºC - Alterações graves; 28ºC - Coma hipotérmico.
93
Sem termo-regulação, ficaríamos sem possibilidade de fazer esforço físico, por
sobreaquecimento, ou correríamos o risco de morte. Uma variação de 2ºC da
temperatura interna pode ser suportada por um tempo curto, mas uma variação de
5ºC a 7ºC pode significar morte.

Recebemos calor através de: Metabolismo basal; Actividade muscular; Produção


hormonal; Mudanças posturais; Trocas com ambiente quente;

Perdemos calor por trocas com ambiente de temperatura mais baixa que a nossa, por:
Convecção – o calor do corpo A é transferido para as moléculas do ar; Radiação – o
corpo A transmite calor para o B, por ondas electromagnéticas, sem aquecer o ar;
Condução – o calor é transferido directamente do corpo A para o B (ex. água mais fria
que a temperatura do corpo); Evaporação – o calor do corpo A é transmitido a
moléculas de água do suor ou do ar expirado. 94
Razões de stress térmico:

 Esforço – aumento do metabolismo;

 Temperatura do ar elevada (acima da temp. cutânea);

 Temperatura radiante média elevada;

 Humidade elevada;

 Reduzida velocidade do ar;

Quando se conjugam pelos menos 1, +2, +3, o organismo só pode perder calor por
evaporação, sendo importantes dois factores: a humidade relativa e a área de
superfície de pele exposta. O vestuário pesado ou muito seco retarda a
evaporação.
95
Processos para obter homeotermia no stress térmico: o organismo inicia 3 tipos de
sobrecarga:

1. Termostática: aumento rápido da temperatura cutânea, aumento lento da


temperatura interna e tentativa de perda por convecção e radiação.

2. Circulatória: diminuição do diferencial entre as temp. interna a cutânea e aumento


do débito sanguíneo cutâneo (vasodilatação);

3. Sudativa: extravasão de água e sódio pelos poros da pele (transpiração) e início


da evaporação.

Índices de sobrecarga fisiológica:

1. Frequência cardíaca – não ultrapassar as 100/110 frequências por minuto nas 8


horas. Aumento progressivo da F no tempo faz supor esgotamento rápido. 1
96
minuto após paragem, não deve ultrapassar as 35 batidas acima do normal.
2. Temperatura central do corpo – não ultrapassar 39ºC, durante menos de 2 horas,
no aclimatado ou 38ºC para o trabalho normal;

3. Sudação – (peso nu antes do trabalho – peso nu depois do trabalho) + (água


consumida – urina excretada) + sólidos consumidos. A perda de peso no fim do
trabalho deve ser inferior a 1,5% do peso do indivíduo.

Efeitos do calor sobre o organismo:

 Efeitos fisiológicos: sudação, desidratação, caimbras; fadiga e exaustão; aumento


da sensibilidade aos tóxicos; redução da capacidade de trabalho.

 Efeitos psico-fisiológicos: aumento do número de erros e aumento do número de


acidentes.

 Efeitos psicológicos: desconforto, irritabilidade; absentismo e turn-over; redução da


97
eficácia do trabalho mental.
Efeitos os stress térmico sobre o organismo:

1. “Golpe de calor”: hiperpirexia (temperatura rectal > 41ºC), sudação intensa ou


ausência de sudação em 25-50% dos casos, taquicardia, hipotensão, confusão,
vertigem, delírio, convulsões, coma. Factores de agravamento: diabetes,
alcoolismo, desidratação, obesidade, problemas cardíacos, fármacos (anti-
hipertensores, antidepressivos), anfetaminas, cocaína, fraqueza física, vestuário
inadequado.

2. “Síncope de calor”: taquicardia, hipotensão, sem perda de consciência;

3. “Exaustão”: hiperpirexia < 39ºC, desidratação ou não, fadiga, náuseas, arrepios,


alteração da respiração, palidez; consciência normal.

4. Alterações da pele: erupção, queimaduras solares. Nota: 5 a 10% de perda de


água dão perturbações com sede, astenia, irritação. 15% de perda pode significar
98

morte.
Prevenção do stress térmico:

 Ventilação geral e climatização;

 Aumento do isolamento e coeficiente de reflexão dos edifícios;

 Protecção das superfícies vidradas (estores, guarda-ventos, coloração, vidros


duplos);

 Écrans de protecção de calor radiante (alumínio);

 Telas metálicas – 0,4 X 0,4 mm, junto às janelas;

 Redução do esforço;

 Limitação do tempo de exposição;

 Vestuário protector, óculos, viseiras;

 Pausas de trabalho; 99

 Hidratação;
 Limitação de álcool, cafeína e gorduras;

 Aclimatação – 15 dias. Para novos trabalhadores que venham a ser expostos, o


regime de trabalho deverá ser de 20% do tempo habitual de trabalho no 1º dia e
20% de aumento do tempo de exposição em cada um dos 4 dias seguintes. Depois
de férias ou interrupções prolongadas o regime deverá ser de 50% do tempo no 1º
dia, 60% no 2º dia, 80% no terceiro e 100% no quarto.

 Formação e informação;

 Monitorização do ambiente térmico.

Exposição ao frio – Hipotermia

O frio pode matar por:

 Exposição intensa ou duradoura: frio (-20ºC em diante) e/ou deslocação do ar;


100
 Exaustão (variações individuais).
Prevenção da hipotermia: Usar gorro quente e protecção da orelhas; Usar
vestuário quente e óculos próprios; Usar luvas, meias quentes e botas forradas;
Beber muitos líquidos; Manter um ritmo moderado de actividade;

Medidas de protecção:

 Analisar riscos de exposição ao frio que possam causar lesão ou doença e


avaliar temperaturas e tempos de exposição;

 Formar os trabalhadores sobre os sintomas, sinais de enregelamento e


prevenção;

 Seleccionar equipamentos de protecção adequados;

 Introduzir pausas frequentes, realizar a maior parte dos trabalhos no período


mais quente do dia, parar se surgir fadiga ou exaustão, ingerir muitos líquidos
101
e
alimentos ricos em calorias.
RADIAÇÕES
A radiação é a transmissão de energia sob a forma de ondas electromagnéticas
(radiofrequências, microondas, radiação ultravioleta ou infravermelha, raios x e gama)
ou de partículas nucleares (partículas alfa, beta e neutrões). Radiações são formas de
energia provenientes de átomos instáveis na forma de partículas ou ondas e, quando
emitidas transferem a sua energia para o material por onde passa. Todos os átomos
têm três partículas básicas (protões, electrões e neutrões) e podem ser instáveis
(libertam energia espontaneamente) ou estáveis (não libertam energia).

Radiações Ionizantes: é o tipo de radiação com energia cinética suficiente, para,


quando interage com átomos, poder libertar electrões fortemente ligados das suas
órbitas. Desta forma os átomos ficam com cargas eléctricas, isto é, ionizam-se. A
radiação ionizante inclui: partículas Alfa, partículas Beta, Neutrões, raios X e raios
102

Gama.
Radiações não ionizantes: As radiações não ionizantes incluem: radiação ultravioleta
ou infravermelha, microondas, radiofrequências e laser.

As principais fontes de radiação não ionizantes são:

 Radiação ultravioleta, visível e infravermelha – radiação solar (responsável pela


quase totalidade), aparelhos de soldadura por arco, lâmpadas (incandescentes,
fluorescentes e de descarga), lasers;

 Microondas de radiotelecomunicações, aparelhos de fisioterapia, fornos de


aquecimento (alimentação, soldadura de plásticos, secagem de papel), fornos de
indução, aparelhos de esterilização, etc.

No primeiro grupo, com excepção do caso especial dos lasers, a radiação ultravioleta
(UV) é aquela que tem efeitos biológicos mais intensos e em relação à qual deverá ser
exercida maior vigilância. A principal fonte de radiação UV é o sol. 103
RUÍDO
Conceitos básicos:

 Nível de exposição pessoal diária, LEP,d, de um trabalhador ao ruído durante o


trabalho, é o valor expresso em dB (A) pela relação LEP,d = LAeq,Te + log 10 (Te /
To), em que LAeq,Te é o nível sonoro contínuo equivalente no intervalo de tempo
Te (tempo de exposição pessoal diária ao ruído) e To é igual a 8 horas.

 Pico de nível de pressão sonora, LPICO: valor máximo instantâneo do nível de


pressão sonora, expresso em dB.

 Nível de acção: o nível de acção da “exposição diária de um trabalhador ao ruído


durante o trabalho” é igual a 85 dB.

 Valor limite da exposição pessoal diária: o valor limite da “exposição pessoal diária
104
de um trabalhador ao ruído durante o trabalho” é igual a 90 dB (A).
 Nível sonoro contínuo equivalente, LAeq,T : este nível traduz-se em ponderado
A de um ruído num intervalo de tempo T, expresso em dB (A). Para um nível
constante, a dose de ruído é calculada com alguma facilidade, mas se o nível
varia, deverão ser feitas repetidas medições durante um período de
amostragem bem definido.

 Valor limite de pico: o valor máximo do pico de nível de pressão sonora é igual a
140 dB, equivalente a 200 pascal de valor máximo da pressão sonora
instantânea não ponderada.

 Trabalhador exposto: trabalhador cuja exposição diária ao ruído durante o


trabalho é igual ou superior ao nível de acção ou que está sujeito a picos de
nível de pressão sonora iguais ou superiores ao valor limite de pico.
105
 Pressão sonora: é a pressão expressa em Pascal (Pa), produzida pelas
vibrações mecânicas e utilizada como parâmetro de avaliação das situações de
incomodidade ou de risco de trauma auditivo.

 Nível de pressão sonora: é expresso em decibéis (dB) e corresponde à mais


pequena variação de pressão sonora que um ouvido humano pode distinguir,
em condições normais de audição. A escala de valores com que se trabalha
varia entre 0 dB e 130 dB (limiar da dor).

 Decibel ponderado A (dBA) – na avaliação da exposição ao ruído é utilizado um


filtro, o qual permite proceder a uma medição de acordo coma curva, que
representa a sensibilidade do ouvido humano para as diferentes frequências.

106
 Frequência: constitui o parâmetro mais importante para descrever um sinal
sonoro, a seguir ao nível de pressão sonora. A noção de frequência permite
distinguir um som agudo de um grave. A frequência do som designa o número
de variações de pressão por segundo e exprime-se em Hertz (Hz) ou ciclos por
segundo.

 Espectro de frequência – é a análise da composição de um som em frequência


que permite perceber quais as frequências a reduzir; tal tarefa implica a
medição do nível sonoro em cada uma das bandas de frequência, obtendo-se,
assim, o espectro do ruído que torna possível a identificação das fontes mais
nocivas.

 Potência sonora – quantidade de energia, expressa em Watt (W), produzida por


107
uma fonte sonora por unidade de tempo.
108
Efeitos sobre a saúde:

- Efeitos extra-auditivos

 Efeitos fisiológicos: Aceleração do ritmo cardíaco, hipertensão, dilatação da pupila, etc;


Diminuição da temperatura e da resistência eléctrica da pele, abaixamento do nível de
triglicéridos, etc; Efeitos no equilíbrio (vertigens, etc.); Efeitos funcionais, distúrbios do
humor e manifestações de stress: problemas funcionais: perturbações de concentração,
da percepção auditiva, etc. distúrbios de humor: irritação, insatisfação, etc; stress:
fadiga, agressividade, dores de cabeça, stress crónico, depressão, etc.

 Efeitos auditivos: O ruído pode desencadear uma perda parcial de audição ou efeitos
auditivos permanentes. Os efeitos passageiros traduzam-se por perdas ligeiras de
audição ou zumbido. As capacidades auditivas restabelecem-se, em geral, após alguns
minutos, ainda que as manifestações possam durar alguns dias. Se a exposição se
109
prolongar, a perda de acuidade pode evoluir para uma alteração definitiva.
110
Avaliação de riscos

O processo de avaliação abrange:

 Avaliação inicial, no 6 meses subsequentes ao início da laboração;

 Avaliações suplementares sempre que seja criado um novo posto de trabalho


ou quando este sofra modificações que provoquem uma variação significativa
da exposição ao ruído ou, ainda, para corrigir avaliações realizadas
anteriormente;

 Avaliações periódicas (no mínimo anuais) sempre que atingido o valor limite de
pico ou nível de acção.

111
112
Para a medição dos níveis sonoros são utilizados sonómetros, que fornecem uma
medida objectiva e reproduzível do nível de som.

Os sonómetros medem o nível de pressão acústica num determinado local e


momento e dispõem de uma rede de curvas de ponderação (A, B, C e D) sujeitas a
normas técnicas específicas. Sendo a curva A a que melhor responde às
características auditivas do homem, por reter, apenas, o que o homem ouve, uma
vez que o ouvido humano não tem capacidade de audição igual em todas as
frequências, os níveis sonoros obtidos com esta ponderação exprimem-se em dB
(A).

O dosímetro mede a quantidade (dose) de ruído acumulado por um trabalhador


num intervalo de tempo determinado.
113
114
Medidas técnicas

 Redução na fonte: Selecção de equipamentos de trabalho e materiais a adquirir,


isentos de ruído ou pouco ruidosos; Impedir ou reduzir o choque entre peças de
máquinas; Colocação de silenciadores ou abafadores; Manutenção periódica
dos equipamentos de trabalho; Substituição de componentes gastos ou
defeituosos; Alteração do modo de manipulação de materiais.

 Redução da propagação: Criação de barreiras acústicas que diminuam a


transmissão de ruído; Isolamento da máquina e seus componentes; Colocação
de materiais que absorvam as vibrações; Separação de peças que actuem entre
si; Reforço das estruturas (para o ruído de percussão).

115
 Redução através de medidas acústicas: Utilização de materiais absorventes do
som; Aumento da distância entre o trabalhador e a fonte de ruído; Montagem de
divisórias, janelas e portas com elevado índice de isolamento;

Medidas organizacionais

 Alternância de tarefas;

 Diminuição do tempo de exposição;

 Redução do número de trabalhadores expostos.

Medidas de protecção individual

 Protectores auriculares adequados

116
VIBRAÇÕES
Movimentos oscilatórios de um corpo em torno do seu ponto de equilibro. As
vibrações mecânicas surgem sob a acção de forças variáveis e podem transmitir-
se a outros objectos por contacto directo. É o caso da energia vibratória mecânica
dos martelos pneumáticos, por exemplo.

Existem dois tipos de vibrações:

 As transmitidas a todo o corpo (ex. no assento de uma retroescavadora);

 As transmitidas ao sistema mão-braço, ou seja as vibrações ou choques de


ferramentas e máquinas ao nível da mãos.

117
A intensidade vibratória é, em geral, expressa em decibéis (dB). As vibrações
predominantes na actividade industrial estão associadas a diversos factores:

 Ausência de elementos antivibráteis;

 Utilização de equipamentos em processo de transformação (ex. prensas);

 Fenómenos naturais (sismos, ventos, etc.);

 Modos de funcionamento ou defeitos de máquinas;

 Factores ambientais;

 Peso dos equipamentos.

Existem múltiplas afecções desencadeadas pelas vibrações, cujos efeitos


dependem de: tempo de exposição, forma como a exposição se produz,
características físicas do meio, modo de transmissão, tipo de trabalho e tipo118de
postura.
Riscos para a saúde

 Vibrações mão-braço: Afecções osteo-articulares; Artrose dos membros


superiores; Outras: doença de Kienbock (necrose de um dos ossos do punho),
síndrome do dedo álgido, pseudartrose do escafóide, síndrome de vibração
mão-braço (VMB/HAV).

 Afecções de todo o corpo: Problemas dorso-lombares (ex. artroses e hérnias);


Fadiga e desconforto; Náuseas e vómitos; Problemas gástricos; Distúrbios de
visão; Acentuação dos efeitos do ruído (quanto às vibrações de baixa
frequência); Aumento da frequência cardíaca e da pressão sanguínea;
Síndrome vibroacústico - doença sistémica das vibrações.

119
Medição das vibrações:

O equipamento que regista as vibração converte a energia vibratória mecânica


em sinal eléctrico e tem capacidade para medir o deslocamento e a velocidade
ou aceleração. A aceleração é utilizada como medida, para além dos décibeis.

Na maior parte das vezes utiliza-se um acelerómetro piezo-eléctrico, onde a


grandeza a medir é a aceleração (m/s2) segundo um ou vários eixos.

Para medir as vibrações mão-braço é necessário utilizar um gravador portátil,


que não influencie a leitura e no caso das vibrações corporais usa-se um
“medidor de assento”, isto é, um disco que integra três acelerómetros.

120
RISCOS EM SHST

121
Medidas de prevenção:

Tal como os demais factores de risco, trata-se aqui de: combater as vibrações
na origem (verificar a carga vibratória no momento de aquisição de máquinas,
ferramentas ou veículos; questionar-se se o equipamento que está na origem
da vibração é indispensável ou pode ser substituído por outro, criar suportes e
base antivibratórias para algumas máquinas, actuar sobre a transmissão
suprimindo o meio transmissor, etc.), isolamento (sobre a máquina ou sobre o
seu utilizador: luvas antivibratórias, selecção de assentos adequados, etc.),
evitar a propagação para o homem, informação e vigilância médica.

122
ILUMINAÇÃO
Uma iluminação deficiente pode dar origem a riscos para a SST: Fadiga ocular:
irritação, redução da acuidade visual (capacidade de distinguir os objectos entre si
e os detalhes dos objectos situados muito perto uns dos outros), menor rapidez
perceptiva; Fadiga visual: menor velocidade de reacção, sensação de mal estar,
cefaleias e insónias; Acidentes de trabalho; Posturas incorrectas de trabalho.

- Medição: A iluminância ou nível de iluminação reporta-se à quantidade de luz


necessária para executar convenientemente uma tarefa. Para a sua medição
utiliza-se um luxímetro, equipamento que reflecte a quantidade de fluxo luminoso
que um determinado elemento ou plano de trabalho recebem. A unidade de
medição é o lux.
123
A luminância é a medida do brilho de uma superfície, expressa em candelas por
m2. Para a sua medição usam-se fotómetros ou luminómetros.

A qualidade da iluminação depende de vários elementos: tipo de iluminação,


disposição das luminárias, contraste entre o objecto a manipular e o fundo,
encadeamento.

124
Avaliação de riscos - Para avaliar os riscos inerentes à iluminação deverá atender-
se a diferentes factores: Nível de iluminação (iluminância); Distribuição das
luminárias no campo visual; Encadeamento e reflexos; Cor e reprodução de cores;
Direcção da luz e efeitos de sombra; Iluminação de emergência.

Medidas de prevenção:

 Seleccionar as lâmpadas incandescentes ou fluorescentes mais adequadas; as


características mais importantes de uma lâmpada são, no domínio da
quantidade, a potência eléctrica e o fluxo luminoso e, no domínio da qualidade,
a temperatura da cor (K).

 A qualidade depende da combinação entre a tonalidade e a luminância, sendo


certo que, com o acréscimo de iluminância, devem ser seleccionadas lâmpadas
125
de temperatura de cor mais elevada;
 Eliminação do encadeamento por via da escolha e correcta distribuição das
fontes de luz (lâmpadas), a colocação de difusores, a escolha de tampos
pouco brilhantes para os planos de trabalho e cores de paredes, chão e
tecto claras;

 Eliminação do efeito estroboscópico mediante aplicação das disposições


regulamentares aplicáveis;

 Iluminação alternativa de emergência quando uma avaria possa expor os


trabalhadores a riscos;

 Evitar o ofuscamento directo e indirecto;

 Manutenção regular das instalações de iluminação para não prejudicar o seu


rendimento e fiabilidade; 126
 Eliminação de reflexos nos postos de trabalho, com equipamentos dotados
de visor;

 Garantia de iluminação que permita um contraste adequado entre o ecrã do


equipamento dotado de visor e o ambiente, em função das necessidades
visuais do utilizador;

 Vigilância médica e optométrica da acuidade visual dos trabalhadores


expostos a níveis não adequados de iluminação.

 Modificação da iluminação nos postos de trabalho em função das exigências


visuais da tarefa;

127
RISCOS QUÍMICOS
Um agente químico perigoso é qualquer elemento ou composto químico, isolado
ou em mistura, que se apresente no estado natural ou seja produzido, utilizado ou
libertado em consequência de uma actividade laboral, e possa ser considerado
como substância ou preparação explosiva, comburente, extremamente inflamável,
facilmente inflamável, inflamável, muito tóxica, tóxica, nociva, corrosiva, irritante,
carcinogénica, tóxica para a reprodução e mutagénica.

Como se classificam os agentes químicos de acordo com a sua


perigosidade?

Os agentes químicos perigosos susceptíveis de acusar efeitos adversos (doenças


profissionais) na sequência das suas propriedades toxicológicas, podem ser: 128
 Muito tóxicos: os que, por inalação, ingestão ou por via cutânea, podem
ocasionar intoxicações extremamente graves, agudas ou crónicas, ou mesmo a
morte;

 Tóxicos: os que podem ocasionar intoxicações graves, agudas ou crónicas, ou


mesmo a morte;

 Nocivos: os que podem ocasionar efeitos de gravidade limitada;

 Corrosivos: os que, em contacto com os tecidos vivos, podem exercer sobre


eles uma acção destrutiva;

 Irritantes: os que, por contacto imediato, prolongado ou repetido com a pele ou


mucosa, podem provocar uma reacção inflamatória;

 Carcinogénicos: os que, por inalação, ingestão ou por via cutânea, podem


129

originar o cancro ou aumentar a sua frequência;


 Tóxicos para a reprodução: os que, por inalação, ingestão ou por via cutânea,
podem produzir ou induzir desvios funcionais ou anomalias não hereditárias no
desenvolvimento de embriões animais ou fetos;

 Mutagénicos: os que, por inalação, ingestão ou por via cutânea, podem induzir
alterações no material genético, quer nos tecidos somáticos, quer nos tecidos
germinais.

As propriedades físico-químicas e toxicológicas são características intrínsecas dos


agentes químicos com perigo potencial. O risco inerente a um agente químico,
traduz-se na possibilidade de que esse perigo potencial se concretize nas
condições de utilização ou de exposição.São utilizados inúmeros agentes químicos
perigosos no nosso dia-a-dia, dos quais as tintas, os vernizes, os diluentes, os
130
desinfectantes, os de limpeza, os plásticos, os metais, o vidro são apenas alguns
exemplos.
É considerada uma actividade que envolve agentes químicos, aquela onde são
utilizados ou se destinam a sê-lo, incluindo a produção, o manuseamento, a
armazenagem, o transporte ou a eliminação e o tratamento, ou no decurso da qual
esses agentes sejam produzidos. Alguns destes agentes podem ser perigosos,
levando à ocorrência de acidentes de trabalho (projecções, queimaduras,
intoxicações agudas), ou mesmo a doenças profissionais (saturnismo, asbestose,
silicose). Por contaminantes químicos, entendem-se todos os agentes químicos
presentes nos locais de trabalho, susceptíveis de provocar efeitos adversos
(doenças profissionais) nos trabalhadores expostos.

Em qualquer actividade onde se utilize ou onde os trabalhadores possam estar


expostos a agentes químicos perigosos, poderá haver risco para a saúde.
131
As principais vias de penetração no organismo humano são:
132
Avaliação dos riscos dos agentes químicos:

O empregador deve identificar os agentes químicos perigosos existentes nos locais


de trabalho e avaliar os seus riscos. A avaliação dos riscos para a segurança e a
saúde dos trabalhadores resultante da presença destes agentes deve ter em
conta: a) As suas propriedades perigosas; b) As informações relativas à segurança
e a saúde constantes das fichas de dados de segurança fornecidos pelo fabricante
e outras informações suplementares necessárias à avaliação do risco,
designadamente a avaliação específica dos riscos para os utilizadores; c) A
natureza, o grau e duração da exposição; d) As condições de trabalho que
impliquem a presença desses agentes, incluindo a sua quantidade; e) Os valores
limite de exposição profissional com carácter indicativo; f) Os resultados
133
disponíveis sobre qualquer vigilância da saúde já efectuada.
Medidas de prevenção e de protecção dos riscos dos agentes químicos

1. Prevenção técnica;

 A concepção e organização dos métodos de trabalho e de controlos técnicos e


equipamentos adequados, para evitar ou reduzir ao mínimo o risco de
exposição aos agentes químicos perigosos;

 A utilização de processos de manutenção que garantam a protecção da saúde


dos trabalhadores;

 A redução ao mínimo do número de trabalhadores expostos ou susceptíveis de


estarem expostos;

 A redução ao mínimo da duração e do grau de exposição;

 A adopção de medidas de higiene adequadas; 134


 A redução da quantidade de agentes químicos presentes, ao mínimo necessário
à execução do trabalho em questão;

 A utilização de processos de trabalho adequados, nomeadamente, disposições


que assegurem a segurança durante o manuseamento, a armazenagem e o
transporte dos agentes químicos perigosos e dos resíduos que os contenham;

 A adopção de medidas de protecção individual, se não for possível evitar a


exposição por outros meios (EPC);

O empregador deve ainda dispor de um plano de ação com as medidas


adequadas a aplicar em situação de: Acidente; Incidente;
Emergência…..resultantes da presença de agentes químicos perigosos no local de
trabalho. Este plano de ação deve incluir meios adequados de primeiros socorros.
135
2. Prevenção médica: vigilância da saúde

3. Formação e informação dos trabalhadores

Aos trabalhadores deve ser assegurada formação e informação adequadas sobre:

 Identificação dos perigos inerentes aos agentes químicos;

 Resultados obtidos na avaliação de riscos;

 Valores limite de exposição profissional e outras disposições legislativas


aplicáveis;

 Fichas de dados de segurança;

 Precauções a tomar para evitar a exposição aos riscos inerentes;

 Normas de higiene – proibição de comer, beber ou fumar no local de trabalho;


136
 Utilização dos equipamentos de protecção individual;

 Medidas de actuação em caso de incidentes.

Na forma de:

 Instruções escritas – procedimentos de boas práticas, nomeadamente actuação


em caso de acidentes ou incidentes graves;

 Afixação de cartazes;

 Formação em sala.

137
SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE
NO TRABALHO

RISCOS DE INCÊNDIO OU EXPLOSÃO

138
Há fogo quando há combustão. Combustão é nada mais ou nada menos que uma reacção química
das mais elementares, geralmente uma oxigenação.

O triângulo do fogo é a representação dos três elementos necessários para iniciar uma combustão.
Esses elementos são o combustível que fornece energia para a queima, o comburente que é a
substância que reage quimicamente com o combustível e o calor que é necessário para iniciar a
reacção entre combustível e comburente. Para que se processe esta reacção, obrigatoriamente dois
agentes químicos devem estar presentes: Combustível e Comburente.

 Combustível: É tudo que é susceptível de entrar em combustão (madeira, papel, pano, estopa, tinta,
alguns metais, etc.)

 Comburente: É todo elemento que, associando-se quimicamente ao combustível, é capaz de fazê-lo


entrar em combustão (o oxigénio é o principal comburente) .

 Temperatura de Ignição: Além do combustível e do comburente, é necessária uma terceira condição


para que a combustão possa se processar. Esta condição é a temperatura de ignição, que é a
temperatura acima da qual um combustível pode queimar.

Além do triângulo de fogo, temos também o tetraedro de fogo que, além de incluir combustível,
comburente e calor, também considera a reacção em cadeia, pois para o fogo se manter aceso é
necessário que a chama forneça calor suficiente para continuar a queima do combustível. 139
De acordo com a NP 1553, os fogos são classificados, em função da natureza do
material de combustão envolvido, em quatro classes:
 Classe A Fogos de materiais sólidos, geralmente de natureza orgânica, e que ao
arder, normalmente deixam brasas. Ex.: madeira, carvão, papel, plásticos.
 Classe B Fogos de líquidos ou de sólidos liquidificáveis. Ex.: óleo, gasolina,
gasóleo, alcatrão, ceras, tintas, álcool, etc.
 Classe C Fogos de gases. Ex.: gás natural, butano, propano, hidrogénio, acetileno,
etileno.
 Classe D Fogos de metais. Ex.: ácido sulfúrico, alumínio, sódio, magnésio, titânio,
fósforo.
 A electricidade - representa um risco acrescido em relação ao fogo, sobretudo no
seu combate, pois não se podem utilizar determinados agentes extintores numa
140
instalação eléctrica sob tensão, como é o caso da água.
Métodos de extinção

A extinção de um fogo está relacionada com os quatro elementos (tetraedro) que


são necessários para que exista combustão. São quatro os métodos:

 Arrefecimento: O mais utilizado, consistindo em baixar a temperatura do


combustível e do meio ambiente, abaixo do seu ponto de ignição.

 Abafamento: Consiste no isolamento do combustível e do oxigénio, ou na redução


da concentração deste no ambiente.

 Diluição ou eliminação do combustível: Consiste na separação do combustível da


fonte de calor.

 Inibição da chama ou interrupção da reacção em cadeia: Consiste na alteração da


reacção química, modificando a libertação dos radicais livres produzidos e
libertados na combustão. 141
Agente extintor é o produto cuja acção, ao ser projectado sobre um fogo, provoca
a extinção do mesmo.
De acordo com os métodos de extinção, existem agentes extintores capazes de
actuar de acordo com os mesmos.
Deve ter-se em atenção que alguns dos agentes extintores podem ser
incompatíveis com alguns dos produtos, sub-produtos, materiais ou substâncias
utilizadas em determinados processos de fabrico.
 Água: É o agente mais disponível. Actua arrefecendo o combustível e o ambiente.
 Espuma: Resultante de uma combinação de um "espumífero" com a água e o ar, a
espuma actua por abafamento, recobrindo o combustível, isolando-o do oxigénio
do ar, permitindo ainda um arrefecimento devido à água.
 Dióxido de Carbono: É um gás comprimido que actua por abafamento envolvendo
142
o combustível e diminuindo a concentração de oxigénio.
 Pós químicos secos: São sais inorgânicos finamente pulverizados com
componentes básicos diversos. Actuam por inibição, combinando-se com os
radicais livres impedindo a manutenção da combustão. Têm um largo âmbito de
aplicação.

Em função da sua composição e da capacidade de extinção, dividem-se em dois


grupos:

- Pó químico seco BC: O componente básico é o bicarbonato de sódio ou potássio.


Tem grande eficácia no combate aos fogos das classes B e C.

- Pó químico polivalente ou ABC: Difere do anterior por incorporação de fosfato


monoamónico o que lhe confere também eficácia na presença de fogos da classe
A, mantendo-se eficaz em relação aos fogos das classes B e C.

143
144
Como utilizar um extintor?

 A aproximação ao incêndio tem de ser progressiva; deve-se avançar tendo a


certeza que não se ficará cercado pelo incêndio; em espaços interiores, deve-se
actuar sempre com aparelhos de protecção respiratória; ao ar livre não se deve
expor ao fumo e gases libertados.

 Activação do extintor: Retirar a cavilha de segurança

145
 Activação do extintor: pressurizar

 Activação do extintor: premir o manipulo existente na válvula do exterior

146
 Activação do extintor: Premir o manipulo de comando existente na pistola (ou
agulheta) difusora

 Modo de actuação: no exterior o combate deve ser sempre realizado a favor do


vento.

147
Redes de Incêndio:

 Hidratantes - Hidratantes ou marcos de água e bocas de incêndio, são


normalmente instalados junto ao lancil dos passeios que marginam as vias
públicas e estão ligados à rede pública de abastecimento de água. Estes podem
ser encontrados em domínio privado ou público.

 Marcos de Agua:

 Bocas de Incêndio:

148
Redes de Incêndios:

 Mangueiras e agulhetas: realizam o transporte da água dos Hidratantes para os


locais de aplicação da água. Mas pode também ser transportada para
motobombas, auto-tanques, colunas secas, etc...

 Carretéis

149
Redes de Incêndios:

 Rede de incêndio armada: RIA é composta no mínimo por duas bocas de incêndio,
normalizadas e armadas, canalizações e alimentação de água em pressão.

 Coluna seca: as colunas secas são instalações hidráulicas de uma rede privativa
dos serviços de incêndio de um edifício ou unidade industrial. A alimentação é feita
pelos bombeiros através dos veículos de combate a incêndios.

150
Sistemas Automáticos

 Sistemas automáticos de detecção de incêndios: SADI tem por função avisar o


ser humano do perigo de um incêndio e permitem a sua intervenção no momento
em que aquele ainda é insignificante.

151
Sistemas Automáticos

 Detectores automáticos: são aparelhos do sistema de detecção de incêndios que


registam, comparam e medem automaticamente a presença e variações das
manifestações da combustão. Classificam-se quanto à capacidade de medir ou
analisar a presença de: gases da combustão; aerossóis; fumo visível; chamas;
elevação rápida de temperatura; limiares de temperaturas.

 Sistemas automáticos de detecção de incêndios: Detectores de fumo; Detectores


ópticos de chama; Detectores de temperatura (termovelocimétricos e
termoestáticos); Detectores especiais; Detectores manuais (betoneiras);

 Central de detecção de incêndios: constitui o painel da exploração e transmissão


das informações.
152
Sistemas Automáticos

153
Sistemas Automáticos

 Sistemas automáticos de extinção de incêndios: SAE tem por finalidade manter


face ao risco de incêndio, uma vigilância permanente e, no caso da sua
ocorrência, projectar automaticamente um agente extintor: água (sprinklers);
espuma; pó químico seco; Gases Limpos: CO2 (Inertes ou Sintéticos)

154
SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE
NO TRABALHO

RISCOS ELÉTRICOS

155
A utilização da eletricidade exige vários cuidados, uma vez que quando são
negligenciados os devidos procedimentos de segurança esta fonte de energia
pode provocar não só danos patrimoniais, como também ser fatal ou causar lesões
irrecuperáveis. A origem da maioria dos acidentes elétricos está relacionada com a
falta de informação, ou imprudência, de quem trabalha e utiliza recursos elétricos.

Causas de acidentes elétricos:

 Desconhecimento ou falta de formação para lidar com os riscos elétricos;

 Aparelhos e instalações em condições deficientes;

 Subestimação dos riscos.

156
Regras Técnicas das Instalações Elétricas de Baixa Tensão - As Regras Técnicas das
Instalações Elétricas de Baixa Tensão (RTIEBT), estabelecidas pela Portaria nº 949-A/2006,
definem as normas pelas quais o estabelecimento e a exploração das instalações elétricas,
assim como a utilização de energia, devem ser regidas. Estas regras visam garantir a
segurança de todos os utilizadores mas também assegurar que há condições para que as
atividades económicas se desenvolvam, reduzindo ao máximo os danos materiais.

Principais Perigos Elétricos: Os principais perigos elétricos resultam do contacto entre


pessoas com a corrente elétrica. Estes podem acontecer de forma direta, ou indireta, sendo
que as consequências do contacto com a energia elétrica podem resultar em queimaduras
graves e mesmo morte.

 Contacto Direto: Acontece quando um indivíduo entra em contacto com uma parte ativa de
um circuito que está sob tensão. É o tipo de contacto que acontece quando alguém toca num
elemento condutor de um circuito. Ex: Quando ao furarmos uma parede o berbequim atinge
157
uma ligação elétrica.
Contacto Indireto: Acontece quando um indivíduo entra em contacto com massas (partes
metálicas) acidentalmente sob tensão. Ocorre, por exemplo, quando se toca na cobertura
metálica de uma máquina elétrica que por deficiência no isolamento está sob tensão elétrica.
Este tipo de contacto resulta de falhas no isolamento dos equipamentos elétricos, geralmente
causados pelo envelhecimento dos materiais dos mesmos.

Instalações e Materiais das Instalações

Para evitar estes contactos com a eletricidade, as RTIEBT definem os procedimentos que têm
de ser adotados quando se realiza a instalação e utilização dos sistemas elétricos. Segundo as
RTIEBT a conceção das instalações deve ter como objetivos garantir a segurança de pessoas,
animais e bens, e a compatibilidade entre sistemas. Os materiais utilizados na instalação
devem, por isso, estar preparados para conservarem eficazmente as características elétricas,
mecânicas, físicas e químicas para que os aparelhos funcionem em condições de segurança.

158
Além disso, os invólucros das canalizações e aparelhos devem ser de material
isolante, sendo que as RTIEBT definem que os materiais utilizados nas instalações
devem ser coerentes entre si.

Outras características a considerar aquando da escolha dos materiais para as


instalações elétricas são: A adequação à temperatura ambiente do espaço onde os
materiais vão estar; Proteção contra contactos com peças sob tensão e contra a
penetração de corpos estranhos e líquidos nas mesmas; Proteção contra ações
mecânicas e contra a corrosão; Proteção contra o risco de incêndio e risco de
explosão.

O local onde as instalações são estabelecidas é uma preocupação que também está
regulamentada. As instalações devem ser, sempre que possível, colocadas nos locais
que apresentem condições mais favoráveis a estas. 159
O objetivo é situar as instalações em locais onde estão resguardadas das ações
mecânicas e dos agentes físicos e químicos, como o calor, o frio, a humidade ou
outros agentes corrosivos.

Verificação das Instalações Elétricas

Para comprovar que as instalações estão em conformidade com as RTIEBT, as


instalações têm de ser sempre verificadas quando entram em serviço pela primeira
vez ou quando sofrem alterações significantes. As verificações são feitas através de
uma inspeção visual e de ensaios. Na inspeção visual verifica-se se os equipamentos
elétricos ligados em permanência: Satisfazem as regras de segurança e as normas
que lhes são aplicáveis; Foram corretamente selecionados e instalados de acordo
com as regras indicadas nas Regras Técnicas e com as indicações fornecidas pelos
fabricantes; Não apresentam danos visíveis que possam afetar a segurança; 160
No caso dos ensaios estes devem incidir sobre os seguintes aspetos:

 Continuidade dos condutores de proteção e das ligações equipotenciais


principais e suplementares;

 Resistência de isolamento da instalação elétrica;

 Resistência de isolamento dos elementos da construção;

 Corte automático da alimentação;

 Ensaio da polaridade;

 Ensaio dielétrico;

 Ensaios funcionais;

 Protecção contra os efeitos térmicos;


161
 Quedas de tensão.
Trabalhos nas Instalações - Quando se realizam trabalhos nas instalações, há
vários cuidados que se devem ter porque qualquer descuido pode ter
consequências graves. Os trabalhos nas instalações elétricas devem ser sempre
realizados quando estas não têm tensão elétrica. Nestes casos, o responsável,
que deve ser um profissional qualificado, deve realizar o corte da corrente e
certificar-se que as instalações estão sem tensão elétrica.

No caso de os trabalhos terem de ser realizados quando as instalações estão sob


tensão, estes devem ser realizados seguindo a técnica adequada ao trabalho e
usando o equipamento conveniente. Uma das principais preocupações durante
estas situações passa por tomar todas as precauções durante o manuseamento de
objetos que possam provocar contactos diretos com os elementos sob tensão.
162
Manutenção das Instalações:

As instalações devem ser sempre mantidas em bom estado de conservação e em


conformidade com as RTIEBT. Para garantir a conformidade das instalações com
estas regras, estas devem ser inspecionadas periodicamente.

Inspeções:

As inspecções têm como objectivo garantir que as instalações elétricas são


mantidas em conformidade com as RTIEBT, devendo ser efetuadas por pessoal
qualificado. Nas inspeções devem ser verificados os seguintes aspectos: Estado
do isolamento dos condutores isolados ou cabos, e da bainha exterior destes, em
especial dos cabos flexíveis; Estado dos aparelhos de corte ou de comando;
Estado dos aparelhos de utilização, em especial dos móveis e portáteis; Condições
163
de arranque imediato das fontes de alimentação das instalações de emergência.
As RTIEBT chamam a atenção para que sejam especificamente vigiados os seguintes
aspetos: Manutenção dos dispositivos que coloquem as partes ativas fora do alcance das
pessoas; As ligações e o estado dos condutores de proteção; O estado dos cabos flexíveis
que alimentem aparelhos móveis, bem como os seus dispositivos de ligação;

A regulação correcta dos dispositivos de proteção;Além de verificados estes aspetos, as


inspeções devem ser realizadas com a seguinte periocidade:

 1 ano – casas de espetáculo e diversão em recinto fechado, locais com risco de


incêndio ou com risco de explosão de estabelecimentos industriais e instalações
provisórias;

 5 anos – estabelecimentos que recebem público e estabelecimentos industriais, não


abrangidos pela alínea anterior, estabelecimentos agrícolas ou pecuários e locais afetos
a serviços técnicos;
164
 10 anos – outros locais.
Proteção contra contactos diretos: A proteção contra contactos diretos consiste em
defender as pessoas contra os riscos de contacto com as partes ativas dos materiais
ou aparelhos elétricos. Esta forma de proteção É essencialmente preventiva E
consiste em garantir que as partes ativas dispõem de proteção contra os contactos
diretos.

Proteção contra contactos indiretos:

Nas instalações deverão ser tomadas medidas de proteção contra contactos indirectos
de forma a garantir que nos elementos condutores estranhos à instalação elétrica não
se mantém uma tensão de contacto superior aos seguintes valores:

 50v – se a instalação, ou parte da instalação, for prevista para alimentar apenas


aparelhos de utilização fixos ou móveis que não possuam massas susceptíveis de
serem empunhadas; 165
 25v – se A instalação, ou parte da instalação, for prevista para alimentar aparelhos de
utilização fixos ou móveis que possuam massas susceptíveis de serem empunhadas ou
aparelhos de utilização portáveis com massas acessíveis.

As proteções contra contactos indiretos devem ser realizadas por um dos seguintes
métodos:

 Medidas que impeçam a corrente de defeito de percorrer o corpo humano ou o corpo de


um animal;

 Limitação da corrente de defeito que possa percorrer o corpo a um valor inferior ao da


corrente de choque;

 Corte automático, num tempo determinado, após o aparecimento de um defeito


suscetível de, em caso de contacto com as massas, ocasionar a passagem através do
corpo de uma corrente de valor não inferior ao da corrente de choque.
166
SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE
NO TRABALHO

RISCOS MECÂNICOS

167
Riscos Mecânicos

168
169
Movimentação mecânica de cargas:

 Equipamentos de funcionamento contínuo, que transportam uma carga através de


percurso pré-determinado e garantem um fluxo contínuo e regular de materiais.
Exemplos: telas transportadoras que procedem à deslocação dos produtos em banda
flexível e apresentam riscos de entalamento (nos tambores), transportadores aéreos
para o deslocamento de carga suspensas por ganchos que apresentam riscos de
pancada por altura indevida da circulação, etc. e, Equipamentos de funcionamento
descontínuo;

 Empilhadores: o trabalho com empilhadores pode originar acidentes e doenças


profissionais de vária ordem: queda de cargas e objectos, queda do próprio empilhador,
choque contra estruturas de armazenagem, queda do condutor, queda em altura de
pessoas transportadas no equipamento ou vibrações devidas ao mau estado do piso ou
170
deficiente concepção ergonómica.
Os empilhadores devem respeitar várias medidas de segurança: não ultrapassar a
carga, utilização em posições não elevadas, passagem controlada em portas e
cruzamentos, travamento quando não estão em funcionamento, verificação prévia dos
órgãos de comando, descer um rampa com carga em marcha atrás, não ultrapassar a
carga máxima, etc.

 Ascensores, monta cargas e plataformas elevatórias: acarretam riscos de quedas


de pessoas ou materiais, choques contra obstáculos, contactos eléctricos directos
ou indirectos, queda de plataformas, entalamento nas extremidades, etc. As
medidas de prevenção incluem a protecção lateral, resistência ao peso, limitadores
de velocidade e carga, instalação de cabo com resistência adequada, dispositivo
que impeça a rotação, etc.

171
 Gruas, guidastes e pontes-grua: a segurança destes equipamentos assenta no
seu bom funcionamento, manutenção de cabos, roldanas e ganchos e
verificação da capacidade de carga. Os riscos mais comuns são: queda de
pessoas ou objectos em altura ou a diferentes níveis, contactos eléctricos
indirectos, entalões e golpes no movimento de acompanhamento da carga com
as mãos, queda por rotura do cabo de elevação, etc. As medidas de prevenção
a implementar são: a aprovação de prescrições para transporte interior de
cargas, o cumprimento dos códigos de sinais para as manobras, a estabilidade
ao nível do solo, entre outras.

172
SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE
NO TRABALHO

RISCOS ERGONÓMICOS

173
O interesse do estudo da Movimentação Manual de Cargas deve-se ao facto desta ter
um papel muito importante no ciclo produtivo de uma empresa, representando cerca
de 85% do tempo total da produção. Contudo, aumenta o custo da fabricação, sendo
responsável por muitos acidentes. A situação ideal em matéria de movimentação é
então, nenhuma movimentação. Apesar da automatização, o levantamento manual de
cargas é ainda bastante necessário. Esta é uma das maiores causas de dores nas
costas. Muitos trabalhos envolvendo levantamento de pesos não satisfazem os
requisitos ergonómicos. Os principais aspectos a serem examinados para resolver
esses problemas, são: o processo produtivo (manual ou mecânico); a organização do
trabalho (projecto de trabalho, frequência dos levantamentos/movimentos); o posto de
trabalho (posição do peso em relação ao corpo); o tipo de carga (forma, peso, pegas);
acessórios de levantamento; e o método de trabalho (individual ou colectivo).
174
RISCOS DECORRENTES DA MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS

Ferimentos causados por


Queda de objectos marcha, choque ou
Lesões na coluna vertebral
sobre os pés pancada sobre objectos
penetrantes;

175

Contusões provocadas por Elevado desgaste Fadiga excessiva


objectos penetrantes ou contundentes; físico
Parte destes riscos podem ser controlados pela utilização de EPI´s:

176
O posto de trabalho deve ser projectado adequadamente para o trabalho pesado - as
bancadas, prateleiras, máquinas e outros, nas quais ocorrerão trabalhos pesados, devem
ser projectados de acordo com as seguintes recomendações:

 deve ser possível aproximar a carga do corpo quando a mesma está a ser levantada ou
depositada;

 os espaços disponíveis para os pés e pernas devem permitir uma postura estável para
os pés e a flexão das pernas;

 deve evitar-se a torção do corpo;

 as mãos devem situar-se a aproximadamente 75cm de altura, encostadas ao corpo,


para o levantamento e o depósito da carga;

 quanto maiores limitações de projecto existirem, de modo a que as condições ideais não
possam ser atendidas, o peso a ser manipulado deve ser menor.
177
Cargas Máximas Permitidas:

Se se utilizar um método correcto para a elevação manual de cargas, a carga máxima


aceitável é bastante elevada, sendo limitada apenas pela resistência dos músculos. A
capacidade de elevação das mulheres é cerca de 60% da capacidade de elevação dos
homens, o que limita o seu emprego em operações que envolvem movimentação manual.

Os valores-limite para elevação e transporte manual de cargas dependem dos seguintes


parâmetros: idade, sexo, duração da tarefa, frequência do movimento de elevação e
transporte e, capacidade física do trabalhador. 178
Para o transporte em percurso com comprimento superior a 2 metros devem reduzir-
se os valores em questão: 20% para percursos de 2 a 10m; 40% para percursos de 10
a 25m; 60% para percursos de 25m e superiores.

Posturas e Movimentos Perigosos da Coluna Vertebral:

A inclinação da coluna para a frente ou para trás origina uma tensão elevada nos
músculos e ligamentos do lado convexo e uma grande compressão na extremidade
das vértebras e dos discos no lado côncavo. Em tais posturas extremas os elementos
elásticos da coluna vertebral não podem cumprir as suas funções. Os trabalhadores
devem movimentar-se suave e cautelosamente quando elevam ou transportam
cargas, puxam ou empurram veículos de modo a evitarem a adopção de medidas
perigosas. Quando estiver em causa o desenvolvimento de grandes esforços físicos, a
coluna não deve ser inclinada, nem rodada sobre o seu eixo. Deve ser utilizada como
179

um suporte e nunca como uma articulação.


Posturas perigosas no transporte
e colocação de cargas perigosas.

A carga deve ter uma forma correcta:

 O tamanho da carga deve ser pequeno o suficiente para que possa ser mantida junto ao
corpo. O volume não deve ter protuberâncias ou cantos cortantes nem deve ser muito
quente ou fria, a ponto de dificultar o contacto. A carga a ser levantada do chão deve ser
posicionada entre os joelhos.

 No caso de cargas especiais, como gases líquidos ou pacientes de um hospital, é necessário


planear a operação e ter cuidados especiais com a segurança.

 Quando a carga é desconhecida para a pessoa que a vai carregar, é necessário colocar uma
180
etiqueta, informando o peso e os cuidados necessários para a manipulação da mesma.
Movimentação manual com utilização de aparelhos auxiliares:

Carros de mão: Podem ter 1, 2 ou 4 rodas e são usados para transportar materiais e
objectos mais ou menos volumosos ou pesados através de distâncias curtas. As pegas
devem ter resguardos salientes para evitar o contacto com portas, colunas, esquinas ou
obstáculos. A carga deve ser distribuída uniformemente, mantendo-se o seu centro de
gravidade o mais baixo possível. A visibilidade do percurso a efectuar é uma condição de
segurança muito importante.

 Rolos e tubos de pequeno diâmetro:

São utilizados para o transporte de materiais e de peças mais ou menos volumosos.

 Ventosas:

São apropriadas para o transporte de peças de vidro. São constituídas por um punho de
dupla ventosa com alavancas, sendo estas utilizadas para aderência punho à carga e para
181
a sua deslocação. Funcionam por vácuo.
 Pinças ou garras: são utilizadas para o transporte de chapas, carris ou toros de
madeira.

 Ímanes: Exercem uma tracção magnética sobre os materiais em ferro, servindo para
transporte de chapas de grande superfície.

 Sifões: Servem para vazar líquidos corrosivos ou tóxicos de uns recipientes para os
outros.

182
Puxar ou empurrar cargas: O movimento de puxar ou empurrar cargas provoca tensões
nos braços, ombros e costas. Essas tensões podem ser aliviadas com um desenho
adequado dos carrinhos. Para puxar ou empurrar, a distância horizontal entre o joelho mais
afastado e as mãos deve ser 120 cm, no mínimo. Para puxar, deve existir um espaço sob o
carrinho para que um dos pés fique na mesma posição vertical das mãos (figura ao lado).

Os carrinhos devem ter pegas em forma de barras, de modo que as duas mãos possam
ser utilizadas para transmitir forças.

183
Princípios de Segurança:
Manter o dorso direito - para evitar lesões na coluna não é suficiente
manter o dorso direito, sendo necessário respeitar ângulos em relação à
vertical:
-em flexão para a frente: 40º
-em extensão para trás: 20º
-em inclinação lateral: 20º

Procurar o melhor equilíbrio: ao


manusear objectos, o trabalhador
deve estar em posição de flexão, a
fim de prevenir algum desequilíbrio
com a carga. 184
Aproximar-se da carga o mais possível: a máxima proximidade em relação
à carga é atingida quando coincidirem as projecções dos centros de
gravidade do trabalhador e do objecto a levantar.

Posicionamento correcto dos


apoios: para levantar uma carga
deve-se contornar o objecto por
forma a que os apoios (os pés)
fiquem orientados no sentido do
deslocamento a efectuar.
Frequentemente, observa-se o
desrespeito por esta regra,
especialmente quando se executa
um trabalho repetitivo (ex. o vai e
vem no caso de um carregamento). 185
Utilizar a força das pernas:
•1º- as pernas devem ser flectidas para permitir o seu uso eficiente (flexão das pernas
implica um abaixamento do centro de gravidade, o que assegura melhor equilíbrio).
•2º- para levantar a carga o trabalhador pode pela escolha da posição adoptada, solicitar
grupos musculares diferentes.

A B

A posição A apresenta riscos de deterioração dos discos intervertebrais, tem também o


inconveniente de fazer trabalhar os grupos musculares de dinâmica, quando a sua função
essencial é a manutenção da postura.
A posição B, produz, essencialmente, solicitação aos músculos e glúteos. 186
Princípios de Economia de Esforço e Cooperação no Trabalho
Colectivo

Utilizar os braços estendidos: os braços devem ser


utilizados, tanto quanto possível, em tracção simples,
isto é, em posição de extensão. Trabalhar com os
braços estendidos permite economizar a energia
muscular dos membros superiores.

O eixo de impulsão: para mover uma


caixa, é recomendável exercer-se uma
força com as pernas cuja direcção seja
perpendicular à maior diagonal do objecto.
187
Utilizar a reacção dos objectos: para fazer descer um objecto é inútil
soerguê-lo. É preferível afasta-lo do seu suporte e deixar actuar a força da
gravidade, intervindo o trabalhador, apenas, para travar a sua queda.

Utilizar o peso do corpo: quando se manuseia uma carga, o esforço


pedido às pernas e aos braços pode ser diminuído, consideravelmente,
utilizando-se o peso do corpo em acções de empurrar ou de puxar.

188
Colocar-se rapidamente debaixo da carga:
para colocar uma carga ao ombro o
trabalhador deve:
- levantar a carga do solo pela acção
hierarquizada dos grupos musculares;
- a carga é elevada ao seu ponto morto por
uma extensão completa dos membros
inferiores
- o trabalhador deve aproveitar o movimento
em que a carga está em equilíbrio no espaço
(imediatamente antes da sua queda) para: Coordenar os seus esforços com um
 colocar o ombro debaixo da carga parceiro: para cargas pesadas, os
trabalhadores devem trabalhar em
 deslocar os apoios (pés) se necessário. equipa. Estes devem ter estaturas
semelhantes entre si, e devem trabalhar
coordenadamente. Um deles deve
assumir a coordenação e comando189 da
manobra, de modo a evitar movimentos
inesperados.
SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE
NO TRABALHO

RISCOS PSICOSSOCIAIS

190
A prevenção dos riscos psicossociais no âmbito laboral obriga a um envolvimento ativo e dinâmico
por parte da entidade empregadora e por parte dos trabalhadores e dos seus representantes. O
empregador deve impulsionar avaliações de riscos psicossociais, especialmente a exposição
combinada a riscos ergonómico-psicossociais, tendo em conta o uso de metodologias específicas,
técnicas, instrumentos e modelos de análise (nomeadamente questionários, entrevistas individuais
e de grupo, listas de verificação, dados relativos ao absentismo e à saúde e outros), mais
adequados a cada contexto, contando com a participação dos trabalhadores e dos seus
representantes. Estabelecer um plano de ação: Estando identificados os problemas e sendo
conhecidas as suas causas, o empregador deve implementar um plano de ação racional e prático,
com o objetivo de solucionar os problemas identificados, ou seja, de proceder à redução do risco.
Este plano de ação deve contemplar, entre outros, os seguintes aspetos: identificação do problema
e como o mesmo apareceu ou está em vias de aparecer; a que se deve esse problema; quem
deve ser implicado no plano; calendarização das ações a implementar e meios necessários;
resultados esperados, medição destes resultados e avaliação do plano de ação. 191
Implementar o plano de ação: A implementação das medidas e as intervenções
previstas no plano de ação são essenciais para a redução dos riscos, devendo ser
acompanhadas, documentadas e discutidas de forma sistemática, de modo a
determinar eventuais correções e permitir uma posterior reavaliação. O envolvimento
e a participação dos trabalhadores e das chefias são fatores essenciais para a
implementação do plano e aumentam a probabilidade de sucesso na redução do risco.

Avaliar o plano: O processo de implementação e os resultados finais obtidos devem


ser avaliados, a fim de determinar a respetiva eficácia: pontos fortes e fracos do
próprio plano e da sua aplicação. Para este efeito, deve recolher-se a mais variada
informação, preferencialmente de diferentes pontos de vista: dos trabalhadores, das
chefias e de outros interessados (clientes, fornecedores e outros).

192
Fomentar o investimento em políticas preventivas através de programas de educação e
de informação, de medidas de suporte organizacional, de prevenção e de reabilitação.

 Adoção de medidas preventivas ou organizativas dirigidas à origem do


problema/fatores de risco (centradas na situação de trabalho): Alterações nos horários
e regimes de trabalho; Reorganização de conteúdos funcionais; Alteração ergonómica
dos postos de trabalho; Participação e consulta dos trabalhadores e dos seus
representantes.

 Intervenção ou ação/aumento dos recursos do trabalhador (centrada no trabalhador):


Formação em gestão do stresse e em posturas; Mediação de conflitos; Apoio social.

 Proteção ou reabilitação/reduzir e tratar os danos (centrada nas consequências):


Acompanhamento psicológico (terapia individual ou de grupo); Aconselhamento;
Reintegração.
193
Stresse Ocupacional: ”Uma interação das condições de trabalho com as características

do trabalhador em que as exigências do trabalho excedem a capacidade do trabalhador


para lidar com elas” (Ross & Altmaier 1994).

Assédio moral: É percebido como uma prática de perseguição, metodicamente


organizada, temporalmente prolongada, dirigida contra um trabalhador ou grupo de
trabalhadores, com o objetivo de atingir a sua personalidade, dignidade ou integridade
física ou psíquica, criando um ambiente hostil, degradante, humilhante ou ofensivo.

Assédio sexual: Comportamento indesejado, de caráter sexual, sob a forma verbal ou


física, com o objetivo de perturbar, intimidar ou humilhar um trabalhador.

Violência no trabalho: Todo o incidente em que o trabalhador sofre abusos, ameaças ou


ataques, em circunstâncias relacionadas com o trabalho, que ponham em perigo
explícita ou implicitamente a sua segurança, o seu bem-estar ou a sua saúde. 194
SINALIZAÇÃO

195
Consiste na sinalização relacionada com um objecto, uma actividade ou uma
situação determinada, que fornece uma indicação ou uma prescrição relativa à
segurança por intermédio de: uma placa e cor de segurança com pictograma, sinal
luminoso ou acústico, comunicação verbal e sinais gestuais.

A sinalização de segurança tem por objectivo chamar a atenção, de uma forma


rápida e inteligível, para objectos e situações susceptíveis de provocar perigos,
sempre que os riscos correspondentes não puderem ser eliminados ou reduzidos
com medidas e processos de organização do trabalho e meios técnicos de
protecção colectiva.

196
197
198
Sinais de obrigação – fundo azul (segurança), símbolo a branco

199
Sinais de proibição
(fundo a branco, símbolos a preto, orla e faixa transversal a vermelho)

Proibição de apagar Passagem proibida a veículos Proibição de fazer lume Não tocar
com água de movimento de cargas e de fumar

Passagem proibida Proibida a entrada Água não potável Proibição de fumar


a peões a pessoas não autorizadas
Sinais de perigo
(fundo amarelo, símbolo e orlas a preto)

201
Sinais de emergência e socorro
(símbolos a branco em fundo verde)

202
Sinais de emergência e socorro
(símbolos a branco em fundo verde)

203
EPI`S E EPC´S

204
Protector fixo Protector com dispositivo de encravamento

Dispositivo de comando Bimanual Barreiras fotoeléctricas

205

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