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OS JUROS

NO
BRASIL
WERSON RÊGO
Defensoria Pública – Estado do Rio de Janeiro
Agosto de 2007
OS JUROS
NO
BRASIL

PARTE I
Aspectos jurídicos
OS JUROS NO BRASIL

JUROS - A ciência jurídica define juros como


frutos civis produzidos pelo uso do dinheiro.
Juros constituem, pois, obrigações acessórias e
decorrem de uma obrigação principal. Os
elementos obrigacionais dos juros, na qualidade
de acessórios e fungíveis, são acrescidos da
remuneração pelo consumo da coisa e cobertura
do risco do credor na concessão do crédito, que
pode variar com maior ou menor segurança ao
mutuário, conforme a situação dos negócios.
OS JUROS NO BRASIL

ESPÉCIES

legais

Moratórios
Juros convencionais

legais
Compensatórios
convencionais
OS JUROS NO BRASIL

 Juros moratórios - constituem indenização


ou sanção prefixadas impostas ao devedor
pelo atraso no cumprimento de uma
obrigação.
 Juros compensatórios - têm o objetivo de
remunerar a utilização consentida do capital
alheio.
 Juros legais - se originam na própria lei.
 Juros convencionais - decorrem da
manifestação da vontade das partes.
OS JUROS NO BRASIL

 Juros moratórios – são tidos ora como


indenização, ora como sanção, pelo
prejuízo resultante do atraso no
cumprimento de obrigação.

 Juros compensatórios – são tidos


como o preço do uso do capital, que
remunera o credor por ficar privado
deste, compensando-o pelo risco de
não recebê-lo de volta.
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 Juros compensatórios convencionais -
Exceção ao limite previsto na Lei de
Usura e no Código Civil: negócios
jurídicos celebrados com instituições
financeiras ou com entidades a que se
confere tratamento equiparado (Lei
nº4.595/1964)

(Verbete nº 596, da Súmula da


Jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal)
OS JUROS
NO
BRASIL

PARTE II
Aspectos econômicos
OS JUROS NO BRASIL

 JUROS - SISTEMA FINANCEIRO

Cumulação de juros moratórios e


compensatórios – possibilidade.

Juros compensatórios – podem ser


superiores a 12% ao ano, vedado o
anatocismo (Verbetes 596 e 121, da
Súmula da Jurisprudência do STF).
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 JUROS - SISTEMA FINANCEIRO


Composição dos juros
(taxa nominal)

a) inflação; Juros reais


Taxa de
b) juros reais juros
nominal

Inflação
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 JUROS - SISTEMA FINANCEIRO

Composição dos juros reais:

a) custo de captação;
b) recolhimento compulsório;
Composição do
c) custo de inadimplência;
Spread d) cunha tributária;
e) custo administrativo;
f) lucro da instituição credora.
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 JUROS - SISTEMA FINANCEIRO

SPREAD: diferença entre a taxa de


juros básica (de captação) e a taxa
nominal final (custo ao tomador).
OS JUROS NO BRASIL

DECOMPOSIÇÃO DO SPREAD
BANCÁRIO

26,4% Resíduo do Banco


43,4% Inadimplência*

100% 16,9% Custo administrativo

8,6% Tributos e taxas*

4,7% Compulsório

Fonte: Relatório Economia Bancária e Crédito – 2006 – Banco Central


OS JUROS NO BRASIL

 JUROS - SISTEMA FINANCEIRO

Observações necessárias:

a) o elevado spread cobrado não tem, a rigor,


exata correspondência com o risco do crédito
(clientes especiais – baixo risco de
inadimplência) ou com os custos
administrativos (remunerados por tarifas
cobradas pelos serviços financeiros);
b) a inflação já é coberta pela correção
monetária prevista em contrato;
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 JUROS - SISTEMA FINANCEIRO

Conseqüência:

Superestimação de tais vetores, o que


mascara o verdadeiro lucro das
instituições financeiras.
OS JUROS
NO
BRASIL

PARTE III
Conclusão e Proposta
OS JUROS NO BRASIL

 Constituição da República –
Princípios da Ordem Econômica e
Financeira :

a) art. 170, V – defesa do consumidor;


b) art. 173, §4º - repressão ao abuso do
poder econômico e ao aumento
arbitrário dos lucros.
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 Código de Defesa do Consumidor –


Princípios da eqüidade e da boa-fé e seus
reflexos:

a) proteção das incolumidade física, psíquica


e econômica do sujeito vulnerável na relação
de consumo;
b) vedação da lesão;
c) vedação da onerosidade excessiva;
d) vedação do locupletamento indevido.
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 Código Civil/2002 –
Princípios da eqüidade e da boa-fé:

a) vedação da lesão;
b) vedação da onerosidade excessiva;
c) vedação do locupletamento indevido.
OS JUROS NO BRASIL

 Superior Tribunal de Justiça -


as instituições financeiras e as
equiparadas podem cobrar juros
acima do patamar de 12% ao ano,
que somente poderão ser
considerados abusivos quando
forem excessivos em relação à taxa
média de mercado (RESP 271214,
Segunda Seção, maioria, j.
12/03/2003, desig. Rel. Min.
Carlos Alberto M. Direito).
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 Taxas média de mercado :

a) Custo de captação – taxa


paga pelas instituições financeiras
quando da captação de recursos no
mercado financeiro;

b) Custo do tomador – taxa


nominal repassada ao consumidor.
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 Taxas médias de mercado :


Fonte: http://www.bcb.gov.br/pec/indeco/Port/ie3-01.xls

Custo de captação – formas:

1) CDI (SELIC) – bancos de varejo


2) TBF – bancos de investimentos
01/07 02/07 03/07 04/07 05/07
SELIC (Deb.Feder.) % 1,08 0,87 1,05 0,94 1,03 0,91  
TBF Taxa Básica Fin. 1,06 0,84 1,01 0,92 0,99 0,88  
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 Taxas média de mercado :

Custo do tomador - exemplos:

1) Cheque especial – 139,73% aa (06/07)


2) Crédito pessoal – 52,31% aa (06/06)

01/07 02/07 03/07 04/07 05/07 06/07

SELIC (Deb.Feder.) % 1,08 0,87 1,05 0,94 1,03 0,91


TBF Taxa Básica Fin. 1,06 0,84 1,01 0,92 0,99 0,88
OS JUROS NO BRASIL

 Conclusão:

“Tudo quanto exceda a taxa base de juros, os


percentuais que a ela são adicionados e
findam por compor o spread bancário, tudo
isso pode e deve ser controlado pelo Banco
Central e, se o caso, pelo Poder Judiciário ...
... O fato é que tudo quanto exceda o
patamar da Selic é pura relação contratual” .

(Min. Eros Grau, voto-vista ADI 2591)


OS JUROS NO BRASIL

 Proposição:

Nos contratos celebrados entre instituições financeiras


ou entidades equiparadas e um consumidor (pessoa
física ou jurídica), em homenagem aos princípios da
razoabilidade, da eqüidade e da boa-fé, e seus
reflexos (abuso da posição de vantagem, vedação do
lucro arbitrário, vedação de lesão e de onerosidade
excessiva), o spread, a remuneração do fornecedor -
esclareça-se, tudo quanto exceda o seu custo provado
de captação -, não poderá ser superior a 50% deste.

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